domingo, novembro 23, 2014

José Sócrates e as tentações de Santo Antão

Lovis Corinth. Tentações de Santo Antão (1908)

A maldição de Santo Antão da Barca


Consta que há uma lenda em Santo Antão da Barca segundo a qual quem afronta o princípio filosófico da pobreza do Anacoreta egípcio e pai de todos os santos, Antão do Deserto, é severamente punido, sobretudo se o pecado for a soberba e a luxúria.

A verdade é que desde que José Sócrates, António Mexia, Manuel Pinho e o então presidente da câmara de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira, confraternizaram em nome da destruição do Rio Sabor, para nele mandarem edificar uma barragem inútil (ver vídeo), o referido autarca do PS matou a mulher e suicidou-se, Manuel Pinho viu a sua vida andar para trás desde a cena dos chifres na AR até ao humilhante downsizing do seu vencimento no ex-BES, e José Sócrates foi preso no dia 21 de novembro de 2014 sob suspeita de vários crimes de corrupção. Só falta a Mexia ter que explicar a trapalhada das barragens e a compra das ventoinhas à Goldman Sachs para ser severamente atingido pela maldição do Eremita cuja imagem foi roubada do sítio onde esteve mais de duzentos anos, e a capela em sua homenagem removida do lugar e do caminho histórico de Santiago.

Só há corrupção se a política deixar

As pessoas têm que perceber uma realidade simples: não há corrupção, pelo menos na escala pandémica que atingiu o nosso país, que não seja fruto da própria política.

Nas ditaduras a corrupção é controlada policialmente pelos corruptos que são poder, determinando quem pode e quem não pode partilhar o saque dos cidadãos.

Em democracia, porém, a corrupção em larga escala só funciona sem problemas se houver muita riqueza para distribuir, ou seja, se houver riqueza suficiente para alimentar ao mesmo tempo a pequena corrupção que alastra a 25% ou mais da população, e a grande corrupção promovida por menos de 0,1% da população, normalmente distribuida por três setores: políticos, banqueiros e empresas piratas. Quando, porém, a economia entra num ciclo recessivo prolongado, a lógica da corrupção em democracia colapsa, pois deixa de haver margem para tal. A austeridade e o desemprego fustigam progressivamente mais de 90% da população, as classes médias são ameaçadas de extinção ou metamorfose dolorosa e, por fim, as próprias elites vêm-se envolvidas numa guerra fratricida incontrolável. É o que está neste momento a acontecer.

Ciclicamente a história parece repetir-se, com laivos bíblicos e até mitológicos.

Santo Antão da Barca foi levado por ladrões

Santo Antão da Barca foi roubado do seu altar onde se encontrava há pelo menos duzentos anos.

[...]

O Santuário de Santo Antão da Barca ainda nos dias de hoje possui um grande significado religioso, etnográfico e cultural, mas é nos finais do século XIX e durante quase todo o século XX que o sítio granjeia um significado especial entre a população que vive nas aldeias implantadas nas imediações do vale do Baixo Sabor.

Esta importância cultural, etnográfica, religiosa e social foi mesmo invocada pelos ambientalista e todos aqueles que se opõem à construção de uma barragem no rio Sabor, como mais um argumento para ajudar a obstar a sua construção.

O santo foi roubado após o arrombamento das portas, que tudo indica, foram forçadas com um pé de cabra.

As autoridades policiais já estão a investigar o furto.

Notícias do Nordeste, 13/6/2007
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Obras da EDP impedem festividades de Santo Antão da Barca junto ao rio Sabor

Alfândega da Fé, 14 jun (Lusa) - A presidente da Câmara de Alfândega da Fé anunciou hoje que o atraso na trasladação do santuário de Santo Antão da Barca levará a que as tradicionais festas de setembro não tenham lugar naquele templo.

O santuário situado na margem direita do rio Sabor, está a ser transferido para nova localização pela EDP, dado que o seu local tradicional vai ficar submerso após a conclusão da barragem do Baixo Sabor.

