quarta-feira, setembro 26, 2007

Portugal 4

Palácio de Belém, Gabinete de Trabalho do Presidente
Palácio de Belém, Gabinete de Trabalho do Presidente

Poder: cenários futuristas

Não pertenço à classe de portugueses que inclui Manuel Maria Carrilho (MMC) entre os seus inimigos de estimação. Enquanto foi, foi um bom ministro da cultura, num país inculto, preguiçoso, ciumento e subsídio-dependente. Quem lhe sucedeu, ou foi gente cuja memória pura e simplesmente se apagou, ou são criaturas que confundem efusivamente dromedários, especuladores sem escrúpulos e a falta de ideias com política cultural.

Por outro lado, Carrilho denunciou a tempo e horas a balbúrdia da autarquia lisboeta e os seus desavergonhados protagonistas, sem que uma agulha bulisse na quieta melancolia dos apparatchiks do caminho, até que se incendiaram! A crise partidária, por outro lado, não parece ter remédio, nem no CDS/PP, nem no PSD, nem no Bloco, nem (ver-se-à muito em breve...) no Partido Socialista. Embora com pinças, o actual vice-presidente da bancada parlamentar do PS decidiu que era o momento certo para iniciar um debate público sobre os principais desafios que o país enfrenta:
-- o seu atraso económico (não confundir com crescimento do PIB), político e cultural;
-- a desorientação intelectual aflitiva que parece ter-se apoderado de todos nós, sobretudo quando é patente a crise sistémica global em que o mundo acaba de entrar em consequência da loucura imperial norte-americana e do cada vez mais irritante e perigoso anti-europeísmo das sombras rothchildianas que há muito comandam os destinos do Reino Unido;
-- a preocupante falta de visão estratégica, por parte de Portugal, face à Europa e ao seu flanco ocidental (Reino Unido, Espanha, Portugal);
-- em suma, a liquefacção do actual sistema politico-partidário.

Seleccionei as passagens que me pareceram mais sintomáticas das preocupações de MMC: a iminência de uma implosão do actual sistema partidário, face à qual as dissidências conhecidas parecem fraca alternativa (Manuel Alegre, Helena Roseta, Carmona Rodrigues); a necessidade de um "golpe de asa" na acção do governo de José Sócrates, com a suspensão de projectos inviáveis (como a Ota, digo eu), a correcção de mira noutros e sobretudo novas ideias e iniciativas (por exemplo, um plano ferroviário e aeroportuário urgente, com pés e cabeça, digo eu); e, por fim, a eleição de uma prioridade agregadora em volta dos adjectivos qualificação e qualidade, com direito a ministério próprio.

Sobre a crise partidária, um tema sobre o qual escrevi mais de uma vez e a que volto neste ensejo, insisto nesta ideia chave: ou o actual sistema partidário se reforma, ou teremos forçosamente pela frente um presidencialismo cada mais insidioso, de que o cavaquismo II pode muito bem ser (está a ser...) a rampa de lançamento, e que, no quadro de um crise sistémica (própria e importada), acabará por ser bem-vindo. A maioria de 2/3 para a necessária revisão constitucional não é sequer grande obstáculo a este cenário. Basta que uma maioria clara da opinião pública e parte importante dos empresários do país estejam em sintonia, para que tal "correcção" do sistema ocorra.

O cenário da alteração do quadro partidário, por sua vez, embora parecendo à partida improvável, nomeadamente por causa da debilidade dos protagonistas até agora expelidos do sistema pelas contracções inevitáveis dos actuais aparelhos de poder (corporativo, político e partidário), tem teoricamente pernas para andar. O sistema partidário divide-se basicamente entre duas tipologias de acção política: a situacionista, confundida quase exclusivamente com o Bloco Central (principal responsável das grandezas e misérias do regime); e a pseudo-oposicionista, na qual cabem, com o mesmo tipo de acção e de resultados, o CDS-PP, o PCP e o Bloco (principais responsáveis pela falta de soluções alternativas ao pântano do Bloco Central.)

Nenhum dos pequenos partidos exerce qualquer influência no curso dos acontecimentos, mas a ânsia de todos eles de subirem a sebenta escada da respeitabilidade parlamentar levou-os ao mais completo descrédito: não pensam nas coisas, não propõem soluções, não decidem nem mandam, mas dispõem-se a compromissos baratos mal lhes acenam com uma qualquer cenoura de respeitabilidade. Daí que, à excepção do PCP (um fóssil cada vez mais imprestável,) os demais corpúsculos partidários, embora impossibilitados de mover uma pedra, podem ser atraídos por forças renovadoras que eventualmente surjam do interior, seja do PS, seja do PSD.

Em tempos pareceu que Santana Lopes poderia atrair Paulo Portas para formarem um partido liberal capaz de partir ao meio o PSD. Noutro momento parecia que Manuel Alegre, e depois Helena Roseta, poderiam conjurar uma cisão oportuna no PS, atraindo para a nova formação parte do Bloco de Esquerda (coligação estagnada num emaranhado de contradições e oportunismo.) Nada disto veio a suceder, nem parece que possa ocorrer, desta maneira, no futuro. Mas uma coisa é certa, e nisto MMC tem plena razão, o actual sistema partidário entrou num ralo implosivo, de que nem o PCP se salvaguardará completamente. Por onde irá o mesmo quebrar e renovar-se, para evitar a implosão, eis o que resta adivinhar.

