domingo, junho 01, 2014

Goldman Sachs especula com Sol e vento

Ivanpah Solar Electric Generating System - um projeto com menos de 25% de eficiência (LINK)

Pinóquio 'socialista' dinamarquês vendeu a alma ao diabo, tal como ocorreu em Portugal


Especuladores da Goldman Sachs atacaram em janeiro deste ano o setor energético da Dinamarca, acenando com bons negócios aos seus cleintes, evocando subrepticiamente a venda da Horizon Wind Energy à EDP. Para que conste...

Goldman Sachs sees “transformational moment” in renewables investment
By Giles Parkinson on 31 January 2014, in REneweconomy.

Investment banking giant Goldman Sachs has declared the renewable energy sector to be one of the most compelling and attractive markets – and is backing up its talk with $US40 billion ($A46 billion) of made and planned investments.

[...]

Among Goldman Sachs’ key investments are a recently-approved $1.5 billion investment for a near 20 per cent stake in Danish offshore wind energy developer Dong Energy.

It has also a substantial investment in BrightSource Energy, which is about to bring its huge Ivanpah solar power project (pictured) into full production – it will be the largest in the world.

Goldman Sachs also provided $500 million of finance to SolarCity, to allow the biggest solar installer in the US to expand its solar leasing business. Goldmans is one of a number of banks to do that –the latest was Bank of America/Merrill Lynch.

It has also been an early investor in First Solar, the largest solar PV manufacturer in the US, SunEdison, and made big money from the sale of  Horizon Wind Energy to Portugal’s EDP for $2.15 billion in 2007.

Goldman’s commitment of $40 billion is based around a number of assumptions – that costs will continue to decline as efficiency improves, that solar and wind will reach grid parity without subsidies in the not-too-distant future, and that energy storage issues will also be solved.

It also believes that the position of coal at the top of the global fuel mix is eroding – something that it highlighted in a recent report that said the window for thermal coal was closing rapidly.
A closer look at a Goldman Sachs deal many in Denmark find rotten
FT. January 31, 2014. By Richard Milne, Nordic Correspondent.

Goldman Sachs has faced plenty of unsavoury claims in recent years – from accusations about its role in the global financial crisis to suggestions it helped the Greek government massage its figures. Now it can be said to have nearly brought down the Danish government.

Much of the ire directed against an investment deal for a state-owned Danish utility stems solely from the involvement of the US investment bank, derided this week by protesters in Copenhagen waving banners of a vampire squid.

[...]

4. Goldman’s veto rights

The sharing of risk was not the only problem people found in the finance ministry document. It also detailed how New Energy Investment – the name of the investment vehicle Goldman is using to buy the stake – will get veto rights that no other investor will enjoy.

So if Dong wants to deviate from its current business plan, change its chief executive or finance director, make a big acquisition, or sell new shares, it needs to gain the prior approval of Goldman.


Goldman Deal on Danish Energy Splits Copenhagen Coalition
Bloomberg. By Peter Levring and Christian Wienberg Jan 30, 2014.

Denmark’s government mustered enough votes to let Goldman Sachs Group Inc. (GS) buy a stake in state-owned Dong Energy A/S after resistance to the deal prompted one of the ruling coalition’s three parties to quit.

The government of Prime Minister Helle Thorning-Schmidt won majority lawmaker backing for the deal even after the Socialist People’s Party left the coalition today.
Socialists Furious As Denmark Lets Goldman Have The Dong
Zero Hedge, 30/01/2014.

Yesterday we reported that Goldman’s attempt to buy an 18% stake in Dong Energy, the world’s biggest operator of offshore wind farms, while largely preapproved by Danish politicians, had met with solid resistance by the broader population, which had started a petition to block the sale, signed by nearly 200,000 as of yesterday. Alas, despite the valiant effort by the population to keep the energy company - with 68% of the population polled as being against the deal - the country’s politicians, certainly with no palms greased by the world’s biggest depositor-insured hedge fund - just let Goldman have the DONG.  As Bloomberg reports, “a majority in Denmark’s parliament will let Goldman Sachs Group Inc. proceed with its purchase of a stake in state-owned utility Dong Energy A/S, according to a senior lawmaker in the ruling Social Democrat Party.”
Angry Danes Refuse To Sell 19% Of Their DONG To Goldman Sachs
Zero Hedge, 29/01/2014.

