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quarta-feira, agosto 01, 2018

A Casa Alves dos Robles


O leilão do edifício da Rua Terreiro do Trigo 6 a 26 data de 2014


...mas o novo plano estratégico para a zona onde está situado este conjunto de prédios urbanos (com os números de polícia 4, 10, 12, 14, 18, 22) da Rua Terreiro do Trigo já era público em 2012. 

Quem foi, então, o gestor responsável por este Concurso de Alienação de Imóveis promovido pela Segurança Social? Como decorreu este processo? Porque houve tão poucos interessados atendendo a que esteve em causa adquirir uma propriedade única numa das zonas de especulação urbana mais explosivas da frente ribeirinha da cidade de Lisboa? E ainda, que é preciso neste escândalo para que os meios de comunicação consultem o processo de requalificação e ampliação levadas a cabo pela dupla Ligia Amaral Robles / Ricardo Amaral Robles? Houve parecer da Direção-Geral do Património? Houve reforço das estrutura do edifício, uma vez que lhe foi acrescentado um piso? Houve projeto aprovado na Câmara Municipal de Lisboa? Quem foi o arquiteto responsável? Como foi possível uma gema especulativa deste quilate ficar isenta de IMI?

A Segurança Social, a Direção-Geral do Património, a Câmara Municipal de Lisboa e a Repartição de Finanças do 3º Bairro Fiscal de Lisboa foram e são seguramente parte deste processo. Como tal, por dever de transparência, devem prestar os necessários esclarecimentos ao país.

O texto que se segue é um fragmento bem ilustrativo das necessárias medidas de planeamento urbanístico em curso na cidade de Lisboa, responsáveis por uma efetiva requalificação da sua frente ribeirinha, mas com reflexos praticamente inevitáveis sobre a valorização patrimonial da baixa lisboeta, sobre o investimento e a especulação urbanas, e ainda sobre a chamada gentrificação, quer dizer, sobre a composição social de zonas extensas da cidade. Este é um fenómeno mais antigo do que se imagina. No caso português, a sua emergência explosiva, desde 2014, tem causas diversas, que merecem análise, discussão, ponderação e realismo nas decisões. O que a gentrificação em curso não merece é aproveitamentos populistas que escondem oportunismos indecorosos, como têm sido os casos que envolveram recentemente António Costa (primeiro ministro), Ricardo Robles (ex-vereador e ex-dirigente do Bloco em conseuquência do seus atos inqualificáveis), e Catarina Martins (dirigente oportunista  e sem qualidades para prosseguir na direção do Bloco de Esquerda).

Reconquista da Frente Ribeirinha de Lisboa

Manuel Salgado
Câmara Municipal de Lisboa
dmprgu.dpru.dpeu@cm-lisboa.pt

(2012)

P11
Terreiro do Trigo/Santa Apolónia

A intervenção no espaço público da área compreendida entre o Terreiro do Trigo e Santa Apolónia, da responsabilidade da Bruno Soares Arquitectos, reconhece o potencial da zona nos circuitos turísticos da cidade e a importância de revitalizar este troço histórico da cidade. A proposta baseia- se na articulação dos diferentes espaços públicos existentes através da sua requalificação, do reforço da sua relação com Alfama e do novo desenho de áreas de circulação pedonal e viária.

Terminal de Cruzeiros de Lisboa

Figura 14. Proposta Terminal de Cruzeiros

O crescimento da actividade de cruzeiros na cidade, a par da evolução da capacidade dos navios, exigiu uma avaliação das infraestruturas existentes e a definição de um novo enquadramento desta actividade no contexto da cidade de Lisboa, tornando evidente a necessidade de dotar o porto e a cidade de um novo terminal de cruzeiros que responda às atuais exigências de conforto e funcionalidade.

No enquadramento da colaboração institucional entre APL e CML, foi lançado em Março de 2010 o Concurso Público de Concepção para a Elaboração do Projecto do Terminal de Cruzeiros de Lisboa, que prevê a instalação do novo terminal no espaço ribeirinho entre a Doca da Marinha, a estação ferroviária de Santa Apolónia e a Av. Infante D. Henrique.

A deslocação e concentração do Terminal de Cruzeiros de Alcântara para a zona de Santa Apolónia, cria uma série de oportunidades para a renovação e re- funcionalização de um espaço nobre da frente ribeirinha de Lisboa, potenciada pelas operações de valorização urbana em curso e previstas na Baixa Pombalina.

