sexta-feira, janeiro 14, 2011

Pequim, meu amor!

TOYOTA: “Where there is a road, there is a Toyota.”
VW: “I’m not afraid of going anywhere in a Santana.”

Em 1992 a China produzia 1M de automóveis; em 2001, 2M, e em 2010: 18 Milhões!

Xangai: a China comprou 999 Ferrari desde 2004.
"China and Germany have never come face-to-face with conflict or dispute in history. Besides, Chinese think highly of German's sincere apology after World War II. That's why I say Germany has a natural advantage over Japan." — Yan Guangming in "European automakers cash in on China car boom" China Daily, 2011-01-14".
A China tornou-se em 2010 no maior construtor de automóveis do planeta, ultrapassando os EUA. E nesta corrida, convém dizer que o grande símbolo de identidade entre a nova China e o automóvel vem da Alemanha, mais precisamente da Volkswagen, e chama-se Santana.

Recordo a primeira vez que estive em Xangai, no ano de 1999, a impressão que então me causou o facto de nove em cada dez carros que me passavam pela frente, com especial destaque para os táxis, serem Santanas às cores, metalizados, com frisos e para-choques cromados, vidros negros atrás, estofos claros, e quando se tratava de um táxi, ao lado do motorista, a presença quase misteriosa, mas invariável, de um frasco de chá verde, entre os bancos da frente ou fixo em qualquer parte do tablier.

Mais recentemente, em 2008, estive em Pequim, poucas semanas antes do Jogos Olímpicos. O panorama automóvel já era outro, mas nem por isso menos alemão. Em vez da predominância dos velhos Santanas, abundavam, entre os táxis, os Volkswagen Jetta, em concorrência evidente com os sul-coreanos Hyundai Elantra ou mesmo Sonata. Mas o mais impressionante foi a abundância de Audis 6 e 8, e de Mercedes topo de gama, que desfilavam à porta do hotel e pelas ruas. Na zona onde estive durante uma semana, relativamente perto da Cidade Proibida e da Praça de Tianamen, não vi nenhum Ferrari, mas sim um esplêndido Porche 911 amarelo, descapotável, com o qual me cruzei, eu a pé, e ela ao volante, pelo menos meia dúzia de vezes.
Luxury carmakers are gearing up for rich pickings in the Chinese market

“By the end of 2009, the Chinese mainland had 875,000 millionaires, up 6.1 percent year-on-year, according to the 2010 Hurun Wealth Report - and top-end cars are on top of shopping lists of wealthy Chinese.”

“…By the end of 2009, the Chinese mainland had 875,000 millionaires, up 6.1 percent year-on-year, according to the 2010 Hurun Wealth Report - and top-end cars are on top of shopping lists of wealthy Chinese.”

“…In the first 11 months of last year, Audi’s China’s sales topped 200,000 units, maintaining its two-decade reign in the country’s luxury car market. But rivals BMW and Mercedes-Benz are not far behind.

From January to November 2010, BMW sold 152,866 vehicles - a massive rise of more than 90 percent from a year earlier - and Mercedes-Benz moved 129,500 vehicles in the same period, swelling 119 percent.” — in Posh parade, China Daily, 2011-01-14.

Imagino que dois anos e meio depois, com a economia alemã a crescer 3,6% em 2010, as ruas de Pequim comecem a polvilhar-se com outras marcas, mais liberais e menos institucionais: os BMWs, os Porches, e um número crescente de exemplares vermelhos do sempre irresistível Ferrari. Os chineses adoram o vermelho, o desenho europeu, e sobretudo a qualidade, fiabilidade e honestidade alemãs. Não são muito diferentes dos portugueses. Na realidade, somos dois países do mesmo signo: Peixes!

O rendimento disponível médio dos habitantes de Pequim (ler este  elucidativo artigo do China Daily) rondava, em 1983, os 5,7 euros mensais. Em 2010, chegou aos 2228 Yuan, ou seja, 256 euros. A moral da história é clara: enquanto a China enriquece a olhos vistos, americanos e europeus, sobretudo os europeus menos organizados e menos competitivos, como é o nosso triste caso, estão a empobrecer.

Em Portugal, apesar de ser quase impossível saber qual é o rendimento disponível per capita em Lisboa e no Porto, tal é a pobreza da informação económica disponível online, podemos fazer uma conta simples: se ao salário médio, de 894 euros, retirarmos 30% para impostos, obtemos um rendimento disponível mensal na ordem dos 626 euros. Como o desemprego continua a aumentar, nomeadamente em consequência do colapso financeiro do país e dos seus insustentáveis níveis de endividamento, é de prever que este valor continue a degradar-se. Resumindo: entre Lisboa e Pequim, o custo do trabalho já é irrelevante para o sucesso dum negócio. As rendas comerciais e de habitação são mais elevadas na capital chinesa do que em Lisboa, os serviços andam ela por ela, os impostos são mais baixos na China do que em Portugal (obviamente!) e, por fim, oportunidade e mercado são coisas que não faltam a oriente, e parecem ter-se evaporado no Ocidente. A conclusão do raciocínio é irrecusável: há que aprender Mandarim, e depressa.

