quarta-feira, novembro 04, 2015

Obviamente, demita-se!


Poderá António Costa celebrar um acordo que altera sucessivos costumes constitucionais sem ouvir a Comissão Nacional do Partido Socialista? Poder, pode, mas não irá longe no intento.


Mariana Mortágua procura salvar uma negociação inquinada pela gula de poder exibida por Catarina Martins, pelo plano de agitação e propaganda apresentado por Arménio Carlos e a sua Intersindical, e sobretudo pelas fraturas cada vez mais visíveis no PS.

O silêncio de Costa, Catarina e Jerónimo de Sousa é sintomático de que nem tudo vai bem no reino do oportunismo parlamentar. A dimensão do fiasco que se avizinha poderá, no entanto, juntar esta tropa num acordo invertebrado. Mas aceitará Cavaco Silva dar posse a semelhante caldeirada impregnada de fénico?

Como é sabido, não basta um acordo entre o PS e o Bloco. Só somando PS, Bloco, PCP e falsos Verdes, dia a dia e em cada votação, é que esta amálgama de esquerdas conseguiria derrotar em plenário os deputados da coligação.

Por outro lado, teríamos que transformar o regime num manicómio político para imaginarmos daqui em diante sucessivas manifestações da Intersindical e da FENPROF à porta da Assembleia da República exigindo tudo e mais alguma coisa aos deputados e ao governo das esquerdas, como se estivessem a lidar com extraterrestres.

Não basta um acordo de vagas intenções sobre os amendoins da questão, que a realidade se encarregaria de pulverizar em menos dum ápice. Seria necessário um autêntico caderno de encargos para levar o PCP a colocar uma corda à volta do pescoço. Quem prevaleceria nas futuras negociações entre patrões e sindicatos? A UGT ou a Intersindical? E na questão angolana, quem ditaria a diplomacia? O PS de João Soares, o PCP ou o Bloco? E as privatizações em curso, seriam revertidas, ou seguiriam em frente?

João Proença foi claro esta noite a propósito disto tudo: António Costa perdeu as eleições e está a dividir o Partido Socialista. Veremos o que o almoço na Bairrada, convocado por Francisco Assis, no próximo fim-de-semana, trará de novo.

Mariana Mortágua mantém tabu mas admite BE no Governo de Costa
RTP | Notícias, 03 Nov, 2015, 22:45 / atualizado em 03 Nov, 2015, 22:51

“Usaremos cada segundo desse tempo para negociar e garantir que este acordo é sólido e tem medidas que mudam a vida das pessoas”. Quanto à eventualidade de as forças de esquerda não conseguirem chegar a acordo, Mortágua repetiu que o acordo “não está completamente fechado”, mas insistiu que as negociações “estão muito avançadas”.

“Não será por indisponibilidade do Bloco de Esquerda que Cavaco Silva encontrará qualquer desculpa para não indigitar este governo alternativo”. Um governo para o qual, garante, ainda está tudo em cima da mesa.

“O BE não entrou nestas negociações para discutir lugares ou distribuir ministérios. Queremos fechar as medidas políticas”, aferiu.

“A forma como esta maioria se traduz é uma questão que vem depois”. No entanto, sem nunca o dizer abertamente, a deputada dá a entender que o partido está mesmo disponível para entrar no executivo.

“Não será pela indisponibilidade do Bloco de Esquerda que esta alternativa de governação não se concretizará”, afirmou.

PS avisa que sem acordo "aclarado" com PCP e Bloco exclui moção de rejeição
Jornal I, 03/11/2015 16:07

O presidente do Grupo Parlamentar socialista deixou a seguinte mensagem: “Enquanto não existir um acordo firmado com o PCP e Bloco de Esquerda, não vale a pena valorar o estado das negociações como estando a 90 ou a 40 por cento”.

“Quando houver esse acordo, ele deverá ser comunicado e é importante que esse acordo seja aclarado, evidentemente, antes da discussão do programa do Governo [que se inicia na segunda-feira], porque é esse o compromisso do PS. Nós só nos constituiremos como uma força política que contribui para o derrube do Governo PSD/CDS se formos simultaneamente portadores de uma alternativa responsável, estável, com sentido duradouro e que proporcione aos portugueses um sentimento de tranquilidade e de confiança”, afirmou.