O projeto vencedor do concurso é da autoria do Arq. Carrilho da Graça e da Global Arquitetura Paisagista, Lda. A proposta consiste num edifício volumetricamente compacto, permitindo a libertação do espaço envolvente para a criação de um boulevard ribeirinho que potencia a relação da população da cidade e dos que a visitam com o Rio Tejo e os bairros históricos de Alfama, Mouraria, Castelo e Baixa Pombalina. A multifuncionalidade do espaço público traduz- se na diversidade tipológica dos espaços criados,

P12

nomeadamente: Praça do Jardim do Tabaco de enquadramento ao edifício da Alfândega de Lisboa; plano de água, evocando a antiga Doca do Jardim do Tabaco; Jardins Nordeste e Sudeste. Está ainda prevista a continuidade do percurso ciclável existente a poente, bem como a ligação ao circuito proposto para a margem oriental até ao Parque das Nações.

A construção do novo terminal de cruzeiros integra- se na quarta e última fase do processo de intervenção na área ribeirinha entre Santa Apolónia e o Jardim do Tabaco. Estando concluídas a primeira e segunda fases de reabilitação e reforço dos cais entre Santa Apolónia e o Jardim do Tabaco, seguir- se- á a reabilitação do molhe montante e o prolongamento do cais com novo alinhamento.

Ler este documento integral em DocPlayer

segunda-feira, julho 30, 2018

Louçã também deveria demitir-se

À fragata (NATO) NPR "Gago Coutinho", comandada pelo Comandante Seixas Louçã, foi dada ordem de fogo. Felizmente, os oficiais a bordo não cumpriram a ordem do instável militar.
Foto: Alfredo Cunha

Este Alves dos Robles infetou o Bloco de Esquerda até ao tutano!

Ricardo Robles renuncia ao cargo de vereador do BE em Lisboa
Eleito em 2017, representante do Bloco de Esquerda deixa a vereação após a polémica em torno dos investimentos imobiliários em Lisboa.
PÚBLICO 30 de Julho de 2018, 12:08
Em que posição ficam o beato Louçã, a serviçal Catarina e a ex-futura ministra Mariana? Ou muito me engano, ou a ala estalinista do Bloco (Fazenda, Rosas, etc.) vai regressar em força, o que não deixará de acelerar a caminhada deste saco de gatos pequeno-burgueses para a sua merecida irrelevância.

O sonho do degenerado trotskysta Francisco Louçã (será que ainda vegeta pela IV Internacional?) era ser vice-primeiro ministro de um Governo PS, cumprindo o desiderato revisionista que sempre o acompanhou na sua devoção marxista-leninista a Trotsky e ao senhor Mandel. Nunca percebeu a contradição em que viveu praticamente toda a sua vida. Em 25 de novembro de 1975 refugiou-se na clandestinidade em nome da segurança do partido, para logo depois expulsar os que ficaram na Rua da Palma e nos quarteis a aguentar o que então se percebia ser um perigoso, mas imparável descarrilamento da balbúrdia pré-revolucionária em curso. O país tornara-se um enorme furúnculo social, político e institucional, que consumia a velocidades estonteantes as reservas de ouro acumuladas por Salazar. A 'revolução', em suma, tomara o freio nos dentes, sendo por isso imparável. Na antiga Liga Comunista Internacionalista - LCI (uma das avós do Bloco de Esquerda) houve então quem preferisse continuar com as mãos na massa, nomeadamente dialogando com o PRP-BR, o PCP, o MDP, o MES, etc., para o que desse e viesse, mas sobretudo para impedir o pior. Louçã, filho do comandante que dera à fragata Gago Coutinho ordem de fogo contra os revoltosos na manhã de 25 de abril de 1974 quando esta se encontrava posicionada ao largo do Terreiro do Paço (1), preferiu sempre o conforto de uma subordinação estratégica a Mário Soares (e aos Estados Unidos), ainda que enfeitada com a retórica mandeliana, do que pensar honestamente nos interesses históricos do povo português. Um caso perdido.

Francisco Louçã deveria demitir-se do Conselho de Estado e do Banco de Portugal, em nome da coerência, mas também em nome da decência que tanto apregoa.

E o Partido Socialista deveria cuidar melhor da pública RTP, tomada de assalto, por dentro e por fora, por uma falsa esquerda radical, que mais não é que uma soma desmiolada de indigentes e pequenos aristocratas do regime.

