quinta-feira, abril 16, 2009

Zeitgeist

Zeitgeist: Addendum (2008), by Peter Joseph



Esta adenda ao conhecido ensaio videográfico de Peter Joseph, Zeitgeist (artigo na Wikipedia) é uma apologia utópica da tecnologia ao serviço de uma sociedade orientada pela consciência simbiótica da cooperação. Um manifesto contra o monetarismo, a corporacracia e as vulgatas darwinianas e respectivos genes egoístas.

Zeitgeist
- Official Release (Portuguese) — versão legendada em português

The Zeitgeist Movement: Orientation Presentation — o manual de acção do movimento Vénus.


OAM 574 17-04-2009

quarta-feira, abril 15, 2009

Portugal 97

A esquerda envergonhada

De repente acordaram: o Santana pode mesmo voltar a ganhar o governo da capital!

Petição por uma "convergência de esquerda" para a Câmara de Lisboa

13.04.2009 - 08h30 Lusa/ Público — Personalidades ligadas ao socialismo, ao comunismo e ao BE lançam hoje uma petição a defender uma convergência de esquerda nas eleições autárquicas em Lisboa, já subscrita por cerca de 170 nomes.

A petição "Apelo à Convergência de Esquerda nas Eleições para Lisboa" poderá ser subscrita através da Internet e será entregue aos partidos políticos e movimentos de cidadãos que concorrem às eleições autárquicas.


Eu nutro uma profunda antipatia por Santana Lopes. Mas se ele ganhar Lisboa não fico envergonhado. Envergonhado estou há muito por ter votado no papagaio trapalhão e possivelmente corrupto que actualmente nos governa! Mas pelos vistos, a velha esquerda comunista, socialista, maoista e trotskista, não. O que esta teme é o desastre eleitoral autárquico que se avizinha. Acordou estremunhada para a possibilidade e resolveu tocar a rebate.

Querem, dizem candidamente, derrotar a direita que os envergonha! É a mais confrangedora confissão de fracasso por parte de uma nomenclatura sem préstimo que em 35 anos de serviço pouco mais fez do que coadjuvar a direita, de que diz ter vergonha, no progressivo aprisionamento pardidocrático da democracia, servindo-se do voto popular como se de um maná inesgotável se tratasse. O país vai a pique, mas a única coisa que preocupa Jorge Sampaio e Carlos do Carmo é, pelos vistos, manter o status quo. Alguma ideia nova? Nada. Vontade de decidir? Nem pensar! Então que sentido faz a sua mal amanhada e caricata frente popular autárquica? Nenhum.

Comecemos pelo princípio: António Costa e o Partido Socialista não têm nada que ver com as litanias de esquerda, pois não têm feito nem dito nos últimos quatro anos coisa diversa do reiterar à bruta da praxis neoliberal pregada pela criatura blairiana durante a sua conversão ao legado thatcheriano. Por outro lado, nem o PCP nem os ex-extremistas confederados no Bloco de Esquerda conseguiram até hoje modificar os respectivos códigos genéticos, incompatíveis ambos, como todos sabemos, com a pragmática e o ideal da governação. Ou seja, o PS é um partido plenamente burguês e sem princípios, o PCP é uma gerontocracia síndico-municipal sem liderança, e os bloquistas dificilmente serão mais do que uma turbamulta simpática de funcionários públicos, urbanitas e pequeno-burgueses. Algum político astuto pensaria alguma vez erguer uma frente popular com esta massa informe e contraditória? Só se fosse num jogo a feijões!

Se os inspiradores deste fogo fátuo tinham alguma esperança, desiludam-se. Não vai funcionar em Lisboa, não vai funcionar no Porto e não vai funcionar em São Bento. Este ciclo constitucional chegou irremediavelmente ao fim. Donde que, das duas uma: ou se regenera, com a necessária reestruturação do sistema partidário, o nascimento de novos partidos e a emergência de formas de democracia directa e solidária, ou então implode miseravelmente, deixando espaço e oportunidade a todo o tipo de aventuras populistas, incluindo regimes policiais estruturados a partir das novas tecnologias cibernéticas e biopolíticas.

Eu defendo a metamorfose do actual regime constitucional.

Defendo um presidente da república mais forte ou mesmo uma monarquia constitucional democrática. Defendo uma democracia autárquica com mais autonomia, poder e responsabilidade. Defendo a regionalização autonomista dos Açores e da Madeira, mas também das cidades-região de Lisboa e Porto. Defendo a emergência de partidos regionais e locais, além das formações partidárias nacionais. Defendo o fim dos governos civis e a diminuição drástica das burocracias. Defendo, em suma, uma democracia mais barata, mas ainda assim com mais partidos e novas formas de participação democrática no exercício da vontade colectiva.

No caso das próximas eleições autárquicas, defendo a proliferação das candidaturas independentes de cidadãos por oposição às exangues listas partidárias. Para as europeias e legislativas que se avizinham proponho tacticamente o voto activo nos pequenos partidos parlamentares (PCP-PEV, BE, CDS/PP), não por acreditar que possam governar, mas pura e simplesmente porque reforçando-os eleitoralmente se garante a inadiável desarticulação do Bloco Central que há mais de 30 anos governa este país, com os resultados de todos conhecidos. Estamos como estávamos em 1910!


OAM 573 15-04-2009 01:49

terça-feira, abril 14, 2009

Crise Global 66

GM ao fundo...


Cadillac, El Dorado, 1959.

GM readies for 'fast' bankruptcy

Micheline Maynard and Michael De La Merced, Detroit (The Age). April 14, 2009

THE US Department of the Treasury is directing General Motors to lay the groundwork for a bankruptcy filing by June 1, despite GM's contention it could still reorganise outside court.

Members of President Barack Obama's vehicle industry taskforce spent last week in talks with GM officials and its advisers. The talks are expected to continue this week.

The goal is to prepare for a fast, surgical bankruptcy, sources said at the weekend.

GM, which has been given $US13.4 billion in federal aid, insists a quick restructuring is necessary so its image and sales are not damaged permanently.

... Treasury officials are examining whether the "good GM" enters and exits bankruptcy protection in as little as two weeks, using $US5-7 billion of federal money. The rest of GM might need as much as $US70 billion in government money, and possibly more to resolve the health-care obligations and liquidation of the factories, legal experts and federal officials said.

Nenhuma economia pode consumir indefinidamente os recursos próprios e alheios, produzindo cada vez menos, exportando cada vez menos e afundando-se numa dívida externa insustentável.

Todos os esquemas especulativos que desde o colapso da cidade de Ur (Irrational exuberance, 1788 BC) e a queda Império Romano, até às bolhas especulativas engendradas por John Law na França falida que Luís XIV deixou, e pelo conde Harley de Oxford (The South Sea Bubble) numa Inglaterra abraços com dívidas insuperáveis, pretenderam esconder e adiar o empobrecimento real de um país, deram péssimo resultado. Foi assim na República de Weimar, foi assim durante a Grande Depressão (1929-1933... 1941), está a ser assim no Zimbabué e vai ser coisa muito parecida ao longo da Crise Sistémica Global iniciada em Julho de 2008 e ainda longe do fim.

