quinta-feira, janeiro 07, 2010

Portugal 153

easyTrain
um transiberiano para toda a gente!


Tokaido Shinkansen, começou por correr a 200Km/h, hoje ultrapassa os 300Km/h nos seus percursos entre Tóquio, Nagoya, Kyoto e Osaka. Os horários funcionam ao segundo! Estive lá e posso testemunhar... (OAM)

Bitola europeia e Alta Velocidade Ferroviária são as prioridades

Transporte ferroviário de passageiros na UE liberalizado

Desde 1 de Janeiro — O transporte ferroviário de passageiros entre países da União Europeia ficou oficialmente aberto à concorrência desde dia 1 de Janeiro. A norma da Comissão Europeia pretende criar novas perspectivas empresariais e de emprego, pressupondo a utilização das infra-estruturas ferroviárias de outros Estados-membros para a realização de rotas internacionais. Desta forma, os operadores poderão oferecer um serviço ferroviário de passageiros internacional, o que, até aqui, acontecia apenas mediante protocolos e acordos pontuais. Para isso, o operador necessita apenas de licença ferroviária e de ter certificados de segurança para operar nos diferentes Estados-membros. Num comunicado oficial, Antonio Tajani, o vice-presidente da Comissão Europeia e responsável de Transportes, revelou que "Trata-se de uma nova etapa na realização de um espaço integrado do transporte ferroviário que beneficiará tanto as empresas quanto os passageiros" — Andreia Amaral, in Transportes em revista.

O NAL de Alcochete só deve avançar quando os privados se responsabilizarem pelo investimento, e por conseguinte for um projecto economicamente viável sem a permanente sangria fiscal dos portugueses. Antes disso, mantenha-se a sub-aproveitada Portela e substituam-se rapidamente as incompetentes administrações da ANA e da TAP.

A arara que puseram no MOPTC é mais um contínuo do Bloco Central do Betão e de quem comprou os terrenos de Alcochete dias antes do senhor Sócrates abandonar a Ota pelo "deserto" da Margem Sul, pelo que tudo o que este Mendonza diz é mero eco da voz do dono. Por exemplo, quando o novo velho ministro afirma que a Portela está a rebentar pelas costuras, ou revela ignorância absoluta (coisa comum nos políticos) ou má fé mal disfarçada. Como é sua obrigação saber, o aeroporto da Portela apenas tem uma hora de ponta por dia (08:00), e nem todos os dias, como se pode constatar fácil e sistematicamente no sítio da Online Coordination System (1). Além do mais, basta reparar nas placas de estacionamento do aeroporto da Portela, atravancadas com aviões parados da TAP, para se perceber que nem o aeroporto está saturado, nem a TAP tem muito que fazer.

Se o senhor Mendonça mandar os aviões da TAP dormir ao aeromoscas de Beja (um aviso sobre o que se pode passar em Alcochete!), ou alugar ao Ministério da Defesa a Base Aérea do Montijo para ali colocar algumas bases Low Cost e parte da TAP, ou simplesmente ordenar à TAP que use as mangas do aeroporto em vez de andar a passear passageiros e bagagens pelo meio das pistas, verá que o novo aeroporto de Lisboa em Alcochete, reservado o terreno e obtida a viabilidade ambiental necessária, pode bem esperar pela próxima legislatura, e decidir-se então se há ou não oportunidade e viabilidade económica e financeira para o dito. Para esta legislatura, já todos sabemos que não há!

Outra questão é a do célebre TGV, i.e. a Alta Velocidade ferroviária...

Percebe-se que o Bloco Central do Betão ande pouco interessado na coisa, sobretudo depois de a Mota-Engil ter perdido a Terceira Travessia do Tejo para o consórcio liderado pela espanhola FCC, das célebres irmãs judias Alícia e Esther Koplowitz. É que os sucessivos governos que até agora tivemos desde 1974 encarregaram-se de destruir a indústria ferroviária nacional, chegando mesmo ao ponto de correr com os canadianos da Bombardier, fabricantes outrora associados à velha Sorefame, e que entre outras coisas fazem aviões a jacto, metropolitanos e comboios de Alta Velocidade! A Bombardier é só uma das maiores empresas mundiais do ramo, e os espertos da Lusitânia despediram-na quando já se sabia que a Europa iria dispor de uma rede de Alta Velocidade/Velocidade Elevada para passageiros e mercadorias, prevendo-se que a mesma possa vir a cobrir todas as capitais europeias e grandes cidades antes de 2030! Ficámos sem indústria, sem trabalho, sem tecnologia, mas com o senhor Coelho na Mota-Engil, e o senhor Vara no BCP. É este padrão de imbecilidade criminosa que o senhor Mendonça do governo Sócrates II quer prosseguir. Espero bem que o tiro lhe saia pela culatra.

Compare-se o cretinismo governamental português em matéria de transportes com a posição britânica do actual secretário dos transportes do governo Brown:
On the fast track to the easyTrain future. By Andrew Adonis, Secretary of State for Transport (UK)

It’s a brave politician who predicts what 2010 holds in store, but I am confident that for Britain it will be the year of high-speed rail.

Over the past 30 years most of Europe and much of Asia have embraced high-speed rail as their modern 21st-century backbone transport infrastructure. Europe now has 3,600 miles of high-speed line in operation, with 2,000 more under construction. China will have 6,000 miles open by 2012, including all 800 miles of the new Beijing-Shanghai line.

(...)

This is a moment to seize. The past 50 years have brought an incredible democratisation of travel, boosting prosperity and opportunity. Air travel, once the preserve of the rich, has been opened up to a mass market. I believe that high-speed rail could similarly transform mobility and opportunity for the next generation.

My ambition is not only that Britain catches up with the rest of Europe in establishing high-speed rail, but that we leapfrog them in the services that we offer. In the same way that Britain led the way in developing low-cost, mass-market, international aviation, I want us to become a pioneer in low-cost, mass-market high-speed rail. I have spent a year studying international high-speed rail. While you can’t fail to be impressed by the technical ingenuity shown in the development and operation of high-speed rail services around the world, the level of innovation in the services being offered is surprisingly low.

