terça-feira, fevereiro 10, 2015

Alemanha e o cliente europeu

Porsche Cayenne—são bons, mas não invencíveis

Sem euro, como seria?


Exportações alemãs em alta: €217 mil milhões de saldo líquido positivo. O último máximo, verificado em 2007, de €195,3 mM, foi ultrapassado em 2014. Já que o tema do dia é a Grexit, convém lembrar a este propósito que este crescimento provém sobretudo das expotações alemãs para o resto União Europeia, e que se está produzindo, desde a criação do euro, à custa do decréscimo contínuo das balanças comerciais do resto da Europa!

German exports hit record highs in 2014, despite international crises
EurActiv. Published: 10/02/2015 - 07:48 | Updated: 10/02/2015 - 08:59

“The main driver of growth was our core market, the European Union. However, more attention must still be paid to the eurozone, which only marginally contributed to growth. Apparently the results of exports to third countries were only able to be shown in a positive light due to the solid outcome from US exports.”

Com o euro forte como está, apesar da queda face ao dólar, e conhecidas as medidas chinesas de ataque ao despesismo público e à corrupção, incluindo um corte de 50% na aquisição de viaturas ao serviço dos dirigentes do estado, é de prever que a dependência económica alemã dos seus parceiros comunitários permaneça, pelo que fustigá-los diariamente com lições hipócritas de ética protestante não será o melhor caminho.

A Alemanha beneficiou claramente com o euro

Alemanha: o desvio do comércio externo para fora da Zona Euro, após o início da crise de 2007-, é evidente, mas não compensa em volume o que poderia perder se perdesse o mercado europeu

Percebe-se, à luz destes números e gráficos, e da ameaça de colapso do euro, que Berlim e Washington andem numa lufa-lufa para fechar o muito polémico e obscuro Transatlantic Trade Investment Partnership (TTIP) (1) (2).

No fundo, estamos a caminho de uma espécie de Tratado de Tordesilhas 2.0. Ou seja, de uma nova divisão da globalização em duas metades. Uma metade euroatlântica, que inclui o máximo do continente europeu, o máximo dos recursos energéticos fundamentais do Médio Oriente, metade de África e as Américas. E outra metade, euroasiática, pivotada pela China, cujos contornos são ainda confusos e elásticos.

Para aumentar as tensões deste processo está, como tem estado desde a era Napoleónica, a Rússia—um país transcontinental que, pela sua extensão, tem o coração e a cabeça divididos entre o Ocidente e o Oriente.

Ora é precisamente na gestão deste dossiê que tanto a França, como a Alemanha, se têm saído bastante mal ao longo da História, remetando invariavelmente as pesadas faturas das suas asneiras ao resto dos europeus.

Veremos o que sucede desta vez.

POST SCRIPTUM

Eu tb cheguei a pensar que a culpa principal era dos PIIGS, e muita culpa têm certamente pela situação de bancarrota a que chegaram. Mas é preciso ver tb o que quer a Alemanha, e o que querem os americanos —coisas opostas, claro.

A situação é mais complexa do que parece. Os PIIGS terão que redesenhar os seus sistemas políticas e adaptar as suas democracias ao que produzem e exportam. Mas o que produzem e exportam não pode ser objeto de uma clara manipulação financeira e cambial (na realidade continuam a existir euros fortes e euros fracos) por parte da Alemanha. Sobretudo da Alemanha! Basta ver como evoluiram as balanças comerciais na Europa antes e depois da criação do euro.


NOTAS
  1. L'impact du TTIP dans les pays en développement oppose gouvernement et ONG en Allemagne
    EurActiv. Published: 10/02/2015 - 10:18 | Updated: 10/02/2015 - 10:36

    Une étude menée sur le TTIP par le ministère allemand du Développement affirme que l'accord commercial profitera aux pays pauvres. Une hypothèse jugée « irréaliste » par l'ONG Foodwatch. Un article d'EurActiv Allemagne. 

