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sábado, setembro 19, 2015

O que resta da Esquerda

Yanis Varoufakis, Sydney, 1993

Como estará a esquerda europeia daqui a um ano?


Varoufakis anuncia apoio aos dissidentes do Syriza nas eleições
Lusa, 18 setembro 2015

O ex-ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis anunciou hoje que apoia a Unidade Popular (LAE), o partido proveniente da cisão no Syriza em agosto e que se apresenta às legislativas antecipadas de domingo.


A apropriação oportunista do marxismo iniciada por Lenine criou um cisma insuperável na chamada esquerda intelectual. Esta, ou é infantil, ou autoritária. O seu erro fundamental reside no paternalismo com que sempre encarou a classe operária e, em geral, quem trabalha. O narcisismo vanguardista da esquerda marxista degenerada, traduzido na pressuposta superioridade intelectual e moral das elites socialistas e comunistas diante do Capital e das massas populares, não poderia ter melhor representante que Yanis Varoufakis. Depois da desagregação interna da União Soviética, parece ser agora a vez de assistirmos à implosão da esquerda pequeno-burguesa e chique europeia.

Talvez seja a condição necessária de uma nova utopia.

Varoufakis — finest media moments
By Cynthia Kroet
Politico, 7/6/15, 3:01 PM CET / Updated 7/6/15, 4:34 PM CET

Yanis Varoufakis, who resigned as finance minister Monday to facilitate any attempt by the left-wing government to keep Greece in the eurozone, cut a dash on the international stage with his casual dress and incendiary remarks that were seen as symptoms of a lack of seriousness by Greece’s international creditors and the often critical international media.

With his resignation, the Syriza-led coalition government loses one of its most controversial figures. Here are some of his most memorable moments on camera:

“I happen to be conservative”

RESPOSTA A UM AMIGO
Meu caro Armando Ramalho,

A metamorfose das democracias degeneradas que existem no mundo é um processo que já começou, mas vai atravessar ainda algumas fases cuja natureza e momento desconhecemos. Para já, o medo de regressarmos ao tempo dos piratas sem vergonha (do Loureiro ao Pinóquio) vai determinar a maioria de dia 4 de outubro. Pelo que vou vendo, lendo e estudando, o PaF é bem capaz de renovar a maioria. A esquerda populista e fandanga, que no caso do Bloco chegou a surpreender pela positiva, vai piorando dia a dia, sobretudo quando lhes perguntamos como faria se estivesse no lugar de Passos Coelho e Paulo Portas. Na frente da desgraça esquerdinofrénica, claro, o radicalismo crescente e suicida do sargento-ajudante Costa. Aceitei ser candidato em Lisboa pelo Nós, Cidadãos pois desejo ardentemente que algo mude naquela sacristia sórdida e bafienta a que chamam Assembleia da República.

Atualização: 19/9/2015 16:54 WET

sexta-feira, agosto 28, 2015

A disfunção da esquerda burocrática

Bezerro nascido em dezembro de 2009 em Rhode Island, nos EUA, com a marca de uma cruz branca na cabeça.
(Foto: AP)

A esquerda portuguesa não percebeu duas coisas essenciais: que entre nós predominam as classes médias (mesmo quando são muito pobres), e que a sua peculiar religiosidade sempre desconfiou e desconfia do poder


O governo provisório que dirigirá a Grécia até às próximas eleições é hoje empossado em Atenas.

O executivo vai ser liderado pela presidente do Supremo Tribunal da Grécia, Vassiliki Thanou, 65 anos, a primeira mulher a assumir a chefia de um governo no país.

[...]

O primeiro-ministro cessante, Alexis Tsipras, demitiu-se na semana passada depois de uma cisão no grupo parlamentar do Syriza a propósito do novo programa de resgate à Grécia.

Em declarações à imprensa na quarta-feira, Tsipras afastou a possibilidade de formar uma coligação, seja com a Nova Democracia (conservador), o Pasok (socialista) ou o To Potami (centro-esquerda), caso não vença as eleições com uma maioria clara.

in Diário Digital, 28/8/2015


Em democracia, a esquerda radical —e o PS falso e hipócrita de António Costa, mais os seus 'desmiolados' sábios economistas— não sabe, nem governar, nem segurar o poder quando episodicamente o agarra em eleições livres.

Aprenderam que a coisa só se pode fazer com a famosa ditadura do proletariado.

Esquecem-se, infelizmente para eles, que o proletariado morreu. Os trabalhadores de hoje já não podem alimentar as proles, e como tal, a sua base familiar revolucionária esfumou-se. Ou seja, os pressupostos da revolução social descolaram-se para outros paradigmas, que a esquerda burocrática em geral não consegue, nem quer ver.

Não podemos, porém, confundir esta esquerda burocrática, dominante, embora cada vez mais pulverizada, com os intelectuais livres que continuam a promover o ideal de uma sociedade socialmente justa, baseada na liberdade, na igualdade e na solidariedade, mas onde o poder deverá ser cada vez mais simétrico, e cada menos menos assimétrico. Ou seja, uma Irmandade Global (1).

Sinal dos tempos na Grécia: 
"O executivo vai ser liderado pela presidente do Supremo Tribunal da Grécia, Vassiliki Thanou, 65 anos, a primeira mulher a assumir a chefia de um governo no país."

NOTAS
  1. Acabei de ler esta madrugada o essencial de uma tese de doutoramento fascinante, da autoria de Antonieta Costa (ISCTE, 1998) sobre esse fóssil vivo que são as irmandades do Espírito Santo nos Açores, em particular na Ilha Terceira. Cheguei a este maravilhoso estudo sociológico e político através do meu amigo Ricardo Mealha, que mo recomendou sabendo das minhas deambulações em volta da metamorfose social em curso, e das aporias político-burocráticas que continuam a dificultar a emergência de um pensamento renovado sobre a anarquia e a absoluta necessidade de criarmos uma sociedade global alicerçada num labirinto geográfico e mental de redes sociais radicalmente democráticas, que dispensem a hierarquia subordinante, a sujeição, a exploração e a especulação oportunista, e, pelo contrário, cresçam a partir do equilíbrio entre a tradição e a criatividade. Voltarei a este estudo, pois desde que li A Via das Máscaras, de Claude Lévi-Strauss, que não sofria um tão estimulante sobressalto filosófico. Deixo este link para os relatos extraordinários em volta do Bezerro do Espírito Santo.

terça-feira, julho 14, 2015

FlashGrexit: humilhação ou falta de vergonha?


Alexis Tsipras prova o amargo sabor do realismo político

Não sei se já repararam, mas a Grécia está neste momento fora do euro, e o regresso pleno à moeda única poderá levar mais de dois anos a ter lugar.


A Grécia está em plena bancarrota e isolada da zona euro, apesar de manter formalmente a moeda. De uma maneira ou doutra a sua permanência na União Europeia e na zona euro terá que passar por uma reestruturação da sua gigantesca dívida pública, a caminho dos 200% do PIB, incluindo um perdão parcial da dívida (com perdas inevitáveis para as várias classes de credores, incluindo os detentores de depósitos bancários acima dos 100 mil euros), um alongamento das maturidades dos empréstimos com período de carência para o stock da dívida europeia que poderia chegar aos trinta anos, juros retroativos mais favoráveis nos empréstimos já concedidos, uma nova troca de obrigações do tesouro grego (haircut/ PSI) com perdas avultadas (75% em 2012) para quem investiu ou especulou com a dívida grega.

Afirmar, como afirmam as araras populistas do PS, do PCP e do Bloco, que estes sucessivos resgates são uma humilhação desferida contra os gregos, é ver a realidade de pernas para o ar.

A Grécia continua a ser uma plutocracia amparada por uma igreja omnipresente e por uma nomenclatura corporativa, burocrática e partidária corrupta e oportunista. A Grécia é um país sem verdadeiras instituições democráticas, apesar dos hinos a uma história há muito interrompida. Fazem cada vez mais lembrar essas famílias romenas que percorrem a Europa a pedir esmola, como se todos nós lhes devêssemos alguma coisa.

O clube europeu tem regras. Ninguém é obrigado a entrar, mas uma vez dentro, aldrabar os restantes sócios do clube é um comportamento inadmissível que terá sempre um custo a pagar.