A marca de roupa barata sueca H&M vai encerrar em breve a sua produção em Portugal. O motivo é simples de entender: só conseguem produzir trapos a custo zero se o trabalho for de borla. Ora o trabalho no nosso país já não é de borla, felizmente. Mas também na China deixou de ser! De facto, as fábricas que da Europa e da América se deslocaram para a China nas décadas de 80 e 90 do século passado, estão já a deslocalizar-se para novas paragens: Vietname, Cambodja e... México!

Em Portugal, se não nos libertarmos a tempo da democracia burocrática, palaciana, partidocrata e corrupta que nos conduziu até ao actual atoleiro, ainda acabaremos por importar, com fanfarras sindicais atrás e tudo, as maquiladoras de Tijuana e Ciudad Juarez para repovoar o Vale do Ave.

É preciso corrigir drasticamente o comportamento político das nossas elites burocráticas, ou a sua acção irresponsável e egoísta acabará por destruir o país. O maná acabou. Ajustar toda uma tradição colonial a novas regras de racionalidade, honestidade e inteligência colectiva, vai ser o nosso maior desafio, nesta e na próxima década.

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 2011-01-14 17:39

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Good bye Wall Street



Afinal Portugal não é o Lehman Brothers

Cavaco admite "grave" crise política e Alegre fica "perplexo"

Professor de Economia, homem de números, Cavaco Silva fez as contas: já tinha falado 12 vezes numa "crise política, económica e social". Certo. Mas o que não tinha dito de forma tão directa e clara era admitir o cenário de "crise grave". Ainda que pela dupla negativa. A frase, dita ontem no almoço-comício na Guarda, é muito clara e serve de aviso ao Governo para os cenários pós-eleitorais, caso se mantenha em Belém. Cavaco prepara o terreno para o que der e vier.

Depois de, na véspera, em Castelo Branco, ter desafiado o Governo a explicar melhor as medidas de austeridade e de "sacrifícios" impostos aos portugueses, o candidato foi mais duro. "Não podemos excluir a possibilidade de ocorrer uma crise grave em Portugal, não apenas no plano económico e no plano social, mas também no plano político", considerou — Público, 13/01/2011.

Cavaco é um provinciano imprestável e potencialmente perigoso na actual conjuntura! O que ele sabe de economia já a mim me esqueceu (que nem sou economista). Se não serviu até agora para nada, a não ser para criar o tal monstro administrativo do Estado, também não servirá, no futuro, para coisa alguma, ou a quem quer que seja (pois até nos seus investimentos domésticos é uma desastre). Esta criatura sem olhar está rodeada (aliás prisioneira) dum bando de piratas ainda pior do que a Tríade de Macau. Esta, ao menos, parece ter entendido duas coisas óbvias: que a crise portuguesa é um dos muitos reflexos da crise energética e de endividamento mundial (1); e que em vez de ler religiosamente o Wall Steet Journal e o Economist, ou tremer sob a batuta das três agências de notação nova iorquinas, é melhor prestar mais atenção ao que se publica no Spiegel online, no Daily China, e no China View (da Xianhua News Agency), ao mesmo tempo que se comparam as notações das manas Fitch Ratings, Moody's e Standard & Poor's com as da chinesa Dagon.

A guerra não declarada que americanos e ingleses lançaram contra o euro, em defesa dos seus falidos impérios e moedas de vento, sofreu ontem uma derrota histórica, com a colocação surpreendente de dívida soberana portuguesa nos mercados internacionais (80% dos títulos foram comprados por outros europeus, chineses... ), que o leilão de dívida pública espanhola de 13 de Janeiro consolidou. Portugal era o bater de asa que poderia deitar o euro a perder. Mas a asa não bateu —e isto, por mais que odeie escrever o resto desta frase, foi mérito do Pinóquio.
O Albert Maersk, o mais recente porta-contentores da classe "post panamax", da companhia dinamarquesa Maersk, que a partir de 2014 passará pelas novas enclusas do Canal do Panamá. A redução de custos de transporte será da ordem dos 30%.
 (C) In an elaborate ceremony attended by President Martinelli and most of the Cabinet, the Panama Canal Authority (ACP) announced that the consortium led by Spanish firm Sacyr had won the $3.2 billion contract to build the third set of locks, centerpiece of the once-in-a-century Canal Expansion project. This award marks an increased tide of Spanish influence in Panama. President Torrijos had established very close ties with the Spanish Royals, attending a ceremony in Madrid in his honor during devastating floods last November, during which Spain announced a gift of two helos to Panama. The Spanish government also established a regional crisis response center in Panama. In early June, President Martinelli visited the King of Spain, and the Spanish delegation at President Martinelli's inauguration, led by Prince Felipe, was very well received (ref A). We strongly suspect that the financially troubled Sacyr was able to offer a surprisingly low price due to backing from the Spanish government. — in Wikileaks.
 Sócrates fez jogging nos quatro continentes, numa maratona teimosa em busca de compradores e futuros investidores no nosso país. Explicou certamente ao mundo que Portugal e Espanha iriam estar em breve, de novo, no centro geográfico das trocas mundiais, e que isso mesmo fora já bem compreendido por Lula, Putin e Hu Jintao. Se não, porque é que a China pensa financiar um novo canal marítimo entre o Pacífico e o Atlântico, pelo meio da Nicarágua? Se não, porque carga de água Washington ficou furioso e conspirou contra o consórcio espanhol-italiano, liderado pela Sacyr (2), que ganhou o concurso internacional e está neste momento a construir as novas enclusas do Canal do Panamá? Se não, porque foi Vladimir Putin a Berlim dizer à querida chanceler alemã que a Europa ia de Lisboa a Vladivostoque? Se não, porque quer a China ligar a sua rede ferroviária à Europa (3) Se não, porque vai a China financiar a conclusão do caminho de ferro entre o porto atlântico angolano de Benguela e os portos índicos, tanzaniano, de Dar-es-Salem, e moçambicano, de Nacala? (4) Dívida soberana da União Europeia? Peanuts!