(...)

I want to see not just easyJet but easyTrain — high-speed trains with airline-style pricing and mass-market appeal so that high-speed rail is for all, not just the wealthy. — in Times Online.

Está bom de ver que pelo andar ronceiro da carruagem portuguesa, acabaremos por ter TGV, de Lisboa, do Porto e de Aveiro para Espanha e o resto da Europa. Mas dada a lentidão fomentada da nossa economia e da nossa indústria em responder a este grande desafio, o mais provável é que venhamos a ser apenas clientes finais de um produto Made in Europa, mas falando apenas castelhano e inglês. Importam-se? Eu importo-me!


Post scriptum
— Luís Campos e Cunha continua a verberar o TGV, como aliás a maioria dos economistas portugueses. Pergunto: estudaram realmente este dossier? Ao contrário do novo aeroporto, da terceira travessia sobre o Tejo e das novas autoestradas, a Alta Velocidade ferroviária é um investimento e um custo partilhado, não apenas com a União Europeia, mas também com a Espanha. Aliás as ligações Lisboa (Pinhal Novo)-Madrid (via Caia), Porto-Vigo, e Aveiro-Salamanca, são verdadeiros projectos interdependentes, que interessam a toda a Ibéria, que não podem subsistir nacionalmente isolados sob pena de criar problemas estratégicos muito complicados, quer a Espanha se mantenha unida por muitos anos, ou soçobre a uma qualquer variante de federalismo. A rentabilização das autoestradas depende apenas de nós, da nossa vitalidade económica e juventude (ambas em acentuado declínio!) e de algum escasso turismo rodoviário. 82% dos voos da Portela provêm ou destinam-se à Europa, sendo 30% deles de ou para Espanha, ou seja, para rentabilizar o novo aeroporto seria preciso alterar radicalmente esta realidade, cada vez mais dominada pelas companhias Low Cost, que não gostam de aeroportos pomposos e caros. Por fim, a rentabilização da futura rede ferroviária de Alta Velocidade/Velocidade Elevada (vulgo TGV) depende sobretudo da dinâmica da própria rede, ibérica e europeia, e menos do esforço solitário dos portugueses. Espero que esta demonstração colha a devida atenção do estimado economista Luís Campos e Cunha.


NOTAS
  1. A Portela tem apenas uma hora de pico por dia, às 08:00, e outra com algum movimento, às 14:00. O resto é o lá vem um! Para comprovar este desmentido das baboseiras da nova arara que colocaram no MOPTC, o ministro Mendonça, basta consultar o sítio Online Coordination System, seguindo este procedimento de acesso à base de dados online:

    Week
    : W09 -> Airport: LIS -> Week containing: 11JAN.


OAM 673 07-01-2010 18h56 (última actualização: 08-01-2009 00:13)

Portugal 152

Catroga: menos Estado, melhor Estado



Ouvi ontem a excelente entrevista de Eduardo Catroga a José Gomes Ferreira (SIC-N). O principal de tudo foi a clareza e simplicidade com que o ex-ministro de Cavaco Silva expôs os conceitos e fez as contas em cima do guardanapo!

O endividamento geral do país, e sobretudo o problema das finanças públicas, de que aqui se tem escrito o suficiente, é o ponto nevrálgico da análise de Catroga, que sublinha a necessidade de um compromisso partidário a curto, médio e longo prazo, no sentido de sair do actual "pântano económico e financeiro", ultrapassando uma estagnação que dura já há uma década.

Catroga afirma que a trajectória das finanças públicas em curso desde 2000 é insustentável, sendo inadiável corrigi-la. Os casos da Islândia, da Irlanda, da Grécia, da Espanha, da Itália, do Reino Unido..., são um sinal de alarme para todas as economias endividadas, como a nossa.

O mote foi lançado pelo Presidente da República. Catroga trocou por miúdos!


OAM 672 07-01-2010 16:00

Portugal 151

Enquanto a TAP agoniza, as Low Cost florescem!

"Em todas as 31 rotas que a easyJet disponibiliza em Portugal, transportámos em 2009 mais de 3 milhões de passageiros. Esperamos naturalmente aumentar este número em 2010 bem como o número de ligações a partir dos 4 aeroportos portugueses onde operamos, Lisboa, Porto, Faro e Funchal." — Beatriz Fernández (easyJet), in LowCost Portugal (6 Jan 2010).

Na realidade, as Low Cost estão a ser uma benção económica para o país: trazem negócio às cidades e regiões e permitem um contacto muito mais estreito e regular da diáspora portuguesa com o seu "terroir". Ou muito me engano, ou são mesmos os emigrantes portugueses a causa do grande sucesso das Low Cost em Portugal —e a garantia da sua sustentabilidade a prazo. Só por isto, o gaúcho da TAP deveria ser despachado de volta ao Brasil e o inenarrável Mário Lino chamado a responder por tanta inépcia durante o seu desgraçado consulado ministerial.

Este vai-e-vem dos nossos emigrantes, que são muitos e cada vez mais europeus, apresenta externalidades positivas cuja importância seria bom avaliar convenientemente: diminuição da pegada ecológica por viajante/emigrante, menos mortalidade nas estradas, menos consumo de combustíveis, mais movimentos pendulares (ponto-a-ponto) mas com percursos de menor duração e menos tempo morto, maior percepção do estado do país por parte de quem se viu obrigado a emigrar devido à incompetência e corrupção da nossa democracia, etc…

O modelo das companhias de bandeira —caro, subsídio-dependente, endogâmico, conservador, endividado— está definitivamente esgotado. As falidas British Airways (cujo buraco no respectivo fundo de pensões poderá vir a inviabilizar a anunciada fusão com a Ibéria), Air Japan, ou TAP, são disto mesmo esclarecedores exemplos, a não seguir e a corrigir imediata e drasticamente. Os peritos, mas os peritos mesmo, que tomem cartas no assunto e aconselhem convenientemente os medíocres políticos que supostamente nos governam.

