quinta-feira, janeiro 29, 2015

Não batam mais nos paraísos fiscais

A honestidade fiscal também não mora na Alemanha.

A fuga ao fisco é um problema, mas não é o maior de todos


Os paraísos fiscais em todo o mundo, e de todo o tipo, uns permitdos, outros perseguidos, incluindo as ilhas-pirata da Coroa Britânica, a City londrina, a Irlanda, a Holanda, o Luxemburgo ou a Suíça, poderão albergar entre 6 (Think Progress) e 32 (BBC) biliões de dólares—ou seja, entre 6E12 e 32E12 USD.

Para termos uma ideia da enormidade destas estimativas, basta pensar que o PIB mundial é da ordem dos 74 biliões de dólares—74E12 USD. Ou seja, a riqueza que foge, total ou parcialmente, às responsabilidades fiscais de origem, é da ordem de metade do PIB mundial.

Só em impostos não pagos por ano podemos estar a falar de 190 a 280 mil milhões de dólares. O PIB português em 2013 foi da ordem dos 220 mil milhões de dólares.

Tudo isto é verdade e deve ser denunciado e combatido. Mas não tenhamos ilusões: isto é apenas a ponta de um icebergue bem maior e mais perigoso.

Por exemplo, só a exposição do Deutsche Bank ao gigantesco mercado de derivados financeiros é da ordem dos 54,7 biliões de dólares—$54,7E12. Basta que 10% destes contratos (CDS, etc.) não sejam cumpridos, para que o DB tenha que assumir perdas na ordem dos 5,4 biliões de dólares, o dobro do PIB alemão!

Por sua vez, o 'valor nocional' do mercado mundial de derivados financeiros OTC (especulativos), era, segundo o BIS, na primeira metade de 2014, da ordem dos 691 biliões de dólares, mais de 9x o PIB mundial. Se apenas 10% destes contratos fossem ao ar, o buraco seria da ordem dos 69 biliões de dólares—próximo, portanto, do valor do PIB mundial...

Quero dizer com isto que a responsabilidade do Grande Buraco Negro que está a engolir as sociedades de consumo (e também as outras!) não é só do dinheiro que foge aos impostos, mas também do endividamento privado e público baseado em expetativas de crescimento que estão a desaparecer, e sobretudo ainda do jogo bolsista, boa parte do qual é investimento puramente especulativo.
Diria, em síntese, que é preciso menos impostos e mais repressão fiscal sobre os infratores, nomeadamente sobre os paraísos fiscais. Mas ao mesmo tempo é urgente suprimir a concorrência fiscal dentro duma mesma zona monetária, como hoje ocorre na Europa.
É mais urgente, factível e frutuoso, implementar imediatamente uma verdadeira união fiscal na Zona Euro, incluindo países associados ou com moedas atreladas à moeda única, do que insistir apenas no ataque já em curso contra os paraísos fiscais, nomeadamente por parte dos Estados Unidos, ou da China..

A denúncia cega dos paraísos fiscais pode ocultar sem querer a questão muito grave da concorrência fiscal entre países da zona euro, e a questão gravíssima da especulação financeira, nomeadamente com os célebres Credit Default Swaps, associados a PPPs, ao financiamento dos défices e das dívidas públicas, ou à especulação com taxas de juro e de câmbio.
Mas o que, do meu ponto de vista, temos que perceber de vez é que o paradigma do crescimento mundial mudou, seja porque o mix energético está em plena metamorfose, seja porque a redistribuição da riqueza mundial sofreu e continuará a sofrer um ajustamento brutal com a entrada dos países emergentes na equação de acesso e usufruto dos recursos finitos disponíveis, seja porque o modelo consumista, privado e público, morreu.
O perigo maior, neste momento, não são os paraísos fiscais, nem sequer a fuga aos impostos, mas a bolha de derivados especulativos, e o endividamento brutal, privado e público, que continuará a aumentar durante mais algum tempo.

Os maniqueísmos de que a comunicação social e os políticos gostam não são bons conselheiros.

quarta-feira, janeiro 28, 2015

O nó grego. Alemanha isolada?

Alexei Tsipras visitou em Kaisariani a campa dos duzentos ativistas gregos, na sua maioria comunistas, fuzilados pelos nazis em maio de 1944.