Contratorpedeiro Huron das forças da NATO meteu-se entre a Gago Coutinho e a Praça.
NOTA

A ordem do “…Comandante ao chefe de Serviço de Artilharia para serem dados uns tiros para o ar, com munições de exercício” foi desobedecida, quando o oficial imediato “informou o Comandante de que os oficiais e ele próprio se recusavam a fazer fogo”. Esta atitude do oficial Imediato foi corroborada não só pelo chefe de Serviço de Artilharia, como também pelos restantes oficiais. De facto, não se verificou a execução da ordem, quer porque o Imediato teria informado, primeiro, o Comandante dessa recusa, quer porque o chefe de Serviço de Artilharia teria “inventado", depois, "problemas na artilharia", facto que, sem que o Comandante Louçã tivesse, sequer, procurado averiguar quais eram especificamente e que peças afectavam, o levou a informar o Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada da existência de problemas na artilharia que impediriam o cumprimento das ordens recebidas, embora sem justificar a natureza dos mesmos. Na verdade, a execução da ordem de fogo, em sentido estrito, só se verificaria quando e se o chefe do Serviço de Artilharia mandasse dar fogo à peça, proferindo a expressão consagrada “Fogo”!

— in FRAGATA “GAGO COUTINHO”, Esclarecimentos necessários (pdf)

Um tiro no porta-aviões do Bloco

Francisco Louçã na Vi Convenção do Bloco de Esquerda (2009)
Foto: José Goulão/ Wikimedia


Francisco Louçã já não é, de facto, um trotskysta


Se este fim de semana não destruir o Bloco de populistas e especuladores capitaneado pelo beato Louçã, então é porque o país está definitivamente perdido. Já o efeito colateral deste escândalo é simples de imaginar: o fim da Geringonça e a maioria absoluta do PS nas próximas eleições.

Miguel Esteves Cardoso (MEC), na sua crónica no Público, escreve: “A pergunta que eu faria a Ricardo Robles é esta: a quem é que ele queria vender o imóvel? Quem é que ele acha que seria capaz de pagar os 5,7 milhões de euros que ele pedia?”

Ricardo Robles não pode obviamente responder a esta pergunta, sob pena de se auto-incriminar—ideologicamente, claro. Ocorre o mesmo, aliás, às criaturas perdidas que tomaram conta do dito Bloco de Esquerda: o conselheiro Acácio Louçã, a serviçal do conselheiro, Catarina Martins, o Alves dos Robles e a ex-futura ministra Mariana Mortágua.

Eu também tenho duas perguntas de algibeira:

1. Quanto vai custar a rescisão do contrato robliano com a Christie's?

2. Onde está o projeto e o alvará (obrigatórios) que permitiram a Ricardo Robles adicionar um piso (recuado) aos prédios que comprou?

MEC está, porém, enganado, num ponto: o Roblespierre do Bloco de Especulação despejou mesmo, pelo menos, um inquilino, mandou para o desemprego quatro funcionários dum café, e acossou ainda o dono dum prédio vizinho que reclamou contra as obras de ampliação que o dito trotskysta degenerado empreendeu com os favores da Câmara Muncipal de Lisboa e da Caixa Geral de Depósitos. Até prova em contrário estas deduções e suspeitas são mais do que legítimas. São flagrantes!

Não vejo, pois, como é que a malta do Bloco vai poder continuar a socorrer esta espécie chic de Capitão Roby fascinado pela Christie's. Se a criatura continuar na Câmara Municipal de Lisboa, e no Bloco, os fiéis do bloquismo não poderão mais abrir a boca sempre que alguém lhes fizer uma das três perguntas anteriores, sob pena de se transformarem em personagens anedóticos do Little Portugal.



Pobre Mariana. Pensei que ia mais longe...

