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quarta-feira, março 28, 2012

Mais impostos, não!

Manif. "Geração à Rasca", 12 março 2011
Foto: ©OAM

Impostos menos pesados, mais transparentes e melhor aplicados, e menos burocracia, são vias mais decisivas para gerar novos empregos, do que despejar dinheiro sobre os problemas —por exemplo, disfarçando o desemprego com formações fictícias, ou atirando os jovens contra o emprego sénior.

por ANTÓNIO CERVEIRA PINTO

Precisamos de diminuir drasticamente a complexidade e os custos de contexto da atividade económica, começando por uma diminuição dos encargos, e pela simplificação de processos inerentes aos inícios de atividade profissional e empresarial dos jovens.

Num artigo recente de Tyler Durden (ZeroHedge) é colocada uma hipótese extraordinária sobre a provável causa de tanto desemprego, falta de emprego e perda de rendimentos médios entre os jovens americanos. Resumindo, a causa deste bloqueio seria o bem-estar acumulado e excessivamente protegido dos baby boomers, uma geração nascida sensivelmente entre 1946 e 1954-56, que protagonizou algumas das batalhas mais entusiásticas do século 20, contra a guerra, contra o colonialismo e o racismo, pelos direitos das minorias, e por uma redistribuição fiscal da riqueza por forma a promover e garantir a existência de uma sociedade de bem-estar mais justa e mais livre do que todas as que a antecederam.

O resultado de todo este entusiasmo e generosidade ideológica, que os filmes Easy Ryder, American Graffiti e The Big Chill tão bem retratam, foram sociedades de consumo cada vez mais egocêntricas e endividadas, de onde a juventude (sobre-explorada) tem vindo a ser paradoxalmente excluída.
Em 1984, na América, o rendimento líquido médio anual dos  jovens com trinta e cinco anos ou menos era de aproximadamente de 11.500 dólares. Já as pessoas com sessenta cinco anos ou mais recebiam anualmente e em média algo mais do que 120 mil dólares. Em 2009, porém, a situação encontrava-se completamente deteriorada: os jovens até trinta e cinco anos ganhavam anualmente e em média 3.662 dólares, enquanto as gerações com mais de sessenta e cinco anos recebiam anualmente e em média  mais de 170 mil dólares. Desconheço a situação na Europa e em Portugal, mas desconfio que não andará muito longe desta calamidade — atendendo à evolução no mesmo sentido do desemprego jovem.

Dollar figures adjusted for inflation, into 2010 dollars; Source: PEW RESEARCH CENTER

Keynesians may say that this reflects a government’s failure to create jobs for young people. They claim that the problem is that there is not enough money circulating in the economy, and that government can “raise demand” by pumping out more cash. But there is plenty of money in the economy; so much money that Apple have built up a $90 billion cash pile. So much that China has built up a $3 trillion cash pile. So much that banks are holding $1.6 trillion in excess reserves below fractional lending requirements.

More likely is the reality that overregulation and barriers to entry preventing the unemployed from picking up the slack in the jobs market. As John Stossel reveals in a recent documentary film,  in New York City it costs $1 million to get a licence to drive a taxi. Anyone who wishes to operate a food cart, or run a lemonade stand has to traverse reams of bureaucracy, acquire health and safety certificates, and often pay huge fees  to receive the “necessary” accreditation. While some barriers to entry are necessary (e.g. in medicine), in other fields it is just an unnecessary restraint on useful economic activity. In many American cities it is now illegal even to feed the homeless without government certification and approval. Citizens who defy these regulations face fines, arrest, and even imprisonment.
The Chart of The Decade, by Tyler Durden.

Não é deitando mais dinheiro virtual sobre a economia estagnada, nem aumentando as dívidas dos governos, das empresas e das pessoas, nem é sobretudo elegendo bodes expiatórios (neste caso, os baby boomers), que evitaremos o agravamento em curso da situação. Terá que haver outra maneira e outras soluções!

Ao longo dos últimos duzentos anos as populações fugiram dos campos para as fábricas e cidades. Depois procuraram ver-se livres das cadeias industriais, exportando-as para os países mais pobres e menos democráticos, dedicando-se a trabalhos mais leves e aumentando progressivamente o tempo disponível para o prazer e, do ponto de vista da economia, para a criação de serviços e o consumo.
O esquema começou a romper-se à medida que a divisão internacional do trabalho deu lugar a uma deterioração crescente das balanças comerciais das antigas potências coloniais, seja porque começaram a importar cada vez mais energia e bens transaccionáveis, seja porque foram exportando indústrias e cadeias de valor inteiras para outras partes do mundo, com as quais estabeleceram acordos de livre circulação de mercadorias e de investimentos. Esta situação acabaria por revelar-se insustentável, não tanto pelo lado dos investidores e especuladores, que continuaram a poder acumular legalmente mais-valias de todo o género, e ainda lucros excessivos, mas sobretudo pelo lado das pessoas e dos seus governos — que foram sendo paulatinamente expropriados!
A situação a que o mundo chegou não poderá continuar como está por muito mais tempo. Se nada for feito, de radical e criativo, o colapso das economias e das sociedades, com o consequente retrocesso civilizacional e cultural dos povos, será tão certo quanto trágico. Quanto tempo mais poderemos esperar antes de agirmos contra este desastre anunciado?

Atacar o gravíssimo problema do desemprego e da falta de emprego entre os jovens com menos de trinta e cinco anos é uma prioridade absoluta, que tem que ser levada a sério por todas as forças políticas e sociais, com o apoio da inteligência criativa das universidades, dos gabinetes técnicos governamentais e de novas instâncias de poder democrático deliberativo — que não existem e que devem ser criadas desde já. Para este lado da democracia deveria caminhar a reforma autárquica do país, o que não tem sido o caso, prisioneira que está da inércia burocrática e dos privilégios de quem domina institucionalmente boa parte do país.

É preciso criar um período e carência fiscal para todos os jovens que se iniciam nas suas profissões, ou que começam uma empresa. Estarão os partidos que temos, dispostos a discutir esta proposta?


NOTA: este texto foi originalmente publicado no blogue do Novo Partido Democrata (NPD)

quinta-feira, janeiro 26, 2012

Corrida de lémures

Quem quer escapar ao precipício? 

Família de lémures. Foto © AFP

Recebi um elucidativo artigo sobre a matemática da crise actualmente em curso, que junto na íntegra ao meu comentário.