Eu fiz umas continhas de somar e cheguei à seguinte conclusão: a dívida externa do Reino Unido, mais de 9 biliões de dólares, é superior à dívida externa somada dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), pouco mais de oito biliões de USD. Sobre que realidade escrevem então os escritores fantasma do Economist?! A dívida externa dos EUA, por sua vez, supera os 13 biliões de USD. Em que pesadelo estava ontem o senhor Paul Krugman quando espirrou no seu blogue este comentário lacónico e estúpido:
I’m with Calculated Risk here: it says something about the sheer desperation of the European situation that Portugal’s ability to sell 10-year bonds at an interest rate of “only” 6.7 percent is considered a success. If you think about the debt dynamics here — the burden of growing interest payments on an economy that is likely to face years of grinding debt deflation — an interest rate that high is little short of ruinous. But it is, indeed, not as bad as people were expecting last week; hence, success.

A few more successes and the European periphery will be destroyed. — Paul Krugman. "Pyrrhic Bond Auctions", January 12, 2011.

O crescimento na Alemanha disparou. Em breve poderão fabricar BMWs a hidrogéneo em Portugal (I'm kidding ;) A economia mundial vai crescer a uma média superior a 3%, ou seja, o preço do petróleo vai disparar até aos 100USD/barril. Portugal tem imensos problemas pela frente. Cito cinco :
  • endividamento excessivo
  • presença castradora do Estado e dos governos na economia e na vida dos cidadãos
  • excesso de impostos (5)
  • corrupção, sobretudo induzida pelo actual sistema partidário
  • afunilamento do sistema partidário
Mas tudo isto, que é pesado e muito preocupante, não nos deve toldar a visão. Há uma guerra contra o euro, que não é movida pelo Irão. De que lado está o traste Cavaco nesta guerra? De que lado está o senhor Passos de Coelho nesta guerra? Virei socialista, outra vez? Não. Continuo a pensar pela minha cabeça.


    NOTAS
    1. O que não desculpa os pecados graves do capitalismo burocrático e da nomenclatura que se apoderaram do país em nome de um regime democrático desfigurado.
    2. De que a antiga empresa portuguesa especialista em barragens, Somague, faz parte.
    3. "China To Connect Its High Speed Rail All The Way To Europe" — Inhabitat.
    4. For over a century, various Western colonial powers have tried to link the two African coasts. De Angola a contra costa (from Angola to the other coast) dreamed the Portuguese. Upon independence, civil war and chronic instability prevented any progress and that dream was all but forgotten. Now a new power from the East believes that this is the right moment to invest in that old dream. This is not without precedent. In the 1970s China built, at the request of Tanzania and Zambia, the Tanzan Railway, a massive 1,800 kilometer line linking landlocked copper-rich Zambia to the coast of China's long time ally Tanzania. Beijing built the railway at great cost to the PRC and after every Western country rejected the two African states. The Tanzan Railway would allow the PRC to move important commodities to the coast in a much faster and cheaper way substantially cutting down costs. The rail link would also benefit African nations and contribute to foster regional trade.
      Three decades later, China may reap some rewards for it continued relations Tanzania. Along with this gesture, China would only have to upgrade the existing line and connect it to the Bengela railway, which it already rehabilitated for the Angolan government. For the first time the continent may be linked from coast to coast, which may pave the way for potential economic benefits. — "China Building Africa's Economic Infrastructure: SEZs and Railroads". By Loro Horta. The Jamestown Foundation
    5. O argumento de que em Portugal há uma economia informal que não paga impostos, para justificar o terrorismo fiscal em curso, é um mau argumento. O dinheiro negro do mundo representa 2 a 5% do PIB mundial; a riqueza alojada em paraísos fiscais, regulamentados e piratas, representa qualquer coisa como 26% da riqueza existente no mundo, ou seja, uns 15,3 biliões de USD. Por sua vez, as economias informais no mundo não chegam aos 14% do PIB mundial. No Sul da Europa (Grécia, Itália, Espanha e Portugal), a economia que escapa aos impostos andará entre 20% e os 25%. Não é aqui, por conseguinte, que a porca do sobre endividamento das nações torce o rabo! Mas num monstro muito mais assustador, chamado mercado dos derivados financeiros —cujo potencial de desastre poderá andar à volta dos 600 milhões de milhões de dólares, isto 10 vezes mais do que a riqueza total criada anualmente no mundo inteiro! Vamos pois evitar dar atenção ao disco partido da demagogia populista dos partidos.