With the (emerging) world suddenly collapsing, appropriately enough on the Chairsatan’s last FOMC conference, here is an amusing update from Denmark where apparently the locals are less than excited about giving away their DONG (that would be Danish Oil & Natural Gas for the perverts) to Goldman Sachs. Specifically, over the past several days, a whopping 186,000 Danes have signed a petition to stop the sale of a 19% stake with extraordinary minority stakeholder rights in DONG to Goldman Sachs. Then again, every DONG has its price...

Risco de pobreza na Europa

Portugal, acima da média europeia na curva da pobreza

É nisto que António José Seguro tem que se concentrar, mas para levar a água ao seu moinho terá mesmo que apresentar a sua REFORMA INSTITUCIONAL de 4 pontos ao país e lançar uma discussão nacional, desafiando todas as forças partidárias a pronunciar-se sobre a mesma.

Quanto às galinhas da comunicação social, Seguro não deve preocupar-se, pois estas aves penadas são como os girassóis: viram-se invariavelmente em direção à luz!

sábado, maio 31, 2014

Sines, homenagem de um marinheiro

O Comandante Joaquim Ferreira da Silva mirando o porto de Sines

10º aniversário da descarga do 1º contentor em Sines (31 Maio 2004)


Por Joaquim Ferreira da Silva

Faz hoje 10 anos que assistimos, de nossa casa, no alto da Torre dos Pontos Cardeais, no Edifício Moinho de Marés, à descarga dos primeiros contentores, no novo terminal XXI de Sines. A operação foi realizada pelo navio “MSC CRISTIANA”, um navio de carga geral, então adaptado ao transporte de contentores, com um comprimento de 184 metros, calado de 10 metros e 20 mil toneladas de porte. O novo cais estava equipado com dois pórticos. Havia então ainda muito cepticismo face ao possível sucesso do porto como terminal de contentores.

Nesse dia, o navio “CRISTINA” movimentou 248 TEUS na descarga e 52 na carga. Dez anos depois, no passado mês de Abril, o terminal de Sines, já com seis pórticos Post-Panamax, movimentou um total de 102.502 TEUS; mais de 3 mil por dia!

E já em Maio foi assinada a expansão do terminal que passará o cais de 730 para 940 metros, com mais 3 pórticos, a permitir atracação simultânea de três navios porta-contentores da última geração (18 a 19.000 TEUS) e levar o terminal a movimentar cerca de 2 milhões TEUS ano.

Mas a já longa história do porto mostra-nos sempre a existência desse cepticismo face ao seu futuro.

Em 1978 foi iniciada a descarga das primeiras ramas de petróleo no terminal petrolífero, concluído em 1977. Foi o resultado dos trabalhos do Gabinete da Área de Sines, criado em 1971 com o objectivo de planear as instalações da nova refinaria e do porto para se receber essencialmente o petróleo angolano. Quinze anos antes, em 11 Setembro de 1956, iniciara-se a exportação (do porto de Luanda) do petróleo descoberto em Angola; à época estávamos em funções de imediato a bordo do N/T “São Mamede” e entregámos as luvas ao Presidente Craveiro Lopes para abrir a válvula de entrada do navio e receber as primeiras ramas provenientes dos poços (os quatro primeiros abertos) de Benfica, nos arredores de Luanda.

Os promotores do novo porto apelaram à nossa Marinha de Guerra, então totalmente responsável por todas as actividades do sector Mar, para enviar um grupo de peritos, conhecedores do sector, para se definir o tipo de instalações a construir. Foi face a esta discussão que se concluiu, no verão de 1972 — num famoso almoço na praia Vasco da Gama, presidido por Marcelo Caetano e todos os técnicos do projecto, conhecido pelo “almoço dos salmonetes”, por nele se terem  comido tais peixes com 1,5 kg de peso, hoje raros —, o parecer do grupo da Marinha (que nós incluíamos representando, por nomeação sindical, o sector do pessoal do bordo).

