domingo, fevereiro 01, 2015

Pablo Iglesias: ¡Hácen falta Quijotes!


¡Sí, se puede!

Soñamos, pero nos tomamos muy en serio nuestros sueños.


“Rajoy escuta, Espanha está em luta” é a palavra de ontem gritada por milhares de espanhóis que estão nas ruas de Madrid. As Portas do Sol estão cheias de gente vestida de roxo. O comício do Podemos já começou. Pablo Iglesias encabeçou a ‘Marcha da Mudança’

Ler mais: Expresso

O discurso que poderá levar Pablo Iglesias e a frente populista Podemos ao governo de Espanha, este ano, foi pronunciado no sintomático dia 31 de janeiro de 2015. Em Portugal, este dia, no ano de 1891, marcou a revolta (falhada) que deu início ao movimento político que conduziria, quase vinte anos anos depois, à queda da monarquia e subsequente implantação da República.

E em Espanha, como será? Viam-se muitas bandeiras republicanas entre a mole de mais de cem mil manifestantes que foram ouvir Pablo Iglesia naquela que foi anunciada como La Marcha del Cambio—el momento es ahora. A cor púrpura do Podemos, curiosamente, é a mesma de uma das faixas da bandeira republicana espanhola.

A sondagem mais recente, de janeiro último, dá ao movimento liderado por Pabo Iglesias mais de 5% de vantagem sobre o PSOE, e mais de 9% sobre o PP de Mariano Rajoy. Depois da grande manifestação de ontem, sob o impacto das recentes eleições gregas, que deram o poder ao Syriza, é bem possível que as próximas sondagens aguentem a vantagem de janeiro, ou acentuem mesmo o entusiasmo crescente de uma parte importante dos eleitores, sobretudo nas cidades, pela ideia de mudança.

Vale a pena ouvir o discurso cirúrgico de Pablo Iglesias contra o 'totalitarismo dos cortes', e contra o 'totalitarismo financeiro', notando a forma certeira como assaca as responsabilidades pelo empobrecimento e pela situação humilhante do país, aos partidos instalados, com especial destaque para Mariano Rajoy, mas também aos banqueiros e especuladores, aos ricos de sempre, que deixaram o país numa situação que urge reverter, e ainda à visão, na sua opinião arrogante e inaceitável, de Angela Merkel.




A austeridade está a destruir e a dividir a Espanha em duas, diz Iglesias: os de cima, que estão mais ricos, e os de baixo, que estão mais pobres. E por isso, a manifestação de 31 de janeiro não é para protestar, mas para fazer mudanças, já em 2015, que vão marcar o futuro da próxima geração.

Podemos defende a reestruturação sábia das dívidas e contas públicas em ordem, em nome dos direitos democráticos da cidadania, da justiça social, contra a burla da austeridade, e contra o totalitarismo financeiro. A soberania é dos países e não reside em Davos, invetiva Iglesias.

Neste discurso, curiosamente, Pablo Iglesias evita repetir demasiadas vezes a palavra Espanha, embora fale, naturalmente, de cidadãos espanhóis e de espanhóis. Mas sublinha substantivamente a Pátria, contornando com este artifício retórico a ferida dos nacionalismos, sem deixar de saudar os manifestantes em castelhano, basco, galego e catalão.

O tom retórico é de outro tempo, recordando por vezes discursos da época heróica das utopias socialistas e comunistas, mas também de Jesus quando expulsou os vendilhões do templo—¡malditos sean aquellos que quieren transformar nuestra cultura en mercancía!, exclama Iglesias contra os os novos vendilhões do marketing.

A necessidade é muita e dramática. Os pobres e os injusta e subitamente empobrecidos escutam... e provavelmente votarão para provar a boa-nova deste jovem demagogo.

O comício termina com estas palavras: Madrid, Europa, 31 de janeiro de 2015, ano da mudança, podemos sonhar, podemos vencer.


COMENTÁRIO DE UM AMIGO


María Pacheco (Granada, c. 1496 - Oporto, Portugal, 1531), de nombre completo María Pacheco y Mendoza. Noble castellana. Fue esposa del general comunero Juan de Padilla; tras la muerte de su marido asumió desde Toledo el mando de la sublevación de las Comunidades de Castilla hasta que capituló ante el emperador Carlos en febrero de 1522—Wikipedia.