    sábado, janeiro 08, 2011

    Carris de Lisboa odeia turistas

    Eléctrico 28. Foto @ Marcelo Almeida (LINK)
    Um país de salteadores

    Os bilhetes de Eléctrico comprados ao condutor subiram de 1,20€ para 2,50€. Ou seja, uma ida-e-volta entre o Cais do Sodré e a Graça fica mais cara (5€) do que uma ida-e-volta entre a Graça e a Praia de Carcavelos num BMW. Que tal exportar o Pinóquio Sócrates e os administradores da Carris para a Sibéria?

    Deve ser assim que o autarca António Costa quer menos carros na cidade!

    Alguém me disse, entretanto, para ter calma, porque "este preço é apenas praticado na tarifa de bordo. Os turistas provocam atrasos gigantes por comprarem os bilhetes a bordo. Nos pré-comprados os preços não diferem dos restantes meios da Carris".

    O dinheiro dos turistas é, porém, melhor do que o nosso (na sua maioria importado e emprestado), porque é uma exportação de serviços sem sair de casa. Como tal, devemos atrai-lo com carinho e sabedoria, não com taxas de inflação anuais superiores a 100%. Seja como for, os outros bilhetes terão subido 15%, muito acima da inflação... Mas não foram reduzidas, que saibamos, algumas despesas muito desnecessárias, com comissários políticos e outra criadagem de luxo :(

    E já agora, terá o Alegre ou algum dos demais colegas de hemiciclo comprado algum dos novos, verdes e extraordinários bilhetes pré-comprados da Carris, da CP ou do Metro? Um por cada meio de transporte, claro! Experimentem alçar o traseiro dos Mercedes que vos oferecemos, e provem, nem que seja por um dia, a realidade inconcebível da vossa administração!

    Por fim: será constitucional criar um regime de excepção para o bilhete comprado a bordo com dinheiro, impondo-lhe um regime criminoso de hiperinflação? Quem disse que um estado, mesmo falhado, pode penalizar desta forma o dinheiro vivo? Quem disse que um estado, mesmo falhado, pode exigir dum viajante ocasional, por exemplo vindo do Porto, ou de Barcelona, que pague por adiantado viagens que não irá fazer? Ou mesmo que as venha a fazer, quem disse que um estado, mesmo falhado, como o nosso manifestamente é, pode forçar os cidadãos a fazerem compras antecipadas de títulos de transporte, sob pena de, se se atreverem a comprar um bilhete a bordo, lhes espetarem com uma tarifa assassina?

    Não sei, em suma, com que sonham os advogados desempregados. Há tanto que fazer, para endireitar este falhado país!

    sexta-feira, janeiro 07, 2011

    China-Ibéria

    Península Ibérica mais próxima da China
    O resto da Europa, especialmente, França e Reino Unido, não deixaram boas memórias na China. Os americanos provocam continuamente. A imprensa inglesa e americana é hostil.

    Xangai, Torre Xangai, da empresa Gensler (São Francisco)
    “Si China va mal, el mundo sufrirá las consecuencias” — CHENG SIWEI, Presidente do Foro Financeiro Internacional.

    A recente visita a Portugal do presidente Hu Jintao, e a visita a Espanha, já este ano, do vice-presidente e indigitado sucessor de Hu Jintao, Li Keqiang, na sequência das quais a China tornou claro que não deixará cair o euro, nem a Europa, por mais insistente que seja a ofensiva americana, inglesa e israelita contra a União Europeia, são eventos da maior importância, mas a que a desmiolada imprensa de cócoras que temos não tem dado a atenção devida, entretendo-se antes com o folclore montado pelo Clube de Bilderberg e pelo pessoal do Nobel.