Da imprensa deste fim de semana:
“Quem é rico e tem dinheiro fica com uns bons prédios em boas áreas”, criticou Mariana Mortágua na Assembleia Municipal de Lisboa em 2014. Robles estava ao lado e já tinha comprado o prédio.
“A cidade planeada à medida dos especuladores e o respeitinho pelo capital”.  
“O pequeno comércio expulso e os últimos residentes enxotados para a periferia” pelos grandes proprietários imobiliários.  
O sector privado “que desenha a cidade e a transforma ao seu gosto, decide quem fica e quem sai.”  
Estas três frases foram ditas a 14 de outubro de 2014 por Ricardo Robles, numa reunião da Assembleia Municipal de Lisboa para criticar a reabilitação que abria caminho a fins especulativos.  
Os que o ouviam ainda não sabiam, mas cinco meses antes o deputado municipal do Bloco de Esquerda tinha vencido um leilão para comprar à Segurança Social um prédio em Alfama por 347 mil euros, que anos mais tarde colocaria à venda no mercado por 5,7 milhões de euros. Ainda hoje recusa que se trate de especulação.  
A remodelação do imóvel de Ricardo Robles - vereador do BE na Câmara de Lisboa -, em Alfama, levou a que quatro funcionários de um café ficassem sem emprego.”Podiam ter sido cinco, mas eu optei por ir para a reforma, dado que já tinha 63 anos”, contou ete sábado ao CM o gerente do Pão com Manteiga, que pediu para o seu nome não ser publicado. Adiantou, ainda, que acabou por ser “despejado” por “decisão do tribunal”, porque “não aceitou vagar” o “primeiro esquerdo” do prédio que utilizava como “armazém” e “quarto de arrumos do pessoal”. “Era o local onde eu tinha duas arcas frigoríficas. Quis aumentar-me a renda de 270 euros para 400 euros, com a condição de eu sair do andar de cima. E como eu não aceitei, ele colocou-me uma ação de despejo, que foi concretizada em outubro de 2016.”
Esta é a definição, que o Bloco sempre usou, de um despejo
O arrendatário de duas frações do imóvel de Alfama - que Robles chegou a colocar à venda por 5,7 milhões de euros, tendo custado 347 mil euros ao político e à sua irmã Lígia - afirmou também ao CM que já avançou “para tribunal com um pedido de indemnização de 120 mil euros”. “Esta verba tem a ver com benfeitorias que fiz ao longo de 28 anos de arrendamento. Os últimos tempos que passei no café foram difíceis. Pela pressão de ter de sair e pelas obras de remodelação. Havia sempre muito ruído e muito pó. Fiquei muito desgastado e decidi ir para a reforma”, vincou. 

segunda-feira, junho 11, 2018

O direito à habitação


Os devoristas do sistema apropriaram-se da democracia e transformaram-na num regime populista, habitado por demagogos profissionais, e milhares de corruptos à rédea solta.


Há mais lisboetas a alugar quartos e segundas casas (por vezes herdadas) do que a serem despejados de alojamentos que não podem pagar. Para muitos, o alojamento local e os alugueres clandestinos são a única forma de enfrentar o desemprego, o emprego precário e mal pago, a degradação dos salários ao longo de uma década, pensões miseráveis de reforma e o proto-fascista acosso fiscal.

Os idosos e os mais pobres que vivem em casas, quase sempre a cair de podres e imundas, sem elevadores, etc., em caso de despejo, devem contar com o apoio dos municípios (que têm a obrigação e os recursos para acudirem a estas situações), e do ministério da segurança social. Para isso pagamos mais impostos que o resto dos europeus!

Por enquanto há milho para todos: alojamento local e hoteis. Só em Lisboa foram criados em 2016 mais de 14 mil empregos no ramo imobiliário: construção, renovação e mediação. Uma casa vendida em Alfama significou quase sempre uma casa comprada na Margem Sul, ou na periferia de Lisboa. Ou seja, mais ainda do que o turismo, foi o investimento externo no imobiliário quem nos tirou da crise aguda em que estávamos.

Por enquanto o Medina e o Moreira protegem a recuperação do património degradado por décadas de populismo partidário (apesar do populismo barato da demagoga-mor da nossa democracia, a senhora Helena Roseta).

O direito à habitação é, como o direito ao pão, um bem a cargo da sociedade no seu conjunto, através das suas instituições, e através de políticas fiscais justas. Assim como não se obriga uma mercearia, ou a cadeia de supermercados Pingo Doce a oferecer pão a quem não tem, ou mesmo a vendê-lo mais barato por decreto, também as rendas das casas não devem ser uma propriedade política dos demagogos que nos desgovernam há décadas.

Uma mole partidária que cresce como uma nódoa de azeite falsificado (nem os deputados do Bloco escapam!), tal como arranja empregos para os filhos, netos, noras, sobrinhos, primos e amantes, também se especializou em fazer chegar as melhores casas camarárias a quem menos precisa...

terça-feira, maio 16, 2017

A propaganda do crescimento

Trading Demographics

Os ventos sopram a favor da Geringonça até 2018...


