segunda-feira, abril 26, 2010

Portugal 182

Um discurso irrepreensível



O seu a seu dono: Cavaco surpreendeu tudo e todos neste discurso comemorativo do 25 de Abril de 1974.  Não só a referência primeira a Salgueiro Maia, mas também o facto de o 25 de Novembro ter ficado no tinteiro, deixou certamente perplexos todos os deputados!

Apesar das críticas que aqui ultimamente temos dirigido ao actual presidente da república, a verdade é que o seu discurso de Abril não estabelece apenas o arranque da sua recandidatura presidencial, não configura só a evolução presidencialista inevitável do regime, mas sobretudo desenha um novo quadro de autonomia estratégica para Portugal merecedor do meu integral apoio.

Cavaco Silva começou a redefinir de forma clara o novo quadro estratégico do país quando em Andorra declarou que as prioridades portuguesas, nomeadamente em matéria de transportes, não dependem da Espanha. Aliás, a sensibilidade do actual presidente da república para as questões que afectam ou podem vir a afectar a nossa independência nacional tem sido uma constante desde a polémica em torno do estatuto de autonomia dos Açores, fruto de um processo mal conduzido pelos incompetentes e oportunistas deputados da Assembleia da República.

A eleição do mar, das indústrias criativas, e das cidades-região de Lisboa e sobretudo Porto, como lugares de uma resposta à crise objectiva do país e das suas instituições, é todo um programa alternativo à imbecilidade e corrupção corporativa e partidária que tem dominado a economia e a política portuguesas nas últimas décadas. Curiosamente, coincide com o essencial do que aqui temos vindo a defender desde 2006. Daí a minha surpresa e expectativa!

Voltaremos a este importante discurso presidencial. Agora ouçam-no!


OAM 689—26 Abril 2010 13:03

Portugal 181

Quem privatiza está falido!

Embora por razões diversas, concordo em geral com o PCP neste ponto!
É um cenário negro aquele que é traçado pelo secretário-geral do PCP caso o Governo concretize as privatizações previstas no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC). "Deixaria no final de 2013 o país numa situação bem pior do que aquela em que nos encontramos hoje", disse ontem Jerónimo de Sousa, acrescentando que o PEC é mesmo "uma declaração de guerra aos trabalhadores e ao povo português" — in Público.
Basta olhar para a principais economias emergentes —China, Índia, Brasil, Rússia—, ou mesmo para outros países detentores de importantes recursos naturais —Arábia Saudita, Irão, Angola, Nigéria, etc.—, ou ricos em tecnologia —Japão—, para percebermos que a moda não é privatizar, mas sim nacionalizar e manter sob domínio público (ou nacional) os principais recursos de cada país. Alienar recursos ou sectores estratégicos (1) no actual quadro de deslocação do centro de gravidade do poder económico mundial para Oriente só pode significar uma coisa: quem privatiza está falido!

Daí que antes de vender os anéis que restam, Portugal deva mesmo proceder a uma séria reforma da despesa pública e a uma diversificação estratégica ousada das suas interdependências e alianças comerciais e diplomáticas. Isto se não quiser desaparecer debaixo do tapete espanhol. A fronteira já começou a recuar em Elvas, Valença e Chaves, e não vai ficar por aqui. Se o concurso para a construção da desnecessária TTT Chelas-Barreiro não for anulado, será Madrid a ter as portagens e a chave da futura entrada do AVE (o dito TGV) em Lisboa! Se privatizarem a TAP, em vez de a reestruturarem a sangue-frio (como irá acontecer inevitavelmente), e venderam por um prato de lentilhas a ANA, e os Estaleiros de Viana do Castelo, podem ter a certeza que antes de 2020 Madrid terá alcançado todos os seus objectivos estratégicos relativamente ao nosso país (2). Os imbecis, corruptos e traidores responsáveis por tanta estupidez já pensaram bem nas consequências dos seus actos? Acham que ficarão impunes? Acham mesmo?