Parece que a Alemanha vai perder mais uma guerra


A Alemanha, que é tão extraordinária em tanta coisa, como no fabrico de automóveis e lentes fotográficas, ou na sua Filosofia, tem, no entanto, o mesmo problema do Francisco Louçã: pensa de maneira quadrada. Ou seja, a sua sensibilidade e capacidade de manobra são iguais a zero. Sempre que é conveniente contornar um obstáculo, o quadrado mal se move, pois, para chegar a qualquer um dos outros três lados do polígono, precisa de realizar um esforço enorme para vencer a inércia.

Todos sabemos que os oportunistas do sul da Europa se aproveitaram do súbito mas falso enriquecimento proporcionado pela entrada numa zona monetária forte. Sem produzirem o suficiente para o poder aquisitivo que lhes saiu na rifa, de um dia para o outro, desataram a comprar Golfs, Audis, BMWs, Mercedes e Porshces. E não ficaram por aqui. Especularam com terrenos e construiram milhares de empreendimentos imobiliáros para nada, construiram pontes para lado nenhum, autoestradas vazias, fecharam e venderam empresas em catadupa porque, de repente, o que produziam ficou mais caro do que sul-americanos, africanos e asiáticos exportavam para a Europa. Dedicaram-se aos casinos financeiros, que davam mais proveitos e prestígio do que a maçada de criar valor. E, para culminar tudo isto, endividaram os respetivos estados até à ruína, em nome de excelentes serviços de saúde, educação para todos, pensões de reforma para quem trabalhou e não trabalhou, e ainda mordomias sem fim e salários milionários para os principais rendeiros e devoristas dos novos e mui populistas regimes democráticos (outra aquisição repentina e mal digerida, claro). Em cima de tudo isto, a cereja da corrupção galopante—uma consequência previsível do abandono da ética, e da arrogância, protagonizados desde logo e em primeiro lugar pelas partidocracias instaladas.

Isto é tudo verdade, mas falta acrescentar um ponto: a Alemanha e os países ricos da Eurolândia contribuiram e beneficiaram como ninguém desta mentira económica, social e ética.

“...the conclusion is that Greece’s crisis is the EU’s fault, and the EU should “pay” via the debt write-offs that Syriza wants.” — Steve Keen, “It’s All The Greeks’ Fault”, Forbes, 21/1/2015.

Os gráficos (aqui e aqui) mostram que
  1. antes do euro a produção industrial da Grécia, Espanha e Itália cresciam mais depressa que a produção alemã, mas mais devagar do que esta última assim que foi criada a zona euro; e
  2. que o desemprego, a dívida pública, e o rácio da dívida privada face ao PIB se agravaram, e o desendividamento privado foi mais acentuado na Grécia e na Espanha do que nos Estados Unidos, quando comparados os gráficos homólogo, única e exclusivamente por efeito da austeridade. 
Mas há mais:

Por um lado, não podemos isolar o problema do endividamento e sobretudo das responsabilidades financeiras futuras do estado social grego, do resto da Eurolândia, como no gráfico seguinte bem se demonstra. 418% do PIB alemão são qualquer coisa como $15 592 490 980 000, enquanto que 875% do PIB grego são algo parecido com $2 115 058 750 000, ou seja, mesmo considerando as responsabilidades por cabeça, os números são desfavoráveis à Alemanha: $193 055/hab na terra da senhora Merkel, contra $192 418 /hab na terra do senhor Alexei Tsipras.



E mais ainda:

O sistema bancário grego está sob um enorme e orquestrado ataque financeiro especulativo. Teme-se pela segurança bancária grega, dizem. Mas a verdade é outra: o que se realmente se teme é que a crise grega possa revelar o grau de exposição criminosa da banca alemã, nomeadamente do Deutsche Bank, ao buraco negro dos derivados especulativos. Se não, reparemos no gráfico seguinte:



Vale a pena ler o comentário publicado pelo Zero Hedge sobre o artigo do The Wall Street Journal sobre esta bomba-relógio:

NY Fed Slams Deutsche Bank (And Its €55 Trillion In Derivatives): Accuses It Of "Significant Operational Risk"

Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 07/22/2014 20:41 -0400

First it was French BNP that was punished with a $9 billion legal fee after France refused to cancel the Mistral warship shipment to Russia (which promptly led to French National Bank head Christian Noyer to warn that the days of the USD as a reserve currency are numbered), and now moments ago, none other than the 150x-levered NY Fed tapped Angela Merkel on the shoulder with a polite reminder to vote "Yes" on the next, "Level-3" round of Russia sanctions when it revealed, via the WSJ, that "Deutsche Bank's giant U.S. operations suffer from a litany of serious problems, including shoddy financial reporting, inadequate auditing and oversight and weak technology systems."