    Le partenariat transatlantique pour le commerce et l'investissement (TTIP) présente des opportunités de croissance inattendues pour les pays en développement, affirme une étude menée par l'Institut IFO pour le ministère allemand du Développement. 

    Des conclusions avec lesquelles l'ONG de défense des droits des consommateurs Foodwatch est en désaccord. « L'étude est basée sur des hypothèses utopiques et irréalistes. Sous sa forme actuelle, le TTIP est et reste un programme de paupérisation pour les pays en développement. Quiconque affirme le contraire fait circuler des informations biaisées », assure Martin Rücker, porte-parole de Foodwatch à EurActiv Allemagne.
  2. Stop TTIP! 
Atualização: 10/2/2015 22:02 WET

Grexit? (6)

Chipre, a Chave do Mediterrâneo Oriental

Alemanha, uma vez mais encurralada


Enquanto Merkel e Hollande correm como baratas tontas entre Washington e Moscovo, Putin e Tsipras marcam pontos a cada dia que passa. A Europa precisa mais do gás e do petróleo russos, e já agora do petróleo e do gás do Médio Oriente, e da aproximação à Turquia, do que da Alemanha. Será que as cabeças quadradas de Berlim ainda irão a tempo de perceber o óbvio?

Entretanto Chipre acaba de anunciar publicamente a assinatura de um acordo com Putin para a instalação de uma base militar russa na ilha (1). Capiche?

China Org
Xinhua, February 7, 2015

Cyprus will offer Russia military facilities on its soil, President Nicos Anastasiades said on Friday.

In an interview with a local newspaper, Anastasiades said that a pact strengthening defense relations between the two countries will be signed when he visits Moscow on Feb. 25.

“We want to avoid further deterioration in relations between Russia and Europe,” explained Cyprus’ President Nicos Anastasiades upon reportedly signing an agreement to offer Russia military facilities on its soil (that we noted previously). The air force base at which Russian planes will use is about 40 kilometers from Britain’s sovereign Air Force base at Akrotiri, on the south shores of Cyprus, which provides support to NATO operations in the Middle and Near East regions. As fault lines within the EU widen, Anastasiades said in his interview that Cyprus opposes additional sanctions against Russia by the European Union over Ukraine, “Cyprus and Russia enjoy traditionally good relations and that is not going to change.”

Apesar da imprensa publicar cachas diárias sobre os prós e os contras da austeridade, a verdadeira guerra tem lugar noutro teatro de operações bem mais crucial. O que está em jogo não é a Grécia, mas a reorganização das redes de abastecimento de gás natural à Europa, e o controlo estratégico das principais reservas da principal fonte de energia do século 21.

Estas situam-se, como todos sabemos, na Rússia, na região do Mar Cáspio, na Península Arábica, no Golfo Pérsico, no Irão e no Iraque. E também na Argélia, na Líbia, e na Nigéria. Ou no Canadá, Estados Unidos e Venezuela. A Alemanha deixou-se atolar na intriga ucraniana, hostilizou estupidamente a Turquia e, como se isto não bastasse, engordou a sua balança de trocas com o exterior à conta do emagrecimento do resto dos europeus, da Rússia e da China.

Começando a ser uma vez mais olhada de soslaio por muitos europeus (é o mínimo que se pode dizer), sem força militar organizada, e com dívidas de guerra que não foram inteiramente saldadas, aos alemães resta-lhes engolir as despesas da Grécia, se não quiserem deitar tudo a perder.

Com a Rússia, a Alemanha percebeu nestes dias que não deve brincar aos polícias e ladrões. Putin não vai aceitar outra Perestroika.

O Blue Stream, em projeto (ver mapa seguinte) poderá tornar-se dentro de poucos anos uma alternativa, pelo menos parcial, ao complexo existente na Ucrânia, no fornecimento de gás russo à Europa central e de leste, nomeadamente à Polónia, Hungria, Roménia, Áustria e Alemanha.