O ideal seria que o actual sistema parlamentar pudesse contar rapidamente com quatro ou cinco partidos de vocação governamental, isto é, formações ideologicamente diversas, mas analíticas, propositivas e pragmáticas. O velho PS deveria cindir-se em duas modalidades de social-democracia (uma mais socialista, no sentido estatizante da palavra, que incluiria gente descontente do Bloco; e outra mais social-democrata, que corresponderia à clique filo-macaense que domina o PS desde o saneamento de António Guterres.) Por sua vez, o exangue PSD deveria quebrar ao meio tão cedo quanto possível (o ideal é que fosse já, na sequência do fiasco proporcionado por Luis Menezes e Luis Marques Mendes), dando lugar a um partido liberal em Lisboa (com incorporação de parte significativa do actual CDS-PP) e a um partido social-populista no Porto, regionalista, centrado na defesa do Norte do país, que bem precisa! O quinto partido, provavelmente de inspiração presidencial, seria imaginado à imagem e semelhança dos partidos centristas e europeístas anunciados em França, na Itália e em Espanha, tendo por principal vector a ideia de que são necessários novos partidos geneticamente europeus, capazes de produzirem a tão almejada, necessária, mas longínqua unidade estratégica europeia. Neste quadro, o PCP, o BE e o CDS-PP, ou o que destes parques jurássicos sobrasse, dificilmente teriam possibilidades de regressar às áreas institucionais do exercício do poder. Seriam, de facto, as principais vítimas desta necessária metamorfose do sistema político-partidário português.

O momento é propício e exigente. A sociedade encontra-se à beira de um ataque de nervos, e a economia também. Nunca, nos últimos dois séculos, esteve a humanidade perante escolhas civilizacionais tão decisivas: onde começa e acaba a vida? onde começa e acaba o indivíduo? onde começa e acaba a família? onde começa e acaba a sociedade? onde começa e acaba a responsabilidade social? onde começa e acaba a política? onde começa e acaba a prevalência da inteligência humana sobre as demais inteligências e a inteligência global da Terra (Gaia)? Ainda iremos a tempo de evitar o grande colapso da humanidade? Poderemos evitar o aquecimento global? Seremos capazes de instaurar um sistema de eficiência energética à escala planetária? Seremos capazes de reduzir drasticamente as nossas expectativas consumistas? Seremos suficientemente humildes para regressar ao equilíbrio demográfico da nossa própria espécie, deixando espaço vital às demais formas de vida, de que dependemos absolutamente? Seremos capazes de aprender a morrer, deixando morrer a volúpia puritana e assassina do capitalismo? Ou será que iremos preferir o caminho do extermínio fratricida?

Os caminhos do futuro não estão traçados. A crise, se não se agravar subitamente, potenciará a diversidade dos pensamentos e das soluções. Portugal, se não quiser acabar os seus dias numa apagada e vil tristeza, tem aqui uma oportunidade para se renovar a sério. Assim haja coragem! -- OAM 246


Post Scriptum -- Cavaco Silva, por ocasião da segunda reunião do Conselho para a Globalização, uma sua iniciativa, lançada há cerca de um ano, e que terá segunda edição brevemente, sob o tema "Pensar Global, Agir Global", defende três eixos prioritários de reflexão e iniciativa: inovação, competência e flexibilidade. O primeiro, tem sobretudo que ver com estratégia e conhecimento intensivo; o segundo, prende-se com as ideias de Manuel Maria Carrilho sobre qualificação e qualidade; a flexibilidade, por fim, emana de um pragmatismo político associado à defesa de uma ética do capitalismo ("o crescimento económico fundado na destruição social é inaceitável" -- Cavaco dixit.)

Nada disto é fácil, ou dito doutro modo, para que qualquer destes objectivos possa ser alcançado, o caminho para lá chegar não passa por regar mais dinheiro público sobre os problemas e esperar que alguma coisa medre, mas por seleccionar criteriosamente os passos a dar, definindo um conjunto estratégico de unidades de missão e de projecto, um número limitado e muito exigente de parcerias público-privadas transparentes, sustentáveis e rigorosamente avaliadas, a simplificação e responsabilização da administração pública, e a extinção das escandalosas mordomias que ainda beneficiam um número incompreensível de burocratas e faunos de partido. Para aqui chegar, o primeiro que se pede aos políticos é que sejam políticos, em vez de falsos engenheiros ou inside traders, isto é, que definam publicamente o que pensam e que propostas têm para resolver os problemas mais agudos que afligem a nossa sociedade. O tempo escasseia.


ENCRUZILHADAS DO REFORMISMO
Manuel Maria Carrilho, ex-ministro da cultura e vice-presidente do grupo parlamentar do Partido Socialista

(extractos)

A IMPLOSÃO PARTIDÁRIA

"Poucos o pressentem ainda, mas estamos na concha de uma vaga que pode trazer muitas e assinaláveis surpresas nos próximos tempos.

Por isso, nesta "rentrée", e na perspectiva do que se poderá passar até ao Outono de 2009, gostaria de destacar três aspectos, que me parecem dos mais decisivos: as ameaças que pairam sobre o sistema partidário, que ficaram claras com as eleições intercalares de Lisboa; a tensão entre expectativas e impasses que marcam a acção governativa, e que podem afectar o actual ciclo reformista; e a necessidade de dar forma a um novo impulso estratégico, que robusteça o ânimo e o rumo do Governo e do País." (...)

"É certo que é fácil criticar os partidos – mas é imperioso reconhecer que isso acontece porque eles estão mesmo mal!" (...)

"Da gigantesca abstenção até aos valores obtidos pelos “dissidentes”, da desmotivação dos cidadãos até à fragmentação dos eleitos, tudo veio ajudar a empurrar o descrédito partidário para limiares que podem ser verdadeiramente implosivos.
Porque a implosão está perto: ela apenas depende do agravamento de dois factores: por um lado, da ilusão que os independentes podem representar de um modo mais genuíno a sociedade civil na vida democrática. E, por outro lado, do bloqueador vazio que se vive no interior dos partidos, que se tornaram cada vez mais em organizações de eleitos sobretudo preocupados com a eleição seguinte." (...)

