quarta-feira, junho 29, 2011

Alta Velocidade mais devagar

Bitola europeia, já!
Para Ligar os portos de Lisboa, Setúbal e Sines ao resto da Europa



La UE reserva dinero para el AVE extremeño en sus planes hasta el año 2020HOY.es

Até que Espanha garanta uma linha de bitola europeia, para tráfego misto (passageiros e mercadorias) entre Badajoz e a fronteira francesa, sem rupturas de carga, nem distância a mais, podemos marinar o projecto português de Alta Velocidade, quer dizer, atrasar o início dos trabalhos um ou dois anos e empurrar a abertura da nova linha a conclusão lá para 2014-2015, negociando as soluções mais racionais e vantajosas para ambos os países.

Lisboa-Madrid é uma prioridade, pois ligar duas capitais e duas regiões separadas apenas por seiscentos quilómetros e onde residem mais de dez milhões de habitantes não pode ser considerado à partida um projecto economicamente inviável. Em Espanha, que tem hoje a maior rede AV do mundo, todas as ligações que operam entre cidades com mais de quinhentos mil habitantes —Madrid, Saragoça, Barcelona, Valência, Málaga, Córdova, Sevilha—têm-se revelado um êxito: retiram cada vez mais carros da estrada, diminuindo o número de acidentes e os custos de seguros associados, e fizeram cair a pique o tráfego aéreo.

Mas há uma prioridade, por assim dizer, mais essencial: aproximar os portos portugueses da Europa pela via férrea. Numa primeira fase há que ligar Sines, Setúbal e Lisboa a Madrid (um grande mercado energético, de matérias primas, de produtos manufacturados e de turismo), e depois ao resto da Europa. E numa segunda fase haverá que lançar as linhas Porto-Aveiro-Salamanca-Europa, e Porto-Galiza.

Uma das medidas que deve acompanhar este projecto é a obrigatoriedade de incorporação de uma certa percentagem de trabalho, produção e criação nacionais. Não devemos, por outro lado, perder a oportunidade de relançar a indústria ferroviária desenvolvendo um cluster tecnológico e criativo à sua volta.

Mais do que ruído, é preciso agora recuperar as ideias claras e pragmáticas, e agir em nome da rentabilidade dos projectos em agenda, alterando-os sempre que se justificar — sem prejudicar compromissos assinados.

ÚLTIMA HORA
Comissário dos Transportes diz que fundos para o TGV não poderão ser usados noutros projetos

Bruxelas, 30 jun (Lusa) -- O comissário europeu dos Transportes, Siim Kallas, defendeu hoje que os fundos comunitários destinados à ligação ferroviária de alta-velocidade entre Lisboa e Madrid não poderão ser usados noutros projetos.

"Em termos concretos, os fundos de coesão são uma decisão dos Governos e podem ser realocados, mas os fundos de projetos prioritários não podem ser realocados. Então, se o projeto for cancelado, este dinheiro não poderá ser usado e regressará ao orçamento europeu", afirmou Siim Kallas.

"Então, se o projeto for cancelado, este dinheiro não poderá ser usado e regressará ao orçamento europeu", acrescentou o comissário.

© 2011 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Pires da Fonseca: Linha UIC deve ligar Poceirão a Bobadela, Setúbal e Sines

A linha ferroviária de Lisboa a Madrid aceita comboios de mercadorias, e não apenas passageiros. Mas deste lado da fronteira esta vantagem competitiva poderá ser desaproveitada, se a linha mista "morrer" no Poceirão, como está previsto.
Pires da Fonseca, presidente do CA da Takargo, diz que é um erro e um desperdício de dinheiros públicos deixar a linha UIC no Poceirão, ao invés de a fazer seguir para Bobadela, Setúbal e Sines, tornando estes portos mais competitivos do que o de Valência para servir a região de Madrid.
A diferença é, "apenas", um ganho superior a 200 km na ligação entre as duas cidades, para as mercadorias; e deveria obrigar à revisão do plano português de efectuar uma via dedicada de bitola ibérica entre Évora e Caia, que após a fronteira se dirige, já do lado espanhol, em direcção a Puertollano, onde entronca com a linha Madrid-Algeciras. Por outras palavras, essa linha seria dinheiro deitado à rua, porque, com ela, Valência será um porto ainda mais prioritário para alimentar Madrid — in Cargo News.

TRÊS OPINIÕES OPORTUNAS, EMBORA COM NUANCES...

O Governo precipitou-se na decisão sobre a nova rede de bitola europeia
Rui Rodrigues

O actual Governo português, antes de tomar qualquer decisão sobre a ligação Lisboa-Madrid, deveria ter informado o Governo espanhol.

Vamos aos factos:

Em 2003, Portugal assinou os acordos da Figueira da Foz, sucessivamente confirmados por três Governos nacionais: Durão Barroso, Santana Lopes e José Sócrates.

Em 2005, o Governo de Sócrates informou que iria adiar o projecto por cinco anos. Essa decisão foi tomada no local certo: a Cimeira luso-espanhola em que Sócrates participou.

Das quatro ligações acordadas (Valença, Vilar formoso, Elvas e V.R. Santo António), apenas se encontra em construção o troço Badajoz-Madrid.

A Espanha avançou com esta ligação (Badajoz-Madrid) na sequência do que ficou assinado na Cimeira luso-espanhola de 2005. Portugal assumiu, por seu lado, que terminaria o troço Caia-Poceirão até 2013.

Antes da assinatura dos Acordos da Figueira da Foz, em 2003, o Governo espanhol de então informou que se Portugal não estivesse interessado na ligação AV entre Madrid e Lisboa a Espanha construiria apenas a linha Badajoz-Madrid em Velocidade Elevada (VE), com um tempo de viagem de três horas, pois a ligação Madrid-Mérida-Cáceres-Badajoz, em Alta Velocidade, não teria tráfego que justificasse o investimento.

Portugal assinou os Acordos da Figueira da Foz. Para se garantir um tempo de viagem inferior a três horas entre as capitais ibéricas foi então acordado entre os dois países que a via a construir entre Madrid e Lisboa seria de Alta Velocidade e destinada a passageiros e mercadorias.

Se Portugal abandonar agora aquilo com que se comprometeu, a Espanha terá investido para nada milhares de milhões de euros numa Linha de Alta Velocidade (AV) com 400 quilómetros, entre Badajoz e Madrid. Ao não chegar a Lisboa, o investimento de Madrid daria prejuízo certo.

