sábado, novembro 29, 2014

EDP e GALP, as próximas vítimas

A corrida ao ouro acelera, mas o stock é limitado!

Dívida > monetização > reflação > + dívida > deflação > depressão :(


Federal Reserve Confirms Biggest Foreign Gold Withdrawal In Over Ten YearsZeroHedge, 29 nov 2014
Gold To Start Week With Swiss Referendum, End With U.S. PayrollsForbes, 28 nov 2014

OPEC Presents: QE4 and DeflationThe Automatic Earth, 28 nov 2014 (1)

Special Report: Why Italy's stay-home shoppers terrify the euro zoneReuters, 28 nov 2014 (2)

O Referendo suíço sobre o regresso ao padrão ouro e à prudência monetária que terá lugar este domingo (30-11-2014) e cujo resultado poderá, se for um NÃO (como apontam as sondagens), sancionar de vez o monetização suicida das economias europeias e americana, em benefício dos países emergentes e sobretudo da China, assenta em três ideias:
  1. o Banco Nacional Suíço deixará de vender ouro; 
  2. o ouro soberano da Suíça deverá ser armazenado na Suíça; 
  3. o Banco Nacional Suíço deverá manter pelo menos 20% dos seus ativos em ouro.
Entretanto, Alemanha, Holanda e outros países cuidam das suas reservas de ouro, chamando para o seu território as toneladas eventualmente guardadas em cofres outrora confiáveis.

Por fim, e ao contrário da verborreia populista da esquerda desmiolada e oportunista que temos, o que temos pela frente é a continuação do declínio económico e social e mais défice.

A queda de preços, nomeadamente da energia, com impacto positivo no turismo, a par da ilusão de abrandamento da crise, são alívios psicológicos temporários. Só mesmo o QREN 2014-2020 e o EQE (European Quantitative Easing) prometido por Draghi poderão lançar uma bóia de salvação ao governo em funções, no que resta deste ano e no quadriénio 2015-2019, independentemente de quem governar.

A crise intestina no PS e no resto da 'esquerda', ao contrário do que alguns querem crer, são péssimos argumentos a favor de António Costa e do sonhado regresso da 'esquerda' ao governo em 2015. A menos que a nossa incompetente, insensível e oportunista casta partidária acorde e perceba de uma vez por todas que terá que acelerar o seu pensamento político, para perceber a gravidade da situação em que nos encontramos, e agir de acordo com a excecionalidade que a situação exige, o que aí vem será bem pior do que o que já conhecemos e estamos a sofrer na carne.

Mas como podemos estar enganados, fechamos com uma nota de boa disposição ;)

Se o petróleo acabar, nomeadamente porque abaixo de 50 dólares o barril não haverá forma de ganhar dinheiro com a sua exploração, cada vez mais dispendiosa, a solução é esta: regressar aos computadores movidos a água!




NOTAS

  1. OPEC Presents: QE4 and Deflation — The Automatic Earth, 28 nov 2014

    Thinking plummeting oil prices are good for the economy is a mistake. They instead, as I said only yesterday in The Price Of Oil Exposes The True State Of The Economy, point out how bad the global economy is doing. QE has been able to inflate stock prices way beyond anything remotely looking fundamental, but energy prices have now deflated instead of stocks. Something had to give at some point. Turns out, central banks weren’t able to inflate oil prices on top of everything else. Stocks and bonds are much easier to artificially inflate than commodities are.

    The Fed and ECB and BOJ and PBoC may of course yet try to invest in oil, they’re easily crazy enough to try, but it will be too late even if they did. In that sense, one might argue that OPEC – or rather Saudi Arabia – has gifted us QE4, but the blessings of the ‘low oil price stimulus’ will of necessity be both mixed and short-lived. Because while the lower prices may free some money for consumers, not nearly all of the freed up ‘spending space’ will end up actually being spent. So in the end that’s a net loss as far as spending goes.

    The ‘OPEC Q4′ may also keep some companies from going belly up for a while longer due to falling energy costs, but the flipside is many other companies will go bust because of the lower prices, first among them energy industry firms.

    [...]

    You can’t force people to spend, not if you’re a government, not if you’re a central bank. And if you try regardless, chances are you wind up scaring people into even less spending. That’s the perfect picture of Japan right there. There’s no such thing as central bank omnipotence, and this is where that shows maybe more than anywhere else. And if you can’t force people to spend, you can’t create growth either, so that myth is thrown out with the same bathwater in one fell swoop.