Talvez seja o momento de Portugal também cumprir parte do memorando do resgate que até agora aldrabou ou diferiu para as calendas gregas:
  • plafonamento das pensões públicas, 
  • cortes drásticos nas rendas excessivas, 
  • nomeadamente no setor energético, 
  • renegociação das PPPs ruinosas, 
  • diminuição do número de governos municipais, 
  • eliminação das redundâncias burocráticas do aparelho de estado, 
  • e fim das inúmeras isenções fiscais e privilégios de que gozam partidos políticos, sindicatos, corporações várias, IPSSs, advogados, juízes, gestores públicos, etc...

Ou será que só quando chegarmos ao estádio grego é que iremos acordar, e implorar à Virgem de Fátima que nos salve?





Atualizado: 15/7/2015, 00:39

segunda-feira, julho 06, 2015

Esperança à esquerda?

"O BE passou por um processo de renovação geracional que era necessário e durou algum tempo."
Miguel Manso/Público

Mariana Mortágua: a minha personalidade do ano de 2015


Um lapsus linguae revelador da honestidade intelectual latente de Mariana Mortágua: “Não há uma política de direitos sociais sem condições económicas.”

“Se há um pânico nos mercados Portugal não tem como se defender”
Paulo Pena, 06/07/2015 - 07:56 Público

Esta é uma excelente entrevista, esteja-se ou não de acordo com as ideias expostas. Eu, no essencial, não estou, embora reconheça legitimidade a muitas das suas sagazes observações sobre as incongruências e a criminalidade organizada do capitalismo decadente que domina o planeta. Este é provavelmente o único discurso coerente do que resta, e é muito pouco, da esquerda histórica. Não seria mau para Portugal que esta economista-política fizesse o seu caminho, começando, desde já, por ascender à direção do Bloco. O PS morreu, e um vazio na esquerda do arco-íris político (o PCP não conta para efeitos práticos) seria trágico para a democracia portuguesa...

Seja como for, esta entrevista merece resposta à altura dos argumentos que apresenta.

domingo, maio 31, 2015

Tragédia grega em números

A grande pergunta é esta: em caso de Grexit quem paga? 


A rol do serviço da dívida em 2015, começando pelo mês de junho, é assustador. Mas depois, até 2057, mais assustador é!


Dívida grega: pagamentos devidos em 2015
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Dívida grega: pagamentos devidos em 2057
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domingo, abril 26, 2015

'Socialistas' gregos hipotecaram ouro do país à Troika

Os impérios financeiros não duram sempre...

O chamado socialismo europeu, com origem na social-democracia alemã, é uma fraude


Sabiam que o governo 'socialista' de George Papandreu hipotecou as reservas de ouro gregas à Troika? Sim, em caso de bancarrota, a Troika terá legalmente acesso, cortesia da cleptocracia 'socialista' grega, às reservas de ouro do país!

Em Portugal o que o aldrabão Sócrates fez com as PPP não foi menos criminoso.

Zero Hedge: Ms. Katseli, an economist who was labor minister in the government of George Papandreou until she left in a cabinet reshuffle last June [2012], was also upset that Greece’s lenders will have the right to seize the gold reserves in the Bank of Greece under the terms of the new deal.


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segunda-feira, março 16, 2015

O dedo de Varoufakis

Yanis Varoufakis numa palestra em 2013 sobre o futuro da Grécia.
O dedo no ar é um efeito especial ;)

O Syriza aposta no colapso do euro


Tudo o que é preciso saber sobre o que Varoufakis pensa da Alemanha e do euro.
Vale a pena ver este vídeo. O novo governo grego aposta no colapso do euro, e não no colapso da Grécia, pois esta já colapsou :(

Ou seja, o governo grego vai continuar a manter a batata quente ao colo do Schäuble, e do BCE.

Muda-se a terminologia, o BCE diz que não envia mais, mas envia mais dinheiro, e em maio saberemos todos quantos atores participam nesta farsa a caminho da tragédia.

Varoufakis' Latest Fiasco: FinMin Claims "Middle Finger To Germany" Clip Fake; Germany Disagrees
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 03/16/2015 11:46 -0400

It was a tough weekend (again) for Greece's embattled FinMin Yanis Varoufakis. After walking out on a CNBC interview when asked if he was a liability (after his photo shoot caused a storm in Greece), a video surfaced showing the outspoken minister giving the middle finger to Germany saying "solve the problem yourself." He has come out swinging this morning, as The Telegraph reports, Varoufakis exclaims, "That video was doctored. I've never given the finger, I've never given the middle finger ever." However, the user who uploaded it to YouTube denied it was a fake and, based on The Telegraph's poll, 67% believe Varoufakis did it. Furthemore, the German talk-show that aired the clip has confirmed "no evidence of manipulation or falsification," and, for the first time, a majority of Germans now want Greece out of the union.

O dedo no ar é falso!

Todo o audio do vídeo viral é verdadeiro, incluindo a frase "stick the finger to Germany", mas o gesto, esse resultou de uma trucagem genial realizada por um programa de humor do canal público de televisão alemão ZDF. Ver a revelação da fraude humorística nesta reportagem.

Jan Bohermann, host of satirical programme "Neo Magazin Royale" on public broadcaster ZDF, claimed he had been waiting since Sunday for someone to ask him if he had faked the controversial footage, but no one had questioned him.

"Sorry Mr Varoufakis, we won't do it again," he said, detailing how a production team had manipulated the video.

Atualização: 21/3/2015 23:59

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segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Grécia poderá repudiar legitimamente a sua dívida...

O regresso do Dracma?

 

Euro Is One of the Worst Designed Currencies: Kerr - Bloomberg Business


Nas palavras de Gordon Kerr, segundo o Citibank, se a Grécia não puder contar com uma extensão da Assistência de Liquidez de Emergência (ELA), então estará no seu pleno direito de repudiar 300 mil milhões de euros de dívida. E assim, se isto vier a acontecer, a Grécia ficará aliviada em 300 mil milhões de euros.

Um bom ponto de partida para recomeçar, com uma nova moeda, digo eu!

Gordon Kerr:
“Citibank is saying that if the ELA's are not extended Greece would be perfectly in its rights to repudiate up to €300 billion of debt. So the day after this happens, Greece would be €300 billion better off than it is right now.

[...] Bulgaria’s currency collapsed in 1996; within a weekend it was restructured.”
Bloomberg. Feb. 20 -- Cobden Partners Co-Founder Gordon Kerr discusses Greece’s debt negotiations and why he says Greece should leave the euro with Bloomberg’s Mark Barton and Manus Cranny on “Countdown.”

Euro Is One of the Worst Designed Currencies: Kerr - Bloomberg Business


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domingo, fevereiro 22, 2015

O Grécia-Alemanha ainda não acabou

Gráfico interativo do BIS via BBC (clicar)


O clube não se chama Alemanha, mas Europa


Premiê grego declara vitória com Grécia evitando colapso financeiro
sábado, 21 de fevereiro de 2015 14:12 BRST

ATENAS/BRUXELAS (Reuters) - O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, declarou vitória neste sábado após aprovação no último minuto de um acordo de resgate financeiro sob condições com a Europa, apesar das grandes concessões que terão que ser feitas para evitar o colapso financeiro nos próximos dias.

Aconteça o que acontecer na próxima Segunda-Feira (ver declaração de Alexis Tsipras/BBC), e nos próximos quatro meses, a relação da Alemanha com o resto da União Europeia sofreu um enorme abalo. E esta foi a vitória, gostemos ou não, da Grécia.

Talvez depois de os calvinistas e protestantes terem chamado porcos e preguiçosos aos católicos e ortodoxos de Portugal, Irlanda, Itália, Espanha e Grécia, e de os gregos terem lembrado o recente passado nazi da Alemanha e as dívidas de guerra que não chegou a pagar até a fim, seja agora o momento de introduzir alguma calma e racionalidade no desembrulhar de uma situação que está longe de ter sido resolvida na sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015. Na Grécia, como no resto da Europa.

Salvo alguns preconceitos culturais, o vídeo anexo é uma boa visualização da presente crise financeira europeia.





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sexta-feira, fevereiro 20, 2015

No Grexit


Jornal cooperativo alemão —taz.de—ridiculariza teimosia de Schaueble.

Grécia—1, Alemanha—0


Rebatismos
  • "troika": "the institutions"
  • "current programme": "current arrangement"

A Alemanha acaba de engolir um sapo, cortesia do Syriza, do BCE, da Rússia, do Podemos, dos EUA, e da NATO. Que estranha constelação esta, aparentemente formada para prejudicar a estratégia alemã e a arrogância do neo-Nosferatu Schäuble.

O mínimo que se pode dizer é que a Troika no seu formato conhecido acabou.