"Portugal está assim, três décadas depois do 25 de Abril, refém de uma poderosa tenaz política, entalado entre partidos profundamente esclerosados e uns ocasionais ímpetos independentistas, sem verdadeira coerência ou consistência." (...)

"A situação exige assim que os partidos portugueses - e nomeadamente o PS, como maior partido português - encetem uma profunda transformação, se não querem que cada eleição os torne ainda mais frágeis, acossados entre o descrédito público, o ressentimento activo de alguns dissidentes e as ilusões de outros tantos independentes.
Ameaça que, no caso dos grandes partidos, os poderá condenar à gestão de maiorias relativas cada vez mais impotentes. Hipótese que se reforçará se – na linha de tantos sinais!… - os movimentos que estão em gestação “à esquerda” do PS e “à direita” do PSD, vierem a disputar as próximas eleições, em 2009. Para já não falar do novo «partido de Belém», ideia recentemente defendida por Villaverde Cabral e a fazer o seu caminho…" (...)

"A reconquista da credibilidade dos partidos e dos políticos passa hoje por uma porta estreita, que é a da coerência com que praticam aquilo que proclamam. O PS, talvez porque chegou inesperadamente ao poder em 2005, tem-se socorrido sobretudo de uma cultura, digamos, tecno-ministerial. Mas do que ele agora precisa, é de assumir a receita que prescreve para o país: ou seja, de se reformar a si próprio, dando esse exemplo e esse sinal ao país. (...)

"Reformar-se, dinamizando um - pelo menos um! - think-tank de referência e diversos blogs temáticos que promovam o conhecimento sério e estimulem o debate aberto e regular dos problemas do país e do mundo, criando para o efeito estruturas leves, dinâmicas, descentralizadas, lusófonas e internacionais."

EXPECTATIVAS E IMPASSES

"A meio do mandato, o que é preciso é apurar com o maior acerto possível o que é que se pode concluir, o que é aconselhável adiar, o que é urgente acelerar, o que é incontornável alterar. O país precisa desse balanço, bem como da clarificação de quais as opções que se mantêm para o futuro, e das que se modificaram fruto das circunstâncias e do debate público. E também daquelas em que é necessário improvisar e inovar." (...)

"Em suma, ninguém pode negar, honesta e realisticamente, a existência de tensões entre as expectativas dos portugueses e os diversos impasses que persistem. Tensões que são naturais nesta fase da legislatura, mas a que importa pôr cobro quanto antes, reforçando a confiança dos portugueses.
O que exige, para lá de determinação, um golpe de asa no sentido da renovação. Como afirmou G. Mulgan - que durante sete anos dirigiu o “gabinete de estratégia” de Blair - para um governo reformista, é vital que ele próprio se mantenha capaz de renovação. Joga-se aqui não só a sua credibilidade mas também, em geral, a sua duração. E este ponto é decisivo, porque nenhum reformismo triunfa sem um ciclo de duas ou três legislaturas."

O NOVO IMPULSO

"1 - que sejam afectados à qualificação dos portugueses pelo menos 50% dos recursos financeiros do QREN, e não apenas os 37 % que têm sido previstos. É certo que este valor é superior aos 26% anteriores, mas ainda é insuficiente para dar o salto que se ambiciona. Este salto impõe que se duplique aquela percentagem, bem como o empenho político neste objectivo.
2 - que o desígnio da qualificação dos portugueses se traduza num plano global, estruturado e coerente, para as áreas da educação (do pré-primário à Universidade), da formação, da comunicação, da ciência e da cultura.
Este plano deveria identificar-se com a ambição de transformar o país numa «Nova República», com um programa com que se deveria desde já preparar o próximo 1º Centenário da República em 2010, reinventando nas circunstâncias de hoje o que foi um dos grandes sonhos falhados de 1910.
3 - que se dê peso e força política a este desígnio nacional, institucionalizando um Conselho de Ministros para a Qualificação, sob a direcção de um Vice-Primeiro Ministro para a Qualificação."

Crise Global 3



É o Capitalismo, estúpido!

Os trabalhadores da General Motors, membros da UAW (International Union, United Automobile, Aerospace and Agricultural Implement Workers of America), entraram em greve nacional ontem, 24-09-2007, às 11 da manhã. Esta é primeira greve nacional promovida por aquele poderoso sindicato nos últimos 37 anos. Mais de 80 unidades de produção afectadas, em pelo menos 30 estados da União, é o resultado, para já, das duras negociações em curso.

A GM perdeu 70% dos seus trabalhadores nos últimos 12 anos.
Os donos da multinacional automóvel, abraços com uma crise sem precedentes desde 2005 (CNN), que quase levou a empresa à falência em Março de 2006 (Guardian), pretendem transferir 51 mil milhões de dólares de responsabilidade com as reformas e despesas de saúde dos seus trabalhadores e respectivas famílias para fundos controlados pelos próprios sindicatos (union-controlled trust funds.)

Para quem pensava que isto era apenas uma crise de crédito mal parado, é bom começar a tomar mais atenção à literatura económica especializada. Quanto ao ministro das finanças português e ao director do Banco de Portugal, talvez fosse bom falarem verdade aos portugueses, começando por falar verdade ao primeiro ministro. Ou estão à espera que o BCP e a TAP abram falência, e uma centena de Câmara Municipais se declarem insolventes?!

