Mostrar mensagens com a etiqueta Porto. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Porto. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, março 30, 2012

Iberia Express ou TAP'EX?

Foto do Dakota DC-4 CS-TDF da TAP, comandado pelo Comandante Manuel Maria Rocha e co-piloto Roger d'Avelar, na sua partida de Lisboa a 24 de Março de 1946 pelas 14 horas. O trajecto definido foi : Lisboa-Casablanca-Bolama-Lagos-Liberville-Luanda-Lusaka-Lourenço Marques. A bordo seguiram , além de outros, um telegrafista, mecânico de bordo, o navegador e o meteorologista. Após 11.405 Kms e 45 horas e 20 minutos de vôo com 6 escalas, chegou ao aeroporto de Mavalane em Lourenço Marques no dia 1 de Abril de 1946, pelas 13 horas e 50 minutos. Ou seja, uma semana. THE DELAGOA BAY BLOG

Iberia Express, já está! E agora TAP?

Há muito que a blogosfera informada sobre transporte aéreo recomenda um spin off da TAP antes da privatização, sob pena de esta vir a ser um não evento e uma monumental barraca político-partidária — pois nem os governos PS e PSD-CDS/PP, nem nenhum partido parlamentar, até hoje, encarou o problema TAP de frente :(

A TAP tem gente a mais quando olhamos para evolução recente deste serviço, e sobretudo deste negócio.

A TAP alberga no grupo negócios ruinosos (ex: TAP Maintenance & Engineering, ex-VEM) que não fazem parte do core business da empresa e que têm vindo a chupar literalmente os lucros das operações intercontinentais e em geral do chamado hub aeroportuário português (basicamente um mini hub sediado na Portela e no aeroporto Sá Carneiro, que gere um importante fluxo de passageiros entre o Brasil e a Europa).

A TAP há muito que também perde dinheiro nas ligações europeias ponto-a-ponto, tendo a administração de Fernando Pinto/Michael Connolly (administrador financeiro) apostado estupidamente na ocupação em pura perda de dezenas de slots com o único objetivo de atrasar o inevitável: a chegada em força das companhias de baixo custo a Portugal!

A TAP martela as suas contas sistematicamente. Fê-lo outra vez este ano ao apresentar lucros de um único segmento da TAP como se fosse todo o grupo, onde obviamente se registaram prejuízos! Como pode uma companhia dar lucro e ser interessante para eventuais privados (de momento só existem duas empresas públicas interessadas em comprar o filet mignon da TAP: Iberia-British Airways) quando tem uma dívida acumulada de mais de 2,4 mil milhões de euros — o suficiente para mandar construir duas pontes Vasco da Gama?!

Como a blogosfera tem proposto, primeiro é necessário encarregar uma consultora internacional credível para desenhar um spin off inteligente da TAP, e só depois iniciar um processo de privatização a sério, e não mais uma entrega ao desbarato de uma empresa estratégica a outro país (no caso, a dois: Inglaterra e Espanha!)

A blogosfera adiantou há mais de dois anos a ideia de libertar a TAP das suas gorduras desnecessárias e de, ao mesmo tempo, criar dentro do grupo duas (chegou a propor-se três) companhias: uma TAP LOW COST e uma TAP INTERCONTINENTAL, assegurando deste modo a permanência do seu mini hub atlântico em Portugal, e entrando no jogo altamente competitivo das companhias de baixo custo.

O aparecimento da Iberia Express mostra o que poderá acontecer à TAP se for o contabilista-mor do reino (Vítor Gaspar) a decidir: 4000 despedimentos e a entrega dos aviões da TAP (em leasing), e sobretudo os slots, à Iberia Express !!!

Para a IAG (Iberia + British Airways) a TAP só poderá interessar por um motivo, aliás importante: alargar a presença que já tem no Atlântico norte para o Atlântico sul.

O hub da TAP até poderia continuar em Lisboa, só que já não seria da TAP, mas da IAG. E quanto ao resto é simples: despedir, vender e enfiar o que sobrar na Iberia Express!