O desemprego real nos Estados Unidos e na Europa (The Rise of Partime Employment), à semelhança do que ocorreu durante a Grande Depressão e nas duas últimas décadas da economia japonesa, poderá continuar a subir até 2011-2012 e manter-se em níveis explosivos (i.e. acima dos dois dígitos) até 2020! O estouro da General Motors, a que Obama acudirá com mais duas injecções multimilionárias de dívida americana, é o mais recente e simbólico aviso do que está para vir.

E por cá, como vai ser?

Para já temos um governo que decidiu copiar as velhas receitas de investimento público para disfarçar crises e criar euforias financeiras artificiais, mesmo sabendo que as principais construtoras e os principais bancos privados portugueses se encontram tecnicamente falidos.

A grande barragem conhecida por Hoover Dam, iniciada em 1931 e concluída em 1936, é um tópico a este respeito, bem como as medidas de emergência postas em prática por Roosevelt durante o desenrolar da Grande Depressão, sob influência do economista inglês John Maynard Keynes, ou ainda o Plano Marshall que se seguiu à Segunda Guerra Mundial.

José Sócrates foi aconselhado a carregar a fundo no acelerador da dívida pública, em nome da mitigação dos efeitos dramáticos da actual crise económico-financeira. Esqueceu-se, porém, de algumas limitações importantes que tornam particularmente temerária a tentativa de reeditar o receituário keynesiano:
  • estamos profundamente endividados (19ª maior dívida pública e 20ª maior dívida externa do planeta);
  • não temos máquinas nem autorização para imprimir euros à medida do nosso endividamento;
  • a dependência e intensidade energéticas da nossa economia bradam aos céus;
  • a nossa base industrial de peso foi liquidada nos últimos 30 anos de libertinagem consumista, partidocrática e corrupta — como o rotundo e escandaloso fracasso dos estaleiros navais de Viana do Castelo acaba de comprovar (1);
  • os proventos da agricultura são insuficientes;
  • as pequenas e médias empresas dependem inteiramente da saúde do resto da União Europeia;
  • os grandes investimentos estrangeiros no nosso país começam a regressar às origens ou abrem falência;
  • por fim, não estamos muito longe de perder o controlo público de empresas estratégicas como a EDP, a GALP, a ANA, as Estradas de Portugal e mesmo as Águas de Portugal, já para não falar do próprio sistema financeiro, prestes a ser engolido pelo buraco negro do endividamento especulativo a que se sujeitou e sujeitou a nossa economia em nome de populismos imbecis e para proveito passageiro de uma inacreditável nomenclatura de novos-ricos e cortesãos aparvalhados.

Se nada fizermos para travar energicamente o actual plano inclinado da nossa democracia, afunilaremos de novo em direcção à ditadura, seguramente disfarçada com as mais doutas e generosas vestes. O cinto de segurança da União Europeia deixou de funcionar e colapsará estrondosamente assim que o Tratado de Lisboa for a enterrar e, por outro lado, a globalização sofrer, como inevitavelmente sofrerá, uma paragem súbita e violenta. Viveremos então de quê? De volfrâmio? Da extraordinária colecção de "arte contemporânea" do Joe Berardo?!


NOTAS
  1. Como se explica que a arara que de vez em quando palra no ministério da defesa tenha resolvido gastar mais 500 milhões de euros do erário público assim que soubemos da rescisão das encomendas dos dois ferries por parte do governo açoriano?

    E já agora, porque não adapta a Marinha, como fizeram os espanhóis, as corvetas enviadas para a sucata sem motivo suficiente, antes de mandar construir novas embarcações de guerra num estaleiro de tão fraca fiabilidade?

    Não seria melhor começar por curar a doença que ataca os Estaleiros Navais de Viana do Castelo, antes de chegarmos à triste conclusão que os futuros navios patrulha da marinha de guerra portuguesa podem nascer tão tortos e insuficientes quanto os dois ferries rejeitados por Carlos César?

    As peripécias que envolvem os vários contratos e projectos dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo são de tal monta e gravidade que mereceriam em qualquer país decente um inquérito parlamentar, ou mesmo judicial. Mas com o disléxico procurador-geral que nos coube ultimamente e o gago ministro da justiça que tão oportunamente precisa conceitos jurídicos junto dos magistrados, os célebres boys de que falava António Guterres podem continuar sossegados, e podem continuar a destruir o país.

    Jorge Sampaio e mais não sei quem dizem querer uma "convergência de esquerda" para salvar Lisboa da vergonha (Público). Que vão para o diabo!

    Presidente dos ENVC revela passivo de entre 35 e 40 milhões
    Estaleiros colocam Atlântida à venda
    Governo rompe contrato com Estaleiros
    Açores: governo rescinde contrato com Empordef
    Marinha vai manter encomenda depois do fracasso com o barco dos Açores?
    Açores: o que disse o TC sobre o negócio dos barcos
    Barcos "afundam" debate na Assembleia


    Sobre os ditos patrulhões, divulgo opinião avisada que entretanto me chegou à caixa de correio:

    As corvetas eram — diziam — muito pesadas (deslocamento). Mas de facto, os patrulhões pesam 1600 ton. contra 1300 das actuais corvetas.

    Depois, para andar atrás dos arrastões espanhóis, as "velhas corvetas" têm uma velocidade máxima de 23 nós e os patrulhões de 20 nós.

    Depois ainda, nem foi pensado colocar um helicóptero nos patrulhões. Ou seja, estão a gastar uma pipa de massa, e um heli indispensável para salvamentos nem sequer foi considerado.

    Em termos de projecto, o conceito dos patrulhões foi exactamente o inverso das corvetas. O objectivo da operação foi claramente gastar dinheiro para viabilizar os ENVC. Mas se os custos são de pessoal, então não haveria opções mais racionais do que apostar em 2 navios claramente chumbados pela Marinha.

    Armada corta dois "patrulhões" na encomenda aos ENVC
    ENVC entregam patrulhões com um ano de atraso e fecham 2005 com prejuízos
    Estaleiros de Viana dão primeiro patrulha em Julho
    Das dificuldades e atrasos dos “Patrulhões” (NPO) da Marinha
    Características do Navio Patrulha Oceânico (NPO 2000)


OAM 572 14-04-2009 01:49 (última actualização: 14:02)

segunda-feira, abril 13, 2009

Crise Global 65

Nada de ilusões!


Elisabeth Warren apresenta o relatório de Abril do Congressional Oversight Panel (COP): "Assessing Treasury's Strategy: Six Months of TARP".

CGD: Empréstimo Obrigacionista EUR 1.250.000.000,00
Agente Pagador: Citibank, N.A.
Sindicato:
Bookrunners: Caixa BI, Dresdner Kleinwort, Morgan Stanley, Natixis e RBS
Co-Líderes: DZ Bank e Banco Espirito Santo de Investimento
(PDF)

Na véspera da Páscoa, de mansinho, para que nem o Público desse por tal, a Caixa Geral de Depósitos publicou o prospecto da dívida de mais de mil milhões de euros que vai contrair para repor os seus depauperados rácios de capital. Embora o facto fosse esperado desde Novembro de 2008 (Público), todos gostariam de saber como é que um banco cujo único accionista é o Estado e para o qual afluem milhares de milhões de euros provenientes da poupança portuguesa —e mais recentemente, dezenas de milhar de contas bancárias fechadas em bancos privados virtualmente falidos—, precisa de aumentar o grau de segurança contra riscos oriundos sobretudo de operações financeiras mal escrutinadas e nada transparentes, sobre as quais nem o Banco de Portugal, nem a CMVM, disseram até hoje fosse o que fosse. Aliás, creio que nada dirão enquanto a nomenclatura partidária da Assembleia da República continuar entretida com os seus cálculos eleitorais.