António,

Foi o Ribeiro Telles que me explicou.

A cor lilás vem originariamente do movimento dos comuneros.

Este movimento opôs os proprietários de rebanhos contra o Imperador Carlos V. A própria Joana a Louca terá sido afastada por ter tomado o partido desta revolta.

Os proprietários lutavam contra os impostos de ter de pagar passagem pela transumância (o mesmo conflito opôs nos USA os cowboys a outros proprietários fundiários)

Ainda hoje uma vez por ano os pastores atravessam ostensivamente o centro de Madrid.

A República adoptou a cor dos comuneros contra o poder Real.

O Pablo Iglesias, um erudito Leninista confesso, sabe usar o simbolismo histórico como ninguém. Fiquei completamente banzado com o discurso de Madrid e as suas metáforas.

Utiliza um discurso demagógico clássico, estruturado e pedagógico, de perguntas e respostas, ao estilo de Hitler, Goebbels ou Martin Luther King, muito ao estilo da retórica eclesiástica dos Jesuitas.

Domina totalmente a reacção das massas, inclusivamente ordenando quando aplaudir ou quando se conter. Num os seus discursos desafia a audiência em êxtase, a abster-se a aplaudir e permanecer em silêncio, para no fim permitir uma forte ovação.

Não só se viam as bandeiras de da Republica e a cor dos comuneros, como uma total ausência da Bandeira de Espanha.

Foi também nessa Praça que foi declarada a II Republica de 1931.

Pablo Iglesias é algo muito mais importante do que pensamos.

abc
F.B.

Atualização: 2/2/2015, 10:20 WET

Grécia manda Troika bugiar

Presidente do Eurogrupo e o novo ministro das finanças grego

Dijsselbloem para Varoufakis: “You Just Killed The Troika”


E agora, Tia Merkel? E agora, Grécia? Será que a Rússia, os chineses e o resto dos BRICS propuseram a Tsipras um Plano B? Obama e Cameron abriram, aposto um G'Vine, várias garrafas de Champagne por esta inesperada, ou talvez não, derrota alemã. Mas o calvário continua... e as ondas de choque, em breve, varrerão a pacatez lusitana que tem aturado uma democracia capturada por gente imprópria.

O novo ministro grego das finanças, professor universitário e um blogger dos quatro costados, esclareceu mais tarde a BBC sobre o grande burburinho que se levantou depois da pedrada no charco que foi a conferência de imprensa que reuniu o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e o novo ministro das finanças grego, Yanis Varoufakis, e onde o primeiro teria confessado, entre dentes, ao segundo, quando ambos abandonavam a conferência de imprensa: “You Just Killed The Troika!” Ao que Varoufakis teria replicado: “Wow!”

Neste esclarecimento (YouTube) o ministro teve a preocupação de explicar que a Troika, na sua qualidade de mandatária da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do Fundo Monetário Internacional, deixou de ser uma interlocutora útil para a Grécia, como para qualquer outro país da União Europeia, na medida em que as receitas prescritas e em boa parte seguidas pelos países sob programa de resgate não deram os resultados prometidos. Os países da União têm assim que dialogar diretamente com os credores, e sobretudo com as instituições europeias de que são membros de parte inteira, sobre a crise sistémica em curso e novas estratégias para lhe fazer frente.

O que começou por ser um problema da periferia disfuncional, burocrática e corrupta da UE, progrediu entretanto em direção a norte: França, Bélgica, Reino Unido, Áustria, Holanda e Alemanha. A Alemanha, por exemplo, infrige há algum tempo o limite de 60% do PIB imposto pela UE em matéria de dívida pública. Em 2013, segundo The World Factbook, a sua dívida pública era de 79,9% do respetivo PIB.

Mas regressando à entrevista dada à BBC por Yanis Varoufakis, convém ressalvar que o mesmo reconheceu relativamente à Grécia que o país precisa de uma verdadeira reforma estrutural e de uma repressão fiscal a sério. O que houve, por obra da direita e dos especuladores agora derrotados nas urnas, foram 1) deformas estruturais e 2) transferências fiscais maciças, dos mais pobres e da classe média, para os mais ricos e para os fariseus da Troika. Ou seja, há que ir ao fundo dos problemas, e rejeitar liminarmente a ideologia austeritária do banksterismo dominante e suas subservientes burocracias. Não por estas palavras, mas foi o que disse.

