sexta-feira, junho 27, 2014

BES convoca Conselho de Estado


Sistema partidário sem banca: o fim de um regime e o começo de outro


Tudo começou a rolar muito depressa no dia 22 de maio último, quando a Reuters divulgou que o Luxemburgo começara a investigar irregularidades graves do Grupo Espírito Santo (GES) numa das suas empresas no Luxemburgo, detetadas numa auditoria da KPMG realizada a pedido do Banco de Portugal e divulgada no dia 20 de maio passado.

Em causa estão irregularidades nas contas da Espírito Santo International, que foram detetadas numa auditoria realizada pela KPMG a pedido do Banco de Portugal, informação que foi divulgada na noite de terça-feira no prospeto de aumento de capital do Banco Espírito Santo. A ES International é uma holding de topo na estrutura do império Espírito Santo, que concentra as participações na área financeira (o BES) e na área não financeira (a Rio Forte) — Expresso, 22.05.2014
(Reuters, 27-06-2014) - Luxembourg justice authorities have launched an investigation into three holding companies of Portugal's Espirito Santo banking family, the biggest shareholder in Portugal's largest listed bank which bears their name, a spokesman for the authorities said on Friday.

The three companies - Espirito Santo International SA, Espirito Santo Control SA and Espirito Santo Financial Group SA - are all holding companies in a complicated, cascading ownership structure by the family.

Banco Espirito Santo (BES) warned last month of "material irregularities" at one of the companies, Espirito Santo International.

The spokesman for Luxembourg's justice authorities said the investigation was launched on May 22 over alleged breaches of company law. He declined to give any further details about the investigation.
Recorde-se, porém, que já em 29 de março deste ano o Expresso revelava que a auditoria do Banco de Portugal à ESI detetara insuficiências financeiras na ordem dos 2,5 mil milhões de euros.
Possível extinção da Bespar torna BES "opável"Expresso, 8:43 Sábado, 29 de março de 2014

A auditoria à ESI, com sede em Luxemburgo, revela que esta tem insuficiências financeiras que podem ascender a 2,5 mil milhões de euros. O relatório final da auditoria do Banco de Portugal encomendada à  KPMG será entregue a 1 de abril, apurou o Expresso. As conclusões desta poderão trazer novas exigências ao grupo.

A situação é hoje clara: o grupo financeiro Espírito Santo está numa clara situação de insolvência, e começou a ruir às claras diante de todo o mundo no dia em que Ricardo Salgado tentou sucessivamente e sem sucesso um financiamento de urgência, no valor de 2.500 milhões de euros, junto dos governos português e angolano.

A abébia que o Banco de Portugal lhe dera há cerca de um mês, autorizando um empréstimo do BES, no valor de 100 milhões de euros, ao insolvente Rio Forte, uma das holdings do GES, foi apenas uma tentativa desesperada de impedir que o dique GES desabasse em plena operação de aumento de capital do BES.

O dique, entretanto, cedeu depois de Maria Luís Albuquerque, Pedro Passos Coelho e José Eduardo dos Santos terem recusado atirar dinheiro para um buraco negro que, soube-se hoje por uma nota do BPI citada pela Reuters (ler notícia no Dinheiro Vivo), andará pelos 7.300 milhões de euros.

“...de acordo com fontes da imprensa, a ESI tem entre 2.000 e 2.500 milhões de euros de ‘book value’ negativo e a dívida total do GES está nos 7.300 milhões de euros”.

Para agravar este colapso irremediável soube-se ainda que a PT decidiu, sem consultar 90% dos seus acionistas, ajudar um dos seus sócios comprando 900 milhões de euros de papel comercial ao insolvente Rio Forte. Resultado: as ações do BES fecharam hoje a cair 11,43%, as do ESFG cairam 18,51%, as da Portugal Telecom, 5,64%, e o PSI20 1,65%.