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  2. Special Report: Why Italy's stay-home shoppers terrify the euro zone — Reuters, 28 nov 2014

    (Reuters) - "Three for the price of two" used to be the most common special offer in Giorgio Santambrogio's supermarket chains. It has barely been used this year. The reason explains why efforts to resuscitate Italy's moribund economy are failing.

    "People aren't stocking up because they know prices will be lower in a month's time," says Santambrogio, chief executive of Vege, a Milan-based association covering 1,500 supermarkets and specialist stores. "Shoppers are demanding steeper and steeper discounts."

    Italy is stuck in a rut of diminishing expectations. Numbed by years of wage freezes, and skeptical the government can improve their economic fortunes, Italians are hoarding what money they have and cutting back on basic purchases, from detergent to windows.

    Weak demand has led companies to lower prices in the hope of luring people back into shops. This summer, consumer prices in Italy fell on a year-on-year basis for the first time in a half-century, and they have barely picked up since. Falling prices eat into company profits and lead to pay cuts and job losses, further depressing demand. The result: Italy is being sucked into a deflationary spiral similar to the one that has afflicted Japan's economy for much of the past two decades.

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sexta-feira, novembro 28, 2014

Na Avenida Presidente Wilson

Avenue du Président-Wilson, Paris

Sonho presidencial e bancos podres, o tsunami soma e segue


“Faço um desmentido formal de que tenha havido qualquer decisão antes de dia 1 ao inicio da tarde”; “Eu não posso decidir algo e ser desmentido pelos meus colegas governadores...”

— in "Carlos Costa reafirma que resolução do BES só arrancou a 1 de agosto", Expresso, 8 outubro 2014, 9:36.

A aceleração do colapso deste regime começou, como escrevemos oportunamente (1), quando o BES foi alvo de uma investigação judicial decisiva no Luxemburgo, a qual rapidamente alastrou à Suíça, França, Estados Unidos, etc., tendo desencadeado ao mesmo tempo um plano de ação urgente por parte do BCE, o qual envolveu a aceleração do processo legislativo comunitário relativo ao Mecanismo Único de Resolução (SRM), sem o qual Carlos Costa, ou seja o Banco de Portugal, não teria podido intervir decisivamente como acabaria por intervir às 23:15 do dia 3 de agosto —00:15 do dia 4 em Bruxelas e Frankfurt (2). Uma repetição do que se passara em Chipre estava fora de causa.

Quem se der ao trabalho de ler o que diz a legislação europeia sobre a entrada em vigor dos seus documentos legais e em particular do Single Resolution Mechanism (3) —coisa que a maioria dos nossos deputados e a imprensa em geral ainda não fez— perceberá que só a 4 de agosto de 2014, se cumpria o prazo mínimo de 20 dias necessários ao SRM ter alguma validade legal. Tudo o resto é barulheira populista.

A importância das instituições portuguesas nesta precipitação do colapso é acessória, ou melhor, coadjuvante e arrastada pela pressão externa. Basta ver o comportamento das autoridades locais a este respeito. Governo, Parlamento, Banco de Portugal e Presidência da República foram empurrados para a ação judicial, única e exclusivamente, por pressão da Troika, dos tribunais de outros países e pelo BCE. As investigações e processos judiciais em curso no nosso país foram sucessivamente travados politicamente ao mais alto nível pela corja partidária, rendeira e devorista que capturou o estado, o sistema financeiro e o país.

Abertas, porém, as comportas do dique da corrupção, o tsunami não deixará de inundar o país, afogando uma parte dos seus protagonistas.

Como refere Rui Rodrigues,
“Há várias décadas que a Suíça é acusada de acolher fortunas que escapam ao fisco nos seus países de origem e de não cooperar com as autoridades fiscais desses Estados como forma de tornar mais atrativa a atividade do seu sistema bancário. Mas, nos últimos anos, para além da pressão sobre a autoridade política, o país viu também muitos dos seus bancos começarem a ser investigados por governos estrangeiros. A UBS será o grupo que mais escândalos protagonizou. Nos Estados Unidos, a UBS já foi multada em cerca de 800 milhões de euros por ter apoiado esquemas de fraude e evasão fiscal e, em França, foi obrigada a depositar uma caução milionária no âmbito de uma acção similar.