Parecer esse aprovado pelo Gabinete que definia que o porto devia ser construído com um cais com condições de segurança para atracação dos petroleiros e não por via duma mono-bóia ao largo da costa, como certos operadores – em especial o então presidente da Shell, Duque Pozzo di Borgo -  que defendiam a descarga dos navios, por esta via, ao largo da baia da Sines, alegando menores custos.

Mostrámos, em nome das tripulações, que seria difícil operar navios no fim de longas viagens, amarrados a uma bóia ao largo duma costa muito exposta a temporais, e levar a bordo  pessoal, familiares e outros operadores, abastecer os navios, etc. em condições de segurança e eficiência. Mesmo que a mono-bóia se tornasse polivalente em condutas ligadas a terra.

Mas nessa altura os governantes escutavam e seguiam os pareceres técnicos.

Mais tarde o Presidente da Shell aceitou nossa recusa – guardamos hoje a carta concordante que nos enviou – e viu-se o que foi o crescer do terminal; crudes e refinados.

Aliás já tínhamos sido, em 1970, os primeiros a referenciar, na Revista Neptuno —“Onde Fazer um Terminal para Super-Petroleiros”—, Sines como o melhor local da costa portuguesa para construir um cais para navios de grandes dimensões.

E continuámos ligados à vida do porto.

Em 1980, no seguimento da explosão do petroleiro “Campeon”, voltámos a Sines para trabalhar com o Dr Mário Raposo na peritagem do grave acidente dela resultante.

Em 1981 era inaugurado o novo terminal de produtos químicos.

Em 1992, um novo cais “multipurpose” e “Ro-Ro” mostra-nos que o porto não parava, e em 2003 um novo terminal para Gás-Natural confirma esse movimento. Que se reforçou em 2004 com o Terminal XXI. E ainda não parou!

Em 1999, aquando duma palestra local sobre o Plano Mar Limpo, encontrámos a Torre dos Pontos Cardeais em construção e apaixonados pelas vistas da grande baía Vasco da Gama e de todas as instalações portuárias já então construídas (da pesca ao recreio) e da costa portuguesa entre a serra de Monchique e a serra da Arrábida, adquirimos o 5º piso. Com as impressionantes vistas que vos oferecemos...

Baía Vasco da Gama, Sines, vista da Torre dos Pontos Cardeais

Infelizmente, navios arvorando bandeira portuguesa são raríssimos já de se ver no porto. Mas espero ainda dali ver paquetes atracados num novo terminal, a movimentarem turistas para o Alentejo, já a encher-se deles dia a dia.

Na costa norte de Sines até Tróia estende-se o maior e mais “selvagem” areal (42 kms) da Europa, e na costa sul, os locais com maiores vestígios históricos romanos.

Que se concretize o seu desenvolvimento são os votos do meu muito saudar neste aniversário.



NR SOBRE O CMDT JOAQUIM FERREIRA DA SILVA

Habituámo-nos a ler e a considerar as mensagens de Joaquim Ferreira da Silva como palavras de um marinheiro humanista, apaixonado pelo mar, pelos barcos que transportam a seiva do mundo industrial moderno, e pelo seu país. Sem memória e sem amor não há nação que resista às adversidades.

Autor de As Artes Navais para a Conquista de Lisboa aos Mouros em 1147 (2013), e A Odisseia do Transporte Marítimo do Petróleo no Século XX... (2012), editados pela Chiado Editora, Joaquim Ferreira da Silva, segundo a biografia publicada, completou, em 1948, o curso de Pilotagem na escola náutica de Lisboa. Iniciou a sua vida profissional ao serviço da SOPONATA e da SACOR MARÍTIMA Lta, empresas onde serviu mais de 20 anos como Oficial e Comandante de alguns dos seus navios, nos quais navegou mais de 1 milhão de milhas.

No início da década de 70 dedicou-se ao ensino náutico tendo exercido funções docentes, quer na escola Náutica Infante D. Henriques, na qual foi Director, quer em Escolas Náuticas Estrangeiras ao serviço da IMO (international Maritime Organization), Agência das Nações Unidas, onde desempenhou funções de Director de Projectos.