A obsessão paranóica de Cavaco Silva com a sua segurança pessoal ficou uma vez mais exposta recentemente. Durante o episódio rocambolesco do seu regresso de Praga a Lisboa mudou três vezes de viatura blindada, por sinal todas alemãs (Mercedes, BMW e Audi). A seguir, para visitar uma escola no problemático Bairro da Bela Vista, na república de que é presidente, montou-se um dispositivo militarizado de segurança próprio dum país em guerra civil. Quando a situação estiver realmente descontrolada, como vai ser? Reconstituem a PIDE?!

NOTAS
  1. Nem tudo deve estar nas mãos do Estado, obviamente. No entanto, num país pequeno como Portugal, as privatizações devem ser medidas com critérios de interesse público muito rigorosos e obedecer a uma visão estratégica. Ambos devem ser publicitados e discutidos democraticamente, e devem mesmo depender, em última instância, do voto referendário favorável dos portugueses.
  2. Os alertas que o António Maria tem vindo a fazer sobre a questão ibérica nada têm de desagravo aos povos de Espanha, amigos e inimigos de longa data. O nova prioridade atlântica de Madrid responde a dois problemas: o acumular lento mas inexorável das tensões nacionalistas no interior de um Estado cuja unidade formal é recente e nunca foi pacífica; e a perspectiva, desfavorável aos interesses de Espanha, mas cada vez mais realista, de uma triangulação estratégica euro asiática, com vértices em Berlim, Moscovo e Beijing, cujos flancos —Iraque, Irão, Arábia Saudita, Cáucaso, repúblicas da Ásia Central, Coreia do Sul e Japão—têm vindo a aproximar-se diplomaticamente.

    Criar ilusões a Madrid sobre um rápido acesso aos portos portugueses seria uma imprudência intolerável. Basta medir o esforço actual da indústria militar naval espanhola, e o modo como tem vindo a pretender entrar pela plataforma continental portuguesa dentro, para não nos deixarmos enganar pelos sorrisos "socialistas" de Zapatero.

    Para lá da amizade e dos casamentos, existem os interesses estratégicos das nações. Os indivíduos podem andar distraídos, mas os governos não. Estes, se forem avisados, e mesmo assim persistirem no erro, serão mais cedo ou mais tarde chamados a prestar contas — como mentecaptos, ou como  traidores.


OAM 688—26 Abril 2010 0:19 (última actualização: 10:02)

quinta-feira, abril 22, 2010

Estado social

Pagar impostos para algo...



O problema fiscal português é este: quem paga, paga bem, embora parte significativa da população fuja quanto pode aos impostos, e a banca goze de isenções indecentes. Por outro lado, a aplicação da receita fiscal é má, nada transparente e serve sistematicamente para alimentar uma administração pública obesa e ineficiente. É preciso criar mecanismos que permitam ao vulgar cidadão escrutinar pessoalmente a aplicação dos seus impostos.


OAM 687—22 Abril 2010 1:03

quarta-feira, abril 21, 2010

Crise Global 77

Portugal: o elo mais fraco?

Portugal é, afinal, o segundo país que mais pode perturbar a zona euro

O custo de subscrever a protecção para um eventual incumprimento da dívida portuguesa é actualmente o terceiro mais elevado entre os países europeus emitentes de dívida soberana, sendo apenas superado pela Grécia e pela Islândia.

As preocupações dos investidores com a situação das finanças públicas portuguesas fizeram os Credit Default Swaps (CDS) sobre obrigações de Portugal dispararem durante a última semana, sendo neste momento apenas ultrapassados na Europa pelo risco da Grécia (467,14 pontos), que é o quarto mais alto do mundo, e da Islândia (381,93 pontos), em oitavo lugar. — in Notícias Lusófonas, 20-04-2010.

Custo da dívida pública portuguesa ultrapassa a Irlanda pela primeira vez desde o início da crise

Apesar de estar a prever um défice público mais baixo para este ano e de ter menos problemas no seu sistema bancário, Portugal voltou ontem, pela primeira vez desde o início da crise financeira internacional, a ter de pagar taxas de juro mais elevadas do que a Irlanda, um sinal da desconfiança que os mercados estão a ter relativamente à situação das finanças públicas nacionais. — in Público, 20-04-2010.