Concluo da sua leitura o seguinte:
  1. Tornar a Europa competitiva significa, de acordo com Thambapillai, deflação e desemprego estrutural — certo?
  2. Mas o problema é que se todos entrarem neste corrida de lémures para o abismo —depois do Japão, a China, os EUA, e agora a Europa— o que é que sobra?
  3. Talvez alguém se lembre, antes de esta década chegar ao fim, e entre os mais atingidos por este suicídio em massa —os países mais pobres, populosos e jovens do planeta— de responder com uma guerra, simultaneamente assimétrica e simétrica!
  4. Será isto que os piratas anglo-americanos andam a preparar? Quem lhes garante que se sairão oura vez impunes de mais um morticínio à escala global?
  5. É melhor começar a chamar os burros pelos nomes!

What is meant (in monetary policy) by the ‘zero lower bound problem’?
 By Ravin Thambapillai

tldr;
The zero lower bound problem is when the Central Bank wants to set the interest rate to be negative, but can't, because otherwise people would withdraw all their money from banks and just hold cash. Because the central bank can't choose its preferred interest rate, you get unemployment and disinflation, or worse, deflation.

The Zero Lower Bound problem is the problem that if the equilibrium interest rate falls below 0, the economy can fall into a self perpetuating slump, which can take an unusually long time to get out of.

Firstly:
1. The interest rate cannot go below 0 because if it did, those holding bank deposits might simply withdraw their deposits and hold the money as cash (which earns 0 nominal return, as opposed to a negative nominal return, which bank deposits would be earning).

Secondly:
2. The interest rate equilibriates inflation and unemployment. That is, if inflation is too high, raising the interest rate will bring it down. If unemployment is too high, lowering the interest rate will bring that down.

The Central Bank sets the interest rate according to a very complicated version of an equation that is effectively this (called the Taylor Rule):



i is the interest rate,
pi is the inflation rate
r is the real interest rate, or i - pi
a is just some coefficient that reflects how much you dislike excess inflation and excess unemployment (it can be any number but should be above 0, since excess is by definition too much)
the * represents "what this variable would be in the ideal economy
y is output/employment
y bar is output/employment in the ideal economy (you can have too much output, if that output starts causing unwanted inflation).
the t is basically irrelevant, but means "at time t"

(This equation says the interest rate should be set to the interest rate at equilibrium, plus some amont to adjust for unwanted inflation, minus some amount to adjust for unwanted unemployment).

Now
Imagine you have the following scenario:
Unemployment is high, so
is negative

inflation is below the target amount or equal to it (central banks tend to target about 2% inflation) so

is also negative or 0.
We can therefore conclude, that the optimal interest rate must satisfy:
now, by definition:

So:

But assuming

then you get that

 
But, we've already said this is impossible (its point 1 in this exposition), so in other words, the central bank cannot set an interest rate low enough to achieve equilibrium in the economy.

The consequence of this is that the interest rate must get set at best at 0, which is too high, and prevents the economy from achieving equilibrium employment. The economy therefore cannot achieve/restore full employment. Instead grinding disinflation or worse deflation and low employment continues, until eventually the country's prices have fallen so far that its exports look very cheap and it finds international markets for its goods.
in Quora 

Actualização: 26 jan 2012 14:16

quinta-feira, julho 21, 2011

Pobre América!

Caro Nuno Crato, veja isto, e pense bem!



College Conspiracy é um documentário tendencioso da National Inflation Association, mas não deixa de ser um fresco impressionante sobre a agonia de um império mergulhado na espiral auto-destrutiva da ganância e da corrupção — os Estados Unidos. Portugal e a Europa ao pé do que este documentário revela são meninos e meninas de coro.

Portugal precisa de ver e discutir este documentário, sobretudo agora. Vamos ter que pagar as nossas colossais dívidas! Para o podermos fazer teremos inevitavelmente que diminuir o tamanho da despesa pública e aliviar a sociedade da presença excessiva, burocrática e tutelar do Estado no tecido intersticial das nossas vidas.

Mas para caminharmos rapidamente para um Estado económico, eficiente, estratégico, mas não intrusivo, nem paternalista, precisaremos de diminuir a despesa em três áreas cruciais: a segurança social, a saúde e a educação :(

Claro que se deve privatizar a RTP quanto antes, pois não faz qualquer sentido termos hoje uma televisão pública. Claro que temos que parar imediatamente o maior número de PPP que for possível, sem permitir ao mesmo tempo que o país se veja forçado a pagar indemnizações criminosas. Claro que temos que deixar de financiar com os nossos impostos fundações que, como o próprio nome indica, só fazem sentido se tiverem fundos próprios. Claro que deveríamos engavetar uma dúzia e meia de piratas especialmente responsáveis pela bancarrota do país.

Mas nada disto, a médio e longo prazo, permitirá restaurar as finanças públicas actuais na direcção da sua sustentabilidade se, ao mesmo tempo, não conseguirmos imaginar um modo muito mais barato, transparente e eficaz, de cuidar das pessoas na doença e na velhice; de evoluirmos para uma medicina mais preventiva e menos enfeudada ao diagnóstico caro, às intervenções cirúrgicas por tudo e por nada, e à intoxicação farmacológica; e de reformar de cima abaixo os sistemas de aprendizagem.

A Europa não deve perder o estado social, mas para o salvar terá que agir depressa, bem, e com a necessária firmeza. É preciso cortar pelo menos 30% nos orçamentos da segurança social, saúde e educação até ao fim desta legislatura! Como fazer semelhante cirurgia sem matar o doente, é o grande e irrecusável desafio do actual governo. Desejo aos novos ministros as maiores felicidades — e já agora faço-lhes uma sugestão: criem três campos experimentais dedicados ao futuro do estado social nos capítulos da segurança social, da saúde e da educação. E convoquem para tal os melhores investigadores europeus da especialidade.

O maior desperdício das vossas breves passagens pela governação ao mais alto nível será perderem demasiado tempo a falar aos deputados. São estes que têm que dar muitas e muitas explicações ao país, e não quem acaba de chegar com vontade de recuperar o país do pântano para onde o atiraram.

domingo, outubro 24, 2010

O dilema

Cortar nos vencimentos da Administração Pública, ou aumentar impostos?