Portugal perderá toda a credibilidade internacional se levar por diante esta decisão intempestiva, e a Espanha terá depois todo o direito de não cumprir as restantes ligações ferroviárias previstas, em bitola europeia, entre os dois países. Portugal tornar-se-ia então uma ilha ferroviária condenada à extinção.

Algumas pessoas importantes, em Portugal, ainda não perceberam que num acordo entre dois países há que respeitar os interesses de ambas as partes.

O actual Governo não sabe ainda o que quer, nem apresentou nenhum plano alternativo.

Esta situação faz lembrar o que ocorreu em 2002 na Cimeira de Valência, onde o Governo português da altura apresentou propostas para um "T deitado", que não passavam de simples "riscos desenhados sobre mapas", chegando a impor traçados em território espanhol. Por seu lado, o Governo espanhol apresentou então dossiers com projectos de engenharia para justificar a sua posição. Essa Cimeira terminou num fracasso devido ao erro do "T deitado" que visava apenas servir o embuste da Ota.

O que fazer?

O actual Governo português cometeu 2 graves erros:
  1. Tomou uma decisão sem avisar o Governo espanhol.
  2. Não apresentou nenhuma alternativa.
Uma coisa deve ficar clara: a Espanha já avisou, mais do que uma vez, que não vai mudar nada nos acordos assinados. Se alguém espera que pode impor novas decisões ao país vizinho, está redondamente enganado.

Portugal deverá não só cumprir os seus compromissos, i.e. permitir a chegada da linha AV ao Poceirão (estação de mercadorias) e Pinhal Novo (estação de passageiros), como ainda ligar esta linha que vem de Espanha (e do resto de Europa), aos portos de Sines, Setúbal e Palmela (Auto-Europa).

Portugal teria assim maior credibilidade e construiria no futuro a restante rede ferroviária de bitola europeia, de forma faseada e em sintonia com o rendimento disponível.

Alta Velocidade Lisboa-Madrid. "A solução está nos detalhes".
Comunicado do IDP - 29 Junho de 2011

Vem o Instituto da Democracia Portuguesa (IDP) chamar a atenção para a decisão constante no Programa do XIX Governo Constitucional, apresentado em 28 Junho, de suspender a parte portuguesa do projeto de Alta Velocidade (TGV) Lisboa-Madrid. Para o IDP, é uma oportunidade única para redimensionar o projeto. A solução está nos detalhes.

O referido Programa indica que "poderá sujeitar-se o projeto (TGV) a uma reavaliação, incluindo o seu conteúdo e calendário, numa ótica de otimização de custos, à luz dos novos condicionalismos, e que deverá ter em conta o estatuto jurídico dos contratos já firmados".

Recomenda o IDP que tal decisão deve abrir uma fase de reflexão relativamente curta para dotar o projeto de Alta Velocidade de uma maior racionalidade, ainda que se incorra em eventuais penalizações com os adjudicatários da obra. Assim o exige um pensamento estratégico de longo prazo, ousado, articulado e coerente, no que se refere à ligação de Portugal à Europa.

A nova via tem que ser pensada com parâmetros do século XXI. É ponto assente que Portugal só terá acesso à fronteira francesa através da rede radial espanhola: que terá de adoptar a rede de bitola europeia de 1435mm de largura para não ficar isolado da Europa; que essa ligação deve suportar tráfego misto de passageiros e mercadorias com ligação aos portos de Lisboa e Sines; e que a ligação Lisboa Madrid se deverá fazer em não mais de 4 horas, de forma a competir com a rodovia e a ligação aérea.

A solução está nos detalhes. O custo de uma linha de AV pode variar entre 3 milhões de euros por Km, nas regiões planas de baixa densidade populacional e 60 milhões de euros por Km, devido ao custo de túneis, pontes e viadutos. Em zonas montanhosas, uma linha de AV atinge valores médios acima dos 30 milhões de euros por Km.

Poderão ser obtidas enormes poupanças no projeto de Alta Velocidade (TGV) através da moderação da velocidade máxima, sem quaisquer incómodos nos objectivos comerciais do transporte de passageiros e permitindo simultaneamente providenciar uma grande melhoria e compatibilização do tráfego de mercadorias.

As poupanças começam pelos primeiros investimentos de construção, em que a preparação dos terrenos, e o tamanho dos túneis têm um peso gigantesco, e as poupanças projectam-se ao longo da vida útil da ferrovia, com custos de manutenção e de exploração muito mais favoráveis. Em consequência, as tarifas de passageiros e de carga de mercadorias imediatamente resultarão muito mais competitivas.

Tendo em conta que a re-análise sobre as características da ligação são dependentes do consenso dos dois países ibéricos e que a esmagadora parcela do mercado de procura se localiza nos extremos, na Grande Lisboa, por um lado, e na Grande Madrid, há que contar com as maiores valias que as seguintes contribuições podem representar para a sustentatibilidade do projeto de Alta Velocidade

- Redução da velocidade máxima para passageiros de 300km/hora para 280/250, com perda de 10 minutos até à fronteira.

- Manutenção da velocidade de composições de mercadorias 25ton/eixo de 100/120km/hora.

- Compensação pela anulação da paragem de composições mais rápidas (280km/hora) na cidade de Évora. (perda de 15 minutos)

- Previsão de continuidade da ligação em bitola europeia até ao Porto de Sines.

- Extensão do acesso de passageiros em mais 10km em recta até ao Serviço Fertagus na Estação existente do Pinhal Novo, assegurando a interligação com as 4 linhas de metro em Lisboa. Estação central de check-in em Lisboa Entrecampos.

- Integração de energias renováveis nas Estações intermédias.

A redução da velocidade máxima de projecto de Alta Velocidade ofereceria as seguintes poupanças e vantagens operacionais imediatas.

- Muito maior compatibilização operacional entre diferentes famílias de composições de passageiros e mercadorias.

- A inclusão e exploração de outras composições de passageiros mais económicas, 160km/hora (tipo regional intercidades), 222km/hora (similar a Alfa convencional, não pendular).

- Custos expressivamente mais baratos de primeira implantação, seja nos traçados, seja nos custos de fundação e geotecnia, seja de catenária e ainda outros.

- Custos sensivelmente mais baratos em exploração, seja em manutenção da via e da catenária, seja em custos e energéticos, seja mesmo em custos de pessoal de segurança.

- Custos reduzidos em túneis e obras de arte.

- Custos reduzidos em estações e apeadeiros de travessia.

- Custos reduzidos em aparelhos de controle e desvio e de sinalização.

