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sábado, abril 18, 2020

Do pânico social à desglobalização


@escif. Fallas, Valéncia 2020

Não há nenhuma explicação plausível para a velocidade de propagação da COVID-19, nem para o modo como o vírus surgiu nos locais mais díspares em mais de 200 países.

Nos três meses que a pandemia leva morreram no mundo 15 milhões de pessoas. Pela COVID-19, menos de 160 mil...


Quando toda esta farsa—entre uma singularidade geoestratégica, uma tempestade perfeita e um false flag—for finalmente desmontada, mais de um político, mais de um empresário globalista, e mais de um cientista, sairão chamuscados. Entretanto, os 'estados de exceção' habituam-nos a um inesperado fascismo em democracia!


Escrevi em 17 de março último, neste mesmo blogue, que sem testes não havia infectados. Mas também, sem autópsias (que não fazem a quem supostamente morre da COVID-19 em Portugal) não haverá certezas sobre as causas de quem morre nos hospitais. Por fim, sem compararmos a mortalidade média no nosso país nos meses de março e abril com as fatalidades assumidamente causada pelas complicações respiratórias com origem na COVID-19 (ou no vírus de Wuhan, como lhe prefere chamar Donal Trump) andamos simplesmente correr atrás do medo gerado entre centenas de milhões de pessoas em todo o mundo pelos algoritmos que operam nas redes socias, amplificado depois pelos mass media tradicionais que resvalaram, quase sem exceção, para o formato canino de jornalismo ilustrado por Federico Fellini no Dolce Vita.

Ao contrário do que ecoa a propaganda, é cada vez mais evidente que os estragos da COVID-19 em Portugal, quando avaliamos a única medição aproximada do fenómeno, isto é, o número de mortes por milhão de habitantes supostamente causadas pelo vírus, se encontra acima da média europeia. De facto, na posição 14 entre 41 países (1).

Continuamos sem saber se o novo corona vírus foi ou não fabricado num laborário biológico de segurança máxima (2) (3), própria de instalações militares, e se escapou acidentalmente para o exterior, ou se foi deliberadamente desespoletado como uma bomba biológica (terrorismo à escala planetária) em vários pontos do planeta, o que, a ser verdade, seria o primeiro ensaio de uma guerra biológica mundial, cujos protocolos e regras são completamente desconhecidos do comum dos mortais. Neste caso hipotético, fica também a dúvida sobre quem engendrou a levou a cabo uma tal operação, se a China, se os Estados Unidos. Mas uma coisa é certa, se foi um ato voluntário, o efeito boomerang da pandemia teria sido previamente avaliado (4).

Teremos, já agora, que nos interrogar sobre a motivação e o alcance da TED conference de março de 2015 proferida por Bill Gates, e também porque carga d'água o Johns Hopkins Center for Health Security, o World Economic Forum e a Bill & Melinda Gates Foundation levaram a cabo o exercício Event 201, a 14 de março de 2019, um mês antes do início do surto viral de Wuhan (5).

Entretanto, começa a ser evidente que o vírus é menos mortal do que parecia (6), que o surto ocorreu numa fase tardia das épocas virais e que morrerá com a primavera sob a ação do raios ultravioletas, do calor e da maior circulação das pessoas ao ar livre, sobretudo nas zonas de praias e sol. Aliás, o novo corona vírus chegou ao nosso país num momento em que as temperaturas médias e sobretudo a exposição solar carregada de ultravioletas era já bem maior do que no resto da Europa, e sobretudo do que nas mais frias (à época do surto) e muito poluídas (fraca penetração solar) cidades de Wuhan, Beijing, Madrid e do norte da Itália. É certo que os períodos de internamento relativamente prolongados dos infectados com sintomas graves (duas semanas) colocou alguns sistemas hospitalares sob grande pressão (Wuhan, Lombardia, Madrid e Manhattan), e neste ponto os países terão que se habituar a ter melhores sistemas de prevenção e defesa dos surtos gripais que atacam com grande virulência os sistemas respiratórios. Mas daqui a parar economias inteiras é o maior embuste em que a humanidade caiu desde o ascenso do fascismo na Europa nos anos 20 do século passado.

Resta, enfim, explicar como foi possível que o fator medo (fear factor) associado à pandemia viral, quando todos os anos existem epidemias virais que matam centenas de milhar, ou mesmo milhões de pessoas (7), normalmente as mais idosas e/ou com problemas respiratórios crónicos (como no caso da COVID-19), tivesse obrigado a economia mundial a cair de joelhos, prostrando-se sem qualquer lógica perante tamanho 'live exercise'!

Estaria Xi Jinping tão furioso com a nova geoestratégia americana, representada histrionicamente por Donald Trump, que preferiu lançar o mundo num teste à hegemonia americana, sob a forma de uma Inovadora Guerra Inteligente, sem Limites (Unrestricted Warfare), sabendo perfeitamente que a pandemia não mataria mais do que vinte ou trinta mil chineses? Teria, ao invés, o Deep State americano, que teleguia Donald Trump (ver a troca de palavras entre este e Mike Pompeo a propósito do Live Exercise), decidido fazer uma nova e assustadora prova de força na guerra assimétrica que parece ter iniciado contra a ascensão chinesa no mundo? Só os próximos meses nos irão esclarecer esta dúvida.

Que estamos a matar mosquitos, ou melhor, um micróbio provavelmente manipulado, com meios excessivos e medidas drásticas suicidas, estamos. Se isto é um grande exercício sobre a guerra que aí vem, antes de acabar com a globalização chinesa, e os Estados Unidos forçarem Xi Jinping a um novo Tratado de Torsesilhas fractal, também não sabemos. Mas seria uma hipótese melhor do que atirarem o mundo para uma Mutual Assured Destruction (MAD).

Entretanto, o Governo de António Costa e o Presidente da República deverim fazer marcha-atrás no seu manifesto, mas catastrófico, populismo, abstendo-se de mais insultos constitucionais à nossa democracia. Por rapidamente as nossas escolas e a nossa economia a funcionar é mesmo o único desiderato que deve ser exigido a estas duas criaturas neste momento.


NOTAS

1. COVID-19 (análise recebida de fonte confiável)



Europa

“Número de mortos por país” e rácio “mortos por milhão de habitantes” também por país (base Johns hopkins university)—situação em 14 de abril e 15 de abril de 2020 (2 colunas da direita)

i. Eis os dados reais de mortos e os únicos que interessam porque os infectados dependem dos testes efectuados. E para ter uma rasoira de nivelamento, os países estão ordenados por valor decrescente do rácio “mortos por milhão de habitantes “

ii. Claro que os mortos dependem da causa de morte (cause of death, cod). Por exemplo a Alemanha parece ter por hábito considerar “mortos covid” apenas os que fizeram testes antes de morrerem e que não tenham outras patologias anteriores associadas (cancros, diabetes, problemas cardio vasculares,  etc). Daí o número reduzido de mortes na Alemanha...

iii. Portugal está na 14ª posição nesta lista.

Os dois primeiros países mais gravosos da lista são minúsculos (menos de 80.000 pessoas).

Seguem-se na 3ª e 4ª posições, 2 dos países mais afectados de facto, com mais de 380 mortos por milhão de habitantes - a Espanha, e logo a seguir, a Bélgica.

Em 5ª, 6ª e 7ª posições estão os países mais populosos da União Europeia (com 60 a 68 milhões de habitantes). A Itália vem a frente destacada, depois vem a França e por fim o Reino Unido, mais em baixo. A Itália é o país da Europa com maior número de mortos (quase 22.000 mortos).

Em 9º lugar está a Holanda com um rácio quase idêntico ao do Reino Unido.

Em 10º e 11º lugares estão 2 países com população idêntica à portuguesa - Suíça e Suécia (onde não fizeram qualquer tipo de quarentena).

Na 12ª posição está o Luxemburgo, país pequeno (com pouco mais de 600.000 habitantes)
- Em 13º lugar está a Irlanda que tem cerca de 90 mortos por milhão de habitantes.

iv. Repare-se que a Dinamarca, a Áustria e a Alemanha vêm depois de Portugal nesta lista.

v. Das posições 18ª a 41ª estão todos os outros países que têm menos de 30 mortos por milhão de habitantes. Mesmo alguns países com população semelhante à portuguesa (marcados a amarelo)—por exemplo, a Grécia—estão muito melhor que nós.