Cavaco Silva: "Não acredito que Portugal chegue a uma situação de bancarrota"

O economista [Simon Johnson] diz que Portugal, tal como a Grécia, em vez de abater os juros da sua dívida, tem refinanciado os pagamentos de juros todos os anos através de emissão de nova dívida, chegando mesmo ao ponto de dizer que "vai chegar a altura em que os mercados financeiros se vão recusar pura e simplesmente a financiar este esquema ponzi". in Destak, 20-04-2010.

Must Germany bail out Portugal too?
Portugal, not Greece, poses the greater existential threat to Europe's monetary union.
By Ambrose Evans-Pritchard

Portugal does not face an imminent funding crisis. If Europe's economy grows briskly, it may be enough to lift the country off the reefs. But one thing seems sure: Germany is not going to bail out any more countries, and the IMF is too small to cover. — in Telegraph.

Como refere um amigo meu num email que acaba de me enviar, entre pagar e refinanciar as nossas dívidas, o Estado português precisa de arranjar rapidamente uns 30 mil milhões de euros no mercado financeiro internacional. Como as garantias dadas pelos empréstimos são apenas títulos de dívida pública aceites pelo BCE como bons, mas que na realidade não passam de papeis, progressivamente mais duvidosos desde Janeiro deste ano, haverá previsivelmente cada vez menos interessados em emprestar-nos dinheiro a 10 anos (ver resultados da emissão de dívida pública portuguesa a 14 de Abril, e também no dia 21), e os que emprestam a 2 pressupõem que Portugal ainda tem alguma margem de segurança no curto prazo.

Este simples facto poderá levar o país à falência. E a razão explica-se muito simplesmente assim: é o financiamento de longo prazo que financia os custos de curto prazo. Imaginem, a título de ilustração, que para comprar a nossa própria casa os bancos deixavam de emprestar a 15, 25 ou 30 anos, e por isso éramos forçados a liquidar o empréstimo contraído para a compra da dita casa num prazo de dois anos. Que sucederia? É precisamente esta a situação a que o senhor Cavaco, o senhor Sócrates, o senhor Jardim e outros que tais, mais a bela democracia populista que alimentamos a pão de Ló, levaram as finanças públicas portuguesas!

O problema é especialmente grave porque o endividamento tornou-se um problema sistémico na maioria das economias desenvolvidas, incluindo muito especialmente os seus grandes protagonistas: Estados Unidos, Reino Unido, Japão, França, Itália e mesmo a Alemanha. Na realidade, a situação é explosiva na América de Obama e no reino de sua majestade britânica, dona de alguns dos principais paraísos fiscais onde se esconde boa parte do saque financeiro operado contra milhões de pessoas em todo o planeta. O escândalo que nos últimos dias (1) tem vindo a revelar as entranhas corruptas da Goldman Sachs —o grande propagador e beneficiário, a par da JP Morgan, dos chamados derivados financeiros, de que se destacam os Credit Default Swaps (CDS, inventados em 1995) e os Collateralized Debt Obligation (CDO, inventados em 1987)— mostra que há uma guerra surda de titãs entre a União Europeia (onde a velha Albion não se revê) e o triângulo Reino Unido, Israel, Estados Unidos. A Alemanha (ou se se preferir, a União Europeia sem a Inglaterra, nem a República Checa), e agora também a China, são as grandes ameaças à sobrevivência das super potências militares, financeiras e diplomáticas que reinaram nos últimos 200 anos no mundo. O chamado deficit spending, de origem vagamente keynesiano, levou a América desde o tempo de Reagan até hoje, e boa parte da Europa, a uma lógica de desenvolvimento baseada no endividamento cumulativo dos Estados, empresas, bancos, famílias e pessoas singulares, tudo em nome do crescimento virtual do PIB e das maravilhas estimulantes do consumo.