    A China não só decidiu comprar títulos das dívidas soberanas da Grécia, Portugal e Espanha, como, sobretudo em Espanha, anunciou, pela voz do provável sucessor de Hu Jintao, toda uma estratégia de cooperação económica, tecnológica e cultural com a Península Ibérica. Compreende-se. A Espanha é a quarta economia da Europa (e o nosso maior credor, investidor externo e parceiro comercial) e tem uma vasta experiência no Sudeste Asiático e na América Latina, à qual acresce naturalmente a experiência que Portugal tem não só nestas mesmas paragens, como ainda em África. Ambos os países, Portugal e Espanha, são países atlânticos e mantêm em geral boas relações com as suas antigas colónias. Entre estas ex-colónias há países há muito independentes, como o Brasil, o Chile e a Argentina, e há outros que o são há menos de quarenta anos, como Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor. Quase todos, porém, possuem importantíssimas reservas naturais, essenciais ao respectivo desenvolvimento, mas também necessárias ao crescimento rápido e em larga escala de países como a China.

    Vale pois a pena dar a devida importância ao artigo publicado pelo actual vice-presidente da China no El País, de que só consegui encontrar a versão inglesa publicada pelo jornal chinês English.news.cn. Nele se aponta o caminho que a China irá percorrer durante o seu previsível consulado à frente dos destinos da mais populosa nação do planeta e segunda economia mundial — a qual, segundo o Economist, até 2019, ultrapassará os Estados Unidos.

    Para termos uma noção dos problemas e das oportunidades que esta cooperação ibero-chinesa comporta, bastará referir este dado: a China irá transferir para o meio urbano, até 2020, qualquer coisa como 200 milhões de almas. Serão cerca de 400 novas cidades com 500 mil habitantes cada!

    China and Spain: A brighter future through win-win cooperation
    English.news.cn   2011-01-03 19:06:23
    by Li Keqiang

    BEIJING, Jan. 3 (Xinhuanet) -- "China and Spain: A brighter future through win-win cooperation", published by the Spain's newspaper "ElPaís", was written by Chinese Vice Premier Li Keqiang.

    “Every year, over 10 million farmers are moving into cities, and the trend may well last for years. It will generate tremendous investment and consumption demand, and will turn China into one of the biggest emerging markets in the world.”

    “...China is a solid champion of green economy. Many of the concepts and technologies that originated in developed countries, like circular economy, clean energy, low-carbon technology and sustainable development, have been more and more accepted by the Chinese business community and the general public, and have been applied in many aspects of their work and life.”

    “China's development will bring enormous opportunities of cooperation to Spain and other countries in Europe and beyond.”

    “There is much for China to learn from Spain's development experience and practices. At the same time, China, with its huge population and big market, will bring Spain tremendous business opportunities. Looking ahead, China-Spain cooperation is bound to grow in both width and depth. To divide something by 1.3 billon may be discouraging. But it is definitely encouraging and even exciting to multiply something by 1.3 billion. If each of the 1.3 billion people in China would buy a bottle of olive oil or taste a few glasses of wine, the demand will outrun Spain's annual supply. And if only a few in every hundred Chinese would travel to Spain every year, no hotel room in Spain will be left vacant. And for Spain’s transport, telecommunications, banking and insurance sectors, some of their biggest future customers would be Chinese. China supports Spain in the series of economic and financial adjustment measures Spain has adopted, and is convinced of the certainty of full recovery of the Spanish economy. China is willing to explore, together with Spain, the positive and effective forms of cooperation. China is a responsible long-term investor, both in the European financial market and in the Spanish financial market. China has confidence in Spain's financial market. It has purchased Spanish Treasury bonds and will buy still more.”

    Só não entende quem não quiser.

    POST SCRIPTUM — a TAP iniciou em Outubro passado ligações aéreas entre Lisboa e Pequim-Xangai, em regime de codeshare com a Air China. Tarde, mas acordou!

    quinta-feira, janeiro 06, 2011

    O pico da tragédia

    Não é preciso lançar o pânico. Mas é preciso uma solução

    A China extrai 95% da produção mundial de metais raros, e já começou a açambarcar e a restringir as exportações — Telegraph.

    Bens alimentares batem preços recordes em todo o mundo
    Os preços dos bens alimentares atingiram em Dezembro um máximo histórico por todo o mundo, alertou ontem a FAO, a organização das Nações Unidas para a agricultura e alimentação. O índice que reúne 55 matérias-primas alimentares negociadas nos mercados internacionais subiu em Dezembro para 214,7 pontos, o valor mais elevado desde a criação desta série estatística em 1990. O anterior recorde (213,6 pontos) remonta a Junho de 2008, em plena crise de alta de preços dos bens alimentares, o que gerou uma vaga de protestos nos países mais pobres de África e Ásia. O açúcar e o milho foram os que mais encareceram. A FAO alertou ainda que "continua a existir potencial para os preços dos cereais subirem". — DN, 6 jan 2011.

    Rare Earths: China´s not-so-secret secret weapon
    "… Without an immediate fix of China rare earths,  Japan´s automotive, electronic, military, scientific, medical and even green industries  were suddenly facing  imminent collapse." — Alan Parker, Toronto SUN, Thursday, January 6 2011.