Uma medida de poupança imediata seria obrigar os nossos deputados, eurodeputados, aparachiques partidários e todos os altos funcionários da nossa gordurosa burocracia a trocar os descontos da TAP (que pagamos com impostos!) pelas companhias Low Cost. Façam as contas!

Vamos observar minuciosamente a encenação que a nomenclatura partidária se prepara para confeccionar em volta do próximo Orçamento de Estado. Eduardo Catroga deu ontem uma excelente entrevista ao José Gomes Ferreira (SIC-N), que bem pode servir de mote ao observatório cívico que a blogosfera deve desde já montar sobre a Operação Orçamento de Estado 2010.


OAM 671 07-01-2010 11:24

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Portugal 150

O mais parecido com uma Câmara Corporativa... Gay e Lésbica!

José Sócrates é contra: defende que os deputados do seu partido sejam impedidos de votar a favor esses dois projectos, admitindo apenas algumas excepções (por exemplo: Miguel Vale de Almeida, primeiro deputado assumidamente gay, que tem feito desta luta uma causa de vida e por isso foi convidado para integrar a bancada do PS) e Sérgio Sousa Pinto (ex-líder da JS e um "histórico" do partido na defesa das chamadas causas "fracturantes") — in DN.


Há duas castas de deputados no PS: as prima-donas (Miguel Vale de Almeida e Sérgio Sousa Pinto) e os párias (o resto do rebanho parlamentar "socialista"). Registo mais esta nódoa da nossa democracia. E ainda: afinal a Assembleia da República, além de subalternizar os deputados eleitos face a um primeiro-ministro designado pela burocracia partidária em maniqueístas e encenadas pseudo directas partidárias, está à beira de consagrar o regresso do nosso parlamento à natureza corporativa que foi timbre do Salazarismo. Desta vez, começaram pelas gays e lésbicas. Depois virão os professores (que já são a maioria do hemiciclo), os advogados (que são em bom número também), os amigos da Mota-Engil, o clube de fãs do sucateiro de Ovar e os independentistas de Carcavelos, que desejam legitimamente criar um imposto local para rentabilizar o uso da sua magnífica praia! Todos com direito a determinadas prerrogativas especiais —de casta— na balbúrdia populista que há 35 anos foi rebaptizada com o nome de Assembleia da República.

Que tal um abanão neste indecoroso, decadente e corrupto regime de incongruências e despotismo populista?

Estou farto de vos aturar!


Post scriptum
— Sobre os casamentos heterodoxos.

Sou a favor da legitimação do casamento homossexual, como sou a favor da legitimação de mais tipos de casamento, desde que celebrados de livre vontade e não consubstanciem qualquer forma de exploração ou manipulação da pessoa humana, nem prejudiquem os direitos de terceiros, nomeadamente familiares, com laços sanguíneos ou jurídicos conhecidos. E também apoio a extensão dos direitos de adopção aos casais heterodoxos, desde que estes preencham as condições de idoneidade, transparência social e conforto económico adequados.

Gostaria no entanto de saber se os distintos e privilegiados senhores deputados Miguel Vale de Almeida e Sérgio Sousa Pinto estarão comigo na defesa futura do casamento aberto, do casamento poligâmico, e do casamento poliândrico. Deixo a polémica questão do casamento incestuoso para a próxima década.

OAM 670 06-01-2010 12:26

domingo, janeiro 03, 2010

Portugal 149

Eleições em Maio?


Entre Reguengo e Valada (cheia), 2 Jan. 2010 (Foto OAM)

"Com este aumento da dívida externa e do desemprego, a que se junta o desequilíbrio das contas públicas, podemos caminhar para uma situação explosiva." — in Discurso de Ano Novo do Presidente da República.

Se a indecisão em volta do próximo Orçamento de Estado redundar num impasse político, e se as crises internas dos partidos do Bloco Central se agudizarem, nomeadamente em resultado do impasse criado no parlamento, ao ponto de assistirmos a cisões no PS e no PSD, não vejo como possa Cavaco Silva evitar a dissolução da Assembleia da República e a marcação de eleições legislativas antecipadas. Acho até que todos ganharíamos num tal cenário: os actuais e futuros partidos políticos, o presumível futuro candidato presidencial Aníbal Cavaco Silva, e mesmo nós, pobres contribuintes. Pelo contrário, a continuação do definhamento em curso da democracia portuguesa, cujas múltiplas feridas não param de deitar pus, apenas agravará o custo e a dor dos cuidados intensivos de que urgentemente necessitamos e acabarão por ser impostos a bem ou a mal.

"Em face da gravidade da situação, é preciso fazer escolhas, temos de estabelecer com clareza as nossas prioridades.

Os dinheiros públicos não chegam para tudo e não nos podemos dar ao luxo de os desperdiçar.

(...) Nas circunstâncias actuais, considero que o caminho do nosso futuro tem de assentar em duas prioridades fundamentais.

Por um lado, o reforço da competitividade externa das nossas empresas e o aumento da produção de bens e serviços que concorrem com a produção estrangeira.

Por outro lado, o apoio social aos mais vulneráveis e desprotegidos e às vítimas da crise." — idem.

A reponderação do plano de obras públicas do governo Sócrates não pode deixar de ser a ilação lógica deste acertado juízo presidencial. Boa parte de tais obras são desnecessárias, desastrosas do ponto de vista estratégico e tecnológico, caríssimas, fruto presumível de especulação ilícita e sem efectiva repercussão nos níveis de emprego e competitividade do país (pois o trabalho é temporário e toda a tecnologia importada.)