What could possibly go wrong? Well... this. Recall that as we have shown for two years in a row, Deutsche has a total derivative exposure that amounts to €55 trillion or just about $75 trillion. That's a trillion with a T, and is about 100 times greater than the €522 billion in deposits the bank has. It is also 5x greater than the GDP of Europe and more or less the same as the GDP of... the world.

Que se passa então para lá da poeira e do fumo criados pela artilharia mediática?

Infelizmente só há uma explicação: a Alemanha tentou, mais uma vez, conquistar a Europa, usando desta vez uma estratégia sobretudo financeira. Uma vez mais falhou. E uma vez mais falhou porque traíu simultaneamente os compromissos com os aliados atlânticos, e com a Rússia!

Tal como nas anteriores tentativas de hegemonia, a Alemanha procurou resolver simultaneamente o problema do acesso ao mar e o problema da energia. Aceder à Eurásia, ao Atlântico e ao Mediterrâneo sem pedir licença, nem pagar taxas a ninguém, foi sempre um desejo racional, mas ilegítimo. Desta vez, caiu na armadilha americana de tentativa de isolamento da Rússia, aceitando expandir a NATO para os antigos países da Cortina de Ferro, ignorando que tal movimento seria sempre avaliado por Moscovo como uma ameaça intolerável.

A resposta de Moscovo foi estrategicamente contundente: interromper o fornecimento de gás natural (a energia rainha do século 21) à Europa via Ucrânia, e apostar num novo gasoduto a sul, com entrada europeia pela... Grécia!

A complicação está montada, e não é nada interessante para a Alemanha, a Holanda, e os países do Báltico.

Sinais eloquentes: os dois primeiros atos do novo governo grego foram uma homenagem aos comunistas fuzilados pelos nazis em Kaisariani, em 1944, e a receção do embaixador da Rússia, que já prometeu fornecer alimentos à Grécia, e o mais que for preciso.

A Rússia ameaçou o Ocidente com uma escalada sem precedentes da tensão existente se Wall Street, Londres e Frankfurt se atreverem a expulsar o país de Putin da SWIFT, a Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Globais.

A Rússia e a China são dois poderes globais a que a Grécia certamente recorrerá no seu desafio à arrogância paternalista do senhor Schauble.

Como em tempos escrevi, em vez de a Grécia sair do euro, pode acontecer que seja a Alemanha a regressar ao marco.

Batata quente da TAP vai explodir no próximo governo

Tal como a PT, a TAP é um fruto podre do senhor BES e do... PS


Pelo andar dos carroceiros, a TAP vai mesmo falir durante o próximo mandato. Trata-se de uma batata quente do tamanho ou maior ainda que a PT, e foi vítima dos mesmos pontapés que atiraram o BES e a Portugal Telecom para o charco, arrastando atrás de si centenas de empresas, e milhares de especuladores e incautos.

O BES e o Crédit Suisse, dois grupos financeiros conhecidos e abraços com a Justiça, por causa das suas piratarias de alto coturno, eram os fiadores, e os consultores, para quase tudo, da TAP. Foram estes banksters, por exemplo, que aconselharam o Governo, nomeadamente através do senhor Arnaut, do senhor Relvas e doutra corja da mesma laia, no processo de privatização abortado da TAP.

Convém recordar que o BES (ESI), antigo dono da Portugália Airlines, impingiu a PGA à TAP no tempo do Pinóquio Sócrates, mais precisamente em 2006—por cento e quarenta milhões de euros.

Por fim, relembro que o gaúcho Fernando Pinto foi contratado milionariamente, no ano 2000, para privatizar a TAP, transitando para esta companhia duma extinta empresa chamada Varig, de que a VEM era parte integrante e que, adquirida pela TAP em 2007, por 500 milhões de euros, num negócio que conviria investigar, pois até envolveu a Geocapital, de que Almeida Santos ainda é o presidente da respetiva Mesa da Assembleia Geral, nunca deixou de dar enormes prejuízos ao Grupo TAP, ano de 2014 incluído.