Visão, 10:06 Sexta feira, 14 de Junho de 2013
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Memorial perpetuará Santuário de Santo Antão da Barca

D. José Cordeiro presidiu esta tarde à bênção do memorial - uma cruz aberta, em granito - que perpetuará a memória do espaço que acolheu, ao longo de mais de 200 anos, uma das maiores romarias da região transmontana – o santuário de Santo Antão da Barca, espaço que vai ficar submerso pela barragem do Sabor.

RR, 17-01-2014 18:18
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sábado, novembro 22, 2014

Tiro no porta-aviões 'socialista'

José Sócrates à saída do DCIAP - 22 nov 2014 01:19 WET.
Foto: câmara CMTV

E agora Costa? 


Por algo Soares tinha tanta pressa no derrube de Seguro e deste governo!

Havia demasiados indícios para que a Justiça nada fizesse. As tropelias dentro do PS cheiravam mal desde que Mário Soares traçara como objetivo principal derrubar o Tozé e derrubar este governo de qualquer maneira. O colapso do GES/BES foi a porta do grande dique da corrupção que se abriu.

Esperamos notícias sobre o cabotino Mexia e sobre o negócio aqui descrito e várias vezes denunciado do financiamento das novas barragens no tempo de José Sócrates. A EDP comprou em 2007 uma grande empresa americana de energia eólica à Goldman Sachs (a Horizon Wind), em troca, supomos, de uma grande operação de financiamento 'facilitada' pela própria Goldman Sachs, da qual resultou o endividamento catastrófico da EDP, que hoje anda pelos 17-18 mil milhões de euros (daria para ter financiado 17 pontes Vasco da Gama), mas também um adiatamento de várias centenas de milhões de euros ao governo de José Sócrates (ver vídeo 1; ver vídeo 2 ; ver vídeo 3). As escandalosas e corruptas rendas da energia traduzem-se nos altos preços pagos pelas famílias e empresas portuguesas pela energia elétrica, o que, entre outros obstáculos artificiais, impedem qualquer sonho de crescimento.

Comentário em atualização...

Histórico de um pirata
  • Sócrates: Fortuna regularizada nos RERT. Felicia Cabrita, Sol
    — Pergunta: quais são as responsabilidades de Teixeira dos Santos nos RERT I e II
  • A culpa não é de Sócrates. É nossa. Helena Matos, Observador, 22/11/2014, 17:38 WET
  • PGR: "Inquérito teve origem numa comunicação bancária", Jornal de Negócios, 22 Novembro 2014, 13:55
Processo judicial em curso
  • Apontamento vídeo e declaração do juiz Carlos Alexandre, responsável por vários processos judiciais que questionam a corrupção indecorosa da classe política e económico-financeira portguesa. Data da publicação do vídeo: 7 de abril de 2012 (Youtube).

Última atualização: 23-11-2014 10:07 WET

A menina Isabel

 
Deputada portuguesa, 2014


A menina do papá é muito bem comportada!


O pai da menina Isabel chama-se Adriano Moreira e foi ex-ministro do Ultramar de Salazar entre 1961-1963, e Deputado da Assembleia da República entre 1979 e 1991, pelo CDS-PP. 


Não sabemos se o pai de Isabel Moreira é ou não um dos 257 políticos (Observador) a quem foram atribuídas, e que auferiam ainda em finais de 2013, as famosas subvenções vitalícias generosamente legisladas em casa própria pelo famoso parlamento das perdizes que é o nosso. Mas lá que parece, parece. Seria bom esclarecer a dúvida pública existente.

A putativa defesa da Constituição invocada pela estouvada deputada socratina do PS e por tantos outros cabotinos da casta partidária deste país falido até à medula transformou os funcionários públicos em párias sociais que o estado pode despedir a seu belo prazer sem sequer indemnizar, colocando-os aos milhares no limbo da chamada REQUALIFICAÇÃO, numa situação humilhante que não existe em parte alguma do sistema laboral português.

Mas isso é o povo, não é, menina Isabel?

Votem nesta corja (PS, PSD, CDS) mas depois não se queixem!