A Alta Velocidade/Velocidade Elevada ferroviária para pessoas e mercadorias, salvo os troços Caia-Pinhal Novo e Porto-Vigo, deve pois abrandar o respectivo calendário, o que é bem diferente de rejeitar a ideia do dito TGV, como muitos fazem. O aeroporto de Alcochete pode esperar. A TTT Chelas-Barreiro tem que parar imediatamente (e o senhor da RAVE, demitido!) As barragens que nada trazem de essencial, atentam contra a sustentabilidade económica e destroem os ecossistemas naturais (Tua, Fridão, etc.) devem fazer marcha-atrás (e o senhor Mexia, posto a andar!) O plano de autoestradas, em fase final de execução, enfim, talvez mereça ser concluído como previsto, ainda que renegociando as carraças contratuais que consubstanciam boa parte dos eufemismos a que chamam Parcerias Público Privadas. Por sua vez, o aeroporto da Portela pode e deve ser ampliado e melhorado quanto antes, a TAP reestruturada de uma ponta a outra e a base aérea militar do Montijo arrendada temporariamente à ANA para complemento da Portela. Voltando ao tema da ferrovia, deveria ser traçado um plano urgente de migração da actual bitola ibérica para a bitola europeia em todos os trajectos com especial valor estratégico para a economia portuguesa: ligações entre portos, dos portos atlânticos a Espanha e ao resto da Europa e ligações entre todas as capitais de distrito do país (1).

"Cerca de noventa e cinco por cento das nossas empresas têm menos de vinte trabalhadores.

Sendo esta a estrutura do nosso tecido produtivo, o contributo das pequenas e médias empresas é decisivo para a redução do desemprego e para o desenvolvimento do País.

Às instituições financeiras, por seu lado, exige-se que apoiem de forma adequada o fortalecimento da capacidade das pequenas e médias empresas para enfrentarem a concorrência externa.

Se o Estado tem a responsabilidade de garantir a estabilidade do sistema financeiro em períodos de turbulência, os bancos têm a responsabilidade social de garantir que o crédito chega às empresas." — ibidem.

Este ponto é porventura dos mais sensíveis da política futura, pois exigirá, para ter sucesso, uma verdadeira arte da governação e um duradouro e imaginativo consenso sobre o modelo estratégico da nossa economia, do nosso ordenamento territorial e da nossa flexibilidade laboral e financeira. A solução necessária não está ainda disponível e não creio que qualquer dos actuais partidos tenha a suficiente imaginação para propor ideias sem preconceitos no âmbito da discussão do próximo Orçamento de Estado. Mas de uma coisa podemos estar todos certos: os bancos não podem investir o dinheiro que não têm! Vamos pois precisar de menos maniqueísmo e de verdadeira criatividade política, económica, financeira e social para sairmos da armadilha do endividamento estrutural do país, da hipertrofia do Estado, da falta de Justiça e da corrupção para que fomos conduzidos ao longo das últimas duas décadas por uma nomenclatura irresponsável.

"Importa ter presente que Portugal tem já um nível de despesa pública e de impostos que é desproporcionado face ao seu nível de desenvolvimento.

Assim, seria absolutamente desejável que os partidos políticos desenvolvessem uma negociação séria e chegassem a um entendimento sobre um plano credível para o médio prazo, de modo a colocar o défice do sector público e a dívida pública numa trajectória de sustentabilidade.

O Orçamento do Estado para 2010 é o momento adequado para essa concertação política, que, com sentido de responsabilidade de todas as partes, sirva o interesse nacional.

Não devemos esperar que sejam os outros a impor a resolução dos nossos problemas." — ibidem.

Ninguém poderá seriamente evitar estas questões colocadas por Cavaco Silva. Mas serão os actuais partidos políticos capazes de assumir o desafio? Duvido. Duvido mesmo muito!

Cavaco Silva, que verdadeiramente não sei se terá condições para se recandidatar ao cargo que actualmente ocupa (bastará Santana Lopes saltar-lhe na frente para desfazer tal hipótese), termina a sua mensagem de Ano Novo alertando para as falsas querelas com que José Sócrates e o seu estado-maior de piratas e criaturas de seita, querem lançar sobre o país como mais uma cortina de ilusionismo e manipulação.

Liberalização do divórcio, casamento entre homossexuais, regionalização são temas inegavelmente importantes, mas são também assuntos povoados de tabus. Numa democracia plena, que não na democracia populista em que a nossa nomenclatura partidária transformou o país, temas sensíveis como estes exigem estudo, pedagogia, discussão pública e até referendos! Não merecem, como aconteceu no caso da legislação proposta para o casamento gay, que se transforme o parlamento num campo concentracionário, com deputados de primeira (Miguel Vale de Almeida e Sérgio Sousa Pinto) e ralé sem direito à consciência. Os casais homossexuais não poderão adoptar crianças, impõe o chefe Sócrates aos seus apaniguados (2). Mas basta uma pessoa para requerer a adopção! (3).

Por fim a regionalização. Quem de bom senso pretende discuti-la serenamente ou mesmo levá-la por diante no preciso biénio ou triénio em que Portugal atravessa a sua maior crise financeira, de envelhecimento populacional (4) e de endividamento, desde 1892?! Se não for de um doido, diria que tal estratagema só poderá ter saído dum gabinete de propaganda e contra-informação ao pior estilo dos regimes autoritários do século 20.



NOTAS
  1. «Vários capitalistas ingleses, aqueles que pertencem à aristocracia financeira de Londres, estão dispostos a construir uma linha de caminho-de-ferro no Sul de Portugal, linha essa que virá a ser um dos troços da rede geral ferroviária da Europa, que terá de atravessar a Espanha e ligará o porto de Lisboa aos principais mercados do mundo.» 40.