Creio mesmo que a operação TAP, apesar de mal orientada estrategicamente, pois não se preparou para a emergência das companhias Low Cost, tem sido mais ou menos rentável, mas os lucros obtidos têm servido sistematicamente para tapar o buraco sem fundo da agora designada TAP Maintenance & Engineering. Alguém colocou alguma vez a hipótese de estarmos na presença de um sistema de vasos comunicantes, onde os prejuízos circulam num sentido, e os lucros noutro?

Reproduzo, a propósito dos últimos desenvolvimentos do fogo fátuo em volta da segunda tentativa de privatização da TAP, a opinião de um leitor atento...

TAP - Uma privatização à grega
Avianca não entrega proposta para compra da TAP.
       
Segundo o Económico, o colombiano não está muito inclinado a entregar proposta para compra da TAP.

Parece pois que as coisas irão orientar-se para que a bomba-relógio vá cair direitinha nas mãos do PS quando este chegar a governo lá para o final do ano.

Como já se disse, a maturidade máxima do negócio do Gaúcho ocorreu no dia em que a Ryanair começou a operar em Lisboa. Parece que esta constatação é de alguma forma incontestável pois, segundo o relatório trimestral da TAP, o 3º trimestre, em vez de demonstrar um bom desempenho, revelou-se dececionante, e o 4º trimestre, com as paralizações, também não ajudou. Ainda faltam os dados do final do ano de 2014, que deixam antever, porventura, um cenário ainda mais complicado.

A receita por milha voada/ passageiro está claramente em queda, o que implica níveis de rentabilidade do próprio negócio em declínio. Eventualmente a Carga Aérea poderia dar uma ajuda. Mas apesar da competição na Portela ser reduzida, as coisas na TAP não se equilibram, ne por aqui.

A indecisão do colombiano decorre do acompanhamento do processo que se fez em 2012.
As condições de concurso foram substancialmente alteradas, sendo evidente na posição do colombiano que o seu interesse na TAP dependeria da total liberdade na área do pessoal. Como existem restrições em matéria de despedimentos e de rescisões de contratos, morre a margem de manobra para restringir a despesa.
Não será preciso perceber muito de gestão para entender que os efeitos são mais imediatos atuando diretamente na despesa, do que na receita, sabendo que esta (a receita) demora muito mais tempo a concretizar-se, para mais numa indústria altamente competitiva, onde as vantagens da TAP no médio curso (de onde provêm 60% das receitas) são praticamente nulas. Resta, pois, à TAP explorar a rota Lisboa-Terceira, que a Ryanair não disputará tão cedo.

O Diário Económico de ontem revela que as Low Cost (Ryanair, etc.) estão especialmente satisfeitas com os níveis de reserva conseguidas para Ponta Delgada, o que coloca a SATA numa situação especialmente desconfortável, pois as rotas para Ponta Delgada foram em tempos dadas à SATA como nicho protegido de mercado (à TAP deram a Terceira). A SATA é, assim, outra bomba-relógio, que deverá rebentar no futuro governo (PS?), e ainda durante a vigência do atual Governo Regional dos Açores (PS), que reivindicou publicamente a última vitória eleitoral do PS nos Açores como resultado da sua boa governação. Houve foguetes, champanhe a rodos, coisa de arromba. Vamos ver agora como irá acabar a festa.

No tocante ainda à TAP e à Terceira, a saída dos americanos das Lajes vai trazer complicações várias à economia da Terceira e do Açores. Mais uma bomba nas mãos do PS. Como é a TAP que opera na Terceira, com o poder de compra do pessoal em baixo, também não haverá muito dinheiro para a compra de bilhetes em aviões da TAP. Como em Porto Santo, vamos assistir a outro kaput da operação TAP nas ilhas adjacentes.

Talvez a Ryanair venha um dia a estar interessada na operação Lisboa-Terceira. Será que uma frequência de dois voos semanais poderá interessar-lhes?

E no meio disto tudo temos ainda o Montijo.

A Vinci quer maximizar os lucros na Portela. A TAP, para a sua sobrevivência, quer as Low Cost fora da Portela, coisa que no passado conseguiu através dos obstáculos colocados pela ANA às companhias Low Cost, mas que agora numa lógica de lucro rápido, não há como pressionar...