Aparentemente, mesmo antes de ser eleito, o Syriza levou a Carta a Garcia, neste caso a Mario Draghi, para que o hegemonismo quadrado dos alemães fosse decisivamente contrariado.

É pos isto mesmo que a frase de Jeroen Dijsselbloem para Yanis Varoufakis (Keep Talking Greece) — Acabastate de matar a Troika—é mais consequente do que parece.

António Barrreto?


O ANTÓNIO MARIA, de Raphael Bordallo Pinheiro
I Série | 1879-1885
12 de janeiro de 1882, p.15
Dialogo na rua
Cão (ganindo com acrimonia): Não me deixam entrar em parte nenhuma.
Zé Povinho (consolando): Nem a mim. E todavia entre nós ambos ha esta differença : tu não pagas nada, e eu pago tudo.

Entrevista de um não-candidato presidencial


António Barreto apoia uma revolução constitucional, mas não tem perfil para a liderar. É um facto. Reafirma, porém, uma ideia acertada, perfilhando desde há algum tempo o que outros têm escrito, na mesma direção, sobre esta matéria: POR UMA NOVA CONSTITUINTE!

Será que chegou finalmente o momento de extinguir a imprestável partidocracia que nos levou a conhecer o precipício da bancarrota? Ou precisamos ainda de esperar pelos próximos cem dias de goveno de Alexis Tsipras? De ver primeiro o que acontece em Espanha? Ou de presenciar a balbúrdia que se adivinha no caso de António Costa ganhar, sem maioria, as próximas eleições?

Quem atirou Portufgl para a fossa (PS, PSD, CDS/PP, PCP e BE) não sabe, nem pode tirar-nos da bancarrota. Quanto mais tempo confiarmos os nossos votos à nomenclatura irresponsável e corrupta deste regime, a esta partidocracia incorrigível, menos hipóteses teremos de sobreviver à metamorfose que nos foi imposta pela estupidez e pela ganância.

O que diz Barreto

António Barreto como nunca o viu. "Gostaria de ver alguns ex-governantes e banqueiros presos"
Por Isabel Tavares
Jornal i, publicado em 31 Jan 2015 - 19:00


[...]
Os partidos estão a esvaziar-se. Creio que vamos ter novos candidatos políticos nos próximos anos, é inevitável. Aliás, em vários países europeus já estão a aparecer muitos partidos. Os nossos estão a esvaziar-se num clima crispante, as pessoas não têm confiança nos partidos, nos seus dirigentes. [...]

Que Constituição nos serviria?

Uma Constituição que dê mais liberdade às gerações actuais, que lhes permita eleger os seus partidos, os seus políticos e que tenha uma maior margem de liberdade nas suas decisões. Em muitas matérias laborais, de saúde, de educação, de segurança social, de organização do Estado, função das autarquias e justiça, a Constituição, em vez de definir as grandes estruturas e deixar o tempo e as classes preencherem os conteúdos, fixou-os. Podia ser muito limpa de todos os ónus ideológicos.

Mas o país pode mudar mesmo com a Constituição que tem, ou não?

Nalgumas coisas não. O sistema político está totalmente desenhado para permitir que estes partidos fiquem perpetuamente no poder e que os que venham continuem com o mesmo sistema. Tem de limpar da Constituição o método d'Hondt, o sistema proporcional, a ideia de que os deputados são eleitos por listas. O mundo que mais aprecio, e não é só o anglo-saxónico, tem sistemas uninominais, as pessoas elegem um deputado a quem pedem contas. Se esse deputado morre ou muda de emprego, elegem outro, não vão buscar o 15.º ou 27.º, um analfabeto qualquer, um atrasado que está lá no fundo da lista para encher. Há um sistema de confiança nos seus eleitos que a nossa Constituição destruiu. Um deputado que vote ao contrário do Dr. Passos Coelho ou do Dr. António Costa corre riscos muito sérios de ser vilipendiado, destruído, até expulso do partido. Isto não é um sistema livre e tem de ser expurgado da Constituição.

Disse que não confia em ninguém. Em quem confiaria para trabalhar numa nova Constituição?

Se alguém começasse a fazer esse trabalho, eu confiaria imediatamente. Porque é um trabalho muito difícil - eu não sou um optimista em relação a isto.