Tal como o desassossego na antiga Birmânia, que tanto parece preocupar o fundamentalista cristão George W. Bush, a crise automóvel que atinge e se agravará na América, ao longo dos próximos anos, deriva do mesmo mal: o fim de um paradigma energético. Veremos se o pregador conseguirá resolver as sucessivas crises sociais que atravessarão o seu país nos próximos tempos, sem recorrer aos caceteiros da Guarda Nacional. -- OAM 245

Alta Velocidade

O Maglev Transrapid sobre as areias árabes do Golfo (simulação)


Transrapid

O comboio de levitação magnética, Maglev, Transrapid (vel. 300-500Km/h) na versão alemã, de que um protótipo sofreu um acidente fatal há precisamente um ano (23 mortos), ligará daqui a alguns anos a Estação Central de Munique ao aeroporto Franz-Josef Strauß (38Km) em 10mn, anunciaram as autoridades do Estado alemão da Baviera. O serviço será prestado por cinco comboios de 3 carruagens.

O Transrapid transportou (a uma velocidade operacional de 430Km/h), de Janeiro de 2004 a Outubro de 2006, 8 milhões de passageiros, entre o Aeroporto Internacional de Pudong e a estação de Long Yang (cada viagem tem a duração de 8mn), na Margem Sul da cidade-região de Xangai, prevendo-se que a actual linha venha a ser prolongada até ao antigo aeroporto de Hong Qiao e até à cidade de Hangzhou, passando o seu comprimento total para os 200Km. A China estuda ainda a possibilidade de ligar Xangai a Pequim (1300Km) com este sistema de transporte por levitação magnética. A duração da viagem será de 3 horas.

Projectos similares estão também em curso na região do Golfo Pérsico --ligação Doha/Qatar-Manana/Bahrain (145Km; 30mn)-- e nos Emiratos Árabes Unidos --ligação Abu Dhabi City-Dubai (180Km; 38mn).

No Reino Unido, pensa-se numa ligação de 800 Km entre Glasgow e Londres, com 14 estações e um tempo de ligação Londres-Glasgow na casa das 2h40mn.

Na Holanda, o Transrapid ligará um dia, numa grande circular (a Randstad Nederland) de aproximadamente 230Km, os municípios de Haia, Schiphol (mega-aeroporto), Amesterdão, Almere, Amersfoort, Utreque e Roterdão, em apenas 45mn.

Nos Estados Unidos, haverá ligações entre Baltimore e Washington (62,8Km; 18,5mn), Pittsburgh Airport e Pittsburgh-Greensburg (86,9Km; 35mn) e Las Vegas-Los Angeles (56Km; 11mn).

Em suma, na Europa Central e de Leste estão previstas várias ligações: Berlim-Varsóvia (580Km)-Moscovo (1850Km); Berlim-Cracóvia (590Km)-Kiev (1500Km); Berlim-Budapeste-Tessalónica (2000Km) e Berlim-Praga-Viena-Bratislava-Budapeste (950Km).

Se somarmos este ambicioso plano estratégico alemão ao projecto franco-espanhol da Alta Velocidade, ficaremos com uma fotografia muito nítida do que está realmente em jogo na União Europeia em matéria de mobilidade, coesão económico-social, intercâmbio cultural e estratégia política comum.

Quanto às vantagens comparativas do Maglev (Transrapid) relativamente ao sistema de tracção ferroviária de Alta Velocidade, não existem ainda estudos no terreno, mas apenas avaliações teóricas, de que destaco o paper universitário "Engineering Comparison of High-Speed Rail and Maglev Systems: A Case Study of Beijing-Shanghai Corridor", onde se pode ler:
It is clear that both HSR and Maglev are sophisticated and technically advanced guideway technologies. While both technologies are capable of operating at the speed greater than 250 kilometers per hour, the design speed for Maglev is higher due to its inherited non-contact technology. It is true that all HSR systems including TGV, ICE, and SKS have tested speed in the magnitude of more than 400 km/h. Maglev, however, provides higher practical operating speed. In addition, Maglev, theoretically, may also consume less energy, emit less noise, and can be established in compact land use forms. (Rongfang Liu, Yi Deng et al.)

A rede de transportes portuguesa não pode deixar de ser analisada e decidida à luz destes dados cruciais. Trata-se de uma questão estratégica tão vital quanto as que se prendem com a independência energética, a segurança alimentar, a coesão económico-social e a capacidade de auto-defesa da Europa. Tudo deve ser discutido sem demoras e com rigor. Depois, precisamos de cabeça fria e capacidade de decisão. Cá estaremos para acompanhar este ambicioso desafio.

Para já vale mesmo a pena visitar o sítio da Transrapid, não só pelos excelentes vídeos e gráficos, como sobretudo pelos dados técnicos e económicos fornecidos. -- OAM 244 (actualizado em 01-10-2007, 16:44)

terça-feira, setembro 25, 2007

Petroleo 10

Asfixia energética

Monges budistas desfilam em Yangun
Milhares de monges budistas percorrem ruas da capital Yangun
na maior manifestação em 20 anos contra junta militar de Mianmar.

Manifestações em Mianmar (antiga Birmânia) tiveram início no mês passado por causa do aumento de combustíveis. A gasolina subiu 100% de uma só vez e o gás natural subiu cinco vezes ao longo deste ano. A manifestação de 23/09/2007, que reuniu 20 mil pessoas, entre as quais mais de 3 mil monges budistas, está a gerar uma crise política de consequências imprevisíveis no actual regime militar que governa a antiga colónia britânica vizinha da China, do Laos, da Tailândia, do Bangladesh e da India. -- in Folha online 24/09/2007.

Este género de crise, há muito anunciado pelos estudiosos do Pico Petrolífero (Peak Oil), tenderá a repetir-se um pouco por todo o planeta, com primordial incidência nos países e zonas económicas mais débeis. Veremos assim um número crescente de crises políticas com carácter de massas, potencialmente violentas, em volta das subidas bruscas dos preços da gasolina/gasóleo, gás, leite, pão, rações, adubos, ..., água. Tal como agora se remeteu a causa da crise para os rodapés das notícias, erguendo uma cortina de fumo em seu redor (no caso, uma manobra de diversão do trio Bush-Cheney-Rice para chatear os chineses), é provável que encobrimentos semelhantes ocorram no futuro.