Mas também pode acontecer o pior: tudo para Madrid e Barcelona! Portela e Sá Carneiro passariam à categoria de aeroportos regionais de baixo custo — e nada mais :(

segunda-feira, setembro 12, 2011

Portugal dos Pequenitos

Genealogia

Ando a redescobrir o Porto e Cinfaes, mais precisamente, o antigo concelho de Ferreiros de Tendais, perto de Aregos, onde me prende um galho genealogico que comecei a estudar, lendo cartas, contratos e testamentos desde 1870. Nao deixa de ser extraordinario o pouco que os galaico-lusitanos mudaram desde entao!

Nao se trata de uma critica, mas da confirmacao de uma tese conservadora q alimento ha algum tempo: o nosso atraso, ou a resistencia a certas corridas progressistas, tem-nos defendido da extincao. Por exemplo, o facto de dezenas, se nao mesmo centenas de milhar de portugueses ainda terem um bocado de terra seu, faz de todos nos um pais bem mais rico do que, por exemplo, os Estados Unidos, ou a Inglaterra. Quanto mais desesperada for a crise energetica mais claramente perceberemos este detalhe de sobrevivencia!


Observacoes de um turista acidental pela cidade do Porto

Na realidade nao sou turista, mas retornado intermitente. Estou a apaixonar-me de novo por esta cidade.

Notas de passeio: pobreza a cada esquina, mas ainda assim dignidade e estoicismo em cada loja, passeio, e pastelaria. Os ricos e novos ricos empobrecidos continuam na mesma, como quando eu estudava Portugues com Oscar Lopes no agora liceu Rodrigues de Freitas: hoje levam os caes a cagar os passeios sem cuidar de apanhar os presentes (supoem que como andam sempre de carro, nunca chegarao a pisar a merda). Desconhecem passadeiras para peoes, e continuam a deliciar-se com os seus "brutos carros". Andar na rua, para todos, do mais pobre ao mais rico, continua a exigir aparencia. As raparigas nao me deixam as orbitas em paz. Come-se divinalmente por 7 euros - eu disse divinalmente! E a cidade, bom a cidade tem uma verdadeira estrutura urbana (provavelmente a unica em todo o pais), quer dizer, ossatura de urbe, o contrario de Lisboa, onde temos a Baixa, os bairros historicos encavalitados ao longo da margem do Tejo, a margem do proprio Tejo, e depois, tudo o resto, incluindo as avenidas novas (excepto Alvalade) sao suburbios ou, na melhor das hipoteses, arredores (como Cascais e a praia onde vivo). As ruas do Porto sao a perder de vista, planas para andar, habitadas, movimentadas, promiscuas, comerciais, conviviais, atenciosas, onde conviver se mistura como aquilo que faz das cidades o contrario das aldeias e dos suburbios. As pessoas do Porto, salvo quando vao enfiadas nos brutos carros, sao de uma simpatia surpreendente para quem, como eu, apesar dos pais e avos nortenhos, se habituou ha decadas a uma cidade mais dura e heterogenea: Lisboa. Nao coloco uma cidade contra a outra. Vivo ambas como grandes dadivas da minha vida.


Abaixo de Braga

O Jota Seguro veio a Braga dizer nada. Que outra coisa poderiamos esperar de mais um cu pelado da politica partidocrata que temos? O Mario Soares, coitado, deve ter sentido o muro da historia tombar sobre os seus pergaminhos. Afinal foi obreiro de que coisa? Da queda da ditadura, nao foi concerteza. Da democracia populista e corrupta que temos, foi certamente um dos responsaveis. Nem a sua fundacao se safa, pobre diabo!


Lobi da Ota em Alcochete nao desiste 

O Sol diz q Portugal se prepara para perder toda a sua credibilidade negocial e diplomatica perante Madrid e Bruxelas, deitando a perder centenas de milhoes de euros de investimentos ja realizados, outros tantos prometidos, e sobretudo a palavra dada em tres cimeiras ibericas.

