segunda-feira, maio 08, 2017

Dívida, uma Supernova?

Fotografia: Axel Morin. Detroit.

Os que ganham muito são cada vez menos, e os que ganham pouco (cada vez menos) são cada vez mais. 


É este o verdadeiro paradoxo que o otimismo alucinado de alguns não alcança, ou alcança, mas ignora, preferindo as loas populistas a que os economistas desonestos conferem legitimidade académica.

E é também por isto que o declínio da era petrolífera deixou de se traduzir na subida dos preços do barril de crude, mas antes na deflação dos mesmos, arrastando países como a Venezuela, Angola, Moçambique, Nigéria, e o Médio Oriente em geral, para o colapso das respetivas sociedades.

Neste momento o status quo e o business as usual são meras aparências de estabilidade e progresso.

Na realidade, assistimos a divisões económicas, sociais e culturais profundas nas sociedades, que os movimentos populistas e o fundamentalismo religioso induzido refletem.

Estamos no fim de um ciclo de prosperidade mundial com mais de 100 anos, proporcionado pelo uso intensivo de energia abundante e barata, e por aquilo a que poderíamos chamar inflação criativa.

Esta grande revolução nos preços decorreu sensivelmente entre 1897 (D. H. Fischer) e o momento em que o decréscimo persistente da produtividade mundial, da inflação e do rendimento/consumo per capita anunciou o seu fim, dando lugar a medidas contra-cíclicas desesperadas, como a globalização e a desregulamentação laboral, comercial e financeira, o otimismo tecnológico, o endividamento público e políticas monetárias expansionistas, e ainda a grande especulação capitalista, entre 1983 e 2007, estimulada pela negociação eletrónica de títulos e outras operações financeiras (HFT), e pelos produtos financeiros complexos: Credit Debt Obligations (CDO), Credit Default Swaps (CDS), Asset Backed Secutioes (ABS), Over-the-counter Derivatives (OTC), etc.

O dilema atual é este: o petróleo é demasiado barato para quem o produz, e demasiado caro para quem o consome. Por outro lado, segundo defende Gail Tverberg, o endividamento, a eficiência e a complexidade como resposta à mudança de paradigma energético e ao fim de um ciclo económico de longa duração não impedem a chegada de uma nova era, que será necessariamente distinta da que agora declina rapidamente.

Vale a pena ler a este propósito o que Gail Tverberg apresentou recentemente em Bruxelas, num workshop promovido pela Comissão Europeia: “Elephants in the Room Regarding Energy and the Economy.”

Trata-se de uma súmula de recentes trabalhos seus, nomeadamene sobre a natureza dissipativa das estruturas económicas, e sobre o aviso paradoxal do fim da era petrolífera, ou seja, a queda dos preços do petróleo, provocada pelaa queda da procura agregada mundial de crude, pela queda dos rendimentos do trabalho, pela erosão imparável dos dividendos empresariais (nomeadamente nos produtos energéticos), pela divisão social que se agrava na maioria das sociedades desenvolvidas e ricas, ou ainda pelas crises políticas insanáveis que vão destruindo paulatinamente os estados e as instituições democráticas.

Eu recomedaria a leitura destas reflexões a Emmanuel Macron, mas também ao otimista cada vez mais irritante, Marcelo Rebelo de Sousa.




Most people assume that oil prices, and for that matter other energy prices, will rise as we reach limits. This isn’t really the way the system works; oil prices can be expected to fall too low, as we reach limits. Thus, we should not be surprised if the OPEC/Russia agreement to limit oil extraction falls apart, and oil prices fall further. This is the way the “end” is reached, not through high prices.



Many people think that the increasing use of tools can save us, because of the possibility of increased productivity.

mas...

Using more tools leads to the need for an increasing amount of debt.




—in “Why We Should Be Concerned About Low Oil Prices”
Posted on May 5, 2017 by Gail Tverberg @ Our Finite World

domingo, maio 07, 2017

Quem se mete com o António, leva!

Alberto Gonçalves.
Foto: Diana Tinoco/ Sol

Em vez do lápis azul assumido, o despedimento cobarde pela porta do cavalo, com desculpas de mau pagador...


“As coisas – principalmente a imprensa e a televisão – começam a adquirir aquele tom uniforme e ruço, típico da tropa e do socialismo”—Vasco Pulido Valente.

