PCP salva-se de um salto para o abismo e salva o país de um mais que certo desastre se, porventura, António Costa usurpasse a maioria das últimas eleições
Para Francisco Assis o acordo de esquerda é a parte visível de um icebergue, mas “a parte invisível (deste icebergue) é a mais determinante”. Salvo se, digo eu, o PCP e o Bloco já tivessem passado pelo upgrade ideológico e programático de que desesperadamente precisam para ainda estarem por cá, quer dizer com alguma presença expressiva no parlamento e nas autarquias, em 2020. Não passaram, e não vai ser fácil aos mais novos vencerem as resistências dessa espécie de honestas e dogmáticas testemunhas de Jeová que habitam o lúgubre CC do PCP, ou os esqueletos ideologicamente decrépitos do Bloco, dos pequeno-burgueses maoístas Fazenda e Rosas, ao quadrado trotskista, da estirpe mandeliana, Francisco Louçã.
Os aggiornamentos do PCP e do Bloco precisam de tempo, e de ver reformados os velhos dirigentes. A golpada de António Costa, a que se somou a gula pelo poder que cresceu em e à volta de Catarina Martins, precipitaram os acontecimentos numa direção que poderá revelar-se fatal para o esperado e necessário renascimento do que resta das seitas marxistas-leninistas e trotskistas europeias.
Acontece que Arménio Carlos percebeu a armadilha e reagiu forte e feio. Nada mais do que uma manifestação-cerco da Assembleia da República no dia da votação das anunciadas moções de censura, e uma greve de estivadores durante dez dias, nos portos de Lisboa, Setúbal e Figueira da Foz, a partir de 14 de novembro. Ou seja, os nichos de mercado do PCP (sindicatos, autarquias e grupo parlamentar) não podem morrer nos braços do PS, um partido que como todos sabem e os comunistas nunca se cansaram de repetir, sempre esteve com as 'políticas de direita'.
Jerónimo de Sousa:
“a vida tem demonstrado que o PS, em minoria ou em maioria absoluta, sempre, mas sempre, ao longo destes 39 anos, fez uma opção - a política de direita - e a verdade é que os portugueses têm prova de facto, incluindo neste programa eleitoral [do PS]”, que, segundo o deputado do PCP, só se diferencia da coligação PSD/CDS-PP no “ritmo, modo ou grau” de austeridade — in Económico com Lusa, 1 set 2015.
O PCP recusa-se, portanto, a firmar acordos escritos com o PS. Ou seja, não há acordo que chegue para convencer Cavaco. E assim sendo só vejo uma saída para António Costa: ouvir Francisco Assis, anunciar este domingo que não há acordo para uma alternativa ao governo dos partidos que ganharam as eleições de 4 de outubro, e demitir-se imediatamente.
É que os danos que já causou ao país e ao PS são intoleráveis!