Tudo isto por causa do lobi do embuste da Ota em Alcochete, de dois lideres partidarios q so no TGV dizem n poder falhar as imbecis promessas eleitorais que dizem ter feito, e da total desorientacao q a cada dia q passa devora os "politicos" do actual governo. Espero bem q os independentes n caiam na tentacao de ceder a ponto de nao poderem, nem exigir, nem corrigir, nem sair com dignidade do governo. Salazar, quando foi ministro das financas tb encontrou entao uns abranhos e uns abrunhos da mesma laia. Mandou-os bugiar e regressou a Coimbra. Depois, sabemos o q aconteceu. No caso vertente, se os independentes falharem, teremos duas hipoteses: a Troika passa a escrever a agenda do Conselho de Ministros, tout court, ou entao, fa-lo-ao directamente Bruxelas e Frankfurt. Dizer q uma ligacao ferroviaria para pessoas e mercadorias entre as duas capitais da peninsula iberica (+ de 10 milhoes de pessoas) seria uma ruina, ou coisa pouca, ou demasiado cara, alem dum insulto a nossa inteligencia, seria a prova cabal de q a corrupcao do Bloco Central estaria viva e bem viva (apesar do voto penitente do sacristao Seguro), e que, por uma vez, teria conseguido ludibriar a Troika, Bruxelas, Madrid, e todos nos, com a prestimosa colaboracao da desmiolada e indigente merdia lusitana.

Merdia lusitana significa o estado terminal a que chegou a falida, desmioalada e cada vez mais dispensavel imprensa escrita e audiovisual que temos. Toda ela se dobra, saliva e prostitui com quem lhe paga o servicinho de propaganda. Mandaram-na berrar, gesticular, denunciar, perseguir o "TGV" (uma quimera de que desconhecem absolutamente a origem e a natureza), e ela obedece. Mandaram-na escrever lencois e biblias sobre a solidez e o avanco tecnologico inultrapassavel da nossa banca, e assim fizeram. Pagaram-lhe para nao abrirem o bico sobre a TAP, o roubo da agua e a monumental burla das barragens, e como se constata, nao sai um pio sequer daquela honestidade toda, daquela sensibilidade cada vez mais efeminada e o seu putativo sacrossanto direito de investigar e contar a verdade. Desque quando tal acontece? Ou melhor, desde quando tal deixou de acontecder. Cherchez la putain!


O roubo da agua (1) e o embuste das barragens

O cabotino Mexia e a corja da Endesa e da Iberdrola querem atar os Portugueses durante 75 anos (75!) a um Plano Nacional de Barragens que vai custar mais de 16 mil milhoes de euros, para um ganho energetico igual a zero! Repito: zero!! Com este dinheiro fariamos toda a nova rede feroviaria portuguesa de bitola europeia, uma das poucas saidas economicas para um pais periferico quando o petroleo der o berro, ou for tao caro q nenhum TIR circulara pelas entao falidas, abandonadas, esburacadas, deserticas e re-nacionalizadas autoestradas portuguesas. Mais: a ligacao ferroviaria prevista entre o Poceirao (Pinhal Novo) e o Caia custara menos do que a Caixa Geral de Depositos emprestou ao Joe Berardo para jogar e perder no casino do BCP. Alguem teve ja a paciencia de explicar estas verdades aos senhores da Troika?

Post scriptum: as faltas de acentos e o texto corrido sao frutos de tres semanas de viagens. Quando regressar ao poiso habitual, volto a escrever com ortografia correcta e mais cudiado!

NOTAS
  1. As araras da Esquerda clamam contra a privatizacao da Aguas de Portugal, confundindo a arvore com a floresta. O real problema chama-se Lei da Agua e o que a dita transfere em materia de exploracao privada dos recursos hidricos nacionais, do dominio publico, para o dominio privado... da EDP, da Iberdrola e da Endesa!!! Talvez o novo sacristao do PS, a quem auguro uma passagem curta pelo secretariado cor-de-rosa, se possa indignar com isto, depois de estudar o dossie, claro! Que tal To Ze, comecares por aqui a tua cruzada contra a grande corrupcao?