Entretanto Cavaco Silva convocou ontem o Conselho de Estado para o dia 3 de julho. Até lá iremos assistir a uma verdadeira derrocada bolsista da Senhora Dona Branca Espírito Santo e Comercial de Lisboa


Apesar dos motivos oficialmente invocados, parece evidente que quem convocou de facto o Conselho de Estado foi o GES, ou melhor, a implosão acelerada do banqueiro do regime. Ninguém sabe que parte do BES poderá vir a ser engolida pela implosão do grupo. Ninguém sabe, aliás, muitas coisa, nomeadamente sobre os fundos de capitalização do grupo, sobre submarinos, herdades, aeroportos, campanhas eleitorais, e muito mais. Mas sabe-se, isso sim, que o sistema partidário indígena está neste momento em estado de choque, a começar pelo CDS, que tentou in extremis levar Pedro Passos Coelho a usar dinheiro da Troika, via CGD e BCP, para acudir à família Espírito Santo sem lhe exigir, como vem estabelecido nas regras da Troika, a abertura do baú das contas.

Como escrevemos a 20 de junho, o colapso do BES pode arrastar o regime para uma crise sem precedentes!

A promiscuidade entre alguns banqueiros indígenas e a partidocracia que capturou o regime foi a base de uma estabilidade democrática ilusória, sustentada por uma desastrosa alocação de recursos financeiros importados, pelo consequente processo de endividamento que nos levou até à pré-bancarrota, e pela corrupção pandémica do regime e do país.

No entanto, depois da implosão do BPN e do BPP, da redução a cêntimos do BCP e Banif, e do grande estouro em curso do BES-GES, a base oculta, mas até agora decisiva, do nosso sistema partidário e do nosso regime pseudo-constitucinal ruíu.

Os principais responsáveis políticos e financeiros da tragédia que se abateu sobre o país tentam ainda e desesperadamente agarrar-se aos destroços do navio Portugal, em nome dos vícios que não conseguem abandonar. Mas o mais provável é que tenham um dia destes que responder em tribunal pelo mal que fizeram.

Neste sentido, Pedro Passos Coelho e António José Seguro—e esperemos que António Guterres, ou até Rui Rio— são a porta estreita que se entreabre entre um passado que não consegue e sobretudo não pode voltar, e um futuro incerto, mas de rigor e esperança que falta e é urgente construir.

Quem nos trouxe até a este buraco merece a mão pesada da Justiça. Se a indígena por corrupta, se não servir, que venham os tribunais europeus recolocar este país nos carris!


PS: vale a pena ouvir o que disse José Gomes Ferreira na SIC sobre a crise no BES.

E ainda o que disse Ana Gomes sobre o BES-GES (Youtube):
Ana Gomes desanca o BES Caso BPN foi um sucesso, BES queria repetir a façanha.

No Conselho Superior da Antena 1 desta manhã, Ana Gomes diz compreender "o esforço de tantos comentadores, sabichões e economistas em tentar isolar e salvar do lamaçal o BES, o maior e um dos mais antigos bancos portugueses, que emprega muita gente e ninguém quer ver falido e nacionalizado, mas a verdade é que o GES está para o BES como a SLN para o BPN".
Segundo a eurodeputada socialista, o "banco foi e é instrumento da atividade criminosa do grupo". "Se o BES é demasiado grande para falir, ninguém, chame-se Salgado ou Espírito Santo, pode ser demasiado santo para não ir preso", sublinha.

"Nem os empregados do BES, nem as Donas Inércias, nem os Cristianos Ronaldos se safam se o Banco de Portugal, a CMVM, a PGR e o Governo continuarem a meter a cabeça na areia, não agindo contra o banqueiro Ricardo Salgado e seus acólitos, continuando a garantir impunidade à grande criminalidade financeira, e não só, à solta no Grupo Espírito Santo", alerta.

Ouvida pelo jornalista Luís Soares, Ana Gomes recorda como começaram a ser investigadas as contas do grupo e afirma que o líder do BES, Ricardo Salgado, dizia não querer financiamento do resgate "para não ter que abrir as contas do grupo à supervisão do Estado, esse Estado na mão de governantes tão atreitos a recorrer ao GES/BES para contratos ruinosos contra o próprio Estado".

Para além de acusar Ricardo Salgado de tentar "paralisar as tentativas de investigação judicial" em vários casos -- como o dos submarinos, Furacão ou Monte Branco --, Ana Gomes argumenta que a mudança das regras da supervisão bancária a nível europeu "obrigou o Banco de Portugal a analisar as contas do GES/BES a contragosto e com muito jeitinho".

