quinta-feira, maio 15, 2014

BCE vai pagar para emprestar!

Numa terra queimada, seja uma pastagem ou um mercado de emprego, o dinheiro é inútil.
Photos and reporting by Lateline's Jason Om.

Bundesbank ready to back ‘significant’ ECB easing
Will support array of measures if needed to fight low inflation
By Brian Blackstone. The Wall Street Journal/ MarketWatch, May 13, 2014.

FRANKFURT — Germany’s central bank is willing to back an array of stimulus measures from the European Central Bank next month, including a negative rate on bank deposits and purchases of packaged bank loans, if needed to keep inflation from staying too low, a person familiar with the matter said.

O BCE preapara-se para emprestar a juros negativos, ameaçando de espoliação quem não gastar o que tem.

E será que o BCE também me vai pagar para acabar de pagar a casa, ou comprar um carro novo, porque o velho está a cair de podre?

Juros negativos são uma forma de ajuda aventureira aos principais responsáveis pela crise sistémica em curso: bancos, especuladores profissionais e governos. Assim, os governos e autarquias falidos da Europa emitem dívida de curto, médio e longo prazo; depois os bancos e os especuladores financeiros (hedge funds, Goldman Sachs e similares) compram essa dívida com dinheiro emprestado pelo BCE a juros negativos; e por fim, esperam que os títulos de dívida soberana adquiridos rendam mais de 1, 2 e 3%.

É evidente que o capitalismo de estado venceu (e não o neoliberalismo, como continua a gritar a desmiolada 'esquerda'). Mas é evidente também que este capitalismo de estado, digno das oligarquias russa e chinesa, não passa de uma gigantesca bolha financeira especulativa, e de uma deriva cada vez mais próxima do fascismo. Começa a ser altura de nos aliarmos seja com quem for para travar esta perigosa deriva autoritária.

A reflação é uma forma pós-moderna de expoliação dos povos pelas elites financeiras e burocráticas criminosas que dominam este mundo em colapso.

terça-feira, maio 13, 2014

Tamera: uma utopia concreta

Tamera. Numa herdade morta nasceu um pequeno paraíso ecológico.

Tamera — um biótopo de cura e um centro internacional de pesquisa para a paz
13 maio | 19:00-21:00 | Galeria Luis Serpa Projectos, Lisboa

Primeira apresentação em Lisboa desta importante e inovadora comunidade sediada no Alentejo, onde se experimentam soluções sociais, culturais e tecnológicas para o futuro da humanidade.

Oradores: Benjamin von Mendelssohn | Juliette Baigler | Martin Winiecki
Apresentação: António Cerveira Pinto

Regressei a Marx, Hegel, Kant e Kierkegaard através de um notável e atualíssimo livro de Kojin Karatani —The Structure of World History. A sensação de inspiração profunda e ar puro que resulta da leitura deste livro num tempo de mentira e criminosos à solta só é comparável à visita que fiz a Tamera no inverno que passou, um laboratório social, ideológico e tecnológico dos mais avançados que a Europa neste momento conhece. Os seus criadores, Sabine Lichtentels, Dieter Duhm e Charly Rainer Ehrempreis, cientes de que o mundo industrializado e financeiro parece incapaz de sair do ciclo infernal da prosperidade versus miséria e guerra, marcados, como milhares de outros europeus, pelos pesadelos recentes da irracionalidade, da intolerância e da ganância, decidiram converter experiência e saberes —os saberes das longas discussões ideológicas que é possível ter nos cafés de Berlin, ou num ferry cruzando o Lago Constança a caminho de Zurique— no que chamam acertadamente uma utopia concreta, lugar de experimentação, discussão, partilha e meditação sobre como encontrar o caminho da felicidade produtiva e adulta. Físicos, arquitetos, engenheiros, inventores, fotógrafos, realizadores de cinema, antropólogos, teólogos e artistas, entre outros especialistas típicos da nossa civilização tecnologicamente avançada, elegeram um ponto aparentemente perdido no quase litoral alentejano (Colos, Odemira) para aí experimentarem e viverem modelos de futuro, certamente inspirados pela tempestade poética e filosófica nietzschiana, por Teilhard de Chardin, van Gogh, Rudolf Steiner, Willem Reich, Jesus Cristo ou Lao Tze, referências caras, nomeadamente, a Dieter Duhm — o ideólogo seminal desta aventura.