ULTIMA ACTUALIZACAO: 12 set 2011, 22:58

terça-feira, fevereiro 16, 2010

Portugal 164

Aproveitemos a crise!


Se não houver atrasos, o Porto terá em 2011 o seu terminal de cruzeiros, em Leixões, ligado por Eléctrico à Praia de Matosinhos e à Foz do Douro, e por Metro, à grande cidade e ao aeroporto Sá Carneiro. Uma boa notícia para uma urbe onde o impulso da Capital Europeia da Cultura permitiu desencadear um rápido processo de requalificação à escala metropolitana.

Dos cais de Gaia e da Ribeira até à Foz, Castelo do Queijo e praia de Matosinhos, o Grande Porto tem vindo a ganhar uma escala metropolitana, estruturada, atarefada, orgulhosa dos seus excelentes equipamentos culturais e da sua inexcedível sabedoria gastronómica. O caos e as assimetrias ferozes que exibe, não raramente como cicatrizes de uma cidade comedida, que nunca mereceu a sobranceria com que por vezes é olhada desde Lisboa, e a que recentemente Peter Cook se referiu no seu estilo invariavelmente cómico, são de facto o sal puro de uma cidade antiga e actual que, como Lisboa e Coimbra, fazem de Portugal um cantinho recheado de urbanidades ímpares, apesar das mazelas que aqui tão insistentemente invectivo.

Vou com alguma frequência ao Porto e noto que tem mudado bem e depressa. Desde que a Ryanair começou a usar o aeroporto da Maia, a cidade mudou! Ouve-se falar italiano nas tascas da Sé, irlandês e holandês na espectacular esplanada Lais de Guia (ponto de romagem obrigatória para engolir lentamente um Tanqueray com tónica enquanto o Sol se derrete no horizonte), francês e inglês nos jardins e exposições de Serralves, espanhol por todo o lado. Quando conto a familiares e amigos que é isto o que vejo e ouço, sorriem desconfiados, como se a realidade fosse apenas o desaire mediático que diariamente nos entra pela casa e computadores adentro. Mea culpa!

Enquanto o projecto do novo porto de cruzeiros avança, anuncia-se a construção em Aveiro do primeiro navio-hotel para a empresa Douto Azul, grande agitadora e promotora da inclusão da extraordinária e difícil região do Douro no topo das referências turísticas mundiais.

Cargo (15-02-2010) A Navalria, a última da outrora florescente indústria de construção naval aveirense, onde pontificou, entre outros, o internacionalmente reconhecido Mestre Mónica, viu ser-lhe adjudicado o navio-hotel Douro Azul. A assinatura do contrato está agendada para quinta-feira, em Aveiro, numa cerimónia que contará com a presença do ministro da Economia.

“Este projeto foi classificado de Interesse para o Turismo e faz parte de uma candidatura submetida ao sistema de incentivos SI Inovação do Ministério da Economia, no valor global de 12,4 milhões de euros, e que já recebeu do Turismo de Portugal a respectiva aprovação prévia”, garante a Douro Azul, em comunicado.

O novo navio, que deverá estar pronto na primavera do próximo ano, destina-se ao mercado internacional, estando já integralmente vendida a sua ocupação para clientes estrangeiros entre 2011 e 2015 e que irá operar cruzeiros de uma semana no rio Douro. Com 80 metros de comprimento e 11,4 metros de largura, o barco-hotel será composto por 65 quartos duplos, com uma capacidade para 130 pessoas, e irá criar 36 novos postos de trabalho directos.

A NavalRia é hoje pertença da Martifer.
E a Martifer é um grupo de que a Mota-Engil faz parte integrante. Como a Martifer escreve: "A estrutura accionista é formada pelos sócios fundadores, através da I’M SGPS, S.A., e pelo Grupo Mota-Engil, juntos controlam quase 80% do capital da empresa"(Martifer).