A TAP, ao restringir a sua operação ao mini-hub da Portela, por efeito evidente da concorrência e da falta de aviões que não deixem cair porcas pelo caminho, será uma má notícia para a Vinci. Esta irá certamente colocar mais pressão sobre o futuro governo. Imagino que no contrato assinado entre o governo e a Vinci tenham sido estabelecidas cláusulas de salvaguarda sobre tráfego, obrigando a compensações públicas caso a dminuição do mesmo seja imputável à TAP. Se é assim nas auto-estradas, não vejo que para a Vinci seja de outra forma.

A Vinci está, pois, muito atenta ao processo de privatização da TAP, bem como às opções futuras da TAP, nomeadamente em matéria de gestão. A falência da TAP é certamente um dos cenários que a Vinci tem em cima da mesa. Qual será o cenário da Portela e do Porto se a TAP fechar num dia e abrir no outro com uma nova configuração, onde haja uma redução de rotas? Estima-se em dois anos o tempo que leva outras companhias aéreas a ocuparem inteiramente o espaço deixado por uma companhia que faliu. Dois anos para a Vinci, com contas ao dia, é certamente muito tempo.

Vamos ver se a malta ainda não terá de entrar com o caroço para a Vinci. É claro que se pode agradecer ao BES/ESI, ao Gaúcho e ao Sérgio, se tal vier a ocorrer!

Apesar da queda do preço do petróleo, a TAP ainda cobra a "taxa de combustível".

Imagino que o Gaúcho lançou mão daquilo que ele diz ser o hedging, ou seja, um seguro para compra de Jet Fuel a determinado preço. Um swap no seu melhor! Ou seja, a TAP terá feito um seguro de combustível para preços superiores aos atuais, e agora está a pagar mais do que deveria pelo Jet Fuel. Deve ser por algo deste género que a malta que viaja na TAP, ao contrário de outras companhias aéreas, continua a pagar esta espécie de taxa FP. Como esta houve e há ainda outra que se chama VEM...

R.

PS. Num cenário de falência da TAP, ou de eventual privatização, cada vez mais afastada, a empresa simplesmente deixará de operar em Faro. Por sua vez, o destino da frota e do pessoal da PGA está traçado: não se podendo despedir pessoal, quem é que vai ter que os suportar durante dois anos sem fazerem nada? Acertaram! Será a TAP.

R.

Lisboa e Barcelona boicotam Portugaliza

Estou farto dos piratas catalães!


Oportunistas e peseteiros, os nacionalistas catalães, em perda acelerada de apoio eleitoral, unem-se aos aldrabões de Lisboa para tentar sabotar as ligações ferroviárias de alta velocidade entre a Portugaliza (o nome que José Rodrigues Miguéis deu à união histórica e convulsiva entre Portugal e a Galiza), toda a Península Ibérica, e o resto da Europa. O grave, grave, da questão, é que na sombra das manipuladas avaliações custo-benefício, da ideologia e dos supostos interesses estratégicos e históricos, só existe corrupção e da grande. Na Catalunha, e em Portugal.

CiU pide de nuevo paralizar el AVE a Galicia esgrimiendo informes de Francia y Portugal

El PP le reprocha que critique las obras cuando Cataluña tiene ya una línea de alta velocidad gracias a las inversiones del Estado

Gonzalo BareñoMadrid / La Voz, 28 de enero de 2015. Actualizado a las 05:00 h.

La campaña emprendida por la Generalitat y por CiU para tratar de paralizar las obras del AVE a Galicia no descansa ni siquiera cuando el Congreso se encuentra fuera del período de sesiones. Ayer, el diputado del Grupo Catalán Pere Macias aprovechó la reunión de la Diputación Permanente del Congreso para cargar contra este proyecto y contra el resto de los que están actualmente en construcción, esgrimiendo de nuevo la supuesta falta de rentabilidad de estas infraestructuras. La novedad en este caso es que el representante de CiU se basó también para ello en supuestos informes elaborados en Francia y Portugal que cuestionan este tipo de inversiones.