    World faces hi-tech crunch as China eyes ban on rare metal exports
    Beijing is drawing up plans to prohibit or restrict exports of rare earth metals that are produced only in China and play a vital role in cutting edge technology, from hybrid cars and catalytic converters, to superconductors, and precision-guided weapons. — Ambroise Evans-Pritchard, Telegraph, 24 Aug 2009.

    Pico Alimentar: tenho insistido, de acordo com um número crescente de analistas e de observadores sérios, no estado objectivo de emergência para que caminhamos todos. A convergência entre o Pico Petrolífero, o Pico Demográfico e o Pico Alimentar, de que o Buraco Negro dos Derivados Financeiros e a crise sistémica financeira mundial são epifenómenos, imporá inevitavelmente uma dramática desorganização social nas várias escalas da organização humana: global, regional, nacional, e local.

    Consequências a curto prazo: à medida que os países produtores de matérias primas (nomeadamente energia, minerais convencionais e raros, e cereais) se forem apercebendo dos sinos da escassez, interromperão ou condicionarão drasticamente as exportações.

    A China já o anunciou relativamente às terras ou metais raros, o México deixará de exportar petróleo dentro de um ou dois anos, seguir-se-à a Venezuela e o Brasil, e quando isto acontecer o Médio Oriente e o Mar Cáspio formarão o vórtice explosivo das actuais e já muito graves tensões estratégicas mundiais. Ou a guerra permanente, ou uma divisão do mundo em grandes regiões de influência —com o consequente fim da globalização e o regresso a novas formas, porventura mais articuladas, de proteccionismo—, são inevitáveis.

    Novo Tratado de Tordesilhas: a ideia de um Novo Tratado de Tordesilhas, que há muito defendo, pode tornar-se em breve inevitável. Só falta imaginar a geografia desta divisão — uma tarefa nada fácil, e que exigirá muita imaginação, que é coisa que escasseia nos toutiços da esmagadora maioria dos actuais dirigente políticos mundiais. Desde logo, uma Europa de Lisboa a Vladivostok é o que mais convém à Eurásia. Só uma Alemanha de novo irracional e suicida poderia deixar-se provocar pelo eixo anglo-americano que, uma vez mais tenta encurralar Berlim, atacando em várias frentes. A guerra contra o euro é presentemente a mais encarniçada e perigosa de quantas os serviços secretos norte-americanos, ingleses e israelitas têm entre mãos!

    Morte deste regime e refrescamento partidário: entre nós, portugueses, é fundamental que os responsáveis políticos e cidadãos atentos olhem para a realidade com olhos de ver. A proliferação de candidatos presidenciais anti-sistema (1) é um sinal claro de que o regime está podre e precisa urgentemente dum refrescamento partidário e institucional (regras simples mas eficazes anti-corrupção, fim das mordomias inaceitáveis de que gozam a generalidade dos agentes político-partidárias e a burocracia de topo, restrição da acção do Estado ao que é essencial e socialmente justificável, libertação da sociedade civil, baixa imediata da carga fiscal sobre o trabalho e as empresas, etc.)

    Um novo partido: é necessário, pelo menos, mais um partido político, formado por dissidentes da nomenclatura actual, mas para onde confluam rapidamente caras novas, e sobretudo a imensa juventude qualificada deste país, estrangulada pela situação objectiva e pelo populismo demo-burocrático dominante. Esta juventude licenciada, com os seus mestrados e doutoramentos, que hoje tem que mentir diariamente sobre a suas qualificações (não como Sócrates, que as empolou fraudulentamente, mas auto-diminuindo os seus CVs, por imposição do desqualificado tecido empresarial existente), quando perceber que o mercado da emigração está esgotado, fará a diferença. Mas precisamos de criar muito rapidamente o contexto partidário e de cidadania activa capaz de acolher esta energia explosiva em formação.

    Esquerda-Direita: esta dicotomia, há muito esgotada, é o principal véu que cobre a mentira da nossa sociedade. Por baixo existe um sórdido regime de corrupção e burocracia que é preciso desfazer e substituir por uma verdadeira democracia. A democracia que temos é cada vez mais uma democracia formal, institucional, burocrática, endogâmica, nepotista, cabotina, populista, autoritária e profundamente irresponsável, ignara e incompetente. Curar uma tal monstruosidade não vai ser tarefa fácil. Mas se o não fizermos, o corpo que esta minocracia parasita morrerá da sangria imparável que lhe vem sendo infligida há décadas.

    História: Durante todo o século 18 Portugal "importou" 850 toneladas de ouro do Brasil. Quando as estourou, nomeadamente na sequência da resistência às invasões Napoleónicas, e da independência do Brasil, expropriaram-se as Ordens Religiosas, o país foi à falência, assassinou-se o rei, e a I República concluiu o festim mergulhando de novo Portugal na bancarrota. Salazar e a sua ditadura refizeram as finanças públicas, voltando a encher os cofres de ouro (em 1974 existiam 865,936 toneladas de ouro), desta vez vendendo volfrâmio a ambos os contendores da segunda grande carnificina mundial, e explorando os quase escravos moçambicanos que eram enviados para as minas de ouro da África do Sul. Após o colapso político da ditadura e a perda do que existia ainda do império colonial (1974-1999), Portugal entrou outra vez no caminho da bancarrota, desta vez ao som de uma democracia de telenovela.