A eurodeputada socialista critica a escolha da consultora PMG -- "uma empresa farta de ser condenada e multada nos Estados Unidos, no Reino Unido e noutros países por violação dos deveres de auditoria e outros crimes financeiros" e que "foi contratada pelo BES desde 2004, pelo menos, para lhe fazer auditoria" --, só que "a borrasca era tão grossa que nem a PMG se podia dar ao luxo de a encobrir".

Finalmente, mais estas três peças vídeo sobre o ainda maior banco privado português:
Octávio Teixeira analisa a situação no BES e a execução orçamental — SIC-N, 25/6/2014.
Editor de Economia da TVI explica importância do BES no sistema bancário português exibindo alguns gráficos sugestivos — Público/TVI, 20-06-2014

O fim da era Ricardo Salgado, cujo grupo deveu o seu rápido crescimento pós reprivatização à canalização de uma parte substancial dos fundos comunitários para as suas áreas de negócio, cortesia dos políticos que sempre soube trazer no bolso — Diário Económico, 20-06-2014

Última atualização: 29 jun 2014, 15:44

quarta-feira, junho 25, 2014

A resposta que Sócrates, Costa e os 'notáveis' do PS precisavam de ouvir

Luiz Carvalho: “Consta que este capanga a usar da força em Ermesinde trabalha na CML. É verdade Duarte Moral?”

Transcrição da resposta de quatro militantes do PS às preocupações de Jorge Sampaio, Manuel Alegre, Vera Jardim e Almeida Santos


Foi com alguma surpresa que na passada sexta-feira lemos em dois jornais, “Público” e i, que quatro notáveis militantes do Partido Socialista – Jorge Sampaio, Manuel Alegre, Vera Jardim e Almeida Santos – tomaram uma posição pública na actual contenda partidária do PS, pedindo urgência na solução do diferendo, posição que, intencionalmente ou não, é nas actuais circunstâncias favorável à candidatura de António Costa, mas dizendo, apesar de tudo, o que deveria ser para todos óbvio: “um partido não existe para si mesmo” e que “a prioridade é sempre Portugal”.

É esta frase óbvia que nos obriga a publicar este texto. Porque dificilmente haveria um outro tempo em que a frase tivesse tido maior oportunidade em ser usada do que durante os seis trágicos anos do descalabro económico, financeiro e social, que foi a governação de José Sócrates. Infelizmente, estas quatro relevantes personalidades do Partido Socialista mantiveram-se quase sempre caladas durante esse período, ou pior, colaboraram com as diatribes do então secretário-geral e primeiro-ministro, incluindo actos pouco democráticos, como alguns dos protagonizados pelo Dr. Almeida Santos. Nesse período sempre verificámos com angústia, como certamente muitos outros portugueses e socialistas, que o interesse nacional andou a reboque dos interesses partidários do grupo no poder, sem que isso tivesse conduzido a uma posição tão relevante como a que agora foi tornada pública.

Temos a plena consciência de que esta nossa tomada de posição é impopular em muitos sectores, fora e dentro do PS, na justa medida em que nos habituámos a venerar acriticamente os nossos maiores, aqueles que com maior ou menor razão e justiça se guindaram ao topo do poder político em Portugal. Fazemo-lo porque, como alguns outros socialistas, ganhámos esse direito durante esses seis anos, porque como militantes socialistas fomos ignorados nas nossas críticas, frequentemente vilipendiados, apenas por denunciar os erros, os jogos de interesses e os estragos que a governação do PS estava a infligir a Portugal. Escrevemos dezenas de textos, participámos em dezenas de programas de rádio e de televisão e, como alguns outros, sofremos o silêncio cúmplice de quem tinha a obrigação e o poder de evitar que o PS conduzisse Portugal para os braços da dependência internacional e para o sacrifício de milhões de portugueses.

Sejamos sérios, o actual governo de maioria PSD/CDS é um mau governo, que não sabe ou não quer evitar mais sacrifícios aos portugueses, mas não foi este Governo que preparou o terreno para os cortes salariais, para as privatizações feitas sem critério e para o descrédito das instituições. Fomos nós socialistas que o fizemos e quanto mais rapidamente o compreendermos melhor será para o PS e para Portugal. Inversamente, fazer voltar ao poder político os mesmos que no PS conduziram Portugal para o desastre, é um crime contra a Nação Portuguesa e um ultraje aos princípios e valores do Partido Socialista.