PS: a estouvada socratina confunde direitos adquiridos com legislação pirata em causa própria, a qual, por definição e justiça, há muito deveria ter sido expurgada do corpo legislativo desenhado pela cleptocracia instalada. A arrogância desta deputadazinha é proporcional à sua ignorância jurídica.

Isabel Moreira pondera enviar para o TC norma que suspende as subvenções - Expresso

Quem são os ex-políticos com subvenção vitalícia - Observador

sexta-feira, novembro 21, 2014

BES e a treta da comissão de inquérito

Mariana Mortágua, deputada do Bloco não faz os TPC.
Foto © Jose Sérgio/ Sol

A casta deixou de servir a democracia. Serve-se a si mesma e sem qualquer vergonha na cara


Mariana Mortágua | Embalos semânticos
Expresso, 7:00 Sexta feira, 21 de novembro de 2014

A partir do momento em que se tornou pública a necessidade de uma intervenção estatal no BES, o Governo, na voz de Maria Luís Albuquerque (MLA), apressou-se a construir duas teorias. A primeira: "aconteça o que acontecer, não haverá prejuízos para os contribuintes" (MLA, 8 Out, AR). A segunda: "O Governo teve conhecimento da decisão da resolução do BES na tarde do dia 1 de agosto (MLA, 8 Out, AR), logo, a responsabilidade da mesma cabe ao Banco de Portugal.

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Apesar de pertencerem à casta dos 1% com maior rendimento coletável do país, os nossos deputados da treta nem sequer se dão ao trabalho de ler o Jornal Oficial da União Europeia, e as resoluções do Parlamento Europeu, nomeadamente aquela que deu lugar ao Mecanismto Único de Resolução (MUR ou SRM). Se o fizessem não andariam a pulverizar os indígenas com a falsa discussão sobre as responsabilidades do governo e de Maria Luís Albuquerque no colapso do banco do regime, onde tantos beberam, mais ou menos, privilégios corruptos. Assim que governo e BCE perceberam que o BES ia colapsar, começou uma corrida contra o tempo para antecipar a redação, aprovação e implementação do MUR. Houve, pois, uma triangulação entre o nosso governo e Banco de Portugal e o Parlamento Europeu e o BCE, nas medidas, nas provisões e no timming da entrada do grupo financeiro GES e banco BES no Mecanismo Único de Resolução. Tudo o resto é conversa de jornalistas e deputados que não fazem o trabalho de casa... e mais do mesmo, ou seja, a manipulação diária dos bovinos contribuintes que continuam a alimentar a corja que arruinou o país — com impostos, taxas e votos!

Quando as ações do BES e do BCP cairam 25% numa só semana de maio deste ano, o destino do grupo BES estava traçado, e só quem anda a milhas destes temas, ou queira escondê-los, não sabia o que iria acontecer. Quem especulou e perdeu, não tem nada que arrastar-se pelos gabinetes e redações vertendo lágrimas crocodilo.

Neste blogue foram escritos vários textos esclarecendo sem ambiguidades o que iria acontecer e porquê.

Ricardo Salgado chegou a convocar um Conselho de Estado para anunciar o que aí vinha se não o acudissem. Queria dinheiro do estado, mas sem mostrar os livros; queria, através do BCP e da meretriz Caixa Geral de Depósitos, a massa da Troika, mas sem mostrar os livros. Como levou tampa, telefonou aos afilhados da PT e sacou-lhes 900 milhões de euros. Como levou tampa do governo, do BdP e dos outros bancos, convenceu a Goldman a fazer uma entrada/saída relâmpago, obviamente especulativa, no capital do BES, por um lado, para ver entrar liquidez num navio que batera no gelo e que afundava à vista de todos os ceguinhos do país (que por isso viam outras coisas e dançavam...). A imprensa económica anunciava a operação de tomada de posição qualificada no BES por parte de dois fundos abutre (um deles, a Goldman Sachs) no mesmo dia em que estes mesmos especuladores já vendiam as ações que entretanto 'valorizavam' na lógica do sobe-e-desce do Casino do PSI20. Pretender que o governo poderia ter feito outra coisa, ou sequer agir autonomamente quando o país não passa de um protetorado da União Europeia, é atirar areia aos olhos de quem não vê ou não quer ver.