Desde que a Geringonça apareceu, fui dizendo (nomeadamente num programa de televisão entretanto extinto—Política Sueca) que a mesma beneficiava de uma conjuntura nacional (fim do momento mais áspero da austeridade) e internacional (queda dos preços do petróleo, crise na Síria e no Médio Oriente, e crise na União Europeia) favorável. Que António Costa, a Geringonça e o cesarismo bicéfalo instalado na sequência da derrota do PSD e da substituição de Cavaco Silva, tinham possibilidades objetivas e subjetivas de fazer um, ou até dois mandatos. Também sublinhei várias vezes que ou o PCP e o Bloco aproveitavam rapidamente o início da legislatura para forçarem uma coligação a sério, ou seriam forçados a engolir, com o tempo, todos os sapos que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa lhes servissem numa bandeja de encómios.

Dito isto, o crescimento homólogo do primeiro trimestre de 2017 (2,8%), que aliás se vê no turismo, nas exportações e no boom de requalificação e especulação urbanas em curso, sendo de saudar (e também fruto de uma austeridade de esquerda evidente) pode não passar duma euforia temporária. O temporário pode, no entanto, durar até 2018 ou mesmo 2019.

Por outro lado, se olharmos para as tendências de médio-longo prazo,, a situação portuguesa continua a ser muito frágil. Basta reparar no gráfico do crescimento anual do país desde 1996 (Trading Economics), e na média desse crescimento (1,2%), ou nos valores (130%) e preço da dívida pública (3,33%), ou na relação entre as taxas de juro de referência do BCE (0%) e a inflação em Portugal (2%), ou na balança comercial (-821 milhões de euros), para percebermos que o comentador presidente tem razão: não é preciso embandeirar em arco. Nem muito menos ir atrás dos parasitas do orçamento.

POST SCRIPTUM

Como me referiu um amigo atento, e li no ECO, Dinheiro Vivo, e Jornal Económico, as receitas líquidas do Turismo em 2016 subiram para 12,6 mil milhões de euros. Por sua vez, as despesas dos portugueses no estrangeiro andaram pelos 3,82 mil milhões, no mesmo ano. Ou seja, as receitas líquidas geradas pelo turismo em 2016 devem ter rondado 8,78 mil milhões. Por comparação, no mesmo ano de 2016, a despesa pública em Educação foi da ordem dos 6 mil milhões, e o serviço da dívida pública custou cerca de 8,4 mil milhões. Já em termos líquidos, o aumento da receita do turismo terá sido da ordem dos 1,2 mil milhões de euros.

Por sua vez, no imobiliário, o investimento externo disparou para cerca de 4 mil milhões de euros em 2016 (3,3 em 2015). A subida foi, portanto, da ordem dos 1,1 mil milhões de euros.

Somando imobiliário e turismo (embora não saiba se posso fazer esta soma tão simplesmente) o montante é da ordem dos 16,6 mil milhões de euros.

Já no que se refere ao saldo da balança comercial, embora tenha melhorado, continua negativo e acima dos 900 milhões euros.

À pergunta sobre o que realmente contribuiu para o desempenho favorável da economia portuguesa em 2014, 2015 e 2016, e sobretudo para o otimismo que reina nalguns setores da sociedade desde 2015, a resposta é clara: foi o investimento externo. E este deve-se, em primeiro lugar, à conjuntura decorrente da queda dos preços do petróleo, e da disputa pelo fornecimento de gás natural à Europa entre a Rússia e vários paises do Médio Oriente. Os governos portugueses, de Pedro Passos Coelho, como de António Costa, tiverem nesta matéria um comportamento comum, procurando atrair pessoas e capitais para um país que, como sabemos, foi completamente descapitalizado pela estupidez e pela corrupção indígenas.

TURISMO UM CASO DE ESTUDO

“O Turismo de Portugal está a incentivar a parceria financeira entre o sistema público e a indústria privada de turismo. Eu gostaria muito de ouvir que isto acontece nos outros países e que é comum, mas não é, e Portugal mostra que é possível.” Dinheiro Vivo, 19/05/2017
O seu a seu dono, e neste caso chama-se Adolfo Mesquita Nunes, do governo 'da direita', de Passos Coelho e Paulo Portas. Cometeram um erro: deveriam ter anunciado o fim da austeridade e das medidas mais gravosas da mesma na campanha eleitoral que lhes retirou a maioria absoluta. A recuperação económica já tinha começado, nomeadamente nas exportações, no turismo e no investimento externo. Lembram-se dos Vistos Gold?


Atualizado em 19 maio 2017 08:20 WET

quarta-feira, setembro 03, 2014

Fundos especulativos regressam ao mercado imobiliário espanhol (e português)

Monumento em Lisboa em homenagem aos Judeus mortos no massacre de 1506

O regresso de herdeiros dos sefarditas expulsos de Portugal e Espanha coincide curiosamente com fortes apostas em ambos os países de bancos e fundos de investimento de origem judia.