Os zelotas da Geringonça agem por simples medo de perderem empregos que são cada vez mais escassos e mal pagos, não por qualquer convicção ideológica, que aliás há muito deixaram de ter. A miséria mediática que grassa entre nós e por esse mundo fora é preocupante e deve ser denunciada pelo que é: um estado de censura; no caso vertente, num país que a proíbe expressamente na Constituição. Não o fazer só poderá contribuir para que um qualquer aborto venezuelano acabe por medrar no ventre da nossa democracia.

Censura em democracia, eis como classifico a decisão do Paulo Baldaia sobre Alberto Gonçalves.

Que tem o Tribunal Constitucional a ditar sobre esta denúncia que torno pública e a que junto prova?

SOL: Paulo Baldaia admitiu não apreciar o seu estilo de escrita... 
ALBERTO GONÇALVES: Quando Paulo Baldaia falou comigo ao telefone, foi a única vez e foi para me despedir. Era diretor há cinco meses. Disse que eu confundia os leitores do “DN”: havia quem só fosse à página do “DN” por minha causa e ficasse confuso com o resto do jornal, e havia leitores “naturais” do “DN” que ficavam confusos com a minha crónica, e a culpa era minha. Segundo o próprio me disse, o objetivo dele era o de evitar confrontos e agradar “à corte de Lisboa”. Não queria chatices.
[...]
SOL: A comunicação social? 
ALBERTO GONÇALVES: Completamente controlada. Ou quase toda – ainda há um jornal que me paga para escrever. Mas a crítica a este governo é diminuta comparativamente ao governo anterior, face a ações semelhantes ou a ações muito mais gravosas. De resto, os jornalistas simpatizam com este governo, naturalmente, com esta ideia de governo, com esta aliança. Nem é necessária grande pressão exterior.

sexta-feira, maio 05, 2017

Rui Moreira e Salazar



O frenesim autárquico acorda os mais distraídos

“Todos estamos à espera que haja uma má notícia europeia e, quando houver uma má notícia, isto cai”—Rui Moreira (Sábado, 4/5/2017)

Quero crer que Rui Moreira precisava neste momento de uma prova de vida mediática, ou não estivesse o país partidário em plena corrida autárquica. Depois do PS exigir mais lugares na lista de Moreira, este aproveitou para reiterar a independência partidária da sua candidatura. Alguém acredita? Pelo que me foram dizendo, a máquina que esteve na base da sua eleição, e agora exige um prémio maior para voltar a elegê-lo, foi o Partido Socialista.

Depois de Ana Catarina Mendes ter dito que "a vitória das listas que o PS integra serão as vitórias do PS", o protagonista principal do movimento “Porto, o Nosso Partido” (designação algo populista, convenhamos), acordou da sua letargia. De facto, embora a Câmara Municipal do Porto funcione bastante bem, esperava-se de Rui Moreira uma afirmação estratégica mais vincada e sobretudo mais clara enquanto líder da capital do Norte, nomeadamente no que se refere à própria influência do Norte na condução dos destinos do país, a qual continua muitíssimo abaixo do que lhe corresponde em criatividade e capacidade produtiva próprias.

Rui Moreira andou a marcar passo num ponto essencial para todo o país: fazer da cidade-região do Porto a capital económica, financeira e cultural do Noroeste Peninsular. Não se percebe, por exemplo, como a ligação ferroviária de alta velocidade entre Ferrol, Corunha, Santiago e Vigo não chega ao Porto. Será que ninguém tem coragem para exigir dos senhorios do Terreiro do Paço coisa tão óbvia?

Não basta parecer populista, é preciso sê-lo, nem que seja um bocadinho, para garantir a realização do que é racional, justo e oportuno.

Quanto à propaganda do medo que as palavras ditas por Rui Moreira aos estudantes poderão sugerir, uma coisa é certa: se Marine Le Pen derrotar Emmanuel Macron no próximo domingo (hipótese que as sondagens contrariam), tudo começará a mudar rapidamente na Europa, e em Portugal também!

No entanto, se Macron e a União Europeia prevalecerem (o que as sondagens asseguram), e se nos deixarmos de populismos, à esquerda, ao centro e à direita, e formos pagando o que devemos, não há razão nenhuma para inventar um novo Salazar. Já não temos colónias, lembram-se?

Mas atenção: nada dispensa uma reciclagem profunda da nossa democracia, corrupta e imbecil.