Como escreve Sabine Lichtenfels no esclarecedor livro Tamera—Um Modelo Para o Futuro,
“No contexto da Europa, Portugal é o ‘rosto do continente’ em direção ao oceano. A longa história de colonização confirma isso. Portugal sempre recebeu refugiados, minorias e pessoas que pensam de modo diferente. O trabalho global em rede e a tolerância têm aqui uma longa tradição.”
Neste laboratório vivo, onde se interrogam de novo, sem preconceitos, os Elementos e a ação humana, ocorre-me a pedagogia humanista do desaparecido artista alemão Joseph Beuys, porventura um dos grandes inpiradores dos movimentos ecologistas europeus. O animismo e o paganismo que um dia deitámos ao lixo, exibindo alegremente a nossa arrogância apressadamente racionalista, regressam paulatinamente à consciência coletiva, à medida que vamos tomando conhecimento e consciência das nossas limitações científicas, tecnológicas e sobretudo morais. O grande círculo de pedras erguido em Tamera, alinhado com o Cromeleque dos Almendres, é um símbolo claro de um regresso ao futuro, neste momento ameaçado, e um sinal de que precisamos de uma nova transdisciplinaridade cognitiva, sensorial e metafísica para lograrmos sair do aperto em que nos deixámos cair pelo excesso de obesidade civilizacional.

O sistema humano está demasiado doente. Sofre de uma espécie de sarna financeira e social cuja comichão volta a ser infernal. Precisamos de um retiro cognitivo e espiritual, de ver as estrelas, respirar ar puro e ouvir os nossos irmãos e irmãs cavalo, abetarda, porco espinho, camaleão, esteva, oliveira, água, pedra! Ler e reler De Rerum Natura, ouvir a voz longínqua de Lucrécio, que ecoa ainda, apertar a terra seca com as mãos, perceber os grãos da realidade, acordar com os melros enamorados e sentir o ar pela narinas acima. Regressarei a Tamera!

Os cavalos soltos de Tamera, vivem a sua vida.


Tamera segundo os seus criadores

Tamera é um Centro de Educação e de Investigação para a ‘Utopia Concreta’

O projecto foi fundado na Alemanha em 1978. Em 1995 este deslocou-se para Portugal. Actualmente, 170 pessoas vivem e trabalham nesta propriedade de 140 hectares. O pensamento basilar foi o de desenvolver um modelo para uma vida sem violência entre seres humanos, animais e natureza. Rapidamente, tornou-se claro que a cura do amor e da comunidade humana teria de ser colocada no centro deste trabalho. A sexualidade, o amor e as parcerias precisam de ser libertadas do medo e da mentira, pois não poderá haver paz na Terra enquanto houver guerra no amor.

As questões de investigação ecológicas e tecnológicas de Tamera incluem a implementação de uma Paisagem de Retenção de Água – para o restabelecimento do ciclo hidrológico e dos ecossistemas – assim como um modelo para a auto-suficiência regional ao nível do abastecimento energético e da nutrição.

Através do Campus Global e da Escola Terra Nova trabalhamos, integrados numa rede global, nas fundações sociais, éticas e ecológicas de uma nova Terra – Terra Nova.

segunda-feira, maio 12, 2014

Defendam as vossas quintas



Cuidado com o CDS e a senhora Cristas


Os pequenos países devem apostar na agricultura familiar e comunitária, e evitar a voragem financeira predadora das agro-indústrias. Mas para atingir este objetivo é preciso confrontar sobre esta matéria, direta e regularmente, a corja partidária: PS, PSD e CDS-PP.