Que é preferível: baixar os vencimentos da Administração Pública, do sector empresarial do Estado, e das entidades e associações subsidiadas pelo Estado, em 30%, fazendo um ajustamento instantâneo da despesa ao estilo de vida que podemos suportar, ou aumentar os impostos, aumentando, por exemplo, o IVA, para 23%, 24% ou mesmo 25%?

Em ambos os casos trata-se de substituir a desvalorização impossível da nossa moeda (o euro) pela diminuição instantânea do nosso poder de compra, e por conseguinte das importações, o que vem a dar em algo parecido.

A diferença entre uma solução e outra é basicamente esta:
  1. como o sector privado ajusta continuamente os salários à procura de emprego (quanto mais esta cresce, mais os salários diminuem...), estes têm vindo a baixar paulatinamente de há uns anos a esta arte, e continuarão a descer, sendo já hoje claramente inferiores, em média, aos vencimentos pagos directa ou indirectamente pelo Estado, isto é, pelos impostos, taxas e outras cobranças por serviços públicos prestados...
  2. se nivelarmos os vencimentos da Administração Pública e entidades, organismos e associações dependentes do Orçamento de Estado, para valores próximos dos salários reais do sector privado, haverá uma mais justa distribuição da riqueza disponível, e dos sacrifícios, sendo que os funcionários públicos continuarão a gozar de vantagens comparativas face ao sector privado, nomeadamente no que toca a esse bem precioso e cada vez mais escasso, chamado estabilidade e durabilidade da relação de emprego;
  3. porém, se aumentarmos o IVA e outros impostos e taxas, seguindo uma espiral de pilhagem fiscal dos contribuintes, afectar-se-à de forma desigual os rendimentos individuais e familiares, além de tornar instantaneamente a economia portuguesa menos competitiva. Exportaremos menos, dezenas de milhar de empresas irão à falência (com o consequente aumento do desemprego duradouro), e a nossa dívida externa, em suma, continuará a crescer.
Qualquer das soluções será dolorosa para os assalariados deste país, com particular incidência nas classes médias urbanas, cujo empobrecimento relativo se acentuará rapidamente. Continuar como estamos é, porém, impossível, pois os credores fecharam a torneira dos empréstimos. A possibilidade de uma suspensão de pagamentos por parte do Estado português é cada vez mais verosímil. Em que ficamos? Qual é a sua preferência?

sábado, fevereiro 27, 2010

Portugal 166



Mudar de paradigma

Financial Crisis: What if Carnage Is Structural, Not Cyclical?
February 21, 2010
Michael Panzner

Throughout the financial crisis, policymakers have focused on keeping things afloat until the storm passes. They've spent vast sums of taxpayer funds trying to jumpstart growth until the economy is back on track. They've encouraged people to keep the faith until businesses start hiring again.

But what happens if all those "untils" turn out to be wide of the mark? What if the carnage we've experienced so far is structural, not cyclical? If that's the case, then Americans are going to find that instead of experiencing better times ahead, they are going to be much worse off than they were -- or are. — in Seeking Alpha.

A Revolução Industrial tirou e continua a tirar dos campos (agora sobretudo na Ásia) milhares de milhões de agricultores e camponeses, provocando o aparecimento de uma malha cada vez mais densa de sociedades urbanas por todo o planeta. A invenção dos aparelhos mecânicos e electromecânicos, movidos a água, vapor, electricidade, ou por efeito da explosão de gases comprimidos, alimentado-se todos eles de energia maioritariamente oriunda do carvão, petróleo, gás natural, barragens (e mais recentemente, do álcool, do biogás, do vento e do Sol) conduziu a um aumento exponencial da produtividade, nomeadamente no crítico sector da produção e segurança alimentares. O regresso a uma agricultura baseada no esforço físico humano e em animais de transporte, carga e tracção, parece-nos hoje impensável. Só mesmo no quadro de um esgotamento irremediável das fontes energéticas abundantes que o homem vem utilizando intensamente e transformando desde finais do século 18, poderíamos antever a perspectiva enigmática de um tal retrocesso.

Mas este mesmo avanço tecnológico, com os sempre almejados ganhos de produtividade que marcaram simultaneamente a evolução das máquinas e das formas de organização do trabalho industrial, a par da procura de uma maior proximidade das matérias primas e de contingentes de mão-de-obra assalariada socialmente menos exigente e mais barata, conduziu-nos, porém, a uma nova vaga de desertificação profissional — desta vez, nas cidades, e sobretudo nas imensas cinturas industriais que foram crescendo como cogumelos e rizomas em toda a Europa, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. A crise social daqui resultante provocou, a partir do início da década de 70 do século passado, o crescimento de uma vasta burocracia letrada, associada a um crescimento exponencial do sector de serviços, por sua vez envolvido na expansão e diversificação do consumo. O consumo cultural e os sistemas de bem-estar social, onde predominam as áreas da educação, saúde e protecção social (na doença, no desemprego e na velhice), fizeram dos serviços públicos e privados o grande herdeiro, em termos de emprego e crescimento, das economias camponesa e industrial.

The Long-Term Employment Bust
Feb 18, 2010
David P. Goldman

High levels of unemployment may last indefinitely. A number of economists (including this writer) have been warning about permanent joblessness, and the idea is now seeping into popular magazines.

More than 8 million American jobs were lost since 2007, based on the most recent revision of the overall job count of U.S. establishments. But that is not the worst of it, because the establishment survey fails to capture smaller businesses and the self-employed. By the Bureau of Labor Statistics’ broadest measure of unemployment, including the forced part-time workers and so-called discouraged workers, the unemployment rate rose to 17 percent from 8 percent before the recession. — in First Things.

Os agricultores, camponeses e pescadores transformaram-se em patrões de indústria e operários, e estes, no ciclo seguinte, em especuladores financeiros, burocratas (funcionários públicos e operadores de serviços), e consumidores (cinéfilos, turistas, etc.) A transformação subsequente, que começou na década de 1980 e atinge agora uma fase de aceleração dramática, levou já a um novo e espectacular aumento da produtividade tecnológica do trabalho, com a consequente libertação de energia humana.

Até agora, este tipo de libertação social do trabalho deu origem a períodos dramáticos de desemprego, a que se seguiram períodos de criação em larga escala de novas formas de trabalho humano tecnologicamente assistido, e melhores condições de vida. A prova disto mesmo é o crescimento demográfico e o aumento da esperança de vida dos humanos ao longo de todo o século 20, apesar das mortíferas guerras que, por outro lado, caracterizaram a economia industrial ao longo dos últimos 200 anos — na sequência das revoluções políticas, sociais e tecnológicas desencadeadas pela criação dos Estados Unidos da América (1776), pela Revolução Francesa (1789) e pela invenção da máquina a vapor (1790.)

