sábado, maio 18, 2013

Barraca ferroviária anunciada

DB Schenker: oferece duas vezes por semana um serviço ferroviário pontual entre Portugal e a Alemanha

Esperar pelos idiotas do Terreiro do Paço seria deixar morrer os investimentos, a economia e o trabalho

Por culpa exclusiva de Pedro Passos Coelho, o governo de Madrid acaba de anunciar o bloqueio, já em 2015, da ligação do Porto de Sines à Europa, depois de, por seu lado, os alemães da DB Schenker terem dado a conhecer o seu novo serviço de transporte de mercadorias, a partir de Leixões e da Bobadela, para a Alemanha.

Este verdadeiro desastre para o transporte ferroviário nacional foi oportunamente anunciado como a mais provável consequência do comportamento irresponsável deste governo relativamente aos compromissos sucessivamente assumidos por Portugal, Espanha e Bruxelas no assunto crucial da interoperabilidade das redes europeias de energia e transportes. A bronca era inevitável, e quando a notícia surgiu no El País de Quarta-Feira, começando a circular rapidamente nas redes sociais durante todo o dia 16, a corja ministerial do costume, as agências de contra-informação de sempre, e a cada vez mais indigente imprensa portuguesa, passaram o dia de hoje, 17 de maio, a tentar enganar os leitores. Eis a pérola do Expresso:
Mercadorias de Sines com ligação ferroviária assegurada até França

“Os governos de Portugal e Espanha acordaram que não haverá supressão de qualquer parte do troço da linha de mercadorias Badajoz-Mérida em bitola ibérica sem que esteja concluída a ligação alternativa em bitola europeia” (distância entre carris que vigora na Europa), garantiu ao Expresso uma fonte oficial.
Ou seja: até 2015 a ligação Badajoz-Mérida continua a correr sobre bitola ibérica. Como é evidente, os espanhóis só mudam para bitola europeia depois de terem a bitola europeia no sítio!
A ligação ferroviária espanhola em bitola europeia até Badajoz estará concluída em 2015, enquanto a portuguesa, entre Sines e a fronteira, em bitola europeia, estará operacional em 2017. E a ligação Poceirão-Lisboa estará pronta em 2019, segundo os calendários oficiais.
Ligação Poceirão-Lisboa? Será que o jornalista queria escrever Poceirão-Caia? Em bitola europeia?! Mas foi precisamente isto que o governo e os devoristas de Alcochete boicotaram, convencendo o irresponsável primeiro ministro a atirar-se alegremente e de cabeça contra Madrid, contra Bruxelas, contra os acordos assinados, e contra o interesse nacional. O governo decidiu —em junho de 2012— ligar Sines a Évora e Badajoz em bitola ibérica — não em bitola europeia! O epílogo, pelo menos provisório, desta estupidez está à vista.
“De 2015 e 2017 o transporte ferroviário de mercadorias entre Sines e Espanha será assegurado com comboios da Renfe de eixos ajustáveis, que conseguem circular em linhas de bitola ibérica e europeia”, revelou ao Expresso uma fonte conhecedora deste dossiê. A eventual compra ou aluguer destes comboios da Renfe pela CP Carga é uma medida que será analisada e que ainda não foi decidida.

Expresso, 17 maio 2013, 14:19  (sublinhados nossos)
“Eixos ajustáveis”?!! O que é isso? Serão eixos telescópicos, ou serão “eixos intermutáveis”? No primeiro caso, não existem para comboios de mercadorias (e portanto a notícia é um embuste), nem nunca existirão na Península Ibérica (1). No segundo, a solução é tão demorada e cara (2) que, tendo que ser integralmente suportada pelo governo português (sem um cêntimo de Espanha ou de Bruxelas), também não tem qualquer hipótese de ser implementada.

O indigente Expresso fez, voluntária ou involuntariamente, mais um frete 'jornalístico' ao Bloco Central da Corrupção (dos mesmos criminosos rendeiros que a Troika, e agora Merkel e Schäuble, denunciaram com todas as letras). Esta corja boicotou a linha ferroviária de bitola europeia entre Poceirão e Caia acordada com Espanha. Como há muito escrevemos, haveria um dia em que a Espanha deixaria estes indígenas entregues à sua própria ignorância e estupidez. Esse dia chegou: “Los recortes de Fomento para los trenes de media distancia” foram anunciados pelo El País a 15 de maio último, e entre as 48 ligações ferroviárias que irão ser suprimidas até 2015 encontram-se precisamente Badajoz-Mérida e Badajoz-Cáceres!


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Se nada for corrigido imediatamente, a partir de 2015 o Porto de Algeciras substituirá progressivamente o Porto de Sines e a sua imprestável bitola ibérica. Se nada for mudado imediatamente —afinal, parece que foi... (3)— é bem provável que não só a Siderurgia do Barreiro, mas também a Autoeuropa levantem âncora deste antro de corrupção.

O serviço de transporte contentorizado montado pela DB Schenker é útil mas limitado. De fora ficam os graneis (refinados de petróleo, gás, etc.), ou seja, tudo aquilo em que Sines se especializou.


A Alemanha não perde tempo


POST SCRIPTUM

Carlos Enes, o jornalista que melhor e excelente trabalho fez sobre o maldito "TGV" bem merece uma promoção!

Desabafo de C.E:

“Em Fevereiro, quando a TVI avançou que o Governo negociou com a Comissão Europeia uma linha de alta velocidade Lisboa - Madrid, a que por cá sempre se chamou “TGV”, um pequeno exército de jornalistas, alguns dos quais directores de jornais, apressaram-se a desmentir-me e, até, a chamar-me ignorante.

Para azar desse exército, essa não era uma notícia desmentível. Linhas de comboio são coisas concretas, não são intrigas, previsões económicas ou daquelas bocas de fontes em “off” que inundam a imprensa portuguesa.