O presidente do Grupo Parlamentar insistiu neste ponto: “Não votaremos nem apresentaremos nenhuma moção de rejeição se não tivermos em simultâneo a garantia que temos uma alternativa acordada e consolidada com os restantes partidos políticos”.

CGTP aguarda contrapropostas sobre salário mínimo
CGTP prevê aumento do SMN para 600 euros
Jornal I, 03/11/2015 14:55

“Não pensem que nós aceitamos que, a pretexto agora desta discussão, se vá protelar a resolução do SMN. Tem de ser actualizado, é da responsabilidade do Governo fazê-lo todos os anos e, no dia 1 de Janeiro, tem de haver um novo SMN. O valor... estamos disponíveis para o discutir. Os outros entretanto que se disponibilizem para dizer o que pretendem”, afirmou.

O grande êxodo

Embora estivesse anunciada há mais de uma década, esta fuga em direção à Europa merece uma reflexão atenta. 


The Flow Towards Europe (sítio original)

segunda-feira, novembro 02, 2015

Salazarismo de esquerda, não!

Francisco Assis por Ricardo Castelo/ N Factos - Público

Saúdo a iniciativa de Francisco Assis!


“Alternativa” de Assis é para “o próximo Congresso” do PS. 
Público, Nuno Sá Lourenço 02/11/2015 - 07:35  
O próximo Congresso socialista – anunciado pelo actual líder para depois das presidenciais – vai ser de confrontação. Quem o confirma são os dirigentes socialistas que vão participar no encontro anunciado pelo eurodeputado Francisco Assis, que é visto como o primeiro passo para uma candidatura à liderança no PS.  
João Proença, ex-secretário-geral da UGT e ex-membro da direcção de António José Seguro, confirmou a sua presença no encontro que deverá realizar-se até ao próximo fim-de-semana e explica o objectivo. “É fundamental preparar um alternativa para o próximo Congresso”, disse ao PÚBLICO antes de acrescentar que via o eurodeputado como o “melhor colocado” para desafiar António Costa.

Tal como antecipámos, Assis será o próximo SG do PS, e é bem possível que António Costa abandone o partido que está a tentar perverter levando atrás de si alguns fiéis. Será este o verdadeiro objetivo de Francisco Louçã? Pelo menos, é coerente com o que sempre defendeu na LCI (de que aliás fui líder, em 1975...), no PSR, e no seu renovado período de clandestinidade—desde que ajudou a criar o saco de gatos chamado Bloco de Esquerda.

Este é mais um sinal para o PR manter o governo recém-nomeado. O Salazarismo de Esquerda para que o derrotado Costa, e a gritaria que vai dentro do PCP e do Bloco estão a tentar levar o país, que assuma a responsabilidade de reconduzir o país a um novo resgate—bloqueando, como promete, a ação do governo empossado.

Aliás, o cerco da Assembleia da República no dia da votação da(s) moção(ões) de censura, já anunciado pela CGTP sob o lema “Mudança da maioria, implica mudança de política!” (ler comunicado da central sindical do PCP), certamente para exigir também a célebre Unicidade Sindical, está aí para o provar.

O Bloco, por sua vez, nunca esteve tão ansioso por andar à garupa de um partido 'socialista-liberal' (a designação é um update da autoria dos trotskistas franceses, de que o Bloco de Esquerda é uma filial dissimulada).

Se não houver gente com juízo no PS, António Costa e a sua Fronda desesperada lançarão um anátema sobre toda a esquerda liberal e democrática, a qual poderá durar décadas a sarar.

Se nem o país continental que é a Rússia, mesmo criando um império (a URSS e os países da Internacional Comunista), conseguiu levar a cabo a teoria peregrina do 'socialismo num só país' (de que Karl Marx nunca ouviu falar e que certamente destruiria num ápice), que destino teria um Portugal, já sem império colonial, fora do euro, fora da União Europeia, fora da NATO, em suma, levitando no éter podre dos vários revisionismo oportunistas do marxismo, conduzido pelo imprestável Costa, pela ávida Catarina e pelos quadrados estalinistas do PCP?

Não creio que venhamos a precisar de conhecer esta Caixa de Pandora.