Em Abril de 2009, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) incluiu a Suíça numa lista negra de paraísos fiscais não cooperativos, lista que o país conseguiu deixar uns meses mais tarde após assinar 12 acordos bilaterais de troca de informação fiscal, o limiar necessário para ser retirado da lista negra. Mas organizações como a Tax Justice Network insistem que os critérios usados pela OCDE para elaborar a lista negra são “inadequados e ineficazes”.”


NOTAS
  1. BES: o golpe de coelho veio de Frankfurt” — OAM 
  2. Comunicado do Banco de Portugal sobre a aplicação de medida de resolução ao Banco Espírito Santo, S.A. 
  3. Single Resolution Mechanism (SRM)

Atualização: 29 nov 2014 19:51 WET

Tempo de mandar calar os DDT

Jane Fonda e Michael Sarrazin em They Shoot Horses, Don't They? (1969)

Não confundir os criminosos com os 'humilhados' é uma tarefa essencial 


Um povo que assiste à tragédia de um país, o seu, sobre endividado, corrupto até à medula dos mais altos dirigentes partidários e económico-financeiros, que empobrece a uma velocidade assustadora, que tolera a escravatura dissimulada que adia criminosamente a imprescindível reforma do estado, e que vê emigrar os seus cidadãos às centenas de milhar, não pode perder tempo com as manobras das tríades de piratas que capturaram parcialmente o país. Tem que se revoltar e exigir uma democracia menos cara, mais transparente e sobretudo mais justa. E é tempo de mandar calar os DDT!

Abater um cavalo doente e esfomeado é um ato de misericórdia. Empurrar milhões de portugueses para a emigração, o empobrecimento sistémico e a morte é um crime intolerável e os seus responsáveis devem ser chamados a responder pelas ações praticadas. O país não pode morrer às mãos da corrupção e da indigência partidárias.

“Se as pessoas não têm dinheiro para manter os seus cavalos, então deveria ser criada uma organização social (ou programa de abate) devidamente financiada. E a polícia ou autoridades precisam de ser capazes de apreender os animais se estes não são bem tratados”.

Susan Clark, advogada inglesa, à agência Lusa/ Jornal i
Motif de cette détention inédite : «fraude fiscale» et surtout «corruption» et «blanchiment de capitaux». Le montant des sommes qu’aurait détournées Socrates n’est pas connu, mais la presse nationale parle de dizaines de millions. Depuis environ un an, la brigade financière portugaise, la DCIAP s’était étonnée de son train de vie à Paris, où il réside : un appartement de 2,8 millions d’euros, la fréquentation de restaurants de luxe… Des écoutes téléphoniques auraient fait le reste.

Sócrates, la chute d’un «opportuniste sans idéologie»
François MUSSEAU MADRID, de notre correspondant 26 novembre 2014 à 14:59, Libération
Ricardo Salgado e restante administração do Banco Espírito Santo (BES) são os alvos de uma megaoperação da Polícia Judiciária que decorreu esta quinta-feira, apurou o Correio da Manhã, com buscas às residências dos visados, a bancos, escritórios e à sede do Grupo, em Lisboa. O juiz Carlos Alexandre acompanhou as buscas na sede da instituição bancária que agora tem o nome de Novo Banco.

[...]

“Nas investigações, relacionadas com o denominado universo Espírito Santo, estão em causa suspeitas dos crimes de burla qualificada, abuso de confiança, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e fraude fiscal”, refere uma nota da Procuradoria-Geral da República (PGR). A PGR adianta que, no âmbito de investigações, dirigidas pelo Ministério Público, realizam-se durante esta quinta-feira várias diligências, designadamente 34 buscas domiciliárias, uma a um advogado e seis buscas a entidades relacionadas com o exercício da atividade financeira.

Salgado alvo de buscas por crimes no BES — Já terminaram as 41 buscas da Operação da Unidade de Combate à Corrupção da PJ “ao universo Espírito Santo”. Correio da Manhã, 27.11.2014  09:50.

quinta-feira, novembro 27, 2014

Ó senhor juiz, desapareça!

Um almoço sobre livros e viagens, claro!

José Sócrates: “Este processo é comigo e só comigo. Qualquer envolvimento do Partido Socialista só me prejudicaria, prejudicaria o Partido e prejudicaria a Democracia.”