A Grécia terá um período de carência de quatro meses, que lhe permitirá uma extensão, sem novo resgate, de famoso Programa, agora designado current agreement, da não menos famosa Troika, agora chamada the institutions.

Até final de abril muita água irá correr debaixo das pontes.

Pergunta cínica: em que posição ficam os indígenas do Governo de Lisboa e o traste de Belém depois disto?

A comparação entre as duas últimas versões do acordo entre a Grécia e o Eurogrupo são elucidativas.

A Grécia deixou uma pegada política provavelmente irreversível na instituição europeia.

O Eurogrupo deixou de ser uma coutada da Alemanha, por vontade da Grécia (seria feio atribuir o mérito a outros), por vontade do BCE (Goldman Sachs, etc.), por vontade dos Estados Unidos/NATO, e com a ajuda just in time da Rússia/Ucrânia.

Entretanto, a diarreira neo-neo-neo-keynesiana do BCE, conhecida por Expanded Asset Pucrchase Program, e muito saudada por alguma imprensa americana (The Wall Street Journal, por exemplo), vai ocupar as cachas dos média, e manter os especuladores, os rendeiros e os devoristas do buraco negro das finanças europeias nada preocupados com os senhores Yanis Varoufakis e Alexis Tsipas, salvo se for para lhes pedirem acesso VIP aos casinos de banhos de Atenas.

O Nosferatu de Friburgo terá em breve que expor ao resto da Europa a parte escondida do icebergue da dívida pública alemã. E ainda o buraco sem fundo que o Deutsche Bank (1) esconde nos seus livros de especulação com derivados. Apesar da sua arrogância, que deu da Alemanha, outra vez, uma péssima imagem, a terceira tentativa teutónica de dominar a Europa entrou hoje em mais uma rampa descendente.

Será bom para a União Europeia? Provavelmente não. Mas há uma coisa de que a Alemanha terá um dia que se convencer de vez: jamais dominará a Europa enquanto não aprender a usar a linguagem de uma forma civilizada.

POST SCRIPTUM — Grécia—1, Alemanha—0

A questão da derrota da Alemanha protagonizada ontem pela Grécia, que o resto dos PIIGS agradece entre protestos hipócritas de fidelidade ao dono alemão, é simples de equacionar:

— a Alemanha sempre disse que a Grécia só tinha um caminho:

1a) continuar a negociar com a Troika e
1b) negociar um novo resgate, ou seja, trocar dívida-lixo, impagável, por outra putativamente pagável, para assim safar a exposição da banca alemã e em particular do Deutsche Bank, que andaram a especular com o sofrimento alheio, dum bail-in.

Mais austeridade seria o corolário do ultimato alemão. Ora bem, o ultimato esvaziou-se, nomeadamente por imposição do BCE e dos Estados Unidos. O resto é ruído mediático para alegrar o povo que paga isto tudo com juros.

Sempre defendi a posição alemã em matéria de controlo da despesa pública. Mas não defendi nunca, não defendo e estarei sempre frontalmente contra os sonhos imperiais da Alemanha. Deram sempre, e darão sempre mau resultado.

NOTAS
  1. Enquanto revíamos este post chegou-nos (via Zero Hedge) mais uma notícia americana sobre o estado preocupante do maior e mais antigo banco alemão [e já agora, também, do Santander!):

    U.S. Units of Deutsche Bank, Santander Likely to Fail Fed Stress TestThe Wall Street Journal, 20-02-2015

    Large European banks including Deutsche Bank AG and Banco Santander SA are likely to fail the U.S. Federal Reserve’s stress test over shortcomings in how they measure and predict potential losses and risks, according to people familiar with the matter. Failing the stress tests would likely subject the U.S. units of Deutsche Bank and Banco Santander to restrictions on paying dividends to their European parent companies or other shareholders.


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segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Yanis Varoufakis, a esperança do momento

Gustave Moreau. Europa e o touro (c. 1869).

A Grécia é o centro da Europa!


Vivemos tempos simultaneamente épicos e medonhos. Há uma crise mundial, e certamente europeia, das dívidas—das dívidas soberanas, mas também das dívidas empresariais e familiares.

Estamos todos endividados até aos cabelos, mesmo quando não pecebemos que uma parte deste endividamento é invisível, e não parece, assim, ser coisa que nos diga respeito.

O grande buraco da dívida não seria um grande problema se as perspetivas de crescimento mundial, no modelo que conhecemos de há uns 200 ans para cá —muita energia e barata—, continuassem a ser expectáveis. Mas o problema é que o futuro reserva-nos uma era de menos energia, e de energia mais cara. Ora é este cenário —até hoje rejeitado pelos cegos da macro-economia— que tudo muda e exige uma nova abordagem dos problemas.

A crise grega, que tomou uma nova e radical direção depois da chegada do Syriza ao poder, veio confrontar a Europa inteira com as suas responsabilidades. O problema não é da Grécia, nem de Espanha, ou de Portugal, mas de todo o continente, mais precisamente, é um problema global, cuja negação apenas tornará os desenlaces locais, regionais e globais, muito mais ameaçadores e potencialmente catastróficos.

Nada melhor para começarmos a mudar a nossa percepção dos problemas de fundo, do que esta viragem radical na crise grega. E nada melhor do que ir escutando e lendo o que Yanis Varoufakis pensa sobre o seu país e sobre a Europa.

Yanis Varoufakis: No Time for Games in Europe
THE NEW YORK TIMES

By YANIS VAROUFAKISFEB. 16, 2015

ATHENS — I am writing this piece on the margins of a crucial negotiation with my country’s creditors — a negotiation the result of which may mark a generation, and even prove a turning point for Europe’s unfolding experiment with monetary union.

Game theorists analyze negotiations as if they were split-a-pie games involving selfish players. Because I spent many years during my previous life as an academic researching game theory, some commentators rushed to presume that as Greece’s new finance minister I was busily devising bluffs, stratagems and outside options, struggling to improve upon a weak hand.

Nothing could be further from the truth.

[...]

As finance minister of a small, fiscally stressed nation lacking its own central bank and seen by many of our partners as a problem debtor, I am convinced that we have one option only: to shun any temptation to treat this pivotal moment as an experiment in strategizing and, instead, to present honestly the facts concerning Greece’s social economy, table our proposals for regrowing Greece, explain why these are in Europe’s interest, and reveal the red lines beyond which logic and duty prevent us from going.

[...]

One may think that this retreat from game theory is motivated by some radical-left agenda. Not so. The major influence here is Immanuel Kant, the German philosopher who taught us that the rational and the free escape the empire of expediency by doing what is right.

Os limites do otimismo

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Não haverá milagre na Grécia, mas destruir as classes médias não é solução


O notável artigo de Michael Pettis, que abordámos em post anterior, dedicado ao pensamento efeverscente e maniqueísta sobre as responsabilidades pelas crises grega, cipriota, portuguesa, espanhola, italiana, e em geral da maioria dos países europeus, demonstrando que o capitalismo global é um sistema de vasos comunicantes onde as crises financeiras tendem a assumir natureza sistémica, exigindo, por esta razão, remédios permanentemente concertados, precisa talvez de uma contextualização económica mais ampla.

Recomendo, por isso, a leitura de um outro artigo recente, não menos notável, de Gail Tverberg, analista de risco, editora do extinto e célebre The Oil Drum, e autora do blogue Our Finite World.

Gail Tverberg considera, como eu e um número crescente de observadores, que nos aproximamos ou estamos já no quadro energético previsto por M. King Hubbert [1956, “Nuclear Energy and the Fossil Fuels”—pdf], conhecido como Pico do Petróleo. Este quadro casa, aliás, com um outro mais recente, traçado em 1972 pela equipa do relatório The Limits to Growth, que analisa os limites do paradigma de crescimento em que ainda vivemos, do qual temos que sair, mas ninguém sabe como.

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Os quadros estatísitcos têm vindo a confluir na perceção de que estamos no fim de uma longa era de prosperidade e crescimento explosivo, único na história humana, cujos motores principais foram o carvão mineral, o petróleo e o gás natural, a par de descobertas e invenções tão extraordinárias quando a eletricidade, a energia nuclear, a higiene e o saneamento básico, ou as vacinas e os antibióticos.

Sem energia abundante e barata o paradigma civilizacional em que nascemos e nos habituámos a perceber como natural há três coisas que desaparecerão depois de sucessivas e dolorosas crises:
  • taxas de crescimento demográfico e económico acima dos 2%
  • crescimento baseado na utilização de capital intensivo e em endividamento
  • boa parte da atividade discricionária não produtiva, nomeadamente o consumo conspícuo de massas.