    Desde 1974, os respeitáveis governadores do Banco de Portugal foram vendendo paulatinamente o ouro que tínhamos, em nome da democracia, claro! Venderam-se 483,396 toneladas, restando agora nos depósitos da Reserva Federal americana (local para onde Salazar enviou, à cautela, o metal precioso) qualquer coisa como 382,540 toneladas (resta saber se algum deste ouro se encontra ou não comprometido em SWAPS)

    Menos mal que a venda do que resta do nosso ouro já não depende apenas da leviandade do regime, mas precisa de aprovação superior do BCE!

    NOTAS
    1. Ao contrário do que dizem os "analistas" políticos ao serviço das agendas mediáticas da nomenclatura, todos os candidatos anti-sistema são bons, e é fundamental votar em qualquer deles: Defensor de Moura, Fernando Nobre e José Manuel Coelho. Os outros são farinha estragada do mesmo saco. E a abstenção não chega!

    terça-feira, janeiro 04, 2011

    TGV: Lisboa-Madrid em 3h45mn

    Bitola ibérica até ao Caia, bitola europeia até Madrid


    Solução provável engendrada pela REFER para o "TGV" Lisboa-Madrid
    España y Portugal inician los trámites de la estación internacional del AVE

    Casi por sorpresa. España y Portugal anunciaron ayer que inician los trámites para la construcción de la estación internacional del AVE en la frontera. El primer paso es la apertura del concurso público para la redacción del proyecto de construcción. HOY.es (29-12-2010).

    A Blogosfera está finalmente em condições de confirmar o que sempre previu: a ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid como primeiro passo da integração de Portugal na nova rede europeia de transporte ferroviário de Alta Velocidade/Velocidade Elevada.

    Mas em nome dela, aproveitamos para fazer uma aposta: a linha portuguesa de "TGV" não será de Alta Velocidade propriamente dita, nem terá bitola europeia, enquanto a linha espanhola será em bitola europeia e permitirá a circulação de composições a velocidade superiores a 200Km/h. Ou seja: o futuro "TGV", português, andará a passo de caracol entre a Gare do Oriente e Évora, mais ligeiro até Caia (1), e aqui, como a Cinderela, calçará novos sapatinhos, transformando-se no AVE e correndo então a Alta Velocidade (200 Km/h) de Badajoz até Madrid. Vamos finalmente ter um "TGV" em Portugal, e um AVE em Espanha — lá para 2014-2015!

    Por várias vezes sugerimos que a monstruosa TTT Chelas-Barreiro deveria ser evitada a todo o custo, e que o "TGV" poderia atravessar a Ponte 25 de Abril, e terminar a sua viagem na nova estação central a construir onde hoje continua o buraco da antiga Feira Popular —deixando o apeadeiro da Gare do Oriente em paz e sem mais gastos inutilmente astronómicos. Bastaria para tal que o comboio, viajando sobre linhas de bitola europeia, entre Madrid e o Pinhal Novo, procedesse nesta estação à adaptação dos seus eixos telescópicos à bitola ibérica. A REFER, pelos vistos, pregou-nos uma partida: o "intercambiador" de rodados ficará afinal na estação do AVE a construir em breve na planície do rio Caia, e não na estação do Pinhal Novo, como aqui se sugeriu mais de uma vez.

    Como se mostra no gráfico da REFER, onde sublinhámos a lilás as ligações estratégicas dos portos de Setúbal e Sines a este projecto, o principal objectivo de Madrid —evitar o seu isolamento dos portos marítimos atlânticos—é atingido. E garantido este objectivo, o governo espanhol aceita a solução atamancada proposta em segredo por Lisboa. A justificação portuguesa é conhecida: não temos dinheiro, e os movimentos de passageiros previstos não pagam o projecto.

    Na realidade, o que persiste é a miragem do novo aeroporto da Ota em Alcochete. Esta continua a ser obsessão do Bloco Central do Betão. Esta continua a ser a obsessão do Bloco Central da Corrupção. Esta continua a ser a obsessão da nossa falida burguesia palaciana e dos seus incompetentes representantes: José Sócrates e Aníbal Cavaco Silva. Nem o primeiro ministro, nem o presidente da república que temos entenderam ainda duas realidades simples: por um lado, estamos e estaremos falidos por mais de vinte ou trinta anos, e por outro, o mundo caminha rapidamente para um colapso energético global, de cujos escombros não sobrarão nem grandes aeroportos, nem autoestradas (quanto mais portagens!)