    (40) Arquivo Histórico do Ministério das Obras Públicas, DGOP-EC, 107, Documentos Relativos às Propostas Feitas para a Construção do Caminho-de-Ferro de Leste a partir de Santarém e do Caminho de Ferro de Lisboa ao Porto, 1856-59. Em 1872, o cônsul inglês em Lisboa também partilhava as ideias dos seus contemporâneos acerca do desenvolvimento dos caminhos-de-ferro em Portugal, ao comentar que uma linha directa entre Lisboa e Paris «reduziria o tempo de viagem em, pelo menos, vinte e quatro horas e, em minha opinião, até muito mais. Todas as malas postais da América do Sul e do Pacífico e o grande número de passageiros que quisessem evitar o golfo da Biscaia seguiriam esse caminho; e, se se fizessem as necessárias alterações e melhoramentos no porto, Lisboa não teria, praticamente, de temer qualquer concorrência» (Great Britain Parliamentary Papers, 1873, LXV, 828, «Report by Consúl Brackenbury on the Trade and Navigation of the Consular District of Lisbon for the Year 730 1872», p. 995). — in António Lopes Vieira, A política da especulação — uma introdução aos investimentos britânicos e franceses nos caminhos-de-ferro portugueses.

  2. "Sócrates impõe voto contra a adopção por casais gay" — in i.

  3. Quem pode requerer a adopção? "Uma pessoa se tiver: mais de 30 anos; mais de 25 anos, se o menor for filho do cônjuge do adoptante" — in Portal do Cidadão.

  4. Quantifying Eurozone Imbalances and the Internal Devaluation of Greece and Spain

    ... the main source of these economies' difficulties, while certainly very much present in the here and now, essentially has its roots in population ageing and a period, too long, of below replacement fertility that has now put their respective economic models to the wall. It is interesting here to note that while it is intuitively easy to explain why economic growth and dynamism should decline as economies experience ongoing population ageing, it is through the interaction with public spending and debt that the issue becomes a real problem for the modern market economy. Contributions are plentiful here but Deckle (2002) on Japan and Börsh-Supan and Wilke (2004) on Germany are good examples of how simple forward extrapolation of public debt in light of unchanged social and institutional structures clearly indicate how something, at some point, has to give. Whether Spain and Greece have indeed reached an inflection point is difficult to say for certain. However, as Edward rightfully has pointed out, this situation is first and foremost about a broken economic model than merely a question of staging a correction on the back of a crisis.

    Secondly and although it could seem as stating the obvious, Greece and Spain are members of the Eurozone and while this has certainly engendered positive economic (side)effects, it has also allowed them to build up massive external imbalances without no clear mechanism of correction. Thus, as the demographic situation has simply continued to deteriorate so have these two economies reached the end of the road. In this way, being a member of the EU and the Eurozone clearly means that you may expect to enjoy protection if faced with difficulty, but it also means that the measures needed to regain lost competitiveness and economic dynamism can be very tough. Specially and while no-one with but the faintest of economic intuition would disagree that the growth path taken by Greece and Spain during the past decade should have led to intense pressure on their domestic currencies, it is exactly this which the institutional setup of the Eurozone has prevented. I have long been critical of this exact mismatch between the potential to build internal imbalances and the inability to correct them, but we are beyond this discussion I think. Especially, we can safely assume that the economists roaming the corridors in Frankfurt and Brussels are not stupid and that they have known full well what kind of path Greece and Spain (and Italy) invariably were moving towards.

    Essentially, what Greece and Spain now face (alongside Ireland, Hungary, Latvia etc) is an internal devaluation which has to serve as the only means of adjustment since, as is evidently clearly, the nominal exchange rate is bound by the gravitional laws of the Eurozone. Now, I am not making an argument about the virtues of devaluation versus a domestic structural correction since it will often be a combination of the two (i.e. as in Hungary). What I am trying to emphasize is simply two things; firstly, the danger of imposing internal devaluations in economies whose demographic structure resemble that of Greece and Spain and secondly, whether it can actually be done within the confines of the current political and economic setup in the Eurozone.

    ...

    Internal Devaluation, What is it All About Then?

    If the technical aspects of an internal devaluation have so far escaped you it is actually quite simple Absent, a nominal exchange depreciation to help restore competitiveness the entire burden of adjustment must now fall on the real effective exchange rate and thus the domestic economy. The only way that this can happen is through price deflation and, going back to my point above, the only way this can meaningfully happen is through a sharp correction in public expenditure accompanied with painful reforms to dismantle or change some of the most expensive social security schemes. This is naturally all the more presicient and controversial as both Spain and Greece are stoking large budget deficits to help combat the very crisis from which they must now try to escape. Positive productivity shocks here à la Solow's mana that fall from the sky may indeed help , but in the middle of the worst crisis since the 1930s it is difficult to see where this should come from. Moreover, with a rapidly ageing population it becomes more difficult to foster such productivity shocks through what we could call "endogenous" growth (or so at least I would argue).

    ...

    From 2000-2009(Q3) the accumulated annual increases in the CPI was 57% for Germany versus 109.4% and 104% for Greece and Spain respectively. Assuming that Germany remains on its historic path of annual CPI readings (which is highly dubious in fact), this gives a very clear image of the kind of correction Greece and Spain needs to undertake in order to move the net external borrowing back on a sustainable path which in this case means that these two economies are now effectively dependent on exports to grow.

OAM 669 03-01-2010 23:55 (última actualização: 04-01-2010 10:25)

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Portugal 148

Ninguém gosta de más notícias

Herdade do Freixo do Meio-2, Novembro, 2009
Herdade do Freixo do Meio — carroça, Nov. 2009 (Foto OAM).

The future of carbon trading is the death of all of Europe and the US. — Elaine Meinel Supkis in Culture of Life News.

Depois do Subprime, Estados Unidos e Europa continuam desesperados atrás de uma nova Dona Branca que os salve do quase infinito buraco negro de endividamento público e privado que cresceu exponencialmente a partir do chamado mercado de derivados, cujo instrumento de acção mais sofisticado e catastrófico foi inventado em 1997 pelo J.P.Morgan e dá pelo acrónimo de Credit Default Swaps (CDS).