A oferta de nacionalidade aos sefarditas satura os consulados espanhóis em Israel El País, 10/2/2014.

Aprovada nacionalidade portuguesa para descendentes de judeus sefarditasi online, 12/4/2013.

A especulação financeira desembarcou de novo em Espanha e Portugal. Objetivo: comprar a baixo custo o mercado imobiliário urbano destroçado de ambos os países. Milhares, ou dezenas de milhar, de prédios e empréstmos imobiliários atulhados nos balanços dos bancos, caixas e associações mutualistas de ambos os países, estão disponíveis a preços de saldo, mas apenas para quem tenha ainda bolsos fundos e recheados — o que não é o caso dos setores financeiros de Espanha e Portugal.

A ideia é simples: transformar as próximas gerações de proprietários (1) de casa própria -espanholas e portuguesas- em gerações de inquilinos, ou seja, em rendas perpétuas... Capiche?!

O momento escolhido foi precisamente aquele em que os investidores indígenas e sobretudo os bancos, municípios e particulares se encontram totalmente exangues e incapazes de reagir à perda de rendimentos, acrescida de uma imparável pressão fiscal.
Your Wall Street Slumlord Arrives in Europe – Goldman [Sachs]and Other Financial Firms Launch “Buy to Rent” in Spain
Liberty Blitzkrieg | Michael Krieger | Posted Friday Aug 29, 2014 at 3:21 pm

Now that the financial oligarchs have had their way with the U.S. property market, to the point that average citizens can’t even afford to own a home (Zillow recently showed that 1 in 3 homes are unaffordable), it appears they have turned their sights overseas. What better market for bailed-out bankers to feast on than Spain, with its 50%+ youth unemployment rate and a continued depressed real estate market.

[...]

In January, the New York–based private-equity firm Apollo Global Management LLC [CEO: Leon Black] bought the real estate unit of Banco Santander SA, Spain’s biggest bank by assets, for 664 million euros. In March, the Madrid-based REIT Hispania Activos Inmobiliarios SA raised 500 million euros from investors, including George Soros’s Quantum Strategic Partners LP and John Paulson’s Paulson & Co. In June, Texas-based private-equity firm Lone Star Funds [CEO: John Grayken] and JPMorgan Chase & Co. bought a 4.4 billion euro portfolio of Spanish and Portuguese commercial property loans from Commerzbank AG of Frankfurt.

[...]

Auten says a lot of investors are looking at Spain, a country of 46 million, as if it’s a carbon copy of the U.S. market, where investors such as Blackstone [CEO: Stephen A. Schwarzman] and Waypoint have scooped up hundreds of millions of dollars’ worth of homes and rented them out.
Pergunto-me se terá havido alguma pressão dos lóbis judaicos sobre os governos de Portugal e Espanha. Ou se é apenas uma coincidência, logo numa altura em que Israel dá provas indesmentíveis de ter sido capturada e manipulada por uma elite brutal, cuja ações ilegais e criminosas ameaçam reacender o anti-semitismo por toda a Europa, e até no Brasil. Não nos esqueçamos nunca que a religião é apenas o manto que recobre disputas territoriais mais profundas.

Talvez um dia, quem sabe, a velha Ibéria que massacrou e expulsou tantos judeus, volte a ser o seu lar protetor. Para já, parece que ambos os governos precisam da sua proverbial riqueza e habilidade financeira. Mas transformar os donos das casas portuguesas em inquilinos empobrecidos de fundos abutres, parte deles de origem judia, não será seguramente a melhor ideia!

NOTAS
  1. Convém realçar, a este propósito, que Portugal é um país de proprietários urbanos e rústicos, ao contrário, por exemplo, da Alemanha e, em geral, dos países europeus devastados pelas Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Este facto, que a nossa indigente esquerda nunca entendeu, é uma informação a ter em conta nesta ofensiva sobre a Península Ibérica dos abutres financeiros oriundos dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha.

    Escrevíamos em 16/4/2014:

    Em Portugal há, sensivelmente:

    10,6 milhões de portugueses
    11,7 milhões de prédios rústicos
    305 mil explorações agrícolas (36.681,45 Km2; 40% da superfície agrícola útil)
    7,9 milhões de prédios urbanos
    4,4 milhões de alojamentos (num total de mais de 5,8 milhões) ocupados pelos seus proprietários.
Atualização: 3/9/2014, 08:51 WET