quarta-feira, novembro 05, 2014

Nós, PDR ou JGF?

"Quero ser um cidadão que ajude a desbloquear este país", afirma o jornalista
Expresso. "Quero ser um cidadão que ajude a desbloquear este país", afirma o jornalista /  Nuno Fox

Afinal em que ficamos? Perguntam ao António Maria alguns dos seus leitores


Sempre escrevemos que eram necessários dois novos partidos...

Entretanto, surgiram dois candidatos com potencial efetivo: o Nós, Cidadãos!, espécie de social-democracia aberta à colaboração com os monárquicos, rejeitando nesta matéria o perfil jacobino do PS. E o Partido Democrático e Republicano, protagonizado por António Marinho e Pinto, espécie de socialismo popular que rejeita liminarmente os excessos de oportunismo e sobretudo a corrupção que deram cabo do PS.

Claramente próximo do Podemos, que as sondagens colocaram esta semana em primeiro lugar nas preferências dos espanhóis, e podendo arrancar sózinho 10 a 15% dos votos nas próximas Legislativas, o PDR tem sobre o Nós, Cidadãos! a vantagem de apresentar uma cara combativa e conhecida de milhões de portugueses, ainda que o Nós, Cidadãos! tenha mais trabalho realizado no terreno e mais produção de ideias sobre o que pensa mudar no país.

Se o Nós, Cidadãos! conseguisse apresentar até ao fim deste ano um líder conhecido e credível, o seu potencial eleitoral dispararia. Como está, as perspetivas não apontam para nada efetivamente seguro.

Marinho e Pinto, pelo contrário, tenderá a beneficiar de dois fenómenos conjugados: o terramoto político e eleitoral espanhol chamado Podemos, que continua a crescer a uma velocidade impressionante, e a desagregação em curso do Partido Socialista, agora que ficou claro para boa parte dos portugueses que António Costa é uma nulidade político-intelectual, empurrada para a arena do colapso do regime com a missão forçada de segurar o que já não tem conserto. Quanto mais António Costa fugir da sua sombra natatória, mais Marinho e Pinto aparecerá como uma alternativa de esquerda não estalinista à direita rendeira e aos principais piratas que têm saqueado o país. Não me admiraria nada se, em breve, uma parte —inteligente— do Partido Socialista aderisse em bloco ao PDR!

Em que pé fica agora a declaração de hoje de José Gomes Ferreira?

Mais pragmático e capaz de atrair as pessoas e os apoios imprescindíveis a uma solução que impeça o país de resvalar para uma balbúrdia populista de esquerda —risco de que, por enquanto, o PDR não está, de todo, livre—, além de claramente ancorado na defesa da propriedade, da poupança e da liberdade e iniciativa privadas, embora defendendo também mão dura sobre o capitalismo especulativo, rendeiro e oportunista, José Gomes Ferreira, figura simpática, honesta, esforçada e comprometida com o país, poderá preencher o vazio que encontramos no Nós, Cidadãos!, e sobretudo apontar o caminho para mais de metade do eleitorado português que, não gostando particularmente de estado a mais, nem de burocracias parasitárias e incompetentes, está completamente farta das tropelias e enganos a que a direita portuguesa tradicional, representada pelo PSD e pelo CDS-PP, conduziram, de braço dado ao PS, o país.

Em que ficamos, perguntam os emails? Na melhor das hipóteses, ficaremos com duas portas de saída para o perigoso colapso do regime que está em pleno curso e já é incontrolável. Os portugueses, que não são todos iguais, nem se reveem numa só cartilha de valores, precisam, tanto quanto do pão para a boca e o emprego, de decidir que democracia querem ter depois deste regime corrupto implodir.

O tempo de apostar, de decidir e de cooperar é agora. Se tivermos duas portas de saída em vez de apenas uma, melhor.