O inefável mercado de emissões de carbono e de carbono equivalente, bem como os esquemas de subsídio às energias renováveis congeminados pelos poderes públicos e oligopólios energéticos, foram nos últimos meses e dias expostos a um conjunto de fragilidades intrínsecas que ameaçam esvaziar a sua suposta bondade verde, revelando as maquinações especulativas que ou estão na sua origem, ou apareceram depois para aproveitar o inesperado potencial de especulação e fraude inerente às novas ideologias da sustentabilidade e da luta contra as alterações climáticas.

O buraco negro dos derivados culmina uma lógica com mais de 30 anos de desindustrialização e endividamento do "moderno" e "desenvolvido" Ocidente e aponta para o que Ann Pettifor considera ser: The Coming First World Debt Crisis. A China, conhecendo o fundo desta questão, travou a armadilha gelada de Copenhaga, conduzindo a COP15 ao fracasso absoluto.
'Carousel' frauds plague European carbon trading markets (Telegraph.)

Just a few weeks ago, Europol, the cross-border police force, said that carbon trading fraudsters may have accounted for up to 90pc of all market activity in some European countries, with criminals mainly from Britain, France, Spain, Denmark and Holland pocketing an estimated €5bn (£4.5bn).

...

This organised criminal activity has even "endangered the credibility" of the current carbon trading system, according to Rob Wainwright, the director of Europol.

So why have fraudsters particularly targeted carbon trading? And what is being done to iron out problems in Europe before other areas – such as the US – start to trade carbon in the next few years?

Carousel fraud has been a known scam for years among mobile commodities, such as phones, computer chips and cigarettes.

But the attraction of carbon permits is their intangible nature, so there is no need physically to ship goods across borders. All is done at the click of a mouse.

...

It now looks like Europe will start a so-called "reverse charge" mechanism, which would remove the need for VAT to change hands between carbon traders every time permits are sold.

But will this remove all problems from the system? It should certainly eradicate VAT fraud, but the very nature of carbon credits makes them "an incredibly lucrative target for criminals", Rafael Rondelez, who was involved with the Europol investigation, has warned.

His message is clear: other types of carbon fraud could soon spring up because there are "no strong regulations or checking principles as there is in banking to prevent such activities as money laundering."

Agora pergunta-se: como irão a América e a Europa lidar com as suas gigantescas dívidas públicas e privadas e sustar o impacto potencialmente arrasador do buraco negro dos Credit Defalt Swaps (CDS) e em geral da chamada derivatives beast? Até agora o FED, o Bank of England e o BCE gastaram qualquer coisa como 5% do PIB mundial para impedir o colapso do sistema. De quanto precisarão em 2010, 2011 e 2012 para continuar a salvar o dominante mas ameaçado capitalismo fictício actual? Onde irão buscar as reservas financeiras? Limitar-se-ão a imprimir mais papel, como o Zimbabué fez?!

A China, numa clara jogada de antecipação, juntou o Japão, a Coreia do Sul e os demais países da ASEAN (Association of Southeast Asian Nations), para deixar claro que não será à custa do Oriente que o Ocidente resolverá mais um episódio funesto do capitalismo instável (Hyman P. Minsky) saído da rejeição do padrão ouro pela moeda americana. O acordo assinado no passado dia 29 de Dezembro em Tóquio entre os países da ASEAN e a China, Japão e Coreia do Sul, sob a designação Chiang Mai Initiative, levará à constituição de um fundo de 120 mil milhões de dólares destinado a proteger 13 nações asiáticas de futuras turbulências financeiras e monetárias com epicentro em Wall Street.

Um país pode aumentar o défice orçamental durante algum tempo, seja para proteger-se de uma recessão, seja para estimular a economia, por exemplo, em nome de uma visão estratégica inovadora. Em qualquer caso, tal desequilíbrio nas contas públicas deve regressar em prazo razoável à normalidade, i.e. a uma situação de superavit ou, em hipótese menos favorável, de défice sustentável. A União Europeia estabeleceu que a sustentabilidade do défice das contas públicas não deve ir além dos 3% do PIB.

Para regularizar este tipo de contas os estados apenas podem fazer uma de três coisas: desvalorizar a moeda, aumentar a receita fiscal e/ou cortar na despesa pública. Portugal, por ser membro da União Europeia e da Zona Euro, apenas poderá recorrer às duas últimas alternativas, já que a paridade do euro é uma coutada reservada da Banco Central Europeu. Ou seja, pode cobrar mais impostos ou gastar menos com a sua administração pública. Para cobrar mais impostos, sem provocar uma revolução social, tem basicamente que conseguir mais investimento e mais emprego —o que se afigura muito difícil na presente conjuntura mundial—; para gastar menos, terá necessariamente que diminuir a dimensão tentacular do aparelho de Estado, encerrando serviços inúteis ou redundantes, privatizando áreas de actividade onde a sua presença não é nem indispensável, nem sequer estrategicamente relevante, e finalmente estabelecendo parcerias não ruinosas com o sector privado —o que nas presentes circunstâncias acabará por ser, muito provavelmente, a única forma eficaz de garrotar uma gangrena financeira galopante que ameaça levar o país à bancarrota.

Precisamos de realizar uma viragem de 180 graus nas nossas prioridades estratégicas. Isto é, passar da dependência externa extrema nas áreas dos recursos financeiros, energéticos, industriais, tecnológicos e alimentares, para uma lógica de substituição estratégica, ainda que parcial e progressiva, de importações, com vista a restaurar os depauperados stocks de capital, capacidade produtiva e emprego do país. A aposta numa economia de serviços e turismo falhou! O mundo está a mudar muito rapidamente, e a mudança exigirá certamente uma reinvenção da economia capaz de acomodar uma lógica de uso sustentável dos recursos disponíveis; capaz de superar as destrutivas ideologias da exploração do trabalho humano assentes na intensidade financeira do Capitalismo (a que eufemisticamente se chama produtividade); capaz de substituir a actual divisão internacional do trabalho por uma cooperação internacional do trabalho. O capitalismo actual é uma gigantesca bolha especulativa que já não poderá esvaziar-se facilmente por meio da pilhagem colonial ou neo-colonial que dava acesso à energia barata (petróleo e gás natural), às matérias primas e recursos alimentares sem fim, ou ainda ao trabalho sobre-explorado e sem direitos sociais. Os endividamentos acumulados pelo Ocidente são cada vez mais indeléveis e de difícil exportação! Ou aprendemos a digeri-los, mudando de vida, ou cairemos, mais cedo ou mais tarde, num profundo e longo sono de decadência. Ninguém gosta de más notícias. Mas para evitá-las temos que despertar a tempo!