O Reino Unido e a Rússia já começaram a construir uma alternativa à cada vez mais problemática passagem ucraniana.


Trans Anatolian Natural Gas Pipeline (TANAP)-TAP-Nabucco

New Russia – Turkey gas pipeline route approved at meeting in Ankara

Gazprom
January 27, 2015, 15:40

Ankara hosted today a working meeting between Alexey Miller, Chairman of the Gazprom Management Committee and Taner Yildiz, Turkish Minister of Energy and Natural Resources. The parties discussed the main issues of constructing a new gas pipeline across the Black Sea towards Turkey.

The meeting considered the preliminary feasibility study on the new gas pipeline and approved its new route. The four strings will have an aggregate capacity of 63 billion cubic meters a year. 660 kilometers of the pipeline’s route will be laid within the old corridor of South Stream and 250 kilometers – within a new corridor towards the European part of Turkey.

Bluestream, o gasoduto russo com entrada europeia pela Grécia

A rede de fornecimento da petróleo e gás natutal russos à Europa revela bem o que está em causa na Ucrãnia, na Grécia e no Médio Oriente

A tomada de posição da Áustria, depois da que foi assumida por Obama, não tardará a atrair mais adeptos entre os afetados pela diplomacia quadrada alemã e pela confusão mental permanente dos franceses.

Entre nós, as recentes tomadas de posição dos intelectuais do cavaquistão, Manuela Ferreira Leite e Vítor Bento, obviamente consonantes com os sinais vindos da Casa Branca, apontam sintomaticamente para um distancimaneto claro da intransigência da Alemanha. Ao contrário do que disse e diz Pedro Passos Coelho, que sofre tipicamente de uma espécie de Síndroma de Estocolmo,

Somos atlânticos, né?

Áustria coloca-se ao lado da Grécia e critica “plano de ‘esperar para ver’” de Merkel
Expresso, Cátia Bruno | 15:00 Segunda feira, 9 de fevereiro de 2015

Primeiro-ministro grego encontrou-se esta segunda-feira com o chanceler austríaco, Werner Faymann, que pediu uma solução que tenha em conta “os esforços do novo Governo [grego]”. Tsipras declarou ter feito “um novo amigo” que pode ajudá-lo nas negociações com os parceiros europeus.

NOTAS
  1. Esta notícia foi entretanto desmentida oficialmente (TASS). Os termos do desmentido deixam, porém, janelas abertas ao uso de portos e aeroportos cipriotas por navios e aviões militares russos—para operações de resgate e apoio a missões russas em África, diz a TASS.

ARTIGOS RELACIONADOS NESTE MESMO BLOG

Atualização: 11/02/2015 01:02 WET

domingo, fevereiro 08, 2015

Espanha: Podemos ou Cidadania?

Albert Rivera, Presidente do Ciudadanos

A velha ordem começa a ruir


Aqueles que levaram Espanha para o buraco não sabem, não querem, e não podem tirá-la desse mesmo buraco. Pelo contrário, tenderão a cavar um buraco cada vez maior, despedaçando aquela que é a quarta economia europeia. 

Em Portugal passa-se exatamente o mesmo. 

Precisamos, pois, como de pão para a boca, de uma alternativa à nomenclatura e aos partidos que atiraram o país ao lixo. Espero que os eleitores entendam rapidamente esta realidade, e que os muitos núcleos de cidadãos e partidos embrionários que pelo país fora discutem e procuram uma saída para a grave crise em que estamos, se unam numa grande Convergência de Ideias e de Gerações capaz de substituir o poder corrupto, ou demasiado incompetente, que nos trouxe até ao desastre.

Em Espanha, até agora, as atenções estiveram sobretudo voltadas para o fenómeno de massas que tem sido o Podemos. Apesar das tentativas de desvalorizar o fenómeno nascido dos Indignados da Puerta del Sol, em Madrid, a verdade é que num estudo de opinião publicado no dia seis deste mês pelo El País, o partido liderado por Pablo Iglesias continua a liderar as intenções de votos, com apreciável vantagem sobre o PP e o PSOE.