Para que este endividamento criminoso dos países ocorresse foi necessário, no entanto, proceder ao seu disfarce com produtos financeiros complexos, tais como os derivados especulativos (CDS, CDO, OTC, etc.), ao mesmo tempo que se mantinha a ficção de uma moeda universal, o dólar americano, com o qual os Estados Unidos mantiveram um nível de vida escandalosamente acima das suas possibilidades, esmagando no caminho tudo o que se lhe opusesse. O que hoje está a ruir como um dominó é pois esta monumental pirâmide de corrupção e espoliação dos fracos. Daí a pergunta: por onde vai romper a cadeia desta super Dona Branca? Pelo euro, ou pelo dólar? Pelo elo fraco grego, português ou espanhol, ou pelo elo forte, mas perigosamente falido, de Londres, ou Wall Street? A resposta não é indiferente. E as consequências ainda menos!

O Ocidente pensa com modelos historicamente gastos. Sobretudo a América depois de Reagan, e a Inglaterra desde sempre, convivem mal com a ideia de terem que repartir os recursos energéticos, minerais e alimentares do planeta com o resto da humanidade. Os Estados Unidos, viciados na sua moeda imperial, resistem como podem —e podem ser muito perigosos— ao aparecimento de novas moedas, e sobretudo ao declínio da green back. Atacaram o Iraque quando Saddam Hussein ameaçou aceitar outras moedas que não o dólar por petróleo. Querem desencadear um ataque atómico contra o Irão porque este há alguns anos que troca petróleo por euros com a maioria dos seus principais clientes —China, Itália, Espanha, Grécia, França (o Japão e a Coreia do Sul continuam a preferi usar USD)— e anunciou querer abrir uma bolsa de petróleo em euros!

Os tigres anglo-saxónicos acumularam demasiados inimigos, declarados e disfarçados, nas últimas duas décadas. O mundo está farto da sua arrogância, corrupção e insensibilidade. Preparar, como parece estar em curso, um novo 11 de Setembro, desta vez atómico, para justificar um ataque nuclear contra o Irão (via Israel, supõe-se) seria o suicídio da América. Mais vale sufocar no ninho as forças tenebrosas que neste momento conspiram activamente para ver realizado um tal cenário de guerra total. Espero que Obama acabe por desmontar uma a uma as sucessivas armadilhas que o poderosa teia sionista (2) lhe tem colocado no caminho.

Mas voltemos a Portugal.

A nossa situação é desesperada, por mais que pretendamos olhar para o lado. E é precisamente por estarmos tão mal objectivamente que as aves de rapina das agências de avaliação (todas, não por acaso, norte-americanas ou inglesas) investem furiosamente contra este elo fraco do euro. Que podemos fazer? Mostrar indignação patriótica faz bem ao ego, mas não resolve os problemas. A unidade de que o país precisa tem que nascer rapidamente de uma nova transparência de linguagem que substitua o disléxico discurso político dominante. Por outro lado, é preciso ouvir a verdade, como pedia sem saber como Manuela Ferreira Leite — em vez de continuarmos a aturar o optimismo cada vez mais grotesco do sempre jovial pedaço de asno que supostamente nos governa. Não, não é ele quem nos governa, mas os piratas que o colocaram onde agora está.

As eleições inglesas poderão ser o prelúdio do grande colapso financeiro mundial. Se este ocorrer, estaremos imediatamente à beira de um ou mais conflitos bélicos de vastas proporções. Por outro lado, vários bancos, empresas, cidades e países inteiros caminharão como Zombies para a falência. O valor nocional dos contratos de derivados financeiros (registados e OTC) é da ordem dos 1 144 biliões de dólares (3), ou seja, qualquer coisa como 6,8x a totalidade dos activos financeiros mundiais (acções+obrigações+depósitos bancários), ou 16 vezes o PIB do planeta! Quer dizer, não há dinheiro que chegue para o dominó de incumprimentos que se aproxima a uma velocidade vertiginosa. Nada a fazer se não assistirmos atónitos à maior destruição de valor que alguma vez ocorreu na história da homem. Mas será possível que tal ocorra sem que a humanidade se veja mergulhada num verdadeiro holocausto de penúria, guerra e perda de identidade?