O problema com as reservas da CGD não reside nos activos não financeiros da instituição, i.e. não tem origem nos seus activos imobiliários, lucros e juros a que tem direito, nem muito menos no volume dos depósitos que os portugueses, residentes e emigrados, têm vindo a engrossar de forma fiel ao longo das décadas. Não, o problema é outro, e é grave. Os especialistas chamam-lhe Tier I capital.
A good definition of Tier I capital is that it includes equity capital and disclosed reserves, where equity capital includes instruments that can't be redeemed at the option of the holder (meaning that the owner of the shares cannot decide on his own that he wants to withdraw the money he invested and so cannot leave the bank without the risk coverage). Reserves are held by the bank, and are thus money that no one but the bank can have an influence on. (in Wikipedia)

Ou seja, tudo leva a crer que a Caixa Geral de Depósitos comprou e continua a comprar acções e veículos financeiros de duvidosa rentabilidade e retorno incerto! Creio até que parte do dinheiro que os portugueses têm vindo a retirar dos bancos zombies, depositando-o em seguida na CGD, está a regressar de forma encapotada e ilegítima aos mesmos covis financeiros de onde tem tentado escapar, pelos vistos sem êxito!

O Banco de Portugal deveria ser impedido de autorizar qualquer empréstimo obrigacionista, seja a que banco for, antes de realizar uma auditoria apropriada, divulgando publicamente as respectivas conclusões. Sobretudo depois do psicodrama encenado em Londres pelo G20, não há nenhuma justificação para tolerar a persistência da actual opacidade do sistema bancário. Pois como todos vamos começando a saber, tal falta de regras e de transparência apenas serve para alimentar os inúmeros esquemas de corrupção financeira que conduziram a economia mundial ao actual estado de colapso iminente.

O pico bolsista da semana passada, "liderado" pelo sector bancário, não reflecte mais do que o resultado episódico das gigantescas injecções de dívida pública aplicada ao sistema financeiro, cujo único efeito é voltar a atestar a carteira de quem passou as últimas duas décadas a engordar sem nada produzir, arruinando ao mesmo tempo boa parte das economias mundiais. Atrás de deflação, inflação virá...

Apesar da boa vontade de Elisabeth Warren para com o novo presidente americano, creio que o mais recente relatório vídeo da autora do decisivo estudo sobre a falência da classe média americana (The Two Income Trap — Why Middle-Class Parents Are Going Broke) aponta já, ainda que cirurgicamente, para os perigos que Barak Obama enfrenta ao ter-se deixado rodear por uma equipa de agentes descarados de Wall Street.

Vale a pena ler na íntegra, a propósito do muito que falta fazer para pôr na ordem o cripto-corrupto sistema financeiro mundial, a entrevista realizada pelo The Wall Street/ Barron's ao antigo vice-presidente do Federal Savings and Loan Insurance Corp., William Black, de que transcrevemos estas passagens reveladoras:
The current bank scandal dwarfs the 1980s savings-and-loan crisis -- and could destroy the Obama presidency.

Barron's: Just how serious is this credit crisis? What is at stake here for the American taxpayer?

William Black: Mopping up the savings-and-loan crisis cost $150 billion; this current crisis will probably cost a multiple of that. The scale of fraud is immense. This whole bank scandal makes Teapot Dome [of the 1920s] look like some kid's doll set. Unless the current administration changes course pretty drastically, the scandal will destroy Barack Obama's presidency. The Bush administration was even worse. But they are out of town. This will destroy Obama's administration, both economically and in terms of integrity.

B: Summarize the problem as best you can for Barron's readers.

WB: With most of America's biggest banks insolvent, you have, in essence, a multitrillion dollar cover-up by publicly traded entities, which amounts to felony securities fraud on a massive scale.

These firms will ultimately have to be forced into receivership, the management and boards stripped of office, title, and compensation. First there needs to be a clearing of the air -- a Pecora-style fact-finding mission conducted without fear or favor. [Ferdinand Pecora was an assistant district attorney from New York who investigated Wall Street practices in the 1930s.] Then, we need to gear up to pursue criminal cases. Two years after the market collapsed, the Federal Bureau of Investigation has one-fourth of the resources that the agency used during the savings-and-loan crisis. And the current crisis is 10 times as large.

There need to be major task forces set up, like there were in the thrift crisis. Right now, things don't look good. We are using taxpayer money via AIG to secretly bail out European banks like Société Générale, Deutsche Bank, and UBS -- and even our own Goldman Sachs. To me, the single most obscene act of this scandal has been providing billions in taxpayer money via AIG to secretly bail out UBS in Switzerland, while we were simultaneously prosecuting the bank for tax fraud. The second most obscene: Goldman receiving almost $13 billion in AIG counterparty payments after advising Geithner, president of the New York Fed, and then-Treasury Secretary Henry Paulson, former Goldman Sachs honcho, on the AIG government takeover -- and also receiving government bailout loans.

B: So you are saying Democrats as well as Republicans share the blame? No one can claim the high ground?

WB: We have failed bankers giving advice to failed regulators on how to deal with failed assets. How can it result in anything but failure? If they are going to get any truthful investigation, the Democrats picked the wrong financial team. Tim Geithner, the current Secretary of the Treasury, and Larry Summers, chairman of the National Economic Council, were important architects of the problems. Geithner especially represents a failed regulator, having presided over the bailouts of major New York banks.

B: You say the evidence of a breakdown in the regulatory structure comes from the fact that America avoided an earlier subprime crisis in the 1990s.

WB: Exactly. Why had no one heard of the subprime crisis back in 1991? Because America's regulators also faced down the crisis early. The same thing happened with bad credits being securitized in the secondary market. Remember the low-doc or no-doc mortgages done by Citibank? Well, the problem didn't spread -- because regulators intervened.

Obama, who is doing so well in so many other arenas, appears to be slipping because he trusts Democrats high in the party structure too much.

These Democrats want to maintain America's pre-eminence in global financial capitalism at any cost. They remain wedded to the bad idea of bigness, the so-called financial supermarket -- one-stop shopping for all customers -- that has allowed the American financial system to paper the world with subprime debt. Even the managers of these worldwide financial conglomerates testify that they have become so sprawling as to be unmanageable.

B: What needs to be done?

WB: Well, these international behemoths need to be broken down into smaller units that can be managed effectively. Maybe they can be broken up the way that the Standard Oil split up back in the early 1900s, through a simple share spinoff.

The big problem for the last decade is that we have had too much capacity in the finance sector -- too many banks have represented a drain on our talent and resources. All these mergers haven't taken capacity out of the system. They have created even bigger banks that concentrate risk to the taxpayer, and put off dealing with problems.