Esta versão inesperada de The Tragedy of the Commons [Garrett Hardin, 1968] parece já estar, de facto, em cena num qualquer smartphone, ou televisão perto de si. O aparente triunfo argumentativo de Yanis Varoufakis face à inércia burocrática de Bruxelas e Berlim, e face ao defensismo atávico do BCE e do sistema financeiro em geral, espelha bem que o problema que temos entre mãos é um daqueles problemas a que Hardin chamou “a no technical solution problem”.

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Recomendando desde já a leitura integral do artigo em três partes de Gail Tverberg reproduzi a modo de convite alguns extratos e alguns gráficos esclarecedores. Quem quer que seja que pretenda chegar ao poder, nomeadamente para mtigar a contínua má direção que temos seguido, deverá, antes de mais, ler atentamente os três artigos aqui citados—o de Gail Tverberg, o de Michael Pettis, e o célebre artigo de Garrett Hardin, publicado pela Science em 1968.

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A new theory of energy and the economy, Part 1
Generating economic growth
By Gail Tverberg
Posted on January 21, 2015

[...]

What if oil prices are artificially low, on a temporary basis? The catch is that not all costs of oil producing companies can be paid at such low prices. Perhaps the cost of operating oil fields still in existence will be fine, and the day-to-day expenses of extracting Middle Eastern oil can be covered. The parts of the chain that get squeezed first seem to be least essential on a day to day basis–taxes to governments, funds for new exploration, funds for debt repayments, and funds for dividends to policyholders.

Unfortunately, we cannot run the oil business on such a partial system. Businesses need to cover both their direct and indirect costs. Low oil prices create a system ready to crash, as oil production drops and the ability to leverage human labor with cheaper sources of energy decreases. Raising oil prices back to the full required level is likely to be a problem in the future, because oil companies require debt to finance new oil production. (This new production is required to offset declines in existing fields.) With low oil prices–or even with highly variable oil prices–the amount that can be borrowed drops and interest costs rise. This combination makes new investment impossible.

If the rising cost of energy products, due to diminishing returns, tends to eliminate economic growth, how do we work around the problem? In order to produce economic growth, it is necessary to produce goods in such a way that goods become cheaper and cheaper over time, relative to wages. Clearly this has not been happening recently.

The temptation businesses face in trying to produce this effect is to eliminate workers completely–just automate the process. This doesn’t work, because it is workers who need to be able to buy the products. Governments need to become huge, to manage transfer payments to all of the unemployed workers. And who will pay all of these taxes?

The popular answer to our diminishing returns problem is more efficiency, but efficiency rarely adds more than 1% to 2% to economic growth. We have been working hard on efficiency in recent years, but overall economic growth results have not been very good in the US, Europe, and Japan.

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A new theory of energy and the economy, Part 2
Charts showing the long-term GDP-energy tie
By Gail Tverberg
Posted on February 5, 2015

The high oil prices–around $100 per barrel–continued until United States QE was tapered down and stopped in 2014. About the same time, China made changes that made debt more difficult to obtain. Both of these factors, as well as the long-term adverse impact of $100 per barrel oil prices on the economy, brought oil price down to its current level, which is around $50 per barrel (Figure 10). The $50 per barrel price is still very high relative to the cost of oil when our infrastructure was built, but low relative to the current cost of oil production.

[...]

Where Does the World Economy Go From Here?

In Part 1, I described the world’s economy as one that is based on energy. The design of the system is such that the economy can only grow; shrinkage tends to cause collapse. If my view of the situation is correct, then we need an ever-rising amount of  inexpensive energy to keep the system going. We have gone from trying to grow the world economy on oil, to trying to grow the world economy on coal. Both of these approaches have “hit walls”. There are other low-income countries that might increase industrial production, such as in Africa, but they are lacking coal or other cheap fuels to fuel their production.

Now we have practically nowhere to go. Natural gas cannot be scaled up quickly enough, or to large enough quantities. If such a large scale up were done, natural gas would be expensive as well. Part of the high cost is the cost of the change-over in infrastructure, including huge amounts of new natural gas pipeline and new natural gas powered vehicles.

New renewables, such as wind and solar photovoltaic panels, aren’t solutions either. They tend to be high cost when indirect costs, such as the cost of long distance transmission and the cost of mitigating intermittency, are considered. It is hard to create large enough quantities of new renewables: China has been rapidly adding wind capacity, but the impact of these additions can barely can be seen at the top of Figure 14. Without supporting systems, such as roads and electricity transmission lines (which depend on oil), we cannot operate the electric systems that these devices are part of for the long term, either.

We truly live in interesting times.

Artigo completo


A new theory of energy and the economy, Part 3
The Problem of Debt as We Reach Oil Limits
By Gail Tverberg
Posted on February 11, 2015

Many readers have asked me to explain debt. They also wonder, “Why can’t we just cancel debt and start over?” if we are reaching oil limits, and these limits threaten to destabilize the system. To answer these questions, I need to talk about the subject of promises in general, not just what we would call debt.

In some sense, debt and other promises are what hold together our networked economy. Debt and other promises allow division of labor, because each person can “pay” the others in the group for their labor with a promise of some sort, rather than with an immediate payment in goods. The existence of debt allows us to have many convenient forms of payment, such as dollar bills, credit cards, and checks. Indirectly, the many convenient forms of payment allow trade and even international trade.

Each debt, and in fact each promise of any sort, involves two parties. From the point of view of one party, the commitment is to pay a certain amount (or certain amount plus interest). From the point of view of the other party, it is a future benefit–an amount available in a bank account, or a paycheck, or a commitment from a government to pay unemployment benefits. The two parties are in a sense bound together by these commitments, in a way similar to the way atoms are bound together into molecules. We can’t get rid of debt without getting rid of the benefits that debt provides–something that is a huge problem.

There has been much written about past debt bubbles and collapses. The situation we are facing today is different. In the past, the world economy was growing, even if a particular area was reaching limits, such as too much population relative to agricultural land. Even if a local area collapsed, the rest of the world could go on without them. Now, the world economy is much more networked, so a collapse in one area affects other areas as well. There is much more danger of a widespread collapse.

Our economy is built on economic growth. If the amount of goods and services produced each year starts falling, then we have a huge problem. Repaying loans becomes much more difficult.

In fact, in an economic contraction, promises that aren’t debt, such as promises to pay pensions and medical costs of the elderly as part of our taxes, become harder to pay as well. The amount we have left over for discretionary expenditures becomes much less. These pressures tend to push an economy further toward contraction, and make new promises even harder to repay.

[...]

Governments of “advanced” countries now have debt levels that are high by historical standards. If there is another major financial crisis, the plan seems to be to use Cyprus-like bail-ins of banks, instead of bailing out banks using government debt. In a bail-in, bank deposits are exchanged for equity in the failing bank. For example, in Cyprus, 37.5% of deposits in excess of 100,000 euros were converted to Class A shares in the bank.

[...)

The economy, as it exists today, has been made possible by countries working together. With sanctions against Iran and Russia, we are already moving away from this situation. Low oil prices are now putting the economies of oil exporters at risk. As countries try different approaches on interest rates, this adds yet another force, pulling economies apart.

[...]

Conclusion

If the current economic system crashes and it becomes necessary to create a new one, the new system will have to deal with having an ever-smaller amount of goods and services available for a fairly long transition time. This is one chart I have shown in the past of how the growth in energy products, and thus growth in goods and services, might look.

Because of this, the new system will have to be very different from the current one. Most promises will need to be of short duration.  Transfers among people living in a particular area might still be facilitated by a financial system, but it would be hard to have long-term or long-distance contracts. As a result, the new economy will likely need to be much simpler than our current economy. It is doubtful it could include fossil fuels.

Many people ask why we can’t just cancel all debt, and start over again. To do so would probably mean canceling all bank accounts as well. Most of our current jobs would probably disappear. We would probably be without grid electricity and without oil for cars. It would be very difficult to start over from such a situation. We would truly have to start over from scratch.

I have not talked about a distinction between “borrowed funds” and “accumulated equity”. Such a distinction is important in terms of the rate of return investors expect, but it is not as important in a crash situation. Similarly, the difference between stocks, bonds, pension plans, and insurance contracts becomes less important as well. If there are real problems, anything that is not physical ends up in the general category of “paper wealth”.