Para já, uma recomendação: é preciso que a sociedade civil se organize e prepare para o pior. Dos populistas que nos governam, nada ou muito pouco podemos esperar.


POST SCRIPTUM — Portugal vai ter que aguentar o barco até à madrugada do próximo dia 6 de maio, momento em que saberemos todos o que vai acontecer no Reino Unido depois de Gordon Brown deixar o poder. De qualquer forma, mais cedo ou mais tarde (e quanto mais tarde, pior), teremos que optar entre aumentar o desemprego, reduzir os rendimentos do trabalho, ou uma combinação agressiva das duas opções. O desemprego e a redução nominal e real dos salários no sector privado são realidades dramáticas desde meados de 2008, e têm vindo a agravar-se dia a dia. Parece que apenas quem trabalha para o sector privado está a pagar a crise! Ora isto é uma bomba-relógio que irá inevitavelmente explodir e causar um enorme buraco na identidade do país. Em vez de mendigarmos empréstimos no exterior para pagar aos funcionários públicos (e para pagar as mordomias sem conta da nomenclatura populista que temos), talvez fosse boa ideia reter metade dos subsídios de férias e de Natal deste ano e do próximo, na Administração Pública, convertendo-os em certificados de aforro. Ou seja, talvez não fosse má ideia impor uma poupança forçada aos funcionários públicos. Será certamente menos injusto do que a presente situação, onde prolifera o acosso e a ilegalidade em tudo o que são contratações eventuais na Administração Pública e no sector privado. Um poder político que resolva escorar-se apenas nos funcionários do Estado e na tropa de choque do desemprego caminha inexoravelmente para o fascismo!


NOTAS
  1. City watchdog launches Goldman Sachs investigation

    Embattled Wall Street firm Goldman Sachs is now facing an investigation by the City watchdog, the Financial Services Authority, following the $1bn (£650m) fraud allegations brought by the US regulators. — Jill Treanor, Guardian, 19 April 2010.

    Gordon Brown and Angela Merkel attack Goldman Sachs

    A crisis gripping Goldman Sachs deepened today as Britain and Germany moved towards joining the US in pursuing a fraud investigation against the Wall Street bank for allegedly fiddling clients out of $1bn ($650m) through a misleading mortgage investment deal.

    Gordon Brown ordered a special investigation into Goldman, accusing the bank of "moral bankruptcy". He threatened to block multimillion-pound bonus payouts if the firm is found guilty of wrongdoing.

    In Berlin, Angela Merkel's government said it had sought information from the US Securities and Exchange Commission with a view to evaluating "legal steps" against Goldman. — Andrew Clark, Guardian, 18 April 2010.

    Now we know the truth. The financial meltdown wasn't a mistake – it was a con

    The global financial crisis, it is now clear, was caused not just by the bankers' colossal mismanagement. No, it was due also to the new financial complexity offering up the opportunity for widespread, systemic fraud. Friday's announcement that the world's most famous investment bank, Goldman Sachs, is to face civil charges for fraud brought by the American regulator is but the latest of a series of investigations that have been launched, arrests made and charges made against financial institutions around the world. — Will Hutton, The Observer, 18 April 2010.

    Senior Executives at Goldman Had a Role in Mortgage Unit

    The Securities and Exchange Commission filed a civil fraud suit on Friday that essentially says that Goldman built the financial equivalent of a time bomb and then sold it to unwitting investors. Mr. Egol, 40, was not named in the S.E.C.’s suit.

    Goldman has vowed to fight the S.E.C. But the allegations have left many on Wall Street wondering how far the investigation might spread inside Goldman and perhaps beyond.