Proposto pelo Governo Português para Secretário-Geral do Acordo de Lisboa (CILPAN), a sua aprovação foi feita por unanimidade pelos Estados Contratantes, em Bruxelas, Junho de 1991, desempenhando essas funções até se reformar em 1998.

Desde esta data tem continuado a sua acção na protecção e importância dos Mares por via de trabalhos, palestras e artigos em diversa impresa. Acção essa igualmente desenvolvida junto das organizações nacionais e estrangeiras, pugnando por uma continua melhoria da segurança dos navios e das suas tripulações como principal meio da prevenção contra os acidentes marítimos causadores de graves poluições.

Sobre o livro A Odisseia do Transporte Marítimo do Petróleo no século XX, um milhão de milhas navegadas:

O petróleo é, presentemente, a maior fonte energética da humanidade; 40% de toda a energia consumida no mundo.
Esta Importância não se teria de certo registado se, após a sua descoberta, não se tivessem desenvolvido os meios para os seu transporte ao longo dos mares, em especial por via de navios entre continentes.
Quando se concebeu o primeiro navio tanque petroleiro, nos finais do XIX, o petróleo, então explorado em locais muito restritos do planeta, foi levado a todos os recantos da Terra por via do transporte marítimo.
Portugal não podia deixar de utilizar esta via, quer pela sua localização geo-marítima quer por não ser produtor daquele produto, e desenvolveu as suas unidades navais necessárias para esse transporte proveniente dos países produtores.
Na segunda metade do século XX, com a instalação de refinarias próprias construiu a maior frota de navios petroleiros que jamais navegaram sob bandeira portuguesa.
É toda essa actividade, desde os navios em si, dos homens e métodos para os navegar até às actividades nos nossos portos, que a presente obra nos revela.

E ainda uma passagem deste livro, sobre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, citado pelo blogue 10 mil insurrectos:

“Em 1948 existiam graves problemas laborais com os operários dos estaleiros portugueses: baixos ordenados, pouca ou quase nula assistência social e formação profissional muito restrita e de fraco nível.

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo não fugiam à regra. Grande número do pessoal, mesmo o pessoal fixo dos Estaleiros, comia apenas uma refeição por dia. Não havia qualquer cantina organizada dentro das instalações, que fornecesse uma simples sopa. Os operários traziam as refeições nas lancheiras preparadas em casa. Por vezes estavam até altas horas da noite sem serem rendidos, apenas com o almoço que tinham trazido, num desejo de ganhar mais alguns magros escudos em horas extraordinárias.

Quando algum tripulante do nosso navio se dirigia à popa, para retirar algum alimento do frigorífico, (...) era frequente aparecerem operários que (...) abeiravam-se desse tripulante e pediam-lhe comida.

Muitos desses homens sofriam de várias doenças crónicas causadas pela profissão que exerciam, sendo a maior parte dessas doenças do foro respiratório, por intoxicação devida aos gases libertados pelas tintas usadas nas contínuas pinturas dos cascos dos navios”.                                                                    

São Rosas, Senhor!

António Costa, um carreirista simpático, mas sem ideias.

O Costinha queria ideias? Pois aí estão!


Tozé Seguro: habituem-se, porque isto mudou!

O António Maria adora enganar-se quando o engano beneficia as suas convicções. Pode ser o caso de António José Seguro, um homem que a generalidade dos portugueses e militantes do PS consideram uma pessoa honesta e que, face a uma tentativa descarada de assassinato político por parte do fundador e promitente coveiro do Partido Socialista, Mário Soares, reagiu da melhor maneira, anunciando quatro ideias que quer ver concretizadas, e que há muito são reclamadas por nós, por muitíssimos socialistas descontentes, por vários movimentos de opinião a favor de uma democracia mais direta e transparente, e por alguns milhões de abstencionistas ativos fartos do rotativismo da desgraça que nos afundou a todos.