Referências:
Blog de ciber-dissidência de Ko Htike
Album fotográfico da ciber-dissidência de Lae Moe


OAM #243 00:55 24 SET 2007 (UTC)

quarta-feira, setembro 19, 2007

Aeroportos 36

Rapada n1



Rapada n2 p1



Rapada n2 p2



Rapada n3



Rapada n4


Évora aqui tão perto!

Demonstração de que Portugal não precisa da Ota, nem de Alcochete para coisa nenhuma, e de que não faltam pistas excelentes (Montijo, Évora, Fátima...) para as Low Cost -- principais responsáveis pelo crescimento do turismo em 2006-2007. Viva a aviação portuguesa!

OAM #242 00:39, 19 SET 2007 (UTC)

terça-feira, setembro 18, 2007

Crise Global 2

Haverá alternativa a uma terceira guerra mundial?

Tal como o incêndio do Reischtag e o ataque a Pearl Harbour não passaram de provocações agendadas de uma mesma cronologia belicista, também o 11 de Setembro (agora o seu espectro) e a cruzada contra o Eixo do Mal e o terrorismo prosseguem como gigantescas manobras provocatórias destinadas a justificar uma terceira guerra mundial pelo controlo de recursos energéticos imprescindíveis ao estilo de vida moderna, inconsciente e hedonista, da chamada civilização ocidental. Nas duas grandes guerras do século 20, e na que agora se encontra em fase preliminar, o objectivo essencial foi o mesmo: controlar as reservas de petróleo e gás natural -- sem as quais não há energia barata, sem a qual o edifício capitalista global que hoje determina as nossas vidas sucumbirá irremediavelmente. É o que está neste preciso momento a acontecer (1).

Há quem pense que se o Ocidente eliminar 1/3 da população mundial, como resultado de uma guerra global assimétrica, se ganhará tempo suficiente para inventar um sucedâneo da sociedade da abundância, do desperdício e da violência inaudita. Esta simples hipótese, alimentada pelos teóricos do New American Century, além de se estar a revelar um fracasso monumental, é pura e simplesmente miserável. E inaceitável!

A queda interminável do dólar, o crescimento imparável da tripla dívida americana (dívida pública, dívida orçamental, dívida comercial), o estouro do sistema financeiro americano (2) e inglês (3), e os fortíssimos abalos que não deixarão de atingir as bancas europeia e asiática, lançarão, no decorrer do que sobra de 2007, mas sobretudo ao longo de 2008, a economia americana numa super-recessão (perante a qual a crise de 1929 parecerá uma brincadeira de crianças). Este afundamento da economia americana, por sua vez, empurrará para o tapete as economias inglesa, japonesa, australiana e boa parte das economias intermédias da Ásia, África e América Central e do Sul. A União Europeia será seriamente afectada por este furacão económico-financeiro, com a possível falência de inúmeras instituições financeiras e empresas industriais, especialmente as da fileira imobiliária. Os testes imediatos virão do comportamento de milhões de depositantes europeus relativamente às poupanças entregues ao cuidado de gestores de fundos de investimento e de pensões, nomeadamente na sequência da gravíssima crise de liquidez do Northern Rock, e do futuro imediato do mercado imobiliário em Espanha e França. A China será igualmente seriamente afectada pela crise americana. Em primeiro lugar, porque ficará atolada de papel verde sem grande valor, e em segundo, porque o seu principal cliente comercial deixará de estar em condições de comprar como até aqui.

Perante o agravamento esperado da crise de recursos à escala global, sistematicamente ocultada pelos média tradicionais, Cheney e os mentores de Bush II defenderam que a única alternativa passaria pela ocupação militar do Médio Oriente e da zona do Mar Cáspio, nem que para tal fosse necessário lançar uma guerra assimétrica de longa duração contra todas as possíveis ameaças à concretização dos objectivos energéticos em causa. Assim fizeram. Boa parte dos hipócritas dirigentes europeus (dependentes da elite financeira, tecnológica e industrial que a subsidia) alinhou com a iniciativa, quanto mais não fosse para não ser afastada da partilha dos despojos. As divergências face ao seguidismo exigido por Washington protagonizadas por Chirac, Schröder e Zapatero, não deixam, porém, de ser um facto relevante. Há, na realidade, uma importante divisão estratégica sobre o caminho a seguir na gestão da crise do paradigma energético. Para uns, possivelmente, no estado em que estão as coisas, só a cooperação poderá evitar o pior. Para os American Bull Terrier da política global, ao contrário, quanto mais depressa se atacar o Irão, a Síria, a Rússia e a China, melhor.

Os atoleiros do Iraque e do Afeganistão mostram, porém, que passou o tempo de a América poder controlar os Global Balkans com uma perna atrás das costas. Nem Global Domination, nem Global Leadership. Os Estados Unidos enquanto única super-potência global não passaram, afinal, de uma ejaculação precoce. A sua queda será, no entanto, um terramoto de escala imprevisível. É preciso cerrar os dentes e negociar, negociar, negociar! Nada que se possa confiar ao novo garnizé eleito pelos franceses, claro... (4)

A Portugal, uma recomendação: retirem os amadores e leitores de tele-ponto, quanto antes, do terreno. Teremos que ouvir o Senhor Gordon Brown e os apressados delegados americanos com muita paciência, mas sobretudo não deveremos deixar de escutar os Russos e os Chineses, e conversar amiúde com Alemães, Espanhois (5) e Brasileiros. E quanto a novos aeroportos intercontinentais e comboios de Alta Velocidade, tenham juizo!



Notas

1 - Petróleo inorgânico inesgotável, ou a caminho do pico petrolífero global?