Mas o mais interessante desta tomada de pulso à sensibilidade política dos espanhóis é a descoberta da fulgurante subida de notoriedade de um outro partido, nascido na Catalunha em 2006, situado algures na banda do centro-esquerda. Chama-se Ciudadanos-Partido de la Ciudadanía e aparece já como quarta força eleitoral do país, bem à frente, por exemplo, dos partidos nacionalistas catalães.


ENCUESTA DE METROSCOPIA
Clima político y social en España
El País Madrid 6 FEB 2015 - 22:30 CET

O Ciudadanos, que já conta com nove deputados no parlamento catalão, e dois no parlamento europeu, faz parte da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), e tem, curiosamente uma postura radicalmente anti-nacionalista, pró-autonómica e fortemente pró-europeia. Tal como o Podemos, é um partido jovem, protagonizado por líderes jovens, claramente distante do sistema político-burocrático de que a larga maioria dos espanhóis estão fartos. Talvez por isto mesmo serão as estrelas e a esperança das próximas eleições gerais espanholas, que terão lugar em dezembro deste ano.

Portugal, ao contrário da Espanha, tem um problema de renovação geracional da sua democracia. É o preço de termos tido durante tantos anos a extrema-esquerda e um falso partido verde no parlamento. 

Quase tudo o que vemos mexer na cena política portuguesa são, de uma forma ou doutra, tertúlias de reformados insatisfeitos. Quando é que a malta nova, com qualificações e vontade de renovar este país, acorda? É tempo de acabar com endogamia, com o nepotismo e com o oportunismo!

Precisamos dum Convergência de Ideias e de Gerações para desviar Portugal do desastre monumental para o qual a nomenclatura tem conduzido o país.


Grexit (5)



A saída da Grécia custará à Alemanha mais do que manter a zona euro unida. Capiche?


O atual ministro das finanças grego Yanis Varoufakis afirmou recentemente, em resposta ao ultimato alemão e dos zombies que seguem a senhora Merkel: “I’m finance minister of a bankrupt country”. Portanto, Bundesbank e BCE, escusam de lançar mais lenha para a fogueira da fuga de capitais gregos em direção à Alemanha, Suíça, Luxemburgo, etc. Nesta altura do campeonato é patético ameaçarem os gregos com a tragédia de uma bancarrota. Eles já estão a viver essa tragédia!

A Grexit, ou seja, a suspensão de pagamento por parte do governo grego e a saída da Grécia da zona euro, pode estar a menos de dez dias de distância. Tudo depende da habilidade do negociador-sombra de Varoufakis, Matthieu Pigasse (do Lazard Bank), para convencer os cabeçudos alemães de que quem não tinheiro não tem vícios. De que se querem manter o sonho de uma Europa financeira unida, com a Alemanha no papel de locomotiva, então terão que mostrar mais e melhor savoir faire. Além do mais, a Grécia sem gás natural não morre de frio, ao passo que alemães, austríacos, holandeses, polacos e suecos, entre outros, só se forem todos a correr para o Mediterrâneo. Mas neste caso quem lhes disse que não haverá uma taxa especial aplicável aos cabeçudos do norte e do leste?




Feitas as contas, a manutenção da zona euro poderá custar à Alemanha qualquer coisa como 578 mil milhões de euros, mas um dominó de defaults (Grécia, Portugal, Espanha, Itália...) seguido da cisão da zona euro em duas, custar-lhe-à, cálculos feito pela Carmel Asset Management, provavelmente mais do que 1,3 biliões de euros, metade do PIB alemão, que em 2012, ano a que este estudo se refere, era de €2.666.000.000.000.

Em que ficamos?