A Revolução das Rosas, de António José Seguro, é esta:
  • Primárias abertas aos militantes, simpatizantes e eleitores regulares do PS;
  • Diminuição do número de deputados para o limite mínimo legalmente previsto: 180;
  • Aproximação dos eleitores aos eleitos, mudando o método de eleição dos deputados;
  • Alteração da lei de incompatibilidades de cargos públicos por forma a afastar os lobistas encapotados dos centros de decisão política.
Esta manhã houve um verdadeiro terramoto no seio do PS, e não foi soarista. Como prevíamos ontem, o Costa, empurrado por Soares e pela maçonaria em desespero, já está arrependidíssimo. O aspirante a cabotino, João Galamba, perdeu subitamente a língua [voltou a ganhá-la depois deste post, mas sem grande sucesso]. E Isabel Moreira, mais prudente, faz bem em não sair do nicho constitucional e da sua guerra em prol dos direitos das lésbicas e dos maricas (tradução portuguesa da palavra inglesa gay).

Curiosamente, as rosas de Seguro são também uma jogada de antecipação face a Marinho Pinto e ao MPT. Em que ficam? Alinham, ou assobiam para o ar? Para já, perderam a iniciativa a favor do PS, sim, do PS!

Estas rosas são também bem-vindas no PSD de Passos, mas não no táxi de Paulo Portas.

Só mesmo Mário Soares, a corja maçónica e os devoristas do regime em geral ficam a coçar a cabeça.

Onde está o Coelho? Esse grande urso que abraçou Seguro?

Por fim, a tropa indigente dos mérdia que temos revelou uma vez mais o que é: nada.

POST SCRIPTUM

Lisboa está cheia de buracos. O turismo cresce graças às Low Cost e ao cruzeirismo inglês, graças também à desgraça alheia (Tunísia, Turquia, Líbano, Egito, etc.), graças aos preços atrativos, mas não a qualquer estratégia camarária do senhor Costa, que continua com um município sobrelotado, dívidas impagáveis e cada vez mais buracos no alcatrão.

Entretanto, continua a usar o Quadratura do Círculo para propaganda pessoal, ataca o líder do seu partido depois deste ganhar duas eleições seguidas, e nunca se lhe ouviu um ai quando Sócrates arruinava o país.

E agora António Costa, como é? Vai continuar a cavaqueira autopromocional na televisão? Vai continuar à frente da CML? Vamos ter mais quantos buracos?


Atualizado: 2/6/2014 13:14

O lobo Mário e o cordeiro Tozé


O bonzo-mor do PS defende na praça pública o assassinato político e o golpe de estado, como um vulgar estalinista do século passado. Ao que esta criatura chegou. Paz à sua alma democrática perdida!


Mário Soares:

“...a “grande vitória” anunciada por Seguro foi uma vitória de Pirro. Que não pode deixar de desagradar aos socialistas a sério que tenham uma ambição para lá de ganhar eleições (...).

Impõe-se, mais do que nunca, uma política corajosa que faça a ruptura com a direita e com as políticas da direita.

Ainda bem que António Costa resolveu disponibilizar-se e que avançou para se bater pelo PS. Para que o PS seja um partido de esquerda e se bata em favor do povo contra a direita que o tem oprimido. Foi um acto de grande coragem que faz esquecer as hesitações do passado.

Felicito-o e apoio-o. Acho que nos vai fazer permitir que o nosso querido PS, do punho erguido à esquerda e dos socialistas que não têm medo de ser tratados por camaradas, se mobilize para construir um futuro diferente” — in Público, 29/5/2014.
António José Seguro:
[...] o partido e a democracia portuguesa vivem uma situação única, com uma contestação a um líder que ganhou duas eleições e está legitimado democraticamente. De acordo com fonte oficial socialista, esta posição foi transmitida por António José Seguro logo na intervenção de abertura da reunião — in  Assis: “Não sou nenhum troca-tintas”, 15:52 Observador, 30/5/2014.