Até ao aparecimento e disseminação do computador pessoal (início da década de 1980) e da Internet (início da década de 1990) a humanidade concentrou-se sobretudo na evolução e expansão das suas capacidades físicas de transformação material da realidade, de mobilidade e de projecção de forças. As tecnologias resultantes da imaginação científica e da criatividade narrativa e formal serviram pois para modelar um super-homem essencialmente metálico. Esta evolução teve, porém, várias consequências desastrosas: exaustão de recursos naturais não renováveis; destruição progressiva de ecossistemas essenciais à manutenção da vida terrestre (que, sabemos hoje, é em si mesma um grande organismo simbiótico); e transformação do animal humano num consumidor insaciável de bens que cada vez menos produz directamente e sobre os quais foi perdendo o direito de propriedade (o crédito universal tornou-se no mais invasivo, pernicioso e eficaz estratagema de expropriação maciça dos povos.)

Os cenários sombrios que prevêem o prolongamento da civilização humana através de um paradigma radicalmente novo e inesperado —a eliminação programada de uma parte substancial da humanidade— derivam das próprias projecções económicas do esgotamento dos modelos de sociedade baseados no trabalho humano. Uma debulhadora mecânica expulsa o camponês dos campos, tal como o robô expulsa o operário da fábrica, tal como os computadores em rede dispensarão progressivamente boa parte dos burocratas, médicos e enfermeiros, professores e investigadores actuais.

Ao exteriorizarmos em máquinas e redes interactivas crescentemente sofisticadas a realização dos movimentos físicos, transformações e operações mentais necessários aos sistemas de suporte de vida adequados à nossa espécie e ao respectivo estado cultural, ficamos basicamente com tempo livre que, no Capitalismo conhecido, ninguém quer comprar! Dito doutro modo: um número reduzido de humanos poderá, num futuro próximo (30 a 100 anos), concentrar nas suas mãos o controlo neural, à escala planetária, da totalidade dos meios de produção e das regras de sociedade.

Que se fará então do tempo humano disponível, mesmo tendo em conta que a seguir ao actual pico demográfico se seguirá uma contração brutal do número de humanos à face da Terra? O ajustamento demográfico, nomeadamente em nome de novos e radicais patamares de sustentabilidade  —como prevê a chamada Teoria de Olduvai— que preço terá?

 
Dados referentes aos EUA.

Enquanto a lógica do Capitalismo assentou no crescimento do PIB mundial —para o que foi necessário inventar a globalização e virtualização dos mercados financeiros, e a liberalização do comércio mundial—, ocorreu um fenómeno curioso: os países mais ricos começaram a crescer sobretudo pelo lado do consumo (e do endividamento), à medida que os países mais pobres cresciam por importação dos modelos produtivos e de exploração do trabalho humano entretanto esgotados nos países mais desenvolvidos, fazendo a sua própria transição económica (da agricultura para indústria, e desta para os serviços...) A deterioração das balanças comerciais entre consumidores e produtores foi crescendo silenciosamente ao longo dos últimos 40 anos, até atingir o actual ponto de ruptura. Quando a China exige —como acaba de exigir— a transferência de patentes, de marcas, de conhecimento e da própria investigação, para o seu território, em troca do prolongamento da aquisição maciça da dívida americana, e assistimos, por outro lado, ao esvaziamento da gigantesca bolha de endividamento privado e público dos Estados Unidos, Canadá e Europa, percebe-se facilmente que, muito possivelmente, a civilização humana se encontra à beira de uma dramática mudança de paradigma.

US Companies Required to move Research Centers to China
Feb 18, 2010 01:14 AM
Howard Richman

On January 29, nineteen trade groups including the U.S. Chamber of Commerce and the National Association of Manufacturers sent a letter to U.S. Government officials about China's new requirement that they move their research and development centers to China as a condition for doing business with the Chinese government. — in Seeking Alpha.

A expansão do conhecimento, combinada com uma desmaterialização progressiva dos processos de felicidade e a concentração/expropriação radical da propriedade privada, permite antever uma redução em massa dos activos humanos improdutivos e economicamente insuportáveis — não necessariamente através do extermínio violento das populações, mas antes recorrendo a processos indirectos e suaves de redução demográfica selectiva. A automação inteligente dos processos produtivos levada ao extremo dispensará boa parte da mão de obra humana actual. Mantê-la apenas como destino final da produção foi o modelo experimentado ao longo dos últimos 40 anos. Os limites deste modelo, chamado erradamente pós-industrial, estão agora à vista, sobretudo pela evidência da destruição de recursos e alterações nocivas aos equilíbrios ambientais do planeta que causou.

The End of Work

In 1995, Rifkin contended that worldwide unemployment would increase as information technology eliminates tens of millions of jobs in the manufacturing, agricultural and service sectors. He traced the devastating impact of automation on blue-collar, retail and wholesale employees. While a small elite of corporate managers and knowledge workers reap the benefits of the high-tech world economy, the American middle class continues to shrink and the workplace becomes ever more stressful. — in Wikipedia.

A indecisão que actualmente paralisa governos, partidos políticos e decisores em geral —bem à vista, por exemplo, na incapacidade revelada pelos directórios da União Europeia na resolução do problema do endividamento soberano de países como a Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal — é a prova provada de que o que está em causa não é uma qualquer crise cíclica do Capitalismo, mas uma verdadeira avaria sistémica deste modo de exploração. O simples facto de a 26 de Fevereiro não termos ainda em Portugal um Orçamento de Estado aprovado, nem se vislumbrar o que vai ser o famoso Programa de Estabilidade e Crescimento, mostra até que ponto vai a impotência e o medo populista dos principais protagonistas do exausto regime político que temos desde 1975. Os decisores financeiros e políticos meteram, pura e simplesmente, a cabeça debaixo da areia, e esperam que a crise passe. Mas não vai passar. Ou não vai passar sem a adopção de medidas extremas. Ou irá levar duas décadas a atenuar o impacto destruidor do buraco negro criado pelo mercado de derivados financeiros — o qual tem um valor nocional equivalente a 4x a riqueza total produzida no mundo, e 9x o PIB mundial. Quando esta e a próxima década tiverem passado, o mundo será certamente outro.