Considera o IDP que “os pactos são para cumprir”. Neste caso, os chefes de Governo de Portugal e Espanha acordaram na 19ª Cimeira Ibérica em 2004, na Figueira da Foz, num traçado estratégico de alta velocidade ferroviária (TGV).

Sugere o IDP que a parametrização do compromisso de ligação de alta velocidade entre Lisboa e a fronteira francesa, passando por Madrid, receba uma "prioridade absoluta" em Cimeira Ibérica a realizar em 2011, uma prática interrompida em Zamora, em 2009.

Considera o Instituto da Democracia Portuguesa que, nesta hora de crise europeia generalizada, uma Cimeira Ibérica em 2011 será um exemplo de cooperação entre os dois países que pode ser o ponto de partida para uma ampla cooperação entre os países “periféricos” da União Europeia no que toca a respostas económicas a problemas financeiros comuns. Em vez de se virarem as costas perante as respectivas dificuldades, é urgente o entendimento entre países “periféricos” da União Europeia, independentemente dos erros graves que cometeram na estratégia de desenvolvimento económico. A luta pela coesão europeia não pode mais vogar ao sabor das oscilações perversas dos mercados financeiros e exige cada vez mais firme governação. Saibamos dar à Espanha, à Europa e ao mundo o sinal certo de quem quer vencer crises e não o de viver a seu reboque.

Lisboa, 29 de Junho de 2011
A Direção do IDP

Contributo para um Plano Integrado de Transportes nacional, baseado numa rede de bitola europeia (actualização), Capítulos 13-14. Estudo coordenado por Luís Cabral da Silva (Eng.)

Quanto aos Transportes, há a registar a divulgação, em 28 de Março de 2011, do Livro Branco dos Transportes na UE, da responsabilidade do Comissário Europeu dos Transportes, Siim Kallas. É um documento que caracteriza as políticas europeias de longo prazo para a área dos transportes e de que se destaca o seguinte:
  • Reconhece-se que a Europa, sendo deficitária quanto à produção petrolífera, não pode ficar refém dessa forma de energia nem da imprevisibilidade da flutuação dos seus preços, impulsionados pela crescente procura mundial, pelas disponibilidades da produção, pelas reservas com que ainda se poderá contar e também por uma significativa especulação; 
  • Reconhece-se que, na Europa, os transportes são responsáveis por 27 % das emissões de CO2 para a atmosfera e que há que reduzir rapidamente tal valor;
  • Estabelece-se o ano de 2030 como horizonte para a redução de 50% no consumo de combustíveis “clássicos” em todos os transportes citadinos e o ano de 2050 para a sua eliminação total; 
  • Estabelece-se o princípio da descriminação activa para os transportes rodoviários para percursos superiores a 300 km e, simultaneamente, a opção pelos modos marítimo, fluvial e ferroviário, por serem os energeticamente mais económicos 
  • Aponta-se a necessidade da progressiva introdução de combustíveis hipocarbónicos (adição de bio-combustíveis) na aviação, bem como uma melhor gestão do espaço aéreo europeu.

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 03.07.2011 11:32

segunda-feira, junho 27, 2011

Deixai vir a nós as Low Cost!

TAP paga para vender Groundforce — mas a quem?
Em 2006 a TAP comprou, por 140 milhões de euros, 99,81% da famosa Portugália Airlines, que a Espírito Santo Internacional já não queria para coisa nenhuma. Será que o festim vai continuar?

Groundforce: demasiado pequena para sobreviver.

TAP vai pagar para vender Groundforce

A TAP vai pagar para vender a Groundforce, a sua empresa de "handling". O Negócios sabe que o processo de venda está próximo do fim e pronto para a análise final pelo Governo. A TAP vai suportar os prejuízos dos primeiros anos e receber pelos lucros dos anos seguintes - se existirem. O mais importante para a TAP é cumprir a ordem da Autoridade da Concorrência, livrar-se de um prejuízo antes da privatização e garantir qualidade de serviço — in Negócios online 27 (Junho 2011 | 07:42).

E agora? A quem pretende a TAP vender os 49,9% do capital que tem na empresa? Às três sociedades financeiras que já detêm 50,1% da empresa: BIG, Invest (da construtora Alves Ribeiro) e Banif (do malogrado Horácio Roque, e hoje considerado "lixo" pela Moody's?

A espanhola Globalia ficou farta da politiquice lisboeta e dos sindicatos que à época montaram várias greves com o objectivo de fazer regressar a Grounforce ao Orçamento de Estado, colocando então a TAP entre a espada e a parede: ou compravam a posição da Globalia, ou teriam que procurar novos accionistas. A Groundforce já tinha dívidas que chegassem, mas mesmo assim Fernando Pinto conseguiu captar novos accionistas — ou melhor, os governos de Madrid e de Lisboa fizeram mais um arranjinho de Estado! O endividamento da empresa, e o mau serviço, esses continuaram alegremente, para desespero dos passageiros.

“Em Outubro de 2009, o Capital Próprio situou‐se em 68 405 milhares de euros negativos, decorrente do Resultado Líquido do Exercício de 28 223 milhares de euros negativos e dos Resultados Transitados de 49 275 milhares de euros negativos. As Dívidas a Instituições de Crédito situaram‐se nos 26 766 milhares de euros reflectindo o recurso às entidades bancárias”  — in Groundforce, Relatório de Gestão de 2009.

Tal como a PGA e tantas outras empresas inviáveis e/ou falidas do universo privado sob protecção governamental (EDP, BCP, etc.) o problema maior é este: quem quererá comprar uma empresa atolada de dívidas e com excesso de pessoal que, através do respectivos sindicatos, não hesita em colocar sistematicamente o Estado e os governos perante a chantagem do despedimento?

Tal como a TAP, a Grounforce deveria abrir falência, em vez de continuar a sangrar os bolsos dos contribuintes.

A solução é dolorosa, mas necessária: num dia fecham-se-lhes as portas. No outro, abrem-se novas empresas, ou spin-offs das mesmas — com visões actualizadas dos negócios, inteiramente privadas, com novas administrações, bem reguladas e salvando as máquinas e pessoas da empresa falida em condições de serem salvas. Menos do que isto, na actual situação de bancarrota nacional, é desafiar os demónios e garantir que em menos de três meses estaremos como a Grécia: sem governo possível, falidos e com o resto do planeta a olhar-nos de soslaio.