And a new seriousness must be put into regulation. We don't necessarily need new rules. We just need folks who can enforce the ones already on the books. — in "The Lessons of the Savings & Loan Crisis," Barron/ WSJ (April 12, 2009)


OAM 571 13-04-2009 01:10 (última actualização: 10:51)

quarta-feira, abril 08, 2009

Democracia Directa

Sócrates, o Craxi lusitano?
Queixa-crime sobre o Recadogate
Terça-feira, 7 de Abril de 2009 — O Movimento para a Democracia Directa - DD apresentou hoje, 7-4-2009, conforme noticiou a TVI no seu Jornal Nacional das 20 horas de hoje (ver além do vídeo, a notícia em texto no sítio da TVI24), uma queixa-crime na Procuradoria-Geral da República para apuramento de eventuais responsabilidades criminais do primeiro-ministro José Sócrates, do ministro da Justiça, dr. Alberto Costa, e do procurador-geral adjunto presidente do Eurojust, dr. Lopes da Mota, relativamente a alegadas pressões, alegadamente exercidas através do procurador Lopes da Mota, sobre os procuradores titulares do inquérito ao Freeport, dr. Vítor Magalhães e dr. Paes Faria, para o arquivamento do processo. A serem confirmados os graves factos denunciados, os alegados comportamentos destes dirigentes, tidos no exercício das suas funções, e noticiados nos media, podem constituir a prática dos crimes de coacção agravada, tráfico de influências, favorecimento pessoal, denegação de justiça, prevaricação e abuso de poderes. Como fundamento da queixa estão as notícias, publicadas nas ultimas semanas em diversos media - CM, Sol, DN, Público, IOL Diário, 24 Horas, TVI, JN e outros -, de alegadas pressões, exercidas para o arquivamento do processo Freeport, sobre os magistrados titulares do processo Freeport.

O princípio 7.º da Declaração de Princípios do Movimento para a Democracia Directa - DD estipula a defesa da "real separação dos poderes legislativo, executivo e judicial". As notícias de alegadas pressões sobre os magistrados titulares de um inquérito, onde o primeiro-ministro é referido por alegada corrupção, para o seu arquivamento rápido, não pode ser ignorada, nem as autoridades fingirem que não existem ou não têm relevo, nem os cargos e o Governo ficarem debaixo dessa suspeita. Portanto, importa ser consequente com os princípios defendidos e suscitar a investigação do caso pelo Ministério Público.

Aberto necessariamente um inquérito pelo Ministério Público, se nenhuma das denúncias dos procuradores for confirmada, ficam os governantes e dirigentes políticos livres da suspeita pública; se for apurado algum comportamento indevido, devem responder por isso. Em qualquer caso, o Movimento contribui para o esclarecimento da verdade e para o reforço da dignidade do Estado.

De qualquer modo, à parte o eventual relevo criminal, está em causa, por acção e omissão, o regular funcionamento das instituições democráticas. É responsabilidade indeclinável dos cidadãos contribuir para a protecção da democracia de qualquer tentação ditatorial. Os cidadãos não devem ter medo. — in Do Portugal Profundo.

Quando nada fazia prever, a votação do Partido Socialista Italiano em Milão nas eleições municipais e provinciais de 1993 passou de 20% para 2%. Nas eleições gerais seguintes, em 1994, o PSI desceu dos 13,6% obtidos em 1992 para 2,2%. Após dois anos de penosa agonia, a 13 de Novembro de 1994, o PSI viria a desaparecer, 102 anos depois da sua constituição.

O Partido Socialista fundado por Mário Soares e Salgado Zenha, entretanto tomado de assalto por uma tríade de piratas neoliberais, sobre tudo o que diga respeito a corrupção e financiamento partidário ilegal optou por seguir a recomendação que usualmente se dá aos maridos infiéis: negar, negar sempre!

Acredita que a pose de avestruz e a traição aos princípios ideológicos e éticos constitutivos dum partido democrático o safará do destino inglório do Partido Socialista Italiano e do já desaparecido Bettino Craxi.

A arrufo de Manuel Alegre não passou disso mesmo, como se também ele tivesse telhados de vidro e optasse em conformidade por regressar ao pântano em que, tudo leva a crer, se transformou o PS.

A passividade hipocritamente legalista dos partidos com assento na Assembleia da República (PS, PSD, PCP-PEV, BE, PP), contrasta escandalosamente com o sequestro ad ominem do antigo presidente do Banco Português de Negócios (BPN), ao mesmo tempo que os dinheiros da Caixa Geral de Depósitos (CGD) continuam a escorrer para o sector financeiro, caindo nomeadamente nos bolsos sem fundo do BPN, do Banco Millennium BCP (BCP) e do Banco Espírito Santo (BES). A CGD voltou a fazer mais um aumento extraordinário de capital de mil milhões de euros. Fê-lo em surdina. Algum parlamentar perguntou porquê?

A impotência de Manuela Ferreira Leite e o medo de Cavaco Silva face aos processos Dias Loureiro (1), privatização da ANA (2) e aeroporto de Alcochete (3), contribuem enfim para a legítima suposição pública de se estar perante a metamorfose consumada do sistema partidário português numa teia de corrupção e medo em tudo semelhante àquela que levou ao colapso da esquerda italiana e à ascensão fulgurante de Silvio Berlusconi ao poder, e em geral vem estimulando a mais recente onda populista europeia. Para quem quiser saber mais sobre o fenómeno recomendo vivamente o livro Twenty-First Century Populism - The Spectre of Western European Democracy, editado por Daniele Albertazzi e Duncan McDonnell.

A cisão atempada dos dois maiores partidos portugueses, como insistentemente sugeri, teria porventura evitado a situação de bloqueio institucional em que a democracia portuguesa se encontra.

Por oportunismo e cobardia todos preferiram ficar nas alcovas mornas da protecção partidária. Grande erro! Perecerão da vossa incorrigível tacanhez política!!

O incidente em volta do apoio oficial do PS a Durão Barroso, contrariando abruptamente o que Mário Soares e o estalinista converso Vital Moreira julgavam natural —i.e. apoiar um socialista à presidência da Comissão Europeia— não fez mais do que escancarar os jogos sombrios que vêm sendo disputados nos pequenos-almoços da diplomacia euro-americana.

Durão Barroso prometeu apoiar, por baixo da mesa, a candidatura de Tony Blair ao cargo de futuro presidente da União Europeia. Blair, através de Gordon Brown, decidiu apoiar a reeleição de Barroso para um segundo mandato à frente da actual Comissão Europeia. Blair, Brown e Barroso decidiram, por fim, apertar o nosso Pinóquio com o objectivo de garantir o apoio do PS e do governo português à colocação destes dois agentes especiais da diplomacia americana aos comandos da Europa. Estou convencido de que esta é a causa imediata da fogueira que ameaça assar José Sócrates se este demorar demasiado tempo a colocar no cepo da aliança anglo-americana a autonomia política da democracia portuguesa. Saiba-se o que levou a Carlyle ao gabinete de José Sócrates e tudo será finalmente esclarecido.