Lisboa, 24 de Junho de 2014

António Gomes Marques
Henrique Neto
Joaquim Ventura Leite
Rómulo Machado

terça-feira, junho 24, 2014

Voto Seguro


Se não travarmos o golpismo dos mandarins do regime, mereceremos a morte lenta a que estes nos pretendem condenar 


Seguro quer candidatos com acesso a dados de simpatizantes

23/6/2014, 22:18 - Observador

Na proposta de regulamento para as primárias, a direção do PS propõe que os candidatos tenham acesso aos dados de contacto dos simpatizantes que vão poder votar. Mas não pagam para votar.

Será que posso ter acesso aos mesmos dados dos militantes do PS?

PROPOSTA DE SEGURO: “A inscrição como simpatizante obedece à assinatura de um compromisso individual de concordância com a Declaração de Princípios do Partido Socialista e de não filiação noutro partido político, bem como de autorização de divulgação do respetivo nome, número de identificação civil, endereço postal e endereço eletrónico nos cadernos eleitorais, bem como de autorização de acesso aos mesmos por parte das candidaturas às eleições”.

O acesso eletrónico aos nomes dos simpatizantes, mas sem divulgação dos BIs/CCs, nem moradas postais e eletrónicas, parece-me bem, para evitar fraudes 'partidárias', mas ainda assim esta medida só deve ser adotada se da mesma base de dados eletrónica constar os nomes de todos os militantes do PS. Os processos de transparência são bem-vindos mas devem ser 'universais' e geridos com total preservação dos direitos democráticos relativos ao uso e tratamento de dados.

Creio também que cada simpatizante deveria pagar uma quantia simbólica ao votar (dois euros parece-me razoável). A democracia não é uma borla, e os militantes do PS supostamente pagam quotas.

Ultimamente faço parte do crescente grupo de ABSTENCIONISTAS ATIVOS E FURIOSOS, mas a verdade é que sempre votei no PS até os piratas socratinos terem dado cabo do país e, pelos vistos, do próprio PS. Sou, portanto, um simpatizante do PS e espero que a tentativa de assalto golpista ao aparelho, promovida pelo senhores Mário Soares, José Sócrates, António Costas e o resto dos devoristas cor-de-rosa, seja derrotada.

VOTAREI EM ANTONIO JOSÉ SEGURO, mas não sei ainda se votarei no PS nas próximas eleições. Se os devoristas que inundaram a Avenida da Liberdade de porcos vencerem, contra o que são as minhas expetativas, a ABSTENÇÃO ATIVA crescerá seguramente!

PS — Não se pense que sou um devoto de António José Seguro. Basta ler este blogue para perceber até que ponto critiquei virulentamente a sua fraqueza na demarcação do socratinismo. Sem uma separação de águas no PS, como aliás no PSD, no Bloco e no próprio PCP (mas aqui a coisa é mais soturna e opaca), entre quem promoveu a bancarrota do país, e/ou colaborou e especialente beneficiou do populismo despesista do estado, e a geração de novos dirigentes, militantes e simpatizantes que esperam e querem um renascimento realista e transparente da nossa democracia, Portugal corre o sério risco de se trnasformar numa cleptocracia incontrolável. Não se esqueçam que foram socialistas de caviar da laia de Mário Soares, José Sócrates, Almeida Santos e António Costa que enterraram por décadas um país como a Grécia.

sábado, junho 21, 2014

Podemos?

Alexis Tsipras e Pablo Iglesias em Atenas./Foto: Clara Palma Hermann

Que sairá da cisão do PS? Provavelmente, nada, pois há jovens que envelhecerem de repente.


Podemos y Syriza acuerdan coordinar acciones en el Parlamento Europeoel diario, 20-6-2014

Pablo Iglesias e Íñigo Errejón se han entrevistado este viernes con el equipo de Alexis Tsipras, el secretario general de Syriza. Ambas formaciones han escenificado su alianza con la visita de la delegación de Podemos a Atenas, cuyo objetivo es “intercambiar experiencias y coordinar acciones a nivel europeo”.