Lombardia (Itália)




Evolução do número de mortos e duração da epidemia local

i. Valores reais e valores da minha previsão (a encarnado) de há dias atrás.

ii. Pode-se verificar que a tendência de descida está correcta mas os mortos não me fizeram a vontade e morreram em maior número do que eu previra.

iii. Contudo, a minha previsão mantém-se para a epidemia a entrar em fase residual no fim desta ou da próxima semana. E portanto, desde o primeiro morto (22 de fevereiro) até ao final aproximado, terão decorrido cerca de 2 meses, ou seja, 8 semanas. Vamos lá a ver se bate certo.

iv. A curva da minha nova previsão está indicada também no gráfico seguinte.


2. Nobel de Medicina francês causa polêmica ao dizer que coronavírus saiu de laboratório chinês
RFI. Publicado em: 17/04/2020 - 18:13. Modificado em: 17/04/2020 - 18:13

Recompensado em 2008 com o Prêmio Nobel de Medicina pela "descoberta" do vírus da Aids, o virologista francês Luc Montagnier divulgou na quinta-feira (16) uma hipótese sobre a origem do Covid-19 que causa polêmica na França. O coronavírus SARS-CoV-2, responsável pela pandemia de Covid-19, que já matou mais de 140.000 pessoas em todo o mundo, seria um vírus manipulado, acidentalmente liberado de um laboratório chinês em busca de uma vacina contra a Aids.



3. Judy Mikovits Interview (American Researcher) on Coronavirus
O vírus não foi ingerido, mas injectado, afrima esta cientista polémica (ou perseguida)



4. ‘Live Exercise’: Pompeo Lets Slip How He Sees the COVID-19 Pandemic

Pompeo made a speech on March 20 from the White House with Trump beside him. A google search reveals that this story was reported by AFP on March 20, making it perfectly clear that Pompeo was accusing China of some sort of cover-up in relation to the virus, and taking only that angle. For example, see US Secretary of State Mike Pompeo tells China to share virus details with the ‘whole world’.

Pompeo’s ‘live exercise’ mention made during this speech was picked up as a separate story by Shepard Ambellas at Intellihub on March 21, and reissued by Global Research.  Here, we are using Makia Freeman‘s version of the story of March 25, an independent author who follows all aspects of the One World crowd’s agenda pretty closely.


Crucially, Trump immediately interjects with this comment during Pompeo’s ‘we’re in a live exercise here’ remark: “You should have let us know.” Freeman offers the interpretation, no doubt plausible, that Trump was genuine in his statement, i.e. he didn’t know about the virus situation being a ‘live exercise’, and that the Deep State Swamp is certainly running the show. Or, did Pompeo reveal something Trump was indeed in on, and that he was hoping his remark would be picked up in order to distance himself? Notice in the videos below (we’ve added the second one) that Trump re-starts his comment when Pompeo takes a natural pause – in order to be heard? Either way, Trump jumping in reveals that Pompeo misspoke in some way, thus drawing attention to it. And MSM silence on it speaks volumes.

Makia Freeman picks up on Pompeo’s language being reminiscent of that used in relation to false flag operations.

5. Event 201Event 201, a Global pandemic Exercise

The Johns Hopkins Center for Health Security in partnership with the World Economic Forum and the Bill and Melinda Gates Foundation hosted Event 201, a high-level pandemic exercise on October 18, 2019, in New York, NY. The exercise illustrated areas where public/private partnerships will be necessary during the response to a severe pandemic in order to diminish large-scale economic and societal consequences.

[...]

Statement about nCoV and our pandemic exercise

In October 2019, the Johns Hopkins Center for Health Security hosted a pandemic tabletop exercise called Event 201 with partners, the World Economic Forum and the Bill & Melinda Gates Foundation. Recently, the Center for Health Security has received questions about whether that pandemic exercise predicted the current novel coronavirus outbreak in China. To be clear, the Center for Health Security and partners did not make a prediction during our tabletop exercise. For the scenario, we modeled a fictional coronavirus pandemic, but we explicitly stated that it was not a prediction. Instead, the exercise served to highlight preparedness and response challenges that would likely arise in a very severe pandemic. We are not now predicting that the nCoV-2019 outbreak will kill 65 million people. Although our tabletop exercise included a mock novel coronavirus, the inputs we used for modeling the potential impact of that fictional virus are not similar to nCoV-2019.


6. “Um século de epidemiologia diz-nos outra coisa”
André Dias, ECO, 10 de abril, 2020

Os dados iniciais de surtos infecciosos são essencialmente ruído, com muito pouco para tirar de sinal. Primeiro, porque durante algumas semanas não há agente identificado, depois, não há teste especifico para o agente, depois, só há testes virológicos (onde estamos agora) e, só bastante mais tarde, aparecem testes serológicos/ anticorpos.

[...]


Neste momento (escrito a 23 de Março), não há nenhuns dados fiáveis para estimar a letalidade da covid19, pode ser 0,001% ou 5%. Tudo isso é ruído. O número de infectados pode ser o que conhecemos ou dez mil vezes maior (sim, dez mil vezes).

Só com chegada de testes serológicos se começa a ter real imagem da doença na sociedade. A Holanda anunciou ter conseguido um teste marcador de anticorpos, mas são desconhecidos quaisquer resultados até agora.

Por exemplo, a gripe Suína começou com estimativas de 30% — literalmente extinção humana em poucos meses — e acabou abaixo de 1%, abaixo da gripe sazonal e não fez dano nenhum.

Este é o tipo de ruído com que estamos a lidar.

Os únicos dados minimamente fiáveis que temos de testes virológicos são do cruzeiro Diamond Princess, porque toda a gente foi testada num intervalo relativamente curto. Indicam 1% de letalidade numa população muito envelhecida, em ambiente confinado e a partilhar cantina. Podemos ter certeza estatística de que o mundo fora do cruzeiro terá taxas bem mais baixas. Adicionalmente, menos de 20% das pessoas foram infectadas e não há ainda explicação para tal.


7. A crise sanitária conhecida por COVID-19 é uma cortina de fumo... 

Importa perceber o que esconde (limpeza de balanços, reinflação financeira, hipermonetização dos défices públicos, e progressão da contenção da China por parte dos americanos e ingleses—um eixo atlântico que acabará por envolver o Brasil, Portugal e Angola.

Por mim, a conversa sobre máscaras, testes e quarentena deixou de ter interesse e tem que ser denunciada. Aprendi isto ao longo das últimas semanas... Temos que passar a ler todas as informações veiculadas pelos média e pelas redes sociais à lupa, pois a probabilidade de serem granadas de um dos protagonistas desta nova guerra assimétrica global é de 99,9%.

Apanhar sol na praia, passear no campo e jogar golfe são as melhoras prevenções contra qualquer gripe tardia, mesmo que provocada por um bicho que provoca mais severamente as vias respiratórias, como o novo Corona vírus.

Prender as pessoas com mais de 70 anos em casa é um ato de terrorismo de estado intolerável, pois não há qualquer justificação escrutinável para tamanha estupidez e demonstração de autoritarismo! Sobretudo quando se excetua de tamanha inconstitucionalidade os velhos do governo, do parlamento, e da presidência da república.

É tempo de os jovens e os velhos denunciarem este estado de exceção!


Dr. Rashid Buttar Blast Bill Gates and Dr. Fauci



Atualizado em 20 abril 2020, WET 13:34

quinta-feira, julho 16, 2015

A última ponte para Atenas

Em discurso no Parlamento, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, voltou a afirmar que assinou um acordo no qual não acredita para evitar uma 'tragédia' — Globo (Foto: Aris Messinis / AFP Photo)

A Grécia encontra-se numa espécie de quarentena, fora do euro


O FlashGrexit é evidente, como evidente é também o facto de a Grécia ser hoje um estado falhado; um estado europeu, da União Europeia, mais ou menos moderno e desenvolvido, mas falhado.

A estratégia de Angela Merkel e Wolfgang Schäuble, que passava por um Grexit duradouro e por uma espécie de Blitzkrieg institucional no seio União Europeia, da zona euro e do BCE, foi derrotada por Washington, cujas ações apareceram claramente sintonizadas com a França e a Itália, mas também com o FMI, o BCE, o presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker, o presidente do parlamento europeu Martin Shulz, e o polaco e presidente do Conselho Europeu Donald Tusk.

Ou seja, apesar de a Grécia ser hoje uma gangrena financeira, social, política e institucional, decepá-la da zona euro e da União Europeia —a consequência provável de um Grexit definitivo— poderia abrir uma Caixa de Pandora de consequências imprevisíveis. E por isso não foi aberta.


O mapa que decidiu a sorte da Grécia

O mapa que ajudou a segurar a Grécia dentro da zona euro

Todos os novos projetos de fornecimento de gás natural à Europa, alternativos à massacrada Ucrânia, entram pela Grécia:

Turkish Pipeline : planeia transportar gás natural da Rússia para a Europa : Rússia - Mar Negro - Turquia - Grécia...