A propósito da suposta humilhação de Sócrates

Humilhados são as centenas de milhar de portugueses que tiveram que emigrar durante a era Sócrates e depois dela (claro), e os que não tendo ainda emigrado andam na sopa dos pobres a que chamam segurança social, subsídio de desemprego com apresentações periódicas e pseudo formação profissional, rendimento de inserção social com obrigação de prestação de trabalho não remunerado, ou que, no caso dos funcionários e trabalhadores da Administração Pública, aguardam no matadouro do INA o fim compulsivo e sem indemnização dos seus vínculos ao Estado, em contraste com a vida faustosa de um ex-primeiro ministro que nunca teve profissão certa, nem qualificações profissionais que não fossem uma indecência que envergonha qualquer cidadão de um país civilizado.

As figuras públicas e mediáticas, como Sócrates ou Ricardo Salgado, Duarte Lima, Armando Vara, Isaltino de Morais, Carlos Cruz, etc., sabem o que são, o que querem e procuram, e ao que se sujeitam. Quem não quer ser lobo...

Como se sabe também, as fugas de informação e as infrações ao segredo de justiça são um campo de batalha onde se misturam todos os protagonistas: investigadores, investigados, procuradores, juízes, advogados, políticos e jornalistas. Exemplo: quando Sócrates chamou Pinto Monteiro para conversar sobre livros e viagens durante um almoço num dos mais caros restaurantes de Lisboa, nas vésperas de ser preso, de que falaram realmente? De livros e de viagens? É tempo de acabar com a arrogância de julgar que todos portugueses que não fazem parte da nomenclatura são pobres de espírito.

Ainda sobre o segredo de justiça

Quem faz as leis não são os juízes, mas os deputados. Será que as indignadas Isabel Moreira, Constança Cunha e Sá e Clara Ferreira Alves ignoram este detalhe? E senhor Miguel que sabe tudo, também ignora esta trivialidade?

Reitero ainda a propósito desta espécie de indignados, que as declarações de Marinho e Pinto foram declarações de um Bastonário corporativo, e não de um candidato a líder partidário e primeiro ministro. Se continuar por esta via não irá longe, até porque a telenovela Marquês de Maçada vai continuar. Como o próprio ditou: "Este processo só agora começou."

Mais avisados foram, ao que parece, António Costa e o PS, que já mandaram calar, via Sócrates, Mário Soares. É que se continuam a misturar o processo contra Sócrates com o PS, e a insultar magistrados, teremos em breve uma investigação em profundidade ao próprio PS. Capiche?

Há muitos anos vivi e gostava de fazer pesca submarina ao largo da Praia da Matiota, em São Vicente de Cabo Verde. Quando não havia carrascos (ou cavacos), nem lagostas, nem garoupas azuis por perto, íamos aos polvos e às moreias que frequentavam os mesmos buracos e grutas. A caça da moreia era um safari duro, pois a sua agressividade e resistência aos arpões era enorme. Já para os polvos, uma vez desimpedidas as entradas das grutas, bastava um aguilhão comprido para os caçar. Era porém raro apanhar um polvo com as oito patas previstas na sua anatomia: 7, 6, 5... Um dia perguntei a um velho pescador qual a explicação para a falta das patas. E ele, sorrindo, explicou-me: é que quando as moreias apertam o polvo escondido na gruta, o polvo, para escapar com vida, oferece uma das patas à moreia. Enquanto esta fica entretida com a iguaria, o polvo escapa com vida!


Declaração de Sócrates ao Público na íntegra
 Há cinco dias “fora do mundo”, tomo agora consciência de que, como é habitual, as imputações e as “circunstâncias" devidamente seleccionadas contra mim pela acusação ocupam os jornais e as televisões. Essas “fugas” de informação são crime. Contra a Justiça, é certo; mas também contra mim.

Não espero que os jornais, a quem elas aproveitam e ocupam, denunciem o crime e o quanto ele põe em causa os ditames da lealdade processual e os princípios do processo justo.

Por isso, será em legítima defesa que irei, conforme for entendendo, desmentir as falsidades lançadas sobre mim e responsabilizar os que as engendraram.