ÚLTIMA HORA

Assis convoca opositores de Costa para encontro no sábado 
Público, Margarida Gomes 02/11/2015 - 23:09 
Eurodeputado considera “impensável” e “erro histórico” acordo com PCP e BE, mas diz que não vai apelar aos deputados para desrespeitarem a disciplina de voto. 
“Metade do eleitorado socialista está assustado com a deriva que o partido está a seguir e isto que nós estamos a fazer comparado com o que os apoiantes do actual secretário-geral fizeram à anterior direcção não é nada”, afirma fonte socialista, agitando com o risco de o PS guinar completamente à esquerda. “O partido corre o risco da ‘pasokização’ e ‘syrização’. Há aqui uma deriva à esquerda e isso é muito perigoso”, adverte a mesma fonte, considerando que o partido “deve ter uma reserva, evitando pôr as fichas todas em António Costa” numa próxima disputa da liderança.

Atualização: 2-11-2015 23:19

quarta-feira, outubro 28, 2015

TAP, imagem aflita de um Portugal irrelevante

A Turkish Airlines e outras companhias aéreas do Médio Oriente comem ano a ano os nichos das empresas sem estratégia, nem futuro... (in This Is What “Startup” Class In A Turkish Airlines Flight Looks Like. Gulf Elite.) 

A TAP é uma das vítimas da irresponsabilidade e corrupção das elites políticas indígenas. Do Bloco Central ao PCP e Bloco de Esquerda, todos contribuíram, por ação ou omissão, para a falência desta empresa simbólica do país.


O que Fernando Pinto diz, em defesa da sua indefesa dama

TAP sem receio da concorrência da Turkish Airlines em Moçambique
27/10/2015 18:36 Económico com Lusa 
A TAP declarou hoje que não receia a nova ligação da Turkish Airlines a Moçambique, que será inaugurada na quarta-feira, realçando que “tem um produto competitivo e está habituada à concorrência”.

A nova ligação da companhia aérea da Turkish terá três frequências semanais, às quartas, sextas e domingos, sendo Moçambique o 45.º destino africano da companhia e o 111.º em todo o mundo. 
“O aumento de interesse por parte de investidores e turistas em Moçambique revelou-se uma boa oportunidade para a Turkish Airlines dar resposta à crescente procura”, declarou Hüseyin Alper Kuru, diretor-geral da empresa, sublinhando que a duplicação da capacidade do Aeroporto de Maputo para processar 900 mil passageiros por ano foi a “janela de oportunidade” para abrir esta rota.
No ano passado, as autoridades moçambicanas e francesas assinaram um memorando para a criação de uma ligação aérea entre os dois países.
Além de França, o Instituto de Aviação Civil de Moçambique celebrou um memorando similar com a Holanda, cuja principal companha aérea, KLM, está associada à Air France.



Mas a realidade é outra coisa

Quebra nos tráfegos no 3º trimestre de 2015 (em época alta) de e para

  • Brazil: -7%;
  • EUA: -2%
  • Angola: -4%.

O tráfego doméstico cresceu +15% devido sobretudo à operação da Ryanair entre Lisboa e Porto.

No espaço Schengen o crescimento foi de +10%, em boa medida esforço da Ryanair.

A solução Portela+Montijo é, por conseguinte, urgente face ao crescimento dos movimentos e tráfegos da responsabilidade das operadoras Low Cost, com especial destaque para a Ryanair.

Vale a pena ler o Boletim Estatístico Trimestral da Autoridade Aérea Nacional da Aviação Civil (ANAC) correspondente ao terceiro trimestre deste ano, e de que damos a conhecer o extrato seguinte.

O terceiro trimestre de 2015 apresentou um crescimento homólogo de 5.4% no que a movimentos realizados no conjunto dos aeroportos nacionais diz respeito. Para este crescimento contribuíram os principais aeroportos nacionais; Porto (11%), Ponta Delgada (9%), Lisboa (5%), Funchal e Faro cresceram ambos 2%. 
Por seu turno, o transporte de passageiros cresceu 8% neste trimestre, também em todos os principais aeroportos. O aeroporto de Ponta Delgada apresentou a maior variação homóloga mais expressiva (+22%), seguido do Porto (+16%), de Lisboa (+8%) e de Faro e Funchal (+4%). 
O segmento internacional regular (passageiros) é, efetivamente, o grande impulsionador do crescimento global do tráfego de e para as infraestruturas aeroportuárias nacionais, tendo apresentado um incremento homólogo de 7%. O espaço UE Schengen, excluindo o tráfego doméstico, foi o mercado mais dinâmico (+10%) destacando-se, neste trimestre, o contributo das operações da companhia aérea de baixo custo – Ryanair – especificamente no mercado alemão. O espaço UE não Schengen também cresceu, aproximadamente 7%, com enfoque nas operações de e para mercado inglês. 
As rotas para países terceiros apresentaram um decréscimo em termos homólogos (-3%). Para este decréscimo contribuíram, particularmente, as quebras registadas nos principais mercados, como sejam o Brasil (-7%), os Estados Unidos (-2%) e Angola (-4%). 
O trafego doméstico cresceu, quer em número de passageiros (18%), quer em número de movimentos (7%). Este crescimento centrou-se, fundamentalmente, na ligação Lisboa / Porto (+15%) e no especial contributo das operações da transportadora low cost – Ryanair, cuja oferta de serviços encontrou correspondência na procura de transporte aéreo nesta rota.