Mais de 80% dos voos na Portela ligam destinos europeus, em aviões chamados narrow bodies, percorrendo distâncias conhecidos por médio curso. Neste enquadramento deixou de fazer sentido serviços de bordo gastronómicos, ou bagagens pesadas. É a era Low Cost! Quem não percebeu ou não quis perceber o que a Blogosfera e este blogue se fartaram de anunciar, pelo menos desde 2006, ou preferiu prosperar à conta dos amigos no governo, está agora numa situação lamentável sem outra solução que não seja a reestruturação radical dos negócios.

Revolução ou Implosão?

O desafio é cada vez maior e evidente



Uma revolução social e cultural de base cognitiva a caminho?

Estamos no princípio de um processo de degradação acelerada da base económica do bom estado social. A par das manifestações de criatividade social indignada, assistiremos também ao colapso sucessivo das sociedades solidárias construídas ao longo dos últimos 65 anos. Temos, porém, que mergulhar nas causas profundas desta crise, que não são, em primeiro lugar, políticas, mas energéticas e de modelo de crescimento.

Duvido, infelizmente, que a tragédia dos comuns seja evitada pacificamente e sem guerras.

quinta-feira, junho 23, 2011

Como privatizar a TAP?

TAP Europa | TAP Atlântica | TAP Oriente
Pretendendo encurralar o novo ministro, Álvaro Santos Pereira, com a chantagem dos despedimentos, defensores encapotados do status quo falido do país (tríade de Macau e lóbi de Alcochete) acabam de reconhecer que a TAP está falida e é comercialmente inviável. Um definitivo tiro no pé!

Só há uma maneira de salvar a TAP: privatizando-a quanto antes!

“A concorrência das companhias aéreas de baixo custo vai custar 2 mil milhões de euros à TAP. De acordo com um estudo interno da companhia, a que o jornal Público teve acesso, a transferência de passageiros e a pressão para reduzir os preços ameaçam causar prejuízos de 152 milhões de euros em apenas um ano.

Em causa está a abertura de uma base da Easyjet no aeroporto da Portela em 2012 e ainda a concorrência da irlandesa Ryanair.

A confirmarem-se os prejuízos, os despedimentos na TAP serão inevitáveis o que pode levar ao encerramento da empresa.” — SIC Notícias. (1)

Não é a concorrência, estúpido! É a incompetência de gestão e a intromissão política, estúpido!

Há anos que a Blogosfera tem vindo a chamar a atenção de quem deve estar atento, sobre o curso suicida da TAP. Mas como quem mandou até agora foram os construtores civis, os negociantes de terrenos e o comissionista partidário de turno, não há outra saída que não passe pela privatização urgente, quer da TAP, quer da SATA. Nenhuma das companhias consegue sobreviver sem fortes subsídios estatais, i.e. mais endividamento externo! Além do mais, não foi Fernando Pinto que em entrevista aos jornais saudou em tempos a concorrência das Low Cost?

O ataque mediático dos defensores do status quo falido, veiculado pelo Público de hoje, contra o que ontem mesmo escrevi, configura duas perigosas derivas por parte de poderes informais instalados: uma deriva guerrilheira contra o novo governo, usando para tal golpes baixos, como foi já o caso do despedimento colectivo nos estaleiros de Viana de Castelo, ou o anúncio aos quatro ventos de que a TAP, afinal, não é viável em ambiente de concorrência leal, ou seja, que vale pouco ou nada em sede de privatização!

Esta insinuação, e a tentativa de responsabilizar o actual governo pela inevitável redução de efectivos que o obeso grupo TAP terá que sofrer, revelam três coisas: que as actuais administrações da TAP e da ANA foram e continuam capturadas por interesses inconfessáveis, muito pouco públicos; que estão desesperadas; e que os poderes instalados (tríade de Macau e lóbi de Alcochete) parecem dispostos a sabotar sucessivamente o memorando de entendimento assinado pelo governo "socialista" de José Sócrates com a Troika, e a maioria governamental recentemente formada. É caso para dizer que o corropio em curso de entrevistas à RTP-N, por parte de grandes figurões da alucinação socratina, não passa dum branqueamento cínico de quem tem efectivamente muitas contas a prestar ao país!

Além do mais as notícias sobre a falência da TAP são antigas, pelo que o alarme do Público não passa de uma sombra feia para agitar os sindicatos e as comissões de trabalhadores, a quem aconselho vivamente que estudem detalhadamente a situação e lutem por uma solução ajustada à realidade.

TAP vai registar os maiores prejuízos de sempre desde a chegada de Fernando Pinto — 02-10-2008, Público

“A transportadora perdeu 133 milhões até Agosto e prevê-se que as contas piorem até ao final do ano. A tentativa de acordo com os sindicatos parece estar condenada.”

“Quando Fernando Pinto apresentou os resultados do primeiro semestre de operação da TAP (136 milhões de euros de prejuízos), ainda restava a esperança de que o Verão, período de pico da indústria aérea, ajudasse a recuperar a empresa. Ontem, o gestor brasileiro regressou à mesma sala para anunciar que os meses de Julho e Agosto apenas reduziram as perdas em três milhões de euros.
Os dados acumulados dos oito primeiros meses do ano mostram uma TAP a caminho dos piores resultados de sempre desde a chegada de Fernando Pinto, no ano 2000. Desde Janeiro, a companhia registou prejuízos de 133 milhões e "o mais provável é que o resultado líquido seja pior no final do ano", avançou Michael Conolly, administrador financeiro da transportadora, ao PÚBLICO.”

Prejuízos de 2008 provocam falência técnica da TAP — 16-12-2008, Presstur

“Fernando Pinto começou (...) por comentar que a falência técnica é “aspecto contabilístico”, embora admitindo que “tem que ser visto” e, “principalmente”, à luz das obrigações do Artigo 35 do Código das Sociedades Comerciais, que determina que os administradores devem propor aos accionistas o reforço do Capital Social quando os Capitais Próprios já foram inferiores a dois terços desse montante.”

“[...] Fontes financeiras disseram ao PressTUR que o facto de a TAP passar a estar em incumprimento do Artigo 35 do Código das Sociedades Comerciais coloca o risco de qualquer credor poder pedir a falência, mas, frisam, não tem sido essa a prática, desde logo por que os próprios credores querem é que a empresa continue a laborar para poder ressarcir as dívidas.”

Pode evitar-se a privatização da TAP? Não.

Mas pode o Estado continuar presente na futura companhia? Pode: com uma pequena %. O serviço público das ligações entre-ilhas, na Madeira e nos Açores, e destes arquipélagos ao continente, pode e deve ser assegurado por companhias privadas subsidiadas pelo Estado. A TAP e a SATA (depois de privatizadas), mas também outras companhias poderão disputar livremente estas oportunidades de negócio com deveres especiais associados.