We cannot count on paper wealth (or for that matter, any wealth) for the long term. Each year, the amount of goods and services the economy can produce is limited by how the economy is performing, given limits we are reaching. If the quantity of these goods and services starts falling rapidly, governments may fail in addition to our problems with debts defaulting. Those holding paper wealth can’t count on getting very much. Workers producing whatever goods and services are actually being produced will likely need to be paid first.

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domingo, fevereiro 15, 2015

Michael Pettis e a crise da dívida europeia

Bismarck e Napoleão III depois da Batalha de Sedan

Plano Varoufakis: trocar a dívida existente por obrigações indexadas ao crescimento (é melhor que nada!)


“Because the major parties have refused to acknowledge the nature of this allocation process, and have turned it into a fight between a creditor Germany, on the one hand, and indebted peripheral European countries on the other, I was able to make in 2010-11 one of the easiest predictions I have ever made in my career — whichever extremist parties, whether of the right or of the left, who first went on the offensive against Germany, the bankers and the currency bureaucrats, I predicted, would surge in electoral popularity and would eventually reformulate the debate”— Michael Pettis.

Se nenhum partido do centro enfrentar a crise das dívidas europeias, nomeadamente em países da zona euro como a Irlanda, Grécia, Espanha, Portugal, Itália e França, a extrema-esquerda, ou a extrema-direita, chegará ao poder com mandato popular para o fazer. Se serão ou não capazes de cumprir a missão, e com que consequências, é algo que iremos começar a perceber ao longo das próximas semanas e meses depois da vitória democrática do Syriza na Grécia. Algo parece já ter perturbado, como nada até agora o fizera, o status quo apodrecido da nomenclatura que mal tem dirigido os destinos económicos, financeiros, sociais e diplomáticos da União Europeia.

Para os que se interessam por estas coisas, o post viral de Michael Pettis(1) sobre o pouco científico jogo de passa culpas entre os credores e os devedores europeus merece uma leitura atenta por parte de quem busque uma resposta ao que parece ser a quadratura do círculo: como resolver as gigantescas dívidas públicas e privadas que começaram a paralisar inúmeros países e economias, sem destruir os devedores, nem os credores?

Para efeitos de simplificação narrativa, os credofres são protagonizados pela Alemanha, e os devedores, pela Espanha. Ao longo do seu longo post Pettis explica como Wolfgang Schaeuble não teve nenhuma razão quando afirmou —logo papagueado pelos nossos infelizes PM e PR— que

“The reasons for Greece’s problems can be attributable only to Greece and not to actors outside the country, and certainly not in Germany.”
O artigo de Pettis recua até à Guerra Franco-Prussiana de 1870-1871, que deu a Bismarck uma grande oportunidade, ao vencer os franceses, de avançar decisivamente para a unificação alemã. A derrota da França, por sua vez, não só acabou com o regime decadente de Napoleão III, não só instaurou a III República francesa, como foi palco de uma das maiores indemnizações de guerra integralmente pagas de que há registo: cinco mil milhões de francos de ouro—23% do PIB francês(2).

O pedido inicial de indemnização teria sido de mil milhões, mas os alemães resolveram aumentar astronomicamente este valor nos termos finais do Tratado de Frankfurt, pretendendo assim colocar a França economicamente de rastos, sem fôlego para perturbar o caminho da jovem nação alemã. Para surpresa de todos, dos mercados, e certamente dos alemães, o prazo imposto para a liquidação da dívida —3 anos— foi antecipado em um ano pelo sucesso de duas emissões de dívida soberana francesa cuja procura largamente superou a oferta.

Mas o mais extraordinário é que o afluxo desta pipa de massa —para usar uma expressão recente de Durão Barroso a propósito do Acordo de Parceria 2014-2020— acabaria por lançar a Alemanha na sua primeira Grande Depressão (1873). Foi neste ano que nasceu o Deutsche Bank, o mesmo que hoje tem uma exposição aos derivados financeiros de 54,7 biliões de euros, quase 20x o PIB alemão, quase 6x o PIB da UE. Se apenas 10% desta exposição acabar em default, quem irá ensopar então um buraco de dívidas equivalente a duas vezes o PIB alemão?

De quem foi a culpa?

Dos franceses que pagaram as indemnizações de guerra, ou da Alemanha que usou o dinheiro como os PIIGS, em parte, desperdiçaram fundos comunitários e investimento estrangeiro em autoestradas para lado nenhum, barragens inúteis, rotundas idiotas e um Mercedes à porta de cada Câmara Municipal, ou ainda férias em praias exóticas, como se não tivessemos mais de 1800 Km de costa marítima?

O post de Michael Pettis vem na linha da sua tese de que as grandes crises de gestão dos défices e das dívidas têm frequentemente, pelo menos na sua fase inicial, causas externas. Neste sentido, quando as mesmas ficam fora de controlo, a melhor saída possível para devedores e credores pode exigir a anulação parcial das dívidas e a reestruturação.

Mas não é isto que o BCE tem vindo a fazer na Eurolândia salvando, desde logo, os bancos da famosa crise sistémica? Não tem havido abatimentos parciais, extensões de prazos e reduções sucessivas de juros nalgumas dívidas públicas? Sim, mas Pettis afirma que a fatura tem sido enviada sobretudo aos trabalhadores e à classe média, com prejuízos graves para um eventual regresso ao crescimento.

Defende, assim, que seria melhor uma ação de reestuturação clara das dívidas, em vez de prolongar as meias medidas, a indecisão, e sobretudo a agonia social que trava o regresso ao crescimento e, desde logo, a confiança dos mercados! 

Aviso final aos portugueses

Nas próximas eleições não podemos votar uma vez mais nos que criaram a crise. Ou não votamos, ou votamos em quem for capaz de, entretanto, trazer para a mesa da discussão democrática ideias claras sobre como levantar a canga da dívida que tem vindo a esmagar a nossa economia e as nossas vidas.

Os partidos do Bloco Central empurraram Portugal para o lixo, e não apresentaram até agora soluções credíveis para sairmos da escravidão da dívida. Enquanto não expurgarem de si mesmos os ativos tóxicos e a corrupção entranhada não serão capazes, nem de tirar o país da miséria para que caminha, nem sequer de participar em soluções que outros proponham aos portugueses e em quem o país confie para as aplicar.

Precisamos de imaginação e coragem para desenhar e adotar um mecanismo novo de resolução da dívida pública portuguesa, que não seja um grilhão inibidor do crescimento e do emprego, mas um compromisso social claro que trave a corrupção e garanta o controlo das contas públicas, a transparência e as condições de um crescimento sustentável.


Toulouse-Lautrec. O Fotógrafo, Place pigeon, 9 (1894)

Syriza and the French indemnity of 1871-73
By Michael Pettis · February 4, 2015
CHINA FINANCIAL MARKETS

“...the current European crisis is boringly similar to nearly every currency and sovereign debt crisis in modern history.
— extratos

[...]

“Except for Greece, in Europe the main political parties on both sides of the political spectrum have until now chosen to maintain the value of the currency and protect the interests of the creditors. It has been the extremist parties, either on the right or the left, who have attacked the currency union and the interests of the creditors. In many cases these parties are extreme nationalists and oppose the existence of the European Union. If they succeed in taking control of the debate, the European experiment will almost certainly collapse, and it will take decades, if ever, for a European union to revive.

But while distortions in the savings rate are at the root of the European crisis, many if not most analysts have failed to understand why. Until now, an awful lot of Europeans have understood the crisis primarily in terms of differences in national character, economic virtue, and as a moral struggle between prudence and irresponsibility. This interpretation is intuitively appealing but it is almost wholly incorrect, and because the cost of saving Europe is debt forgiveness, and Europe must decide if this is a cost worth paying (I think it is), to the extent that the European crisis is seen as a struggle between the prudent countries and the irresponsible countries, it is extremely unlikely that Europeans will be willing to pay the cost. As my regular readers know, I generally refer to the two different groups of creditor and debtor countries as “Germany” and “Spain”, the former for obvious reasons and the latter because I was born and grew up there, and it is the country I know best. I will continue to do so in this blog entry.”

[...]

“It is useful to remember this history when we confront the consequences of Greece’s recent elections. Syriza’s victory in Greece has reignited the name-calling and moralizing that has characterized much of the discussion on peripheral Europe’s unsustainable debt burden. I think it is pretty clear, and obvious to almost everyone, that Greece simply cannot repay its external obligations, and one way or another it is going to receive substantial debt forgiveness. There isn’t even much pretence at this point. This morning financial advisor Mish Shedlock, sent me (as a joke? as a sign of despair?) German newspaper Zeit‘s interview with Yanis Varoufakis entitled “I’m the Finance Minister of a Bankrupt Country”.

