quarta-feira, abril 09, 2014

Que diz o PS? Nada, presumo...

Manuel Valls, novo PM francês

Menos Estado, mais economia e mais solidariedade. Simples, não é? Mas ouviram António José Seguro propor algo assim tão simples para Portugal? Eu não :(

França apresenta uma “verdadeira revolução” fiscal - Negócios, 09 Abril 2014, 14:17

“As linhas gerais do programa de reformas de Manuel Valls passam pelo corte de 30 mil milhões de euros em impostos sobre o trabalho e empresas até ao ano de 2016. Para a protecção das famílias mais carenciadas Valls anunciou a intenção de cortar 5 mil milhões de euros nos impostos aplicados a “famílias modestas”.

Outra das medidas, que passa pela necessidade de consolidação orçamental, prende-se com uma redução de 50 mil milhões de euros do orçamento do Estado até 2017. Esta redução far-se-á com cortes de 19 mil milhões de euros nos gastos da máquina do Estado, 10 mil milhões em despesas com a Saúde e 10 mil milhões nos gastos com os governos locais. Os restantes cortes não foram especificados.”

Economia real seca, mas diarreia monetária prossegue


Baltic Dry Index

A Segunda Lei da Termodinâmica é implacável

Baltic Dry Collapses To Worst Start To A Year On Record - ZeroHedge,  04/09/2014 10:46 -0400

If you listen very carefully, you will still hear absolutely nothing from any talking-heads of the utter collapse that the last few weeks have witnessed in the Baltic Dry shipping index. The Baltic Dry has dropped 12 days in a row and plunged back to $1061 - its lowest since August 2013. This is the worst start to a year on record... must be the weather.

[...] The last time we saw a year start like this was 2012 which saw massive concerted co-ordinated central bank easing in Q3 to save us all... it seems that is not coming anytime soon this time...
O aumento surrealista da massa monetária e da liquidez digital, para socorrer os bancos, a especulação financeira e os governos, produz cada vez menos efeitos na economia real e na vida das pessoas, que continua a piorar em todo o mundo. É como no abuso dos antibióticos, dos pesticidas e das drogas em geral: as doses e o preço das doses sobem, mas o bang é cada vez menor.

A economia mundial está estagnada, e o resto é manipulação estatística. O BCE vai lançar-se, em breve, numa gigantesca diarreia financeira, para salvar, nomeadamente, a França. Os piratas indígenas esfregam os seus dedos grossos e anelados. O Elefante Branco renova o cardápio de meninas. Os perigos, porém, são evidentes!

A sequência previsível dos eventos:

— diarreia financeira (BCE lança liquidez a cântaros numa portinhola de acesso reservado aos bancos) > os bancos financiam-se a custo zero ou negativo nesta portinhola do BCE > depois os bancos compram dívida soberana cobrando juros entre 1 e 4% (remuneração que os contribuintes terão que pagar) > os governos voltam a endividar-se à grande e, se puderem, param as reformas em curso e revertem outras, a favor e com aplauso geral das burocracias e rendeiros do regime > a dívida pública continua a crescer > mas como o dinheiro do BCE serve apenas para impedir o colapso de governos centrais, regionais e municipais, continuará a não chegar às famílias e às pequenas empresas (os rendeiros atrelados às obras públicas, que serão os únicos beneficiários deste aguaceiro de euros, voltam a salivar, a fazer coisas inúteis e a roubar) >  dívida externa volta a disparar > os credores exigem colaterais > o saque do país e das pessoas, nomeadamente através do fascismo fiscal, atinge novas proporções de violência > o novo saque acentuará a guerra partidária, corporativa e burocrática (todos contra todos, pois o bolo não chega e vai durar pouco...) > a instabilidade agravará > o mais provável é virmos a ter em breve um partido populista capaz ganhar eleições em 2019.

Atualizado: 9/4/2014 21:10 WET

O ministro das ventoinhas serve Mexia e Pequim, mas penaliza portugueses!

Está tudo dito, mas a inércia da corrupção é enorme


As eólicas e a biomassa - Luís Mira Amaral, Expresso dia 5 de Abril.
Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!
EDP emite dívida no valor de 650 milhões de euros - Público, 08/04/2014 - 16:56.

...No início de Janeiro, a empresa liderada por António Mexia já tinha anunciado a emissão de valores mobiliários representativos de dívida no montante de 750 milhões de dólares (547 milhões de euros, ao câmbio actual), com vencimento em Janeiro de 2021 e cupão 5,25%.