Não vai fazer-se?

Penso que vai fazer-se por necessidade. Se os partidos não quiserem fazer isto a bem, daqui a cinco, daqui a dez, a 20 anos terão de fazer a mal.

O que quer dizer com isso?

Um golpe de Estado, uma revolução, pronunciamentos ou assassinatos, não sei. Se fizer a lista das constituições portuguesas, foram todas assim. Foi preciso uma revolução para fazer a Constituição de 76, como a de 33. A de 10 foi uma revolução e uma ditadura. Ao fim de 40 anos - e oito ou nove revisões, algumas de cosmética ou coisas necessárias por causa da Europa -, a necessidade de a rever mantém-se. O relação entre o Presidente da República, o parlamento e o governo também tem de ser revista.

Em que sentido?

Continuamos com uma espécie de reinado, de rei positivo. Desde há quatro anos todos os dias há partidos a pedir a demissão do governo. E viram-se para o Presidente da República e zangam-se. Uma das razões pelas quais o PR não é aceite com legitimidade por todos os partidos é porque todos, excepto os do poder, acham que o presidente já devia ter posto o governo na rua. Este sistema não é aceitável, tem uma situação pré-fabricada para as instituições estarem permanentemente em conflito. Tivemos no último ano dois ou três conflitos gravíssimos com o Tribunal Constitucional, num dos casos até acho que o TC tinha razão. Mas o que é importante é que o governo e o parlamento não tiveram a liberdade suficiente para administrar a coisa económica e social.

Qual é a liberdade que nos falta?

A primeira de todas é dizer não. A segunda é pensar sozinho ou escolher as próprias influências.

Há 50 anos tínhamos 50% de analfabetos, impensável na Europa. Tudo dependia do Estado e do poder político, do poder militar, do poder da Igreja. Se se dizia não, perdia-se tudo, vivia-se no medo. Isto criou o hábito da reverência, do respeitinho, de dizer que sim e ter medo de quem manda.

Por isso é tão difícil decidir?

Decide-se desde que seja às escondidas. Fazem-se uns despachos, umas circulares, umas portarias que saem no Diário da República. Se a decisão implica uma tomada de posição aberta, a coisa torna-se mais difícil.

A nova Constituição deveria ser referendada?

É importante que a Constituição seja referendada, coisa que nunca se fez. E isto é gravíssimo, que Portugal se tenha recusado sempre, desde 76, a referendar a sua Constituição. E referendar a adesão à União Europeia, etc. Foi liminarmente retirado ao povo o direito de decidir sobre as coisas importantes que se fizeram em Portugal, ao contrário do que acontece na maior parte dos países europeus.

sábado, janeiro 31, 2015

Juros negativos



Nordea Credit: o primeiro banco a pagar juros, em vez de cobrar, por um empréstimo à habitação!


“Thanks of Mario Draghi’s generosity with “other generations’ slavery”, and following 3 consecutive rate cuts by the Danish Central Bank, a local bank - Nordea Credit - is now offering a mortgage with a negative interest rate! This means, according to DR.dk, that Nordea have had to pay instead of charging interest to to a handful of customers, says housing economist at Nordea Kredit, Lise Nytoft Bergmann for Finance” — in Zero Hedge, 30-01-2015.


Quando compramos uma casa e pedimos dinheiro ao banco, ficamos a dever esse dinheiro, que pagaremos em 10, 15, 20 ou 30 anos, mais os juros do empréstimo, que é, alías, o montante que começamos por pagar em primeiro lugar.

Imagine agora que, depois de pedir 100 mil euros à Caixa para comprar um apartamento, em vez de pagar os 100 mil euros mais juros, irá pagar menos de 100 mil euros. A isto chama-se NIRP (Negative Interest Rate Policy), e a esta economia surrealista, NEW NORMAL!

Na realidade, aquilo a que estamos a assistir é o princípio da evaporação das dívidas.

No entanto, embora o NIRP possa beneficiar temporariamente o comum dos mortais, no essencial, este ato de monetização desesperada destina-se sobretudo a salvar bancos e governos duma implosão social.

Voltamos a sublinhar: não foi por acaso que o anúncio da diarreira financeira do BCE —60 mil milhões de euros mensais, entre março deste ano e setembro de 2016— ocorreu na mesma semana em que o Syriza venceu as eleições na Grécia.