Como tenho insistido, e estas notícias confirmam, há mais vida para além das auto-estradas e das barragens. Se a Mota-Engil e a Martifer começarem a construir portos, plataformas submarinas de investigação e prospecção, barcos, submarinos científicos, comboios e sistemas inteligentes de transportes colectivos, retirarei todas as acusações que dirigi à Mota-Engil e a Jorge Coelho, pois nunca foram as pessoas que me incomodaram, nem nunca me moveu qualquer sentimento de inveja económica, mas apenas o asco ao comportamento preguiçoso e falta de imaginação de uma certa burguesia sempre refastelada ao colo do Orçamento, como se fosse a única pagadora de impostos. Eu também pago!

Mais auto-estradas apenas prometem encargos futuros irresponsáveis. Mais dez ou doze barragens, para aumentar 3% na produção eléctrica nacional, é um caso de serial killer à solta que tem que ser imediatamente travado, antes que destrua, por exemplo, todo o esforço que agora começa a ser dedicado às regiões do Douro e Trás-os-Montes, com a dignidade e o respeito que lhes são devidos. As verdadeiras jóias ecológicas que o tempo e o atraso miraculosamente preservaram da fúria especuladora dos homens, não pode agora morrer às mãos de uma dupla de assassinos ambientais — a dupla Sócrates-Mexia.

Eu sei que os nossos economistas ainda não entenderam o problema das barragens. Precisamos por isso de insistir, como antes insistimos sobre a Ota, e também sobre os perigos do endividamento exponencial. Há que levá-los pela mão aos lugares. São pessoas inteligentes e sensíveis que infelizmente lêem demasiados jornais e revistas e saem pouco dos gabinetes. Há que convidá-los para almoçar!

A Câmara Municipal de Amarante acaba de rejeitar a ideia de construir a barragem do Fridão, que é, sob todos os aspectos, uma bestialidade sem nome, destinada apenas, como de resto a do Baixo Sabor e a do Tua, a aumentar os activos da EDP por razões de mero oportunismo financeiro, i.e. para diminuir o grau de exposição deste gigante com pés de barro ao seu descomunal endividamento: 14 mil milhões de euros!

Estive há mês e meio em Arouca, no Verão passado em Amarante, Ponte de Lima, Chão do Gerês e Monção. Não poderiam ter sido passeios mais gratificantes. Temos que respeitar e dar condições ao poder local, que com pouco sabe, por vezes, realizar verdadeiros milagres. Repito: precisamos de criar as comunidades autónomas de Lisboa e do Porto — as duas grandes cidades-região do país, que precisam de um governo regional eleito —, e precisamos também de encaminhar um enorme esforço financeiro, económico e de inteligência e solidariedade criativas para as mais pequenas e indefesas formas de organização política do nosso edifício constitucional: as freguesias. Os municípios contíguos das grandes manchas urbanas e suburbanas devem agregar-se, dando lugar a redes administrativas mais concentradas. Pelo contrário, as freguesias devem ser salvas até ao limite, da grande cidade-região ao habitat mais disperso. Aproveitemos a crise para arrumar a casa!


OAM 686— 16 Fev 2010 03:15

segunda-feira, março 02, 2009

Cimeira iberoamericana

O Porto e a nova diplomacia económica
Cimeira Ibero-America discute no Porto crise económica mundial

Portugal recebe hoje vinte e dois ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais dos países ibero-americanos. Na cidade do Porto vai decorrer uma cimeira Ibero-Americana com o objectivo de contribuir para uma resposta global à crise.

...A presença na cidade do Porto dos mais altos representantes de organizações internacionais como o Banco Mundial, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Banco Europeu de Investimento servirá ainda para abrir a discussão sobre o papel das instituições financeiras internacionais no combate à crise e no desenvolvimento da região ibero-americana.

Recorde-se que esta Cimeira ibero-americana tem lugar um mês antes da cimeira do G20 que reunirá a 2 de Abril, em Londres, os chefes de Estado e de Governo dos 20 países mais industrializados do mundo para debater a actual crise económica mundial, nomeadamente um controlo mais rigoroso sobre produtos e mercados financeiros. — in RTP.

A pouco e pouco, Portugal ressurge como uma porta simpática de entrada na Europa.