Não ocorreu a nenhum dos jornalistas-sabichões-ferroviários verificar, por exemplo, que a poucos quilómetros da fronteira, a Espanha continua a construir pontes e viadutos para uma linha mista (não, não é uma sandocha, é um caminho-de-ferro para mercadorias e passageiros). Não ocorreu a nenhum deles perguntar ao Governo português se, neste tempo de livre circulação de bens e pessoas, os comboios de passageiros vindos de Madrid seriam proibidos de entrar em Portugal.

Os jornalistas-sabichões-ferroviários só provaram:

1) não saber nada de comboios, o que não seria grave se não escrevessem sobre eles;

2) ser vulneráveis ao «spin» mais infantil do gabinete do PM; PPC tem de programar um projecto acordado com Espanha e com a Comissão Europeia, mas fingir que não porque também não sabia nada de comboios quando andou a falar de “TGV” na campanha eleitoral.

Vou aguardar atento que se desmintam agora a si próprios: não por mim, mas pelos leitores deles.”

Ver também e integralmente esta reportagem hilariante!

Lisboa-Madrid: ligação de alta velocidade para mercadorias e passageiros

Afinal Lisboa e Madrid sempre vão ser ligadas por uma linha de alta velocidade, ao qual em Portugal se convencionou chamar de TGV. Os ministros da Economia dos dois países confirmaram hoje que a nova linha de comboio, afinal, não será só para mercadorias, mas também para passageiros. Confirma-se assim a notícia já avançada em fevereiro pela TVI.

Vídeo TVI

E ainda a opinião de um indigente ao serviço dos devoristas... ignorante e mentiroso ao mesmo tempo: o Costa do Económico.


COMENTÁRIO (by RS) PUBLICADO DA MAIS IMPORTANTE LISTA DE CORREIO (privada) SOBRE POLÍTICA DE TRANSPORTES EM PORTUGAL (desde 2005, pelo menos.)

20 de maio de 2013

Agradecendo mais uma vez o s/ interesse, bem como da restante tertúlia, com destaque para o último post do António Maria, que do meu ponto de vista peca por muito soft,..., um pouco mais de carga não faria mal, muito pelo contrário. Salvo melhor opinião julgo até que esse post devia ser enviado ao Ministério de Fomento do governo espanhol, pois pelos vistos Espanha tem feito mais pela UIC do que outros com maiores graus de responsabilidade.

Nesta coisa da "responsabilidade", sou da opinião de que o jornal Expresso deve ser responsabilizado por aquilo que escreve (ou que lhe mandam escrever). Deve pois fundamentar o que escreveu.

Do artigo publicado online pelo Expresso na passado Sexta-feira, devem pois serem tiradas as devidas consequências, não só para o jornal, como para quem o mesmo artigo se dirige (confundir a malta). Pelos menos é agora público que a bitola ibérica em Espanha agoniza e em breve estará morta. Para um tal desfecho a resposta tuga vai ser "eixos-telescópicos" - LTM (Linha de Transporte de Mercadorias).

Como consequência da posição espanhola que nos "apanhou" completamente a dormir na forma, surge como "claro que nem água" que um dos pressupostos do PET(a) [Plano Estratégico de Transportes] tuga estava completamente errado: a suspensão das obras da Linha de AV entre Badajoz e Madrid.

Os responsáveis do Pet(a) partiram do principio (criminoso) de que Espanha não iria cumprir os acordos internacionais na construção da linha, pelo que Portugal estava igualmente livre de os cumprir. Errado, perdeu-se tempo e dinheiro. Perdeu-se nomeadamente o paradeiro dos célebres 800 milhões. Tem sido fantástico a nebulosa em volta destes fantásticos 800. Muita gente continua a assobiar para o ar como se nada fosse, e agora os ditos 800 são já para ontem, pois o governo começou a "correr atrás do prejuízo".

Espanha negociou com cinismo toda esta Cimeira pois sabia bem que deste lado não se fez um único metro de UIC, estando a malta toda empanturrada com conceitos do tipo "LTM", que apenas servem para confundir papalvos. Como já se perguntou, será que o conceito de LTM passa por linhas algaliadas, ou por comboios de mercadorias com eixos telescópicos?

Perante a 'responsável' noticia do Expresso, é exactamente isso a LTM. A LTM de 'altas prestações e rendimento' é uma linha em bitola ibérica onde na junção em Badajoz "liga" à UIC tendo os comboios independentemente do seu tipo que adaptar os seus eixos à nova bitola. Espera-se pois que a indústria pesada em Portugal inicie a construção desse material ferroviário (de eixos telescópicos) dando trabalho à falida "Equimetal" do Barreiro onde se "fabricaram" os fantásticos Pandur, e consuma muito e caro aço da Siderurgia do Seixal. LTM é pois, por força da opção espanhola, COMBOIOS DE EIXOS TELESCÓPICOS, originalidade tuga candidata a um Óscar pela sua capacidade de inovar!

Outro pormenor que interessa reter das conclusões da Cimeira, a qual, pelos vistos, foi do agrado do Álvaro (tal era o estado de desnorte da parte tuga ao ouvir a sentença de morte sobre a bitola ibérica em Espanha) foi a salvaguarda da linha Porto—Vigo (registada nas conclusões da Cimeira).

Outro registo interessante da Cimeira de Madrid: a Via Verde vai ser implementada em Espanha. Deste pequeno detalhe é de esperar que a circulação de camiões (tugas) seja devidamente taxada em Espanha, situação que irá encarecer o transporte de mercadorias por estrada, sendo certamente do interesse espanhol (e europeu) que em determinadas distâncias o transporte realizado na estrada passe para a ferrovia... de bitola UIC ('europeia').

Neste pormenor das portagens chega-se ao outro conceito que nos querem vender, e que é o fantástico conceito de hinterland.