José Gomes Ferreira admite entrar na vida política
Expresso | 10:29 Quarta feira, 5 de novembro de 2014

"Se aparecer um projeto independente, com pessoas credíveis do ponto de vista técnico, e com vontade de governar olhando ao interesse do país e não olhando a ideologias e se me disserem 'precisamos de ti', no futuro poderei pensar duas vezes e dizer 'sim, senhor'. Mas nunca nesta conjuntura político-partidária e nunca em algum dos partidos atuais". 

Sem papas na língua, José Gomes Ferreira admite, em entrevista ao jornal "i" desta quarta-feira, poder vir a participar num projeto político independente, mesmo garantindo estar sobretudo interessado em continuar a ser jornalista e escrever livros.

[...]

Lembrando as suas origens humildes, o jornalista diz acreditar que essa questão lhe garante uma maior proximidade às pessoas, que acredita ser essencial para a vida política. "Tento sempre ver as coisas do lado de quem está a partir do zero para ter coisas, porque também foi esse o meu percurso. Acho que isso dá bagagem para pensar a política e a organização da sociedade tendo em atenção essas pessoas", afirma.

Quanto ao futuro, Gomes Ferreira garante: "Quero ser um cidadão que ajude a desbloquear este país."

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Foi o Paulo que pediu um protetorado?



Governo apressa-se a fazer o downsizing da Segurança Social, a ver se o OE2015 passa em Bruxelas


Portugal entre os países que estão mais longe de cumprir o Tratado Orçamental
Público, Sérgio Aníbal, 04/11/2014 - 10:38 (actualizado às 07:38 de 05/11/2014)

O Governo ficou ontem em maior risco de receber de Bruxelas nas próximas semanas uma recomendação de inclusão de novas medidas na proposta de Orçamento do Estado actualmente em discussão na Assembleia da República. Nesse documento, o défice previsto pelo Governo já ficava acima do acordado com a troika e o défice estrutural falhava a regra prevista no Tratado Orçamental, mas agora a Comissão Europeia foi mais longe, prevendo que Portugal vai falhar esses objectivos por uma margem ainda mais larga.
Steen Jakobsen: "É mais provável o Real Madrid contratar-me que o PIB português crescer 1,5%"Jornal de Negócios, 05 Novembro 2014, 10:59
Sindicatos contestam redução de quase 700 trabalhadores da Segurança Socialdnoticias.pt, 5-11-2014, 03:59
  1. A Troika veio a Lisboa e não gostou do que viu — numa palavra, as reformas estruturais continuam adiadas, quer dizer, a redução do número de municípios continua por fazer, a redução do peso do estado na sociedade não anda nem desanda, antes pelo contrário, a eliminação das rendas excessivas da EDP e quejandos continua a marcar passo e a penalizar a economia, etc...; 
  2. a Europa vai entrar na terceira perna da recessão;
  3. as principais empresas rendeiras do país estão em modo Titanic;
  4. os compromissos assumidos em troca da massa emprestada não foram cumpridos e assim sendo a dívida e o défice continuam acima do previsto;
  5. o novo comissário europeu da economia discordou em Bruxelas das previsões do nosso governo;
  6. ou seja, a aprovação do OE2015 por Bruxelas pode estar comprometido, e esperam-se, por isso, recomendações...
  7. o governo, esbaforido, manda avançar com a dispensa de 697 funcionários da Segurança Social... e mais alguma coisa fará nos próximos dias e semanas para acalmar os alemães, franceses, holandeses, dinamarqueses, etc.
Ou seja, a conversa sobre o fim do protetorado é uma treta à Paulo Portas. Na realidade, o protetorado só agora começou!

Capiche?

Atenção a Angola e... Timor!

Primeiro cai a economia, depois cai o petróleo


Entretanto, os petrodolares deixam de andar por aí

Não há petróleo a mais, mas economia a menos


Os dois gráficos que publicamos neste post pouparão muitas horas de disparates televisivos e crónicas absurdas sobre quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. É evidente que foi a economia!