Área urbanizada do planeta triplicou em 14 anos
Público, 05/05/2014 - 13:21

A superfície terrestre voltou a ser catalogada depois de um levantamento feito em 2000. Catorze anos depois, a versão actualizada é a mais detalhada de sempre sobre a forma como está distribuído o planeta. Conclusão: a área com construção humana triplicou e ocupa agora 0,6% da Terra, enquanto as zonas de cultivo e as cobertas por árvores diminuíram.

A base de dados Global Land Cover SHARE, divulgada pela Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações Unidas, reuniu informação sobre toda a superfície terrestre recolhida através de imagens por satélite e da harmonização de definições e padrões internacionalmente aceites para a classificação da superfície terrestre. Até aqui, este processo era complexo, já que eram utilizados dados de países e organizações recolhidos através de processos com diferentes critérios de selecção de informação.

Regressar à aldeia?

Muitos portugueses que trocaram o campo pela cidade,
  • estão deprimidos, sem dinheiro para comprar medicamentos, pagar a água e a luz;
  • a maioria veio do campo no final dos anos 50 e início dos anos 60 julgando que iriam viver muito melhor na cidade;
  • deixaram as suas terras onde não passavam fome, nem tinham contas para pagar todos os meses, e vieram viver em barracas nos arredores do Porto e Lisboa;
  • muitos deles receberam casas municipais,  mas passaram a pagar renda alguns anos depois, rendas, taxas e consumos que hoje não conseguem suportar;
  • a maioria tem, porém, vergonha de voltar à terra de onde acham que nunca deveriam ter saído;
  • e o pior é que agora não têm dinheiro para recuperar as suas antigas casas (onde não pagavam qualquer renda), campos e leiras, e pesa sobre eles a ameaça da senhora Cristas, do CDS, e dos especuladores do costume, para quem, depois da bolha da construção civil ter rebentado, a próxima vítima é a propriedade rústica 'abandonada'.
Uma saída limpa, neste caso, seria criar uma linha de crédito bonificado para ajudar a recuperar as pequenas propriedades rústicas. Esta linha de recuperação económica do campo deveria ser acompanhada de um programa de educação ecológica e formação/certificação profissional, cujo orçamento deveria financiado por uma fração dos muitos milhares de milhões de euros da formação que vão para o lixo, mas enchem os bolsos partidariamente assistidos de quem pode aproveitar-se dos programas desmiolados, e sobretudo capturados por interesses poderosos, da Comissão Europeia.

Atualizado: 12-05-2013 13:49 WET

Crescimento? Onde?

Dois gráficos ilustrativos do não crescimento


Europa: desde 2007 que deixou de haver financiamento à economia

Japão: maior dívida soberana do planeta soma-se a contas externas negativas.

Crescimento zero não é problema.

O problema é que a economia e a segurança social dos países estão a ser engolidos pelo buraco negro da especulação financeira (derivados financeiros OTC) gerado pela carestia inevitável do petróleo e dos recursos naturais em geral, pela imparável intensidade energética e financeira da produção tecnológica, e pelo subsequente endividamento incontrolado dos governos, bancos, empresas e famílias em todo o mundo.

Solução?

Só consigo imaginar, infelizmente, a continuação do colapso em curso à escala global :(

domingo, maio 11, 2014

Os Pobres são um bom negócio

Sopa dos Pobres, outrora conhecida também como Sopa de Sidónio. Anjos, Lisboa

Há dirigentes de IPSS's a ganhar mais do que Passos

Um relatório a que o i teve acesso revela que um quinto das fundações de solidariedade social existentes em Portugal (num total de 178) não tem beneficiários e que metade dos apoios públicos é absorvida por 16 entidades. Além disso, há dois dirigentes a receber mais do que o próprio primeiro-ministro.

Ainda que o exercício de funções numa fundação de solidariedade social deva ser, em regra, não remunerada, de acordo com o mais recente relatório da Inspeção-Geral das Finanças, existem em Portugal 100 dirigentes a auferirem uma remuneração.