Ainda na semana passada este conceito fantástico valia 600km, mas depois da Cimeira já nem 200km vale. Segundo o 'soldador 1' e o 'soldador 2' (estão a aumentar estes altos 'responsáveis' da estratégia ferroviária tuga), a zona de influência de Sines ia até Madrid, e portanto a bitola ibérica, de Sines a Madrid, seria o caminho. Assim programaram os nossos estrategas obras de modernização das linhas de Sines até Évora, tudo em bitola ibérica!

Com o xeque-mate da posição espanhola relativamente à UIC, Sines perde completamente para os portos aquém Gibraltar, nomeadamente os 3 portos do Golfo de Cádiz.

Das infra-estruturas dos 3 portos, de Algeciras, Cadiz e Huelva, faz parte a (estratégica) bitola UIC, o que dá a esses portos um hinterland mais vantajoso do que o de Sines.

Ora se a LTM de Sines e Setúbal é para vagões com eixos telescópicos, bem podemos ficar cientes de que nenhum operador irá interessar-se pelos portos portugueses. Afinal, quem é que irá acostar um super-panamax em Sines para descarregar/carregar contentores?

Ninguém! Vão todos para Algeciras, e quanto muito lá chegarão a Sines para operações de transhipement.

Sines é um porto no contexto europeu de 6ª importância. Espanha com 60% de capacidade excedentária nos seus portos não poderia estar mais satisfeita. Como já se escreveu, a importância de Espanha neste contexto é tal que os governos alemães e franceses não ficaram indiferentes à nova realidade espanhola, deitando-lhe a mão.

Outra das conclusões que estão preto no branco é a que diz respeito à ligação ferroviária Medina del Campo-Salamanca.

Espanha estabeleceu muito simplesmente que a electrificação estará terminada em Maio, e não será apenas a electrificação, será também a integração desse eixo Medina del Campo—Salamanca na rede europeia UIC, nomeadamente dos comboios AVE que procedem da Galiza.

Será que alguma das nossas iluminadas elites vai julgar que uma cidade como Salamanca ficaria fora da rede UIC?! Todos, MAS TODOS os investimentos que Espanha está a fazer na sua rede ferroviária tem apenas como objectivo: a UIC! É claro que isso quer dizer que a seguir à linha "Sines—Poceirão—Évora—Caia", a linha da Beira Alta corre o sério risco de ser mais uma ciclovia.

Outra consequência do "ultimato" espanhol que atirou o PET(a) para o lixo é a provável reativação da linha do Leste (Entroncamento—Abrantes—Torre das Vargens—Badajoz) para dar eventualmente ligação ferroviária aos AVE que partem (e chegam) a Badajoz de e para Madrid. É claro que poderão acabar os 50km que faltam para ligar Évora a Badajoz, ou então reabilitar a antiga linha de Évora que liga Évora-Estremoz-Portalegre. Eis, em suma, um fantástico dilema relativamente ao trânsito de mercadorias dos portos de Sines e Setúbal até à Europa via Badajoz. Reabilitar/reactivar as linhas de bitola ibérica? Transformar as ditas em linhas de bitola UIC? Ou aplicar teimosamente o conceito de LTM? Alguma coisa será necessária para chegar a Badajoz. A reativação da linha do Leste é pois um revés do PET(a), evidenciando que alguém não sabe o que andou a fazer! O tráfego de passageiros foi descurado. A LTM não contemplava passageiros, mas agora, depois de Madrid, pelos vistos, já contempla ;D

Acreditar que os espanhóis vão agora levantar todas as travessas da sua linha de Alta Velocidade Badajoz-Madrid para colocar travessas de dupla fixação de forma a instalar via algaliada, não me parece! Sinceramente, não me parece rigorosamente nada, a não ser que julguem que os espanhóis ainda acreditem no Pai Natal, ou que sejam parvos. O problema está do lado de cá, e os espanhóis (cinicamente) estão dispostos a ajudar-nos. Mas ajudar em quê?!!! Só se for para nos venderem material com eixos telescópicos da TALGO e da CAF. Pelos vistos já vieram a Portugal fazer uma demonstração, muito aplaudida, e que é, ao que parece, a base do conceito LTM.

Outro pormenor em que a Blogosfera acertou em cheio diz respeito à posição da FRANÇA:

"Por último, con respecto al Corredor Ferroviario de Mercancías nº4, Pastor y Pereira han destacado el desarrollo realizado para la implantación de este Corredor entre Portugal, Francia y España,....",

— uma pista (e resposta) para onde foram parar os 800 milhões: Portugal andou a co-financiar obra em Espanha (com lobbying dos franceses).

Para os mais distraídos, a partir de 2015 a linha de AV Madrid-Badajoz estará pronta, e no final de 2015 já estarão em testes.

Relativamente à actual linha convencional em bitola ibérica que vai de Badajoz a Madrid, estando os espanhóis a colocar travessas de dupla fixação, a sua reafectação ao transporte de mercadorias em UIC está dependente eventualmente do porto de Sines. Ora se o cenário do porto de Sines e Setúbal se mantiver (conceito de LTM) é claro que os espanhóis levantam os carris, ficando apenas no terreno a linha de AV em UIC.

Porto-Vigo.

Se de Tuy a Vigo os espanhóis também estão a considerar o fecho da linha em bitola ibérica, por não ser rentável, apenas um milagre irá justificar a linha Porto-Vigo!

Fica a questão: mas alguém conhece o traçado da linha do Minho? Sabem o investimento que será necessário que suprimir curvas e contra-curvas de forma a reduzir tempos de percurso. Será que vão suprimir tráfegos regionais de forma a reduzir o número de cruzamentos, dado ser via única? Vão fazer duplicação de via em bitola ibérica?! Ou será tão só propaganda política para eleições autárquicas verem?

Espanha parece ter orçamento para essa obra, colocando mais uma vez o desafio deste lado. No caso da linha do Minho, o problema chama-se taxação da SCUT. Através da linha do Minho querem compensar as ditas SCUT, forma eventual e esperta a convidar os espanhóis a virem fazer compras a Portugal como faziam no tempo das SCUT não taxadas.