Uma das consequências há muito prevista relativamente ao Pico do Petróleo —o período de transição em que sensivelmente metade das reservas petrolíferas mundiais, por sinal a metade mais acessível e menos cara de produzir, foi consumida— é que a partir deste patamar, ou pico, verificado em 2005, as tensões entre a procura expansiva do petróleo e seus refinados e a inflação inevitável do seu preço conduzem a uma espécie de pára-arranca na economia mundial: acima dos 100-120 dólares o barril a economia mundial caminha rapidamente para a recessão, mas depois, a recessão, ao diminuir a procura de crude, provoca a queda do respetivo preço, o qual, por sua vez, caindo abaixo do limiar dos 80 dólares por barril, começa a desequilibrar gravemente as balanças de pagamentos dos principais exportadores de petróleo, retraindo a descomunal circulação mundial de petrodólares, para desgraça das principais praças financeiras e de dezenas de governos sobreendividados que, embora vejam os preços da energia importada descer, a verdade é que são tremendamente afetados pela seca de uma liquidez normalmente alimentada pela reciclagem dos petrodolares e dólares dos principais exportadores líquidos mundiais. Por fim, vários países exportadores de petróleo, como a Venezuela, o Canadá, a Rússia, o Irão, etc., veem as suas balanças comerciais a degradarem-se rapidamente, com implicações políticas internas potencialmente catastróficas.

Se olharmos para esta realidade desta maneira simples e verdadeira, perceberemos então com facilidade a corrida desesperada dos americanos em direção à exploração criminosa do petróleo e gás de xisto (presos nas chamadas rochas-mãe), a crise do Médio Oriente e as tensões entre a Euro-América e a China-Rússia, o tiroteio nos corredores do parlamento canadiano, a próxima diminuição abrupta da presença angolana na nossa economia, ou a ridícula crise de Timor em volta duns juízes, de um procurador e de um polícia.

É o petróleo, estúpido! É a economia, estúpido!

A Europa caminha, ao que parece, para uma nova recessão, ou para a terceira queda num ciclo que os anglo-saxónicos chamam triple-dip recession. Falar de crescimento e de mais emprego é, pois, uma previsão demasiado arriscada.

terça-feira, novembro 04, 2014

Garganta Funda - sms 2



Caro António Maria

Aqui vai uma Adenda ao sms 1, como lhe chamou:

Apenas uns pequenos apontamentos sobre o que se pode passar nos próximos tempos (mais ou menos ano e meio) em Portugal.

As falências das grandes empresas farol do nosso capitalismo de pacotilha inventado pelo lázaro de boliqueime, ainda não pararam.

Na segunda-feira, a SONAE indústria enr.... os que apostaram na empresa, ao emitir 15 mil milhões de acções, sim, 15 mil milhões, levando o preço por acção a cair de € 0,340 para o valor mínimo possível € 0,01!

A empresa estava falida, mas com esta artimanha converteu parte da dívida em capital social e prometeu vagamente que asseguraria a compra das acções emitidas, em prazo pouco claro, recorrendo aos bancos que andaram a financiar estas operações. Na verdade, a diferença entre o que o Salgado propôs aos bancos e credores e o que o Belmirito fez é que o primeiro foi mais claro e transparente do que o segundo. Neste momento o Belmirito está a agradecer aos céus a hora bendita em que financiou o Público e contratou o tonecas das delicadezas (Lobinho Xavier).

A BRISA dos Melros de betão, está em situação periclitante, e o grupo familiar também. Tiveram k vender a maioria do capital da EFACEC aos chinocas da Three Gorges, porque não tinham capital para financiar dois anos maus de vendas. Com isso, resolvem um problema e esperam ganhar alguma liquidez e começar a pagar dívidas.