Não se conhece António Costa pelas ideias, mas ficámos a saber que desta vez vai obedecer ao Tio Mário. A castanha, porém, poderá estourar-lhe na boca. A criatura Costa é ambiciosa, mas de líder partidário nada tem. Logo, o mais provável é o atual presidente da autarquia lisboeta perder mais este confronto com António José Seguro, seminarista que conhece bem as manhas com que se tece uma máquina partidária, e que teve, inesperadamente para muitos, nestas eleições europeias, uma janela de oportunidade em matéria de governabilidade à esquerda da atual coligação: Marinho Pinto (1).

Foi, aliás, isto mesmo que Mário Soares farejou imediatamente, e o que fez tocar o telemóvel do Costa, com a abrupta ordem de marcha! Acontece que esta nova tentativa de remover à bruta o atual líder eleito do PS, pela forma imposta por Mário Soares, mas sobretudo pela corja que representa, a ter sucesso, representaria o regresso ao passado do PS, e não a tentativa, titubeante, é certo, de renovar o partido que levou o país à falência.

O erro de António José Seguro foi, como então aqui se escreveu, não ter criticado abertamente Sócrates, assumindo as culpas do PS na situação desgraçada a que chegámos, mas prometendo ao mesmo tempo emendar os erros e inovar a praxis 'socialista'.

E no entanto, o Tozé ganhou mesmo as eleições!

Vejamos os resultados das eleições europeias em 2009 e 2014 no que toca aos níveis de abstenção e aos resultados dos partidos do arco governamental:

Abstenção — 2009 | 2014
  • 63,22% | 66,16%

PS — 2009 | 2014
  • 946.818 (26,53%) | 1.033.110 (31,46%)

PSD+CDS — 2009 | 2014
  • 31,7%+8,36% (40,06%) | 27,71%

Tal como na fábula do lobo e do cordeiro, o Tozé é culpado de não ter "ambição para lá de ganhar eleições". E o que é extraordinário e acresce à frase inconcebível do senhor Soares, é que atrás desta profissão estalinista de fé se perfile já uma bicha de energúmenos ideológicos para quem só conta o que conseguem sacar ao tacho do regime.

O PS de Seguro teve mais 4,93% do que Sócrates. E a coligação de governo teve menos 12,35%. Como é possível apear um líder partidário com estes números. Que dizer então de mon ami Hollande?!!!

Do ponto de vista formal, Seguro tem a lei e a lógica do seu lado. Do ponto de vista político, tem 40 mil novos militantes e uma geração de jovens dirigentes que só com ele poderão medrar. Finalmente, do ponto de vista democrático, António José Seguro tem um partido novo (o MPT) com o qual se poderá coligar em caso de vencer as próximas legislativas. Foi isto que fez Soares saltar do sofá!

Na realidade, o que se vai passar no PS é irrelevante para o país. Importante, importante, é saber como irão evoluir o MPT e António Marinho Pinto.

Sobreviverá o inseguro Seguro à incumbência imposta por Soares a António Costa? Serão os jovens turcos do PS assim tão fracos? Amanhã saberemos.

PS: Qual a solução que convém mais à coligação governamental? A manutenção do Tozé, ou um António Costa inspirado pela transfiguração estalinista de Mário Soares? Creio que o Passos de Coelho vai ajudar o Tozé!

NOTAS
  1. Todos percebemos que a atual coligação poderá até ganhar as próximas eleições, mas está tão acossada pela realidade, que dificilmente sobreviverá a nova legislatura. Por outro lado, a possibilidade de o PS arrancar uma maioria absoluta nas próximas eleições legislativas não existe. Que alternativas restam, então?

    Se não houver novidades na frente partidária, o PS, se ganhasse as próximas eleições, teria que aliar-se ao próprio partido derrotado, PPD/PSD, pois a formação de um governo com o PCP estaria sempre fora de causa, e o Livre não é galinha que voe.

    Esta grande aliança, ou governo de emergência nacional, sob a canga insuportável do serviço da dívida e de uma dívida que continua a crescer, teria, porém, o grave inconveniente de propiciar o aparecimento de alternativas radicais e populistas cada vez mais atraentes, à esquerda e à direita.