Even if the question of who is to “blame”, Greece or Germany, were an important one, the answer would not change the debt dynamics. It would take the equivalent of Ceausescu’s brutal austerity policies in Romania, which were imposed during the 1980s in order for the country fully to repay its external debt, to resolve the Greek debt burden without a write-down. Given that Ceausescu’s policies led directly to the 1989 revolution, which culminated in both Ceausescu and his wife being executed by firing squad, the reluctance in Athens to imitate Romania in the 1980s is probably not surprising.”

[...]

“If the restructuring is well designed, within a year of the restructuring I think we could easily see Greek growth surprise us with its vigor. I was delighted to see that Greece’s new Finance minister agrees. An article in Monday’s Financial Times starts with the claim that “Greece’s radical new government revealed proposals on Monday for ending the confrontation with its creditors by swapping outstanding debt for new growth-linked bonds, running a permanent budget surplus and targeting wealthy tax-evaders.” Today’s Financial Times has an article by Martin Wolf that mentions the benefits of “a growth linked bond”. In The Volatility Machine I spend chapters explaining how to create liability structures that minimize external shocks, align the interests of creditors and citizens, and improve the quality of payments for creditors, and I show why these make a restructuring much more successful for all parties concerned. This is just basic finance theory. Yanis Varoufakis should really take the lead in designing an entirely new form of sovereign debt restructuring, not just for Greece but for the many countries, in Europe and elsewhere, that will soon follow it into default.

Enough people seem to hate or fear Syriza that there will be little attempt to approach Greece’s problems with enough imagination to give either party what it needs, but in fact with the right cooperation, imagination, and intuitive understanding of how balance sheet structures change overall value creation, a Greek debt restructuring could leave both sides far better off than either side might imagine. Of course if done right this matters far more than for just its impact on the Greek economy. While everyone probably agrees that Greece simply cannot proceed without debt forgiveness, less widely agreed, but no less obvious in my opinion, is that there are a number of other European countries that also need debt forgiveness if they are to grow. Because I was born and grew up in Spain, and my French mother founded and ran a successful business there which my family and I still own, I am confident that I know the country well enough to say that even with some impressive reforms having been implemented under Mariano Rajoy, Spain is nonetheless one of these countries. I suspect that many other countries including Portugal, Italy, and maybe even France are too.

I also know, however, that Spanish debt prospects are an extremely sensitive and emotional topic, and I will be roundly condemned for saying this. Today’s Financial Times has a very worrying article explaining why Madrid wants to be seen among the hardliners in opposing a rational treatment for Greece: “when it comes to helping Greece, there will be no such thing as southern solidarity or peripheral patronage.” This is the reverse of what it should be doing. In an article for Politica Exterior in January 2012, I actually proposed, albeit without much hope, that Spain take the lead and organize the debtor countries to negotiate a sustainable agreement, but in its fear of Podemos, the Spanish equivalent of Syriza, and its determination to be one of the “virtuous” countries, it strikes me that Madrid is probably moving in the wrong direction economically. Ultimately, by tying itself even more tightly to the interests of the creditors, Rajoy and his associates are only making the electoral prospects for Podemos all the brighter.”

[...]

“1.  There is no question that a renegotiation of Spanish debt or of its status within the currency union would be accompanied by economic hardship and perhaps even a crisis. But compared to what? The Spanish economy is already in disastrous shape and there is compelling historical evidence that countries suffering under excessive debt burdens can never grow their way out of their debt no matter how radical and forceful the reforms.”

[...]

“Some economists argue the facts on the ground already contradict my pessimism. Last week Madrid announced excitedly that GDP grew by 1.7% last year, its fastest pace in seven years. The Financial Times pointed out that Spain was well-positioned in 2015 to continue to take advantage of lower energy costs, a weaker euro, and a cut in personal and corporate taxes, to which I would add lower metal prices, massive QE, and stronger than expected consumption. But even if these tailwinds are permanent, and they clearly are not, nominal GDP growth is still much lower than the growth in the debt burden. This is as good as it gets, in other words, and it is not good enough. As the debt burden continues to climb, and as social and political frustrations mount, Spain will slide inexorably backwards into the backward-country status it wants so badly to avoid.”

[...]

“Above all this is not a story about nations. Before the crisis German workers were forced to pay to inflate the Spanish bubble by accepting very low wage growth, even as the European economy boomed. After the crisis Spanish workers were forced to absorb the cost of deflating the bubble in the form of soaring unemployment. But the story doesn’t end there. Before the crisis, German and Spanish lenders eagerly sought out Spanish borrowers and offered them unlimited amounts of extremely cheap loans — somewhere in the fine print I suppose the lenders suggested that it would be better if these loans were used to fund only highly productive investments.

But many of them didn’t, and because they didn’t, German and Spanish banks — mainly the German banks who originally exported excess German savings — must take very large losses as these foolish investments, funded by foolish loans, fail to generate the necessary returns. It is no great secret that banking systems resolve losses with the cooperation of their governments by passing them on to middle class savers, either directly, in the form of failed deposits or higher taxes, or indirectly, in the form of financial repression. Both German and Spanish banks must be recapitalized in order that they can eventually recognize the inevitable losses, and this means either many years of artificially boosted profits on the back of middle class savers, or the direct transfer of losses onto the government balance sheets, with German and Spanish household taxpayers covering the debt repayments.”

“I am not rejecting the claim that “Spain” acted irresponsibly, in other words, only to place the blame on “German” irresponsibility. But it is absolutely wrong for Volker Kauder, the parliamentary caucus leader of German Chancellor Angela Merkel’s Christian Democrats, to say, according to an article in last week’s Bloomberg, that “Germany bears no responsibility for what happened in Greece. The new prime minister must recognize that.” There was indeed plenty of irresponsible behavior on both sides, during which time wealth was transferred from workers of both countries to create the boom and to absorb the subsequent bust, and wealth will be transferred again from middle class households of both countries to clean up the resulting debt debacle.”

Put differently, there is no national virtue or national vice here, and there is no reason for the European crisis to devolve into right-wing, nationalist extremism. The financial crisis in Europe, like all financial crises, is ultimately a struggle about how the costs of the adjustment will be allocated, either to workers and middle class savers or to bankers, owners of real and financial assets, and the business elite. Because the major parties have refused to acknowledge the nature of this allocation process, and have turned it into a fight between a creditor Germany, on the one hand, and indebted peripheral European countries on the other, I was able to make in 2010-11 one of the easiest predictions I have ever made in my career — whichever extremist parties, whether of the right or of the left, who first went on the offensive against Germany, the bankers and the currency bureaucrats, I predicted, would surge in electoral popularity and would eventually reformulate the debate.”

[...]

“I think there are several points that those of us who want “Europe” to survive should be making.

1.  The euro crisis is a crisis of Europe, not of European countries. It is not a conflict between Germany and Spain (and I use these two countries to represent every European country on one side or the other of the boom) about who should be deemed irresponsible, and so should absorb the enormous costs of nearly a decade of mismanagement. There was plenty of irresponsible behavior in every country, and it is absurd to think that if German and Spanish banks were pouring nearly unlimited amounts of money into countries at extremely low or even negative real interest rates, especially once these initial inflows had set off stock market and real estate booms, that there was any chance that these countries would not respond in the way every country in history, including Germany in the 1870s and in the 1920s, had responded under similar conditions.

2.  The “losers” in this system have been German and Spanish workers, until now, and German and Spanish middle class savers and taxpayers in the future as European banks are directly or indirectly bailed out. The winners have been banks, owners of assets, and business owners, mainly in Germany, whose profits were much higher during the last decade than they could possibly have been otherwise

3.  In fact, the current European crisis is boringly similar to nearly every currency and sovereign debt crisis in modern history, in that it pits the interests of workers and small producers against the interests of bankers. The former want higher wages and rapid economic growth. The latter want to protect the value of the currency and the sanctity of debt.