A GALP andou de braço dado com a PETROBRÁS (a tal que tinha descoberto uma Arábia Saudita no pré-sal de Santos, muito antes do Obama ter começado a escaqueirar xisto pela América fora), mas agora começa a pagar com língua de pau o otimismo bolsista das previsões. A aliança com a Isabel é mesmo um namoro de conveniência, e a jogada do Poiares (com o imposto verde) tresanda a manobra de diversão. Na verdade, na prática, o preço do refinado vai aumentar em mais de 15% quando o preço do crude baixou quase 20%!!!!!!!!!!!!!

Ou muito me engano, ou o rapaz Maduro acaba como administrador da GALP, ou pelo menos ganhará uma bolsa para irar um curso de direito na Suíça. O endividamento anual da GALP é mais de 2,5*EBITDA, o que, como qualquer financeiro honesto dirá, é um comportamento de risco...

A Arábia Saudita pode manter o crude nos 80 USD por mais três anos, porque tem reservas suficientes para jogar este jogo, arrasando o Irão e metade dos gringos que andam no petróleo e gás de xisto.

A GALP, para esconder os problemas que vai e está a enfrentar no Brasil, anunciou que de mãos dadas com um parceiro mistério, poderá começar prospeções no Alentejo... O cash flow estará assegurado enquanto Bruxelas não exigir que se cumpra o acordado a quando da venda da GALP, ou seja, o unbundling das operações de refinação e de distribuição. Neste bundle, que já deveria ter sido desfeito, suspeito que a GALP ganha mais de 2 cêntimos por litro.

A PT deverá ser vendida a um estrangeiro qualquer.

Ainda não se sabe a quem, mas será um estrangeiro qualquer. O problema das pensões e dos acordos de pré-reforma da PT vão ficar em cima da mesa e vão assombrar o governo até ao final do seu mandato. Os despedimentos serão em grande número, porque há que desalavancar a enorme dívida que a PT acumulou ao longo dos anos para remunerar os acionistas e os administradores, o principal dos quais se dedicou à vinha e aos chaparros. 

A Martinfer está falida e deve andar a tentar encontrar uma fórmula para reestruturar o buraco.

O mesmo se passa com o Grupo Lena.

A Mota Engil, na prática, já se cindiu em duas: a má, em Portugal, e a boa, em Londres.

A T. Duarte lava dinheiro dos angolanos e respeitabiliza o tráfico de diamantes e os que financiam os famosos empresários angolanos.

Com o EQE (European Quantitative Easing) ficará entretanto claro que os nossos bancos apostaram no cimento da habitação e nas grandes empresas....

...vai haver dinheiro, mas não vai chegar cá porque será necessário desalavancar as grandes empresas.

Ontem o chefe do BBVA em Portugal foi muito claro: os bancos andam a emprestar ou a tentar emprestar dinheiro uns aos outros...

Deixou de haver dízimo para distribuir :(

O que sucedeu ao BES colocou todos os empresários portugueses a pensar duas vezes e a serem muito mais criteriosos nos seus investimentos políticos.

O que se vai passar em Espanha será mais um elemento perturbador em todo este sistema de jogo de mikado em que se tornou a vida nacional.

Sobre isto falaremos mais adiante

Abraço

Garganta Funda

PS: as opiniões do nosso correspondente no Médio Oriente são livres, respeitadas, mas não são necessariamente seguidas pelo António Maria. 

Garganta Funda - sms1


Meu caro António Maria,

  • As previsões €/$ apontavam para k o euro chegasse aos 1.20/1.22 até ao final do próximo trimestre de 2015. 
  • As previsões €/$ para o final de 2015 eram de 1,18 e 1,20, ainda que com uma margem. Quando me refiro a previsões estou a aludir ao que a maioria dos analistas previa. No curto prazo é menos fiável, mas para o médio-longo, é aceitável.
  • Pode ser que ocorra mais cedo, isto é, entre fim de 2014 e início de 2015.