A minha detenção para interrogatório foi um abuso e o espectáculo montado em torno dela uma infâmia; as imputações que me são dirigidas são absurdas, injustas e infundamentadas; a decisão de me colocar em prisão preventiva é injustificada e constitui uma humilhação gratuita.

Aqui está toda uma lição de vida: aqui está o verdadeiro poder - de prender e de libertar. Mas em contrapartida, não raro a prepotência atraiçoa o prepotente.

Defender-me-ei com as armas do estado de Direito - são as únicas em que acredito. Este é um caso da Justiça e é com a Justiça Democrática que será resolvido.

Não tenho dúvidas que este caso tem também contornos políticos e sensibilizam-me as manifestações de solidariedade de tantos camaradas e amigos. Mas quero o que for político à margem deste debate. Este processo é comigo e só comigo. Qualquer envolvimento do Partido Socialista só me prejudicaria, prejudicaria o Partido e prejudicaria a Democracia.

Este processo só agora começou.

Évora, 26 de Novembro de 2014

José Sócrates

[LINK para este documento]

Reação do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (às declarações de M. Soares)
À agência Lusa, Rui Cardoso, presidente do SMMP, disse que “As declarações do Dr. Mário Soares são absolutamente lamentáveis, são indignas de um Presidente da República, são uma vergonha para o país de que foi o mais alto magistrado”. Soares falou aos jornalistas à saída do Estabelecimento Prisional de Évora, no final da manhã, onde o ex-primeiro-ministro José Sócrates se encontra em prisão preventiva desde a madrugada de segunda-feira por indícios de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, na sequência da operação Marquês.

Declarações de Mário Soares são “uma vergonha para o país”
Observador, 26/11/2014, 18:01

Atualização: 28 nov 2014, 09:50 WET

Dívida: a nova escravatura

Ogre demo by JSMarantz
©2011-2014 JSMarantz

Precisamos de contra-atacar os ogres de sempre e o seu apetite pela desgraça alheia


From the dawn of history, elites have always attempted to enslave humanity.  Yes, there have certainly been times when those in power have slaughtered vast numbers of people, but normally those in power find it much more beneficial to profit from the labor of those that they are able to subjugate.  If you are forced to build a pyramid, or pay a third of your crops in tribute, or hand over nearly half of your paycheck in taxes, that enriches those in power at your expense.  You become a “human resource” that is being exploited to serve the interests of others.  Today, some forms of slavery have been outlawed, but one of the most insidious forms is more pervasive than ever.  It is called debt, and virtually every major decision of our lives involves more of it.

The Federal Reserve Is At The Heart Of The Debt Enslavement System That Dominates Our Lives
By Michael Snyder, on November 24th, 2014 — The Economic Collapse.

O fascismo fiscal está em plena expansão em todo o mundo e, claro, em Portugal também, com a colaboração plena, cretina e corrupta da maioria dos partidos e políticos que operam como capatazes das elites financeiras.

O truque que nos trouxe até ao buraco negro dos derivados financeiros OTC e suas consequências nefastas chama-se endividamento, diarreia monetária (QE, WIT, etc.) e destruição maciça das taxas de juro (i.e. da poupança e da própria faculdade de poupar).

Financia-se especulativamente e com dinheiro cada vez mais virtual os governos, as empresas e as famílias até que fiquem atolados em dívidas. Depois tira-se-lhes o tapete do crédito e impõe-se a chamada consolidação orçamental aos governos, a concentração de capital ao tecido económico e financeiro, e a austeridade a quem trabalha e produz. Uma primeira consequência desta vasta manobra é a deflação resultante do colapso económico e do fim do crédito barato. O que virá depois, se olharmos para a história económica dos últimos oitenta anos (Alemanha, Hungria, Grécia, Jugoslávia, Argentina, Zimbabué, etc.), poderá mesmo ser um dominó de episódios de hiperinflação!

No fim desta deriva em direção a uma nova forma de escravatura dissimulada estaremos a perder para uma elite que conta menos de 0,1% da população mundial, uma herdade infinita onde cabe praticamente toda a riqueza produzida e todos os recursos naturais, que pinga todos os anos, meses, dias, horas, minutos, segundos e nano-segundos, nos bolsos dos novos ogres da Idade Média Tecnológica que parece aproximar-se a passos largos.