EDP já encaixou 3900 milhões com venda de défice tarifário (desde 2009)Público, 26/03/2014 - 21:18.

EDP adia em quatro anos barragem de 300 milhões no rio Tâmega - Jornal de Negócios, 08 Abril 2014, 00:01.

O embuste das barragens - O António Maria, 30/01/2014.

A burguesia rendeira nacional continua agarrada à lógica dos monopólios, suga sem parar a poupança e o trabalho dos portugueses, captura e corrompe continuamente o sistema partidário instalado, e espera, no fundo, o colapso da Europa e o regresso à ditadura. Não o diz, claro. Mas lá que espera, espera!

A EDP é um caso paradigmático desta lógica rentista e deste desprezo arrogante pelos contribuintes e clientes. Acontece que a pesporrência do cabotino Mexia poderá ter os dias contados. Basta ver a incapacidade estrutural da EDP para baixar a sua descomunal dívida, quase toda impingida ao grupo de idiotas que a dirige pelos piratas da Goldman Sachs sob a forma de parques eólicos americanos vendidos quando o especulador-mor da América soube que os estímulos à bolha verde, criada a partir de Wall Street, iriam terminar. Escrevemos já abundantemente sobre esta manobra financeira que atou a EDP e o governo de Sócrates a uma verdadeira transferência de dívida americana para os contribuintes portugueses. Só há uma maneira de resolver este problema: denunciar e anular a 100% e de uma só vez tudo o que na fatura elétrica paga mensalmente não corresponde a custos de energia consumida e que, por isso, são rendas inaceitáveis, sejam elas a favor da EDP, dos municípios, das regiões autónomas ou da execrável RTP.

Ainda a propósito das rendas excessivas da EDP e do alto preço que pagamos pela energia, que foi recentemente denunciado pelo novo patrão da PSA (Peugeot), Carlos Tavaraes, vale a pena ler o último e sintético artigo de Luís Mira Amaral publicado pelo Expresso, onde se resumem os argumentos que há anos vimos publicando. A energia em Portugal tem um preço excessivo, que compromete a economia, e que já teve como consequência uma escandalosa diminuição do consumo elétrico, quer das famílias, quer das empresas.

AS EÓLICAS E A BIOMASSA
Luís Mira Amaral - Professor Catedrático Convidado de Economia e Gestão — IST
Expresso dia 5 de Abril

As novas barragens não vão produzir energia, vão apenas servir de muleta às eólicas para acumular o excesso de produção da noite!

Sempre que escrevo sobre energia, o lóbi eólico, a EDP e ajudantes multiplicam-se imediatamente em artigos e entrevistas!

Agora disseram que o preço das eólicas era €70/Mwh, mas a ERSE diz-nos que era em 2013 de €102/Mwh!

Também escamoteiam sempre a intermitência do vento que leva a que as novas centrais tenham que ter sempre duas muletas, a bombagem de noite e as térmicas de reserva de dia. Obviamente que tais muletas têm de ser imputadas às eólicas e por isso temos que somar ao seu preço nominal os €62/Mwh calcula­dos no IST pelo prof. Clemente Nunes e chegamos aos €164/Mwh!

As novas barragens não vão produzir energia, vão apenas servir de muleta às eólicas para acumular o excesso de produção da noite! E a CIP veio agora chamar a atenção para os investimentos de 150 milhões de euros, pagos por nós, que têm que ser feitos na rede de transporte para a ligação de tais barragens à rede!

Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!

Também recentemente Mexia, para desviar as atenções sobre o alto preço da eletricidade, veio dizer que o mais importante não é o preço mas sim a segurança de abastecimento, problema que não se põe em Portugal pois temos excesso de capacidade instalada e temos excelentes interligações com Espanha. Portugal é o campeão mundial da potência eólica instalada por unidade do PIB e o terceiro em termos de eólica por habitante!

Temos infelizmente esquecido em Portugal a biomassa. A biomassa só se mete na central quando é preciso e por isso não tem as externalidades negativas das eólicas. Por isso, o preço de ven­da à rede (€120/Mwh) é aparentemente superior ao nominal nas eólicas mas inferior ao seu preço real (€164/Mwh). Assim, a eletricidade produzida pela biomassa conta para o défice tarifário com um valor inferior a 1%!