Greece Gambles On "Catastrophic Armageddon" For Europe, Warns It "Only Has Weeks Of Cash Left"
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 02/07/2015 20:05 -0500

One of the bigger problems facing the new, upstart Greek government, which has set before itself the lofty goal of overturning 6 years of oppressive European policies and countless generations of Greek cronyism, corruption and tax-evasion is not so much the concern about deposit outflows and bank runs - even though it most certainly will be in the next few days unless the Tsipras government finds some resolution to the dramatic standoff with Merkel and the ECB - but something far more trivial: running out of money.

WSJ reports:

“Greece warned it was on course to run out of money within weeks if it doesn’t gain access to additional funds, effectively daring Germany and its other European creditors to let it fail and stumble out of the euro.”

Greece has made no secret of its precarious financial position, but the minister’s comments suggest the country has even less time than many policy makers thought to resolve its standoff with Europe.

Eurozone officials have asked Greece to come up with a specific funding plan by Wednesday, when finance ministers have called a special meeting to discuss the country’s financial situation.

The country needs €4 billion to €5 billion to tide it over until June, by which time it hopes to negotiate a broader deal with creditors, Mr. Stathakis said, adding that he believes “logic will prevail.” If it doesn’t, he warned, Greece “will be the first country to go bankrupt over €5 billion.”

Alan Greenspan afirma que Grexit é inevitável, e o colapso do euro também!

Destruir o euro e manter os europeus divididos e entretidos nas suas pequenas pocilgas nacionais sempre foi, é e será o objetivo estratégico dos EUA, do Reino Unido e de Israel. Estão a um passo de consegui-lo, cortesia das cabeças quadradas da Alemanha, que assim perderão a sua terceira guerra por um lugar central na Europa. Greenspan prevê não só a saída da Grécia do euro, mas a própria morte da Eurolândia. Cairam na armadilha do cerco à Rússia depois da Queda do Muro. A fatura da cobiça, da estupidez e da teimosia chegou!

Greece: Greenspan predicts exit from euro inevitable
BBC. 8 February 2015 Last updated at 14:33 GMT
The former head of the US central bank, Alan Greenspan, has predicted that Greece will have to leave the eurozone.

He told the BBC he could not see who would be willing to put up more loans to bolster Greece’s struggling economy.

Greece wants to re-negotiate its bailout, but Mr Greenspan said “I don’t think it will be resolved without Greece leaving the eurozone”.

[...]

“The problem is that there there is no way that I can conceive of the euro of continuing, unless and until all of the members of eurozone become politically integrated - actually even just fiscally integrated won’t do it.”

ARTIGOS RELACIONADOS NESTE MESMO BLOG

Atualização: 8/2(2015 17:56 WET

sábado, fevereiro 07, 2015

Fiscalidade verde?

Novos sacos de papel reforçado, 100% recicláveis do Pingo Doce

Parte da receita verde já incluída no OE2015 teve o tratamento que merece


O nosso pseudo ministro do ambiente lançou mais um imposto, desta vez, sobre os sacos de plástico dos supermercados, com o apoio tácito dos ecologistas da treta que por sua vez estado e burocracia europeia subsidiam generosamente.

Jorge Moreira da Silva fez as contas e tirou mais um coelho da cartola do primeiro ministro. Em nome do verde lava mais branco, cá está uma maneira de sacar mais uns euros à maralha, em vez de diminuir as rendas excessivas da energia, ou fechar para balanço e leilão empresas como a TAP, a CP, o Metro de Lisboa, ou a inenarrável RTP.

O tiro saiu-lhe, pelos vistos, pela culatra. Num ápice, o Pingo Doce e outras grandes superfícies comerciais lançaram sacos duráveis, recicláveis e sem plástico. O impacto no OE não será, pois, aquele que impingiram à Troika.

E, pelo menos desta vez, o ambiente até ganhou alguma coisa!