O recém criado movimento Democracia Directa (4) é o primeiro sinal sério de que os países tem horror ao vazio. Apesar das subidas previsíveis dos partidos à esquerda do PS (sobretudo do PCP), há um receio crescente de estarmos a caminhar para o colapso do actual regime democrático. O PS já perdeu a maioria absoluta. Resta saber por quanto. Há quem diga que a demissão antecipada de Sócrates poderia evitar o colapso irremediável do Partido Socialista que se seguiria caso houvesse uma sucessão de pesadas derrotas nas três eleições que se avizinham.

As crescentes suspeitas públicas de que o sistema partidário português está fatalmente contaminado pelo vírus da corrupção, associadas ao inevitável agravamento da actual crise sistémica do Capitalismo, poderão mesmo lançar Portugal num ciclo de instabilidade governamental ameaçador de tudo o que foi adquirido após a queda da ditadura.

Acreditar que a União Europeia é um cinto de segurança infalível que impedirá a progressão das tentações autoritárias no nosso país, não passa infelizmente de uma ingenuidade perigosa. Na realidade, o Tratado de Lisboa vai a caminho do lixo, e se a campanha militar dos aliados ocidentais no Afeganistão der para o torto, como previsivelmente dará, teremos uma vez mais a Europa dividida, possivelmente entregue ao recrudescimento dos egoísmos nacionais, abrindo por esta via o caminho ao protagonismo que a América jamais deixará de querer manter no velho continente.

Obama revela porventura boas intenções, mas quem manda nos Estados Unidos não é ele. Blair, Brown e Barroso tem um Plano A e um Plano B. No primeiro, o Tratado de Lisboa não passa, e a América mantém o seu pé pesado na Europa. No segundo plano, o Tratado de Lisboa ou um seu sucedâneo acaba por passar, e Berlim, traída pelo garnisé de Paris, vê-se ultrapassada pela conspiração actualmente em curso para colocar na presidência da Europa o ex-primeiro ministro de um país que não aceitou até hoje o euro e continua a demonstrar um profundo atavismo face ao continente europeu.

Tony Blair, o poodle do Council of Foreign Relations, do Clube de Bilderberg, da CIA e do Pentágono, prepara-se para comprometer o futuro da Europa. Sócrates poderá ser uma das vítimas que ficarão pelo caminho. Se não tiver juízo, claro!


NOTAS
  1. Foi o BPN, através de Dias Loureiro, um dos principais apoiantes financeiros da candidatura presidencial de Cavaco Silva? Gostaria de saber.

  2. Estará Cavaco Silva decidido a travar a conversão do actual monopólio estatal de administração de aeroportos e navegação aérea (ANA) por um monopólio privado que amanhã cairá inevitavelmente nas mãos nacionalistas de espanhóis, angolanos ou chineses?

  3. A profundidade e o significado da crise financeira e económica actual alterou fundamentalmente todos os principais parâmetros e previsões que em teoria poderiam justificar a ambição patética de criar um grande hub aeroportuário em Portugal. O aeromoscas de Beja, conjecturado pelo boy do PS Augusto Mateus, é a prova provada da imbecilidade e irresponsabilidade criminosas que acometem frequentemente o Bloco Central do Betão, que por sua vez estimula há muito a falta de vergonha e impunidade do Bloco Central da Corrupção. O esquema das grandes obras públicas actualmente em marcha, por via das famigeradas Parcerias Público Privadas, é o maior e mais perigoso conluio mafioso que ameaça hipotecar o país durante os próximos 100 anos!

  4. "Declaração de Princípios do Movimento para a Democracia Directa - DD

    Tendo em conta a degenerescência irreparável da democracia representativa para uma oligarquia de representantes, só aproximando os cidadãos da escolha e decisão políticas será possível desenvolver continuamente em Portugal os valores da Democracia, do Estado de Direito, da Liberdade e da Dignidade Humana. Assim, os membros concordam com a afirmação e a promoção de um Movimento para a Democracia Directa.

    1. O Movimento para a Democracia Directa defende eleições primárias dentro dos partidos para a escolha dos candidatos a cargos electivos do Estado e autarquias, bem como eleições directas nos partidos para os cargos dirigentes das suas estruturas nacionais, regionais e locais, sempre dentro de regras legais de estrita democraticidade interna dos partidos.

    2. O Movimento para a Democracia Directa pugna pela total clareza do financiamento partidário e eleitoral, fiscalizado por entidade judicial, com sanções penais e de perda de mandato para os casos de incumprimento;

    3. O Movimento para a Democracia Directa defende, como forma de transparência do sistema político, o escrutínio e prestação de contas, mormente através da audição parlamentar obrigatória de todos os escolhidos para cargos governamentais e para cargos dirigentes de nomeação do Governo e da Assembleia da República;

    4. O Movimento para a Democracia Directa considera fundamental a responsabilização pessoal dos eleitos, designadamente a consagração da convocação popular de eleições (recall), a suspensão do mandato de titulares de cargos políticos acusados de crimes de relevo e a supressão da imunidade por factos estranhos ao mandato político;

    5. O Movimento para a Democracia Directa considera indispensável para o bom funcionamento das instituições democráticas a obrigatoriedade de registo dos interesses dos candidatos a cargos políticos, de nomeação política, partidários, magistrados e altos cargos da administração pública (nomeadamente a sua pertença a organizações secretas), além da apresentação obrigatória da declaração de rendimentos e patrimonial, com perda automática de mandato, ou demissão, por incumprimento ou falsas declarações;

    6. Para o Movimento para a Democracia Directa afigura-se necessária à aproximação entre representantes e representados a adopção de um sistema eleitoral misto nas eleições para a Assembleia da República, com circunscrições de eleição uninominal e um círculo eleitoral nacional que garanta uma representação parlamentar de tendências minoritárias;

    7. O Movimento para a Democracia Directa defende uma real separação dos poderes legislativo, executivo e judicial, nomeadamente um verdadeiro auto-governo das magistraturas através de Conselhos Superiores sem representantes de nomeação política;

    8. O Movimento para a Democracia Directa defende a possibilidade de apresentação de candidaturas independentes a todos os órgãos políticos electivos, incluindo a Assembleia da República, facilitando o procedimento de formalização;

    9. Para o Movimento para a Democracia Directa são imprescindíveis a simplificação do direito de iniciativa popular de apresentação de propostas legislativas sobre quaisquer matérias, o direito de queixa constitucional (recurso de amparo) e o aproveitamento de actos eleitorais para consultas populares, numa plena utilização das virtualidades do referendo como meio normal de decisão política, designadamente em matéria de revisão constitucional."

    Quem esteja interessado em aderir ao Movimento Para a Democracia Directa, mas não se possa deslocar à sua reunião de fundação em Alcobaça, neste sábado, poderá fazê-lo posteriormente, escrevendo para democraciadirecta.portugal{arroba}gmail.com.

    Vá lá: mexa-se! O país precisa de si!"


OAM 570 08-04-2009 14:05

sexta-feira, abril 03, 2009

Portugal 96

Que venha o rei!

Se o actual presidente da república se confessa impotente para atalhar casos de corrupção no seu quintal e os três presidentes que o antecederam hesitam em dar sinais de preocupação pela manutenção em funções de um primeiro ministro protagonizado por uma personagem sobre a qual se acumulam suspeições públicas documentadas de corrupção, então talvez os monárquicos tenham razão e esteja na hora de referendar o regresso à monarquia — uma monarquia constitucional e democrática, claro, como sucede em 12 estados europeus.