Por outro lado, cria postos de trabalho, ao contrário das eólicas em que não dominamos a tecnologia e criamos poucos empregos. Uma máquina de 15Mw cria direta e indiretamente 350 empregos. Estas centrais têm externalidades positivas dando vazão aos resíduos florestais, pagando-os a quem os entrega nas centrais, apoiando assim a limpeza das florestas e contribuindo pois para o combate aos incêndios.

Nos fogos florestais, o Governo devia atuar mais na prevenção com a limpeza das florestas, para a qual o apoio às centrais de biomassa seria muito útil, do que no combate aos fogos em que em 2013 morreram 9 pessoas, arderam 150.000 hectares e se gastaram cerca de €130M.

Infelizmente apenas temos um ministro do CO2 e das ventoinhas, quando devíamos ter um ministro para o nosso Ambiente e um verdadeiro ministro da Energia...

ADFERSIT desanca Plano de Infraestruturas do Governo

Bloco Central da Corrupção é o mesmo. Nada mudou


Governo vai adjudicar 95% das obras estratégicas antes das próximas legislativas
- Público, 09/04/2014 - 07:12

A lista de infra-estruturas estratégicas, divulgada ontem, cresceu face ao elenco de 30 projectos prioritários que constava no relatório de um grupo de trabalho nomeado pelo Governo. Este acréscimo fica a dever-se, em grande parte, a um reforço do número de obras no sector rodoviário.

Quem vai pagar os projectos de infra-estruturas? - Jornal de Negócios, 09 Abril 2014, 13:00

O Governo apresentou um programa para obras nas estradas, comboios, portos e aeroportos. O Negócios diz-lhe quem as vai pagar.

Que diz o Seguro do PS —de novo controlado por Coelho, o Jorge— a mais este embuste?

Como este corajoso comunicado da ADFERSIT denuncia, o plano de infraestruturas do governo, além de ser uma manobra tipicamente eleitoral, é a demonstração de que a cleptocracia indígena continua a mandar, com a sempre subserviente e salivada colaboração dos 'técnicos' e da interminável baba burocrática que sufoca o país.

Neste PETI para eleitor ver, e que não passa de uma caricatura de estratégia que, como está, nem sequer merece a atenção das instâncias competentes da União Europeia, vai tudo atamancado, com os lóbis do betão a cobrar as campanhas eleitorais e os tachos distribuídos pela corja partidária. Esperemos que Bruxelas trave a próxima leva PPP que promete entregar de vez o país à Goldman Sachs e ao PC Chinês!

Segue-se o comunicado da ADFERSIT, onde, resumidamente, está tudo dito.


Plano de Infraestruturas do Governo: erro histórico para a Economia

A componente do Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI) relativa às ligações ferroviárias internacionais condena Portugal ao isolamento no contexto europeu, pois privará Portugal de vias terrestres competitivas para as suas trocas comerciais com o seu principal mercado externo, a União Europeia. Trata-se de um erro histórico, com consequências irreversíveis durante várias décadas:
  1. Agrava a condição periférica da nossa economia.
  2. Restringe a competitividade das empresas exportadoras portuguesas.
  3. Restringe a possibilidade de Portugal atrair investimento estrangeiro.
  4. É mais uma barreira, grave, à solução estrutural da crise.
  5. Fomenta as falências, o desemprego e as discrepâncias de produtividade e de salários com a União Europeia.
  6. Contraria os objectivos estratégicos do Governo para superar a crise e relançar a economia.
  7. Contraria a política de Fundos estruturais e de coesão da Comissão Europeia, pois prevê a aplicação de Fundos CEF destinados prioritariamente a vias férreas interoperáveis em Linhas que não o são (Linha do Norte e Linha do Sul).
O PETI, ao contrário do que tem sido propagandeado, condena Portugal a ser um apêndice do sistema ferroviário europeu, quase isolado da Europa e da própria Espanha, pois as propostas do PETI para a ferrovia de bitola europeia são soluções de “remendo”, pouco competitivas e sem qualquer visão estratégica para o médio e longo prazo, porque:
  1. Têm uma capacidade limitada porque são em via única.
  2. Não são competitivas para o tráfego de passageiros.
  3. A ligação a norte (Pampilhosa – Vilar Formoso) tem uma rampa elevada que restringe o peso dos comboios de mercadorias, aumentando o custo por tonelada/quilómetro de mercadoria transportada. Recorde-se que a Linha da Beira Alta já foi objecto de modernização, incluindo muitas correcções de traçado, na década de 90, o que não impediu que se mantivesse com infindáveis restrições, pelo que alicerçar o futuro das ligações ferroviárias internacionais do Norte e do Centro sobre o seu traçado é um acto de clamorosa miopia estratégica.
  4. Tem um traçado inadequado, pois liga à Linha do Norte demasiado a sul, afastando-se dos principais portos e regiões que visa servir, o Centro e o Norte de Portugal.
  5. A maior distância e a falta de competitividade desta ligação tornará impossível captar tráfego de mercadorias da Galiza, que aumentaria a frequências dos comboios de Aveiro para Espanha e Centro da Europa.
  6. A manutenção dos mesmos critérios e a opção por soluções do mesmo tipo (3º carril em Linhas existentes) que as adoptados no PETI, tornará muito difícil, na prática quase impossível, levar linhas em bitola europeia - para comboios directos, sem rupturas de carga, com a generalidade dos países da Europa - aos portos de Aveiro e de Leixões e a plataformas logísticas nas mesmas regiões.
Direção da ADFERSIT
9 de Abril de 2014