RESPOSTA A UM COMENTÁRIO

Pergutam-me o que fazer ao lixo sem os habituais sacos de plástico do supermercado?
Em primero lugar, tal como se faz noutros países, deveríamos usar sacos de lixo apropriados às funções, permitindo a separação dos detritos desde o início, em vez de usarmos sacos de plástico demasiado finos e frequentemente perfurados, obrigando ao uso duplicado (ou triplicado!) de sacos para um mesmo transporte. Mas enquanto não chegarmos aqui, o que posso afirmar é que os sacos de papel são resistentes, permitindo a sua reutilização para o transportes de compras. Quando já não servirem, então poderemos utilizá-los para o transporte de detritos. Os restos de comida, no entanto, devem ser previamente acondicionados naqueles sacos de plástico transparentes mais pequenos que continuamos a usar e que não foram (ainda) abrangidos pela fúria fiscal do governo.

Diarreia financeira e confisco




Juros negativos é um herpes financeiro


Infografia: Como a "bazuca" do BCE chega à economia

07 Fevereiro 2015, 00:01 por Nuno Aguiar | naguiar@negocios.pt, Rui Santos - infografia , Rosa Castelo | Infografia (clicar)

De facto, não vai chegar á economia. Esta é uma conversa fiada que já tem barbas. A realidade é que o esquema QE não funcionou, nem nos EUA, nem no Japão, e portanto o E-QE também não funcionará na Europa.

Basicamente, o dinheiro não chega, nem às empresas, nem ao consumo, porque os critérios do crédito são mais apertados do que nunca para estes segmentos da economia, e assim sendo não se melhora o emprego, nem se trava o desemprego—salvo, em parte, no setor público.

O dinheiro virtual, ou lixo monetário, serve tão só para continuar o 'business as usual' da especulação financeira e para alimentar o cancro burocrático. Sob a patranha do risco sistémico, continuar-se-à a encher os bolsos dos bancos comerciais e dos banksters OTC, endereçando a conta aos contribuintes e ao estado social.

No fundo, isto não passa de um esquema de confisco das poupanças privadas e de expropriação retroativa dos empréstimos de risco, incluindo parte do que foi usado nos casinos bolsistas, em nome das elites financeiras globais.

Os juros negativos poderão aliviar ligeiramente o peso dos empréstimos contraídos, por exemplo, na compra de habitação própria. Mas se o valor do imobiliário continuar a cair (exceto nas propriedades de luxo), e o desemprego a aumentar, estes juros negativos —que, apesar de tudo, deverão ser refletidos o mais depressa possível nos 'spreads' aplicados pelos bancos às taxas LIBOR e EURIBOR— acabarão por ter um impacto muito maior na poupança do que nas dívidas das famílias.

As elites financeiras mundiais, com a cooperação ativa das corrompidas elites partidárias, da direita à esquerda, preparam-se para deixar de emprestar dinheiro, e até para remunerar negativamente os depósitos, ao mesmo tempo que vão buscar liquidez virtual ao BCE, que depois será ensopada por todos nós, nomeadamente sob a forma de uma AUSTERIDADE INFINITA. Ou seja, a corja rendeira e devorista mundial prepara-se para uma expropriação direta das poupanças de 99,9% da população do planeta. Prepara-se, pois, para resgatar as dívidas públicas e especulativas com dinheiro dos contribuintes e aforradores. É o que na gíria anglo-saxónica se chama bail-in.

Max Keiser: uma reportagem que explica quase tudo


Keiser Report en español: Una economía de casino
(E715)
Publicado: 5 feb 2015 14:14 GMT | Última actualización: 5 feb 2015 17:20 GMT

Max y Stacy comentan que no hay nada que haya disuadido a los bancos de cometer fraudes, que el Estado de derecho brilla por su ausencia y que ahora los intereses están en niveles negativos. En la segunda mitad, Max entrevista a la cineasta, bloguera y autora, Kerry-Anne Mendoza, con la que conversará sobre su nuevo libro: ‘Austeridad: la demolición del estado de bienestar y el auge de la economía zombi’.

Novos portos para quem?

Clicar para ampliar

Basta reparar neste gráfico...


Talvez seja altura de deixar de considerar como hipótese realista a construção de novos portos, seja no Barreiro, ou na Trafaria.