19 Setembro 2007, 16:40. Recebi um comentário chamando oportunamente a atenção para o mais recente e controverso texto do conhecido analista William Engdahl sobre a possibilidade de os actuais preços petrolíferos não passarem de uma vasta conspiração das sucessoras das Sete Irmãs, as actuais Super Majors:--ExxonMobil, Royal Dutch Shell, BP, Total S.A., Chevron Corporation e ConocoPhillips--, para arrecadarem, sem esforço suplementar, uma apreciável fatia da riqueza mundial produzida. Se pensarmos que 80%
da poupança mundial vai, como se sabe, para o financiamento do insustentável estilo de vida dos EUA, ficamos com uma ideia clara sobre o que a combinação destas duas realidades significa em termos de pilhagem global de recursos, valor e mais-valias por parte de uma mesma oligarquia económico-financeira. A especulação com os preços do petróleo é um facto, mas que favorece paradoxalmente os principais alvos da actual conspiração estratégica anglo-americana: a Rússia, a China e o Irão. No entanto, para lá da especulação subsiste o facto de caminharmos rapidamente para uma nova era caracterizada, no essencial, pelo fim dos combustíveis baratos. O perigo desta metamorfose do paradigma energético reside na tentação de os Estados Unidos e a União Europeia (liderada pelo Reino Unido, mas a que acaba de juntar-se o novo garnizé francês) alastrarem a actual guerra de ocupação ilegal movida contra o Iraque, o Afeganistão e a Palestina, ao Irão... e à Rússia! Se tal acontecer, não só teremos o petróleo a 300 USD o barril, como uma recessão planetária sem precedentes e a evolução da actual rede de guerras assimétricas (ditas anti-terroristas) para uma verdadeira III Guerra Mundial. Os Rotchilds deste planeta não desejam outra coisa!

Para uma análise comparativa dos argumentos pró e contra a salvação prometida pelo supostamente infindável petróleo abiótico ou abiogénico, leiam-se estes comentários recolhidos a propósito do artigo de Engdahl:

Confessions of an "ex" Peak Oil Believer
By F William Engdahl, September 14, 2007

"The 2003 arrest of Russian Mikhail Khodorkovsky, of Yukos Oil, took place just before he could sell a dominant stake in Yukos to ExxonMobil after a private meeting with Dick Cheney. Had Exxon got the stake they would have control of the world’s largest resource of geologists and engineers trained in the a-biotic techniques of deep drilling.

Since 2003 Russian scientific sharing of their knowledge has markedly lessened. Offers in the early 1990’s to share their knowledge with US and other oil geophysicists were met with cold rejection according to American geophysicists involved.

Why then the high-risk war to control Iraq? For a century US and allied Western oil giants have controlled world oil via control of Saudi Arabia or Kuwait or Nigeria. Today, as many giant fields are declining, the companies see the state-controlled oilfields of Iraq and Iran as the largest remaining base of cheap, easy oil. With the huge demand for oil from China and now India, it becomes a geopolitical imperative for the United States to take direct, military control of those Middle East reserves as fast as possible. Vice President Dick Cheney, came to the job from Halliburton Corp., the world’s largest oil geophysical services company. The only potential threat to that US control of oil just happens to lie inside Russia and with the now-state-controlled Russian energy giants. Hmmmm.

According to Kenney the Russian geophysicists used the theories of the brilliant German scientist Alfred Wegener fully 30 years before the Western geologists “discovered” Wegener in the 1960's. In 1915 Wegener published the seminal text, The Origin of Continents and Oceans, which suggested an original unified landmass or "pangaea" more than 200 million years ago which separated into present Continents by what he called Continental Drift.

Up to the 1960's supposed US scientists such as Dr Frank Press, White House science advisor referred to Wegener as "lunatic." Geologists at the end of the 1960’s were forced to eat their words as Wegener offered the only interpretation that allowed them to discover the vast oil resources of the North Sea. Perhaps in some decades Western geologists will rethink their mythology of fossil origins and realize what the Russians have known since the 1950's. In the meantime Moscow holds a massive energy trump card."

Oil industry 'sleepwalking into crisis'

"Former Shell chairman says that diminishing resources could push price of crude to $150 a barrel
By David Strahan and Andrew Murray-Watson
Published: 17 September 2007

"Lord Oxburgh, the former chairman of Shell, has issued a stark warning that the price of oil could hit $150 per barrel, with oil production peaking within the next 20 years.

He accused the industry of having its head "in the sand" about the depletion of supplies, and warned: "We may be sleepwalking into a problem which is actually going to be very serious and it may be too late to do anything about it by the time we are fully aware."

Engdahl Can't Comprehend Hubbert Oil PEAK by Elaine Meinel Supkis

"Greenspan even admitted we invaded Iraq illegally, seeking oil."

"The Hubbert Oil Peak hit in America in 1972-1974. We were able to easily pump a lot of oil. From then on, we pumped less and less oil. Very simple, no? This Engdahl person can't understand that the easy oil is gone and the oil is now harder and harder to get and more and more expensive to pump and there is overall, less and less each year."

"No way would oil companies spend billions to build ocean platforms that are prey to the angry seas and hurricanes if there was tons of oil just waiting to be pumped...on land! The concept of the Peak Oil business is that the easy oil goes first, then it gets harder and harder and more importantly, the finds are smaller and smaller."

Richard Heinberg on Abiotic Oil

"Perhaps one day there will be general agreement that at least some oil is indeed abiotic. Maybe there are indeed deep methane belts twenty miles below the Earth's surface. But the important question to keep in mind is: What are the practical consequences of this discussion now for the problem of global oil depletion?