El diputado catalán llegó a tachar de «grave irresponsabilidad» el hecho de que el Gobierno insista en mantener unas obras de alta velocidad que, según dijo, ponen en riesgo financiero tanto a Renfe como al ADIF, mientras se abandonan inversiones en líneas de cercanías en Cataluña. Pere Macias se refería así al anuncio realizado por la ministra de Fomento, Ana Pastor, de que en el 2015 se pondrán en funcionamiento 1.000 nuevos kilómetros de AVE en toda España, entre ellos la finalización del eje atlántico hasta Vigo.

O falso ministro do ambiente

Plataforma Logística em plena Reserva Ecológica Nacional


Jorge Moreira da Silva, o falso ministro do ambiente que temos —não passa de uma máquina de lavar verde— confabulou com os seus colegas de governo a autorização de construção de uma plataforma logística em Valença, desanexando da REN, para este efeito, mais de 53 hectares.

O único objetivo 'estratégico' desta decisão ilegal (há uma lei que impede o abuso) é contribuir para a sabotagem das novas, necessárias e urgentes ligações ferroviárias em bitola europeia entre Portugal, Espanha e o resto da Europa. Tudo em nome, claro, dos negóciso rodoviários e aeroportuários da corja que arruinou o país: o Bloco Central da Corrupção Alargado (pois neste caso inclui o PCP).

Ver Diário da República

terça-feira, janeiro 27, 2015

Socialistas afundaram Grécia e Portugal

Sem fiança possível

BCE antecipou-se à vitória do Syriza (para não perder a face)


Como se escreveu neste blogue, o BCE, para não perder a face, já avançou para taxas de juro negativas (NIRP), mais radical ainda do que a proposta do recém empossado ministro grego das finanças, Yanis Varoufakis (1), que, em 2013, defendia taxas de juro zero, sem maturidade.
 

Hoje, 27 de janeiro de 2015, a Espanha foi aos mercados e obteve dinheiro a juros de 0,018% e 0,137%. Capiche?

A renegociação das dívidas europeias está em curso há vários anos, sobretudo através de programas de estímulo sucessivamente anunciados pelo BCE (2). É por esta razão que seria conveniente separar o ruído ideológico das inúteis cagarras partidárias, e as táticas negociais dos governos e bancos centrais, do sumo da questão. E o sumo da questão é este: a Alemanha e a França são os maiores credores na teia de endividamento europeu (ver gráfico publicado pelo The New York Times em 2010), mas todos devem algo a alguém. Ou seja, um incumprimento total por parte da Grécia, ou de Portugal, Chipre, Espanha, etc., é impraticável, e mesmo impensável, porque desencadearia um imparável efeito de dominó. Há, aliás, países da Eurolândia em situação potencialmente mais dramática do que a da Grécia. Basta olhar para os três gráficos seguintes (clique para ampliar).

O endividamento público relativamente ao PIB é uma coisa...

O endividamento privado é outra...

E o endividamento público, empresarial e das famílias, 'per capita', outra!


Corrupção é uma coisa, acusar os povos de preguiça, outra bem diferente! 


É certo que a corrupção instalada, nomeadamente na Grécia, Espanha, Itália, ou Portugal, pelos níveis e descaramento atingidos, acabou por contrariar e fazer implodir a esperada convergência entre os países menos desenvovlidos da União Económica Monetária (zona euro) e os seus parceiros mais ricos. Ou seja, houve claramente países que perderam, mais do que ganharam, com a moeda única, enquanto outros claramente ganharam em quase todas as frentes.

Esta realidade, que os seguintes gráficos demonstram, não desculpa, porém, as elites corruptas que decisivamente contribuiram para o colapso financeiro e económico-social dos PIIGS. É neste sentido que os povos do sul da Europa devem dar aos partidos que os afundaram o mesmo tratamento que as eleições gregas acabam de dar ao PASOK, o cabotino e corrupto partido socialista  grego.

Antes do euro, o crescimento da Grécia era claramente mais acelerado do que o da Alemanha

A Alemanha beneficiou claramente com a moeda única


EMAIL RECEBIDO

Acrescento, a propósito da discussão grega, um apanhado de notas de Rui Rodrigues sobre o caso português.