Notícias ao Minuto, 9 de maio de 2014.





Há muito que chamámos a atenção para os latifundiários da fome e da miséria alheia. 

(abril 13, 2014 - A bolha da fome; novembro 15, 2012: Os rendeiros da fome)

As IPSS não são controladas por ninguém e beneficiam, pelo menos as principais, da proteção da corja devorista unida (CDS, PS e PSD), traduzida em milhares de milhões de euros do Orçamento de Estado, arrancados à poupança nacional, nomeadamente através da agressividade fiscal, ou acumulados na imparável dívida pública, corroendo os fundamentos básicos da democracia. O orçamento do ministério da segurança social é um poço de mistérios que, desde logo, deveria ser investigado.

Será que o pascácio do PS sabe do que estou a escrever? Se não sabe, pergunte à misericordiosa irmã Belém Roseira. 

PCP e Bloco, entretidos nas suas pequenas quintas partidárias, são uma espécie de idiotas de serviço nesta matéria. Adoram a espuma dos dias, e jamais percebem o que acontece ao país. Acreditam mesmo que poderão sobreviver ao seu oportunismo, se isto der para o torto?

As unidades básicas onde todo o sistema de solidariedade social deveria assentar chamam-se Freguesias e Paróquias. Ao parlamento caberia fiscalizar periodicamente a transparências dos processos e a rentabilidade social dos dinheiros gastos. O que existe não passa dum lodaçal inconfessável.

sábado, maio 10, 2014

Nestlé, nunca mais!

O animal que preside à Nestlé

Que tal um boicote aos produtos da empresa que esta criatura dirige? 

Eu já cortei com o Nespresso.

Is water a free and basic human right, or should all the water on the planet belong to major corporations and be treated as a product? Should the poor who cannot afford to pay these said corporations suffer from starvation due to their lack of financial wealth? According to the former CEO and now Chairman of the largest food product manufacturer in the world, corporations should own every drop of water on the planet — and you’re not getting any unless you pay up.

The Mind Unleashed, 9 May 2014
Não esquecer que estes animais costumam trazer no bolso os imbecis que elegemos, alimentando-os a pérolas e Pão de Ló. Há que vigiar e discutir publicamente a Lei da Água e o embuste do Plano Nacional de Barragens que Sócrates-Mexia e a corja do CDS prepararam para entregar, de bandeja, recursos vitas do país a estas corporações cuja utopia seria um mundo sem humanos. Só com animais da sua laia!

Este animal está, no entanto, errado num ponto: num mundo de robots não há lucros. O lucro, por definição, é o grau de exploração do trabalho variável. As máquinas e os robots são capital fixo puro e duro, sem elasticidade em matéria de input e output. Sem capital humano não pode haver mais valia, apenas monopólios e carteis de produção-distribuição e recursos. Mas aqui chegados há outros animais que se impõem à vulgar corja dos gestores otimistas. Um deles é a revolta popular que iça guilhotinas pelo caminho. O outro, que já começou a impor-se, chama-se estado-nação.

Seria bom que este animal lesse o livro que comecei a lçer a semana passda: The Structure of World History, de Kojin Karatani.

E agora, Caparica?

Caparica sem areia é o resultado do populismo desmiolado dos partidos

Os autarcas exigem areia, centenas de milhões de euros de areia, para tapar décadas de gestão danosa do território. E também querem encalhar navios no lodo do Barreiro! Que tal sentar governantes e autarcas no banco dos réus?


Eventual terminal de contentores no Barreiro pode chegar aos 14 metros de calado
- Cargo News, 07.05.2014

Não é novidade que o Governo estuda a hipótese de instalar o novo terminal de contentores da Área Metropolitana de Lisboa no Barreiro. Carlos Humberto, presidente da Câmara do Barreiro, afirmou que os estudos demonstram que o Barreiro pode receber um terminal para barcos com 14 metros de calado, referindo que o projecto pode impulsionar novas ligações rodoviárias na região.