Em 19 de Março último o António Maria escrevia:
  • A TAP não tem futuro, a não ser reestruturando-se radicalmente. Isto é, focando-se na única actividade que lhe dá dinheiro: voar!
  • A TAP não tem futuro, a não ser partindo-se em três companhias ponto-a-ponto: TAP Atlântica (Brasil, Venezuela, Angola, Cabo-Verde, São Tomé, etc.); TAP Europa (mais de 80% do seu movimento actual); e TAP Oriente (Turquia, Golfo, Índia, China, Japão), com parceiros regionais fortes (na Europa, a Lufhtansa, em África a TAG, na Ásia, com a Air China, etc.)
  • A TAP precisa, como do pão para a boca, da Portela, mas de uma Portela renovada a sério e bem gerida, talvez por uma ANA privada, não para engordar a burguesia palaciana, inepta e preguiçosa nacional, mas para entregar a gestão aeroportuária do país a um consórcio privado com provas dadas, subordinado a obrigações de serviço público muito claras, mas libertando de uma vez por todas a gestão desta empresa rentável dos indecorosos boys&girls do PS e do PSD.
  • A Portela precisa, como do pão para a boca de obras que aumentem a segurança das pistas e a gestão dos movimentos no ar e em terra. Para tal precisa de libertar espaço aéreo militar reservado na zona de Lisboa sem qualquer justificação e que apenas permanece como está pela estúpida e proverbial resistência dos lóbis burocráticos às decisões racionais. Num estado civil, os militares obedecem ao poder civil democraticamente eleito, ponto final! O ministério da defesa, infelizmente dirigido nas últimas décadas por amadores e aparachiques, continua a ocupar corredores aéreos de bases militares à volta de Lisboa, inúteis ou até desactivadas: Sintra e Montijo (inúteis), e Alverca (desactivada).
  • A TAP precisa dum aeroporto na cidade, porque 80% dos seus voos são para e do espaço comunitário europeu, porque apenas 9% dos aviões que demandam a Portela são da classe wide-body (i.e. adequados a viagens de longo curso, nomeadamente intercontinentais), o que afasta liminarmente a verborreia dos vendedores-ambulantes do PS e do PSD sobre o "Hub aeroportuário de Lisboa".
  • A Portela deve permanecer, pelo menos até 2020, como o único aeroporto civil de Lisboa, pois tem ainda oportunidades de ver crescer o número de passageiros que por ele transitam, sem precisar de aumentar muito mais o número de movimentos de aeronaves. Só no filet mignon dos horários prime-time, há falta de slots na Portela. Mas isso é assim em todos os aeroportos! O que mais importa saber é que os aviões da TAP andam vazios, para ser mais preciso, com taxas de ocupação muito baixas e sempre a descer desde que as Low Cost atacaram, e bem, o mercado português. Os nossos imbecis governantes ainda não perceberam que o sucesso das Low Cost, que tem vindo a encostar a TAP literalmente às boxes (em Faro, Porto, e em breve Funchal e Lisboa) se deve, em grande parte, ao enorme contingente de novos emigrantes portugueses que viajam, desde que há tarifas convenientes, não uma ou duas vezes por ano, como antes acontecia, mas de dois em dois meses, todos meses, ou até quinzenalmente (sobretudo quando têm emprego ou negócios simultaneamente em Portugal e nalgum outro país comunitário). Os irresponsáveis e incompetentes políticos agarrados à mama orçamental habituaram-se às borlas e mordomias da TAP, e como qualquer viciado em heroína, custa-lhes a deixar os maus hábitos  pagos pela nossa austeridade!
  • Finalmente o aeroporto da Portela, que tem ainda margem para crescer fisicamente (nova taxiway, afastamento dos militares do aeroporto fantasma de Figo Maduro, desalojamento de alguns serviços e empresas do perímetro mais próximo da zona operacional das pistas, etc.) precisa de importantes e urgentes obras de saneamento básico. Tudo junto: uns 100 a 200 milhões de euros de investimento útil, para prolongar a vida de um dos mais seguros, pontuais e convenientes aeroportos do mundo. Como se vê, a construção civil ainda tem muito que fazer em Portugal. Só não queremos que continue a roubar à descarada e a enterrar o país, em vez de o construir!

Como privatizar a TAP?

Não há soluções fáceis para fazer o que tem que ser feito. A pior das soluções seria encanar a perna à rã, com sucessivos planos de mitigação dos problemas e reestruturações fictícias, com os vários grupos de pressão à bulha. Por isto mesmo só vejo uma saída produtiva para o impasse da empresa que descapitalizou a Parpública: o encerramento.  Uma nova empresa com os seus principais activos intactos, aviões, pilotos e pessoal de manutenção técnica, deverá então ser criada. Os postos de trabalho redundantes deverão ser extintos, indemnizando-se de acordo com a lei os profissionais afectados. A nova empresa deve então ser colocada no mercado de privatizações, podendo o Estado português deter uma posição minoritária na nova companhia, ao mesmo tempo que desenha uma visão estratégica para a nova empresa (TAP Europa, TAP Atlântica, TAP Oriente), e que impõe contratos de concessão bem desenhados no que se refere aos serviços públicos a que a futura TAP deverá estar vinculada.

Estamos em guerra! É uma guerra contra os níveis incomportáveis do nosso endividamento, mas não deixa de ser uma guerra. E em tempos de guerra, todos temos que admitir medidas de excepção em nome do bem comum. Não vejo como poderão os sindicatos pensar doutro modo.

NOTAS
  1. Ainda sobre esta ofensiva, outra citação:
    Apoios e custos reduzidos atraem concorrência de baixo custo — 23.06.2011, Público.

    “Os incentivos dados pelas entidades públicas às companhias de aviação low cost têm servido de estímulo à entrada destas empresas no mercado nacional. E, agora, com os projectos da ANA para transformar um dos terminais da Portela numa infra-estrutura com custos reduzidos, é provável que o poder que têm aumente. Ryanair e Easyjet já são donas de 23 por cento do tráfego aéreo e continuam a investir em força.”



O que dizia o genial inventor do aeromoscas de Beja, em 2007...

ANEXO

Cronologia de um desastre anunciado
23-06-2011 19:41


Publico um longo email que recebi a propósito do que acima se escreve, pela sua grande oportunidade.

“ — Este email é para ser ter uma ideia geral da situação da TAP que está falida e que terá que ser reestruturada e privatizada por imposição do FMI.