Mas será que alguém espera que a exploração dessa linha seja rentável?!!! Os custos desta operação estão contabilizados do lado espanhol. Quem paga? De qualquer das formas, será mais rápido chegar de Vigo a Madrid do que ao Porto :(

Quanto ao internacionalmente reconhecido "DIREITO DE PASSAGEM", mantêm-se, mas em bitola UIC. Quem fez, fez, quem não fez não fez. Espanha está a ultimar projectos para serem candidatos aos quadros de financiamento europeu 2014-2020. Por cá, e pelo que está cada dia mais evidente, o único projecto válido a poder ser financiado é o da ELOS. Vai continuar na gaveta, ou vai avançar!!!

PS. Quanto à privatização da TAP, continuam as negociações com o colombiano. Creio que na semana passado esteve por cá. A marca TAP tem pois muito valor, e irá passar a chamar-se "TAP Brazil". Nos quadros da TAP e para vergonha dos tugas, é admitido que não existe ninguém em Portugal com capacidade de gerir uma empresa com o valor da TAP. Pelos vistos a coisa não se fica apenas pela TAP.


 NOTAS
  1. Recebemos um comentário de quem sabe mais deste assunto a dormir do que o governo inteiro alguma vez saberá enquanto viver:

    “Comboios de mercadorias de eixos telescópicos não existem. Talvez venham a ser construídos para resolver a interoperabilidade entre a rede ferroviária europeia UIC e a Rússia —UIC/Rússia (1435/1520mm)— por ser do interesse estratégico da Alemanha.

    Comboios de mercadorias com eixos telescópicos para as bitolas UIC/ibérica (1435/1668 mm) não há nem irá haver em Espanha, pois este país está prestes a resolver o seu problema de modernização e interoperabilidade com a rede europeia, e Portugal não tem dimensão, nem escala que justifique.”

  2. Recebemos sobre a possível confusão do repórter este aviso que deixamos à consideração dos desorientados governantes:

    “A solução de eixos intermutáveis é ineficiente e com capacidades limitadas, para além de exigir a construção de instalações próprias como as que vêem no vídeo. Uma solução destas para operar apenas entre 2015 a 2017 não faz sentido.
  3.  “Os Governos de Espanha e Portugal estão a trabalhar em conjunto, para que se possa concretizar esta ligação em bitola mista e que torne compatíveis comboios de mercadorias e de passageiros”, referiu Ana Pastor, ministra espanhola do Fomento, aquando da assinatura do acordo.

    Já Santos Pereira referiu que “estamos a falar em linhas em bi-bitola na parte portuguesa”, defendendo que “a ideia é criarmos estes grandes corredores da competitividade e obviamente é para passageiros e mercadorias”— CargoNews.

Última atualização: 20 mai 2013, 23:55

segunda-feira, maio 13, 2013

26ª Cimeira Portugal-Espanha

Mapa das regiões e cidades-regiões, corrigido a partir da proposta do PS

Portugal continua a arrastar o dossier ferroviário com os pés, ou seja, a máfia e a tríade de Alcochete continuam a mandar no governo, no PSD, no CDS, no PS e no PCP!

Petisqueira (que nome lindo;) e Villarino de Manzanas têm a partir de ontem uma nova ponte para os negócios e para o amor (La Razón). Parabéns! É preciso aumentar o número, a largura e a velocidade das pontes entre Portugal e Espanha, e não atrofiá-las, como vêm fazendo as elites corruptas aninhadas em Lisboa sob o manto protetor do Orçamento e da passividade bovina dos portugueses.

De Badajoz e Vigo a Berlim, Moscovo e Pequim, de Gibraltar (Punta Palomas-Punta Malabata) a Marraquexe e Riade, a nova rede ferroviária euro-asiática, de bitola europeia e de alta velocidade caminha a passo certo, nomeadamente em Espanha (ver mapa interativo), com um único obstáculo: os manhosos e corruptos da Lusitânia, para quem o futuro continua a ser a especulação imobiliária, e portanto, somar ao aeromoscas de Beja (onde enterraram —nos seus bolsos fundos, claro— 38 milhões de euros) o embuste da cidade aeroportuária que era para ser na Ota e agora querem à viva força que seja nas imediações de Alcochete — onde piratas do PSD e do PS adquiriram terrenos para o efeito.

Entretanto, vamos na 26º cimeira ibérica. 

Desde 2002 que as ligações ferroviárias em bitola europeia entre Portugal e Espanha, por Valença—Vigo, por Vilar Formoso—Salamanca, por Elvas—Badajoz e por Vila Real—Huelva, estão em cima da mesa. Desde 2002 que os governos da Tugalândia fazem figura de chinês nas negociações, comprometendo-se com decisões de Estado que logo não cumprem, inventando sucessivas desculpas de mau pagador. Na realidade, só há uma explicação para o indecoroso comportamento diplomático português: a corrupção das tríades e máfias partidárias, financeiras e rendeiras que têm comandado o país e o conduziram à bancarrota.

É por estas e por outras que defendo sem hesitação, ao contrário das elites corruptas e do PCP, a nossa permanência na Eurolândia. É a única hipótese que temos de um dia meter na cadeia mais alguns corruptos e de refrescar radicalmente a democracia portuguesa.

Na cimeira luso-espanhola que hoje tem lugar em Madrid deveriam estar representadas as regiões fronteiriças portuguesas, além do governo central, tal como sucede do lado espanhol. O facto de a escória partidária indígena ter travado até agora a criação das regiões portuguesas previstas na Constituição (só berram pela Constituição quando lhes convém), e de nem sequer ter ainda pensado nas vantagens, em matéria de poupança pública, racionalidade e vantagens económicas óbvias, da criação das cidades-região de Lisboa e Porto (cujo estatuto político-administrativo deverá ser da mesma ordem das regiões autónoma insulares), não deveria impedir que representantes das regiões de Entre-Douro e Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro, Beira Interior, Alto Alentejo, Baixo Alentejo e Algarve, estivessem presentes, na qualidade de observadores competentes e cooperantes.