PS: se pensa comprar uma casa, um terreno, ou mesmo um carro, espere até abril. Se pensa vender uma casa, um terreno, ou trocar de carro, espere até ao verão ;)

A dívida grega e a nossa...


A cacafonia indígena sobre a dívida é poeira atirada aos nossos olhos


Os mitos sobre a impagável dívida grega, levando o nosso parlamento a confecionar retóricas indigentes sobre o tema, não nos devem afastar do essencial, e o essencial é que temos um problema bem maior do que o da Grécia, para lá da comparação entre as duas dívidas: falta-nos coragem e rumo nas decisões coletivas. Demos demasiada confiança aos imprestáveis políticos que fomos elegendo nas últimas décadas. Talvez seja o momento de repararmos este erro histórico.

Para que conste: o serviço da dívida pública grega é inferior aos da Espanha, Irlanda, ou Itália,  e muito inferior ao custo da nossa própria dívida pública, o mais pesado de todos os países da União Europeia.
Three myths about Greece's enormous debt mountain

By Mehreen Khan
The Telegraph, 5:00PM GMT 28 Jan 2015

€317bn - it’s the number that could determine whether Greece stays in the euro. But is the country’s debt pile really unsustainable?

[...] The new far-left/right-wing coalition is now demanding a write-off of up to 50pc of its liabilities. The government argues that this is the only way Greece can remain in the single currency and prosper.

According to the newly appointed finance minister, who first coined the term “fiscal waterboarding” to describe Greece’s plight, the EU has loaded “the largest loan in human history on the weakest of shoulders - the Greek taxpayer”.

sexta-feira, janeiro 30, 2015

Energia: roubalheira e saque fiscal

Os gráficos não enganam!

O FMI tem razão: governo, oposição e regime continuam a dar Pão de Ló e ostras aos rendeiros da energia


  • Alguém consegue explicar porque motivo o preço do gás —e da energia em geral, em Portugal, continua tão elevado? A eletricidade, por exemplo, amenta 3,3% em 2015!
  • Alguém consegue explicar porque é que a TAP continua a impor uma taxa de combustível, de 30 euros, nos seus bilhetes?
  • Alguém consegue explicar porque é que o falso ministro do ambiente impõe taxas sobre sacos de plásticos —feitos a partir de gás natural e plástico reciclado (PET)— quando os preços do petróleo e do gás natural cairam 50% de há um ano para cá?
  • Alguém consegue explicar os preços escandalosos da água canalizada, quando a energia necessária para a tratar e movimentar deveria permitir a diminuição dos preços ao consumidor?
  • Será que esta irracionalidade económica, que prejudica o crescimento e penaliza as famílias, se deve apenas à voragem dos rendeiros oligopolistas e à insanidade orçamental dos governos deste regime falido?
  • Onde estão o PS e os hipócritas da Esquerda a denunciar esta espécie de fascismo fiscal?

Os gráficos não enganam!
Zero Hedge, 29/01/2015: “...as the chart below shows, since the oil’s peak in June 2014, Energy company EPS have crashed by 50%, as a result of a 60% plunge in the price of oil. What about Energy Index prices? Well, they have fallen to be sure, but nowhere near far enough to where they should, down “only” 20% from the highs.”

Entretanto...


EDP encaixa 186 milhões de euros com venda de activos em Espanha

A divisão espanhola da EDP concluiu a venda de activos de distribuição de gás a uma empresa do Goldman Sachs. O negócio pode vir a ascender a 237 milhões de euros, mas parte da operação aguarda por luz verde dos operadores espanhóis — in Jornal de Negócios.

EDP—a ordem dos chineses é clara: vender os anéis tão depressa quanto possível, para acudir à gigantesca dívida da empresa—boa parte dela denominada em dólares—, à queda dos preços e do valor dos ativos do setor energético, e a uma mais do que provável redução das rendas excessivas em Portugal. Só falta saber quando é que o cabotino Mexia e o Recluso 44 são chamados a explicar o negócio pirata das barragans.

NB: a mesma Goldman Sachs que impingiu as ventoinhas americanas da Horizon Wind à EDP, criando-lhe uma dívida gigantesca, vem agora compensar (um bocadinho) a empresa chinesa, com a compra de ativos da EDP em Espanha.

