terça-feira, setembro 08, 2015

A reestruturação da dívida ucraniana

Anarquistas russos na guerra civil da Ucrânia (Autonomous Action, Moscow)

Será que Louçã recomenda o desastre, já não grego, mas ucraniano, como atalho para a reestruturação da dívida portuguesa? O homem perdeu a cabeça!


Sim, é possivel: a reestruturação da dívida da Ucrânia
8 de Setembro de 2015, 09:18
Por Francisco Louçã, Público

Creio que só o Jornal de Negócios se referiu em Portugal à notícia: depois de cinco meses de negociações, o governo de Ucrânia chegou a acordo com os seus credores, excepto a Rússia, para uma reestruturação da sua dívida pública que levará ao corte de 20% do seu valor nominal (de 18 mil milhões de dólares, cerca de 4 serão apagados).

O trotsquista Francisco Louçã é um velho político quadrado. E 'burro velho não ganha andadadura'.

Como todos sabemos, a reestruturação da dívida portuguesa, pela via da destruição das taxas de juro, da troca de dívida cara por dívida menos cara, e ainda pela via do aumento dos prazos das maturidades, tem vindo a ser realizada. Louçã, porém, omite a verdade, ou recalca-a no seu recôndito e ortodoxo crânio, como um dos muitos lapsos conceptuais de que necessita para manter a sua inabalável fé marxista.

O melhor mesmo é deixarmos de entregar a gestão do país a um ARCO PARLAMENTAR que, em quarenta anos apenas, conseguiu três pré-bancarrotas e a maior vaga de emigração desde os anos 60 do século passado.

Para esta gente, 'reestruturar' só significa uma coisa: não pagar, para assim manter a democracia neocorporativista e populista que temos, e o regabofe! Acontece que este status quo morreu. Ou superamos a crise e substituímos a democracia populista, corrupta e falida, que temos, por uma democracia adulta, responsável e participada, ou a sombra de uma nova ditadura provinciana acabará por ressuscitar os velhos demónios do atavismo autoritário indígena.

Já agora, a pergunta milionária a que todos os políticos e candidatos às eleições de 4 de outubro deveriam responder: como iremos pagar 10 mil milhões de euros/ano (serviço da dívida pública + rendas das PPP), durante a próxima Legislatura?

Resposta:
  1. renegociando de alto abaixo as rendas das 120 PPP
  2. fundindo os governos e assembleias municipais das regiões metropolitanas de Lisboa e Porto
  3. eliminando 50% das isenções fiscais a que têm direito inúmeras entidades e pessoas, publicitando todas as isenções que vierem a ser cabalmente justificadas
  4. estabelecendo um limite de 2000 euros para todas as pensões de reforma, sem exceção, suportadas pela Segurança Social
  5. diminuindo drasticamente o peso fiscal das IPSS no Orçamento de Estado
  6. implementando um Rendimento Básico Garantido universal
  7. restringindo drasticamente as mordomias dos políticos e altos cargos da Função Pública
  8. acabando com o negócio dos manuais escolares (na escola obrigatória, os livros e manuais serão obrigatoriamente gratuitos, e sempre que possível desmaterializados)
  9. introduzindo em toda a Administração Pública a gestão por objetivos
  10. responsabilizando os agentes políticos pelas instituições que tutelam, aumentando concomitantemente a transparência de todos os processos administrativos.
  11. Acabando de vez com a promiscuidade entre política e negócios, nomeadamente através da eliminação automática dos conflitos de interesses económicos, profissionais e intelectuais.

É disto que o senhor Costa, o senhor Jerónimo e a senhora Catarina, deveriam falar, e não das mil e uma maneiras de não pagar o que devemos.

Já agora, que tal dedicar menos tempo de antena ao 'reality show' do senhor Pinóquio Pinto de Sousa?

segunda-feira, setembro 07, 2015

Declaração de interesses: apoiamos o Nós, Cidadãos!


A Assembleia da República precisa de sangue novo


Devo uma explicação aos meus leitores. Enquanto autor de blogues há mais de doze anos, de que destaco O António Maria, e Partido Democrata —este último tende a ser mais uma plataforma de reflexão estratégica do que uma organização (até pelo meu feitio indisciplinado)— tenho defendido, de modo sistemático, a mudança do nosso cansado e cada vez mais corrompido e incapaz regime constitucional.