4.  I am not smart enough to say with any confidence that one side or the other is right. There have been cases in history in which the bankers were probably right, and cases in which the workers were probably right. I can say, however, that the historical precedents suggest two very obvious things. First, as long as Spain suffers from its current debt burden, it does not matter how intelligently and forcefully it implements economic reforms. It will not be able to grow out of its debt burden and must choose between two paths. One path involves many, many more years of economic hell, as ordinary households are slowly forced to absorb the costs of debt — sometimes explicitly but usually implicitly in the form of financial repression, unemployment, and debt monetization.  The other path is a swift resolution of the debt as it is restructured and partially forgiven in a disruptive but short process, after which growth will return and almost certainly with vigor

5.  Second, it is the responsibility of the leading centrist parties to recognize the options explicitly. If they do not, extremist parties either of the right or the left will take control of the debate, and convert what is a conflict between different economic sectors into a nationalist conflict or a class conflict. If the former win, it will spell the end of the grand European experiment.”

NOTAS
  1. Michael Pettis é o autor dum famoso livro publicado em 2001 —The Volatility Machine: Emerging Economics and the Threat of Financial Collapse— onde pela primeira vez se procura demonstrar, a propósito das crises de endividamento ocorridas na Argentina, países asiáticos emergentes, Rússia, e em geral desde 1820, que a perda de controlo sobre a gestão das dívidas soberanas tem tido uma origem sobretudo externa.
  2. Para termos um termo de comparação que dá bem a ideia das enormidades cometidas pelo nosso, muito indígena, Bloco Central da Corrupção, as responsabilidades contraídas pelo estado português nos 120 contratos de Parcerias Público Privadas representam 35% do PIB. Parte dos 23% do PIB francês que voram para a jovem Alemanha regressariam sob a forma de investimento alemão, e muito dinheiro gasto no futuro Quartier Pigalle! Ou seja, o Capitalismo estava numa fase explosiva de crescimento, e as dívidas eram uma forma expedita de crescer rapidamente. Pelo contrário, quando Portugal se lançou na corrida do endividamento comunitário, os tempos já eram de fim de festa. Cada euro acrescentado à dívida pública e privada portuguesa seria um grilhão mais na cadeia que nos puxa cada vez o mais para o fundo do buraco.
Atualização: 15-02-2015 21:05 WET


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quarta-feira, fevereiro 11, 2015

Grexit? (7)

Euro Area Government Debt As % of GDP

Plano B? Grécia estará hoje em Bruxelas... e em Moscovo para decidir o que fazer


Alguém consegue descortinar no gráfico acima onde está a Grécia? Que tal olhar para a floresta, em vez de nos distrairmos com a árvore?

Europe’s Greek Showdown: The Sum Of All Statist Errors
CONTRA CORNER by David Stockman • February 10, 2015   
The real nightmare for Merkel’s government is that the next two largest countries in the capital key are on a fast track toward their own fiscal demise. So what puts a stiff spine into its insistence that Greece fulfill the letter of its MOU obligations is that if either France or Italy is called upon to cover losses, the whole bailout scheme will go up in smoke.

Começa hoje por volta das 16:30 uma longa e tensa reunião do Eurogrupo. Se a intransigência alemã presistir, e nada houver para negociar, então talvez possamos assistir ao início do estouro da Eurolândia. Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis estarão em Bruxelas a negociar o princípio de uma nova estratégia para lidar com o endividamento, a recessão, o desemprego explosivo e a deflação europeias —mostrando que continuar a fingir que a Grécia não está na bancarrota, ou que o Deutsche Bank não está insolvente só agravará criminosamente as consequências da crise sistémica em curso.

Neste mesmo em dia, segundo a TASS, os ministros dos negócios estrangeiros grego e russo encontram-se em Moscovo.

Uma coisa é certa: os governantes gregos recém eleitos têm neste momento o apoio expresso do parlamento e da população para rejeitarem a continuação dum flagelo que pouco ou nada resolveu.

Greek PM easily wins confidence vote, EU showdown looms
REUTERS. By Lefteris Papadimas and Alastair Macdonald
ATHENS/BRUSSELS Tue Feb 10, 2015 7:05pm EST

"What we want is a deal," the hardline nationalist said on television. "But if there is no deal ... and if we see that Germany remains rigid and wants to blow apart Europe, then we have the obligation to go to Plan B. Plan B is to get funding from another source.

"It could be the United States at best, it could be Russia, it could be China or other countries," Kammenos added.

Para os que julgam que a Grécia está no bolso, convém recordar que a situação mundial tem vindo a piorar de todos os pontos de vista: a diplomacia nunca esteve tão tensa, as principais economias do planeta estão em recessão ou a recuar visivelmente dos seus anteriores patamares de crescimento.

Uma réplica de 2008, potencialmente mais catastrófica, pode estar ao virar da esquina, avisam os banqueiros nas newsletters que têm enviado nas últimas semanas aos clientes.

If You Listen Carefully, The Bankers Are Actually Telling Us What Is Going To Happen Next
The Economic Collapse
. By Michael Snyder, on February 9th, 2015

Are we on the verge of a major worldwide economic downturn?  Well, if recent warnings from prominent bankers all over the world are to be believed, that may be precisely what we are facing in the months ahead.  As you will read about below, the big banks are warning that the price of oil could soon drop as low as 20 dollars a barrel, that a Greek exit from the eurozone could push the EUR/USD down to 0.90, and that the global economy could shrink by more than 2 trillion dollars in 2015.  Most of the time, very few people ever actually read the things that the big banks write for their clients.  But in recent months, a lot of these bankers are issuing such ominous warnings that you would think that they have started to write for The Economic Collapse Blog.  Of course we have seen this happen before.  Just before the financial crisis of 2008, a lot of people at the big banks started to get spooked, and now we are beginning to see an atmosphere of fear spread on Wall Street once again.  Nobody is quite sure what is going to happen next, but an increasing number of experts are starting to agree that it won’t be good.

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domingo, fevereiro 08, 2015

Grexit (5)



A saída da Grécia custará à Alemanha mais do que manter a zona euro unida. Capiche?


O atual ministro das finanças grego Yanis Varoufakis afirmou recentemente, em resposta ao ultimato alemão e dos zombies que seguem a senhora Merkel: “I’m finance minister of a bankrupt country”. Portanto, Bundesbank e BCE, escusam de lançar mais lenha para a fogueira da fuga de capitais gregos em direção à Alemanha, Suíça, Luxemburgo, etc. Nesta altura do campeonato é patético ameaçarem os gregos com a tragédia de uma bancarrota. Eles já estão a viver essa tragédia!

A Grexit, ou seja, a suspensão de pagamento por parte do governo grego e a saída da Grécia da zona euro, pode estar a menos de dez dias de distância. Tudo depende da habilidade do negociador-sombra de Varoufakis, Matthieu Pigasse (do Lazard Bank), para convencer os cabeçudos alemães de que quem não tinheiro não tem vícios. De que se querem manter o sonho de uma Europa financeira unida, com a Alemanha no papel de locomotiva, então terão que mostrar mais e melhor savoir faire. Além do mais, a Grécia sem gás natural não morre de frio, ao passo que alemães, austríacos, holandeses, polacos e suecos, entre outros, só se forem todos a correr para o Mediterrâneo. Mas neste caso quem lhes disse que não haverá uma taxa especial aplicável aos cabeçudos do norte e do leste?




Feitas as contas, a manutenção da zona euro poderá custar à Alemanha qualquer coisa como 578 mil milhões de euros, mas um dominó de defaults (Grécia, Portugal, Espanha, Itália...) seguido da cisão da zona euro em duas, custar-lhe-à, cálculos feito pela Carmel Asset Management, provavelmente mais do que 1,3 biliões de euros, metade do PIB alemão, que em 2012, ano a que este estudo se refere, era de €2.666.000.000.000.

Em que ficamos?

Greece Gambles On "Catastrophic Armageddon" For Europe, Warns It "Only Has Weeks Of Cash Left"
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 02/07/2015 20:05 -0500

One of the bigger problems facing the new, upstart Greek government, which has set before itself the lofty goal of overturning 6 years of oppressive European policies and countless generations of Greek cronyism, corruption and tax-evasion is not so much the concern about deposit outflows and bank runs - even though it most certainly will be in the next few days unless the Tsipras government finds some resolution to the dramatic standoff with Merkel and the ECB - but something far more trivial: running out of money.

WSJ reports:

“Greece warned it was on course to run out of money within weeks if it doesn’t gain access to additional funds, effectively daring Germany and its other European creditors to let it fail and stumble out of the euro.”

Greece has made no secret of its precarious financial position, but the minister’s comments suggest the country has even less time than many policy makers thought to resolve its standoff with Europe.