The Friendship Pipeline, aka Islamic Pipeline (Iran-Iraq-Syria pipeline) : planeia transportar gás natural do Golfo Pérsico para a Europa : Qatar-Irão - Iraque - Síria - Líbano - Chipre - Grécia...

TANAP (Trans Anatolian Natural Gas Pipeline) : planeia transportar gás natural do Mar Cáspio para a Europa : Azerbeijão (Baku) - Geórgia - Turquia - Grécia...

TAP (Trans Adriatic Pipeline) : planeia transportar gás natural do Mar Cáspio para a Europa : Turquia - Grécia - Albânia - Mar Adriático - Itália.... Faz parte do TANAP.

Os principais países fornecedores de gás natural em competição são a Rússia, o Irão/Qatar, e o Azerbeijão. Os mais importantes países da região envolvidos na passagem do gá são a Rússia, o Irão, a Turquia, o Iraque e a Síria. Outros países especialmente envolvidos nesta disputa: Israel, Líbano, Egito e Arábia Saudita. Potências ocidentais especialmente envolvidas nesta guerra: Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha.

O acordo nuclear com o Irão só foi assinado depois de clarificada a questão grega. 

Não foi por acaso. Um Grexit teria levado a Rússia a bloquear as negociações com Teerão, adiando sine die o Gasoduto da Amizade Irão-Iraque-Síria, em benefício do Gasoduto Turco acordado entre Putin e Tsipras no passado dia 19 de junho.

O dilema alemão

A Alemanha tinha, pois, um dilema pela frente: ou continuava a alimentar os piratas gregos a Pão de Ló, ou teria que contar com a Gazprom, tanto a leste, como a sul... Em todo o caso, os seus graus de liberdade energética continuam a passar pela Grécia, pela Itália e pela França. Capiche?

Tordesilhas 2.0

A aliança atlântica está para lavar e durar. A Alemanha terá, pois, que se conformar com a sua geografia, sobretudo porque o Novo Tratado de Tordesilhas, a ter lugar, será decidido entre os países atlânticos e a China. África ficará no hemisfério ocidental do Tratado. A Ásia no hemisfério oriental do mesmo. Quanto ao Médio Oriente e à Rússia, terão que se preocupar cada vez mais com a falta de gente, ou com a falta de água, e ainda com as suas ideologias arcaicas, pelo que continuarão numa espécie de limbo violento e sem grande futuro cultural nos tempos mais próximos.

A Grécia de Tsipras

Quanto à Grécia, quem sabe se o radical Tsipras não é o novo realista de que o país precisa para sair da sua degenerada democracia em direção a algo decente e próspero.

domingo, junho 28, 2015

Grécia, acabou-se o caviar :(

Esquerda caviar atira Grécia para o precipício

Grécia fora do euro, em quarentena, até ver...


A bancarrota da Grécia custará aos bolsos dos contribuintes portugueses 5% do PIB. A soberania dos gregos é respeitável, mas não à nossa custa e à custa dos demais dezoito países da zona euro. Isto entra na cabeça de qualquer pessoa medianamente inteligente, menos nos crânios soldados da nossa irresponsável e burocrática esquerda parlamentar, do PS ao Bloco, passando pelo PCP e pelos falsos verdes.

Mas mais:
  1. a Grécia já teve um perdão da dívida explícito, em 2012, no valor nominal de 50% do seu PIB, mas que na realidade custou aos credores entre 73% e 74% do mesmo;
  2. o serviço da dívida grega custa aos contribuintes gregos 2,6% do seu PIB, mas a dívida portuguesa custa-nos 5% do PIB;
  3. a dívida pública efetiva da Grécia não vai além dos 90% do PIB (1), mas a portuguesa já vai em 265% (230% dentro do perímetro orçamental, e 35% em rendas devidas às PPP criadas pelos nossos famosos 'socialistas');
  4. até ontem os gregos podiam levantar 1500 euros por dia nas caixas multibanco, enquanto em Portugal há muito que o limite é de 400€;
  5. os salários e rendimentos familiares médios dos gregos continuam bem superiores aos dos portugueses (sobretudo se tivermos em conta que a economia informal é bem maior por lá do que por cá);
O atual governo grego, oriundo de uma elite pequeno-burguesa endinheirada e desde sempre encostada ao erário público, como cá, e que nunca deixou de dormir uma noite por falta de liquidez para pagar salários aos seus empregados, resolveu avançar levianamente para um confronto retórico e académico com dezoito países da União de que a Grécia faz parte. Os seus ministros e ideólogos sacaram do fundo da sacola as sebentas dos vários revisionismos marxistas ainda à venda nos alfarrabistas e, com arrogância adolescente, não só apontaram uma pistola carregada à cabeça do povo que representam, como ameaçam desestabilizar toda a zona euro. Basta ver o gráfico que acima republicamos, cortesia do Zero Hedge (2).

Não queremos com isto sugerir que a culpa é toda dos gregos. É deles, mas é também dum sistema financeiro em crise sistémica, que tentou evitar a todo o custo, endividando-se para além de todos os limites, a transição para um paradigma de crescimento não inflacionista, para não dizer estacionário.

A alternativa não está entre dívida e crescimento, mas sim, entre transição sustentada para novos paradigmas de trabalho, produção, trocas e consumo, e o calvário de bolhas especulativas que explodem de sete em sete anos arrastando atrás de si destruições sociais cada vez maiores.

A alternativa não está entre o capitalismo burocrático de estado que toda a esquerda adora, e o gangsterismo financeiro que é preciso travar, ou o neoliberalismo que não passa de uma ficção inventada pela esquerda burocrática, pois, como todos devíamos saber, o keynesianismo, duro, ou mitigado, é a única ideologia que impera na economia mundial há mais de meio século.

A alternativa está, sim, na nossa capacidade de ultrapassar as velhas e gastas dicotomias, e fazer a transição para uma nova era económica e cultural, sem deitar fora o melhor que a democracia ocidental tem: a liberdade e as suas classes médias ilustradas.


NOTAS
  1. Paul De Grauwe. "Greece is solvent but illiquid. What should the ECB do?" — 17 June 2015
    One feature of the Greek sovereign debt crisis, which is widely misunderstood, is the following. Since the start of the crisis the Greek sovereign debt has been subjected to several restructuring efforts. First, there was an explicit restructuring in 2012 forcing private holders of the debt to accept deep haircuts. This explicit restructuring had the effect of lowering the headline Greek sovereign debt by approximately 30% of GDP. Second, there were a series of implicit restructurings involving both a lengthening of the maturities and a lowering of the effective interest rate burden on the Greek sovereign debt. As a result of these implicit restructurings, the average maturity of the Greek sovereign debt is now approximately 16 years, which is considerably longer than the maturities of the government bonds of the other Eurozone countries. These implicit restructurings have also reduced the interest burden on the Greek debt. The effective interest burden of the Greek government has been estimated by Darvas of Bruegel to be a mere 2.6% of GDP. This is significantly lower than the interest burden of countries such as Belgium, Ireland, Italy, Spain and Portugal.
    LINK

  2. The ECB Suddenly Has A Huge Headache On Its Hands

    Incidentally the chart above is why earlier today Varoufakis said that "if ECB were to stop support for the Greek banking system would mean that Europe has failed." Because if indeed the ECB were to pull the carpet from under Greece as it hinted it would do on Tuesday when the Greek program runs out, when it froze the Greek ELA despite the ongoing Greek bank run, it would promptly set off a chain of events that would not only crush the Greek banking system but destroy any credibility Greek sovereign collateral had as a state, impairing all Greek national and corporate collateral, including bonds and loans currently held by the ECB, to zero.

    It would also mean that as that €126 billion or so of total ECB/Eurosystem claims on Greek banks were "charged off" in case of a terminal Greek "event" then the entire ECB capital buffer would also be wiped out, leaving the ECB with negative equity. Translated: dear Eurosystem members: we need more cash.

    Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 06/28/2015 13:25 -0400

quarta-feira, março 04, 2015

Grexit ou quarentena?


LINK

Warren Buffett acha que a Alemanha deve colocar um ponto final na tragédia grega


Buffett On Europe: Germany Must Stop Greek Dog Peeing On Its Carpet
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 03/03/2015 20:00 -0500 

Quarentena, já ouviram falar? Uma saída parcial e temporária da zona euro é o que, na minha opinião, acabará por acontecer à Grécia, o mais tardar em 2016, mas é possível que venha a ocorrer ainda este ano.