OAM 668 02-01-2010 03:51

quinta-feira, dezembro 31, 2009

2010

Um bom ano de luta!

Bom Ano! (OAM)
Herdade do Freixo do Meio — flores, Nov. 2009 (Foto OAM).

O poder desloca-se rapidamente para a Ásia e para o Pacífico, deixando para trás 600 anos (1) de predominância absoluta e frequentemente terrível e arrasadora da Europa e do seu mais proeminente filho bastardo, os Estados Unidos da América.
ASEAN, Japan, China sign US$120 bil. reserve deal

TOKYO -- The Association of Southeast Asian Nations, together with Japan, China, and South Korea, signed an agreement to create a US$120 billion foreign-currency reserve pool.

The fund, known as the Chiang Mai Initiative, will”strengthen the region's capacity to safeguard against increased risks and challenges in the global economy,” the nations said in a joint statement released today. The countries announced the initiative in May.

Member nations will be able to tap the pool, formed within an existing framework of bilateral currency swaps, in times of turmoil to defend their exchange rates.

The International Monetary Fund arranged more than US$100 billion of loans to Thailand, Indonesia and South Korea after their currencies collapsed during the 1997-98 crisis. In return, governments were forced to cut spending, raise interest rates and sell state-owned companies.

The countries agreed in May that Southeast Asian nations will contribute 20 percent to the pool; Japan will provide US$38.4 billion while China and Hong Kong together will add another US$38.4 billion. South Korea's contribution will be US$19.2 billion, the members said. - in The China Post.

A América está falida e Obama foi humilhado em Copenhaga quando tentava fazer passar o embuste de uma nova bolha de derivados em volta da especulação bolsista global com as emissões de CO2 equivalente.
'Carousel' frauds plague European carbon trading markets

Why are mysterious UK businesses registering to trade carbon in Europe?

By Rowena Mason, City Reporter
Published: 6:07PM GMT 30 Dec 2009

It is a building site, formerly a derelict car park, in a deprived part of West London, where the neon glow of curry houses and late-night grocery stores could not be further from the wealth and glamour of London's financial markets.

Described as a "consulting" business, this is the address of a UK company that has signed up to trade carbon permits under the European Emissions Trading Scheme in Copenhagen. But there is no trace of its existence on the Companies House database. — in Telegraph.

Hoje, último dia de 2009, no Afeganistão, a águia imperial americana perdeu de uma assentada sete agentes da CIA. A Grande Depressão II promete novos episódios em 2010, 2011 e 2012. O grau de degradação a que chegaram os sectores político-financeiros europeu e norte-americano não tem limites!
Drug money saved banks in global crisis, claims UN advisor

Antonio Maria Costa, head of the UN Office on Drugs and Crime, said he has seen evidence that the proceeds of organised crime were "the only liquid investment capital" available to some banks on the brink of collapse last year. He said that a majority of the $352bn (£216bn) of drugs profits was absorbed into the economic system as a result. - in The Observer.

A possibilidade de a Grécia entrar em bancarrota não depende apenas da vontade da Alemanha. Depende, isso sim, da capacidade desta de acudir a um dominó de falências prestes a rebentar, formado por um número crescente de países: Islândia, Irlanda, Reino Unido, Grécia, Itália, Espanha, Portugal, etc. O petróleo começou de novo a subir, o que pode ser a gota negra que faltava para precipitar a estagflação que inevitavelmente ocorrerá depois de abandonada a actual e artificial deflação induzida na economia pelo FED e pela BCE, com as suas políticas de juros nulos, copiando a receita desastrosa que quase destruiu a outrora imparável economia japonesa.

Algumas centenas de milhar de portugueses andam com mais dinheiro no bolso, apesar do desemprego que em breve chegará aos 15-20%. Isto deve-se a um só motivo: a baixa artificial das prestações hipotecárias (2). Quando a Euribor inverter a sua actual marcha niilista, e começar a garimpar com a ganância que já hoje caracteriza a política de usura dos bancos comerciais nas suas relações com a indústria, o comércio e o consumo, então veremos quem continuará a passar férias na Tailândia, República Dominicana, México e Brasil.

Quando os desempregados perderem os subsídios a que têm direito e o Estado se mostrar incapaz de acudir à situação, então teremos uma verdadeira crise de regime (3), que muito provavelmente varrerá do mapa o indesejável Sócrates e o imprestável Cavaco. Se bem entendi a obscura mente de Santana Lopes, ele prepara-se para afastar o senhor Aníbal da próxima corrida presidencial. Alegre, se já percebeu o que o espera —ser o próximo presidente da república— só tem mesmo que se distanciar do actual pântano político-partidário, preparando-se para o enorme desafio que vai ter pela frente. Desejo-lhe, a ele, a todos os meus leitores, e ao país, um ano de luta e clarividência!


NOTAS
  1. Os oito anos que medeiam entre a conquista de Ceuta pelos portugueses, em 1415, e 1433, ano da sétima e última expedição marítima da frota chinesa de mais de 400 navios, conhecidos pelo nome de Treasure ships, comandada pelo almirante Zheng He (ou Cheng Ho), marcam simultaneamente o início da grande expansão ultramarina europeia e do fechamento e longo período de decadência que levaria a China —o Império do Grande Ming (1368-1644)— a perder o seu lugar de maior e mais avançado país do mundo, que ocupou durante vários séculos. Seiscentos anos depois, em 2015, a nova China quer voltar a ser a primeira potência mundial: em população, em produção industrial e desenvolvimento tecnológico, em frota marítima e comércio externo, em eficiência energética e sustentabilidade, no sector financeiro e... na obtenção de uma paridade militar regional, a que se seguirá o desejo natural de alcançar uma clara superioridade militar estratégica face a um Ocidente que decai a olhos vistos. Se não acontecer até 2015, ocorrerá até 2033!