Discutir hipoteticamente a coisa não faz mal a ninguém, até faz bem. Mas permitir que as elucubrações sejam colocadas no mercado eleitoral do próximo outono, como se fosse um saco de cenouras para catar votos, é que já não me parece idóneo. Sobretudo porque a manobra apenas serve para disfarçar a maior calinada deste governo: ter deitado ao lixo, ou melhor, ter entregue a Espanha e à França, mais de mil milhões de euros, oriundos de Bruxelas e do BEI, que estavam disponíveis para construir a ligação ferroviária de bitola europeia entre o Pinhal Novo-Poceirão e o Caia, que ligaria duas cidades-região com quase dez milhões de pessoas e uma boa parte do PIB da Península Ibéria: Lisboa e Madrid.

Ao contrário do que diz António Costa, não há nenhum ambiente favorável ao crescimento nos próximos quatros anos, e portanto a sua magia eleitoral em volta do que descreve como 'investimentos estruturantes' não passa de uma mal disfarçada tentativa de vender banha da cobra com o selo de um partido que, além de ser o principal responsável partidário pela ruína do país, ainda não deixou de ser um antro de corrupção e um enorme deserto de ideias.

O que teremos pela frente, o que o próximo governo terá que enfrentar, é a continuação, mais radical se possível, do desendividamento do país. Se no resto do planeta é este o principal problema, como poderia ser de outra forma neste cantinho de apagada e vil tristeza infestado de piratas e maus atores de telenovela?

O gráfico acima republicado, conhecido por Baltic Dry Index (BDI), com uma notação minha sobre as causas da anomalia de crescimento na procura do transporte marítimo das principais matérias da economia mundial, verificada entre 2001 e 2009, diz tudo o que é preciso saber sobre as perspetivas económicas dos próximos anos.

O colapso recente dos preços do petróleo vierem reforçar a força já de si eloquente do BDI.

A economia dos países mais ricos começou a abrandar no início deste século enquanto se assistia ao crescimento muito rápido dos chamados países emergentes, nomeadamente os BRICS. Contudo, depois de 2010-2011, o efeito nas novas economias começou a abrandar,  pois também elas estavam atoladas em dívidas.

O problema explosivo que o mundo tem entre mãos é o problema da Grécia, mas elevado a  uma potência muito elevada, difícil de precisar para além desta ideia: o valor nocional dos contratos especulativos (OTC) de derivados financeiros é, segundo o BIS, da ordem dos 691 biliões de USD, ou seja, quase nove vezes e meia o PIB mundial (72,6 a 75,5 biliões de dólares). Se apenas 10% destes contratos se perderem na bancarrota global, estaremos a falar de um buraco negro na economia e nas finanças da ordem dos $69 biliões.

Por outro lado, a dívida pública grega, na ordem dos 421 mil milhões de USD, não passa de uma pequena parte da dívida mundial: cerca de 200 biliões de dólares!

A dívida mundial calculada no estudo da McKinsey ($199E12), dividida pela população do planeta, corresponde a qualquer coisa como $27.260 por pessoa, para um PIB/capita de aproximadamente $10.178. Só para pagar a dívida mundial são necessários os rendimentos inteiros de mais de dois anos e sete meses. E aproximadamente um ano mais para ensopar 10% do buraco negro dos derivados OTC. Saber quem deve o quê e a quem é, em suma, o pomo da discórdia, a que poderíamos chamar SINDROMA GREGO!
The world economy is still built on debt
Bloomberg. By Simon Kennedy
12:01 AM WET, February 5, 2015

That's the warning today from McKinsey & Co.'s research division which estimates that since 2007, the IOUs of governments, companies, households and financial firms in 47 countries has grown by $57 trillion to $199 trillion, a rise equivalent to 17 percentage points of gross domestic product. 

É por tudo isto que devemos desconfiar das soluções milagrosa, porque, pura e simplesmente, não existem.

Atualização: 7/2/2015 18:30 WET