Se e quando ocorrer, países como Portugal e Espanha terão que decidir se acompanharão ou não o Syriza, ou mesmo se poderão, ou não, evitar uma quarentena forçada fora do euro. Se decidirem e conseguirem prosseguir na Eurolândia, muita coisa terá que mudar nestes países, e não vai ser bonito de ver.

Greece taps public sector cash to help cover March needs - sources
By George Georgiopoulos
REUTERS. ATHENS Tue Mar 3, 2015 4:28pm GMT

(Reuters) - Greece is tapping into the cash reserves of pension funds and public sector entities through repo transactions as it scrambles to cover its funding needs this month, debt officials told Reuters on Tuesday.

É possível que a Alemanha e a França façam todos os esforços para ajudar Portugal e Espanha a evitarem becos sem saída como o da Grécia.

Por um lado, a degradação da situação grega prossegue a tal velocidade que a probabilidade dos eleitorados espanhol, e sobretudo português, copiarem a aventura do Syriza deverá cair a pique a partir de junho, o seja, à medida que se for observando a incapacidade do novo governo helénico reverter o plano inclinado da austeriade, da corrupção e da crise financeira sistémica responsáveis pela miséria crescente e convulsão social que se vivem no país. Não sei mesmo se o PS, apesar da propaganda marcelista que transporta António Costa no andor dominical da TVI, conseguirá sequer uma maioria relativa.

Por outro, a mini-cimeira energética que hoje teve lugar em Madrid, entre Juncker, Hollande, Rajoy e Pedro Passos Coelho, mostra que já há uma estratégia europeia de resposta às manobras energéticas da Rússia, a qual passa pela Península Ibérica. Putin sugere a substituição do corredor de gás russo-ucraniano por um corredor russo-turco-grego. Mas a União Europeia prepara legislação para o impedir. Como temos vindo a sugerir, os portos atlânticos de Espanha e Portugal, no caso de complicações maiores no Mediterrâneo, tornar-se-ão críticos para toda a Europa, dada a saturação conhecida dos portos no Mar do Norte e a instabilidade climática e geo-política do Báltico.

O leste da Europa, o Médio Oriente e o norte de África ao longo de todo o Mediterrâneo estão sob enormes tensões geo-políticas, as quais têm a sua principal origem no Pico do Petróleo e na disputa em curso pelo controlo da geografia do gás, de onde virá a fatia de leão do mix energético deste século.

Joint gas buying on EU leaders' summit agenda
EurActiv. Published: 04/03/2015 - 13:47 | Updated: 04/03/2015 - 15:58

EXCLUSIVE: EU leaders will discuss how best to strengthen the bloc’s bargaining power, including the collective buying of gas, when they debate the European Commission communication on Energy Union.

(...)
The Commission communication called for member states' energy deals with non-EU nations to be vetted by the executive, before being signed.  That is up for debate by heads of state and government.

A discussão em curso sobre a urgência de criar uma União Energética Europeia com cláusulas protecionistas claras, ajuda a consolidar a nossa análise sobre o que aí vem, ou seja, grandes investimentos energéticos na Península Ibérica: rede ibérica de gasodutos, reforço da frente portuária, e aposta decisiva na nova rede ferroviária ibérica de bitola europeia, quer orientada para o transporte de mercadorias, quer para o transporte de passageiros.

Seria pois de grande utilidade afastar desta zona crítica todos os piratas e idiotas que nos sucessivos governos têm tido os dossiês da energia e dos transportes nas unhas.


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terça-feira, janeiro 27, 2015

Socialistas afundaram Grécia e Portugal

Sem fiança possível

BCE antecipou-se à vitória do Syriza (para não perder a face)


Como se escreveu neste blogue, o BCE, para não perder a face, já avançou para taxas de juro negativas (NIRP), mais radical ainda do que a proposta do recém empossado ministro grego das finanças, Yanis Varoufakis (1), que, em 2013, defendia taxas de juro zero, sem maturidade.
 

Hoje, 27 de janeiro de 2015, a Espanha foi aos mercados e obteve dinheiro a juros de 0,018% e 0,137%. Capiche?

A renegociação das dívidas europeias está em curso há vários anos, sobretudo através de programas de estímulo sucessivamente anunciados pelo BCE (2). É por esta razão que seria conveniente separar o ruído ideológico das inúteis cagarras partidárias, e as táticas negociais dos governos e bancos centrais, do sumo da questão. E o sumo da questão é este: a Alemanha e a França são os maiores credores na teia de endividamento europeu (ver gráfico publicado pelo The New York Times em 2010), mas todos devem algo a alguém. Ou seja, um incumprimento total por parte da Grécia, ou de Portugal, Chipre, Espanha, etc., é impraticável, e mesmo impensável, porque desencadearia um imparável efeito de dominó. Há, aliás, países da Eurolândia em situação potencialmente mais dramática do que a da Grécia. Basta olhar para os três gráficos seguintes (clique para ampliar).

O endividamento público relativamente ao PIB é uma coisa...

O endividamento privado é outra...

E o endividamento público, empresarial e das famílias, 'per capita', outra!


Corrupção é uma coisa, acusar os povos de preguiça, outra bem diferente! 


É certo que a corrupção instalada, nomeadamente na Grécia, Espanha, Itália, ou Portugal, pelos níveis e descaramento atingidos, acabou por contrariar e fazer implodir a esperada convergência entre os países menos desenvovlidos da União Económica Monetária (zona euro) e os seus parceiros mais ricos. Ou seja, houve claramente países que perderam, mais do que ganharam, com a moeda única, enquanto outros claramente ganharam em quase todas as frentes.

Esta realidade, que os seguintes gráficos demonstram, não desculpa, porém, as elites corruptas que decisivamente contribuiram para o colapso financeiro e económico-social dos PIIGS. É neste sentido que os povos do sul da Europa devem dar aos partidos que os afundaram o mesmo tratamento que as eleições gregas acabam de dar ao PASOK, o cabotino e corrupto partido socialista  grego.

Antes do euro, o crescimento da Grécia era claramente mais acelerado do que o da Alemanha

A Alemanha beneficiou claramente com a moeda única


EMAIL RECEBIDO

Acrescento, a propósito da discussão grega, um apanhado de notas de Rui Rodrigues sobre o caso português.

O BCE salvou Portugal do pior em junho e agosto de 2014

A decisão do BCE de comprar dívida pública em 2015 vai criar mais confiança na economia portuguesa, por uma razão simples: o nosso país já não irá passar por um novo resgate, em 2015. 
  • Foi o BCE que salvou Portugal do 2º resgate, que poderia ter ocorrido em Junho. 
  • Foi o BCE que permitiu que Portugal, Grécia, Espanha e Itália voltassem aos mercados. 
  • Foi o BCE que salvou Portugal do colapso financeiro no mês de Agosto (dia 4 Agosto) ao resolver o colapso do BES

BCE inova com resolução do BES

A resolução do BES foi adoptada na Europa pela 1ª vez.

A solução aplicada em Chipre correu muito mal, sobretudo por se ter optado por forçar os depositantes pagar a crise dos bancos. Clientes com mais de 100 mil euros ficaram sem 60% dos depósitos. Devido a este erro, muitas pessoas ricas passaram a colocar parte do seu dinheiro em cofres.

Assim, e por intervenção do BCE, o BES foi dividido em Banco Mau e Banco Bom (o Novo Banco—sem dívidas).
O BCE decidiu ainda que a lista de interessados na compra do Novo Banco teria que ser apresentada até 31 de Dezembro deste ano.

É muito provável que sejam os chineses a comprar o Novo Banco.
Se este problema ficar resolvido no 2º trimestre de 2015, será uma grande vitória para o BCE.

Objetivos do Quatitative Easing à moda do BCE

Antes de descrever esta nova realidade convém saber algumas noções de economia.
A economia pode estar em expansão (crescimento) e no oposto existem 3 fases de decrescimento: 
  • Recessão - oposto ao crescimento. 
  • Deflação - É uma fase perigosa em que os preços começam a cair. Os consumidores podem adiar ainda mais tempo nas suas compras  na esperança dos preços caírem ainda mais. Existe o sério risco dos produtores irem à falência por não conseguirem vender os seus produtos e por consequência o desemprego por disparar. 
  • Depressão - Esta é a fase mais grave de todas. Os Estados Unidos já viveram essa tragédia em 1929 quando tiveram a grande depressão económica que provocou a falência de grande parte dos bancos e de empresas e o desemprego foi o mais alto de sempre.
A Europa está em deflação—crescimento quase nulo e inflação próxima do zero.