Ou as novas gerações mudam os partidos da corda na direção certa, ou estes terão em breve a mesma sorte dos partidos europeus que têm vindo a implodir, sobretudo na banda esquerda do arco-iris partidário.


DESENVOLVIMENTOS

Costa intervém e PS confirma Manuel Pizarro como candidato no Porto

...o secretário-geral do PS, António Costa, telefonou ao presidente da concelhia, Tiago Barbosa Ribeiro, a dizer que o PS tem de apresentar um candidato próprio. Por “uma questão de dignidade partidária”.

Público. Margarida Gomes, 6 de Maio de 2017, 10:27 actualizada às 12:45

Bem parecia que a a coisa estava combinada entre Ana Catarina Mendes e António Costa. Rui Moreira vai ter que dar ao pedal para manter o lugar. Talvez fosse o momento de apresentar ideias inovadoras para o Porto e o norte do país.
O PS tem três meses para definir quem representará o partido na corrida à segunda maior câmara do país, depois de Rui Moreira ter abdicado do apoio do PS às eleições autárquicas marcadas para 1 de Outubro.
[...]
De acordo com o Expresso, que cita fonte da candidatura independente, Rui Moreira avançará apenas com o apoio do CDS/PP; um partido que "sempre teve um comportamento exemplar, sem pressões nem exigências de negociações, ao contrário do PS".
Jornal de Negócios. Marta Moitinho Oliveira martaoliveira@negocios.pt05 de maio de 2017 às 18:29

A crise na aliança dissimulada entre Rui Moreira e os socialistas agravou-se nas útlimas horas, com Rui Moreira a dispensar o apoio dos socialistas à sua candidatura, em nome da independência e da rejeição dos jobs for the boys and girls. Das duas uma: ou o habilidoso Costa dá a volta ao texto nas próximas horas, ou a situação apodrece, e o PS terá mesmo que avançar com um candidato e com uma candidatura partidária à Câmara Municipal do Porto. O problema é que não será fácil desmentir a secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, pois tal desautorização levaria custos pesados ao núcleo duro de António Costa. Rui Moreira, por sua vez, poderá vender caro um eventual apaziguamento com os socialistas. Aguardam-se os próximos episódios desta mini crise, sobre a qual espero não ter que ouvir o comentador-presidente Marcelo Rebelo de Sousa.

Atualizado em 6/5/2017 15:52 WET

terça-feira, maio 02, 2017

O dinheiro fácil acabou



O preço das posições conjuntas foi suportado pelo BCE. Quem diria!


O BCE voltou a reduzir as compras de obrigações soberanas portuguesas para um novo mínimo. No mês passado, as aquisições do banco central ao abrigo do programa alargado de compra de activos foram de 526 milhões de euros, o montante mais baixo de sempre, segundo dados divulgados esta terça-feira pela entidade liderada por Mario Draghi. Foram menos 137 milhões que em Março e o montante compara com as compras de 1.405 milhões de euros registados no mesmo mês do ano passado. 
—in Jornal de Negócios. Rui Barroso ruibarroso@negocios.pt
02 de maio de 2017 às 15:21

Entre novembro de 2015 e junho-julho de 2016 foi fartar vilanagem. Mas o festim acabou, como se pode observar na inversão da tendência nas compras de dívida pública portuguesa pelo BCE, a partir de junho, e mais ainda depois de dezembro de 2016.

A tentação de António Costa é grande, mas a maioria absoluta está longe de ser favas contadas.

Em 2017 vamos ter um ano sem grandes sobressaltos, com um crescimento tépido mas ainda assim provavelmente acima do registado em 2016. O pior mesmo será 2018... e 2019.

Entretanto, a Geringonça vai durar até gripar.

A grande questão é saber se nos próximos 12 a 18 meses haverá quem funde um movimento realista capaz de varrer do poder o incurável Bloco Central (agora alargado!) que deixou o país perder a sua soberania económico-financeira nos próximos 40 ou 50 anos.

Virar o jogo exige novos protagonistas. Como temos visto um pouco por toda a parte.

segunda-feira, maio 01, 2017

A praga da nova cozinha chegou a Évora

Será legal esta publicidade num Monumento Nacional, no centro de uma cidade Património Mundial?

Um Cartuxa 2013 por 70 euros?