Os partidos do arco governativo esgotaram há muito as suas soluções

Ao fim de mais de quarenta anos de poder, tendo conduzido o país, por três vezes, à pré-bancarrota, não têm nenhuma bala de prata que nos salve do patente declínio económico, social e moral do país.

Os radicais do arco parlamentar são inúteis

Por outro lado, os partidos do arco parlamentar que são simultaneamente avessos ao exercício do poder executivo —PCP-Verdes e Bloco de Esquerda— jamais poderão protagonizar uma solução governativa, ou mesmo contribuírem para a simples formação de um governo que não nos conduza imediatamente a uma situação grega qualquer!

Precisamos de um novo tipo de sangue partidário

Posto isto, e dada a urgência em que nos encontramos, tenho defendido a necessidade absoluta de renovarmos o panorama partidário, seja pela renovação interna dos partidos representados, seja, sobretudo, pela entrada de sangue novo democrático na Assembleia da República.

Nem a coligação de centro-direita ainda em funções, nem qualquer cenário que envolva o PS e o resto da esquerda burocrática, poderão alterar as condicionalidades impostas pelos credores em resultado da administração desmiolada, perdulária e corrupta que conduziu os portugueses a patamares de endividamento público e privado completamente insustentáveis.

Por outro lado, o populismo intrínseco dos partidos parlamentares que há mais de quatro décadas estão no poder, seja como situação, ou como oposição, ao impedi-los de falar verdade aos portugueses, empurra todos os partidos com assento parlamentar a promover a demagogia, única e exclusivamente em nome da sua própria segurança partidária, isto é, em nome da sobrevivências da nomenclatura partidária, como mais uma burocracia que se confunde dia a dia com o regime neocorporativista que substituiu a ditadura, depois do processo pré-revolucionário, desencadeado pelo golpe de estado militar de 25 de Abril de 1974, ter estabilizado.

É preciso recuar ao início da guerra colonial para termos uma tão impressionante emigração no nosso país. Este fenómeno, que temos vindo a denunciar desde 2008, não é o resultado das políticas do governo em funções, apesar da falta de jeito de Pedro Passos Coelho a falar destas coisas, mas o resultado de uma irresponsabilidade intolerável de todo o arco parlamentar que tem escrito as leis e governado o país desde que a Constituição que nos rege foi votada, mas nunca referendada.

O governo socialista português, por sua vez, promove sem vergonha a emigração portuguesa para toda a parte, sobretudo para a Europa, e em especial para Espanha, não registando tais movimentos nas suas estatísticas de emigração -- pois sendo livre a circulação de pessoas e bens na União Europeia, não faz formalmente sentido registar os movimentos demográficos internos à comunidade como migrações, ao mesmo tempo que se enganam as estatísticas do desemprego. Et voilá!

— in
O António Maria, Socialistas ibéricos promovem dumping social (2008/05/24)

Se outra razão não houvesse, e há-as em demasia, o modo como a democracia cansada e corrupta, que deixámos medrar em São Bento e em Belém, tratou o povo de onde obteve a delegação de soberania e os proventos, expulsando-o do país, para a outra Europa, melhor organizada e mais justa, ou em direção ao resto do mundo, onde, pelo menos, havia oportunidades de trabalho e investimento, deve levar-nos a dizer basta a quem foi tão incompetente e ávido de mordomias.

Basta reparar como a nossa imprensa tem amordaçado a voz dos novos candidatos parlamentares, e até os pré-candidatos presidenciais que não pertencem à nomenclatura do arco parlamentar. E como levam ao colo António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa nos andores eleitorais da imprensa escrita e audiovisual. Censura desesperada, mas inútil, pois a realidade tende a vencer a corrupção, e as redes sociais estão mais fortes a cada dia que passa.

O nosso olhar continuará a ser um olhar crítico, e por extensão, auto-crítico. Só que desta vez iremos votar, e apelamos ao voto, e recomendamos um voto no Nós, Cidadãos!

Nós, cidadãos, podemos. Basta querer. E desta vez queremos!

quinta-feira, setembro 03, 2015

Foi V. que pediu uma reestruturação da dívida?

AFP PHOTO / ADEK BERRY

Faites vos jeux! O casino não pode parar!

FMI considera que bancos centrais não devem aumentar a taxa de juro
Público, Camilo Soldado, 03/09/2015 - 15:10 

Na antevisão da reunião do G-20 que tem início na sexta-feira em Ancara, Turquia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) instou os bancos centrais das maiores economias do mundo a não aumentar as taxas de juro.