O objectivo do BCE é claro: aumentar a inflação para um valor abaixo dos 2%, mas próximo deste valor. 
PAra provocar este efeito, o BCE irá comprar 60 mil milhões de euros de dívida pública por mês, de Março a Setembro. A intervenção pode prolongar-se, caso os valores da inflação não venham a ser atingidos. 
O BCE vai comprar títulos de dívida aos bancos com a intenção de colocar e fazer circular mais dinheiro na economia. 
A objectivo final é fazer crescer a economia e evitar o perigo de deflação.


Alemanha e França financiam os PIIGS

Em Portugal os maiores devedores são as empresas, depois o Estado, e por fim as famílias. 
A empresa com a maior dívida é a EDP: mais de 18 mil milhões de euros e juros de 600 milhões de euros por ano. 
Segundo opinião do Deutsche Bank, a Espanha, Irlanda e Itália vão resolver os problemas das suas dívidas.
A Irlanda tem a dívida empresarial mais elevada mas chegou a esta situação porque os seus bancos se "meteram de cabeça" nos derivados tóxicos.

Irlanda, Espanha e Itália têm economias mais fortes, o que ajudará estes países a pagarem as dívidas. 
Os casos de Portugal e Grécia são semelhantes. Crescimento baseado no endividamento.

O Deutsche Bank já sugeriu uma possível solução para a Grécia: ficar de quarentena durante uns anos até melhorar a sua economia. Nesse intervalo passariam a ter duas moedas:
  • o Drakma para operações internas 
  • o Euro para as trocas externas

Quem tivesse euros no banco mantê-los-ia e as poupanças seriam assim protegidas.


Consequências da decisão do BCE


Uma das consequências da decisão do BCE é a desvalorização o euro relativamente ao dólar

Esta opção poderá aumentar as exportações da Europa e consequentemente o emprego.

Os Estados Unidos, através da Fed, e a Inglaterra, através do Banco de Inglaterra, conseguiram aumentar o emprego e passaram a ter crescimento económico depois de terem optado pela compra maciça de dívida pública.

Aqueles que são contra a decisão do BCE dizem que o sucesso dos Estados Unidos e Inglaterra ocorreram em condições diferentes e em alturas diferentes das actuais. Nos EUA foi em Novembro de 2008. Em Inglaterra foi há 6 anos. Por estas razões julgam que o êxito do BCE pode ser bem mais limitado que nos EUA e Inglaterra.

NOTAS
  1. Yanis Varoufakis: 'We are going to destroy the Greek oligarchy system' (Channel 4—vídeo)

    Novo ministro das Finanças grego defendia em 2013 taxas de juro zero e empréstimos sem maturidade
    27 Janeiro 2015, 12:12 por Jornal de Negócios
  2. Draghi’s Introductory Remarks at ECB Press Conference: Text
    Bloomberg. Jan 22, 2015 1:52 PM GMT+0000

    Based on our regular economic and monetary analyses, we conducted a thorough reassessment of the outlook for price developments and of the monetary stimulus achieved. As a result, the Governing Council took the following decisions:

    First, it decided to launch an expanded asset purchase programme, encompassing the existing purchase programmes for asset-backed securities and covered bonds. Under this expanded programme, the combined monthly purchases of public and private sector securities will amount to €60 billion. They are intended to be carried out until end-September 2016 and will in any case be conducted until we see a sustained adjustment in the path of inflation which is consistent with our aim of achieving inflation rates below, but close to, 2% over the medium term. In March 2015 the Eurosystem will start to purchase euro-denominated investment-grade securities issued by euro area governments and agencies and European institutions in the secondary market. The purchases of securities issued by euro area governments and agencies will be based on the Eurosystem NCBs’ shares in the ECB’s capital key. Some additional eligibility criteria will be applied in the case of countries under an EU/IMF adjustment programme.

    Second, the Governing Council decided to change the pricing of the six remaining targeted longer-term refinancing operations (TLTROs). Accordingly , the interest rate applicable to future TLTRO operations will be equal to the rate on the Eurosystem’s main refinancing operations prevailing at the time when each TLTRO is conducted, thereby removing the 10 basis point spread over the MRO rate that applied to the first two TLTROs.

    Third, in line with our forward guidance, we decided to keep the key ECB interest rates unchanged. 
Atualização: 27/01/2015, 20:38 WET

quarta-feira, setembro 19, 2012

Em nome de Keynes?

Fausto de Goethe, no filme dirigido por F.W. Murnau: "Faust - Eine deutsche Volkssage", Alemanha, 1926.

Dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse Financeiro a uma Europa reforçada, e a tentação de Fausto

Beijing hints at bond attack on Japan
A senior advisor to the Chinese government has called for an attack on the Japanese bond market to precipitate a funding crisis and bring the country to its knees, unless Tokyo reverses its decision to nationalise the disputed Senkaku/Diaoyu islands in the East China Sea.

By Ambrose Evans-Pritchard. The Telegraph, 8:31PM BST 18 Sep 2012
Debt crisis: central bank action is work of the devil, says Germany's Jens Weidmann
Jens Weidmann said that efforts by central banks to pump money into the economy reminded him of the scene in Faust, when the devil Mephistopheles, “disguised as a fool”, convinces an emperor to issue large amounts of paper money. In Goethe’s classic, the money printing solves the kingdom’s financial problems but the tale ends badly with rampant inflation.

By Louise Armitstead, Chief Business Correspondent. Telegraph, 5:56PM BST 18 Sep 2012

O QUE MUDOU NAS ÚLTIMAS SEMANAS NA EUROPA... E EM PORTUGAL

BCE mais forte, mutualização parcial dos riscos soberanos sistémicos, maior coerência comunitária nas políticas fiscais e orçamentais e correspondente reforço dos mecanismos de supervisão e aprovação sucessiva, atuações de tipo keynesiano à escala europeia (ex: rede de mobilidade sustentável para pessoas e mercadorias, com prioridade já assumida pela ferrovia europeia interoperável e pelo transporte marítimo e fluvial) e ainda, criação dos primeiros corpos e comando estratégico de uma defesa militar europeia comum, agora que a América se afasta inexoravelmente do Reino Unido —nomeadamente pelo escândalo sem precedentes associado às falcatruas da City Londrina nas chamadas operações de "re-hypothecation"— e do resto da Europa, deixando a NATO num limbo de ineficácia crescente.

Consequência: não há mais lugar para a dupla Passos Coelho-Vítor Gaspar, nem para Paulo Portas. Ou seja, é necessário formar e dar posse a outro governo PSD-CDS.

Mário Soares tem a intuição certa sobre a presente crise governamental ao sugerir uma mudança de governo. O Presidente da República pode e deve promover a metamorfose da coligação.

 A AUSTERIDADE EUROPEIA E A TENTAÇÃO DE KEYNES

Custo da austeridade nos vários países europeus onde programas explícitos de austeridade constam das propostas para os orçamentos públicos para 2012 — segundo a AFP, baseada em cifras do Eurostat, Insee e OCDE. Clicar na quadro para ampliar. Ver mapa.

A expansão da massa monetária, do aparelho de estado, do emprego não produtivo, e sobretudo do paternalismo governamental, com base em investimentos públicos suportados por cargas fiscais crescentes e saldos orçamentais e das balanças de capital e de pagamentos negativos, não é uma agenda que John Maynard Keynes (1883-1946) pudesse subscrever inteiramente, na medida em que Keynes encarou o cenário da intervenção do Estado em países onde o potencial produtivo e de exportações e a dimensão interna das economias são suficientes para gerar a riqueza e a poupança necessárias à superação das depressões e recessões que ciclicamente ocorrem, nomeadamente por efeito da inovação tecnológica e das assimetrias de preços dos bens e serviços que circulam através do comércio mundial.

Acresce que a estes dois factores de desequilíbrio verificados ao longo das últimas duas décadas, fruto de uma fuga em frente face aos efeitos do abandono progressivo da produção industrial e consequente destruição de empregos produtivos, a par da perda de competitividade e desvalorização do emprego associado a uma massa crescente de desempregados de longa duração e empregos burocráticos, tanto nos EUA como na Europa, levou-se a cabo um processo selvagem de globalização comercial e financeira destinado sobretudo a obter, pela via da especulação financeira e da sobre-exploração do trabalho global, uma compensação pelos rendimentos decrescentes nas sociedades ricas e desenvolvidas, mas onde o instalado círculo vicioso do bem estar social, do consumismo desmiolado e da suposta educação permanente acabaria por empurrar-nos para uma situação de debilidade estrutural silenciosa, mas a longo prazo fatal.