O autarca do Barreiro disse que a hipótese Barreiro é, neste momento, a única que está a ser estudada na Área Metropolitana de Lisboa para receber o novo terminal de contentores, apesar de salientar que a decisão final é do Governo.

Ouvimos a autarca de Almada aos gritos contra um investimento de centenas de milhões de euros que o governo queria aplicar na Trafaria, concelho que chefiou por encargo do PCP durante vinte seis anos. O terminal de contentores para navios de grande porte e calado foi assim rejeitado em nome duns surfistas e da manipulação partidária comunista, para quem crescimento económico e desenvolvimento são, no fundo, ameaças evidentes à sua religião sem Deus.

Há muitos anos que se vem defendendo o fecho da Golada (1) como obra de grande impacto na pacificação do estuário do Tejo, com benefícios claros tanto para a margem sul, como para a margem norte do rio. Só fechando a Golada, isto é, só unindo o Farol do Bugio à Cova do Vapor, construindo um dique, e já agora um Terminal de Contentores de águas profundas que crie emprego na zona, se garante a proteção da Caparica — e não só dos surfistas!

Em vez de discutirmos seriamente esta questão de fundo, temos mais uma montagem mediática eleitoral promovida pelo PCP e um seu autarca. Desta vez, lançaram um balão de ar quente, mas sem neurónios, sobre o terminal de contentores que o Barreiro poderia receber, já que não se fez a tão famosa quanto idiota TTT Chelas-Barreiro.

Querem meter Lisboa na Rua da Betesga. O tique é bem indígena e bem antigo. Revela, como sempre revelou, o paroquialismo caciqueiro de boa parte da nossa indigente classe política. O povo, por sua vez, é analfabeto funcional, vê telenovelas, futebol e 'reality shows' e, de vez em quando, como o cão de Pavlov, é despertado por um sininho, e vai votar. Menos mal que o país está nas mãos dos credores!

Para os curiosos, cito e adapto livremente um email recebido sobre a desmiolada ideia de construir um terminal de águas profundas no charco do Barreiro.

Levar para o Barreiro grandes navios - com mais de 200 m de comprimento, 50 m de boca e 15 m de calado - através dum canal com 60 metros de largura e 7 a 8 de fundo, mesmo dragando para garantir que os navios não encalhem, é problemático. Por outro lado, se estiverem apenas em causa pequenos navios, ninguém ali investirá os largos milhões de euros necessários ao novo terminal de que Lisboa precisa.

Duvido que algum comandante meta um navio de grande porte num canal pouco mais largo do que boca do navio, mesmo dragado mais meio metro abaixo da quilha, em direção a um cais sem área suficiente para manobar com rebocadores à popa e à proa do navio.

Nenhum armador estará disposto a deslocar grandes navios nas águas paradas do Barreiro - preia mar -, e não irá certamente fazê-lo a meia altura de água, com correntes fortes de través, canal abaixo. As inúmeras horas de sobre-estadia aguardando o momento das marés... desencorajarão qualquer armador.

Quanto às questões das dragagens, só sei que sempre que fui responsável pelo terminal da Matinha, para os petroleiros, a SOPONATA gastava mensalmente largos milhares de contos (já lá vão largas décadads) em dragagens do canal que lhe dava acesso, rio acima.

O material dragado, por sua vez, era composto de lodos na sua maior parte altamente contaminados, e já então de difícil remoção, destruição e depósito. Não faço ideia quantos milhões de m3 seria preciso remover para alargar e aprofundar o canal e a área de manobra no Barreiro; mas que não são areias, não são não senhor...

Resumindo: a área do porto de Lisboa precisa de ser enriquecida com um terminal para grandes navios.

Penso, porém, que não há opção mais viável e com menores custos, monetários e ambientais, do que fazer o novo terminal sobre a Golada reposta.

O local permite amplo espaço para manobra dos grandes navios, águas profundas e muito menores custos de tempo de estadia e consumo nas suas movimentações.