Quando é que acordamos?

quarta-feira, novembro 26, 2014

A Encruzilhada do Partido Socialista


Por Henrique Neto

Na manhã de sábado passado recebi, como presumo todos os militantes socialistas, uma mensagem do  novo Secretario Geral do PS António Costa, iniciada como segue: “Caras e Caros Camaradas, Estamos todos chocados com a notícia da detenção de José Sócrates”.  A mensagem está muito bem escrita, mas confesso que não fiquei chocado e há muitos anos que esperava os acontecimentos do passado fim de semana, na convicção de que José Sócrates representava uma bomba relógio para o prestígio do PS e para a qualidade da democracia portuguesa. Escrevi-o vezes sem conta, na tentativa de chamar à razão os socialistas e  com o objectivo de defender o PS do opróbrio público e de proteger o regime democrático. Não por quaisquer razões de inimizade pessoal.

Por isso mesmo, não retiro qualquer satisfação pessoal com a detenção de José Sócrates, que é inocente até prova em contrário, deixando que a justiça portuguesa decida de forma justa e de acordo com os factos encontrados na investigação, se for esse o caso. Todavia, já não faço o mesmo relativamente ao julgamento político dos governos de José Sócrates e daqueles que, de forma indigente, o seguiram em muitas das decisões erradas  que conduziram Portugal à ruína e ao empobrecimento dos portugueses. Também por isso é agora tempo de deixar a justiça fazer o seu trabalho.

Ainda relativamente ao PS, António Costa vai ter a semana mais decisiva da sua vida, em que está em jogo o futuro do Partido Socialista e, por extensão, o futuro da democracia portuguesa. A alternativa é simples: ou António Costa compreende que os partidos políticos portugueses se encontram à beira do abismo, no ponto mais baixo da tolerância pública e inicia uma profunda reforma do PS, começando por limpar casa no próximo congresso, ou segue em frente com os mesmos que conduziram Portugal à falência e dentro de algum tempo rebobinaremos o mesmo filme de tráfico de influências e de promiscuidade entre a política e os negócios, colocando com isso em risco o próprio  regime democrático.

Raramente na nossa história moderna existiu uma oportunidade tão relevante e tão clara  de mudar a política portuguesa, de enobrecer o PS e de abrir as portas do partido a uma nova época de progresso e de desenvolvimento, através da escolha no próximo Congresso dos melhores, dos mais honrados e dos mais devotados ao bem público. Bastará  para isso compreender os desafios que se colocam ao nosso Pais na actual conjuntura e de privilegiar e democracia e a ética na acção política, colocando a defesa dos interesses gerais da comunidade acima de todas as outras considerações.

O Partido Socialista não pode, sob a capa da chamada unidade de todos os socialistas, continuar a ser o partido dos interesses, da distribuição de benesses e de mordomias e do enriquecimento ilícito de alguns dos seus militantes e promotores. É tempo de mudança e se António Costa e os militantes socialistas não o compreenderem, temo  que seja o futuro da democracia portuguesa que está em jogo, Estas foram algumas das razões porque apoiei António José Seguro no recente debate politico, o que não impede que tenha a esperança de ver o recém eleito Secretario Geral do PS ter aquela coragem e visão que, em momentos decisivos, marcam os grandes homens.

24-11-2014
Originalmente publicado no Jornal da Marinha

terça-feira, novembro 25, 2014

O Marquês de Maçada

"Marquês de Pombal" de Louis-Michel van Loo (1707-1771) e Claude-Joseph Vernet (1714-1789)
(Museu da Cidade de Lisboa)

Operação Marquês, a segunda caça a um ex-primeiro ministro português


1779
Queixas inúmeras contra Pombal levam à elaboração de uma acção judicial, onde o Marquês é acusado de abuso de poder, corrupção e fraudes várias. O interrogatório termina no ano seguinte.

Marquês de Pombal (1699-1782), cronologia por Patrícia Cardoso Correia. Revista Camões

A operação policial montada para apanhar José Sócrates nas malhas da Justiça depois de tantos escândalos que em qualquer país letrado há muito teriam despachado semelhante mitómano de volta às terras desertas de Trás-os-Montes, foi batizada com o humor a que a nossa Judiciária já nos habituou ao longo das últimas décadas: Operação Marquês.