    Pressure on Goldman mounted on Sunday as two members of Congress and Gordon Brown, Britain’s prime minister, called for investigations into the bank’s role in the mortgage market. Germany also said it was considering legal action against the bank. — Louise Story, The New York Times, 18 April 2010.
  2. A extrema-direita judia e em geral a seita Sionista radical não param de conspirar. A sua rede engloba nomeadamente os serviços secretos israelitas —Mossad—, o poderoso lóbi judeu que actua junto do Congresso americano em Washington —The American Israel Public Affairs Committee (AIPAC)—, e o think-tank Council on Foreign Relations (CFR), entre outros. Enquanto montam um teatro à escala global sobre o perigo iraniano (por querer desenvolver tecnologia nuclear pacífica, e provavelmente militar), que está muito longe de ser verosímil, a verdade é que ainda recentemente os EUA de Obama contrataram a venda de mais 200 mil milhões de dólares de material bélico à potência nuclear que ninguém no Ocidente se atreve a denunciar, ou seja, Israel. Ler a propósito "Despite ‘Tensions,’ US OKs Massive Arms Shipment to Israel" (Antiwar News)
  3. "Total Notional Value Of Derivatives Outstanding Surpasses One Quadrillion" — in Slate. [Listed derivatives =~$548 trillion + OTC derivatives =~$596 trillion = $1.144 quadrillion. ]

OAM 686—20 Abril 2010 23:34 (última actualização: 21 Abril 2010 0:45)

segunda-feira, abril 19, 2010

CO2

Aviões ou vulcões?
O impacto do vulcão Eyjafallajokull deveria levar-nos a reflectir sobre o colapso civilizacional para que caminhamos como mortos-vivos endividados.


Informação detalhada sobre o cálculo que levou a este gráfico (LINK)


OAM 685—19 Abril 2010 14:50

sábado, abril 17, 2010

Crise Global 76

Inglaterra, a porca que se segue!


Zhu Min, vice-governador do Banco da China: « o mundo não tem dinheiro que chegue para comprar mais títulos do Tesouro americano ».

U.K. Is Vulnerable After Greek Deal, Strategists Say

 April 12 (Bloomberg) -- The pound, gilts and FTSE 100 Index may be the weak spot of European markets after Greece was offered a bailout over the weekend, strategists said.

“The Greek problem should calm down, and we should look at the next one on the agenda for markets to watch,” Alain Bokobza, Paris-based head of global asset allocation strategy at Societe General SA, said in a phone interview. “The next one to be watched for is the U.K.” 

Ao contrário do que a manobra Anglo-americana de ataque ao Euro tem querido fazer crer ao mundo —que controla através da sua gigantesca máquina de propaganda e das indecorosas agências de rating—, não será Portugal que se vai seguir à Grécia na grande tragédia das bancarrotas soberanas, mas muito provavelmente o reino de sua majestade pirata Isabel II de Inglaterra! O empate técnico entre o irascível Gordon Brown e o oco David Cameron, dois velhos responsáveis pela crise inglesa, nas palavras do "democrata liberal" Nick Clegg (que claramente venceu o primeiro debate televisivo pré eleitoral da passada quinta feira), conduzirá o Reino Unido (com uma dívida pública por pagar este ano que ultrapassa os 200 mil milhões de euros!) para uma situação potencialmente muito mais perigosa do que a situação em que se encontra a Grécia. Depois das eleições de 6 de maio próximo, o Reino Unido iniciará muito provavelmente a sua marcha triunfal para uma longa decadência económico financeira, política, social e diplomática.

Como assinalou o GEAB de março último publicado pelo Laboratoire Européen d'Anticipation Politique (LEAP), o facto de a China se ter transformado no principal parceiro comercial do Brasil (os grandes parceiros anteriores foram os EUA, o Reino Unido e Portugal) mostra até que ponto estamos perante uma mudança das placas tectónicas da diplomacia mundial e face à emergência inexorável duma nova hegemonia — a Oriente!