Em 1516 Tomás Moro escreveu a Utopia, num mundo que iniciava então profundas mudanças tecnológicas, económicas, sociais e culturais. Todos sabemos o que lhe custou o silêncio perante as dúvidas e interrogações insistentes de Henrique VIII. Mas pouco saberão, ou se lembrarão, que o personagem chave de um dos principais tratados da modernidade (a par da Divina Comédia, de Dante, e do Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdão) é um viajante lusitano, de nome Raphael Hythlodaeus. Como era costume à época (1), os sub-textos eram frequentemente tão ou mais importantes do que os textos. No caso, Utopia significa simultaneamente um não-lugar (Οὐτοπία) e um lugar afortunado (Εὐτοπία), ao passo que o nome do viajante português —culto no Latim, mas excelso na língua Grega—, por sua vez, mistura o apelido Hythlodaeus —que em grego [Υθλοδαιος] significa pessoa que diz coisas sem sentido (2)— com o nome Raphael, que na tradição hebraica é o mensageiro de Deus, e significa literalmente "Deus cura". Esta ambiguidade permite uma multiplicidade de derivas e interpretações de uma obra que é sobretudo uma crítica da Política, na sua dupla face, pragmática e populista. "Deus fala por linhas tortas" é uma maneira de afirmar que a Razão, para tê-la, necessita de contraditório, de risco e de uma ponta de imaginação e loucura! Em especial quando as metamorfoses se aproximam, é preciso mostrar o que pode existir para lá da realidade gasta dos dias. Um passo no desconhecido? Sim.

A evocação da Utopia de Tomás Moro tem aqui uma dupla intenção: recordar a nossa velha condição de emigrantes e aventureiros —que a crise profunda actual voltará a incentivar—, e retomar, ainda que de passagem, dois pontos especialmente interessantes e actuais na perspectiva da gestão da crise social que se aproxima como verdadeira tempestade, mas também da necessidade de fundar e promover uma aproximação criativa a mais uma metamorfose cultural da espécie humana, que já começou, mas que ainda não encontrou um novo paradigma de futuro.

As duas citações da edição de Harvard da Utopia, que a seguir transcrevo, correspondem sucessivamente à descrição do personagem Raphael e da sua breve aventura, e a uma parte do discurso deste contra a pena de morte por delitos menores (no caso o roubo a que os pobres e miseráveis se dedicam quando lhes falta o pão.)

Sir Thomas More (1478–1535).  Utopia.
The Harvard Classics.  1909–14.

The First Book

The First Book of the Communication of Raphael Hythloday, Concerning the Best State of a Commonwealth

Upon a certain day when I had heard the divine service in our Lady’s church, which is the fairest, the most gorgeous and curious church of building in all the city and also most frequented of people, and, the service being done, was ready to go home to my lodging, I chanced to espy this foresaid Peter talking with a certain stranger, a man well stricken in age, with a black sunburned face, a long beard, and a cloak cast homely about his shoulders, whom by his favour and apparel forthwith I judged to be a mariner. But when this Peter saw me, he cometh to me and saluteth me.

He should have been very welcome to me, said I, for your sake.
Nay (quoth he) for his own sake, if you knew him: for there is no man this day living, that can tell you of so many strange and unknown peoples, and countries, as this man can. And I know well that you be very desirous to hear of such news.

Then I conjectured not far amiss (quoth I) for even at the first sight I judged him to be a mariner.

Nay (quoth he) there ye were greatly deceived: he hath sailed indeed, not as the mariner Palinure, but as the expert and prudent prince Ulysses: yea, rather as the ancient and sage philosopher Plato. For this same Raphael Hythloday (for this is his name) is very well learned in the Latin tongue: but profound and excellent in the Greek tongue. Wherein he ever bestowed more study than in the Latin, because he had given himself wholly to the study of philosophy. Whereof he knew that there is nothing extant in the Latin tongue that is to any purpose, saving a few of Seneca’s, and Cicero’s doings. His patrimony that he was born unto, he left to his brethren (for he is a Portugal born) and for the desire that he had to see, and know the far countries of the world, he joined himself in company with Amerigo Vespucci, and in the three last voyages of those four that be now in print and abroad in every man’s hands, he continued still in his company, saving that in the last voyage he came not home again with him. For he made such means and shift, what by entreatance, and what by importune suit, that he got licence of master Amerigo (though it were sore against his will) to be one of the twenty-four which in the end of the last voyage were left in the country of Gulike. He was therefore left behind for his mind sake, as one that took more thought and care for travelling than dying: having customably in his mouth these sayings: he that hath no grave, is covered with the sky: and, the way to heaven out of all places is of like length and distance. Which fantasy of his (if God had not been his better friend) he had surely bought full dear. But after the departing of master Vespucci, when he had travelled through and about many countries with five of his companions Gulikians, at the last by marvellous chance he arrived in Taprobane, from whence he went to Caliquit, where he chanced to find certain of his country ships, wherein he returned again into his country, nothing less than looked for.

...

It chanced on a certain day, when I sat at his table, there was also a certain layman cunning in the laws of your realm. Which, I cannot tell whereof taking occasion, began diligently and busily to praise that strait and rigorous justice, which at that time was there executed upon felons, who, as he said, were for the most part twenty hanged together upon one gallows. And, seeing so few escaped punishment, he said he could not choose, but greatly wonder and marvel, how and by what evil luck it should so come to pass, that thieves nevertheless were in every place so rife and rank. Nay, sir, quoth I (for I durst boldly speak my mind before the Cardinal), marvel nothing hereat: for this punishment of thieves passeth the limits [of] justice, and is also very hurtful to the weal public. For it is too extreme and cruel a punishment for theft, and yet not sufficient to refrain men from theft. For simple theft is not so great an offence, that it ought to be punished with death. Neither there is any punishment so horrible, that it can keep them from stealing, which have no other craft, whereby to get their living. Therefore in this point, not you only, but also the most part of the world, be like evil schoolmasters, which be readier to beat, than to teach their scholars. For great and horrible punishments be appointed for thieves, whereas much rather provision should have been made, that there were some means, whereby they might get their living, so that no man should be driven to this extreme necessity, first to steal, and then to die.

Edição de 1909-14 - The Harvard classics, edited by Charles W. Eliot. Published by New York: P.F. Collier & Son, 1909–14. (Link) Edição em Latim aqui.