Um pequeno escândalo típico de uma empresa mal habituada 

Entre o Natal e o Ano Novo a TAP pratica preços entre Lisboa e Maputo, ida e volta, de cerca 3.500 euros, o que motivou o inicio da operação da Turkish Airlines, de Istambul para Maputo, sendo que as ligações entre Lisboa/ Porto  e Istambul estão assegurados pela companhia aérea turca, que opera com o mesmo sistema de gestão de reservas da Lufthansa – Revenue Management. Uma viagem Istambul-Lisboa-Maputo-Istambul custa menos de 1.400 euros!

terça-feira, outubro 27, 2015

Qual é a pressa, António Costa?



E agora, Costa, venha de lá o papel. Qual papel? O papel!


Costa: “Executivo não tem futuro e tem consciência disso” (Negócios)

A Política, ao contrário da excitação ofendida das esquerdas depois de ouvir a escolha presidencial para o próximo governo, não é um concurso de misses.

O tam-tam do perdedor António Costa, arrastando atrás de si a fanfarra comunista, esverdeada e bloquista, ao mesmo tempo que cumpria as formalidades, atiçou a populaça contra a maioria saída das últimas eleições e contra o presidente da república, o qual, na opinião uníssona das esquerdas parlamentares, deveria 'ganhar tempo' e empossar António Costa quanto antes. Qual é a pressa? Um dia destes saberemos.

 “PCP e Verdes, tal como o Bloco de Esquerda e o PS, dizem que é uma perda de tempo indigitar Passos Coelho para formar Governo.” Económico, 21/10/2015
Por isso, Costa pediu ao Presidente que não perca tempo. “Tivemos a oportunidade de chamar a atenção que julgamos que é do interesse nacional não prolongar no tempo esta situação de indefinição e agravar situações de incerteza através de soluções que antecipadamente sabemos que não têm viabilidade para terem apoio parlamentar maioritário”. Costa rematou: “Pelo contrário, temos de ganhar tempo”. Jornal i, 20/10/2015 16:46.

Os partidos perdedores tentaram encurralar o presidente da república, mas o presidente respondeu-lhes à letra: nomeio o líder do partido mais votado, e da coligação, por razões óbvias, e não encaro sequer a hipótese de indigitar o perdedor-mor da eleição de 4 de outubro, só porque este me diz que os seus adversários de véspera prometem deixá-lo amanhã passear-se pelo país mascarado de primeiro ministro de Portugal. Quando Cavaco pediu a António Costa uma prova documental da falsa frente popular invocada, ou seja, um papelucho que atestasse qualquer forma de compromisso credível entre o Partido Socialista, o Partido Comunista Português, o Partido Ecologista 'Os Verdes', e o Bloco de Esquerda, Costa só poderá ter respondido: qual papel? Perante esta mão cheia de nada o presidente da república concluiu razoavelmente que nenhum dos protagonistas da esquerda parlamentar tinha uma solução alternativa consistente a um governo minoritário dos partidos que ganharam as eleições.

E o problema, está bem de ver, é que as famosas esquerdas do hemiciclo continuam sem papel, e nem sequer sabemos se o procuram, ou tencionam encontrar.