Será que uma das metades que resultará da provável cisão no PS, já abençoada por Mário Soares, irá procurar replicar este modelo radical-experimentalista em Portugal? Com quem? Com o Bloco e o Livre? Com Marinho Pinto? Com o PCP? No imediato, ou seja, até às próximas Legislativas, cada capela mais ou menos cor-de-rosa ou vermelha irá medir forças. O resultado será porventua uma pulverização da 'esquerda', enquanto a coligação PSD-CDS poderá também entrar numa deriva prolongada. O eleitorado está desiludido, furioso e atento. As redes sociais terão cada vez mais força e influência nas dinâmicas políticas e eleitorais. Tal como Marinho Pinto, também os blogues, o Facebook e o Twitter estão em modo ralenti, e esperarão pelo melhor momento antes de atacar. Tempestade no horizonte? Seguramente!

Sobram novos velhos, e faltam velhos novos


A implosão em curso do atual regime afeta as suas principais instituições: a presidência da república e um presidente que nega o seu estado de evidente doença através de um papagaio chamado Marcelo Rebelo de Sousa, um governo desorientado e cansado, um parlamento que já não diz nem faz coisa com coisa, um tribunal constitucional que virou sindicato da baba burocrática do regime, sindicatos convertidos em tropas de choque da arruaça que apenas serve para defender privilégios de classe (a classe dos sindicalistas), e, por fim, um sistema partidário à beira da implosão. Já só falta mesmo converter a indignação popular crescente em algo parecido com o Podemos.

Podemos, em quatro linhas


O pânico instalou-se, porém, entre aqueles que há quase quaranta anos são donos dos partidos, dos governos, do parlamento, dos tribunais, das polícias, em suma, do país. Estão falidos depois de terem conduzido o país à insolvência. A criminosa dívida acumulada, que Jorge Sampaio considerava uma obsessão, resultou numa interminável depressão económica. Aos seus filhos e netos, salvo os do círculo íntimo do poder, isto é, salvo aos filhos do nepotismo instalado, esta corja não vai deixar nada se não sangue, suor e lágrimas. Mas pior, esta corja deu-se subitamente conta de que o conforto da sua própria velhice está ameaçado!

Daí a tentativa desesperada a que assistimos, quer no PS, quer no PSD, de as velhas elites retomarem à bruta o controlo partidário do regime. Para isso foram mesmo ao ponto de seduzirem meninos ambiciosos e oportunistas, e meninas doidivanas igualmente oportunistas, para atingirem o seu intento, ou seja, remover, a pontapé se for necessário, as lideranças jovens que entretanto foram chegando ao topo dos partidos do Bloco Central. O cinismo desta verdadeira Brigada do Reumático 2.0 mede-se pela forma despudorada como usam o colapso que eles mesmo criaram para aí afundarem quem pegou na batata quente e tenta desesperadamente, como pode, tirá-la do fogo.

António Costa foi o idiota útil que Mário Soares, José Sócrates e Almeida Santos nomearam sargento-ajudante na nobre causa de estender uma passadeira vermelha ao regresso ao poder da Brigada do Reumático 2.0, sob os auspícios de um putativo presidente chamado José Sócrates. Sim, o idiota útil é para queimar! Sócrates preparou a coisa bem: primeiro lixa Costa, e entretanto já deu instruções para o início da demolição de uma eventual candidatura presidencial de António Guterres.

É evidente que esta corja, seja porque é mitónoma, ou porque caminha rapidamente para a demência, não percebeu ainda o que os impedirá definitivamente de levar o seu golpismo descarado a bom porto, mesmo que a tentativa de defenestração de Seguro resultasse: o povo odeia-vos!

Assim sendo, quer Pedro Passos Coelho, quer António José Seguro, que bem precisam de melhorar, só têm que proteger os seus partidos do terrorismo partidário e dos vários Cavalos de Tróia que serão infiltrados entre as suas hostes. Só têm que desfazer rapidamente os ninhos de baterias de intelectuais orgânicos e jornalistas histéricas que entopem a comunicação social. Como? Contra atacando metodicamente e desfazendo todas as manobras em curso com bons pedaços de informação sobre a massa de que são feitos estes golpistas e conspiradores.