Reler este clássico, cruzando as suas ideias impensáveis com, por exemplo, as propostas e estudos recentes em volta da criação e generalização de um Rendimento Básico Universal (Basic Income), bem mais avançadas do que as versões tímidas e sem visão dos nossos Rendimento Mínimo Garantido e Rendimento de Reinserção Social, será certamente um bom exercício de preparação para uma abordagem visionária e estruturante dos inúmeros bloqueios que agora mesmo afligem todos os decisores políticos responsáveis, e uma boa parte dos intelectuais mais atentos.

Termino pelo ponto de partida deste artigo, que só agora exponho, e que foi este: imaginar o que sucederia se todas os 10 627 250 pessoas que constituem a população portuguesa (INE 2008) recebessem um Rendimento Básico Universal, independentemente da sua idade, sexo, situação laboral e nível de riqueza, na ordem dos 150 euros/mês — ou seja, 5 euros/dia. A despesa orçamental seria de 15.940.875.000 euros, ou seja, qualquer coisa como 1/5 da despesa total prevista para este ano (81.216.000.000/ OE2010), quase 3 mil milhões de euros menos do que a despesa prevista com o pessoal das Administrações Públicas (18.680.000.000), e menos de metade do dinheiro que o Estado português tenciona pedir emprestado este ano ao estrangeiro (sob a forma de emissões de títulos de dívida altamente onerados) para financiar o descontrolado endividamento do país (3). Que sucederia?

É certo que um cenário como este iria colocar inúmeros problemas. Mas será que tais problemas seriam menos virtuosos e estrategicamente menos interessantes do que os movimentos browniano das baratas tontas que actualmente deveriam dar respostas credíveis aos problemas —e não dão


Post scriptum — A brilhante palestra de Ken Robinson vem na linha do pensamento lateral que temos que por em marcha se quisermos atacar frontalmente e com alguma probabilidade de êxito o impasse sistémico a que chegámos. Por maior que seja a blasfémia, a verdade é que o edifício educativo ocidental está a ruir por dentro e vai ser preciso reformar profundamente o conceito de educação, começando por um novo entendimento da sua natureza e aplicação nas sociedades tecnologicamente avançadas. Ao contrário do que afirma Medina Carreira, o problema da Educação não é de disciplina, mas de excesso de despesa e estatização bolchevique.


NOTAS
  1. Recorri a esta transcrição de C.A. Patrides para melhor situar as características da personagem central da Utopia, cuja traduções apressadas por vezes simplificam em demasia:
    "Raphael Hytlhloday" is among the most elaborate scholarly jokes of the Renaissance. The Hebraic "Raphael" represents the messenger of God and literally means "God heals", while "Hythloday" transliterates the Greek [Υθλοδαιος] or "speaker of nonsense". In effect, then, the full name could be said to suggest one who is meant to heal but, incapable of doing so, dispenses nonsense instead. But an even more remarkable pun, this time trilingual, would reverse the judgment in Hythloday's favor: "God heals [Hebr., Raphael] through the nonsense [Gr., hythlos] of God [Lat., dei]". Whether actual or presumed, etymological expertise of this order underlines that we are to credit the existence of No-place as related by a man essentially called No-sense. But it underlines More's achievement too, in that w are soon embroiled in the nonexistent political and social structure of No-place, and allow more sense to No-sense than even common sense aloows we should. in "The ills of the body politic", Figures in a Renaissance context, By C.A. Patrides.
  2. Ou vendedor de sonhos, contador de rábulas, vendedor ambulante, mexeriqueiro, bufarinheiro, mascate.
  3. Uma contração instantânea da despesa pública nos sectores das Finanças e Administração Pública (OE2010/ 1.282.800.000), Educação (OE2010/ 7.344.000.000) e Saúde (OE2010/ 9.183.000.000) na ordem dos 30% permitiria libertar 8.806.500.000 de euros para o Rendimento Básico Universal (RBU). Levar a cabo um verdadeiro e urgente programa de eficiência energética à escala nacional, não só criaria emprego durante uma década e meia, como permitiria uma poupança de 30% da nossa factura energética, que foi em 2008 (DGEG) de 6.484.000.000 de euros, parte substancial da qual poderia ser aplicada no RBU. E assim por diante. Será sempre um exercício orçamental, e sobretudo político, complexo, mas não impossível. Como propõe Lester R. Brown, o ponto de partida é aplicar à actual emergência económica. financeira e social, regras semelhantes às de uma economia de guerra.


 OAM 691 — 26 Fev 201002:18 (última actualização: 01 Mar 2001 01:38)

sexta-feira, novembro 20, 2009

Portugal 140

Precisamos de refazer a economia interna!

Urinol seco da Waterless
Urinol seco da Waterless

By the end of 2010, most... Western countries will have to significantly raise taxes in order to avoid public finance from going bankrupt. All present speeches and projects about stabilizing or lowering taxes will last what can last unkeepable promises suggested by political cowardice and/or blind ideology: very little time. Instead of that, the State will be back in people’s pockets.

... If companies cannot provide the money that the State needs, then the State will get it into the consumer’s pocket. No ideology there, just a « cold monsters’ » survival reflex. — in Global European Anticipation Bulletin (November)

Com crescimento zero e desemprego a caminhar para os 15% ou 20%, deixará de haver dinheiro para financiar o Estado. Se este persistir na via do terrorismo fiscal (ao som da pandeireta do Bloco de Esquerda), mais empresas fecharão a porta e a bancarrota de Portugal será uma questão de anos — poucos!