sábado, abril 05, 2014

A deflação não é um perigo, a dívida imparável e a inflação, sim!

Se a procura de capacidade cai, a economia não cresce.

 

O que Seguro pede, já foi e continuará a ser dado pelo BCE, e não é bom... 

 

“...we do not exclude further monetary policy easing and we firmly reiterate that we continue to expect the key ECB interest rates to remain at present or lower levels for an extended period of time” — Mario Draghi.
“The first obstacle is… the emerging risk of what I call “low-flation,” particularly in the Euro Area. A potentially prolonged period of low inflation can suppress demand and output—and suppress growth and jobs. More monetary easing, including through unconventional measures, is needed in the Euro Area to raise the prospects of achieving the ECB’s price stability objective. The Bank of Japan also should persist with its quantitative easing policy” — Christine Lagarde (in Stockman’s Corner).
The fear of deflation serves as the theoretical justification of every inflationary action taken by the Federal Reserve and central banks around the world. It is why the Federal Reserve targets a price inflation rate of 2 percent, and not 0 percent. It is in large part why the Federal Reserve has more than quadrupled the money supply since August 2008. And it is, remarkably, a great myth, for there is nothing inherently dangerous or damaging about deflation.

Deflation is feared not only by the followers of Milton Friedman (those from the so-called Monetarist or Chicago School of economics), but by Keynesian economists as well. Leading Keynesian Paul Krugman, in a 2010 New York Times article titled “Why Deflation is Bad,” cited deflation as the cause of falling aggregate demand since “when people expect falling prices, they become less willing to spend, and in particular less willing to borrow” — in Deflating the Deflation Myth - Chris Casey - Mises Daily
Wednesday, April 02, 2014, by Chris Casey.

O medo de deflação é irracional e infundado, segundo a Escola Austríaca. Baixar os juros e aumentar mais ainda a emissão de moeda e portanto a massa monetária é o que está em curso, tanto nos EUA, como na UE, como na... China, supostamente para afastar o demónio da deflação. E no entanto os preços e a atividade económica continuam estagnados. Basta reparar nos últimos gráficos do Baltic Dry Index. Nem a criação artificial de liquidez, nem a destruição dos juros chegam à economia, e muito menos às famílias que se vêm atingidas pelo desemprego estrutural causado pelo colapso das empresas, seja por efeito do excesso de capacidade destas, seja por terem o acesso ao crédito bancário bloqueado.

Todos queremos pagar menos, e não mais!

No entanto, a aposta dos bancos centrais, e do PS, e do Bloco de Esquerda, vai sempre ter com a inflação. Ora, como o emprego não cresce e o desemprego aumenta, esta inflação invisível (os tais 2% que são bem mais...) estimulada pelos bancos centrais e pelos partidos de esquerda só pode ser uma receita para o desastre: expropriação generalizada das classes médias, através da expropriação financeira e fiscal das suas poupanças e rendimentos, a qual resulta da redução das taxas de juro para valores negativos (sim, negativos...) e da destruição do crédito à economia produtiva (aquilo que eufemisticamente os banqueiros centrais chamam 'mecanismos de transmissão monetária' e 'fragmentação').

Na realidade, estamos a caminho de uma expropriação em massa da riqueza privada através dos bancos centrais, em nome, não da emancipação de um qualquer proletariado, que já não existe, mas do fortalecimento, enriquecimento e centralização de uma classe financeira global e globalmente servida por uma tropa de choque burocrática sem vergonha, de que a generalidade dos partidos sentados nos parlamentos são parte integrante.