Voltando ao Syriza e ao Podemos, será que da implosão do atual sistema partidário e do regime poderemos esperar fenómenos semelhantes aos que ocorreram na Grécia e em Espanha? De uma coisa estou certo, movimentos como estes dois jamais poderão nascer de uma qualquer barriga de aluguer chamada Mário Soares, José Sócrates ou Isabel Moreira. Nem mesmo dos cacos do Bloco de Esquerda. E quanto ao PCP, na medida em que é um pilar, ainda que perverso, do regime e do aparelho de estado que temos, além de estalinista irremediável, nada há a esperar, salvo a demagogia de sempre.

Eu não creio em utopias, nem em revoluções, quando é evidente que o mundo entrou numa era nova, que será, por muitas décadas, de crescimento débil e ajustamento dramático à escassez relativa de três fontes de energia que eram abundantes, de acesso fácil e baratas, e que progressivamente, desde meados da década de 70 do século passado, se tornaram escassas, de difícll acesso e caras: carvão, petróleo e gás natural. Não foi a ideolgia maoista que trouxe progresso à China, mas a descoberta das suas grandes reservas de petróleo, nomeadamente em Daqing, em 1959, e que até ao início da década de 1960 importavam com muito sangue, suor e lágrimas, da então União Soviética. A China, que passou então de miserável importador, a grande exportador, é hoje o maior importador de petróleo do planeta. Daí a sua próxima e inexorável desgraça.

Eu preferia que fossem as novas gerações do PS e do PSD (e já agora do CDS e do PCP, do Bloco, etc.) a fazerem as mudanças partidárias e institucionais imprescindíveis à transição do atual regime populista insolvente para uma sociedade mais pragmática, mais justa e muito mais ativa na busca e formulação de novos estilos de vida, onde a democracia e a liberdade predominem sobre o nepotismo, sobre o golpismo e sobre a corrupção, e onde a transparência da informação e as redes sociais inteligentes impeçam a degenerescência clpetocrática e burocrática que conduziu Portugal ao estado de aflição em que se enocontra.

O colapso do BES é um sinal evidente de que o business as usual partidário, que nos trouxe até ao desastre, morreu.

sexta-feira, junho 20, 2014

BES ao fundo! E agora?



O colapso do BES pode arrastar o regime para uma crise sem precedentes


Salgado faz visita relâmpago a Luanda para pedir ajuda — Jornal i, 21/6/2014
CMVM suspende acções do BES e ES Financial — Público, 20/6/2014
De Dono Disto Tudo a banqueiro reformado  — Público, 20/6/2014
O fim de uma era. O banqueiro do regime sai do BES sem glória — Jornal i, 20/6/2014

A pergunta óbvia é esta: e depois, como será? Por exemplo, quando soubermos até onde vão as metástases do cancro financeiro que nos levou ao desastre, que restará do sistema partidário, do CDS ao PCP, passando pelo Bloco Central da Corrupção?

Como viverá a partidocracia instalada e o que sucederá ao despesismo público quando ficar claro para todos que sem sistema bancário indígena o regime sofrerá inevitavelmente uma mudança genética?

Não é por acaso que o polvo do Bloco Central anda num autêntico frenesim disparando em todas as direções. Não é por acaso que as brigadas do reumático do PS e do PSD (com os sargentos-ajudantes e as cadetes de ocasião) tentam desesperadamente recapturar os aparelhos partidários hoje habitados por uma geração mais jovem (na casa dos 40 anos) que naturalmente procura salvar-se e salvar o país da enxurrada de despesismo, leviandade cultural e corrupção que nos conduziu a uma dolorosa e prolongada insolvência.

Recomendação única a Pedro Passos Coelho e António José Seguro: aguentem-se e ponham os velhos na ordem!

ÚLTIMA HORA

Grupo Espírito Santo tem de pagar 900 milhões à PT até AgostoJornal i, 27 Jun 2014 - 05:00

O investimento da PT foi realizado em duas sociedades do seu maior accionista (o GES) que têm problemas financeiros. A ESI está em situação de falência técnica (com capitais negativos) e tem um endividamento que supera os 7 mil milhões de euros. Segundo declarações de Machado Cruz, antigo contabilista da sociedade, ao semanário "Expresso", a contabilidade da ESI é falsificada desde 2008. Uma auditoria do Banco de Portugal detectou igualmente que faltavam 1,3 mil milhões de euros em dívidas nas contas da sociedade com sede no Luxemburgo. A Rio Forte, por seu lado, está sob enorme stresse financeiro, possuindo igualmente uma dívida elevada que obriga a um esforço de refinanciamento significativo.