A TAP é uma empresa que já está em dificuldades financeiras há vários anos. O Presidente da empresa, Fernando Pinto paga a uma empresa de comunicação e imagem para dar a falsa ideia que a empresa está em boa situação e que é competitiva. A maioria da imprensa participa nesta farsa.

A situação mais caricata aconteceu há pouco tempo quando apresentaram as contas de 2010 e só revelaram o valor das receitas e ninguém conheceu o valor das despesas. Sempre que o Presidente da TAP aponta o preço dos combustíveis como o grande culpado dos prejuízos não há nenhum jornalista que lhe pergunte se os aviões das outras companhias não têm o mesmo problema.

Vamos aos factos:

Em 2008, quando o petróleo atingiu os 150 dólares a TAP teve perto de 300 milhões de euros de prejuízos

No ano de 2009, surpreendentemente a TAP anunciou que só teve 3 milhões de prejuízos. Não acredito nesta recuperação espectacular.

Em 2010, dizem que só tiveram prejuízos próximos dos 58 milhões de euros quando o Petróleo já está a 130 dólares; tendo em conta o cambio do euro, o custo dos combustíveis está semelhante aos preços de 2008.

O Governo já tentou privatizar a TAP mas ninguém a quer devido ao elevado passivo e por ter milhares de trabalhadores que vão ter que ser despedidos. Por esta razão ninguém a quer.

Quem está a injectar dinheiro na TAP é a Parpública, que está interessados no novo aeroporto de Alcochete. Como ninguém quis comprar a TAP agora fala-se na possibilidade de vender a ANA e a TAP em pacote. Isto é, quem comprar a ANA que tem lucros anuais de 50 milhões de euros, teria a possibilidade de construir o Novo Aeroporto e ficaria com a TAP!

PRECISAM DA TAP PARA JUSTIFICAR ALCOCHETE

No passado, diziam que a Portela estava esgotada devido á falta de slots. Como essa mentira já caiu, agora, a nova argumentação a favor de Alcochete reside no facto, segundo a NAER, de a Portela não servir para aeroporto Hub. Para salvar a TAP, dizem que é necessário o NAL em Alcochete. Isto é falso porque só 9% dos aviões que aterram a Portela são aviões de longo curso. A esmagadora maioria dos aviões da Portela são aviões de médio curso para a U.E.

EFEITO DAS LOW COST NO MERCADO AÉREO NACIONAL

A ANAM, empresa que explora o aeroporto da Madeira, publicou um estudo sobre as consequências da entrada, há 2 anos, da Easyjet na rota Lisboa-Funchal.

O estudo da ANAM revelou as seguintes conclusões:

– A easyJet ganhou 23% de quota de mercado, tendo transportado 195 mil passageiros em 2010, num total de 848 mil pessoas.

- A tarifa média baixou dos 144 euros para 73 euros, ou seja, teve uma quebra de 50%. Em 2010, a easyJet praticou uma tarifa média de 51 euros, enquanto a da TAP e SATA foi de 70 euros.

- A TAP perdeu em dois anos quase 95 mil passageiros, tendo baixado a sua quota de mercado de 78% para 58%, o que correspondeu a 492 mil passageiros. A SATA, em compensação, ganhou 24 mil clientes.

- A taxa de ocupação dos aviões das 3 companhias é: Easyjet 83%, TAP 64% e SATA 71%.

- Em 2007 o Estado pagava 20 milhões à TAP, em compensações, para os passageiros viajarem entre a Madeira e o Continente. Em 2010, pagou 6 milhões.

Em 2008, o tráfego aéreo Lisboa-Funchal era de 763 mil passageiros, transportando a TAP 595 mil, sendo 78% do total, com uma tarifa média de 144 euros, o que correspondeu a 85 680 000 euros de receitas, somando 20 milhões de euros em compensações pagos pelo Estado. Em 2010, a TAP transportou 492 mil passageiros a um preço médio de 70 euros, o que representou 34 440 000 euros de receitas, mais 6 milhões de euros em compensações. Ou seja, a perda de receitas para a TAP, de 2008 para 2010, terá atingido um valor próximo dos 65 milhões de euros.

Conclui-se, assim, que a entrada das Low Cost nesta rota provocou uma forte quebra na tarifa média e uma perda de dezenas de milhões de euros para a TAP.

LOW COST NO PORTO

Em Fevereiro de 2010, as Low Cost já possuíam 58% do tráfego total com a Ryanair em primeiro lugar, com perto de 150 mil passageiros e a TAP com pouco mais de 103 mil. Com uma base só com 5 aeronaves, a Ryanair tem uma média de 138 passageiros por avião, enquanto na TAP tem 59 pessoas por avião.

No Aeroporto do Algarve, que é a principal região turística de Portugal, já só possui 3 voos e a empresa Grounforce teve que despedir 330 trabalhadores. Em Faro, as Low Cost têm 86% do mercado. No Porto, as Low Cost, passaram de 11% há poucos anos para 58% do mercado, em Fevereiro de 2010, o que obviamente também provocou fortes quebras nos preços dos bilhetes e redução nas receitas da TAP.

LOW COST NO TERMINAL 2 DA PORTELA

Foi anunciado, recentemente, que o pequeno Terminal 2 passaria a ser utilizado para as Low Cost e que a Ryanair e Easyjet poderiam ali fazer a sua base com um pequeno número de aviões. Convém recordar que os aviões das Low Cost nunca estão no aeroporto, porque estão sempre a voar para efectuar receita. Ou seja, o Terminal 1 que irá possuir 20 mangas passaria a ser utilizado como HUB pela TAP e outras companhias aéreas de bandeira e o Terminal 2 seria só para as Low Cost.

As consequências vão ser as mesmas do que se passou em Faro, no Porto ou no Funchal. O que provavelmente vai acontecer é que o Terminal 1 vai começar a esvaziar e o Terminal 2 vai ficar com muito mais passageiros. Muitos aviões da TAP ficarão parados por falta de passageiros.

A criação de bases na Portela da Ryanair e Easyjet vai provocar uma nova quebra das tarifas nos destinos para a U.E. e forte perda nas receitas da TAP.

TAP DIMINUIRÁ COMO A ALITALIA?

A Alitalia, quando chegou a uma situação em que o prejuízo atingia 1 milhão de euros por dia, teve que ser reestruturada, também devido à concorrência das Low Cost. A companhia italiana foi obrigada a eliminar as rotas não rentáveis e a reduzir os custos, de modo a permitir uma diminuição nos prejuízos.