A liquidez dos Estados Unidos e da Europa é uma liquidez cada vez mais rarefeita que os emergentes “criadores de riqueza” tendem a descontar nas suas transacções comerciais, usando a enorme acumulação de dólares, de euros, mas também de outras divisas (rublos, pesos argentinos, ienes…), a par do ouro, para adquirir ativos mais sólidos e recursos futuros, nomeadamente, direitos de exploração no campo da energia, dos transportes e dos recursos naturais, com especial destaque para os alimentares. Basta olhar para as compras externas da China, sobretudo na América do Sul e África, mas também já na Europa e nos Estados Unidos, para avaliarmos o alcance potencialmente destrutivo dos desequilíbrios mundiais, que não param de crescer.

Uma agenda keynesiana não é possível no quadro da globalização em curso, na medida em que esta é uma globalização assimétrica: os países ricos e desenvolvidos empobrecem pela via da destruição das suas classes médias, da destruição de milhões de empregos e pela redução abrupta do consumo, alimentado durante décadas por vantagens financeiras e monetárias especulativas, enquanto os ditos países emergentes, ao mesmo tempo que superam atrasos económicos, sociais e tecnológicos de décadas, sugam, por assim dizer, uma a uma, décadas, se não séculos, de acumulação de riqueza ocidental, comprometendo a viabilidade dos mercados de trabalho na Europa, nos Estados Unidos e até já nos próprios países emergentes —pela  mesma via tecnológica que eliminou milhões de postos de trabalho nos EUA e na Europa ao longo dos últimos quarenta anos, substituindo-os por uma nova massa assalariada com direitos sociais decrescentes, a que já se convencionou chamar precariado!

Está em curso, pois, uma tentativa inédita de levar as ideias de Keynes à economia global — mas com resultados que são opostos aos esperados!

Os exercícios em curso nos EUA e na União Europeia vão neste sentido, mas a sua originalidade é suicida. A liquidez gerada perde-se no buraco negro dos derivados financeiros especulativos (OTC), não chegando à economia, ao mesmo tempo que deixa os bancos em quarentena, coloca as empresas em situação cada vez mais complicada, e lança no desemprego vagas sucessivas de milhões de pessoas.

Assim, os países que foram caindo na armadilha do endividamento estão a ser tratados, por exemplo, no interior da União Europeia, não como partes efectivas de economias regionais com uma só moeda, mas como países estrangeiros! Desta forma, o nó que aperta hoje as economias grega, espanhola, irlandesa e portuguesa de forma intolerável é o oposto de uma receita keynesiana.

Os Estados Unidos acabam de anunciar o seu terceiro programa de expansão monetária (Quantitative Easing 3). A União Europeia, se quiser manter o euro, parece também não ter outra alternativa diversa desta espécie de redução do peso do endividamento pela via da inflação geral dos preços subsequente a uma tal forma de desvalorização da moeda. Vai pois pelo mesmo caminho dilemático.

O prolongamento das metas dos Memoranda da Troika, na Grécia, como em Portugal, assim como as facilidades mitigadas dadas até agora à Espanha, vão neste mesmo sentido.

O FMI e os Quatro Cavaleiros do Apocalipse Financeiro (JP Morgan, Bank of America, Citi, Goldman Sachs) apostam nesta forma de keynesianismo puramente financeiro, pretendendo assim reduzir administrativamente o valor das dívidas americana e europeia (haircut at large) aos credores e fornecedores internacionais, ao mesmo tempo que acreditam ser capazes de tapar com sucessivos maremotos de massa monetária o buraco negro dos Derivados. Veremos se o capitalismo de estado americano é mesmo keynesiano, ou apenas um estratagema destinado a salvar os Quatro Cavaleiros do Apocalipse residentes em Wall Street.

Quanto à União Europeia, terá que conseguir a quadratura do círculo, ou morrer na praia.

Ou seja, à medida que for forçada pelas circunstâncias a embarcar num programa keynesiano de expansão da massa monetária destinada a diminuir o peso das dívidas soberanas no interior da União, ou é ao mesmo capaz de implementar mecanismos de convergência orçamental, fiscal e de supervisão favoráveis a uma maior coerência económica, institucional e financeira em todo o espaço comunitário — ou o baralho do Euro ruirá com enorme estrondo.

PORTUGAL

Basta olhar atentamente para o quadro de austeridade europeia acima publicado [clicar na imagem para ampliar] para intuir a dor e o caos político e social que temos pela frente. Se não erguermos desde já barreiras de contenção ao terrorismo fiscal em curso, e que promete aumentar de intensidade, se não trabalharmos com coragem na emenda do regime degenerado que deixámos crescer à nossa volta como um campo de ervas daninhas, espera-nos o desastre — pela certa!

Mas também, sem um empurrão de fora, dificilmente conseguiremos derrotar os cleptocratas, os monopólios, as corporações e as burocracias privilegiadas pela captura que há muito realizaram do degenerado regime democrático que temos.

A reforma do nosso regime constitucional, absolutamente necessária e inadiável, exige sinais claros vindos de Bruxelas e de Frankfurt — para que o povo, as classes médias e uma parte das elites que não pertence à cleptocracia, possam reunir esforços suficientes para mudar de hábitos e de vida.

Precisamos de UMA NOVA CONSTITUINTE,  de OUTRA CONSTITUIÇÃO e de uma QUARTA REPÚBLICA !

quinta-feira, maio 24, 2012

Euros de quarentena

Não entre em pânico, mas o pânico já começou!

Para aceder ao gráfico explicado em áudio vá até ao Financial Times

Está na altura de tomar algumas medidas imediatas de precaução:
  • não ter mais de 50 mil euros em depósitos bancários, pois não acredito na garantia dos 100 mil euros prometida pelo governo se o pior acontecer —basta acompanhar o mais recente debate de surdos sobre a conveniência ou não de implementar uma garantia de depósitos única na zona euro, sobre o qual a Cimeira informal de ontem disse nim :(
  • manter uma despensa com provisões de produtos alimentares não imediatamente perecíveis para um/dois meses;
  • guardar num baú uma boa porção de euros: 1.000, 2.000, 5.000, 10.000, ... ;
  • mudar imediatamente todos débitos em conta para sistemas de cobranças convencionais: pagamentos de faturas contra recibo, nomeadamente via multibanco;
  • falar da crise e dos problemas pessoais e familiares com a família mais próxima e com os amigos;
  • não anunciar aos quatros ventos as medidas tomadas.
Atenção às dificuldades crescentes que o seu banco colocará aos levantamentos em numerário. O melhor mesmo é usar diariamente o Multibanco para este efeito: retirando o máximo autorizado.

Isto não é uma previsão, nem um conselho, mas apenas um aviso de que as coisas podem correr mal.

A decisão de enviar este sinal de alarme tem que ver com a deterioração rápida da economia mundial, nomeadamente na Europa, nos Estados Unidos e na... China, revelada nomeadamente pelo comportamento recente dos grandes investidores e especuladores.

Principais sinais de preocupação:
  1. Os bancos estão a colocar o dinheiro que obtêm emprestado do BCE em troca de títulos de dívida soberana à guarda do próprio BCE, perdendo até algum dinheiro nestas operações —de onde a conversa fiada sobre o crescimento não passar de mais uma burla mediática, pois aquilo a que assistimos neste momento é à destruição fiscal do país, que o manga de alpaca partidária António José Seguro obviamente não vê, nem quer entender;
  2. Os aforradores, investidores e especuladores estão a desfazer-se rapidamente dos Certificados de Aforro (mal por mal, o único papel que ainda vale alguma coisa é o euro!);
  3. Os grandes investidores e especuladores internacionais estão a reorientar enormes fluxos de liquidez para os títulos dos tesouros americano e alemão, ao mesmo tempo que se desfazem dos últimos títulos bolsistas das empresas e bancos a caminho da insolvência;
  4. O fracasso estrondoso do lançamento em bolsa do Facebook revela o pânico que grassa nos mercados especulativos;
  5. O endividamento público dos Estados Unidos (103% do PIB...) e o endividamento público de vários países europeus (Grécia, Portugal, Espanha, França, ...), bem como a situação financeira do Reino Unido desenham um panorama cada vez mais crítico, de onde mais cedo ou mais tarde surgirá uma crise inflacionista de grandes proporções;
  6. É muito improvável que a Alemanha aceite a criação de euro-obrigações sem obter em contrapartida um salto qualitativo na Eurolândia, isto é, sem a imediata federação financeira, fiscal e estratégica (infraestruturas, tecnologia, investigação e desenvolvimento) da União — o que só acontecerá quando países como a Espanha, Itália e... França estiverem descaradamente a caminho da situação em que hoje está a Grécia;
  7. Que resposta dará Hollande depois de ser informado pelos alemães da real situação de pré-insolvência de vários estados europeus?
  8. As medidas paliativas na Europa (e em Portugal) estão a chegar ao limite, sobretudo agora que a China anunciou que não continuará a alimentar este interminável festim de irresponsabilidade e cobardia política;
  9. Ou se dá um novo golpe de rins federal na União, ou seremos todos apanhado pelo inevitável colapso da economia grega este verão, semanas ou poucos meses depois das eleições de 17 de junho;
  10. Como tenho escrito repetidamente, a Alemanha tudo fará para manter o euro, que já é sem sombra de dúvida uma moeda de reserva mundial alternativa ao declínio inexorável do dólar;
  11. Até agora tivemos o euro-marco, que deu mau resultado. A crise sistémica em curso poderá assim forçar a Alemanha a optar por um euro menos forte (à volta dos $1.20) ou in extremis pelo estabelecimento de zonas de quarentena monetária dentro da zona euro, no interior das quais o euro circularia a par de moedas nacionais/regionais temporárias (euro-dracma, euro-escudo, euro-peseta, euro-lira, ...) A paridade entre o euro legítimo e os euros de quarentena estaria sujeita a uma banda de oscilação negocial estabelecida entre o BCE e os bancos centrais dos países em dificuldade ou de cabeça dura (a conversão automática dos depósitos e dívidas em moedas de quarentena seria uma consequência lógica deste passo —daí a minha recomendação para desviar o euro legítimo para o baú, enquanto é tempo!);
  12. Há sempre a possibilidade do regresso da Alemanha ao marco tout court, mas aí o par dólar-libra teria ganho mais uma guerra fratricida em curso entre anglicanos e protestantes —os financeiros judeus apostam, como sempre, nos dois :(
Sem nova revolução democrática este gráfico não será tão cedo invertido :(
 