Maiorias aritméticas de esquerda no parlamento houve várias, mas nunca deram fruto. Porquê? Desde logo, porque Mário Soares definiu no longínquo ano de 1975 uma cordão sanitário à volta do PCP e dos partidos eventualmente à sua esquerda, estabelecendo os quintais onde poderiam operar: parlamento, sindicatos e autarquias. Governo e presidência da república foram definidos desde então como áreas vedadas a esta esquerda à esquerda do 'social-liberalismo' do PS, pelo menos enquanto se mantivessem como forças partidárias anti-capitalistas, declaradas ou dissimuladas (1), tendo por objetivo estratégico eliminar a propriedade privada, a 'economia de mercado' e o 'Estado' (2), e chegar ao socialismo através de convulsões revolucionários e de um estádio intermédio de organização social que designam por ditadura do proletariado, democracia popular, democracia operária, democracia socialista, etc.

António Costa diz que o muro erguido por Mário Soares na Fonte Luminosa foi derrubado. Mas pediu licença a alguém, nomeadamente ao Partido Socialista?

Já no que respeita aos comunistas e bloquistas teremos que lhes perguntar: renunciam, ou não, aos vossos objetivos estratégicos? Estão ou não disponíveis para respeitar a propriedade, a economia de mercado, e o Estado?

Que pensam do comunismo pós-moderno chinês?



NOTAS

  1. Juntar Forças na Corrente 'Socialismo', resolução aprovada no XIX Congresso da APSRE [Associação Política Socialista Revolucionária]Combate, 23 março 2013.
  2. O Secretariado Unificado da IV Internacional (trotskista) recomendou no seu XVI Congresso Mundial realizado na Bélgica em 2010, a criação de 'partidos anti-capitalistas amplos', ou a entrada em formação partidárias híbridas que possam evoluir neste sentido (caso óbvio do Bloco de Esquerda).

segunda-feira, outubro 26, 2015

Barcelona prepara moeda própria

Bristol Pound, uma das moedas locais mais famosas de momento


União Europeia pretende, como se sabe, uma Europa das regiões...


Uma das características da Espanha antes da chegada de Napoleão era a cunhagem de moedas próprias em várias das suas províncias e reinos: Castela, Catalunha, Valencia, Aragão, Navarra e Maiorca. A sempre irrequieta Catalunha quer renovar em breve este hábito, começando por uma nova moeda para Barcelona.

Mas atenção, a moda já começou há algum tempo, nomeadamente na Europa.

O sucesso do Bristol Pound é quase sempre assinalado a propósito desta experiência monetária ainda em fase subliminar e quase sempre paroquial. A decisão da nova alcaidesa de Barcelona, Ada Colau, de implementar uma moeda local foi anunciada durante a sua candidatura ao posto que hoje ocupa.

Uma das potencialidades destas moedas locais, que embora convertíveis em euros, não cunham moeda, nem imprimem notas de papel, salvo na forma simbólica de recuerdos turísticos, é a retenção parcial da moeda em circulação no território das trocas, e portanto o estímulo ao comércio local, bem como a possibilidade de criar meios de pagamento suplementares, nomeadamente municipais, orientados para a economia social e para a própria criação de emprego em espaços económicos e culturais definidos por geografias humanas bem definidas e historicamente consolidadas. As cidades são, por isso, o lugar privilegiado de um renascimento fiduciário fractal, o qual poderá transformar-se a breve trecho numa das respostas à crise galopante das dívidas soberanas e ao buraco negro gerado pela sua astronómica monetização, especulativa e socialmente injusta.

Mais do que destruir o euro, as moedas locais poderão tornar-se, no futuro, verdadeiras almofadas protetoras dos grandes acidentes financeiros, como o que começou em 2008 e ainda não terminou.

Barcelona empieza a perfilar su polémica moneda localLa Vanguardfia, Barcelona | 21/10/2015 - 00:45h | Última actualización: 21/10/2015 - 21:40h 
El Ayuntamiento de Barcelona se ha fijado el próximo medio año para llevar a cabo los trabajos de divulgación y diseño de la futuramoneda local para Barcelona, que podría quedar definida en primavera. Una controvertida herramienta –que cuenta con la oposición del Banco de España, que hace unos meses la calificó de "imposible además de indeseable"– cuyo objetivo principal será la promoción económica de los pequeños y medianos comercios y en cuyo borrador de contenidos parece que están trabajando especialistas de la Universitat Pompeu Fabra. De entrada, se trabaja con un concepto de moneda digital, más operativo y menos caro que la moneda papel que, entre otras funciones, sirva a ciudadanos y comerciantes para comprar y vender y que el dinero se quede en la ciudad.