As Pousadas de Portugal desde que foram entregues de mão-beijada ao Grupo Pestana vão de mal a pior (algumas até fecharam ou mudaram de mãos, como a Pousada do Marão e a de Vila Nova de Cerveira). O meu amigo espanhol insistiu, eu, contrariado, acedi, e lá fomos almoçar à Pousada dos Lóios, edifício histórico nascido nos finais do século XV, recuperado e adaptado a Pousada em 1957, mas cujo conforto e qualidade dos detalhes têm vindo a cair de ano para ano.

No tempo em que estes paradores pertenciam ao estado português, eram caros (menos para uma vasta clientela burocrática apaparicada pelo regime de Salazar), conservadores, invariavelmente bem situados, e com um serviço pouco sofisticado, mas por vezes simpático. Depois, ao serem entregues por atacado aos ditos privados, tornou-se poventura na nossa primeira PPP. Quando dá lucro, o concessionário agradece, quando não dá, a fatura vai, duma ou doutra forma, parar aos contribuintes.

Na restauração do Convento dos Lóios, a que outrora falhava a criatividade em nome da tradição gastronómica alentejana, só mesmo os empregados escapam. Tudo o resto, desde que mudaram de Chef, deriva do provincianismo avilez mais lastimável, e da praga da 'nouvelle cuisine' à portuguesa que inunda a televisão e o país desde que redescobrimos o caminho mais curto para o turismo: arrasar o que temos de bom para dar lugar ao novo riquismo e à especulação de sempre. A gentrificação que vai por esse país fora, sob os auspícios do Bloco Central e da Geringonça, é mais um maremoto que vai ajudar a destruir o que ainda resta de nosso neste país. Para já, ninguém viu nada, viu nada, ou soube de nada, como sempre. Daqui a uma década ou duas, pela certa, rezaremos por um qualquer macron que regresse numa manhã de nevoeiro para salvar a pátria dos devoristas que a deixaram em tão irreconhecível estado de estupidez, apatia e subserviência diante dos novos donos disto tudo.

Os comes e bebes nacionais são em si mesmo um património indispensável às nossas exportações turísticas, cuja modernização urbana é necessária, mas onde seria fundamental impedir a sua destruição alarve em nome de um bando de hunos saídos dos programas e concursos de culinária que fazem parte do grande vazio televisivo que diariamente nos afoga em esterco cultural.

Mas o pior mesmo é instituir a especulação e a vigarice como modo de vida da nossa chamada indústria hoteleira. Uma garrafa de Cartuxa 2013, que na Fundação Eugénio de Almeida, a menos de 100 metros daquele templo de tranquilidade, custa 14 euros, foi-nos debitada a 70 euros. Repito 70 euros!!!

Incrédulos, pretendemos confirmar o tamanho do assalto. Os empregados, constrangidos, confirmaram. Setenta euros.

A ameixa em cima desta Siricaia falsa é a publicidade pegada à esquina do monumento que sofre esta presença hoteleira indizível. Para quem não souber (o restaurante serviu duas mesas entre as 13:00 e as 15:00 do passado dia 29 de abril), a publicidade anuncia as suas iguarias: sardinhas em lata, wraps com cebola, alface e milho, azeitonas, croquetes de bacalhau, presunto acompanhado com umas amostras de flor de sal e curcuma espalhada pela mesa. Esta coisa indescritível foi baptizada assim: Alentejo Food With a Twist. What else?!

Quanto aos vinhos de 14 euros que custam 70, por agora, só mesmo para cleptocratas angolanos e distraídos como nós, que não têm o bom hábito de ler os menús antes de pedir o que quer que seja.

POST SCRIPTUM — um comentário a este post no Facebook alertou-me para o facto de haver dois Cartuxa Tinto 2013, produzidos pela Fundação Eugénio de Almeida, a Colheita 2013, e a Reserva 2013. O primeiro custa entre 14 e 15 euros, mas o segundo está à venda por 31,50 euros na Garrafeira Nacional. Não sei qual nos foi servido no almoço que motivou este post. Provavelmente foi o Reserva 2013, dado que deixou uma impressão de excelência a todos os três que almoçámos juntos. A verdade é que não fui eu o anfitrião. Na dúvida, salve-se a honra do convento! Mas apenas no que toca ao Cartuxa Tinto Reserva 2013, que custa 30 euros na Garrafeira Nacional, e 70 no restaurante da Pousada de Évora. O novo chefe está a destruir a memória do convento quando serve uma postinha de 100gr. de lombo de bacalhau a saber a badejo em cima de um lençol de migas que cabe numa colher de chá. Não é assim que se moderniza a gstaronomia alentejana!

quarta-feira, abril 12, 2017

O fractal de Tordesilhas

Coreia do Norte, a próxima guerra,
Mapa: NTI

Será que Trump se prepara para entregar a Coreia do Norte a Pequim?