O inquérito ao colapso do GES/BES é uma farsa. Já agora quanto ganham os senhores deputados e as senhoras deputadas por esta farsa? Quanto vai custar mais um inquérito inútil aos contribuintes? Onde estão os tribunais? Onde está a Polícia?!

quinta-feira, novembro 20, 2014

A Ota fluvial do Barreiro

Europort, Roterdão: navios de carga empilhados...

A Ota (fluvial) deste governo chama-se porto de contentores do Barreiro


O tam-tam sobre o novo porto de contentores do Barreiro é mais uma manobra de distração do ministro Sérgio, para abafar os assuntos graves e iminentes: colapso do banqueiro do regime, rendas excessivas da energia, PPP, TAP, etc.

João Carvalho: "Grande parte do comércio com os EUA vai passar por Portugal"
20 Novembro 2014, 00:01 Jornal de Negócios

O presidente do Instituto da Mobilidade e dos Transportes não compreende os ataques ao terminal no Barreiro e aponta o dedo a “forças ocultas”. Para o presidente do IMT, o país tem de estar preparado para o espaço económico de 900 milhões de consumidores.
Quem pagará as dragagens constantes necessárias a um hipotético porto de contentores nos lodos do Barreiro? Os armadores, os transitários e em geral as empresas envolvidas no trânsito das mercadorias, ou o Zé Povinho, em mais impostos, taxas e velhos atirados para a sarjeta, com salários, pensões e rendimentos sociais de inserção assassinos?

Este lunático que putativamente preside ao Instituto da Mobilidade e Transportes, que se disponha a uma discussão pública aberta sobre as imbecilidades que propala, e logo calaremos os seus argumentos de propaganda barata em menos de três minutos.

Os portos de contentores vocacionadados para os grandes navios, nomeadamente os post-Panamax, estes só marginalmente descarregam mercadorias para seguirem por estrada, ou mesmo por caminho de ferro, e neste caso, só se houver bitola europeia que ligue diretamente, i.e. sem roturas de carga, os Post-Panamax à rede europeia de comboios UIC (a chamada bitola europeia), pois a sua principal utilidade estratégica é o transhipment, ou seja, passar contentores de grandes barcos para barcos menos grandes e navios de cabotagem.

Sines tem capacidade de expansão e já reúne todas as condições para ser o grande porto de transhipment do país, faltando-lhe, porém, ligações ferroviárias UIC (sem mudanças de bitola pelo meio!) a Espanha, a Setúbal e ao Poceirão. Para navios de menor dimensão, mais a norte, temos o porto de Leixões, que é estratégico, está a ser melhorado e continuará a beneficiar de sinergias económicas e políticas imparáveis.

Baltic Dry Index - 1985-2013 (Wikipedia)

Mas se, por acaso, a economia ocidental voltar a crescer acima dos 3%, e o Baltic Dry Index voltar a superar as cifras de... 1985 (!), então poderão estudar-se outras hipóteses. Mas neste caso, a única que faz sentido e foi há muito estudada chama-se porto de águas profundas da Trafaria.

Este porto permitirá um dia libertar o Tejo em frente a Lisboa para uma navegação mais intensiva entre margens e para a navegação desportiva e turística, criando um novo e potentíssimo foco de crescimento turístico na cidade-região de Lisboa.

Permitirá também travar a erosão galopante da Costa da Caparica.

E pelo efeito de escala que comporta, uma tal obra tornaria inevitável a terceira travessia do Tejo onde também há muito foi prevista, isto é, no corredor Algés-Trafaria, permitindo enfim fechar verdadeiramente a CRIL, ligando mais rapidamente e com menores custos de tempo e combustível os concelhos da cidade-região e Lisboa com maior crescimento demográfico na década de 2001-2011: Sintra, Cascais, Loures, Almada, Alcochete e Mafra.