Ou seja, os rendimentos de capital caiem, os rendimentos do trabalho caiem, mas os preços das matérias primas, da energia e os impostos continuam a subir acima da inflação declarada, tal como o preço a pagar pelas dívidas soberanas que são alimentadas pela demagogia populista instalada com recurso à criação imparável de massa monetária fictícia, i.e. de dívida pública e privada — o que, por sua vez, dará aos novos soberanos financeiros pretexto e fundamento legal para a mencionada expropriação da riqueza produzida, bem como da poupança de mais de duas gerações! Veja-se a venda de ativos públicos ao desbarato e sem prudência contratual por parte dos governos de José Sócrates (PS) e Passos Coelho (PSD-CDS/PP). O Estado não tem outra forma de pagar o banquete que encomendou e papou ao longo das últimas duas décadas!

Quando o tótó Seguro pede mais tempo e menos juros esquece, porque na realidade não sabe, e apenas repete o que o economista cor-de-rosa de turno lhe diz, que é precisamente isso que tem sido feito desde que o BCE entendeu que o problema financeiro da UE deixara de ser um problema circunscrito à periferia e se deslocara para o coração do... euro!

Enquanto não deixarmos cair os bancos, e sobretudo não tratarmos da saúde aos especuladores e aos rendeiros sistémicos do capitalismo burocrático, assistiremos à continuada destruição das classes médias, ao empobrecimento geral das economias, à desagregação social dos países e ao perigo de novas guerras e revoluções. Só que desta vez o sangue correrá sem prémio no fim :(

Curiosamente, a democracia populista, devorista e rendeira que temos começa a morder perigosamente a própria cauda.

POST SCRIPTUM
Introductory statement to the press conference (with Q&A)
Mario Draghi, President of the ECB,
Frankfurt am Main, 3 April 2014
(transcript)

Atualizado: 6/4/2014, 02:06 WET

terça-feira, abril 01, 2014

Rota da Seda 2

Xi propõe a Angela Merkel reconstruir a Rota da Seda

Rota da Seda 2

Marc Faber: "...exports from China to emerging countries are higher than exports to the US or Europe." (The Money Morning, 31 March 2014)

A China e a Rússia querem restabelecer a Rota da Seda. Mas à cautela é também necessário reestabelecer a Rota das Índias, com um atalho terrestre chamado caminho de ferro Lobito-Nacala, que falta concluir, mas para o qual a China tem dado o seu contributo interessado.

Tal como prevíramos, estamos a caminho de um Tratado de Tordesilhas 2. 

Vai ser doloroso para os Estados Unidos reconheceram que a sua hegemonia já era, e que de ora em diante terão que deixar de tratar o planeta como uma quinta sua onde entram e saem quando querem, sem pedir licença a ninguém e deixando atrás de si, invariavelmente, países destruídos e milhões de mortos. 

A Europa, ou melhor, a Europa liderada pela Alemanha, escolheu, e por sua vez foi escolhida, quer pela Rússia, quer pela China, como aliado privilegiado de um novo equilíbrio geopolítico. Daí ser Frankfurt, e não Londres, a praça financeira escolhida para liderar na Europa a elevação do Renminbi à categoria de nova moeda de reserva mundial. Percebe-se agora o motivo de tanta espionagem sobre a Alemanha e sobre Angela Merkel por parte dos serviços secretos americanos e ingleses.

Talvez seja agora mais fácil perceber o que se tem passado na Síria, na Turquia e na Ucrânia.
 
President Xi calls on China, Germany to build Silk Road economic belt
Xinhuanet, 2014-03-30

Chinese President Xi Jinping (C) visits Duisburg in Germany, March 29, 2014. (Xinhua/Rao Aimin)

DUSSELDORF, Germany, March 29 (Xinhua) -- Chinese President Xi Jinping Saturday called on China and Germany to work together to build the Silk Road economic belt.

Xi made the remarks during a visit to Port of Duisburg, the world's biggest inland harbor and a transport and logistics hub of Europe.

He said China's proposal of building the Silk Road economic belt, based on the idea of common development and prosperity, aims to better connect the Asian and European markets, will enrich the idea of the Silk Road with a new meaning, and benefit all the people along the belt.