Portugal tem que mudar, ou morre! 

E para mudar tem que começar por baixo, isto é, tem que começar por exigir e ganhar mais poder nas freguesias, nos concelhos, e nas regiões históricas do país — o que, na realidade, significaria, menos divisão da que existe, menos despesa estúpida da que existe, e muito maior capacidade na tomada de decisões racionais, justas e proporcionadas.

Portugal tem, por outro lado, que atacar, com prisão, mas sobretudo com regras claras e sintéticas, a pandemia da corrupção que tem minado até à medula o futuro deste país.


POST SCRIPTUM — como sempre, os nossos ministros e as suas comitivas adoram viajar e ir de compras à custa do erário público. Por uma questão de produtividade, à chegada de Madrid, devemos perguntar a Passos Coelho e aos seus ministros que resultados obtiveram, de facto, do seu passeio pela Gran Vía.

Enquanto nós andamos em cimeiras, os alemães trabalham...

A DB Schenker, em Portugal, lançou um novo serviço intermodal, porta-aporta, de Portugal até a Alemanha e vice-versa
Oferecemos um serviço pioneiro – uma ligação directa entre Portugal e a Alemanha por ferrovia.
  • Tempos de trânsito fixos
  • Saídas semanais para e de Portugal
  • Transporte “amigo do ambiente”
  • Sem restrições de circulação (feriados e fins-de-semana)
  • Sem sobretaxa de combustível, portagens e Ecotaxa
  • 2700 km em 3 dias
 LINK

Em 1995 encomendei a impressão e embalagem de 1000 CDs multimédia na Alemanha. O preço era competitivo com as alternativas manhosas que eram fornecidas por cá, e os alemães entregavam os CDs 8 dias depois da encomenda. A encomenda foi feita por email, o contrato foi feito por email (em 1995), e por email recebi a confirmação da entrega na Rua Nova da Trindades, num determinado dia da semana, durante a manhã. E assim foi, pontualmente. Mais do que a velocidade anunciada das entregas, importa sobretudo a confiança no preço, na qualidade e nos prazos contratados. Será que algum dia compreenderemos estas três variáveis de sucesso?


ÚLTIMA HORA (Cimeira luso-espanhola)

Cimeira luso-espanhola, principal conclusão: implementar um projecto-piloto para a troca automática de informação em matéria tributária.

Há um novo estado policial a caminho. Chama-se fascismo fiscal. Ou seja, os governos da Europa só parecem assertivos numa coisa: o confisco fiscal dos mais fracos!

Tudo o resto é vago...

Em vez de convergirem as tabelas de impostos nos países da UE, em vez de baixarem impostos nos países cujos governos e burocracias se habituaram a viver à conta de quem produz, os governos, e logo Portugal e Espanha (!), procuram confiscar descaradamente tudo o que podem... e a todos, menos ao sector financeiro especulativo.
Cimeira Ibérica: Portugal e Espanha acordam troca de informações e políticas comuns contra fraude fiscal. Jornal de Negócios, 13 Maio 2013, 13:35 por Lusa.
Os governos de Portugal e Espanha assinaram hoje um protocolo que estabelece consultas regulares destinadas à troca de informações e experiências e a adopção de políticas comuns em matéria de combate à fraude fiscal.

e...

"O protocolo hoje assinado vem reforçar os mecanismos ao dispor de cada país para um combate à fraude e evasão fiscais mais eficaz, designadamente, através da actualização dos acordos bilaterais em matéria de assistência administrativa mútua, do estabelecimento de consultas regulares entre os dois Governos destinados à troca de informações e experiências em matéria fiscal, da adopção de políticas comuns em matéria de combate à fraude fiscal no quadro europeu e internacional e, finalmente, da prestação da assistência e consulta mútua no processo de implementação do projecto-piloto para a troca automática de informação em matéria tributária, no âmbito da União Europeia", refere a declaração final da cimeira ibérica.

Última atualização: 14 mai 2013, 22:43

quinta-feira, maio 09, 2013

Tordesilhas 2.0


Mapa estratégico para Portugal


Mais cedo ou mais tarde o Ocidente e o Oriente terão que negociar um novo Tratado de Tordesilhas. Chamo-lhe, em homenagem ao bom-senso, Tordesilhas 2.0.

Esta mapa condensa algumas linhas de força em desenvolvimento e o lugar de Portugal na geometria resultante. Numa era que vai ser determinada, digo bem, determinada pelas principais vias de acesso terrestres e oceânicas ao petróleo, carvão e gás natural, resulta evidente a nova centralidade do país.

No entanto, o Bloco Central da Burrice e da Corrupção que nos conduziu à desgraça em que estamos ainda não percebeu a gravidade de certas hesitações, como as que têm sido plasmadas nas sucessivas cimeiras ibéricas, desde Durão Barroso, na questão vital da ligação de Portugal e dos seus principais portos marítimos à Europa.

A próxima cimeira ibérica vai realizar-se a 13 de maio deste ano, em Madrid. Ou seja, na próxima Segunda-Feira! Já ouviram algumas das criaturas que se sentam em São Bento mencionar o assunto? O governo já nos contou o que tenciona defender em tão importante reunião? Já ouviram algum dos adiantados mentais que infestam as nossas televisões referir-se ao assunto? Eu não:(

Há duas coisas que Espanha está a fazer e os indígenas da Tugalândia não: avançar rapidamente numa rede ferroviária adequada a este século e ligar a dita rede aos seus principais portos marítimos e à rede europeia de transportes ferroviários de pessoas e mercadorias.