    É aqui que o joker Marinho Pinto e  MPT aparecem como a carta fora do baralho que poderá propiciar uma alternância renovada no sistema político português, com a inevitável revisão da atual Constituição que, como está, imobiliza o país de tal forma que as possibilidades de sairmos do buraco da dívida se esfumam a cada dia que passa, abrindo caminho a um muito perigoso fascismo fiscal.

    Como é bom de ver, se for António José Seguro a protagonizar estes desenvolviemntos, adeus soarismo, adeus socratismo, adeus velha guarda maçónica do PS. Se, porém, o Costa fizer o que lhe mandaram, e tiver sucesso, o pior do 'socialismo' indígena triunfará. Ou melhor, Marinho PInto triunfará, sobre o campo de batalha de um partido, o PS; que há muito perdeu a bússola da estratégia, da honestidade, da coragem e do bom senso.
Atualizado: 31/5/2014 10:12

quinta-feira, maio 29, 2014

Abstenção ativa!

E agora, que fazer com a nova maioria absoluta?


Eleições europeias | 2014

Números
População residente: 10.562.178
Eleitores inscritos: 9.702.035 (vivos, provavelmente não serão mais de 8,7 milhões...)
Votantes: 3.283.439

Percentagens do universo eleitoral
Votantes: 33,84 %
Votos brancos e nulos: 7,47 %
Votos validamente expressos em partidos: 26,37 %
Abstenção: 66,16%
Abstenção, votos brancos e nulos: 73,63%
Se descontarmos 1 milhão de eleitores-fantasma, ainda assim estaríamos em presença de uma abstenção superior a 62%.


CONCLUSÕES (comparar resultados de 2009 e 2014 no sítio da CNE) :
  1. Marinho Pinto e MPT foram buscar os seus votos aos eleitores que em 2009 votaram no Bloco de Esquerda e no PPD/PSD.CDS-PP;
  2. O PS foi buscar a sua medíocre maioria aos eleitores que votaram em 2009 nos partidos do governo hoje em funções: PPD/PSD+CDS-PP;
  3. Os partidos políticos representaram nesta eleição pouco mais do que 1/4 dos residentes (mais concretamente: 28,76%);
  4. Quem representa os outros 3/4 do povo português?
A recomposição do sistema político português teve neste ato eleitoral um verdadeiro pontapé de saída. Mas o resultado é incerto. Tudo dependerá do crescimento eleitoral do Movimento Partido da Terra, que viu a sua votação multiplicar-se por dez nestas eleições, mas que precisará de duplicar a votação destas europeias nas próximas eleições legislativas, para que se obtenham três resultados claros:
  1. gerar uma terceira força política capaz de aliar-se ao PS para formar uma maioria pragmática de centro-esquerda, forçando ao mesmo tempo uma reestruturação profunda do centro-direita e da direita portuguesa;
  2. possibilitar uma candidatura forte de Marinho Pinto às próximas presidenciais (1);
  3. e, last but not least, impedir qualquer deriva populista, sempre possível, centrada na personalidade forte do ex-bastonário da Ordem dos Advogados.
Olhando para os resultados eleitorais ficamos a saber que tudo dependerá, afinal, do que a nova maioria absoluta nascida nestas eleições europeias —ABSTENÇÃO ATIVA!— fizer face à evolução do MPT nos próximos meses.

Recomendação ao MPT

— convoque uma grande convenção democrática para definir uma base de consenso programático para 1) responder à emergência nacional em curso e 2) lançar as bases de uma democracia participativa orientada para a transparência, eficiência, justiça e liberdade.


NOTAS
  1. Marinho e Pinto: "Foi a primeira vez que votei no MPT"
    29 Maio 2014, 09:54 por Jornal de Negócios

    "Suponho que esta tenha sido a primeira vez que votou no MPT...", questionou o jornalista do Diário de Notícias. O eurodeputado eleito foi sincero: "Foi [risos]. Foi sim. Não sei de onde lhe vem essa certeza porque o voto é secreto e eu nunca anunciei o meu sentido de voto mas é um palpite muito certo. Acertou em cheio. Nunca votei no Gonçalo Ribeiro Telles mas tenho uma grande admiração por ele."

    [...]