China and Germany, at the opposite ends of the belt, are two major economies that serve as the driving engines for economic growth respectively in Asia and Europe, Xi noted.

Rota das Índias 2


Linha ferroviária Lobito-Nacala em construção

A luta pelo controlo da Eurásia prossegue. O tesouro é, como sempre foi, imenso. O perigo de uma guerra em grande escala no Médio Oriente está na agenda dos falcões de Washington. As provocações sucedem-se. Os Estados Unidos querem fazer três coisas bem difíceis: voltar a espezinhar a Alemanha e controlar a Europa com a ajuda dos poodles ingleses, provocar uma guerra no centro-leste da Europa e/ou no Médio Oriente, para cortar o acesso de uma parte da Europa ao petróleo e gás russos, condicionando assim o acesso da China ao petróleo árabe e do Mar Cáspio e, por fim, bloquear o Estreito de Malaca à passagem dos navios chineses em direção à Península Arábica e a África. Eu diria que é uma missão impossível nesta altura do campeonato. Mas mais vale denunciar desde já o intento e travar os neocons que telepontam Obama, do que remediar.

Lisboa, Portugal e a Península Ibérica voltam assim a ser uma das placas da estratégia mundial.

Se houver dificuldades de abastecimento de petróleo e gás natural oriundos da Rússia, do Médio Oriente e de África (gasoduto Nigéria-Argélia) à Europa, se houver bloqueios marítimos a la cubana, então os portos atlânticos portugueses e espanhóis, assim como as redes ferroviárias de bitola UIC interoperáveis com as redes europeias, e a rede de autoestradas ibéricas serão cruciais para impedir uma qualquer manobra de isolamento económico da Alemanha, França, Holanda e Áustria, entre outros países do centro e norte da Europa Ocidental.

Pelo sim, pelo não, o melhor é andar depressa na rede ferroviária de bitola europeia prevista nos acordos bilaterais com Espanha (sob pena de serem os portos espanhóis a fazerem o serviço todo), aumentar rapidamente a capacidade e operacionalidade dos portos de águas profundas, e investir na reindustrialização tecnológica do país. Os fundos de investimento atolados de liquidez sem destino terão aqui uma boa oportunidade de ganhar algum dinheiro.

Nesta conjuntura perigosa, Portugal deverá assumir uma posição de neutralidade e de cooperação diplomática intensa, usando a sua vastíssima rede de proximidade cultural e política, de que fazem parte, além da Alemanha, França e Reino Unido, muitos outros países, como a China, o Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde ou Timor.

Também por tudo isto, o manifesto pela reestruturação da dívida pública portuguesa, proposto por Francisco Louçã e demais feiticeiros despesistas da macro-economia da treta, é um erro colossal.

Atualizado em: 1/4/14 11:27

segunda-feira, março 31, 2014

Estatísticas criativas agradam ao governo, claro!

Se o estado não encolheu, mas a economia encolhe, não pode haver redução consistente da dívida pública, nem consolidação orçamental. É óbvio!


Portugal fecha 2013 com um défice de 4,9% do PIB
(act.)
31 Março 2014, 11:08 - Jornal de Negócios

O défice orçamental do ano passado ficou em 4,9% do PIB, incluindo o efeito do Banif, um ponto abaixo da estimativa do Governo e da troika.

O défice orçamental de 2013 ficou nos 4,9% do PIB, um valor inferior à meta acordada com a troika para o ano passado de 5,9%, incluindo a recapitalização do Banif. A diferença de quase 1.656 milhões de euros concede alguma folga ao Governo para a meta de défice de 4% do PIB definida para o final deste ano.

A contabilidade criativa é um desporto mundial a precisar de umas Olimpíadas, mas enfim, à custa dum aumento colossal e proto-fascista de impostos (refiro-me aqui ao autismo e autoritarismo da máquina fiscal), lá mascararam os números do défice, enquanto a dívida pública (que anda mais próxima dos 165% do que dos 129% anunciados), essa, continuou a subir.

O pior, porém, está para vir...

Enquanto não reduzirmos a sério o perímetro de ação do estado corporativo e clientelar que temos, e não entregarmos às pessoas o que estas sabem, podem, querem e devem fazer sem intromissão de políticos indigentes e burocratas, aquilo que continuaremos a ter pela frente é uma dívida insustentável e argumentos a favor dos que querem sair do euro e regressar ao nacionalismo parolo e proto-fascista, ainda que, desta vez, mascarado de democracia mexicana.