Moody’s pondera descer rating do BES — Público, 26-06-2014

Espírito Santo Financial Group perde mais de metade do valor desde o início do ano  — Jornal de Negócios, 26 Junho 2014, 18:28
BES desvaloriza mais de mil milhões de euros em poucos dias — Jornal i, 26 Jun 2014 - 05:00
Salgado e Ricciardi extremam braço-de-ferro — Jornal de Negócios, 26 Junho 2014, 00:01
BPI: Possível corte da Moody’s pode ter impactos negativos nos custos de financiamento do BES — Jornal de Negócios, 26 Junho 2014, 09:33 por Carla Pedro


Mota Pinto no topo do BES, depois de Frasquilho, quadro superior do BES e deputado do PSD, ter sido colocado à frente da AICEP (Expresso, 4-4-2014), instituição que concentra boa parte do manejo da massa do QREN 2014-2020. O polvo BES tem muitas patas!

Mota Pinto: dos serviços secretos para chairman do BES
Notícias ao Minuto, 22-6-2014

Paulo Mota Pinto, atual presidente do conselho que fiscaliza os serviços secretos em Portugal, poderá vir a ser o próximo chairman (presidente do Conselho de Administração) do Banco Espírito Santo, avança o Diário de Notícias.

Atualização: 27-06-2014, 14:15 WET

quinta-feira, junho 19, 2014

Renacionalizar?

Vladimir Tatlin - Monumento à III Internacional
Réplica miniatura da escultura nunca construída, Royal Academy of Art, Londres, 2011. Google Images.

Aos banqueiros e outros criminosos parecidos devemos permitir que se enforquem com a corda da sua própria ganância


l'Humanité, 19 jun 2014: Les sénateurs de tous bords politiques étaient unanimes jeudi 19 juin pour dénoncer la privatisation de gestion des autoroutes faite par la droite en 2005. Ils ont cependant repoussé la proposition de loi faite par les élus communistes visant à nationaliser les sociétés concessionnaires. L’UMP, l’UDI-UC, les socialistes et le RDSE ont voté contre, appelant à une simple amélioration du système, jugé trop favorable aux groupes privés par la Cour des comptes. « La privatisation a été une erreur, mais il n’est pas possible de revenir en arrière » a déclaré le secrétaire d’Etat Kader Arif, promettant au passage une annonce du gouvernement sur l’éco-taxe pour la semaine prochaine.

Lá como cá... E no entanto, renacionalizar autoestradas, como querem os populistas do PC francês, é um disparate. Os privados que se afundem com as ditas à medida que o Pico do Petróleo for reduzindo paulatinamente o número de automóveis em circulação. Em todo o caso, o princípio da prevalência do interesse público em todos os bens estratégicos do país (água, energia, mobilidade, alimentação, cuidados básicos de saúde e segurança) deve estar claramente expresso na nossa Constituição e nas leis gerais. Mas não está, pois não?

Guerra do dólar contra o euro continua



Uma Operação Especial chamada Ucrânia pode virar o euro, o renminbi, e até o dólar australiano e a libra contra o dólar, em nome do fim da beligerância contínua dos Estados Unidos


A América prepara-se para desvalorizar unilateralmente as montanhas de dívida que vendeu por esse mundo fora... e que não poderá pagar sem recorrer a uma austeridade tal que ameaçaria a estabilidade institucional e a própria unidade do país. A partir de aqui podemos ler quase todo o atrito militar e o horror provocado em milhões de pessoas na Sìria, na Ucrânia, no Iraque, e várias zonas de África, pela agressividade persistente e criminosa da decadente América.

A dívida total americana, pública e privada, aproxima-se já do próprio PIB mundial corrigido da depreciação do capital: uns sessenta biliões de dólares!