E é tudo o que sei.

JFS

NOTAS
  1. «A Ampliação do Terminal de Contentores em Alcântara». Artigo da autoria do Sr. Eng. José Manuel Cerejeira, publicado na Revista de Marinha. anmpa, 2008.10.2

    A Revista de Marinha, na sua Edição 946 de Outubro/Novembro de 2008, traz um artigo sobre a Ampliação do Terminal de Contentores, obra que foi apresentada à sociedade sem ser precedida de qualquer discussão pública nem de estudo técnico que a fundamente, e, ainda por cima, ao arrepio dos Planos Estratégicos de evolução para o Porto de Lisboa, quer o elaborado em 1990/1992, quer, mais recentemente, o de 2006/2007.

    Agradecemos ao Sr. Cte Lobo Fialho, Digmo. Editor e Director da Revista de Marinha a autorização concedida para fazer eco deste excelente artigo no nosso site.

    Leia também a Nota da Direcção da ANMPN - "Lisboa Emparedada" que se segue à reprodução do artigo do Sr. Eng. José Manuel Cerejeira, onde se dá conta das diferentes intervenções que têm vindo a ser efectuadas na frente ribeirinha de Lisboa, limitando e condicionado cada vez mais o acesso da cidade ao rio que lhe deu a alma.

    [...]

    O FECHO DA GOLADA COMO GARANTE DA VIDA FUTURA DO PORTO DE LISBOA

    Em Agosto de 1990 (1), A. Conceição Rodrigues, Presidente da Administração do Porto de Lisboa nessa época, escreveu “...definiram-se linhas de força de progresso do Porto de Lisboa num documento que constitui o seu 1º Plano Estratégico de Desenvolvimento (1990/1992). Dessas linhas de força avulta como essencial a que diz respeito ao fecho da Golada do Bugio, obra que, com toda a determinação, se terá que levar a cabo, por ser a mais importante deste século como garante da vida futura do porto de Lisboa”.

    Nesse sentido, para a melhoria das condições de acesso marítimo ao porto através do Canal da Barra Sul e poder permitir receber, sem restrições, os navios porta-contentores da 4ª geração, a APL havia contratado serviços especializados de engenharia, cuja responsabilidade e coordenação estiveram a cargo da HP - Hidrotécnica Portuguesa e tiveram intervenções fundamentais do LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil e do IH - Instituto Hidrográfico.

    Dos estudos realizados (2), que envolveram ensaios em modelos físico e matemático, concluiu-se, em síntese o seguinte:

    1—Que o canal de navegação deveria ter a cota de fundo de -16,0m (ZH) e a largura de rasto de 300m.

    2—Que entre 1939 e 1985 foram acumulados na vertente Norte do banco do Bugio cerca de 35 milhões de metros cúbicos de areia, o que se traduziu no avanço dessa vertente para norte de cerca de 700m; que durante o mesmo período, a extremidade Sul do Cachopo Norte designada por Cabeça de Pato avançou perto de 800m para Sul, assoreando constantemente o Canal da Barra Sul (figura 1).

    3—Que, para combater o agravamento do assoreamento devido, principalmente, ao avanço para Sul da Cabeça de Pato, deveria ser realizada a obra do fecho da Golada, por meio de um dique de areia ligando a Cova do Vapor ao Bugio, para o que seriam aproveitadas, em grande parte, as areias provenientes da dragagem de abertura do referido canal (figura 2).

    4—Que, além da vantagem anterior, a execução dessa obra teria ainda outras igualmente valiosas, nomeadamente as seguintes:

    • A redução da agitação marítima na margem direita do rio e, consequentemente, a melhoria do comportamento das obras de protecção marginal existentes e do custo de outras, a realizar;
    • A melhoria das condições de exploração das instalações portuárias existentes e da concretização futura de outras;
    • O robustecimento da faixa do areal da praia da Caparica;
    • A protecção natural do Farol do Bugio.


    Atualizado: 10/5/2014 11:28 WET