    E porque o colapso energético já começou, e começou precisamente pelo lado do petróleo, induzindo uma verdadeira crise sistémica da sociedade industrial, da globalização e do sistema financeiro virtual que foi sendo criado ao longo dos últimos 40 anos, o melhor que podemos fazer e desejar é investir os parcos recursos disponíveis numa rede de transportes ferroviários, mista, multimodal, e onde a velocidade, na realidade, deixa de ser um factor crítico para o seu sucesso. Se as máquinas se moverem a velocidades entre 100 e 160 Km/h, e a rede de pontos de paragem for suficientemente densa, talvez consigamos aliviar a principal causa da nossa ruína: a dependência dos combustíveis líquidos importados. Persistir, porém, em sonhos alimentados a petróleo e gás natural é como caminhar mais depressa para o suicídio colectivo.

    NOTAS
    1. A melhoria das plataformas existentes, entre a gare do Oriente e o Poceirão, e entre o Poceirão e Évora incidirão sobretudo no sistema de sinalização, nos controlos automáticos de velocidade e travagem, e numa maior vigilância dos parafusos e travessas da linha, não tendo praticamente incidência na velocidade das deslocações (100 a 120 Km/h). Onde haverá ganhos de velocidade será na nova linha de bitola ibérica que será construída entre Évora e Caia (~160 Km/h). Como insistem as nossas fontes: "Na rede actual, o perfil da linha entre Lisboa e Évora permite que se viaje em conforto (embora em bitola ibérica). O problema era mesmo entre Évora e o Caia pois as soluções (antigas linhas de Évora) não permitiam nem tempos nem conforto."

      O famoso TGV Português seguirá pois, previsivelmente, este trajecto: Lisboa (Gare do Oriente/Roma-Campo Grande) / Ponte 25A / Pinhal Novo / Poceirão / Vendas Novas / Casa Branca / Évora / Caia / Badajoz-Espanha > Europa.

      Dada a crise económica, financeira e em breve diplomática mundial, aposto que o Plano Ferroviário espanhol será forçado a rever as suas metas. Das três prioridades estabelecidas: ligar as principais cidades do país com linhas de Alta Velocidade/Velocidade Elevada em bitola europeia; ligar Espanha ao resto da Europa através de três corredores de AV/VE (bitola europeia) —os chamados corredores norte, central e sul—; e migrar a restante rede nacional de transporte de pessoas e mercadorias para a bitola europeia, uma ficará de fora durante uma ou mais décadas: precisamente esta última. As principais cidades espanholas (excepto as do Norte) já estão ligadas pela rede do AVE: Madrid, Barcelona, Sevilha, Málaga, Valência, Córdova, Saragoça, Valladolid, etc.; os corredores de entrada em França serão cumpridos, a contento de Madrid, Paris, Bruxelas e... Lisboa. Já a mudança rápida das redes de internas de transporte de mercadorias, terá que esperar.

    segunda-feira, janeiro 03, 2011

    O assalto às reformas

    É preciso travar os piratas de Estado!

    E se quando aqui chegarmos os políticos nos roubarem as poupanças?
    European nations begin seizing private pensions
    The Adam Smith Institute Blog
    The Christian Science Monitor

    By Jan Iwanik, Guest blogger / January 2, 2011

    People’s retirement savings are a convenient source of revenue for governments that don’t want to reduce spending or make privatizations. As most pension schemes in Europe are organised by the state, European ministers of finance have a facilitated access to the savings accumulated there, and it is only logical that they try to get a hold of this money for their own ends. In recent weeks I have noted five such attempts: Three situations concern private personal savings; two others refer to national funds.

    Governos da Hungria, Bulgária, Polónia, Irlanda e França (!!) iniciaram um assalto sem precendentes às pensões de reformas dos seus países, entre outras coisas, para pagar dívidas de curto prazo dos respectivos dos governos e das suas imensas burocracias, salvar bancos falidos, nomeadamente públicos, e financiar os buracos dos próprios fundos de pensões e reformas, muitas destes em graves dificuldades, por terem andado a especular com juros, câmbios e derivativos financeiros, sem qualquer supervisão. É o descalabro anunciado.

    Em Portugal os ensaios também já começaram: no tempo de Manuela Ferreira Leite, o fundo de pensões dos CTT emigrou para fossa comum do Estado, na era Sócrates, até ver, o fundo de pensões da empresa privada foi empandeirado para a fossa comum do Estado, e na Caixa Geral de Depósitos, o respectivo fundo de pensões comprou a própria sede da Caixa!

    Que vão fazer os nossos burocratas parlamentares a este propósito? Tratar da vidinha deles, como sempre, enquanto as novas leis não chegam, ou tencionam discutir publicamente a destruição em curso do contrato social? Que diz o douto Louçã sobre isto? Que vai fazer ao seu PPR?

    Que tal sugerir à funcionária do Prós e Contras um debate público urgente sobre esta matéria?