Com o avolumar das preocupações sobre o crescimento da economia mundial, no documento preparatório do encontro do G-20, o fundo defende que o incentivo ao consumo se deve manter, numa alusão à possibilidade de a Reserva Federal norte-americana subir a taxa de juro.

A directora da instituição sedeada em Nova Iorque, Christine Lagarde, já tinha dito no início da semana que o crescimento global deve ser revisto em baixa devido a uma recuperação mais lenta das economias desenvolvidas e a uma desaceleração das economias emergentes.

Ou seja, a diarreia monetária é para continuar, pois só assim se consegue manter os regimes de pé, evitar revoluções clássicas, e, ao mesmo tempo, secar a dívida especulativa dos bancos e sociedades de investimento especulativo em derivados financeiros, a qual tem vindo a ser absorvida pelos bancos centrais... Capiche?

É por isto que o Syriza não singra, e que o nosso Costinha das Avenidas, e a famosa esquerda que não quer governar, vão acabar por levar um banho de água gelada a 4 de setembro.

Foi Você que pediu a reestruturação das dívidas públicas europeias? É já a seguir!

BCE pode comprar mais dívida pública e admite reforçar alívio quantitativo
Jornal de Negócios, 03 Setembro 2015, 15:05 por Nuno Aguiar

Cada leilão de dívida de países da moeda única poderá agora contar com uma presença mais reforçada do Banco Central Europeu (BCE) nessas emissões. Segundo anunciou o presidente do BCE hoje, 3 de Setembro, a percentagem máxima de dívida pública que pode ser comprada aumentou de 25% para 33%, embora seja necessário fazer uma avaliação "caso a caso".

Não precisa, como vê, do António Costa, nem da esquerda desmiolada, para nada.
A diarreia monetária global não se cansa de reestruturar. Os politocratas agradecem, os bancos agradecem, e a austeridade vai continuar, para o resto dos mortais, claro.

“And finally, monsieur, a wafer-thin mint.”


Quem manda, afinal, na ANA Vinci?

Michael O Leary, CEO da Ryanair

Lóbi da Ota em Alcochete à espera de António Costa?


Ryanair diz que é urgente abertura de aeroporto no Montijo

Diário Digital, 2 set 2015, às 11:36, actualizada às 14:36

O presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, defendeu hoje que é urgente a abertura de um aeroporto complementar no Montijo, acusando a Vinci, gestora dos aeroportos portugueses, de estar a limitar a capacidade de crescimento da companhia.

A Vinci é o quê? Uma empresa privada, ou mais um fundo de investimentos pirata?

Está escrito neste blogue, desde 2006, que Portugal e a cidade-região de Lisboa precisam de uma solução aeroportuária chamada Portela+1, ou seja, Portela+Montijo: um aeroporto, três pistas, duas delas paralelas, servindo as duas margens do grande estuário.

Quer-me parecer que o lóbi do NAL da Ota em Alcochete (financiado pelos 'banksters' dos já desaparecidos BPN e BES) ainda mexe, e espera desesperadamente pelo sargento-ajudante Costa!

É que o buracão criado em compras de terrenos e apostas de casino na Ota, e depois no polígono de Rio Frio, Canha e Alcochete, é bem capaz de estar escondido nos balanços de ambos os covis financeiros, com proteção, ao que parece, do Bloco Central e do senhor Carlos Costa.

Senhora PGR, aqui vai mais uma denúncia para investigar.


Declarações de Michael O. Leary (vídeo)

quarta-feira, setembro 02, 2015

Sondagens e rotativismo

Sondagem da Universidade Católica. Jornal de Negócios

Como evoluíram PS e Coligação nas sondagens dos últimos quatro anos?
Jornal de Negócios. 01 Setembro 2015, 22:00 por Manuel Esteves | mesteves@negocios.pt, Nuno Teixeira - Infografia

O principal partido da oposição enfrenta PSD e CDS coligados. Veja como evoluíram as intenções de voto de um lado e do outro ao longo da legislatura: depois de uma queda acentuada dos partidos da maioria, PS assumiu a liderança mas sem nunca descolar dos seus principais adversários. E há dois anos que pouco ou nada muda neste retrato.

