sexta-feira, novembro 14, 2014

TAP vale 1200 milhões de euros



Atenção às contas da empresa e ao valor comercial dos Slots!

“O encaixe financeiro não é, nem pouco mais ou menos, o objectivo do processo de privatização. Se houver encaixe será pequeno” — Sérgio Monteiro, ministro de facto dos transportes e comunicações, dixit.
Agora que o GES morreu e a dívida má da TAP ao Espírito Santo, presumimos, foi parar ao Inferno (Banco Mau), a companhia está mais leve e pode ser vendida pelo passivo bom + o valor dos 9000 slots que detém, ou seja, -1051 milhões de euros de passivo (ver Relatórios Anuais - TAP) + 2.250 milhões de slots  = +1199 milhões de euros. Capiche?

Os 34% que o estado se propõe manter na TAP traduzem o valor inestimável de uma empresa histórica, de bandeira, que continuará a existir enquanto houver aviões e Portugal. É o que os ingleses chamam Goodwill. Não faltarão interessados!

Para recordar o que fomos escrevendo e previmos ao longo dos últimos tempos sobre a zarzuela da TAP:

etc..

POST SCRIPTUM

A súbita pressa do governo em regressar à privatização, desta vez parcial, da TAP (como recomendámos atempadamente), pode resular de uma coisa simples: a eventual falta de dinheiro em tesouraria para os subsídios de Natal deste ano!

A minha suspeita é de que a TAP tenha deixado de ter quem abanque o cashflow necessário às despesas correntes: sobretudo de salários, combustível e reposição de peças.

Esta situação foi disfarçada durante a época alta, conhecida na gíria como verão IATA, mas com o inverno IATA já em curso as receitas estão a cair.... e temo que não haja massa para pagar o 13º mês aos 7.531 trabalhadores trabalhadores, funcionários e administradores da TAP, mais os 4.000  da TAP Maintenance & Engineering. Não sei se posso somar os 7531 aos 4000, pois a informação da companhia não é clara neste como noutros capítulos da informação que deve à comunidade. No entanto, como eram 13.397 trabalhadores em 2009, o mais provável é que o número de hoje ande pelos 11.531. Talvez o gestor Fernando Pinto nos possa esclarecer.

Em alguns posts aqui publicados em 2012, as tabelas oficiais confirmam a encomenda dos 12 Airbus A350-800/900, uma operação mediada pelo ex-GES+Crédit Suisse. Dois dos Airbus deveriam ter sido entregues em 2013/2014, mas não foram, o que deixa entrever uma manifesta falta de recursos próprios, de bloqueio do auxíio público até agora canalizado através da Parpública e das negociatas escondidas com o BES-GES, e ainda da impossibiidade de acesso aos mercados financeiros.

Estas encomendas podem ser vistas como dívidas pelos os futuros acionistas, na medida em que são promessas firmes de compra. São, no mínimo, responsabilidades contratuais que sendo denunciadas acarretarão uma penalização cujos termos constarão certamente do contrato que ninguém conhece exceto o governo, a TAP e o Novo Banco (suponho...)

Eu estimei o valor dos 12 Airbus A350-900/800 encomendados em 2.573 milhões de euros, seguindo tabelas da Airbus, mas será certamente um valor superior, pois tratar-se-ão de contratos de leasing, suponho...

Resumindo e concluindo o governo tentou, uma vez mais, com o anúncio da privatização da TAP, ganhar tempo e liquidez, evitando uma veentual suspensão de pagamentos. Só que desta vez, o aviso é mesmo a sério: sem novo acionista, poderá acontecer à TAP o que aconteceu à Sabena, então companhia aérea de bandeira da Bélgica: ficarem aeronaves e tripulações apeadas nas plataformas dos aeroportos, sem combustível, nem salários!


Dos jornais
O Governo quer fechar a venda da TAP até ao final do primeiro semestre de 2015. [...]

A alienação foi aprovada, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros. O Executivo anunciou a venda de 66% do capital da TAP SGPS, mas o ministro da Economia, Pires de Lima, está aberto a outras propostas.

[...] Desta vez a transportadora é mesmo para alienar, pelo menos parte dela, e rapidamente. O ministro Pires de Lima confia que a operação se realize entre Março e Abril.

[...]

O Conselho de Ministros aprovou a venda de 66% da TAP, 61% a investidores e 5% a trabalhadores. Mas a Renascença sabe que o ministro da Economia admite que o Estado poderá ficar com uma fatia maior do capital da empresa.

Rádio Renascença. 13-11-2014 21:28

O novo processo de privatização da TAP foi aprovado esta quinta-feira, 13 de Novembro, em conselho de ministros.

“O diploma hoje aprovado prevê a privatização de 66% do capital da TAP SGPS, que detêm não só a companhia aérea, mas também todos os outros negócios do grupo”, disse o secretário de Estado dos Transportes esta quinta-feira, 13 de Novembro na conferência de imprensa após o conselho de ministros.

“Destes, 61% serão alienados através de um modelo de venda directa a um ou mais investidores de referência. Os outros 5% ficam reservados a trabalhadores da TAP e de todas as empresas do grupo”, explicou Sérgio Monteiro.

“O Estado fica com uma opção de venda de 34% que pode vir a exercer nos dois anos após o contrato de venda”, afirmou. Contudo, esta fatia só será vendida se forem cumpridas “todas as condições do caderno de encargos”.

(...)

O Governo assume que o objectivo da privatização da TAP é capitalizar a companhia aérea. “Veremos se há um encaixe com a alienação”, diz o secretário de Estado dos Transportes. Se houver, “tanto melhor”, mas o importante é que o comprador assuma o passivo da transportadora.

“O encaixe financeiro não é, nem pouco mais ou menos, o objectivo do processo de privatização. Se houver encaixe será pequeno”, declarou Sérgio Monteiro na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho de Ministros, em que o Executivo aprovou a privatização de 66% da companhia aérea.

Estes mil milhões de euros estão a pesar no balanço da companhia, considera o Executivo. E isto tem dificultado novos investimentos que podem ajudar a lançar a TAP para novos voos. A palavra-chave agora é capitalização.

Jornal de Negócios. 13 Novembro 2014, 15:27

1 comentário:

Anónimo disse...

Por favor, um pouco mais de investigação.
"Dois dos Airbus deveriam ter sido entregues em 2013/2014, mas não foram, o que deixa entrever uma manifesta falta de recursos próprios..." Impossível esta entrega em 2014. Os aviões sofreram um atraso na entrega por parte da fábrica. À Qatar, a primeira companhia que os receberá ainda não foi sequer entregue o 1ºA350. Realmente houve uma cedência de posição na pole de entregas por parte da TAP, segundo se consta tendo esta lucrado com alguma contrapartida. Mas daí usar a expressão "mas não foram". Nem à TAP nem a ninguém como se vê! http://worldairlinenews.com/2014/12/10/qatar-airways-delays-the-delivery-of-the-first-airbus-a350/