"I have not personally inspected the oil wells in Saudi Arabia or even those in Texas. But nearly every credible report that I have seen - whether from the industry or from an independent scientist - describes essentially the same reality: discoveries are declining, and have been since the 1960s. Spare production capacity is practically gone. And the old, super-giant oil fields that the world depends upon for the majority of its production are nearing or past their all-time production peaks. Not even the Russian fields cited by the abiotic theorists as evidence for their views are immune: in June the head of Russia's Federal Energy Agency said that production for 2005 is likely to remain flat or even drop, while other officials in that country have said that growth in Russian production cannot be sustained for more than another few years.

What if oil were in fact virtually inexhaustible - would this be good news? Not in my view. It is my opinion that the discovery of oil was the greatest tragedy (in terms of its long-term consequences) in human history. Finding a limitless supply of oil might forestall nasty price increases and catastrophic withdrawal symptoms, but it would only exacerbate all of the other problems that flow from oil dependency - our use of it to accelerate the extraction of all other resources, the venting of C02 into the atmosphere, and related problems such as loss of biodiversity. Oil depletion is bad news, but it is no worse than that of oil abundance.

Given the ongoing runup in global petroleum prices, the notion of peak oil hardly needs defending these days. We are seeing the phenomenon unfold before our eyes as one nation after another moves from the column of "oil " to that of "oil importers" (Great Britain made the leap this year). At some point in the very near future the remaining nations in column A will simply be unable to supply all of the nations in column B.

In short, the global energy crisis is coming upon us very quickly, so that more time spent debating highly speculative theories can only distract us from exploring, and applying ourselves to, the practical strategies that might preserve more of nature, culture, and human life under the conditions that are rapidly developing.

2 - Collapse of Lenders and Mortgage Guys Accelerating

September 17, 2007. The mortgage and banking mess gets only worse and worse. The repairs are like someone trying to fix a parachute while in free fall, using bubble gum. Won't work. A number of organizations, banks, lending groups and hedge fund hell hounds must give an accounting by the end of this month and several big houses in the US like Lehman brothers must do it this week. Few people expect good news. The rush for the exist may look like depositors in England storming the Northern Rock banks. And Greenspan has decided he is a vulture in a graveyard, bless his dark little heart. Most amusing. in Culture of Life News.

3 - O dominó inglês que poderá seguir-se à falência escondida do Northern Rock.

## Bank of England, Federal Reserve Liquidity Pumping Shows Problem Far Bigger Than Northern Rock

September 18, 2007, 1:25 PM (LPAC)--The Bank of England took emergency measures Sept. 17, injecting into the British banking system a total of 4.4 billion pounds in short-term inter-bank funds, and 2.85 billion pounds in slightly longer term funds, for a total of 7.25 billion pounds ($14.5 billion); the BOE indicated it would make available another 4.4 billion pounds on Sept. 24, if required.

But the bids (requests by banks) made for the 4.4 billion pounds that the BOE injected Sept. 17, were six times larger than the actual amount that the BOE injected. This underlines the severe liquidity shortgage of the British banking system, as banks have been scrambling to acquire funds for several weeks. The interest rate on borrowing on Britain's overnight market was still at 6.5% on Sept. 17, three-quarters of a percentage point above the BOE's official lending rate, as banks tried to borrow funds, but could not get them except at a higher rate.

(...)

On Sept. 17, U.S. Treasury Henry Paulson made an emergency stop-over in London to meet Bank of England Governor Mervyn King, and British Chancellor of the Exchequer Alistair Darling, in which it appears that Paulson told King that due to the liquidity shortage in London, which would affect the whole world's banking system, King must start openly injecting liquidity rather than the more backroom injections that King had made heretofore. Shortly after the meeting, King announced his liquidity injections package. On the same Sept. 17, as what appears to be a coordinated action, the U.S. Federal Reserve injected $16.75 billion into the U.S. banking system, some of which funds could be made available to British bank branches operating in New York.

This BOE and Federal Reserve heavy dose of liquidity pumping solves nothing, but instead stokes a hyperinflationary process far more ravaging than that of 1923 Weimar Germany.

## Day Three of Britain's Panic: Run on Northern "Wreck" Bank Continues

September 18, 2007, 12:54 PM (LPAC)---Despite the fact that the British Government and the Bank of England announced they would guarantee the deposits of the rapidly sinking Northern (on the ) Rock(s) mortgage bank, depositors continue to withdraw their funds in unprecedented amounts—and this is despite the bank's stock having gone up this morning. Already three billion pounds in deposits have been withdrawn since Friday. Other mortgage lenders whose stocks were hit hard on Monday, including Alliance & Leicester banks, recovered some of their losses so far today.

4 - Mr Lavrov said (to Bernard Kouchner) there was no military solution to any modern problem, including Iran's uranium-enrichment programme. BBC News Last Updated: Tuesday, 18 September 2007, 12:21 GMT 13:21 UK.

5 - A Espanha é um dos países mais vulneráveis à actual secagem da liquidez mundial. Se a crise dos "sub-prime", que atinge actualmente as bancas alemã, francesa e inglesa, chegar à Península Ibéria, vai ser o bom e o bonito!
Quanto a Portugal, e ao contrário do que diz o seu ministro das finanças, a provável gripe espanhola provocará inevitavelmente uma pneumonia lusitana.