O que aconteceu com a Alitalia, também poderá ocorrer com a TAP, sobretudo nas rotas Portugal-países da União Europeia (UE). Para se ter uma ideia da diferença de produtividade, basta dizer que a TAP transporta 684 passageiros por cada um dos seus trabalhadores, enquanto a Ryanair transporta 10.050 e a Easyjet, 6300.

A TAP, após ter adquirido a Portugália por 140 milhões de Euros, vai ter ainda que pagar elevadas indemnizações aos trabalhadores já despedidos.

O que ocorreu com a Alitalia é a imagem do que poderá vir a acontecer no resto da UE, pois é muito provável que o mercado seja dominado pelas Low Cost e o que está a verificar-se na rota Lisboa-Funchal é um exemplo real de como a TAP não pode competir com o modelo de gestão das companhias de baixo custo.

CONCLUSÃO

A TAP não pode competir com as Low Cost no mercado europeu.

O Novo Governo vai ter que reestruturar a TAP e privatizar a empresa por imposição do FMI. Infelizmente, milhares de trabalhadores vão para o desemprego. As únicas pessoas que ficam na empresa, serão os pilotos e pessoal de manutenção. Boa parte do pessoal de terra irá para o desemprego.

No handling, após as 330 pessoas despedidas em Faro, o mesmo se poderá passar no Porto e Funchal devido à concorrência das Low Cost que trabalham com a Portway. A Tap trabalha com a Groundforce.

A TAP vai ter que abandonar as rotas que não são rentáveis. A rota mais lucrativa é Lisboa-Luanda. As rotas para o Brasil e África são lucrativas. Na U.E., o problema é a concorrência das Low Cost que fizeram cair os preços dos bilhetes para valores muito baixos.

Se fizerem um novo aeroporto em Alcochete arriscam-se a cair numa situação caricata: ter um novo aeroporto sem a empresa de bandeira, pois entretanto a TAP faliu. Ou seja, algo parecido como o aeroporto de Beja. Alcochete seria assim uma Beja em ponto gigante” — R.

quarta-feira, junho 22, 2011

Privatizem a TAP e a SATA, já!

TAP falida encomenda aeroportos em vez de aviões!
Entretanto, a aviação comercial recupera e recebe mais encomendas do que pode satisfazer



Assim que inaugurar a estação de Metro da Portela, o aeroporto de Lisboa será uma das mais competitivas interfaces de mobilidade do mundo. Poucos aeroportos baterão a Portela em matéria de pontualidade, acessibilidade, rapidez e conforto (mas convém, apesar das boas notícias, libertar a ANA da sua actual tacanhez partidária).

Quanto à mentira da saturação do aeroporto de Lisboa (1), basta consultar as tabelas de Slots para verificar que apenas entre as 7 e as 8 da manhã os Slots se encontram, em alguns dias e épocas do ano, ocupados a 100%. O interesse da Ryanair e da easyJet pela Portela é outro sinal claro de que o argumento fabricado pela malta perigosa do NAL —novo aeroporto da Ota em Alcochete, também conhecido por Novo Aeroporto de Lisboa— é um descarado embuste. Para as Low Cost que têm vindo a comer o bolo dos lucros do transporte aéreo de e para o nosso país, no cocuruto pelado do gaúcho que dirige a TAP, este é um excelente aeroporto e deverá sê-lo durante os próximos 20 anos, pelo menos. Depois desta data duvido que o petróleo permita a euforia do transporte aéreo dos últimos 30 anos.

Como se os Slots na Portela não estivessem às moscas, antes e depois das horas sétima e oitava da manhã, a União Europeia prepara-se para atacar as obstruções e negociatas duvidosas com os tempos disponíveis de descolagem/aterragem nos aeroportos europeus. Sabe-se que, no caso da TAP, uma das causas da sua ruína foi ter andado a segurar Slots à custa do contribuinte — um exemplo claro de companhia pública falida alimentada a pão de Ló!

EC study: Slot review could result in more than €5 billion in benefits by 2025. ATW (1-6-2011)

“According to the authors, there are problems with slot coordination (e.g., some aspects of how coordinators are structured could be interpreted to limit the independence of the coordinator), slot “misuse and abuse,” and slot allocation (e.g., at some congested airports administrative mechanism has led to inefficient allocation “as scarce capacity is used for flights with small aircraft” and secondary trading is not transparent, particularly at non-London airports).

[...] The study also concludes that allowing the introduction of market-based mechanisms would help to ensure that slots can be “used by those carriers able to make the best use of them,” the EC said in a statement.”

Finalmente, a Portela tem ainda algo a fazer para expandir a sua capacidade operacional!

Por um lado, o taxiway da Portela precisa de um prolongamento para evitar cruzamentos de pista (valor estimado da obra: 50 milhões de euros); e por outro, o incremento de corredores aéreos de aproximação às pistas pode ser conseguido de um dia para o outro, terminando a farsa do chamado "aeroporto militar de Figo Maduro" e encerrando o já inútil aeródromo militar de Sintra (a guerra colonial acabou há trinta e sete anos!)

Nos primeiros seis meses deste novo governo é preciso atacar com frieza analítica e coragem política as posições irracionais ocupadas pelos lóbis corporativos — sejam estes civis, ou militares!

Sobre este tema recebi esta manhã um comentário agudo e mordaz da Blogosfera anónima, que reproduzo:
    “...a easyJet tem bem claro aquilo que sempre se disse e defendeu: a Portela é um aeroporto ideal para as Low Cost, ou seja, chega-se à conclusão de que a Portela apenas não serve para a TAP. Tirem pois a TAP do Terminal 2 e deixem o mercado funcionar. Por certo que a Ryanair irá abrir por cá uma base, onde como se espera lá irá provocar a erosão nos tráfegos da TAP. Mas afinal não há qualquer problema nestas perdas de tráfego, pois a TAP desde que aqui se escreve negoceia em aeroportos.”

Entretanto o mundo não pára, e a aviação comercial recupera!

O novo Airbus A320 NEO já só aceita encomendas para depois de 2016. O grande apetite por este avião decorre da sua extraordinária eficiência energética — a prioridade económica que já entrou nas cabeças dos executivos mais atentos e que têm mais a ganhar ou perder.

A privatização da TAP e da SATA devem avançar quanto antes!

Creio que chegou o momento de colocar a TAP nas mãos de um grande grupo aeronáutico. Por mim, aposto na Lufthansa e em ligações fortes ao Brasil e Angola, para começar. O Atlântico norte já está nas mãos da nova aliança entre a Ibéria, British Airways e American Airlines. O Atlântico sul deverá ficar noutras mãos... europeias, claro!