Duas conclusões:
  1. o arco parlamentar deixa de fora mais de 40% dos portugueses, que não vota ou vota nulo ou branco; 
  2. a estabilidade do voto é apenas perturbada por pequenas oscilações entre os partidos do arco da governação, numa lógica rotativista, a qual promove claramente a corrupção da nossa democracia e o seu colapso a prazo.
Na realidade, o Bloco Central faz sempre o mesmo, acomodando a margem económica e financeira que dispõe em cada momento às necessidades de manter o eleitorado agarrado. Mas há um ponto essencial que, por outro lado, explica a persistência e conservadorismo das minorias de esquerda: estas, ao contrário do Bloco Central (PS-PSD-CDS), não têm uma posição clara quanto às garantias da liberdade, nem quanto à inviolabilidade do direito à propriedade privada. 

Ou seja, quem quiser desafiar a hegemonia do Bloco Central tem que começar por garantir programaticamente a defesa intransigente destes dois princípios.

Ao contrario do que diz o preâmbulo da nossa demagógica Constituição, Portugal não caminha para o socialismo, e muito menos para um socialismo financiado pela propriedade pública dos meios de produção resultante da expropriação dos cidadãos.

Tenho, pois, algumas dúvidas sobre a anunciada subida explosiva da votação no PCP.  E creio que, se a abstenção diminuir, os novos votos irão para os novos partidos que se candidatam pela primeira vez.

Por fim, quem deixou de votar no PS, sobretudo quando Sócrates ameaça regressar vestido de António Costa, dificilmente votará no PS a 4 de outubro, e assim sendo, as fugas de votos do Bloco Central (PSD, PS e CDS/PP) tenderão a reforçar os novos partidos e, ainda que marginalmente, o PCP e o Bloco.

domingo, agosto 30, 2015

PS neoliberal

As barragens lançadas por Sócrates-Mexia são um crime

Vem aí outra diarreia neo-keynesiana!


O economista-chefe do Citigroup pensa como o nobel taberneiro Krugman: é preciso inundar o planeta com novos casinos, cheios de fichas para jogar. INFINITO=ZERO !

O PS socratino de António Costa, e os seus lunáticos sábios economistas, são da mesma opinião...

Só que desta vez vão mesmo ter que confiscar tudo o que se puder trincar, por exemplo: o dinheiro físico (através da proibição da circulação de notas e até moedas), o ouro (através do controlo policial dos seus movimentos e depósitos, as nossas jóias incluídas!), as casas, as quintas, os salários e as pensões (sobretudo através da repressão fiscal, que vai aumentar, mesmo que baixem alguns impostos populistas).

O PS, que recomenda a expansão 'temporária' da nossa astronómica dívida, quer dizer, que promete promover, se for governo, a retoma dos negócios da Coelho-Mota-Engil e quejandos, perdão, que promete promover, se for governo, a retoma do investimento público, é, na realidade, a única força neoliberal do nosso espetro político-partidário. É que o liberalismo, tal como o neoliberalismo, nunca deixaram de ser variantes ardilosas de mercantilismo e capitalismo de estado dos que têm dinheiro e poder, contra os que não têm, ou têm menos, dinheiro e poder. Quem iniciou a desregulamentação financeira dos bancos foi um democrata americano chamado Bill Clinton, enquanto fumava charutos cubanos clandestinos bem humedecidos. Capiche?


No período que se seguirá ao fim da Grande Miragem da China, a próxima diarreia financeira destinar-se-à, uma vez mais, a estimular as bolhas especulativas dos degenerados mercados financeiros, alargando ainda mais o fosso entre os super ricos e as classes médias, pagando para tal o preço de continuar a alimentar burros a Pão de Ló, ou seja, as elites burocráticas, de que os partidos do famoso arco da governação são os principais beneficiários. Este é um esquema de rapina da poupança mundial e do valor do trabalho, e em geral de tudo o que é tangível, sem precedentes.

Será que ainda ninguém percebeu esta verdade elementar? Ainda vai votar no PS? Se é de esquerda, ao menos vote no PCP, ou no Bloco!

Citigroup Chief Economist Thinks Only "Helicopter Money" Can Save The World Now
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 08/29/2015 20:00 -0400


Speaking on a panel at the Council of Foreign Relations in New York, Mr Buiter said the dollar will “go through the roof” if the US Federal Reserve lifts interest rates this year, compounding the crisis for emerging markets.

“So why it matters is that the competence of the Chinese authorities as managers of the macro economy is really in question - the messing around with monetary policy, the hinting on doing things on the fiscal side through the policy banks. But I think the only thing that is likely to stop China from going into, I think, recession - which is, you know, 4 percent growth on the official data, the mendacious official data, for a year or so - is a large consumption-oriented fiscal stimulus, funded through the central government and preferably monetized by the People’s Bank of China.