Atualização: 30-01-2015, 23:35 WET

quinta-feira, janeiro 29, 2015

Novo porto: Barreiro ou Setúbal?

Só mesmo o Bloco Central da Corrupção pode estar interessada no Barreiro

A corja rendeira ainda mexe!


Da análise comparativa entretanto realizada sobre as alternativas—Barreiro ou Setúbal—para um futuro terminal de contentores, conclui-se que a opção do Barreiro só tem uma vantagem: sacar mais 20% de financiamento comunitário, o qual será sempre pontual e se esfumará nos bolsos da malta do betão.

Em tudo o resto Setúbal aparece como a opção lógica. Lisboa e Setúbal são um porto só, e fazem parte de uma cidade-região chamada Lisboa. Se os produtores de vinho já entenderam esta realidade evidente, porque é que o resto da comunidade não percebe que é do seu interesse obrigar os devoristas partidários e autárquicos a racionalizar a gestão do território, pondo imediatamente em marcha a criação das cidades-região de Lisboa a Porto?

O sargento-ajudante do Recluso 44 e de Mário Soares anda por aí a agitar de novo o espantalho da regionalização. Alguma ideia concreta? Não, apenas diarreia 'socialista'!

Terminais de Contentores da Região Lisboa - Setúbal Análise Comparativa
Centro de Estudos de Gestão do Instituto Superior de Economia e gestão (ISEG), Lisboa, novembro de 2014 (pdf)

“O investimento previsto para o terminal de contentores da Trafaria e respectivas acessibilidades é superior a 760 milhões de euros. O investimento previsto para o terminal do Barreiro e respectivas acessibilidades é da ordem dos 750 milhões de eu ros a que se tem de juntar o investimento anual para a dragagem do canal fluvial da ordem dos 20 a 25 milhões de euros. O investimento previsto para o terminal de contentores de Setúbal e respectivas acessibilidades é da ordem dos 32 milhões de euros.”



O Bloco Central da Corrupção, desmiolado e sem vergonha, não desiste. No caso da inventona do novo porto do Barreito, conta também com os corruptos e desmiolados do PCP. Mas o pior é a procissão de indigentes (os adiantados mentais da indústria de estudos, e os jornalistas empratados) que segue qualquer cenoura que alguém agite diante dos seus pobres narizes.

Uma opinião crítica em tempo...

Pior que a Ota, só o Barreiro!
Jornal de Notícias, 29.01.2015, NUNO BOTELHO

“Os governos centrais adotaram nos últimos anos uma peculiar forma de gerir. Todos querem deixar uma obra de regime que os perpetue na memória dos portugueses, nem sempre pelas melhores razões. O Governo socrático queria, porque queria, a Ota... Que, apesar de todos os milhões gastos em estudos, não saiu do papel, muito graças à intervenção da Associação Comercial do Porto e do seu estudo “Portela + 1”, que deitou por terra os argumentos à época invocados. Agora, o Governo PSD/CDS ameaça com o novo porto do Barreiro, desativando o de Lisboa! Esta será mais uma obra faraónica que em nada beneficiará os portugueses, na medida em que os custos envolvidos em tal construção e manutenção tornarão inviável a sua rentabilização. No fim, serão os contribuintes do costume a ter de pagar a conta.

Na verdade, a desativação de Lisboa e a construção do Barreiro parece-me mais “gato escondido com rabo de fora”, pois irá obrigar à construção de novos acessos rodoviários, pontes e quem sabe novas ferrovias... Enfim, o lobby da construção parece que está de novo a atacar!”

Entretanto, a Trafaria e o fecho da golada — uma velha discussão, agora retomada




Nota final


  • 12 navios New Panamax, comportando 13 mil TEUs cada um, dariam conta de todo o movimento do Porto de Sines em 2013.
  • 169 navios New Panamax, comportando 13 mil TEUs cada um, dariam conta de todo o movimento portuário do país [PDF]

Um porto de águas profundas, que pode acolher navios com calados acima dos 12 e até 15,2 metros, como os porta-contentores da classe New-Panamax (que em vez de 5.000 TEU, comportam até 13.000 TEU equivalentes), só fará sentido como extensão do Porto de Sines, que tem ainda margem para crescer, ou seja, só terá justificação económica se e enquanto houver procura dos portos portugueses para a atividade de transhipment, ou seja, para a passagem de contentores dos grandes porta-contentores para navios mais pequenos, nomeadamente de cabotagem, destinados a transportar contentores ao longo das costas europeias e africana.