Instalar um porto de contentores no Barreiro seria o mesmo que enfiar o Rossio na Rua da Betesga e sujeitar o estuário do Tejo a um aumento exponencial das probabilidades de acidentes graves com navios. Seria, por outro lado, mais um buraco financeiro a suportar pelos contribuintes.

Conhecem a Rua da Betesga? Liga o Rossio à Praça da Figueira e tem menos de 15 metros de largura, e menos 30 metros de comprido!


POST SCRIPTUM

Recebemos, entretanto, um comentário a este post, do nosso Garganta Funda, que passamos a transcrever.

O problema é outro!

Qualquer rotura de carga tem custos enormes. Nestes casos, as margens de lucro são rapidamente comidas.

Tenho trabalhado activamente nessa questão.

Por exemplo: no comércio de cereais a granel, os navios de 60.000-100.000ton vindos do Brasil descarregam em frente a Santa Apolónia para batelões de baixo calado (3 metros) de só 3000 ton.
Estas operações acarretam um custo adicional de $11 por tonelada.

Em Leixões, a falta de uma correia tarnsportadora entre o cais e os silos, de apenas 1500 metros (11.000.000 euros de investimento) agrava numa só operação o custo da ton de cereal —soja, ou seja o que for— em cerca de $15.

A competitividade dos grandes volumes de transporte mede-se aos cêntimos.

Um erro estratégico e eles mudam para outro porto.

Setúbal está limitado em 60% pois os ambientalistas reduziram a chamada sonda reduzida do canal de 14m para 10 ou 12 metros.

A decisão de um palerma incompetente pode estragar toda uma economia regional, ou mesmo nacional.

O Napoleão dizia que pouco se importava com os corruptos e os ladrões, só não admitia incompetentes.

Garganta Funda

quarta-feira, novembro 19, 2014

Podemos acabar com a casta, ou ganhar juízo?

Ana Pastor, Antena 3, La Sexta, programa Objectivo

Pablo Iglesias, secretário-geral do Podemos

Ana Pastor: jornalista. Pablo Iglesias: político.
A raça espanhola está viva, recomenda-se e poderá acabar com o bipartidismo e a casta que levaram o país vizinho, tal como cá, à pré-bancarrota


Eis como uma jornalista, Ana Pastor, muy guapa por cierto, fez tremer as expetativas de maioria parlamentar que as últimas sondagens deram ao Podemos, colocando Pablo Iglesias, entretanto eleito secretário-geral do partido que saiu das Puertas del Sol e de centenas de outras praças de toda a Espanha, como putativo candidato a primeiro ministro deste “país de países”, como lhe chamou Iglesias na arena televisiva de Ana Pastor, em resposta a uma pergunta sobre a posição do Podemos relativamente às iniciativas soberanistas da Catalunha.

Numa entrevista que vale a pena ver e ouvir do princípio ao fim, dada no dia 17 de novembro ao programa Objectivo, da Antena 3, a jovem jornalista confrontou e acantonou o tumultuário sociólogo Pablo Iglesias com a agenda radical-chavista que este empunhou até ao dia em que as sondagens o indicaram como provável próximo ocupante do Palácio da Moncloa.

Comparando esta entrevista com uma outra, de 1 de junho passado, ficamos a saber que muita coisa mudou na retórica de Pablo Iglesias, felizmente na direção certa.

Creio que a maturação de Iglesias e do Podemos é um processo irreversível, o que aumenta, em vez de diminuir, como alguns comentaristas espanhois insinuaram, a probabilidade de o Podemos quebrar o rotativismo bipartidário espanhol.

E em Portugal, onde está o nosso Podemos?

Será o PDR de Marinho e Pinto, que tem um líder capaz de ecoar as preocupações de milhões de portugueses, mas a quem falta organização e juventude, o partido que irá rebentar com o neo-rotativismo e a neo-choldra indígenas? Ou o Nós, cidadãos, a quem falta liderança e, uma vez mais, juventude, que poderá aparecer como o próximo aliado parlamentar do PSD? O Livre, apesar de contar com mais jovens do que o PDR e do que NC, por não passar de um rebanho de ovelhas tresmalhadas de outra coisa amorfa chamada Bloco de Esquerda, e por ser um bebé proveta desenhado para muleta dessa coisa indecorosas que é o socratino PS do Costa das inundações e das taxas, não terá certamente futuro.