Basta olhar com olhos de ver para o mapa que tive a pachorra de povoar de indicadores, para percebermos todos o que está em causa!

quarta-feira, maio 08, 2013

Gaspar Keynes

Diz o roto ao nu...

Consumo não é crescimento
What’s the typical life of an unassisted expansion? Based on the data presented here, I’ll call it two years. (1)
O problema do euromilhões keynesiano é que está no fim da linha. E não no princípio, como sugerem os discursos populistas aflitos do PS, PSD, CDS/PP e PCP. Ou seja, o aumento da massa monetária, através do aumento das dívidas soberanas, não só não chega à economia, não só não cria emprego, não só não diminui o ritmo das falências e do crescimento do desemprego, como vem piorando todos esses índices, com a agravante maior de, depois de toda esta diarreia keynesiana, transformando o dinheiro em meras notas de Monopólio, o que vemos é uma expropriação sem limites da classe média, e uma destruição de capital produtivo sem precedentes. Os únicos beneficiários do colapso em curso —o colapso de uma era de crescimento rápido dos preços, iniciada em 1896 (Fischer, D. H.)— circunscrevem-se a 1% da população americana, e a percentagem semelhante na Europa. Os restantes 99% (ou 90%, para sermos mais precisos) têm vindo a sofrer uma erosão de rendimentos imparável.
It's worth understanding the mechanisms of this wealth transfer: in essence, the Fed extends low-cost credit (i.e. "free money") to the financier class which then uses this free money to buy rentier assets, that is, assets that generate economic rents for the owners, who add no value and create no wealth.

This is of course the neofeudal model: the financial aristocracy in the manor house own the rentier assets and the debt-serfs toil away to pay the rents and taxes. The financier class (i.e. those that benefit from the financialization of the economy) are as unproductive as feudal lords; they skim the profits generated by the debt-serfs while adding no productive value to the economy. (2)
A criação monetária em curso (Quatitative Easing, LTRO, OMT, etc.) só pode servir, neste declinar de era —a era do enorme e rápido crescimento a que o mundo inteiro assistiu, sobretudo por efeito da descoberta e uso tecnológico intensivo de fontes de energia poderosíssimas e baratas (um ciclo que atingiu também e globalmente o seu pico de expansão)—, para mitigar a Grande Contração do Crescimento, dos Preços e do Consumo que aí vem. Segundo David Hackett Fischer, se a história dos últimos oitocentos servir para alguma coisa, seguir-se-à uma nova era de 'equilíbrio' dos preços, de recessão demográfica, crescimento entre 0-1%, mas também de uma nova e provável era de explosão de criatividade — científica, tecnológica e social. Estaremos eventualmente no pior momento da transição. Quanto tempo faltará ainda para entrarmos na próxima era 'estacionária' (Adam Smith/Niall Ferguson) de crescimento e desigualdade relativa extrema? Pouco tempo, ou mesmo nenhum!

O sucesso da ida aos mercados e o chico-esperto Sérgio Monteiro
Investimento dos maiores bancos em dívida pública subiu 46% em 2012 — i online.

Sérgio Monteiro diz que economia beneficia da emissão da dívida — i online.

"The Carrot's in Reach:" The Myth of a Self-Sustaining Recovery —  Charles Hugh Smith Of Two Minds (April 5, 2013)
A banca indígena financia-se a 0,5% junto do BCE e vai buscar aos nossos bolsos 5,7% e mais, na forma de cortes nas pensões, reduções de salários e vencimentos, despedimentos e desemprego (é a 'austeridade' que paga os subsídios de desemprego, por exemplo), e ainda na forma de subida dos juros a retalho (se e quando raramente emprestam dinheiro!)

O chico-esperto das PPP diz que isto é bom 'indiretamente' para a 'atividade económica', porque melhora a perceção do país. Veremos o que diz este chico-esperto daqui a 12 meses, quando todos descobrirmos o óbvio: i.e. que o dinheiro continua a circular entre o BCE, os 'banksters' indígenas e os governos, que por sua vez continuam a endividar criminosamente os povos que dizem representar.

É este o motivo de júbilo do governo, do PSD, e do CDS? Está na altura de interrogar seriamente os bancos que operam em Portugal.

Gaspar Keynes

Gaspar adianta o passo e reclama menor 'fragmentação financeira' no seio da UE, i.e. igualdade de oportunidades no acesso aos mercados financeiros e rejeição de um Euro a duas velocidades. Algo começou a nascer do 'input' político de Poiares Maduro. Menos mal. A Oposição é que já arranca cabelos por causa desta inflexão pré-eleitoral — 'just in time'!
Novidade, novidade, foi o discurso do ministro das Finanças português, que defendeu que “a fragmentação financeira que existe actualmente exacerba o custo associado ao ajustamento e funciona como um choque de competitividade negativo para o pais sob ajuda externa”, acrescentando que a “UE tem de respeitar o que eu considero um princípio: permitir aos Estados que assegurem aos seus cidadãos os direitos sociais que estes exigem”. (3)

QREN 2014-2020 escapa (aparentemente) à captura dos rendeiros do costume.

Retirar a 'coordenação, supervisão e distribuição dos fundos' das mãozinhas untadas dos estados-maiores partidários, dos poderosos e insaciáveis lóbis que dormem no Terreiro do Paço (BES, EDP, Mota-Engil, empresas públicas falidas, dinossauros autárquicos,  etc.), foi uma boa decisão do PM. Vamos ver até que ponto Poiares Maduro entende a questão crucial dos portos e sobretudo das ligações ferroviárias em bitola europeia (para mercadorias e pessoas) entre as cidades-região portuguesas, Lisboa e Porto, e as grandes cidades espanholas e do resto da União Europeia. Talvez fosse bom começar por despedir o Sérgio das PPP...