  2. Prestação média do crédito à habitação já caiu 113 euros em 2009

    30.12.2009 - 12h33 (Lusa) — A taxa de juro no crédito à habitação caiu em Novembro para novo mínimo histórico, 2,077 por cento, assim como a prestação média vencida, que se fixou em 256 euros, menos 113 euros que no início do ano. — in Público.

  3. Os factores da crise de endividamento acumulam-se rapidamente, e os sinais sintomáticos são já evidentes. Alguns casos recentes: Leiria não consegue pagar o estádio de futebol que irresponsavelmente mandou construir sob o optimismo idiota do Bloco Central. Os autarcas descobriram agora que afinal não vão lucrar coisa alguma com a barragem do Tua, pois as contrapartidas da EDP vão direitinhas para o poço sem fundo do buraco orçamental do país inteiro (as receitas futuras já foram, aliás, inscritas como facto consumado no Orçamento de Estado e 2008!) A EDP desinveste na modernização e manutenção da rede eléctrica sob sua responsabilidade (média tensão), enquanto inunda a comunicação social de propaganda e espectáculo — os resultados desta gestão temerária ficaram a descoberto pelo recente temporal que atingiu o país, e em particular a região de Torres Vedras.


    Câmara de Leiria admite vender estádio construído para o Euro 2004

    29.12.2009 - 11:15 Lusa — Na sessão da Assembleia Municipal de Leiria e após ser interpelado por um membro do PSD que solicitou explicações sobre esta matéria, Raul Castro, independente eleito pelo PS, explicou que existem três hipóteses para o estádio.

    Manter a presente situação, sob a alçada da empresa municipal Leirisport, a venda a um investidor privado e passar a sua gestão para a União Desportiva de Leiria são, neste momento, as possibilidades em estudo.

    Raul Castro declarou hoje que entre serviço da dívida e despesas próprias de manutenção” o estádio está a custar “cerca de cinco mil euros dia”, reconhecendo que se as circunstâncias se mantiverem a autarquia vai continuar a ter naquela espaço “um sorvedouro de dinheiro que devia ser aplicado noutras obras”.

    Nesse sentido, através da venda deste equipamento, a autarquia pode “recuperar muito do investimento que ali está feito”.

    Quanto à possibilidade de transferir a manutenção e exploração do estádio para o clube, o presidente da Câmara Municipal de Leiria reconheceu ser, neste momento, a hipótese mais remota.


    Municípios não vão lucrar com barragem do Tua


    Os autarcas dos concelhos onde vai ser construída a barragem do Tua, Carrazeda de Ansiães e Alijó, reivindicam uma renda de 3% sobre a produção de energia. Uma compensação pelo aproveitamento dos recursos locais.

    A Câmara de Carrazeda de Ansiães já recebe anualmente cerca de 300 mil euros referentes a 3% líquidos sobre a produção energética da barragem da Valeira, instalada no rio Douro. E por isso também quer beneficiar de igual percentagem em relação ao que se vier a produzir na futura barragem do Tua. Só que o autarca, José Luís Correia, adianta, com base em informações recolhidas junto de responsáveis da EDP, que aquela verba, na ordem de um milhão e meio de euros, vai reverter a favor do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). in Jornal de Notícias.


    Investimento feito pela EDP em nova rede e na conservação da existente tem vindo a abrandar


    30.12.2009 - 07h36 -- A EDP Distribuição abrandou o ritmo de investimento nos últimos anos em nova rede e na conservação da existente e viu crescer, por outro lado, o valor das indemnizações pagas aos consumidores.

    Os dados fornecidos pela empresa indicam que o investimento em nova rede de distribuição cresceu entre 1999 e 2005, passando de 230 milhões para 404 milhões de euros, mas desde há quatro anos travou o esforço nesta área. Em 2008, ficou em 304 milhões de euros e a tendência é para prosseguir nesta linha: no próximo triénio, prevê um investimento anual de 230 milhões de euros.

    Quanto à conservação da rede existente, registou um pico em 2002, com 465 milhões de euros de investimento, um valor que não voltou a igualar. Em 2008, ficou em 137 milhões de euros, no ano anterior tinham sido 146 milhões.

    Também foi em 2008 que a EDP Distribuição contrariou o caminho percorrido na última década: o tempo de interrupção do serviço na média tensão aumentou em vez de descer, passando de 109 minutos/ano para 113,4 minutos. Em contrapartida, no ano passado, pagou mais de meio milhão de euros de compensações aos consumidores, o que representa um aumento de 68 por cento, ao arrepio de anos anteriores. in Público.


    Tribunal de Contas "chumba" contas públicas de 2008


    O relatório da Conta Geral do Estado de 2008, hoje entregue pelo Presidente do Tribunal de Contas, Guilherme de Oliveira Martins, apresenta, uma vez mais, um imenso rol de críticas à gestão dos dinheiros públicos. Mas adopta um tom ainda mais duro. Em resumo: não é possível confirmar com rigor nem o valor da receita, nem da despesa, nem o do património do Estado.

    ... O TC aponta ainda o dedo ao modo como foi contabilizada a receita “excepcional, não repetível e não inicialmente prevista no Orçamento” proveniente das concessões de barragens, pelo valor global de 1.382,5 milhões de euros, sendo que 521,2 milhões de euros “foram consignados pelo Governo a despesas não directamente relacionadas”. — in Jornal de Negócios.


OAM 667 31-12-2009 21:00 (última actualização: 01-01-2010 19:13)