Eu não sou doido. Se ler esta nota até ao fim perceberá porquê.

Nenhum país pode endividar-se continuamente por largos períodos sem ver o regime que permite e fomenta tal endividamento colapsar ou ser fortemente abalado por convulsões, guerras civis e revoluções. Há quem diga que 50 anos de bloqueio estratégico, endividamento compulsivo, irresponsabilidade e corrupção são suficientes para deitar abaixo qualquer regime político, por mais democrático que seja.

A transferência da hegemonia económica mundial da Europa para a Ásia tem sobretudo que ver com este fenómeno. A deterioração crescente dos termos de troca entre os Estados Unidos e o resto do mundo, sobretudo Ásia e Médio Oriente, acentua-se de forma irremediável a partir do início da década de 1970, daqui resultando a previsão de o poder imperial ainda residente em Washington ter começado ontem formalmente a sua deslocação acelerada em direcção a Pequim, onde deverá chegar antes de 2020.

Vejamos o caso português. A queda da monarquia deu-se na sequência de uma crise agrícola interna muito grande e prolongada, provocada por vários factores conjugados: fim da protecção britânica à importação de vinhos portugueses; pragas do oídio e da filoxera (1852, 1867); e ainda a estagnação internacional do mercado do vinho.

Esta crise levou centenas de milhar de portugueses a emigrar para o Brasil: 332 312, entre 1856-1900; 754 147, de 1900 a 1930, decaindo depois abruptamente: 148 699 entre 1931 e 1950... (in Wikipedia).

Esta emigração que, como se vê, cresceu brutalmente com a crise do vinho, e mais ainda durante a primeira república, funcionou como uma verdadeira exportação de mão de obra, na medida em que a maioria dos novos "brasileiros" enviava dinheiro para Portugal. No entanto, a implantação da república no Brasil (1890-1907) quase destruiu a moeda brasileira que os portugueses emigrados enviavam para as suas aldeias via Londres, daí resultando a desvalorização da própria moeda portuguesa e o consequente agravamento da nossa balança de pagamentos (1).

Resumindo e concluindo, o endividamento português induzido pelo abandono dos campos e pela deterioração da moeda conduziu à queda sucessiva da monarquia e da primeira república. O que a ditadura basicamente fez depois foi poupar e recompor as reservas do país, permitindo um primeiro período longo de recuperação (1931-1960), e depois uma verdadeira expansão económica (1961-1974), em grande medida potenciada pela guerra colonial e pelas receitas da nova emigração para a França e Alemanha. A ditadura caiu, ironicamente, em plena fase de expansão económica, por causa de uma guerra injusta, condenada a ser perdida, e porque o desenvolvimento económico e intelectual do país já não suportavam o colete da ditadura, mesmo amaciada durante o consulado de Marcelo Caetano.

O monarquia tombou porque não resistiu a 58 anos seguidos de sub-produção e endividamento. A primeira república colapsou porque não soube inverter este ciclo negativo e o agravou. O regime de 48 anos de ditadura republicana morreu do seu próprio êxito económico e por óbvias causas políticas. E agora?

Desde 1974, apesar da liberdade e democracia que temos, Portugal tem vindo a recair no ciclo negro da desertificação dos campos, da destruição da sua infraestrutura industrial, do desemprego, do endividamento excessivo e de uma nova e entranhada corrupção do Estado. Já lá vão 35 anos. Pelas minhas estimativas, este ciclo negativo não deverá durar mais quinze anos. 2024 é, como muito, o limite a partir do qual ocorrerá o colapso do actual regime.

É pois necessário agir já, se quisermos evitar o catastrófico cenário desenhado. Sem hesitação, nem complacências. Mas para isso precisamos, ao menos, que o poder supostamente moderador da presidência da república funcione! Ora não tem dado mostras de funcionar. Cavaco parece um pau e os presidentes que o antecederam estão resignados às suas próprias culpas no cartório.

Se assim é, talvez tenha chegado a hora de repensar a república e de levá-la a referendo.

Ao senhor Duarte de Bragança faço uma recomendação séria: esteja caladinho e prepare os seus filhos com a mais esmerada educação possível. Pode vir a ser necessário!


NOTAS

  1. Então tudo o que se passava no Brasil tinha reflexos imediatos no valor da moeda face á libra. Isto foi verdade na guerra do Paraguai (1868-71) e particularmente grave na implantação da republica do Brasil (1890-1907).

    A desvalorização da moeda face ao exterior provocava o imediato aumento da Dívida Pública, e de facto o crescente endividamento que se verifica desde 1890 não advém de um endividamento real, mas do menor valor da moeda.

    Na altura todos queriam ver culpados no Fontes ou numa conspiração inglesa. Foi num estudo de 1915 ( "O Ágio", Salazar) por um académico de nome Oliveira Salazar, que se provou o que já era sugerido por alguns... Foi o câmbio da moeda brasileira que determinou o câmbio da moeda nacional até 1907.

    Tudo estava bem se tudo estivesse bem no Brasil (e Dom Carlos sabia-o), mas desde Novembro de 1889, com o fim da monarquia no Brasil que este país descambou num Carnaval de golpes de Estado, sendo que em 1891 já as praças internacionais previam a bancarrota, com o cambio da moeda portuguesa a cair 25% e as transferências do Brasil a passarem de 4355 contos (1888) para 800 contos em 1891, uma queda de 80%. — in 1ª república e economia, Ricardo Gomes da Silva, SomosPortugueses.com.


OAM 569 03-04-2009 19:25

quinta-feira, abril 02, 2009

Portugal 95

O submundo da banca e da política

O mesmo dinheiro que os depositantes retiram do Millennium BCP, do BPN e do pseudo Banco Privado, por óbvios motivos de precaução, tem vindo a regressar àqueles mesmos covis pela mão do Estado!


"A situação de liquidez do BPN atingiu valores absolutamente insustentáveis a curto prazo"

Jornal de Negócios com Lusa — A administração do Banco Português de Negócios (BPN) está preocupada com a dimensão das saídas de depósitos da instituição e admite que a liquidez do banco atingiu valores insustentáveis a curto prazo.

... Numa carta interna dirigida às redes comerciais de retalho e de empresas do BPN, à qual a agência Lusa teve acesso, Jorge Pessoa, administrador do banco recentemente nacionalizado, começa por dizer aos colaboradores que "a situação de liquidez do banco atingiu valores absolutamente inimagináveis e insustentáveis a curto prazo".

"A saída diária de depósitos, em valores que chegam a atingir as dezenas e mesmo as centenas de milhões de euros, sem a necessária e vital compensação, pela via da captação de novos depósitos, está a conduzir a instituição para uma situação muito delicada e de extrema gravidade", escreveu o administrador, acrescentando que o cenário descrito "compromete seriamente o futuro do banco".

Uma das ilusões democráticas mais renitentes, nomeadamente em Portugal, é a de que as decisões que realmente fazem mover as carruagens dos países são obra dos governos e se decidem nos parlamentos, entre jogos de retórica mais ou menos inflamados.