One way or another, China and the United States will become partners.
Immanuel Wallerstein. Commentary No. 441, January 15, 2017—"China and the United States: Partners?"

Parece que o jantar entre Trump e Xi Jinping inaugurou um novo Tratado de Tordesilhas. Só que desta vez não há meridiano, mas um fractal. Pequim percebeu que terá muito rapidamente que tratar da Coreia do Norte, enquanto Washington negoceia com russos e iranianos a irradiação de Bashar al-Assad, em troco de uma partilha equilibrada dos recursos petrolíferos da região entre o Ocidente e o Oriente.

Os Estados Unidos sabem que a China tem pés de barro, pois as suas reservas energéticas já ultrapassaram o limiar de segurança, e a poluição química do país é uma desgraça. Sabem, portanto, que a expansão imperial da China —ao contrário do que pensa Immanuel Wallerstein— tem os dias contados, seja por causas de ordem geo-energética internas, ou de outra ordem: demográfica, tecnológica, militar, política e cultural. Assim sendo, os Estados Unidos de Donald Trump, depois da intervenção tipicamente imperial na Síria (aguardam-se novos capítulos...), passará muito provavelmente à ação na Coreia do Norte quando o facínora que domina o país menos esperar.

Em ambos os casos, os Estados Unidos farão concessões —embora regionalmente circunscritas— à Rússia e à China.

Publicações do controladas pelo PCC deram recentemente fé da sua enorme preocupação com a inesperada mas resoluta ação do novo presidente americano. A avaliar por dois editoriais sobre o assunto (um dos quais—mais explícito— viria a ser apagado), onde se fazem sérios avisos à Coreia do Norte sobre o perigo iminente que paira sobre o seu líder e o seu regime, a China prevê invadir a Coreia do Norte se e assim que Trump decapite o regime coreano do seu supremo líder, Kim Jong-un.

Vale, pois, a pena ler na íntegra os dois editoriais aludidos, ainda que um deles seja uma recuperação do original retirado da publicação onde apareceu originalmente: o Global Times.