O confidencial GEAB deste mês aponta três causas para a situação de declínio inevitável e potencialmente explosivo do Reino Unido depois das eleições de 6 de maio, de onde aliás não se prevê que resulte uma maioria estável:
  1. o endividamento explosivo do país e o colapso da City londrina, 
  2. o declínio à vista dos grandes investimentos no sector da defesa,
  3. a descolagem do amigo americano, pois nenhum pode já ajudar o outro na zona crítica das finanças públicas e do sector financeiro.
Porque será então que perante estatísticas tão preocupantes apenas ouçamos falar de Atenas e de Lisboa? Eu não desculpo a insanidade, o cabotinismo político e profissional, e a corrupção que conduziram os PIIGs à situação dramática em que se encontram. Nem me dispenso de criticar duramente a irresponsabilidade das democracias populistas que actualmente regem Portugal, a Espanha, Itália, a Grécia e a Irlanda. Todos este países terão que sofrer profundas metamorfoses de regime antes de voltarem a levantar as respectiva cabeças. Muita gente deverá ser posta no banco dos réus, para que uma verdadeira catarse redentora destas democracias doentes possa ter verdadeiramente lugar. O preço da falta de coragem e da falta de lucidez num período histórico como aquele que atravessamos será um doloroso e grave declínio civilizacional. Quanto mais depressa os jovens líderes políticos e a geração milénio entender isto, menor será o preço a pagar por todos nós.

U.K. Is Vulnerable After Greek Deal, Strategists Say

 April 12 (Bloomberg/ Business Week) -- The pound, gilts and FTSE 100 Index may be the weak spot of European markets after Greece was offered a bailout over the weekend, strategists said.

“The Greek problem should calm down, and we should look at the next one on the agenda for markets to watch,” Alain Bokobza, Paris-based head of global asset allocation strategy at Societe General SA, said in a phone interview. “The next one to be watched for is the U.K.” 

Apesar de a imprensa e as agências de rating terem concentrado até agora os holofotes sobre todos (Islândia, Letónia, Grécia, Portugal, Espanha, Dubai, ...) menos a Inglaterra e os Estados Unidos, num ataque concertado sem precedentes contra a moeda única europeia (Euro Zone Grapples With Debt Crisis - WSJ.com), a hora da verdade para a orgulhosa City londrina chegará, porém, antes de a Grécia e Portugal declararem falência junto do FMI.

Só não será assim se o "democrata liberal" Nick Clegg conseguir um grande resultado eleitoral, se entrar no próximo governo de sua majestade, e finalmente impuser o fim da Libra em favor do Euro. Se o Reino Unido aderir à moeda única europeia, no que seria um surpreendente golpe de rins, a sua descomunal dívida externa (a 2ª maior do planeta) reduzir-se-ia como que por magia e o Euro, por sua vez, recuperaria rapidamente do seu lamentável estado actual.

O grande problema actual não reside, porém, nas percentagens do endividamento relativamente ao que cada país produz, mas nos valores absolutos do endividamento! Não há, pura e simplesmente, nenhum país do mundo capaz de refinanciar o endividamento colossal dos Estados Unidos, ou sucessivamente as grandes dívidas públicas e externas do Japão, do Reino Unido e da Espanha. Ou seja, o grande buraco negro dos derivados financeiros, que permitiu acomodar temporariamente o maior esquema Ponzi alguma vez gerado na história da humanidade, equivale a qualquer coisa como 8x o PIB mundial. E para tamanha loucura não haverá nunca dinheiro que chegue. Vai ser inevitável colocar os contadores a zero. E muitos pagarão, injusta ou justamente, por isso.

Buffett’s Goldman Sachs Warrants Drop by $1 Billion

April 16 (Bloomberg) -- The value of Warren Buffett’s options to buy Goldman Sachs Group Inc. shares dropped by $1.02 billion after regulators sued the bank for misleading clients on the sale of securities tied to the subprime mortgage market.

Saint-Etienne Swaps Explode as Financial Weapons Ambush Europe

 April 15 (Bloomberg) -- The worst global financial crisis in 70 years arrived in Saint-Etienne this month, as embedded financial obligations began to blow up.

A bill came due for 1.18 million euros ($1.61 million) owed to Deutsche Bank AG under a contract that initially saved the French city money. The 800-year-old town refused to pay, dodging for now one of 10 derivatives so speculative no bank will buy them back, said Cedric Grail, the municipal finance director. They would cost about 100 million euros to cancel today, he said.