Geração S(em emprego)
Generation J(obless): A Quarter Of The Planet's Youth Is Neither Working Nor Studying, in ZerHedge.
25% da população jovem do planeta em idade ativa não trabalha, não estuda, nem tem treino profissional. Precisamos de menos verborreia populista, e de muita imaginação e bom senso para minimizar esta verdadeira tragédia social.

NOTAS
  1. Debunking the Keynesian Policy Framework: The Myth of the Magic Pendulum — F.F. WILEY, in Cyniconomics, May 7, 2013.
  2. Bernanke's Neofeudal Rentier Economy, in Charles Hugh Smith Of Two Minds, May 6, 2013.
  3. Vítor Gaspar transfigura-se em Bruxelas e já fala de direitos sociais, in i online.

Fascismo fiscal, não!

Percentagem da economia informal na Europa: 22,1% do total da atividade económica


Os valores absolutos são muito variáveis e algo surpreendentes!


Em 16 países, incluindo Portugal, as perdas fiscais superam em 100% os respetivos défices.


Justiça, equidade e eficiência fiscais nunca são demais. Mas nada justifica expedientes arbitrários e autoritários como os que se têm verificado no governo de coligação PSD+CDS/PP

Os três gráficos acima reproduzidos fazem parte de um estudo (1) cuja conclusão principal é esta: a fuga ao fisco e a economia informal são massivas em vários países europeus, chegando em dezasseis deles a superar os montantes dos respetivos défices públicos. É o caso de Portugal.

Em 2012, segundo a Pordata, as receitas fiscais cobradas ascenderam a €32.025.200.000. Segundo o estudo referido e citado pelo Público,  a evasão fiscal desse ano foi calculada em ~€12.300.000.000. Ainda segundo relatou o Público, o défice do mesmo ano cifrou-se em €10.596.000.000. Quer dizer, a economia informal e a evasão fiscal teriam chegado para cobrir o défice público, deixando ainda mais de 1.700 milhões de euros nos cofres do Estado!


Há, como se percebe, um longo caminho a percorrer no domínio fiscal. Sobretudo se, para além da diminuição da evasão fiscal houver também um alargamento da base fiscal às transações financeiras e aos grupos económicos, e se houver convergência fiscal na União Europeia.

No entanto, este caminho só fará sentido se, em contrapartida e ao mesmo tempo, a carga fiscal descer significativamente: impostos sobre o trabalho, sobre a atividade económica e sobre a propriedade.


Doutro modo, estaríamos a dar carta branca às burocracias, nomeadamente partidárias, e às elites financeiras para instalarem progressivamente nas democracias europeias um novo e intolerável fascismo fiscal, com a subsequente burocratização das economias e das sociedades.

©António Cerveira Pinto
Escrito para o Partido Democrata


NOTAS
  1. “Closing the European Tax Gap/ A report for Group of the Progressive Alliance of Socialists & Democrats in the European Parlement, by Richard Murphy FCA (Director, Tx Research UK), 2012 (.pdf)

segunda-feira, maio 06, 2013

Sair do euro?

A nova nota de 5 euros, 2013

Rendeiros do regime preferem derrubar o governo e regressar ao escudo, a perder privilégios

Ferreira do Amaral e Jerónimo de Sousa defendem regresso ao escudo. Que dois!

O secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, e o economista João Ferreira do Amaral defenderam hoje o abandono da moeda única europeia por parte de Portugal para evitar "o diretório" e "domínio" alemães. DN, 19mar2013.

An Unqualified Apology

During a recent question-and-answer session at a conference in California, I made comments about John Maynard Keynes that were as stupid as they were insensitive.

I had been asked to comment on Keynes’s famous observation “In the long run we are all dead.” The point I had made in my presentation was that in the long run our children, grandchildren and great-grandchildren are alive, and will have to deal with the consequences of our economic actions.

But I should not have suggested – in an off-the-cuff response that was not part of my presentation – that Keynes was indifferent to the long run because he had no children, nor that he had no children because he was gay. This was doubly stupid. Niall Ferguson, 4mai2013 (web).

Niall Ferguson, o historiador de economia e conhecido crítico da diarreia keynesiana que conduziu a América e a Europa, depois de trinta anos de endividamento irresponsável e bolhas especulativas sucessivas, à beira do colapso financeiro, económico e social, respondendo a uma pergunta da audiência de uma conferência sua na Califórnia (The Guardian), disparou uma metáfora considerada homofóbica pela hipersensível comunidade gay da Califórnia. Na realidade, tratou-se de um comentário tipicamente espontâneo e ácido (very Scottish, and bitchy) à célebre e brutal frase de John Maynard Keynes quando perguntado sobre os efeitos a longo prazo do endividamento das empresas, das famílias e dos governos. Keynes, num tom tipicamente espontâneo e ácido (very British, and bitchy), respondeu: “In the long run we are all dead.”

À parte a sensibilidade hipócrita dos sindicatos gay, onde predomina uma falta de humor pedante e estalinista, que não deve ser confundida com o sentido de humor saudavelmente gay de muitos amigos meus, a verdade é que os críticos da diarreia keynesiana andam cada vez mais nervosos. Estão com medo de perder o caviar, os pequenos-almoços no Ritz, e sobretudo estão em pânico pelo que o povo ainda possa vir a fazer-lhes à medida que for conhecendo o que a corja devorista e burocrática andou a fazer com dinheiro que não existia e que agora cai em cima de centenas de milhar de empresas e milhões de pessoas inocentes sob a forma de uma pesadíssima e injusta dívida por pagar.

As democracias americana e europeia degeneraram e são hoje regimes apenas formalmente democráticos, na realidade capturados pelas máfias bancárias e partidárias (e por alguns cartéis de matérias primas, energia, equipamento militar e produtos químicos) que controlam a economia, os governos, os média e as sociedades, como nunca antes fizeram, salvo quando geraram bestas humanas da laia de Hitler, Mussolini, Estaline ou Mao. Esta degenerescência é, na realidade, consequência da aplicação sucessiva da diarreia keynesiana, para lá de todos os limites que ele próprio poderia ter imaginado.