A novidade foi a inesperada acção do Banco do Japão (BoJ), ao alagar ainda mais o mercado com dinheiro. Não se esperava, e isso gerou liquidez no mercado. Efeito imediato: as acções em Tóquio subiram, o iene baixou face USD (moeda de refúgio) e o € baixou em relação ao USD. O que saiu do Japão não veio para a Europa, como tinha sucedido até Setembro.

Existem/existiam rumores de que o BCE iria alargar a compra de ativos e comprar mais agressivamente. Os rumores apontavam para que tal ocorresse no primeiro trimestre do próximo ano, como máximo. Assim, os investidores começariam a descontar esse efeito, e a partir de janeiro o euro baixaria. O BoJ veio alterar as previsões.

Neste momento, outro fator ainda vem complicar as análises: a birra entre a Alemanha e o Reino Unido sobre as quotas de imigração, e também sobre a contribuição do RU para o orçamento da UE.

Para além da histórica prova de força entre as duas nações (vamos lixarmo-nos e pagar com língua de palmo andarmos a dormir demasiado tempo na cama errada), o efeito sobre o euro será imediato assim que os investidores compreenderem que não se trata apenas de uma birra, mas de um problema real e que, mesmo com resolução mais adiante, vai abrir e deixar feridas.

Penso que isso deve suceder ainda esta semana. A maioria do pessoal foi apanhada desprevenida e aguardam que os representantes dos principais interesses —fundos de pensões, bancos, gringos e chinocas— façam o seu papel. Se isso não acontecer, ou seja, se demorar mais tempo, e pode demorar, porque o Cameron está entre a espada e a parede com o UKIP, o euro vem por aí abaixo mais depressa e chegará aos valores previstos para finais de 2015 já a meio do ano que vem.

Para a malta do Sul, será bem vinda esta desvalorização, sobretudo para a Espanha e Itália. Para nós, tugas, nem por isso, porque quem estava a ganhar com o euro alto e o barril a 100USD era a GALP, uma mama, contudo, em vias de secar. Aliás, segue a GALP com atenção porque pode ser o próximo grande problema que vamos ter nas páginas dos jornais e no país. Para o consumidor, até poderá ser melhor, mas terá impacto na balança, pelo menos durante meio ano.

Prepara-te para seres aumentado por via do câmbio em mais uns pp daqui até ao fim do ano.

Abraço

Garganta Funda

PS: as opiniões do nosso correspondente no Médio Oriente são livres, respeitadas, mas não são necessariamente seguidas pelo António Maria.

É preciso por os rendeiros petrolíferos na ordem, já!

Abaixo dos 80USD/ppb as economias petrolíferas afundam...

O ataque da GALP ao governo tem que ser denunciado! E não vai ser a indigente imprensa indígena a fazê-lo


Oops! Mais um problema para o cheque em branco chamado António Costa:
“...oil exporters are now pulling liquidity out of financial markets rather than putting money in. That could result in higher borrowing costs for governments, companies, and ultimately, consumers as money becomes scarcer.” (1)
Petróleo atinge mínimos de Outubro de 2011
04 Novembro 2014, 09:07 por Jornal de Negócios

Em Londres, o barril de Brent segue uma tendência semelhante, estando a perder 1,46% para 83,54 dólares. 
O preço do petróleo continua em queda e já atingiu novos mínimos. O West Texas Intermediate, negociado em Nova Iorque, e em queda há quatro sessões consecutivas, atingiu esta manhã o valor mais baixo desde 5 de Outubro de 2011, ao negociar nos 77,20 dólares por barril. O WTI segue agora a perder 1,57% para negociar nos 77,54 dólares por barril.

Independentemente dos jogos envolvidos nesta baixa do preço do crude, que a Arábia Saudita passará a vender mais barato nos EUA, e mais caro na Europa (!), a principal consequência, que terá efeitos significativos no sistema financeiro mundial, é o abrandamento da exportação de petrodólares para a especulação financeira (bolsas começam a cair por todo o lado) e para o financiamento necrófago dos governos e bancos sobreendividados. Ou seja, haverá menos dinheiro real e, provavelmente, mais dinheiro virtual, ou seja, mais dívida criada a partir dos bancos centrais...