Commentary: China’s bottom line on DPRK nuclear issue
Source
China Military
Editor
Huang Panyue
Time
2017-04-07
[cache
BEIJING, April 7 (ChinaMil) -- Global Times mentioned the bottom line of China on DPRK nuclear issue in an article titled Commentary: The United States Must Not Choose a Wrong Direction to Break the DPRK Nuclear Deadlock on Wednesday, triggering wide speculation. 
According to the article, China very much hopes that the DPRK nuclear issue can be solved as soon as possible. But no matter what happens, China has a bottom line that it will protect at all costs, that is, the security and stability of northeast China. 
In connection with this, DPRK's nuclear activities must not cause any pollution to northeast China. In addition, the DPRK must not fall into the turmoil to send a large number of refugees, China will not allow the existence of a government that is hostile against China on the other side of the Yalu River, and the US military must not push forward its military forces to the Yalu River, the article said. 
Some experts interpret this as China’s acquiescence to the United States’ strikes to the DPRK. Is this really the case? 
First, “DPRK's nuclear activities must not cause any pollution to northeast China.” 
Is this sentence designed for the United States? Maybe, but it is designed for the DPRK more. We all know that the DPRK's sixth nuclear test is imminent, and various parties, especially China, are generally worried about this. 
It is very insidious for the DPRK to select Punggye-ri, located in Kilju County of North Hamgyong Province in DPRK, as the site for the nuclear test. The place is the farthest point from Pyongyang within the DPRK territory, but near the border of China and DPRK. 
Residents in northeast China suffered every time DPRK launched a nuclear test. The news may remain fresh to us: buildings showed cracks, and students in classes were evacuated to the playgrounds. 
With the increase in nuclear equivalents, the threat to the Chinese people nearby also surges. In particular, if by any chance nuclear leakage or pollution incidents happen, the damage to northeast China environment will be catastrophic and irreversible. 
This is the bottom line of China, which means China will never allow such situation to happen. If the bottom line is touched, China will employ all means available including the military means to strike back. 
By that time, it is not an issue of discussion whether China acquiesces in the US’ blows, but the Chinese People’s Liberation Army (PLA) will launch attacks to DPRK nuclear facilities on its own. 
A strike to nuclear facilities of the DPRK is the best military means in the opinion of the outside world. 
Firstly, the locations of DPRK nuclear facilities are fixed and known to the outside. 
Secondly, once the attack is launched, the DPRK’s nuclear weapons process will be permanently suspended. It has limited resources of nuclear materials and is strictly blockaded in the outside world, erasing the possibility for DPRK to get the materials again. 
Thirdly, nuclear weapons is DPRK’s trump card for its defiance of China and the United States. Once this card is lost, it will become obedient immediately. 
Finally, if DPRK's nuclear facilities are destroyed, they will not even fight back, but probably block the news to fool its domestic people. The DPRK will freak out if its nuclear facilities are destroyed. 
Second, “the DPRK must not fall into the turmoil to send a large number of refugees, it is not allowed to have a government that is hostile against China on the other side of the Yalu River, and the US military must not push forward its forces to the Yalu River.” 
This sentence is meant for the United States, because the premise of it is that the US military has launched attacks to the DPRK. We can understand it from two aspects. 
First, the 16th Group Army and the 39th Group Army of the Chinese PLA are both responsible for armed isolation of DPRK refugees. There is more than one such armed isolation zone which will not be laid exactly along the Sino-DPRK border, nor in China, but a few dozen kilometers from the border in the territory of DPRK. 
Second, the statement of “the US military must not push forward its forces to the Yalu River”, and that the US's ally Republic of Korea (ROK) must not push forward troops to the Yalu River as well is actually understood by the United States and ROK militaries that their troops will not encroach on the Yalu River. 
During the Korean War in the 1950s, the United States-led united army troops from multiple countries announced that the united troops would not advance the battlefront to the Yalu River, but would stop at 40 miles (64 kilometers) south of the Sino-DPRK border. They called this line MacArthur Line back then. 
The Global Times editorial also mentioned "it is not allowed to have a government that is hostile against China on the other side of the Yalu River." What does that mean? 
This is implying that once the US and ROK initiate the strikes, the Chinese PLA will send out troops for sure to lay the foundation for a favorable post-war situation. 
From this perspective, the Chinese PLA’s forward operations beyond Pyongyang, capital of DPRK, are for sure. 
China will not allow the situation in which areas north of the 38th Parallel are unified by the US and ROK. 
Now who do you think this editorial by Global Times is deterring? 
Disclaimer: The information, ideas or opinions appearing in this article are those of the author named Jin Hao from the Global Time and do not reflect the views of eng.chinamil.com.cn. Chinamil.com.cn does not assume any responsibility or liability for the same. If the article carries photographs or images, we do not vouch for their authenticity. 

Is North Korea nuclear crisis reaching a showdown? 
Source:Global Times Published: 2017/4/12 0:18:39

A new nuclear test or an intercontinental ballistic missile test, if conducted by Pyongyang at this time, will be a slap in the face of the US government and will intensify the confrontation between North Korea and the US.  
Presumably Beijing will react strongly to Pyongyang's new nuclear actions. China will not remain indifferent to Pyongyang's aggravating violation of the UN Security Council (UNSC) resolution.  
... 
More and more Chinese support the view that the government should enhance sanctions over Pyongyang's nuclear activities. If the North makes another provocative move this month, the Chinese society will be willing to see the UNSC adopt severe restrictive measures that have never been seen before, such as restricting oil imports to the North. Pyongyang's nuclear weapons program is intended for securing the regime, however, it is reaching a tipping point. Pyongyang hopes its gamble will work, but all signs point to the opposite direction.  
... 
Pyongyang should avoid making mistakes at this time.

CONFIRMAÇÃO

Como ontem noticiei: China pronta a invadir a Coreia do Norte, se for necessário...
China tells military to be ready to 'move' to North Korea border
By Elizabeth Shim  Contact the Author   |   April 12, 2017 at 9:27 AM 
April 12 (UPI) -- China has ordered its military to be on nationwide alert, in addition to areas near the North Korea border, as tensions escalate on the peninsula. 
The Information Center for Human Rights and Democracy, a nongovernmental organization in Hong Kong, said Beijing has ordered troops at all five military "regions" to maintain preparedness because of the situation in North Korea, according to Oriental Daily News in Hong Kong. 
According to the NGO, China's armored and mechanized infantry brigades in the provinces of Shandong, Zhejiang and Yunnan received the state mandate. 