PS: Recebi este comentário que comento em seguida:
A Divida [pública] americana são 17 biliões de USD, com intenção de chegar rapidamente aos 20 biliões de USD. Os Americanos já fizeram as contas e só vão pagar metade, através da emissão contínua de papel. Contudo a dívida americana é de longe a mais segura do Mundo. Essa seguranca é-lhe conferida pela cinco esquadras americanas, pelos seus mísseis, e por todos aqueles que ponham em crédito essa divida. O facto da divida americana se aproximar do PIB do Mundo apenas diz que a massa monetaria em circulação está mal ajustada à riqueza mundial produzida. Ou seja, que a própria divida é parte da moeda em circulação.

Ou seja, os EUA estão a reestruturar a sua dívida à conta de todos os credores nacionais e mundiais. As perguntas pertinentes são estas: 1) e se todos os outros devedores (Argentina, etc.) fizerem o mesmo? 2) até onde chegarão os EUA neste procedimento de desvalorização seletiva do dólar (ou seja, perde quem tem dívida americana no balanço)? É que armas nucleares, temos todos!

An anti-dollar coalition would be the first step for the creation of an anti-war coalition that can help stop the US' aggression.
Putin Advisor Proposes "Anti-Dollar Alliance" To Halt US Aggression Abroad
Submitted by Tyler Durden on 06/18/2014 10:41 -0400 - ZeroHedge

It has been a while since both Ukraine, and the ongoing Russian response to western sanctions (which set off the great Eurasian axis in motion, pushing China and Russia close together, and accelerating the "Holy Grail" gas deal between the two countries) have made headlines.

[...]

...while the great US spin and distraction machine is focused elsewhere, Russia is already preparing for the next steps. Which brings us to Putin advisor Sergey Glazyev, the same person who in early March was the first to suggest Russia dump US bonds and abandon the dollar in retaliation to US sanctions, a strategy which worked because even as the Kremlin has retained control over Crimea, western sanctions have magically halted (and not only that, but as the Russian central bank just reported, the country's 2014 current account surplus may be as high as $35 billion, up from $33 billion in 2013, and a far cry from some fabricated "$200+ billion" in Russian capital outflows which Mario Draghi was warning about recently). Glazyev was also the person instrumental in pushing the Kremlin to approach China and force the nat gas deal with Beijing which took place not necessarily at the most beneficial terms for Russia.

It is this same Glazyev who published an article in Russian Argumenty Nedeli, in which he outlined a plan for "undermining the economic strength of the US" in order to force Washington to stop the civil war in Ukraine. Glazyev believes that the only way of making the US give up its plans on starting a new cold war is to crash the dollar system.

As summarized by VoR, in his article, published by Argumenty Nedeli, Putin's economic aide and the mastermind behind the Eurasian Economic Union, argues that Washington is trying to provoke a Russian military intervention in Ukraine, using the junta in Kiev as bait. If fulfilled, the plan will give Washington a number of important benefits. Firstly, it will allow the US to introduce new sanctions against Russia, writing off Moscow's portfolio of US Treasury bills. More important is that a new wave of sanctions will create a situation in which Russian companies won't be able to service their debts to European banks.

According to Glazyev, the so-called "third phase" of sanctions against Russia will be a tremendous cost for the European Union. The total estimated losses will be higher than 1 trillion euros. Such losses will severely hurt the European economy, making the US the sole "safe haven" in the world. Harsh sanctions against Russia will also displace Gazprom from the European energy market, leaving it wide open for the much more expensive LNG from the US.

Co-opting European countries in a new arms race and military operations against Russia will increase American political influence in Europe and will help the US force the European Union to accept the American version of the Transatlantic Trade and Investment Partnership, a trade agreement that will basically transform the EU into a big economic colony of the US. Glazyev believes that igniting a new war in Europe will only bring benefits for America and only problems for the European Union. Washington has repeatedly used global and regional wars for the benefit of  the American economy and now the White House is trying to use the civil war in Ukraine as a pretext to repeat the old trick.

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Unsurprisingly, Sergey Glazyev believes that the main role in the creation of such a political coalition is to be played by the European business community because America's attempts to ignite a war in Europe and a cold war against Russia are threatening the interests of big European business. Judging by the recent efforts to stop the sanctions against Russia, made by the German, French, Italian and Austrian business leaders, Putin's aide is right in his assessment. Somewhat surprisingly for Washington, the war for Ukraine may soon become the war for Europe's independence from the US and a war against the dollar.

Atualização: 19/6/2014 9:42 WET