Barcelona Threatens to Print Parallel Currency, Madrid SeethesWolf Street, by Don Quijones • October 24, 2015 
While the Bristol Pound experiment has been a big success on a tiny scale, Barcelona’s move toward adopting its own currency is a proposition of a whole different magnitude. With a metropolitan population of 3.2 million people, Barcelona would be far and away the largest city council in the West to trial such a scheme. The council is also proposing using the currency to pay some salaries, social benefits and public services, which could propel the amount in circulation well into the millions, if not billions of euros.
Predictably,the opposition to the scheme in Madrid is fierce. In June, the Bank of Spain’s deputy governor Fernando Restoy delivered a shot across the bow by warning that the scheme proposed by Barcelona’s activist mayor, Ada Colau, was “impossible” as well as “undesirable.”

Governo de gestão, sim, ou não?

Aníbal Cavaco Silva
Foto: Daniel Rocha @ Público

Para já, o bluff da esquerda ainda não terminou


Legislativas 2015
Eleitores inscritos: 9.682.553
Votaram: 5.408.805 (55,85% dos eleitores)
Abstiveram-se: 4.273.748 (44,14 % dos eleitores)
Votos brancos e nulos: 202.395
Não votaram numa putativa coligação PS+BE+PCP: 2.664.160 + 4.273.748 = 6.937.908 (71,65%)

O parlamento poderá chumbar o programa do governo que lhe será submetido pelo indigitado primeiro-ministro, líder do partido mais votado nas eleições de 4 de outubro, e líder da coligação de centro-direita PàF. Mas até que tal ocorra, se ocorrer, nenhum líder partidário poderá presumir que todos os votos dos deputados são propriedade sua. Retirar aos deputados eleitos a liberdade de consciência e de voto é completamente inconstitucional, e mais do que isso, um completo escárnio sobre a essência do processo democrático. No limite, o Tribunal Constitucional deveria ser chamado a pronunciar-se sobre a violação que constitui esta chamada e indecorosa 'disciplina de voto', própria de um regime de caciques, e não de uma democracia.

Mas pior, obrigar os deputados de um regime que mal consegue mobilizar metade dos seus eleitores a votarem antecipadamente contra um programa de governo que ainda não conhecem, em nome de um acordo de coligação alternativo que também não conhecem, porque não existe, nem se sabe se e quando virá a existir, além de uma aberração democrática sem nome, configura algo muito próximo de um golpe de estado parlamentar. Uma maioria negativa de partidos, sem acordo nem programa de governo conhecidos, propõe-se derrubar uma coligação conhecida e que ganhou as eleições, sejam quais forem as cedências que esta maioria relativa estiver disposta a fazer no decurso da apresentação e discussão do seu programa de governo.

É por este lamentável estado de coisas que o presidente da república decidiu como decidiu.

Não só indigitou, como lhe competia, Pedro Passos Coelho para formar governo, como anunciou Urbi et Orbi que não daria posse a um saco de gatos cor-de-rosa e vermelhos, dispondo-se mesmo a deixar em funções de gestão um eventual governo chumbado pela coligação espontânea da esquerda e extrema esquerda parlamentar, até que novas eleições esclareçam a crise política criada pelo derrotado líder do Partido Socialista, António Costa. A primeira decisão do próximo presidente da república será convocar estas eleições!

Ao contrário do que o ruído oportunista começou a propagar no éter mediático, um governo de gestão tem ampla margem de manobra executiva, e servirá ainda e sobretudo para confrontar a putativa maioria de esquerda com as suas responsabilidades, dia a dia, hora a hora, minuto e minuto. Situações como as que vamos tendo conhecimento na TAP, no Novo Banco, no BCP, Banif, etc., impor-se-ão a toda a classe política como dilemas inadiáveis.

Governos de gestão têm sido um hábito na nossa vida democrática... e a sua capacidade de ação é bem mais lata do que parece. Exemplo: “o governo de gestão de António Guterres aprovou mais de 50 decretos-lei,...” (Aventar e Luís Costa Dias).

Além do mais, o bluff de António Costa ainda não terminou, e nem o Bloco, nem o PCP estão neste momento preparados para governar. Se governassem, o resultado seria desastroso para todos nós, mas também e em primeira instância para a esperada e necessária reconversão cultural da esquerda à esquerda do PS.

Por fim, a incontinência verbal de Marcelo Rebelo de Sousa poderá acabar com a sua candidatura presidencial mais cedo do que alguma vez imaginei.