Consequência desta queda do preço do crude para valores tendencialmente abaixo dos 80USD/ppb, ou seja, para o limiar da sustentabilidade financeira e política das monoculturas petrolíferas: menos petrodólares a circular nos mercados financeiros regulares e especulativos e um provável aumento das taxas de juro, ou seja, maiores dificuldades no acesso ao crédito. Os países com pesadas faturas de importação de petróleo e gás natural poderão, entretanto, beneficiar desta conjuntura, para a qual aliás contribuiram ao diminuirem a atividade económica e o consumo. Mas para isso terão que ter mão dura nos rendeiros e crápulas dos oligopólios da especulação energética. No caso português, o circo está aliás montado. Esperemos que Passos Coelho e Moreira da Silva não poupem o corticeiro e seus vassalos partidários e da comunicação social nesta guerra que vai durar mais de um semestre, ou até mais de um ano! Já agora, perguntem ao pascácio do PS o que pensa sobre este assunto.

Alguns governos, como o Japão, preparam-se para um hara-kiri soberano. Esperemos, ao menos, que sirva de vacina à pseudo esquerda europeia.

No fim de contas, a realidade é esta e é simples: o mundo está metido num ciclo recessivo prolongado, e o preço do petróleo —em geral o preço das matérias primas— vai continuar a oscilar abruptamente com as recessões sucessivas que temos pela frente.

Prioridades para Portugal: pagar as dívidas, mas mais devagar e com taxas de juro menos onerosas; reduzir as funções do estado ao que é essencial (nomeadamente reduzindo a metade o número de municípios); atacar os privilégios e os custos da partidocracia, do neocorporativismo e do capital rendeiro aninhados no Orçamento de Estado e na expropriação fiscal criminosa de 10 milhões de portugueses; liberalizar até à escala individual/familiar a produção/consmo de energias alternativas, nomeadamente biomassa, solar e eólica; impor administrativamente e pela via fiscal o transporte público movido a eletricidade nas cidades-região de Lisboa, Porto e Coimbra-Aveiro, com penalização agravada do transporte privado individual em veículos movidos a gasolina/gasóleo em todos os centros urbanos; estabelecimento de metas claras e próximas para a eficiência energética do país, a começar por todo o parque de edifícios públicos existente, bem como para a redução da intensidade energética da nossa economia; ampliar a economia digital e a telepresença social.

Poderemos travar a cleptocracia que nos arruinou? Poder, Podemos!


Notas
  1. How The Petrodollar Quietly Died, And Nobody Noticed
    Tyler Durden's @ ZeroHedge

    Two years ago, in hushed tones at first, then ever louder, the financial world began discussing that which shall never be discussed in polite company - the end of the system that according to many has framed and facilitated the US Dollar's reserve currency status: the Petrodollar, or the world in which oil export countries would recycle the dollars they received in exchange for their oil exports, by purchasing more USD-denominated assets, boosting the financial strength of the reserve currency, leading to even higher asset prices and even more USD-denominated purchases, and so forth, in a virtuous (especially if one held US-denominated assets and printed US currency) loop.

    The main thrust for this shift away from the USD, if primarily in the non-mainstream media, was that with Russia and China, as well as the rest of the BRIC nations, increasingly seeking to distance themselves from the US-led, "developed world" status quo spearheaded by the IMF, global trade would increasingly take place through bilateral arrangements which bypass the (Petro)dollar entirely. And sure enough, this has certainly been taking place, as first Russia and China, together with Iran, and ever more developing nations, have transacted among each other, bypassing the USD entirely, instead engaging in bilateral trade arrangements, leading to, among other thing, such discussions as, in today's FT, why China's Renminbi offshore market has gone from nothing to billions in a short space of time.