O BCE salvou Portugal do pior em junho e agosto de 2014

A decisão do BCE de comprar dívida pública em 2015 vai criar mais confiança na economia portuguesa, por uma razão simples: o nosso país já não irá passar por um novo resgate, em 2015. 
  • Foi o BCE que salvou Portugal do 2º resgate, que poderia ter ocorrido em Junho. 
  • Foi o BCE que permitiu que Portugal, Grécia, Espanha e Itália voltassem aos mercados. 
  • Foi o BCE que salvou Portugal do colapso financeiro no mês de Agosto (dia 4 Agosto) ao resolver o colapso do BES

BCE inova com resolução do BES

A resolução do BES foi adoptada na Europa pela 1ª vez.

A solução aplicada em Chipre correu muito mal, sobretudo por se ter optado por forçar os depositantes pagar a crise dos bancos. Clientes com mais de 100 mil euros ficaram sem 60% dos depósitos. Devido a este erro, muitas pessoas ricas passaram a colocar parte do seu dinheiro em cofres.

Assim, e por intervenção do BCE, o BES foi dividido em Banco Mau e Banco Bom (o Novo Banco—sem dívidas).
O BCE decidiu ainda que a lista de interessados na compra do Novo Banco teria que ser apresentada até 31 de Dezembro deste ano.

É muito provável que sejam os chineses a comprar o Novo Banco.
Se este problema ficar resolvido no 2º trimestre de 2015, será uma grande vitória para o BCE.

Objetivos do Quatitative Easing à moda do BCE

Antes de descrever esta nova realidade convém saber algumas noções de economia.
A economia pode estar em expansão (crescimento) e no oposto existem 3 fases de decrescimento: 
  • Recessão - oposto ao crescimento. 
  • Deflação - É uma fase perigosa em que os preços começam a cair. Os consumidores podem adiar ainda mais tempo nas suas compras  na esperança dos preços caírem ainda mais. Existe o sério risco dos produtores irem à falência por não conseguirem vender os seus produtos e por consequência o desemprego por disparar. 
  • Depressão - Esta é a fase mais grave de todas. Os Estados Unidos já viveram essa tragédia em 1929 quando tiveram a grande depressão económica que provocou a falência de grande parte dos bancos e de empresas e o desemprego foi o mais alto de sempre.
A Europa está em deflação—crescimento quase nulo e inflação próxima do zero.

O objectivo do BCE é claro: aumentar a inflação para um valor abaixo dos 2%, mas próximo deste valor. 
PAra provocar este efeito, o BCE irá comprar 60 mil milhões de euros de dívida pública por mês, de Março a Setembro. A intervenção pode prolongar-se, caso os valores da inflação não venham a ser atingidos. 
O BCE vai comprar títulos de dívida aos bancos com a intenção de colocar e fazer circular mais dinheiro na economia. 
A objectivo final é fazer crescer a economia e evitar o perigo de deflação.


Alemanha e França financiam os PIIGS

Em Portugal os maiores devedores são as empresas, depois o Estado, e por fim as famílias. 
A empresa com a maior dívida é a EDP: mais de 18 mil milhões de euros e juros de 600 milhões de euros por ano. 
Segundo opinião do Deutsche Bank, a Espanha, Irlanda e Itália vão resolver os problemas das suas dívidas.
A Irlanda tem a dívida empresarial mais elevada mas chegou a esta situação porque os seus bancos se "meteram de cabeça" nos derivados tóxicos.

Irlanda, Espanha e Itália têm economias mais fortes, o que ajudará estes países a pagarem as dívidas. 
Os casos de Portugal e Grécia são semelhantes. Crescimento baseado no endividamento.

O Deutsche Bank já sugeriu uma possível solução para a Grécia: ficar de quarentena durante uns anos até melhorar a sua economia. Nesse intervalo passariam a ter duas moedas:
  • o Drakma para operações internas 
  • o Euro para as trocas externas

Quem tivesse euros no banco mantê-los-ia e as poupanças seriam assim protegidas.


Consequências da decisão do BCE


Uma das consequências da decisão do BCE é a desvalorização o euro relativamente ao dólar

Esta opção poderá aumentar as exportações da Europa e consequentemente o emprego.

Os Estados Unidos, através da Fed, e a Inglaterra, através do Banco de Inglaterra, conseguiram aumentar o emprego e passaram a ter crescimento económico depois de terem optado pela compra maciça de dívida pública.