Goldman Sachs falls the most since January 2009

SAN FRANCISCO (MarketWatch) -- Shares of Goldman Sachs Group Inc. closed down nearly 13% on Friday, the most in more than a year, after the Securities and Exchange Commission announced fraud charges against the company.

Ninguém na realidade sabe como tudo isto vai acabar. Até os grandes navios-pirata do sistema, como a Goldman Sachs, caminham já na direcção do cadafalso! Quando os Estados vão à falência há uma regra muito simples: quem tem o dinheiro, fica sem ele, de uma maneira ou doutra. As grandes guerras nascem quase sempre deste tipo de eventos.

O Reino Unido será corrido das Malvinas (Falklands) antes de 2020… e se refilar muito sofrerá um bloqueio conjunto de toda a América Latina. A rejeição africana virá depois.

A ligação recente de Londres a Madrid parece-me, por outro lado, um erro de cálculo. Cá estaremos para vê-la regressar às velhas alianças.

A Espanha continua a ser um país autoritário, com grandes doses de ódio ideológico reprimido nas entranhas das suas classes dirigentes, pronto a explodir ao menor contratempo interno. De lá, nem bom vento, nem bom casamento! E olhem que tenho grandes amigos por lá.



OAM 684—17 Abril 2010 19:45 (última actualização: 18 Abril 2010 16:14)

Alta Velocidade 7

O que o vulcão Eyjafallajokull nos ensina



Europa precisa de uma rede ferroviária única, de alta velocidade!

  • Angela Merkel vai de avião, de Lisboa para Milão, de onde apanhará depois um TGV para Berlin.
  • Cavaco vem de automóvel blindado, de Praga para Barcelona, onde apanhará depois um avião para Lisboa (se for possível, claro!)

Imaginem que Lisboa estava já ligada à rede ferroviária europeia de alta velocidade (AV/VE), incluindo o Eurostar. Não está...

De todas as grandes obras públicas previstas, a única que faz sentido económico e tem futuro é a ligação de Portugal, via Lisboa-Madrid, e via Porto-Aveiro-Salamanca, a Espanha e ao resto da Europa.

A breve trecho, com vulcões, aumento exponencial dos temporais (tornados), e petróleo no fim da linha (chegará de novo aos 100 dólares/barril antes do fim do ano), só a ferrovia e os comboios eléctricos serão alternativa credível para o transporte rápido, fiável e seguro de pessoas e, sobretudo, de mercadorias!

O que Portugal tem que fazer é ter ideias claras e estrategicamente inteligentes, coisa que não tem tido. E não tem tido porque os partidos políticos (todos eles!) foram engolidos pelos barões da finança e pelos limitados construtores civis que temos. Em vez de dirigir uma acusação sexista contra Sócrates, Francisco Louçã deveria ter antes falado do que terá levado o centro político-partidário do país a transformar-se num colégio de mordomos subservientes e corruptos do capital rentista que continua a dominar Portugal.

No caso, o que a diplomacia portuguesa deveria exigir de Espanha, como contrapartida da entrada do país na rede ibérica de Alta Velocidade, era a criação dum cluster ibérico no sector ferroviário, nomeadamente através do estabelecimento de parcerias científicas, tecnológicas e industriais de ponta, com vista à criação de uma nova indústria ferroviária europeia, de que Portugal e Espanha seriam um importante pólo de desenvolvimento.

Enfim, enquanto Cavaco regressa de BMW, Audi, Mercedes (todos blindados!), e Merkel aproveita o TGV, meditemos nas lições que o poderoso vulcão da falida Islândia nos dá.


POST SCRIPTUM — Vale pela espreitar o Flight Radar 24, para ver em tempo real a alteração profunda da paisagem do tráfego aéreo sobre a Europa em consequência da pluma de poeiras do vulcão Eyjafallajokull.


OAM 683—17 Abril 2010 13:48 (última actualização: 20 Abril 2010 18:09)