A verdade, porém, é que o essencial da política contemporânea, por mais democrática que aparente ser, tem lugar em requintados restaurantes longe dos olhares públicos, ou em clubes de decisão exclusivos, se não mesmo secretos. As cerimónias oficiais, de que as actividades parlamentares, as reuniões ministeriais e a propaganda mediática em geral são os principais instrumentos, não fazem mais do que tratar do acessório, fazendo ao mesmo tempo passar discretamente o essencial sob a forma de decretos-lei regulamentares, portarias e múltiplos vazios legais, sem a menor suspeição de quem aprova.

Ou seja, a democracia domesticada actual é cada vez mais a cobertura doce, festiva e cara de uma inatacável e discreta plutocracia dominante, de que o sistema financeiro é a principal alavanca.

Higiene dentária

Conto a propósito uma anedota verdadeira que me foi transmitida por um familiar farmacêutico já desaparecido.

Corria o tempo da ditadura (1926-1974). Um dos problemas que preocupava em meados da década de 60 um dos ministros de Salazar era o das estatísticas desfavoráveis sobre a higiene oral dos portugueses. Segundo os números recolhidos pela indústria, que logo alimentavam estatísticas internacionais nada abonatórias do regime, os portugueses lavavam pouco os dentes depois das refeições. Claro que a indústria farmacêutica tinha outro problema: não vendia o suficiente. As multinacionais que por essa altura tinham já desembarcado em Portugal — com grande destaque para a célebre Colgate-Palmolive — andavam preocupadas. A publicidade começara por dar bons resultados, mas a quantidade de produto vendido, com base na qual se construíam as estatísticas de consumo, aumentava apesar de tudo devagar.

O governo de Salazar ambicionava outra ideia da higiene oral lusitana, e os fabricantes de pasta dentrífica queriam aumentar as vendas. Hummmm! Caso bicudo. Que fazer? Será que um decreto-lei de São Bento poderia ajudar? Mais anúncios como aqueles famosos spots da Pasta Medicinal Couto, chegariam? A ditadura era para coisas sérias, e não para forçar os portugueses a lavar os dentes. Os custos de publicidade, por sua vez, têm limites e não podem comprometer as margens de lucro. E se fosse hoje, que saída lhe poderia dar a nossa democracia parlamentar? Serviria a ASAE para alguma coisa num aperto destes? Creio que não, pelo menos directamente.

A solução acabaria por ocorrer a um jovem engenheiro químico, no laboratório de análises de um dos fabricantes do hoje indispensável sabão para os dentes.

O laboratório andava há um ano atrás da fórmula para aumentar o consumo da pasta dentrífica. O ângulo de abordagem fora o da melhoria do sabor e aspecto da pasta que escorria dos tubos de chumbo. Os resultados obtidos junto dos consumidores-teste foram porém decepcionantes. O tempo escorria e tardava uma ideia luminosa. Até que um belo dia alguém perguntou: e se alargássemos o buraco de saída da pasta? A história nunca se tornou pública, mas a verdade é que Salazar e os fabricantes da Colgate e da Couto ficaram muito satisfeitos!

Formatação cognitiva

Mais recentemente, alguém deu à actual ministra da educação uma solução parecida para resolver o problema das más estatísticas portuguesas no campo educativo. Se se alargar os buracos de saída em cada compartimento do ciclo educativo, haverá mais gente a passar do primário para o secundário, e deste para o universitário. Juntando estas aberturas ao esquema de Bolonha, e refreando o poder excessivo dos professores através do recurso à uniformização dos métodos de avaliação, nomeadamente pelo uso generalizado de testes de escolha múltipla —os famosos testes americanos —, em vez de exames à memória e ao raciocínio pela via dos interrogatórios de catedra, Portugal verá finalmente evoluir os níveis da educação prestada aos cidadãos, tal como outrora acabara por ver evoluir a qualidade da sua higiene oral.

Claro que este estratagema pode conduzir ao rebaixamento dos níveis cognitivos, culturais e cívicos dos formandos. Mas para corrigir este desconforto é que servem os rankings das escolas e universidades e a própria percepção crescente por parte das novas gerações de que a falta de emprego e o emprego precário são os seus destinos naturais à luz das novas sociedades tecnológicas. O acesso ao trabalho será sempre escasso e temporário no futuro, ou seja, muito competitivo. Ao contrário do que sucedeu às gerações dos nossos pais e avós, o ensino superior que Bolonha inaugurou é apenas um limbo de massificação e uniformidade da espécie urbana. Há, porém, que salvar as estatísticas, enquanto o problema da formação das massas não for radicalmente revisto à luz dos constrangimentos provocados pela robotização, nanoficação, biopolitização e digitalização de todos os processos produtivos. Ainda não foi encontrada a fórmula. Mas, como no caso da higiene dentária, não será a retórica democrática a descobri-la.

Obras públicas

Outro tema cuja problematização adequada tem vindo a escapar ao olhar democrático, e portanto aos jogos florais da Assembleia da República, é o das grandes obras públicas.

Os políticos e os média envolveram-nos numa miríade de pequenas discussões, certamente importantes do ponto de vista técnico, mas irrelevantes para o que verdadeiramente as move.

As autoestradas que aí vêm, a nova travessia rodo-ferroviária do Tejo, a rede de Alta Velocidade e a putativa cidade aeroportuária que o génio do aeromoscas de Beja quer repetir em Alcochete, são irracionais, seja tendo em conta a calamidade económico-financeira mundial actual — que não terminará antes de 2012, podendo até agravar-se exponencialmente até lá! —, seja avaliando os insustentáveis níveis de endividamento público e privado do país, seja tendo em vista a manifesta falta de qualidade técnica e de rentabilidade expectável das soluções, seja ainda porque as alterações inevitáveis dos actuais paradigmas energéticos e de comportamento ambiental irão obrigar a mudar de vez os mesmíssimos pressupostos caducos que politicamente têm vindo a ser esgrimidos como justificação dos vultuosos investimentos anunciados. E no entanto, como temos visto, o governo acelera que nem uma quadrilha desembestada em direcção às obras, atropelando tudo e todos. Sem o dizer nem admitir, aquilo que o governo quer são contratos assinados tão rapidamente quanto possível. E porquê?

Pelo mesmo motivo que Gordon Brown e Barak Obama querem grandes programas de investimento. Ou seja, para justificar uma gigantesca inflação monetária capaz de apagar o fogo das dívidas com o papel recém saído das tipografias do dólar e do euro. Claro que esta saída airosa não irá dar bom resultado, e em seu lugar poderemos ter um desastre entre Weimar e o Zimbabué. A menos que sejam a China e o Japão a inundar os mercados de liquidez. Mas aí, a factura que os Estados Unidos e a Europa irão pagar por semelhante imprudência é a antecipação precipitada da supremacia asiática. A China espera alcançar este estatuto lá para 2020, ou 2030. Obrigá-la a antecipar o plano parece-me uma ideia perigosa. Seja como for, uma qualquer espécie de Tratado de Tordesilhas terá que acontecer em breve.