Veremos o que nos traz janeiro... Talvez, desta vez, tenhamos que esperar pelos novos e tempestuosos ventos que sopram de Espanha, para acordarmos.


Entrevistas, antes e depois de o Podemos ser dado como forte canddiato a primeiro partido de Espanha:


segunda-feira, novembro 17, 2014

PSA avisa Pires de Lima


Não estamos em Portugal para perder dinheiro!  


Carlos Tavares pede ligação ferroviária a Vigo e redução nos custos da energia

Jornal de Negócios, 14 Novembro 2014, 17:26

Os argumentos não são novos. Os custos de energia e o modo como os veículos são exportados contribuem para diminuir a competitividade da fábrica portuguesa da Peugeot Citröen. "Está-se a pôr a fábrica numa situação difícil para o futuro", admitiu o presidente-executivo da PSA.

Sem ser pessimista, mas sim realista, estes são daqueles avisos que trazem claras implicações, especialmente sabendo-se das graves dificuldades que o grupo PSA está neste momento a atravessar nomeadamente em França, onde o governo Hollande está a intervencionar o grupo.

Uma das tarefas de Carlos Tavares vai ser a redução do número de modelos que neste momento são fabricados pela Peugeot-Citröen

A gestão das marcas (marketing) irá manter a Peugeot, a Citröen e a "DS", mas com redução do número de versões, o que implica claramente uma racionalização das linhas de fabrico e montagem, como a de Mangualde.

Por outro lado, não estou a ver o estado francês a subsidiar o emprego em Portugal mantendo uma fábrica que não seja rentável. Este assunto faz-me recordar a opção da Opel na Azambuja quando concluiu que os custos de fabrico em Portugal eram altos E atenção, a fábrica da Azambuja tinha o caminho de ferro à porta, pela qual transportava muitos materiais e veículos acabados.

Curiosa a opção por Vigo!

Em vez da utilização da linha ferroviária da Beira Alta, a PSA considera Vigo como o melhor acesso (na realidade, aquele que estará disponível mais cedo) ao standard ferroviário UIC, posição essa que coincide com a do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que defende o porto de Leixões e quer a construção de uma nova estação ferroviária no aeroporto Sá Carneiro com ligação ferroviária à linha UIC de Vigo. Recorde-se que Rui Moreira ignora quaisquer ligações ferroviárias a sul do rio Douro.

Espanha, por sua vez, tem praticamente todas as marcas de automóveis a serem fabricadas em vários pontos do seu território, servido pela sua cada vez mais extensa e abrangente rede ferroviária de padrão internacional UIC (mais conhecido por 'bitola europeia'), obtendo por esta conjugação estratégica claras vantagens competitivas que começarão a pesar seriamente nas opções futuras de várias indústrias ibéricas e europeias à medida que o bluff do petróleo barato acabar, lá para 2017.

É óbvio que Portugal (porque andou e anda a dormir ao colo das cidades aeroportuária da Ota e da Ota em Alcochete) não pode competir com Espanha no que toca à nova rede ferroviária UIC, no que respeita aos custos energéticos (cuja rendas excessivas foram devidamente podadas, ao contrário do que ocorreu em Portugal, nomeadamente depois de despedirem o Álvaro) e, finalmente, no que se refere aos portos atlânticos e mediterrânicos.

Não parece, pois, que o futuro porto de contentores do Barreiro, além de uma ruína anunciada para o erário público, seja capaz de seduzir seja quem for, apesar do bluff posto a circular pelo Sérgio das PPP, sobre o interesse da Maersk no assunto. O Barreiro é servido por uma via dupla ferroviária, mas em bitola ibérica.

Definitivamente a Europa está a ficar cada vez mais longe. Cortesia dois grunhos que mandam neste país.



Em co-autoria com RMVS