Mas atenção: um navio, quando chega a um porto, não pode descarregar apenas e, depois, levantar âncora com os porões vazios. Se não ocupar o vazio deixado pelos contentores que descarrega com contentores cheios de mercadorias, que transportará para outros portos, o negócio seria uma ruína, e portanto nem sequer terá lugar, se foram estas as perspetivas.

Ou seja, um porto de águas profundas orientado para a captação de navios porta-contentores New-Panamax não se destina a descarregar contentores para consumo interno, mas sim a permitir o tal transhipment.

Para consumo interno, os portos existentes chegam e sobram! 

No caso dos transportadores de graneis, líquidos e viscosos, como o carvão e outros minérios, petróleo e gás natural, para efeitos de importação e consumo interno, estamos servidos.

Se for para exportar, os portos terão então que dotar-se pipelines e linhas ferroviárias adequadas e interoperáveis, sob pena de perderem em competitividade para a concorrência, nomeadamente espanhola. O gasoduto chega a Sines, mas tanto Sines, como Setúbal, Leixões e Figueira da Foz estão muito mal servidos de ferrovia. A que existe não corresponde, pura e simplesmente, às exigências de interoperabildiade europeias (TEN-T).

A norma UIC é standard na União Europeia, e será aplicada de Badajoz até Pequim e Vladivostoque!

Ou seja, este governo, dominado em pastas estratégicas por testas de ferro dos rendeiros e devoristas que arruianram o país, condenou Portugal a transformar-se numa espécie de Berlengas ou Desertas ferroviárias.

Sem conformidade das normas da bitola, sistemas de alimentação elétrica, sinalização e segurança, em toda a rede, a qual neste caso é, será em breve, uma rede transeuropeia e interoperável de transportes as velhas redes e linhas ferroviárias que não fizerem o indispensável upgrade, morrerão na praia.

Ora neste capítulo o atual governo fez tudo ao contrário, sabotando os acordos internacionais e os contratos nacionais relativos às ligações ferroviárias do norte, centro e sul do país a Espanha e resto da Europa!

Por fim, se pensarmos no serviço ferroviário de carga existente em Portugal, à exceção da Takargo, tudo o resto —CP, CP Carga e EMEF— está falido. E o que nos vale é que os piratas indígenas mandam e decidem cada vez menos...

Assim, se vão fechar a CP Carga, porque já não poderá voltar a ser alimentada a Pão de Ló pelo burro contribuinte, um porto sem serviço ferroviário garantido pode estar em qualquer praia, desde que lá chegue um camião TIR. No Barreiro, ou em Peniche. Com a diferença que no Barreiro é muito mais caro, perigoso, e atravanca o estuário do Tejo para além dos limites toleráveis... Há alguma justificação técnica para a localização de um novo porto de contentores no Barreiro? Não, não há qualquer explicação plausível. Só pode ser fogo de vista, compra de votos, ou corrupção.

Que alternativa existirá para todo e qualquer porto nacional se o boicote às linhas de bitola europeia persistir?

Só vejo uma: transportar, de cada vez que um New Panamax aportasse a um porto de águas profundas português, 2, 3, 6 mil contentores, em 2, 3, 6 mil camiões TIR, até ao próximo porto seco espanhol—Caia/Badajoz, Salamanca,  Huelva ou Algeciras—, onde em breve estarão as novas ou renovadas plataformas logísticas e as estações, pelos vistos terminais, da nova rede ferroviária europeia em construção.

É este o entendimento que Jorge Moreira da Silva e os nossos ambientalistas têm do país? Se não é, porque estão há tanto tempo calados?

Como comenta um dos nossos leitores/colaboradores, sempre cheio de graça, o governo socratino construíu um aeromoscas em Beja, para cemitério e desmantelamento de aviões, o Passos Coelho arrisca-se a fazer um porto, no Barreiro, para desossar navios. Ali com a antiga Siderurgia Nacional mesmo ao lado até dava jeito. O pior é o programa de recuperação das ostras:(

Atualização: 29/01/2015, 17:34 WET