Ao contrário da situação que agora temos e se vem deteriorando de forma acelerada e dramática (ver a queda expectável das receitas fiscais hoje divulgada pela DGO), em que a manutenção do euro-marco, como moeda forte cada vez mais inacessível nestes países falidos, improdutivos, indisciplinados, populistas e corruptos, apenas poderá potenciar a sua destruição, como tem ficado patente no caso grego, já com a criação de regiões de quarentena alguns países UE poderiam voltar a ter temporariamente moedas próprias, embora indexadas ao euro legítimo, ganhando desta forma uma nova possibilidade temporal de reformar as suas economias, as suas instituições, os seus sistemas de poder e os seus degenerados pactos sociais — destruindo de uma vez por todas as nomenclaturas parasitárias que deixaram de ter qualquer função nesses países e só contribuem para a inviabilidade sistémica dos mesmos.

O ciclo colonial europeu chegou ao fim, 600 anos depois da conquista de Ceuta (1415)


POST SCRIPTUM

We will start with an appetizer of Liquidity Tenders and Securities Market Program Bond Purchases, move on to a plate of Emergency Liquidity Assistance, sample a pre-entre of Pro-Growth measures and ECB Covered Bond purchases, dive into an entre of Fed Swap Lines, medium rare, with a side of Emergency Liquidity Assistance, and finally unwind with a desert plate of Firewalls. To close we will dream of tomorrow' menu which some say may feature the mythical Eurobonds and even the, gasp, legendary Europan Bank Deposit Guarantee...
Please charge it all to the taxpayer, of course — in ZeroHedge.




Uma eventual saída da Grécia do euro não será anunciada previamente! E se vier a ocorrer seria praticamente impossível evitar um contágio imediato a Portugal, Itália e Espanha, com inevitáveis corridas aos bancos nestes três países. O colapso da moeda única tornar-se-ia então iminente.

Portanto, se a Grécia acabar por ficar sem a moeda única, o mais provável é que sejam introduzidos controlos financeiros instantâneos e simultâneos em todos os PIIGS no preciso momento em que for anunciado o divórcio financeiro. Resta pois a esperança de que a Grécia do Syriza e de Alexis Tsipras acabe por empurrar a Eurolândia para um salto quântico em matéria de união financeira, fiscal e orçamental, com a Grécia a exigir uma maior e mais rápida harmonização institucional em toda a União e uma mais equilibrada e transparente repartição dos sacrifícios, apoiada por uma Alemanha que então exigirá em troca (nomeadamente de garantias de depósitos à escala europeia, das euro-obrigações e da transformação do BCE num verdadeiro banco central europeu) o reforço imediato dos instrumentos federais de gestão fiscal e orçamental da zona euro, aumentando os poderes do parlamento europeu, da comissão, do BCE e das cimeiras de chefes de estado e de governo da Eurolândia, e clarificando mais nitidamente as zonas de ação de cada uma destas instâncias de poder da UE.


Última actualização: 24 mai 2012 23:12 GMT

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

Mais barragens?

As Redes Inteligentes e o Mercado Único Europeu da Energia apostam na eficiência!

Redes Inteligentes e o Mercado Único Europeu da Energia — uma solução à vista. © Hoje Macau.

Poll reveals wide support for EU grid action
EurActiv
Published 06 February 2012

A survey of European stakeholders has found overwhelming support for giving priority, funds and planning waivers to allow the speedy construction of European grid infrastructure.

In a survey of businesses, industrial associations, NGOs and think tanks, 81% of respondents said that creating a single European electricity market, and the needed grid infrastructure, should be an EU policy priority.

“We couldn’t agree more,” said Susanne Nies of Eurelectric, an association representing major European power generators.

Rede Inteligente de Energia Pode Ser Hipótese para Macau
Hoje Macau
15 Dez 2011

Está implementada em diversos locais do planeta. A China e os EUA, os principais adeptos do conceito, já desembolsaram muitos milhões de patacas em projectos pilotos. Macau pode ser a “cidade ideal” para a sua implementação. Estamos a falar de Smart Grid, a rede inteligente de energia

O plano de construção de novas barragens hidroeléctricas foi engendrado para melhorar a intermitente produtividade dos geradores eólicos, e pelo caminho aumentar também os ativos não virtuais de empresas sobre endividadas como a EDP. No entanto, as dúvidas técnicas e ambientais sobre o acerto da decisão crescem dia a dia. Os motivos são de vária ordem:
  • O Plano Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroeléctrico (PNBEPH) sofre da ausência ou de graves erros de avaliação, quer dos impactes ambientais e patrimoniais negativos das obras e barragens previstas, quer da rentabilidade a curto e médio prazo das mesmas. Esta, segundo alguns especialistas, não poderá deixar de ser nula, ou até negativa!
  • Findo o regime de monopólio partilhado pela EDP, Iberdrola e Endesa, e em particular depois de estabelecido o Mercado Comum Europeu da Energia, assente no conceito de redes energéticas inteligentes e democráticas (na medida em que a micro-geração, nomeadamente off-grid, se liberta das limitações legais conseguidas pelos cartéis energéticos), a falta de rentabilidade das barragens previstas no PNBEPH, sobretudo as dos rios Sabor, Tua e Tâmega, tornar-se-à um peso negativo no balanço geral das respetivas explorações, e uma perda de valor, nomeadamente em bolsa, para as empresas detentoras (Three Gorges, etc.) destes projetados elefantes brancos;
  • As empoladas reservas de gás natural, em África, Canadá e Estados Unidos, e as ainda mais empoladas reservas potenciais de petróleo e de gás de xisto, poderão no curto prazo tornar ruinosa, ou pouco rentável, boa parte dos investimentos em energias eólica e solar;
  • O Mercado Comum Energético Europeu, que acompanhará porventura o nascimento de uma União Europeia Fiscal e Orçamental mais equilibrada e competitiva, é uma ameaça óbvia ao cartel que hoje fornece energia cara ao país —às cidades, às empresas e às pessoas.
  • Sendo praticamente inevitável a renegociação das leoninas Parcerias Público Privadas (PPPs) que vêm arruinando de modo acelerado e catastrófico o país (1), cessará também, pelo menos em parte, a simbiose oportunista entre o cartel energético e o poder partidário instalado e, por esta via, o interesse empresarial e financeiro nas novas barragens.
  • Por fim, que fazer das renováveis já instaladas? À medida que a ilusão na imaginária abundância de gás natural e de gás de xisto se esbater contra a realidade de uma inflação crescente dos preços da energia e das matérias primas em geral, o que hoje dá prejuízo, talvez em 2015, ou 2020, comece a revelar-se uma fonte indispensável de produção própria de recursos.
Entretanto, a prioridade irá, mais cedo ou mais tarde, quer queiramos, quer não, para a adopção de políticas europeias comuns focadas na eficiência energética e na produção em rede, e fora dela, de velhas e novas formas de energia renovável que não destruam no seu caminho equilíbrios ecológicos e paisagísticos com milhões ou milhares de anos.