Atualização: 12/4/2017 22:35 WET 

terça-feira, abril 11, 2017

Ninguém pergunta nada...



O próximo resgate


Se não travarmos a despesa pública e o estado partidário, se não pusermos na ordem as rendas excessivas da EDP e das PPP, um novo resgate é inevitável—especialmente se a diminuição dos estímulos do BCE conduzir a uma mais do que provável subida das taxas de juro, e se Trump continuar a provocar a Europa, atiçando o fogo e o terrorismo no Médio Oriente.

Até agora a transição democrática e a democracia que temos custaram 435,8 toneladas de ouro e três pré-bancarrotas seguidas de três resgates internacionais e três períodos de austeridade forçada.
  • Em 1971, o Banco de Portugal tinha 818,3 toneladas de ouro.
  • Queda da ditadura: 25 de abril 1974.
  • Situação pré-revolucionária: abril 1974-novembro 1975.
  • Vendas ouro entre 1976-1978: 172 toneladas.
  • Resgates: 1977 (Mário Soares), 1983 (Mários Soares), 2011 (José Sócrates) [video RTP]
  • Em 2001, o BdP tinha 606,7 toneladas.
  • Vendas de ouro entre 2001-2006: 224 toneladas.
  • Em Abril de 2012 o BdP tinha 382,5 toneladas.
  • O BdP não vendeu mais ouro desde 2006 porque, felizmente, está impedido de o fazer pelo BCE.
À grande destruição da poupança nacional e de capital somou-se um endividamento público e privado assustador.

A economia cresce mais devgar que o serviço da dívida pública, e o estado paquidérmico e corrupto que temos continua por reformar—pois é há muito a coutada da partidocracia instalada, da intelectualidade indigente e dos rendeiros do regime.

O Bloco Central Alargado (PS-PSD-CDS), mas também as esquerdas, falharam redondamente aos portugueses.

O futuro só não será mesmo negro se a a União Europeia sobreviver ao ataque americano, e reforçar as suas legítimas aspirações e desiderato.

Um buraco negro chamado Estado


Os governos são hoje grandes máquinas de lavagem automática de dinheiro de proveniência dissimulada. Dois casos bem conhecidos e de dimensão astronómica: a City de Londres e o Luxemburgo. Lavam tudo: dinheiro da droga, dos refugiados forçados a emigrar em direção à Europa, da exportação de armamento, explosivos e armas químicas, da Máfia, da Camorra, da rapaziada de Marselha, e dos políticos corruptos, da prostituição e do futebol.

Para esconder esta realidade os 'mass media' têm sido paulatinamente transformados em instrumentos de guerra psicológica. Veja-se o caso mais recente da operação Trump contra o estado sírio.

Brexit


O Brexit pode ter sido um tiro que vai sair pela culatra, reduzindo a uma espécie de náufrago os piratas de sua majestade. O império britânico morreu há muito, e a pantomima a que a pomposa elite britânica se dedica, em nada apagará o facto de a velha Albion ter dado um grande passo em direção à sua insignificância no dia em que resolveu apoiar-se na sua ralé e nos seus líderes populistas para defender a sua City e os seus paraísos fiscais, julgando que assim e uma vez mais dividiria o continente europeu. Este artigo mostra que a reação dos europeus, ingleses e não ingleses, vai na direção de um reforço da União Europeia e do seu espírito democrático e culturalmente aberto. Trump, Le Pen, Erdogan, Boris Johnson, e os indígenas do PCP e do Bloco, entre outros, acabam de dar um safanão à utopia europeia que, parece, acordou para a sua excecionalidade histórica.

A Espanha, que vai ocupar o lugar dos Ingleses no diretório europeu, força a Alemanha a olhar para a Península Ibérica com outros olhos.

A leste e no Médio Oriente a balbúrdia que convém à Internacional Terrorista promete continuar.

Enquanto durar a carnificina no Leste no Médio Oriente e norte de África muito dinheiro voará para Portugal e Espanha. Se ao menos os indígenas soubessem aproveitar positivamente a desgraça alheia...