De facto, desde 1779 que a justiça portuguesa não perseguia e acusava um ex-primeiro ministro —amado por muitos, odiado por mais ainda, irrascível, mitómano e prepotente— de corrupção. É certo que José Sócrates tem o seu famoso apartamento a dois passos da Praça Marquês de Pombal, mas a razão do nome da operação que ontem decidiu aplicar a medida de prisão preventiva ao cidadão José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, tem um significado muito especial: é o segundo ex-primeiro ministro da nossa longa história que cai às mãos de uma Justiça que, como todas as justiças consolidadas, retrata a ossatura de um país. Quem atropela os equilíbrios de uma velha sociedade, leva! Países antigos não gostam de novos-ricos e sabem normalmente lidar com estes fenómenos mais ou menos cíclicos.

Portugal deixa-se modernizar devagarinho e não gosta de atropelos, nem de modernices importadas, sobretudo quando se revelaram estrondosos fracassos. Por exemplo, o marxismo. A Esquerda ainda não percebeu duas coisas muito simples:

  1. Portugal é um país pobre (Plutocracia demo-populista e Rendimento Básico), onde 90% das famílias apresentam rendimentos coletáveis inferiores a 30 mil euros/ano; mais de 60% das famílias tem rendimentos coletáveis inferiores a 10 mil euros (833 euros/mês), e só 7,1% dos agregados apresenta rendimentos coletáveis entre 20 e 30 mil euros (1.666 a 2.500 euros/mês). Escusado será dizer que os nossos deputados, por exemplo, fazem parte de uma casta que representa menos de 1% da população — alguns pertencem mesmo à exclusiva elite dos 0,1%!
  2. Mas apesar de pobre, Portugal é um país de proprietários. Se não vejamos:
    • demografia (2011): 10,6 milhões de portugueses
    • 11,7 milhões de prédios rústicos (haverá algum português que não seja dono de uma leira?)
    • 305 mil explorações agrícolas (36.681,45 Km2; 40% da superfície agrícola útil)
    • 7,9 milhões de prédios urbanos
    • 4,4 milhões de alojamentos (num total de mais de 5,8 milhões) ocupados pelos seus proprietários 
Não é preciso saber mais nada sobre a sociologia do país. A corrupção até pode ser tolerada, desde que não nos arruine. Havendo, porém, colapso económico e financeiro no horizonte, os corruptos-mor e os poderosos acabam invariavelmente condenados a perder eleições, a ir parar com os ossos à cadeia, ou a cairem de uma qualquer cadeira. De outro modo o país não teria a idade que tem.

Os partidos políticos são co-responsáveis pela pré-bancarrota do país e cúmplices, quando não agentes ativos, da pandemia de corrupção que nos atinge há décadas. É bom que se reformem urgentemente, apartando as maçãs podres dos cestos, antes que seja tarde demais.

PS— Quando os regimes apodrecem a este ponto, ou vem aí uma ditadura, ou uma revolução... seguida de ditadura :( Tudo dependerá dos (des)equilíbrios geoestratégicos globais e da frágil unidade europeia.... Se a Alemanha não perceber que os países do Sul não podem ficar por muito mais tempo sob condições financeiras insustentáveis (espécie de Tratado de Versailles aplicado pela Alemanha aos PIIGS, na observação certeira do eurocético João Ferreira do Amaral) alguma coisa acabará por rebentar.... e até poderá ser a Espanha, aqui ao lado. O Podemos, ao declarar-se unionista, ou seja, mão dura na Catalunha, pode até salvar o país irmão duma nova guerra civil. Basta-lhe, uma vez no poder, começar por meter na cadeia o Pujol, o Más, etc.... O exemplo veio, uma vez mais, de Portugal.

ÚLTIMA HORA: José Sócrates em prisão preventiva, na cela 44, em Évora.
Ironia: também o ex-primeiro ministro Marquês de Pombal, depois de ter sido acusado de corrupção, foi destituído dos seus cargos e condenado a um exílio muito peculiar: manter-se a uma distância mínima de 20 milhas da rainha, i.e., do poder. Entretanto, a primeira visita do prisioneiro Sócrates foi Capoulas Santos, figura grada do PS em Évora e antigo deputado europeu responsável pela vasta pasta da Agricultura. Consta que o PS detém um fundo de investimento na Holanda, e que Capoulas foi ou é seu administrador. É verdade? Não é? A procissão ainda vai no adro.

Atualização: 26 nov 2014, 09:33 WET