    And yet, few would have believed that the Petrodollar did indeed quietly die, although ironically, without much input from either Russia or China, and paradoxically, mostly as a result of the actions of none other than the Fed itself, with its strong dollar policy, and to a lesser extent Saudi Arabia too, which by glutting the world with crude, first intended to crush Putin, and subsequently, to take out the US crude cost-curve, may have Plaxico'ed both itself, and its closest Petrodollar trading partner, the US of A.

    As Reuters reports, for the first time in almost two decades, energy-exporting countries are set to pull their "petrodollars" out of world markets this year, citing a study by BNP Paribas (more details below). Basically, the Petrodollar, long serving as the US leverage to encourage and facilitate USD recycling, and a steady reinvestment in US-denominated assets by the Oil exporting nations, and thus a means to steadily increase the nominal price of all USD-priced assets, just drove itself into irrelevance.

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Alemanha trava apetite pavloviano da 'esquerda' europeia

Schaeuble não desiste de proteger a Europa da sua deriva suicidária


Quem não fizer reformas fica sem fundos


Alemanha quer cortar fundos a países que não cumpram reformas
Jornal de Negócios, 02 Novembro 2014, 16:22 por Lusa

A Alemanha quer reforçar o controlo do processo de reformas na Zona Euro e defende que as recomendações da Comissão Europeia sejam vinculativas e que os países que não as cumprem num determinado prazo sejam penalizados com cortes de fundos.

A proposta consta de um documento subscrito pelos ministros alemães das Finanças, Wolfgang Schäuble, e da Economia, Sigmar Gabriel, publicada este domingo, 2 de Novembro, pela revista Der Spiegel.

Segundo a publicação, o Governo alemão entregou a proposta em finais de Outubro à Comissão Europeia, ao presidente do Eurogrupo e à presidência rotativa da União Europeia (UE), actualmente ocupada pela Itália.

Lá se vai o sonho despesista dos populistas da 'esquerda' e do cheque em branco António Costa e seus patrões, Mário Soares, Almeida Santos e José Sócrates. A família Espírito Santo já era.

O pessoal já andava a salivar o QREN que nem Porquinhos-da-Índia. A guerra partidária de há quase um ano para cá resumia-se, aliás, a uma disputa pelo controlo, em 2015, dos famosos fundos comunitários. A receita orçamental já não pode crescer mais, apesar do fascismo fiscal em curso, e o crescimento da economia ainda menos, ou seja, sem a massa que vem de fora, do BCE, do FMI, de outros países europeus e dos emigrantes, o país voltaria a caminhar rapidamente para a bancarrota, arrastando na implosão uma parte substancial da partidocracia e do regime. Até lá, a demagogia, o populismo e o golpismo institucional tenderiam a agravar-se.

A menos que a Alemanha tome ela mesma a decisão de abandonar o euro, jamais permitirá a continuação do deboche orçamental nas corruptas partidocracias europeias, nomeadamente do sul da União Europeia. No entanto, se Berlim perdesse este braço de ferro, o resultado seria um tiro na cabeça da Europa, à semelhança daquele que a cleptocracia japonesa acaba de dar no seu sacrificado povo. A Rússia, Israel e a América agradeceriam certamente encarecidamente esfe favor da descerebrada e oportunista 'esquerda' europeia. Podemos, aliás, começar a olhar para o exemplo ucraniano como se de um espelho se tratasse.

Se a pseudo esquerda portuguesa ganhar as próximas eleições, criando expetativas infundadas e irrealizáveis, todo o sacrifício até agora feito será deitado à rua e a consequência de tamanha cegueira coletiva será um novo resgate bem mais duro do que aquele que tivemos, a par do descrédito completo da democracia populista que afundou o país. Nessa altura, se formos por aí, talvez surja então um movimento parecido com o espanhol Podemos, só que de sinal contrário!