Airbus e Boeing aceleram em ambiente de retoma
Por Luís Pimenta/OJE (com agências); 21/06/11, 01:06

O sector da aviação civil voltou a descolar. No Salão Aeronáutico de Le Bourget, um dos mais importantes do calendário mundial, são esperadas encomendas recorde e propostas tecnológicas sem precedentes. Ironicamente, são os próprios fabricantes que poderão não conseguir dar resposta...

A velocidade sente-se em praticamente todos os segmentos de mercado: nos "narrow-body" (Boeing 737, Airbus A320), nos "wide-body" de longo curso (A350, B 787) e nos aparelhos de grande porte e alcance (A380, B747-8). Com novos modelos e um esforço pelo aumento da capacidade de produção, os fabricantes tentam dar resposta ao previsível crescimento de encomendas, fruto da descolagem que se começa a sentir na economia global e, acima de tudo, dos voos cada vez mais altos dos países emergentes.

[...] Os especialistas do mercado consideram que esta retoma volta a colocar em foco os "narrow-body" (A320/ B737): "As encomendas para as famílias A320 e B737 encontram-se em níveis recorde", refere Paul Sheridan, da empresa de consultoria aeronáutica Ascend.

“Os dois fabricantes contam com mais de 4300 encomendas destes populares modelos, contra as cerca de 1200 registadas no final de 2002", sublinhou o mesmo responsável, considerando que, "ao ritmo actual de produção, será praticamente impossível encomendar um destes aparelhos para entrega antes de 2016”.

NOTAS
  1. A capacidade da Portela é de 21 a 23 milhões de passageiros/ano, e 40 movimentos/hora (descolagens+aterragens). Em 2010 a Portela movimentou 14.108.955 passageiros. Fora das duas únicas horas de ponta do dia, o aeroporto da Portela mais parece um aeródromo de província. É o lá vem um! Para verificarmos esta realidade à lupa basta consultar o serviço da ANA, Online Coordination System. Passos da navegação no sítio online: “Runway Availability” -> Week -> “Country”: Portugal -> “Airport”: LIS -> “Week containing”: 20JUN (ou outra data qualquer) Compare a disponibilidade de Slots da Portela com, por exemplo, London-Heathrow (LHR).

Bloco à deriva

Louçã e Fazenda: ortodoxos, autoritários e sem imaginação. Que fazer?

Miguel Portas, Marisa Matias e Rui Tavares: novo Bloco ou cisão?

Rui Tavares rompe com o Bloco de Esquerda

“Rui Tavares decidiu romper politicamente com o Bloco de Esquerda, depois de Francisco Louçã não lhe ter respondido a um pedido de desculpas público exigido pelo deputado europeu eleito como independente pelo Bloco de Esquerda.

O historiador exigira um pedido de desculpas público ao líder do BE, Francisco Louçã, depois de este o apontar como tendo estado na origem de informações enganosas sobre os fundadores desta força política.

A exigência de Rui Tavares consta numa nota de imprensa do seu gabinete no Parlamento Europeu e visava responder a um texto publicado por Francisco Louçã, às 23h18 de sexta-feira passada, na página do facebook do líder do Bloco de Esquerda (BE).” — Expresso, 21-06-2011.

A derrota eleitoral do Bloco de Esquerda foi demasiado grande e grave para que dela se não tirem as devidas consequências. Recusar arrogantemente falar com a Troika deveria, no mínimo, custar os postos de direcção a Francisco Louçã e a Luís Fazenda. Mas perder metade dos votos numa única eleição merece outro desfecho bem mais radical, mas também mais ambicioso, do que um simples acto de contrição jesuíta, como aquele que Louçã fez depois de se ter visto cercado de críticas e de olhares públicos reprovadores. Merece uma cisão!

Num partido menos cheio de presunção democrática, e mais sério e pragmático, o desaire em cadeia causado pelas decisões dos fundadores mais activos do Bloco, Franciso Louçã e Luís Fazenda, deveria já ter levado este movimento partidário a uma séria reflexão ideológica e programática, da qual não poderia deixar de sair um rompimento claro com os dois cadáveres ideológicos que actualmente impedem o crescimento do projecto, e até fazem perigar a sua existência. Refiro-me ao cadáver do maoísmo, protagonizado pelo quadrado Luís Fazenda, e refiro-me ao cadáver do trotskismo revisionista, oportunista e pueril, protagonizado pelo linear Louçã.

Estes dois fósseis ideológicos podem merecer a nossa curiosidade histórica e cultural, mas não qualquer tipo de atenção, e muito menos devoção. Se as duas viúvas negras que transportam estas enteléquias ao peito fossem mais jovens, ainda se poderia esperar um arrependimento, ou uma auto-crítica consequentes — e o Bloco lá mudaria de vida e de ideias, adaptando-se aos tempos. Há tanto por onde escolher. Mas como está a coisa, parece-me improvável.

Não há mesa que resista ao leninismo organizativo de Fazenda e de Louçã. Logo, só resta uma alternativa para salvar o que resta de um projecto cuja ambição é captar um eleitorado urbano instruído: afastar Louçã e Fazenda, ou partir para outra aventura política e cultural, mais actual, séria e promissora.

A decisão de Rui Tavares não poderia ser mais clara a este respeito. Creio que aponta e bem para a necessidade de se fundar um verdadeiro partido ecológico em Portugal, centrado na crise energética, no colapso ambiental e na mudança do paradigma da felicidade. Os modelos convencionais do progresso, do crescimento económico e do trabalho não só deixaram de fazer sentido, como a simples sobrevivência dos mesmos ameaça de morte a humanidade e a própria vida na Terra. Uma nova filosofia holística sobre a sustentabilidade de Gaia precisa de inspirar rapidamente as instâncias políticas da sociedade. Para já, não se conhece método mais eficaz, limpo e instrutivo, para lá chegar, que não seja a formação de um partido político.

Oxalá a saída de Rui Tavares possa em breve ser acompanhada de ruptura na mesma direcção no grupo de deputados que o Bloco elegeu para a Assembleia da República. Há hoje dicotomias muito mais urgentes e fundamentais do que a velha dicotomia Esquerda-Direita.

POST SCRIPTUM (22-06-2011 11:20)

Nem de propósito! A entrevista a Miguel Portas —que saúdo— foi publicada esta manhã pelo i, mais de oito horas depois desta postagem. Premonição pura.
Miguel Portas “A renovação do Bloco tem de passar pela saída dos quatro fundadores”i, 22-06-2011 08:21