O INE acabou de publicar os dados do desemprego relativos ao 3º Trimestre de 2009. E esses dados mostram que a situação é pior do que aquela que o governo e os seus defensores pretendem fazer crer, e que as medidas tomadas pelo governo são claramente insuficientes,

No 3º Trimestre de 2009, o desemprego oficial atingia 547,7 mil portugueses. Mas o desemprego oficial não inclui a totalidade dos desempregados. No número oficial de desemprego, não estão incluídos aqueles, que embora na situação de desemprego, não procuraram emprego no mês em que foi feito o inquérito, por estarem, por ex., desencorajados. E também não estão considerados no número oficial de desempregados, todos os desempregados que, para sobreviveram, fizeram um pequeno “biscate”, por ex. de uma hora. Se somarmos ao desemprego oficial os desempregado que não são considerados no cálculo do número oficial de desempregados, obtemos para o 3º Trimestre de 2009, 696,9 mil desempregados e uma taxa efectiva de desemprego de 12,3% ( a taxa oficial é apenas 9,8%, embora na região Norte a taxa oficial seja 11,6%, em Lisboa e Algarve 10,3%, no Alentejo 10,2%), portanto os valores do desemprego efectivo são bastante superiores aos números oficiais de desemprego que são divulgados pelos media. No fim do 3º Trimestre de 2009, o numero de desempregados a receber o subsidio de desemprego era apenas de 350,8 mil, o que correspondia somente a 64,1% do numero oficial de desempregados, e somente a 50,3% do numero efectivo de desempregados. Isto significa que entre 196,9 mil e 346,1 mil desempregados não recebiam subsídio de desemprego. E daqueles 350,8 mil que estavam a receber o subsídio de desemprego, 112 mil recebiam o subsidio social de desemprego, cujo valor é inferior ao limiar de pobreza (354€ por mês – 14 meses). A medida anunciada pelo 1º ministro na Assembleia da República de redução do prazo de garantia vai apenas permitir a mais 10.000 desempregados receberem subsidio de desemprego. É uma medida claramente insuficiente face à gravidade e à dimensão da situação. É urgente adaptar a lei do subsidio de desemprego à actual situação, o que o governo se tem recusado a fazer. — Eugénio Rosa.

As pessoas não podem aumentar os níveis de consumo porque não conseguem emprego (mesmo as mais qualificadas), ou porque estão desempregadas, ou porque estão ameaçadas de desemprego ou simplesmente sujeitas à congelação ou ameaça de congelação dos seus salários e das suas carreiras profissionais.

As empresas independentes, por sua vez, não podem retomar o investimento pois não vislumbram onde possa estar a procura (a interna debilita-se a passos largos por via do desemprego estrutural e do endividamento geral do Estado e das populações, e a externa deteriora-se pela deterioração global dos termos de troca, cada vez mais desfavoráveis ao endividado e improdutivo Ocidente) e, por outro lado, não encontram quem lhes empreste dinheiro se não a preços usurários (1).

Só os bancos e empresas agarrados ao Estado (entre nós, Mota-Engil, Teixeira Duarte, EDP, BCP, BES, etc.) têm sido, até ver, incessantemente alimentados por uma liquidez especulativa, criada irresponsavelmente por Estados e Uniões de Estados endividados, que através dos respectivos bancos centrais emitem moeda puramente virtual de forma suicida.

No meio de toda esta loucura o capital especulativo aproveita todas as oportunidades, por efémeras que sejam, para drenar ainda mais a pouca seiva genuína da economia para o buraco negro dos derivados e para os criminosos paraísos fiscais que continuam alegremente sugando a poupança mundial.

Estreitando ainda mais o beco sem saída da economia ocidental —desindustrializada, viciada na ideologia e na falsa economia do consumo, especulativa, endividada— temos tido, desde 2008, uma grande depressão e deflação.

Mas no ar paira já o espectro de uma nova vaga de inflação (a começar pelos preços da energia e das principais matérias primas... a que se seguirão os alimentos básicos) e do vampirismo fiscal das cada vez mais autoritárias e burocráticas democracias ocidentais!

Uma tendência que o proteccionismo em ascensão, apesar de dissimulado pelas agências de comunicação, agravará muito para além da nossa imaginação!


Post scriptum
— Não resisto a publicar o que escrevi ao Parlamento pouco depois desta postagem... com mais uma medida drástica, entretanto acrescentada, cuja inspiração vem da esforçada Holanda e de Singapura (ler notícia da AP): abandonar o IA e impor uma imposto s/ Km percorridos!

Caros partidos,

Power utilities maximize profits by spending as much as possible on expansion of supply even though energy saving could much more efficiently accomplish the same result. -- Thomas R. Blakeslee.

Há coisas em que podem estar tranquilamente de acordo! Uma delas é a EFICIÊNCIA ENERGÉTICA:

Se estudarem bem a coisa, verão k é o maior, mais imediato e factível cluster para a actual economia portuguesa, muito mais reprodutivo e manejável por uma pequena economia como a nossa do que o desenvolvimento tecnológico endógeno de novas fontes e tecnologias energéticas.

A primeira aposta, depois de parar com a maioria das barragens previstas, é criar um regime que beneficie concretamente os produtores e distribuidores de energia em função da sua eficiência e sustentabilidade.

A segunda aposta a tomar é suspender imediatamente a lei sobre o uso obrigatório ar condicionado em edifícios públicos, adequando-a em menos de 3 meses a novos padrões de eficiência energética.

A terceira aposta é desenvolver um vasto programa de investigação e desenvolvimento para a melhoria da eficiência energética no sector da produção de máquinas, motores e equipamentos industriais domésticos.

A quarta aposta é lançar um programa nacional de uso eficiente da água na agricultura, com lançamento duma ambiciosa plataforma colaborativa entre universidades, empresas de criatividade e os próprios agricultores.

A quinta aposta é reformular radicalmente os regulamentos de edificações urbanas tendo por objectivo uma poupança energética na ordem dos 30%, reforma esta necessariamente associada a um programa de apoios, incentivos e investigação em todo o vasto sector de construção e obras públicas.

A sexta aposta é adoptar até 2012 a recente decisão holandesa de acabar com o IA e o Imposto de Circulação calculado por cilindrada, substituindo-os por um Imposto de Circulação Progressivo — quanto mais quilómetros percorridos, mais pesado o imposto! Esta medida, no âmbito do paradigma "utilizador-pagador", deveria ainda ser complementada por um sistema de taxas variáveis em função do congestionamento urbano das cidades com mais de 100 mil habitantes, e preços de garagem igualmente indexados aos nível de congestionamento automóvel nas cidades.

Nada disto, porém, poderá ir para a frente sem previamente a AR criar uma verdadeira task force para este efeito, com grande capacidade de acção e adequadas ferramentas conceptuais de mediação interna e externa.

Coragem!

OAM

NOTAS
  1. Os juros de mora cobrados pelos bancos (que obtêm dinheiro nos bancos centrais praticamente de borla), nas contas a descoberto, nas letras e nos créditos acima dos plafonds negociados dos cartões de crédito, sobem hoje a mais 11%, e mesmo a mais de 30% ! É por esta razão que os lucros bancários não param de crescer !!