Aqueles que são contra a decisão do BCE dizem que o sucesso dos Estados Unidos e Inglaterra ocorreram em condições diferentes e em alturas diferentes das actuais. Nos EUA foi em Novembro de 2008. Em Inglaterra foi há 6 anos. Por estas razões julgam que o êxito do BCE pode ser bem mais limitado que nos EUA e Inglaterra.

NOTAS
  1. Yanis Varoufakis: 'We are going to destroy the Greek oligarchy system' (Channel 4—vídeo)

    Novo ministro das Finanças grego defendia em 2013 taxas de juro zero e empréstimos sem maturidade
    27 Janeiro 2015, 12:12 por Jornal de Negócios
  2. Draghi’s Introductory Remarks at ECB Press Conference: Text
    Bloomberg. Jan 22, 2015 1:52 PM GMT+0000

    Based on our regular economic and monetary analyses, we conducted a thorough reassessment of the outlook for price developments and of the monetary stimulus achieved. As a result, the Governing Council took the following decisions:

    First, it decided to launch an expanded asset purchase programme, encompassing the existing purchase programmes for asset-backed securities and covered bonds. Under this expanded programme, the combined monthly purchases of public and private sector securities will amount to €60 billion. They are intended to be carried out until end-September 2016 and will in any case be conducted until we see a sustained adjustment in the path of inflation which is consistent with our aim of achieving inflation rates below, but close to, 2% over the medium term. In March 2015 the Eurosystem will start to purchase euro-denominated investment-grade securities issued by euro area governments and agencies and European institutions in the secondary market. The purchases of securities issued by euro area governments and agencies will be based on the Eurosystem NCBs’ shares in the ECB’s capital key. Some additional eligibility criteria will be applied in the case of countries under an EU/IMF adjustment programme.

    Second, the Governing Council decided to change the pricing of the six remaining targeted longer-term refinancing operations (TLTROs). Accordingly , the interest rate applicable to future TLTRO operations will be equal to the rate on the Eurosystem’s main refinancing operations prevailing at the time when each TLTRO is conducted, thereby removing the 10 basis point spread over the MRO rate that applied to the first two TLTROs.

    Third, in line with our forward guidance, we decided to keep the key ECB interest rates unchanged. 
Atualização: 27/01/2015, 20:38 WET

Novo computador



O António Maria precisa de renovar as suas máquinas

  • computador portátil, rato, memória externa, pacote de manutenção e segurança...
Se aprecia o que escrevo, pense em enviar-me €1, mas também pode enviar €100 ;)

As nossas máquinas têm que ser robustas e seguras. Duram em média 4 a 6 anos cada. Precisamos dum portátil que tome o lugar no velho iBook G4, que deixou de suportar os novos browsers e muitas aplicações e plug-ins, cuja resolução de écrã já não chega para as encomendas, e cuja bateria deixou praticamente de carregar. E precisamos também de reforçar a capacidade e segurança das três máquinas em uso na edição do blogue: iMac, iBook e iPhone. E de um ratão novo;)

OBJETIVO: 900 euros

Assim que este montante for alcançado faremos o devido anúncio. A quantia recebida e o seu destino serão divulgados neste mesmo blogue.

QUANTIA RECEBIDA ATÉ 15/04/2015: 382,40€
Início desta campanha: 22/1/2015

RELAÇÃO DAS DOAÇÕES

13-04-2015 - 20,00
27-03-2015 - 20,00
24-03-2015 - 02,00
06-03-2015 - 10,00
19-02-2015 - 20,00
19-02-2015 - 25,00
10-02-2015 - 02,00
07-02-2015 - 40,00
05-02-2015 - 10,00
06-02-2015 - 20,00
03-02-2015 - 06,00
02-02-2015 - 10,00
02-02-2015 - 05,00
02-02-2015 - 05,00
02-02-2015 - 40,00
01-02-2015 - 10,00
29-01-2015 - 100,00
29-01-2015 - 10,00
29-01-2015 - 04,00
28-01-2015 - 05,00
27-01-2015 - 04,00
22-01-2015 - 14,40

TOTAL: 382,40


O António Maria convidará —por sorteio— um dos seus generosos leitores para jantar, em Lisboa ou no Porto, num restaurante inesquecível, assim que atingirmos o objetivo desta recolha de fundos e a encomenda do computador seguir o seu destino ;)

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Atualizado: 15/04/2015, 17:21 WET