Desde logo, a Ibéria pode e deve ter prioridade no fortalecimento das relações atlânticas entre a América que fala espanhol e português e a União Europeia. E depois, seja pela importância crescente do Brasil, seja pelo que resta do episódio entre Chávez e o rei espanhol, ou ainda do anticolonialismo ainda fresco em muitos países outrora dominados pela Espanha, a verdade é que Portugal, apesar da sua pacatez económica, tem vindo a crescer diplomaticamente muito para além das expectativas de muitos de nós. É um bom sinal. E que seja o Porto a liderar as cimeiras onde se colocam sobretudo problemas de natureza económica e comercial, apenas testemunha que as tradições não morrem facilmente, sendo também um bom indicador da já aqui, por mais de uma vez, elogiada política externa portuguesa.

O segredo de Portugal, como nova Suiça da diplomacia mundial, está nisto: faz um triângulo perfeito com o Brasil e Angola, e continua na China, a pedido de Pequim, traduzindo e adaptando o direito romano (no caso português e de Macau) ao Mandarim.

Espero que o meu amigo do Norteamos esteja de acordo comigo sobre este janela de oportunidade.


OAM 545 02-03-2009 14:09

sábado, maio 31, 2008

Portugal 27

A Liga do Norte
A Junta Metropolitana do Porto anunciou hoje que pretende apresentar à Comissão Europeia uma queixa contra o Governo, caso não seja alterada, no prazo de um mês, a resolução que prevê o desvio de verbas do Quadro de Referência Nacional Estratégico (QREN) destinadas ao Norte para a região de Lisboa. - in Diário Económico, 30-05-2008.

Eu sou uma mistura galaico-germânica: neto de um republicano de Cinfães do Douro, de uma burguesa do Porto, de um industrial de Ovar e de uma brasileira com sangue índio e alemão. Sou casado com uma galega de Braga, e a minha filha, loira, de olhos azuis, namora com um músico madrileno filho de pai galego. A consistência genética não pode ser menos mourisca! E no entanto, como nasci em Macau e tenho vivido quase toda a minha vida na região de Lisboa, compreendo mal o complexo das segundas cidades. Ou por outra, compreendo bem, mas não o sinto. O olhar de um nova-iorquino sobre Los Angeles, dum tipo de Barcelona sobre Madrid, ou de alguns tripeiros sobre Lisboa é virtualmente o mesmo: -- "uns trabalham, outros divertem-se!"

E no entanto, apesar de não ser assim, a verdade é que os centros de poder tendem a exercer quase sempre um certo imperialismo sobre as periferias. O facto pode aliás medir-se de um forma simples e rigorosa através da redistribuição regional dos impostos e da distribuição do emprego público disponível. Por aqui se verá, creio, que o Porto tem inteira razão no grito de protesto contra o intento do morcão que dirige a pasta do ambiente de roubar para Lisboa fundos comunitários que por direito pertencem ao Norte.

A crise económico-social tem atingido de forma especialmente gravosa o Porto e a sua região metropolitana. Aliás, com a subida imparável dos preços dos combustíveis, é de prever que Lisboa e o Porto venham a enfrentar gravíssimos problemas de mobilidade e circulação de mercadorias no prazo de uma década. É por esta razão, entre outras, que defendo a criação imediata de duas novas regiões autónomas: a de Lisboa e a do Porto, tendo por base territorial as correspondentes e vastas áreas metropolitanas. Ao contrário dos projectos inquinados de regionalização existentes, defendo que o essencial a fazer neste momento é elevar estas duas regiões cruciais do país à categoria entidades dotadas de uma grande capacidade de auto-governo. Defendo, ao mesmo tempo, que os governos civis devem acabar imediatamente, e que o poder local dever ser reforçado tanto ao nível dos governos municipais (menos municípios, mas mais poder administrativo), como no das freguesias e paróquias que ainda subsistem por esse país fora. A capacidade de iniciativa e de gestão locais são decisivos para nos prepararmos para a transição energética em curso. Para isso é absolutamente necessário descentralizar as competências, as obrigações e os meios!

Alguém no Porto tem que começar a pensar nestes problemas.

OAM 372 31-05-2008, 20:07