ÚLTIMA HORA

 6 Fev 2012, 16:15


NOTAS
  1. O grau de endividamento público de Portugal (DN, 6 fev 2012) é o segundo pior da União, logo depois da Grécia, se tivermos presente que aos 110% de dívida oficial, teremos que somar (para deixarmos de aldrabar a contabilidade) o endividamento programado e ou já contratado nas cento e vinte PPPs, cujo valor ascende a uns astronómicos 60 mil milhões de euros. Ou seja, a nossa dívida pública real é de, pelo menos, 145% do PIB! Pelo andar da bancarrota grega, a seguir seremos nós a entrar oficialmente em quarentena. Esta implicará, nomeadamente, uma dieta prolongada dos mercados de dívida soberana e o recurso condicionado ao BCE. Entre as condições que nos serão inevitavelmente impostas, e que constam aliás do Memorando da Troika, está, precisamente, a renegociação das PPPs, ou seja, a paragem e o adiamento inevitáveis de alguns projetos públicos lançados pelo anterior governo: novas autoestradas, novos aeroportos e novas barragens. Não por vontade da Troika, mas porventura por sabotagem dos piratas já infiltrados no governo do senhor Passos de Coelho, a ligação ferroviária em bitola europeia entre Lisboa e Madrid, que conta com 800 milhões de euros provenientes dos fundos comunitários, também poderá ficar no tinteiro, até novas núpcias :(

sexta-feira, janeiro 06, 2012

A morte prematura do euro?

Imagem retirada do sítio The Ignorant Fishermen
2012 poderá ser o ano do Armagedão, e até o ano do fim do mundo, mas não o ano da morte do euro!

O euro permanece “muito forte” e uma queda maior ajudaria as exportações, defendeu o governador do Banco de França, Christian Noyer — in Jornal de Negócios online, 6 jan 2012.

Através da desvalorização deslizante do dólar, Washington procura diminuir o preço da sua descomunal dívida externa, refreando ao mesmo tempo o consumismo interno, uma vez que a parte das importações na economia dos EUA é cada vez mais pesada, a começar no petróleo importado, até quase tudo o que é mercadoria manufaturada: carros, computadores, telemóveis, mobiliário, roupa e calçado, brinquedos, etc.

Esta desvalorização da moeda americana (que é uma moeda de reserva mundial), a par de um política de destruição sem precedentes das taxas de juro interbancárias e do crédito a retalho, principais agentes da própria desvalorização do dólar, visa sobretudo equilibrar a balança comercial americana com a China, Japão e com os seus principais fornecedores de petróleo: Canadá, Arábia Saudita e México.

A desvalorização da moeda americana induziu, por sua vez, uma valorização excessiva do euro, segunda moeda de reserva mundial. E a consequência desta apreciação foi a perda acentuada de competitividade das economias europeias, sobretudo daquelas com menor produtividade tecnológica e menor sofisticação de produtos. Esta apreciação tornou as importações muito competitivas e atraentes, pelo seu baixo preço. O Forex especulativo com as subavaliadas moedas japonesa e americana (yen carry-trade e dollar carry-trade), por sua vez, forçou uma queda progressiva do preço do dinheiro na própria Europa, tornando o acesso ao crédito cada vez mais irresistível, e o trabalho produtivo local cada vez mais caro e desinteressante por comparação com as novas economias financeiras assentes no endividamento barato, na especulação bolsista e sobretudo cambial, e na importação de bens e serviços faturados em moedas sub-avaliadas: iene, yuan e sobretudo a moeda em que são cotadas as principais matérias primas energéticas, minerais e alimentares: o US Dollar.

O endividamento europeu não é apenas, nem sobretudo, público.

O endividamento privado é muito superior, e ambos confluíram para a presente e gravíssima crise de liquidez e de insolvência que aflige pessoas, empresas e governos. Os excessos terão que ser forçosamente corrigidos, assim como, e principalmente, o modelo de crescimento económico baseado na especulação financeira que tudo incha e depois liquida.

Neste contexto, uma desvalorização competitiva do euro, até aos 1,20 dólares, será provavelmente aconselhável, a par de uma revisão sábia do modelo social europeu, e de uma revolução no modo de produção tecnológico em curso, que terá que sofrer uma viragem de 180 graus — do consumismo desmiolado e da produção fictícia, para a sustentabilidade económica efectiva e uma nova cultura de criatividade e partilha social.

O ponto de partida para esta revolução não poderá deixar de corresponder a uma profunda alteração das atuais democracias representativas e seus sistemas de poder. A América caminha perigosamente para uma nova espécie de estado concentracionário, de exceção permanente e de ditadura, cada vez pior disfarçado pelo sofisticado sistema de propaganda desenvolvido desde 1914 (nomeadamente a partir das ideias do duplo sobrinho de Sigmund Freud, Edward Bernays). Não é este o caminho de que precisamos! A Europa tem, também por causa desta degradação cultural americana, uma grande responsabilidade na refundação democrática das sociedades globais e tecnológicas do futuro.

Uma solução militar para a actual crise global seria um desastre completo. No entanto, e infelizmente, é mais provável o fecho do Estreito de Ormuz do que a implosão do euro em 2012.

Por fim, esta previsão não significa que alguns países da zona euro, mais debilitados e prisioneiros de lógicas demo-populistas, consigam evitar um afastamento temporário da Eurolândia. Tal quarentena, porém, onde poderão cair a Grécia e Portugal, não implicará uma expulsão do Sistema Monetário Europeu, e muito menos da União Europeia. Faço figas, no entanto, para que a atual coligação que governa Portugal, e a Oposição, incluindo os sindicatos, percebam a tempo e horas os custos de uma aventura contra a inexorável correção dos nossos próprios desvarios. Isto é: a saída de Portugal do euro!


act.: 7-12-2012 19:09

terça-feira, junho 14, 2011

Depois de Trichet

Vem aí um novo BCE!
Draghi, o italiano mais germânico que a Alemanha poderia esperar

Mario Draghi, o novo boss do BCE
Divergências entre o BCE e a UE agravam a crise da dívida
14.06.2011 - 07:32 Por Rosa Soares. Público.

Há um novo factor de pressão na crise da dívida soberana que afecta os países periféricos: a divergência de posições entre o Banco Central Europeu (BCE) e alguns Estados-membros da União Europeia (UE) em relação ao envolvimento dos credores privados no novo pacote de ajuda à Grécia.

Já tínhamos anunciado este ataque sem precedentes ao BCE.

Nos últimos sete meses 600 mil milhões de dólares voaram do FED para bancos europeus, canadianos e japoneses. O grosso da massa foi parar a estes bancos europeus: BNP Paribas, Barclays*, Credit Suisse, Deutsche Bank*, HSBC*, UBS. ‎Os que têm asterisco são os que vão tomar conta da emissão de 5mM€ que em breve virão acudir Portugal.

Acontece que o BCE está atulhado de papel soberano recebido em garantia de empréstimos concedidos a bancos privados para que estes comprassem dívida pública em copiosos montantes. Com a já inevitável reestruturação das dívidas soberanas da Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, etc., o valor do papel soberano cairá a pique (alguns crêem que pode desvalorizar entre 20 e 60%). Logo, os bancos privados e o BCE que entraram nestas negociatas vão ter prejuízos monumentais.

Há já quem fale de duas coisas: pré-falência/aquisição de algumas dezenas de bancos europeus (na realidade, há muito falidos), e um grande enfraquecimento do próprio BCE, ou a sua metamorfose assim que Mario Draghi comece a mandar neste super-banco.

É por causa desta iminente crise do BCE que todos os ministros das finanças do euro foram hoje despachados a grande velocidade para Bruxelas!

As minhas recomendações a quem me lê são as mesmas de há 5 anos a esta parte: livrar-se das dívidas e comprar ouro, prata e quintinhas produtivas, de preferência nas periferias das cidades com mais e 100 mil habitantes. Parece que os títulos de dívida pública alemã prometem também alguma rentabilidade estável. Mas para os grandes investidores (em Portugal vão deixar de existir) vem aí uma nova vaga industrial: ferrovia, portos, eficiência energética e energias pós-carbónicas.


POST SCRIPTUM

Nouriel Roubini defende PIGS fora do euro (Financial Times, 14-06-2011).

Na minha opinião, a razão está mais na resposta que Sony Kapoor deu ao artigo que entusiasmou o Expresso, do que nos fígados que Nouriel Roubini inspeccionou. No entanto, há outra via: uma quarentena dos PIGS fora do euro (durante 2 a 4 anos). Como? Deixo a geometria aos economistas com imaginação ;)