Well, they’re not ready for that yet. Despite, I think, the economy crying out for it, the Chinese leadership is not ready for this.

So I think they will respond, but they will respond too late to avoid a recession, and which is likely to drag the global economy with it down to a global growth rate below 2 percent, which is my definition of a global recession. Not every country needs go into recession. The U.S. might well avoid it. But everybody will be adversely affected.”

sábado, agosto 29, 2015

A Grande Miragem da China








A crowd watched as a building designed by Rem Koolhaas burned in Beijing on Monday, FEB 9, 2009. Credit David Gray/Reuters. The New York Times

China, a terceira maior economia do planeta, depois da UE e dos EUA, chegou a uma encruzilhada


O excesso de reservas cambiais da China, nomeadamente sob a forma de títulos de dívida americana, está a ser aliviado para, com os dólares obtidos na venda dos chamados treasuries, convertidos depois em yuans depreciados, ensopar a gigantesca bolha de endividamento especulativo e deficit spending com que a China pretendeu enganar o abrandamento da economia mundial, mas que acabou por rebentar com estrondo ecuménico na passada segunda-feira—o primeiro Black Monday da bolsa de Xangai. Welcome to crony capitalism!

A China esteve de pernas cortadas no que se refere ao seu crescimento e desenvolvimento enquanto não pôde dispor de petróleo barato. Até 1960, quando finalmente começou a produzir petróleo, a partir das grandes reservas de Daqing, descobertas em 1959, tudo mudou. Pequim deixou de depender de Moscovo e do Ocidente para se abastecer do precioso ouro negro. Foi a descoberta das grandes reservas de petróleo na bacia de Songhua Jiang-Liao —cujo pico de exploração foi, no entanto, atingido em 2014-2015— que viria a pulverizar o comunismo chinês, inventado por Mao Zedong, e tão do agrado de alguns intelectuais sado-masoquistas da Europa. Foi a junção económica entre as reservas próprias de petróleo e as suas formidáveis reservas de mão de obra barata e submissa que levou a China até aos píncaros de 2007. No entanto, a conjunção entre o colapso da procura agregada mundial, pondo fim ao boom das exportações Made in China, a par do fim do petróleo barato chinês, fazendo da China hoje o maior importador de petróleo do planeta, podem transformar 2015 no ano da Grande Miragem da China. Talvez alguns chineses já se tenham apercebido disto mesmo, e por isso começam a voar como as andorinhas em direção ao Ocidente, nomeadamente para Portugal.

À luz desta visão estratégica, eu recomendaria ao Banco de Portugal que forçasse os chineses interessados no Novo Banco a pagar o que inicialmente prometeram, ou até um pouco mais. A Europa é um ativo cada vez mais precioso, ao contrário do que afirma Krugman e outros lunáticos como ele.


POST SCRIPTUM — vale a pena ler o post de Charles Hugh Smith sobre os mitos que o crash chinês desfez...

Here's Why The Markets Have Suddenly Become So Turbulent
A perfect storm of failing trends
by Charles Hugh Smith
Friday, August 28, 2015, 2:28 PM
Peak prosperity

The China Story is Over

And I don’t mean the high growth forever fantasy tale, I mean the entire China narrative is over:

  • That export-dependent China can seamlessly transition to a self-supporting consumer economy.
  • That China can become a value story now that the growth story is done. 
  • That central planning will ably guide the Chinese economy through every rough patch. 
  • That corruption is being excised from the system. 
  • That the asset bubbles inflated by a quadrupling of debt from $7 trillion in 2007 to $28 trillion can all be deflated without harming the wealth effect or future debt expansion. 
  • That development-dependent local governments will effortlessly find new funding sources when land development slows. 
  • That workers displaced by declining exports and automation will quickly find high-paying employment elsewhere in the economy.

I could go on, but you get the point: the entire Story is over.  (I explained why in a previous essay, Is China’s “Black Box” Economy About to Come Apart? )

This is entirely predictable. Every fast-growing economy starting with near-zero debt and huge untapped reserves of cheap labor experiences an explosive rise as the low-hanging fruit is plucked and the same abrupt stall and stagnation when the low-hanging fruit has all been harvested, leaving only the unavoidable results of debt-fueled speculation: an enormous overhang of bad debt, malinvestment (a.k.a. bridges to nowhere and ghost cities) and policies that seemed brilliant in the good old days that are now yielding negative returns.