    Marinho e Pinto assume-se também como um homem de esquerda, assim como o partido que representa. "Os valores que defendemos – os da pessoa humana – são de esquerda", explica. "A direita privilegia mais a economia, o dinheiro e os interesses que circulam à volta do dinheiro."

    [...]

    "Acabei de entrar na política... Agora toda a gente, na rua, me fala em presidenciais... eu estou na política...", diz ao Diário de Notícias. O que significa que, "na altura própria, se for caso disso, farei as avaliações e ponderações que essa possibilidade exigirá... agora não. Agora ainda não posso dar-lhe essa resposta."

    Comentário: Marinho Pinto só será um bom candidato presidencial se o MTP se tornar, nas próximas eleições legislativas, a terceira força eleitoral do país, à frente do PCP, do CDS-PP e, obviamente, do Bloco de Esquerda.
Atualizado: 30/05/2014 19:48

segunda-feira, maio 26, 2014

Hollande oferece maioria a Marine le Pen

O gesto pictórico de Délacroix em Marine le Pen: a liberdade guiando o povo?

E em Portugal, que podemos esperar do fascismo fiscal em curso?

Marine le Pen pede dissolução e mudança da lei eleitoral

Daniel Ribeiro, correspondente em Paris | Expresso
9:05 Segunda, 26 de Maio de 2014

Depois da vitória da extrema-direita em França, PS e partidos da direita caem em crise. No Eliseu, Presidente François Hollande faz reunião de emergência.

Depois dos resultados das europeias de ontem - Frente Nacional com 24,95%, a UMP com 20,79% e o PS com 13,98% - nada mais será como dantes em França.

Os partidos clássicos franceses acordaram na manhã desta segunda-feira com uma tremenda ressaca. Na direita (UMP), a liderança é abertamente contestada; nos socialistas, a ala esquerda revolta-se; no Eliseu, o chefe de Estado François Hollande convocou uma reunião de crise com vários ministros, entre eles o primeiro-ministro Manuel Valls.

Apenas um partido ganhou ontem - a Frente Nacional (FN) de Marine le Pen. Todos os outros perderam e, logo a seguir às primeiras estimativas, a líder nacionalista pediu eleições antecipadas e mudança da lei eleitoral francesa.

Ler mais


Seria isto que o pascácio do PS quer ver em Portugal?


A extrema direita nacionalista cresceu em França à sombra do cabotinismo dos partidos corruptos do centro. O fascismo fiscal de Hollande contra os rendimentos do trabalho, mas não contra os rendimentos da especulação financeira (pois para tal não tem nem força, nem porventura vontade, já que a dívida soberana se alimenta dela), a par de uma política de imigração laxista e oportunista, foram a gota de água que transbordou.

E agora? Dirão que Marine le Pen defende os ricos da França, usando o desemprego e a destruição das classes médias profissionais e pequenos rendeiros de capital, imobiliários e rurais, como artimanha. Mas onde já se viu um país sobreviver como estado, e como nação, quando se lhes decapita a classe dos ricos e as classes médias?!

Em Portugal, o fascismo fiscal protagonizado pela atual aliança de indigentes de direita, vai ter um efeito semelhante ao francês, só que de sinal contrário. O PS, que comunga do mesmo oportunismo fiscal que a aliança apodrecida atualmente no poleiro, não poderá naturalmente beneficiar do protesto de milhões de portugueses ameaçados pelo plano de confisco da propriedade herdada ou ganha através do trabalho árduo e honesto. Daí que a maioria que ativamente se abstem e absteve nestas eleições espere um discurso político novo, em nome da decência e dos valores do direito, da propriedade, da liberdade e da solidariedade. Todos desejamos a preservação do estado solidário, mas todos sabemos também que este desejo implica eficiência renovada na administração pública, definição rigorosa de prioridades em função da economia real e da obrigação de pagar, pelo menos parcialmente, os empréstimos contraídos pelos governos em nome do povo português, separação clara entre estado social e interesses privados, acabando de vez com os rendeiros indecorosos do regime — das corporações às fundações, das IPSS que não prestam contas aos monopólios e bancos que albergam a nomenclatura partidária nas suas folhas de pagamento.