Dados a reter
:

## Dívida externa espanhola dispara: passivos a devolver aos prestamistas em prazos acordados = 145% de PIB
(in Cotizalia 18-09-2007)

2003 = 716.455.000.000 euros
2006 = 1.252.480.000 euros
2007 = 1.450 000.000.000 euros

## Evolução das reservas de ouro entre Janeiro e finais de Julho de 2007

2007 (Janeiro) = 6.716 milhões de euros (13,4 milhões de onças troy)
2007 (Julho) = 4.397 milhões de euros (9,1 milhões de onças troy)

## Evolução das reservas de ouro e divisas em valor equivalente (euros)

1992/12 - 72.368.000.000 euros
2001/12 - 38.865.000.000 euros
2006/04 - 15.255.000.000 euros
2007/04 - 13.230.000.000 euros

Referências

David Ray Griffin. The New Pearl Harbor, Disturbing Questions about the Bush Administration and 9/11, 2004.
David Ray Griffin. The 9/11 Commission Report, Omissions and Distortions, 2005.
Donella Meadows et al. Limiths to Growth, The 30-Year Update, 1972, 2004.
Donella Meadows et al. Beyond Limits, 1992.
Francis Fukuyama. O Fim da História e o Último Homem.1992.
Frank Kitson. Low Intensity Operations, 1970's.
James Howard Kunstler The Long Emergency, 2005.
Jared Diamond, Collapse, 2005.
John Arquilla and David Ronfeldt. Network and Netwars, The Future of Terror, Crime, and Militancy, 2001.
Michel Chossudovsky. America's "War on Terrorism", 2005.
Michael Hardt and Antonio Negri. Empire, 2000.
Nick Dyer-Witheford. Cyber-Marx, Cycles and Circuits of Struggle in High-Technology Capitalism, 1999.
Noam Chomsky. The American Empire Project, Failed States, The Abuse of Power and the Assault on Democracy, 2006.
Webster Griffin Tarpley. 9/11 Synthetic Terror, 2005, 2006.
William Engdahl. A Century of War, 1992, 2004.
Zbigniew Brzezinsky. The Grand Chessboard, 1997.
Zbigniew Brzezinsky. Second Chance, 2007.

OAM #241 01:51, 18 SET 2007 (UTC)

sexta-feira, setembro 14, 2007

Portugal nuclear

Global Balkans
Ameaças ao desenho europeu. Os "Global Balkans" segundo Zbigniew Brzezinski.

EUA defendem que Portugal deve apostar na energia nuclear
O conselheiro da Casa Branca para o Ambiente, James Connaughton, defendeu hoje que Portugal deve apostar na energia nuclear, considerando que é um dos países com maiores capacidades para produzir energia totalmente limpa.

(...) De uma forma global, Connaughton defendeu que o nuclear deve ser usado por todos os países que tenham capacidade tecnológica e uma forma de a produzir de um modo seguro.

"A energia nuclear é a única fonte capaz de produzir energia a baixo custo e que consegue sustentar cidades inteiras sem emissões. Não conseguimos fazer progressos ao nível energético e ao nível das alterações climáticas se não usarmos muito mais energia nuclear ao nível global", sustentou.

Os dois responsáveis norte-americanos vão ter hoje encontros em Lisboa com representantes dos Ministérios do Ambiente e da Economia, a quem darão conta da conferência sobre alterações climáticas que a administração Bush está a organizar para os dias 27 e 28 de Setembro. in Jornal de Negócios Sexta, 14 Setembro 2007

A ideia faz muito pouco sentido tal como aparece, sobretudo vinda de onde vem: um governo que nunca ratificou o Protocolo de Quioto, corrupto, criminoso e em fim de mandato. Pode, porém, haver um cenário sinistro por detrás desta iniciativa: envolver Portugal na actual corrida nuclear. Este cenário aparentemente improvável passaria por dotar o nosso país de uma ou duas centrais nucleares, de tecnologia avançada no domínio do enriquecimento de urânio para produção de plutónio militar e... a militarização nuclear dos Açores!

Isto pode muito bem ser o início de uma resposta estratégica ao recuo inevitável dos EUA no Médio Oriente, depois do fiasco do Iraque, da incapacidade crescente de gerir o conflito israelo-árabe, e perante a irresistível influência do eixo Pequim-Moscovo (através da Shanghai Cooperation Organization) em toda a vasta área do que Brzezinsky começou por chamar The Eurasian Balkans (The Grand Chessboard, 1997) e que no seu último livro, The Second Chance (2007), designa por Global Balkans. Já para não falar dos efeitos do desastre iraquiano no reforço do islamismo radical em todo o Norte de África.

Enquanto a Rússia ameaça funcionar como estado tampão entre a Europa Ocidental e a Eurásia, com argumentos tão poderosos como os da sua riqueza energética e os do seu renovado poder militar estratégico, podendo a qualquer momento desencadear uma placagem dramática à evolução prevista da União Europeia, induzindo por aí um regresso catastrófico ao bicefalismo de Versailles, os Estados Unidos de Bush parecem preferir, precisamente, este cenário! Se assim for, faz todo o sentido a iniciativa ecológica caricata do senhor James Connaughton.

Entretanto, José Sócrates anda com os olhos cada vez mais em bico. Não viu o Dalai Lama. Vai à China negociar contentores. Será que entenderá o recado americano? Para onde irá pender, no ping-pong entre Washington e Pequim? Não preside actualmente à União Europeia? Não acha que esta seria uma excelente oportunidade para fazer um pouco de história a sério, em vez de andar pelo país televisivo fora armado em caixeiro-viajante da indústria informática?

A questão energética não é, de facto, o assunto desta inusitada deslocação do protector americano a Lisboa, pelo que não voltarei a deter-me, para já, na questão do nuclear para fins pacíficos. Recomendo, no entanto e a propósito, a leitura integral da resposta dada por John Busby a um recente inquérito público inglês sobre a alternativa nuclear à actual e sobretudo futura crise energética.
Response to the Government's consultative document 'The Future of Nuclear Power'
By John Busby
Sandersresearch
Sep/11/2007

"Ever wondered if the clock was ticking regarding a secure electricity supply? Could new nuclear power stations actually increase carbon emissions? Could the looming shortage of uranium represent the biggest challenge to a nuclear renaissance? These are just a few of the questions answered by John Busby in his response to the Government’s consultative document 'The Future of Nuclear Energy'".

OAM #240 12:57, 14 SET 2007 (UTC)