As dívidas queimam, ó se queimam! No caso português, como em muito outros países, o risco é mesmo o de uma paragem cardíaca, com o Estado sem verbas para pagar aos funcionários públicos (forças armadas e policiais incluídas) e a consequente insolvência. Estamos de facto numa situação catastrófica do ponto de vista financeiro, muito semelhante à que antecedeu a queda da primeira República. Aliás, com uma agravante: sem colónia alguma que nos valha!

Desta vez, o que acontece por baixo da espuma mediática da política é pura e simplesmente a capitulação antecipada de parte importante do nosso PIB, e sobretudo do nosso Rendimento Nacional, sob a forma de uma gigantesca alienação de receitas de longo prazo (embrulhadas nas deploráveis parcerias público privadas a 50, 75 e mais anos), em troca de empréstimos urgentes, destinados a aliviar temporariamente os efeitos imediatamente nefastos do endividamento imprudente do país.

Se virmos bem, não parece haver outra forma de atrair liquidez a Portugal. E como é evidente, não se pode falar destas coisas em público!

Esponjas banqueiras

Vejamos, por último, o caso da actual crise financeira e o modo como tem sido gerida, por exemplo, nos casos do BCP, BPN e Caixa Geral de Depósitos.

Sabe-se que dezenas de milhar de contas, quer no BCP, quer no BPN, têm sido fechadas pelos respectivos clientes, descontentes e assustados com os escândalos e prováveis falências dos bancos a quem confiaram os seus depósitos. Sabe-se também que a Caixa Geral de Depósitos tem sido a grande beneficiária desta situação, na medida em que boa parte dos clientes que tem abandonado o BCP e o BPN, já para não falar do pseudo Banco Privado, vem confiando o depósito das suas poupanças, dos seus salários e dos seus lucros, à Caixa Geral de Depósitos. Normalmente, uma tal situação, que a notícia sobre o BPN acima transcrita bem evidencia, conduziria rapidamente à falência dos ditos bancos, cujas cotações no caso do BCP não param de cair. No entanto, que vemos?

Por um lado, vemos uma pessoa idosa e doente —o antigo presidente do BPN—, em prisão preventiva há meses, como se a cratera do BPN não devesse já ter arrastado para o calabouço mais suspeitos da prática de crimes económicos. Vemos o Estado entrar pelo BPN dentro, sob o disfarce de uma nacionalização de emergência, calando-se depois muito caladinho sobre tudo o que encontrou e sobre o futuro do banco. Vemos ainda a Caixa Geral de Depósitos a renegociar créditos atribuídos sem controlo à especulação financeira, em condições altamente discutíveis. Supomos mesmo que a CGD tem vindo a comprar acções do Millennium BCP sempre que este cai aos trambolhões da Bolsa abaixo. Por fim, a Caixa terá já injectado quantias astronómicas de euros no BPN, sem que se saiba exactamente para quê.

Resumindo, o mesmo dinheiro que os depositantes retiram, por óbvios motivos de precaução, do Millennium BCP, do BPN e do gestor de fortunas chamado Banco Privado, tem vindo a regressar àqueles mesmos covis pela mão do Estado! Se tudo isto se faz com falta de transparência, nas barbas do parlamento, do governo e do presidente da república, é porque a teoria de que o essencial escapa à democracia tem pernas para andar!

Vejamos apenas este caso: Joe Berardo pediu centenas de milhões de euros à Caixa Geral de Depósitos para comprar acções do Millennium BCP. Parte do dinheiro usado na compra das ditas acções foi emprestado pela Caixa Geral de Depósitos, e a liquidação do correspondente empréstimo deveria ter ocorrido há alguns meses atrás. No entanto, isso não aconteceu. Ao invés, a Caixa aceitou renegociar em termos altamente vantajosos para o milionário o prolongamento por mais cinco anos dos créditos vencidos, ao que se sabe sem juros, ou pagando juros insignificantes. Independentemente de se avaliar publicamente a qualidade dos colaterais dados em garantia pelo novo empréstimo, a verdade é esta: Berardo dispõe, por mais cinco anos, de umas centenas de milhões de euros à sua inteira disposição, que poderá aplicar em negócios rentáveis, pagando 0% de juros ao banco que aceitou renegociar a dívida neste termos. Se isto não é uma forma de alimentar com dinheiro público o gosto pelo risco de quem há muito se encontra na primeira linha do tipo de especulação que conduziu à actual crise mundial, então não sei o que é.

No meio da tormenta o ruído das baratas pode tornar-se ensurdecedor. As formigas há muito que foram expulsas da mesa de migalhas. Sobram tão só intenções piedosas que na realidade são demagogia fina e nada mais. Os especuladores, esses, não param de conspirar. E agora mais do que nunca.

O governo de Obama está a enviar milhares de milhões de dólares para a falida AIG, mas o dinheiro que lá chega, extorquido aos bolsos do contribuinte americano, está afinal a ser usado para gerar lucros súbitos e extraordinários à mesma banca sombria (nomeadamente o famigerado Goldman Sachs) que irresponsavelmente causou o actual colapso económico-financeiro mundial.

O extracto do artigo que se segue é um lancinante alarme para o que nos espera. Na realidade, caminhamos para uma revolução social sem precedentes.

AIG Was Responsible For The Banks' January & February Profitability
Posted by Tyler Durden at 6:35 PM — Zero Hedge.

Zero Hedge is rarely speechless, but after receiving this email from a correlation desk trader, we simply had to hold a moment of silence for the phenomenal scam that continues unabated in the financial markets, and now has the full oversight and blessing of the U.S. government, which in turns keeps on duping U.S. taxpayers into believing everything is good.

... AIG, knowing it would need to ask for much more capital from the Treasury imminently, decided to throw in the towel, and gifted major bank counter-parties with trades which were egregiously profitable to the banks, and even more egregiously money losing to the U.S. taxpayers, who had to dump more and more cash into AIG, without having the U.S. Treasury Secretary Tim Geithner disclose the real extent of this, for lack of a better word, fraudulent scam.

In simple terms think of it as an auto dealer, which knows that U.S. taxpayers will provide for an infinite amount of money to fund its ongoing sales of horrendous vehicles (think Pontiac Azteks): the company decides to sell all the cars currently in contract, to lessors at far below the amortized market value, thereby generating huge profits for these lessors, as these turn around and sell the cars at a major profit, funded exclusively by U.S. taxpayers (readers should feel free to provide more gripping allegories).

What this all means is that the statements by major banks, i.e. JPM, Citi, and BofA, regarding abnormal profitability in January and February were true, however these profits were a) one-time in nature due to wholesale unwinds of AIG portfolios, b) entirely at the expense of AIG, and thus taxpayers, c) executed with Tim Geithner's (and thus the administration's) full knowledge and intent, d) were basically a transfer of money from taxpayers to banks (in yet another form) using AIG as an intermediary.

For banks to proclaim their profitability in January and February is about as close to criminal hypocrisy as is possible. And again, the taxpayers fund this "one time profit", which causes a market rally, thus allowing the banks to promptly turn around and start selling more expensive equity (soon coming to a prospectus near you), also funded by taxpayers' money flows into the market. If the administration is truly aware of all these events (and if Zero Hedge knows about it, it is safe to say Tim Geithner also got the memo), then the potential fallout would be staggering once this information makes the light of day.


OAM 568 02-04-2009 19:25 (última actualização: 03-04-2009 02:04)