Os derivados OTC, contratos especulativos (Swaps e Credit Default Swaps) celebrados no éter global e sem fronteiras, nem supervisão, dos chamados mercados financeiros, representam hoje um valor nocional na ordem 1200 biliões de dólares (US$1.200.000.000.000.000), ou seja, qualquer coisa como 20x o PIB mundial! Se apenas 30% deste valor corresponder a contratos mal parados, isso significa que estamos a falar de um buraco negro na ordem dos US$360.000.000.000.000, ou seja, 6x o PIB mundial! Não pagar? Será que Jerónimo de Sousa e João Ferreira do Amaral sabem do que estão a falar? Creio que não. O que os preocupa é tão só o medo de perderem aquilo que muito provavelmente irão perder: públicos, eleitores e rendas.

A consolidação fiscal, bem ou mal feita, é algo a que não podemos escapar, e que continuará a ser dolorosa, mas que tem uma génese que só por má fé pode ser agora imputada a quem tem que aplicar a maldita austeridade — Passos Coelho e Paulo Portas, em Portugal, Barak Obama, nos Estados Unidos, David Cameron, no Reino Unido, ou François Hollande, em França.

Portugal sem o euro prejudicaria de forma fatal a maioria dos portugueses, e beneficiaria apenas as elites do costume, de Esquerda, de Extrema Esquerda, de Direita, de Extrema Direita. Só a classe média e as forças que muito mal a têm representado institucional e no plano partidário sairiam derrotadas. Pior: seriam esmagadas ao ponto de não serem capazes de se levantar durante mais de uma geração. Seria o regresso ao medo generalizado, à ignorância cultivada, à prepotência, e ao reino absoluto dos chulos!

Os movimentos populistas sem rosto, género Que se lixe a Troika, partem do princípio de que as democracias europeias são ditaduras asiáticas que é preciso derrubar de qualquer maneira. Usam para tal as táticas de Gene Sharp, não percebendo, porém, porque não têm resultado completamente. A razão é simples: apesar de degeneradas e falidas, as democracias ocidentais ainda não são ditaduras, e as liberdades cívicas impedem por isso que manifestações de rua e conspirações palacianas (como a que Mário Soares patrocinou e continua a patrocinar) levem ao derrube de governos legítimos por meios inconstitucionais, ilegítimos e com fins realmente inconfessáveis.

Há uma guerra contra o euro, em grande medida patrocinada e conduzida pela aliança anglo-americana dos interesses, em nome de um império falido, desesperado e agressivo. O inimigo não declarado é mesmo a União Europeia (basta ouvir Nigel Farage), mas como seria insuportável mencionar abertamente esta verdade, desvia-se a atenção das populações europeias para a Alemanha, apresentando-a como a verdadeira besta da situação. Que não foi, nem é.

A propósito: vale a pena ver este documentário recente da Amagifilms, En defensa del Euro. Neles se desmonta claramente a manobra anglo-americana contra a nossa moeda, que apesar de toda a especulação continua a valorizar-se acima dos 1,30 dólares, revelando desta forma clara a importância crescente da Europa no mundo.


sábado, maio 04, 2013

Partido Democrata-partido inteligente




Carta aos aderentes,​

É inadiável agir e precisamos, por isso, de um novo partido político que seja uma plataforma democrática e pragmática de resolução justa dos inúmeros problemas com que nos debatemos e têm vindo a agravar-se de forma rápida e dramática para milhões de portugueses.

Cheguei ao fim de vários anos de reflexão e espera a esta conclusão simples, mas pesada de consequências: é necessário criar uma nova plataforma política organizada e com vocação de poder, ou seja, preparada para disputar posições nas autarquias locais, no parlamento nacional e no governo do país.

O sistema partidário que temos está esgotado e sem capacidade de se regenerar sem o aparecimento e intervenção de novos interlocutores democráticos sérios e verdadeiramente representativos dos portugueses, sobretudo daqueles que olham aterrados para o empobrecimento catastrófico do país e para a corrupção infinita que atingiu o regime democrático.

O Partido Democrata é uma ideia a caminho de ser um projeto. Uma ideia aberta e um projeto pragmático de cooperação sem preconceitos.

Diria que a sua regra de ouro é esta:

— esquecer as ideologias tradicionais e negociar com pragmatismo e boa fé, em nome da justiça, do equilíbrio e da felicidade das pessoas.

Tenho vindo a desenvolver reuniões e conversas (por email, Skype, telefone e presenciais) com pessoas de todo o país. Estamos no começo, e nada há de mais estimulante do que começar algo novo!

Se quiser entrar na nossa conversa, será muito bem-vindo, será muito bem-vinda.

Iremos em breve convocar uma, ou várias e em simultâneo, convenções destinadas a aprovar um documento muito simples (10 mandamentos no máximo!) na base do qual se considere fundado o Partido Democrata.

Tudo o resto, programa, estatutos, organização, legalização, virá depois, com o tempo e as mediações que foram necessárias ao saudável crescimento desta nova plataforma de congregação política democrática.

Por enquanto, este movimento de vontades não obedece a nenhuma comissão coordenadora, nem a nenhuma pessoa em particular, o que não significa que esteja sem direção. As redes sociais, de que o Partido Democrata é e será cada vez mais uma emanação, trazem uma lógica colaborativa e de decisão inovadora à ação política e social das comunidades. Por aqui andaremos, sem a ingenuidade de acreditar no anti-partidismo primário, que apenas serve as mordomias de quem se apropriou das instâncias do poder democrático constitucional, mas não prestou bom serviço ao país.

Esperamos por si. Adira ao Partido Democrata, já!

Um abraço fraternal,

António Cerveira Pinto — em nome de todos os que já decidiram entrar nesta nau de esperança e vontade de agir.

ADERIR AO PARTIDO DEMOCRATA