Eurozone officials have asked Greece to come up with a specific funding plan by Wednesday, when finance ministers have called a special meeting to discuss the country’s financial situation.

The country needs €4 billion to €5 billion to tide it over until June, by which time it hopes to negotiate a broader deal with creditors, Mr. Stathakis said, adding that he believes “logic will prevail.” If it doesn’t, he warned, Greece “will be the first country to go bankrupt over €5 billion.”

Alan Greenspan afirma que Grexit é inevitável, e o colapso do euro também!

Destruir o euro e manter os europeus divididos e entretidos nas suas pequenas pocilgas nacionais sempre foi, é e será o objetivo estratégico dos EUA, do Reino Unido e de Israel. Estão a um passo de consegui-lo, cortesia das cabeças quadradas da Alemanha, que assim perderão a sua terceira guerra por um lugar central na Europa. Greenspan prevê não só a saída da Grécia do euro, mas a própria morte da Eurolândia. Cairam na armadilha do cerco à Rússia depois da Queda do Muro. A fatura da cobiça, da estupidez e da teimosia chegou!

Greece: Greenspan predicts exit from euro inevitable
BBC. 8 February 2015 Last updated at 14:33 GMT
The former head of the US central bank, Alan Greenspan, has predicted that Greece will have to leave the eurozone.

He told the BBC he could not see who would be willing to put up more loans to bolster Greece’s struggling economy.

Greece wants to re-negotiate its bailout, but Mr Greenspan said “I don’t think it will be resolved without Greece leaving the eurozone”.

[...]

“The problem is that there there is no way that I can conceive of the euro of continuing, unless and until all of the members of eurozone become politically integrated - actually even just fiscally integrated won’t do it.”

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Atualização: 8/2(2015 17:56 WET

quinta-feira, fevereiro 05, 2015

Grexit? (3)

Topol M ICBM — uma arma nuclear infernal

BCE—0, Grécia—1 


“About 700 units of military equipment, including launchers are deployed in the positioning areas in the Tver, Ivanovo, Kirov, Irkutsk regions, as well as in Altai Territory and the Mari El republic.” 
TASS

Ontem o BCE tentou humilhar a Grécia. Hoje a Rússia forçou o BCE a adiantar 60 mil milhões de euros aos gregos, e de caminho colocou armas nucleares em regime de prontidão em vários pontos do seu território. O casal Merkel-Hollande sai amanhã disparado em direção a Moscovo!

Mais do que uma simples expulsão da Grécia da Eurolândia, o que está em causa é muito maior e muito mais perigoso: trata-se de saber como irá decorrer o braço de ferro entre Moscovo e Washington em volta da magna questão dos corredores do gás natural em direção à Europa.

É hoje evidente que os americanos pretendem isolar a Rússia para tolher a China. E uma das formas de o fazer é atacar as exportações de petróleo e gás natural. Primeiro prepararam um Inferno na Ucrânia, e outro na Síria. Objetivo: cortar ao meio os gasodutos que ligam a Rússia à Europa através do território ucraniano; e depois apoiar o Qatar, a Arába Saudita e Israel a lançarem novos gasodutos em direção à Europa, dificultando ao mesmo tempo a construção do pretendido gasoduto entre a Rússia e a Grécia, com passagem única pela Turquia.

Este garrote, se funcionasse até ao fim, acabaria com Putin e lançaria a Rússia numa nova bancarrota e na agitação social. É este o objetivo da diplomacia levada a cabo pelos emissários de Obama na Arábia Saudita e na Ucrânia—com o apoio óbvio de Israel, que lançou uma ofensiva militar terrorista contra a Palestina. É percebendo esta manobra que se entenderá o aparecimento e ação psicológica global do famoso Estado Islâmico, uma criação, tal como a Al Qaida, dos serviços secretos militares norte-americanos (com a ajuda mais do que provável dos ingleses e dos israelitas).

É possível que Obama tenha um rebuçado para Putin: se deixares cair Bashar al-Assad, essencial à construção dos gasodutos Árabe e Islâmico, deixaremos a Ucrânia em paz e ao teu cuidado.

É neste teatro bélico potencial, a que os dirigentes eurolandeses assistem com ar bovino, que os ortodoxos gregos e os ortodoxos russos se encontram neste momento.

Vladimir Putin, que ameaçou já fechar o fornecimento de gás natural à Europa através da Ucrânia, oferece, porém, uma alternativa: um gasoduto através da Turquia com entrada na União Europeia pela Grécia. Mas se for assim, como poderá a Alemanha deixar cair os ortodoxos gregos?

A Turquia não se oporá, obviamente, à proposta russa.


FILME DO DIA

Rússia avisa EUA que fornecer armas à Ucrânia causará “dano colossal” às relações
Jornal de Notícias
“Nos nossos contactos com representantes da administração norte-americana sempre sublinhámos que as informações sobre a intenção de Washington de entregar a Kiev armas modernas letais nos causam grande preocupação”, disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Lukashevich.

Merkel, Hollande, Putin to discuss end to Ukraine’s civil war at Moscow talks
RT. Edited time: February 05, 2015 16:26

The French president and the German chancellor are set to visit Moscow on Friday after a trip to Kiev, in order to find a peaceful solution to the escalating violence in Ukraine, the Kremlin has confirmed.

“I can confirm that indeed tomorrow [Friday] Putin, Merkel and Hollande will have talks. The leaders of the three states will discuss what specifically the countries can do to contribute to speedy end of the civil war in the southeast of Ukraine, which has escalated in recent days and resulted in many casualties,” Russian presidential spokesman Dmitry Peskov said.

Putin Invites Tsipras To Visit Russia
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 02/05/2015 10:45 -0500

While Greek finance minister Yanis Varoufakis’ comments that “we will never ask for financial assistance in Moscow,” which notably does not deny acceptance of aid if offered, and Greek Minister of Energy Panagiotis Lafazanis adding that Athens opposes the embargo imposed on Moscow, “we have no disagreement with Russia and the Russian people,” it is perhaps not surprising that, as Vedemosti reports, Russian President Vladimir Putin spoke by phone with the new Prime Minister of Greece Alexis Tsipras, congratulated him on taking office, and invited him to Russia.

[ANA]

The situation in Ukraine and other international issues, among them, “the South Stream and Turkish Stream pipeline projects, dominated a telephone call between Russian President Vladimir Putin and Greek Prime Minister Alexis Tsipras earlier on Thursday, the Kremlin announced.

Putin invited Tsipras to visit Moscow on May 9 when celebrations will take place, commemorating the peoples’ victory over fascism. On his part, the Greek prime minister underlined the importance he attributes to the fight against Nazism, expressing his intention to accept the invitation.

The Russian leader’s top foreign policy adviser Yuri Ushakov said that Putin congratulated Tsipras on his victory in last month’s general elections and on the assumption of his duties as the new prime minister of Greece.

The discussion was very warm and constructive, he said, noting that President Putin invited Tsipras to Russia. He also said that the will for a more active development of bilateral relations was reaffirmed.

The Russian ministers of foreign affairs and defence have already invited their Greek counterparts to visit Moscow.

Tsipras talks to Putin while US urges Greece to cooperate with its partners, IMF
ekathimerini, Thursday February 5, 2015 (14:55)

The United States has urged Greece to work closely with its European partners and the International Monetary Fund, a senior American official said late on Wednesday.

“We do believe that in the case of Greece it is very important for the Greek government to work cooperatively with its European colleagues, as well as with the IMF. And we have advised it to do so, and we are hopeful that these conversations are now moving to a place with some cooperation and mutual understanding.” noted the official during a conference call regarding US Vice President Joe Biden’s visit to Belgium and Germany which begins on Thursday.

The comments followed President Obama’s recent remarks with regard to austerity in Greece, in which he argued that countries could not go on being “squeezed.”

Russia Deploys Nuclear ICBM Launchers On Combat Patrol
Submitted by Tyler Durden on 02/05/2015 12:56 -0500

Perhaps it is a coincidence that a day before John Kerry’s arrival in Kiev (a visit which “coincided” with a 35% devaluation of the local currency) where among other things the US statesman discussed the possibility of official (as opposed to unofficial) deliveries of US “lethal support” to the civil war torn and now hyperinflation country, that Russia decided to put its nuclear ICBMs on combat patrol missions in various Russian regions. Specifically, according to Tass, “About 700 units of military equipment, including launchers are deployed in the positioning areas in the Tver, Ivanovo, Kirov, Irkutsk regions, as well as in Altai Territory and the Mari El republic.”

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