OAM 652 19-11-2009 12:41 (última actualização: 22-11-2009 15:14)

quarta-feira, abril 01, 2009

G20-London 3

Change, please
A esperança de Obama por terra. Uma moedinha por favor!

Um embuste anglo-americano
Obama não resiste à rainha, nem aos banqueiros!

A reunião do G20 fracassou em quatro frentes essenciais:
  1. Na frente monetária: a hegemonia do falido dólar americano e a sobrevalorização artificial da falida libra inglesa deixaram de fazer qualquer sentido, dados os irreparáveis graus de endividamento destes dois países.

    As duas coisas urgentes a fazer, que Obama, Brown e Sarkozy rejeitaram ab initio são estas:
    • criar uma nova moeda de reserva internacional, nomeadamente através da incorporação das moedas chinesa, indiana, russa, brasileira e ainda a futura moeda única dos países árabes produtores de petróleo, no cesto onde se amassam os chamados SDR;
    • acabar com os movimentos de desvalorização agressiva do ouro, reforçando as reservas oficiais da mais antiga e fiável moeda do mundo nos cofres de todos os bancos centrais, por forma a estabelecer uma paridade mais fiável entre a riqueza real dos países e as aparências ilusionistas engendradas pela especulação corrupta e criminosa que, pelos vistos, Obama tenciona manter e alimentar.

    Os SDR (Special Drawing Rights) são uma espécie de moeda de reserva internacional destinada a fazer as vezes do ouro no comércio mundial. Chama-se por vezes a este contrato fiduciário, "ouro-papel", pretendendo-se com tal afirmação ostensiva dar aos Direitos Especiais de Saque a aparência de uma autêntica e universal moeda de reserva.

    De facto, sabemos que não é assim, pois o que os pilotos de guerra americanos e ingleses levam no bolso para o caso de caírem nalgum deserto iraquiano, ou nalguma montanha afegã, não são SDRs, mas moedas de ouro! Aliás, que diria qualquer um de nós, se alguém nos quisesse pagar um jantar, ou uma casa, com SDRs?

    De facto, esta pseudo moeda universal, nascida no interior do FMI em 1969, dois anos antes de Nixon pôr fim à garantia de trocar dólares por ouro, e que aparece invariavelmente no capítulo das reservas cambiais e de ouro dos relatórios anuais dos bancos centrais, não passa de um compromisso político decorrente ainda da vitória aliada na Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e dos defuntos Acordos de Bretton Woods.

    Estes últimos impuseram basicamente a submissão de todas as moedas mundiais ao dólar americano. Mas a progressiva desvalorização desta moeda comercial e de reserva levou a que se cozinhasse os SDRs como uma nova opção em matéria de reserva monetária.

    A desvalorização agressiva do ouro em sucessivas operações especulativas orquestradas por americanos e ingleses, nem por isso impediu a desvalorização paulatina da nuvem de dólares americanos espalhados pelo globo. Todos os bancos centrais eram obrigados a comprar dólares para as suas trocas comerciais com o exterior — por exemplo, para comprar petróleo! Com o ouro artificialmente baixo e sobretudo ausente de boa parte das reservas cambiais existentes, e a desvalorização inevitável de um dólar que se imprimia (e continua a imprimir) como papel higiénico, alguém se lembrou de inventar um cabaz mais "democrático" de moedas, a fim de proporcionar alguma estabilidade aos mercados financeiros mundiais. A esse cabaz, que funciona ainda hoje como uma espécie de moeda franca do FMI, chamou-se SDR. Continha à data da sua criação (1969), dólares americanos, marcos alemães, francos franceses, libras inglesas e ienes japoneses. Hoje contém dólares americanos, euros, libras inglesas e ienes.

    Por razões óbvias, e sobretudo porque o dólar americano se encontra à beira do colapso, faria todo o sentido enriquecer este cabaz de divisas, com as moedas cada vez mais fortes dos chamados países emergentes. A cimeira do G20 deveria pois ser aproveitada, por exemplo, para agir nesta direcção, em vez de tentar prolongar o estertor do falido império anglo-americano, como é a manifesta intenção da América e de boa parte da Eurolândia.

  2. Na frente social: anunciar aos quatro ventos que o poderoso G20 irá criar 25 milhões de postos de trabalho, quando o desemprego mundial deverá atingir, segundo estatísticas das Nações Unidas, qualquer coisa como 230 milhões de pessoas em 2010, não passa de uma piada de mau gosto que as televisões acéfalas de todo o mundo irão vender como a prova de piedade dos piratas que causaram a tragédia actual e, não contentes com isso, nem sequer com o perdão já anunciado por Barak Obama, estão neste preciso momento a refinanciar as suas actividades corruptas e os seus bancos à custa do maior roubo fiscal da história da humanidade.

  3. Na frente da corrupção: a benção de Obama aos donos do mundo financeiro, respectivos bancos de investimento e paraísos fiscais, assim que chegou a Londres, ao lado do homem que alienou em 1999 metade das reservas inglesas de ouro (Gordon Brown), mostra bem o percurso da palavra change: da coragem de anunciar a mudança, à litania do pedinte! Jersey, Guernsey e Isle of Man são propriedade exclusivas da coroa inglesa. E são também conhecidos offshores. Que dirá Obama a Isabel II sobre isto?

  4. Na frente económica: o que está em curso é a montagem de uma gigantesca armadilha económico-financeira, com a face risonha de um programa de ataque à crise e apoio aos pobres — mais investimento = mais emprego, dizem —, mas cuja intenção escondida a sete chaves é rebentar com a poupança mundial, nomeadamente através de uma expropriação em larga escala dos rendimentos de países inteiros, vergados sob o peso das dívidas de curto prazo, cujo refinanciamento se fará por uma inflação monetária sem precedentes e pela captura do bem comum (as melhores paisagens e os melhores terrenos agrícolas, a água potável, as sementes, as redes de energia, os sistemas de transportes, as telecomunicações, etc.) — sob a forma de grandes e demagógicos programas de obras públicas, empacotados em Parcerias Público Privadas, cujos contratos assegurarão desde já a liquidez de curto prazo de que os governos tanto necessitam, ao preço de comprometer as independências dos países e a liberdade, prosperidade e felicidade dos povos. Os governos há muito que dependem dos bancos e sobretudo de grandes manipuladores financeiros como o JPMorgan Chase, Bank of America, Citibank, Goldman Sachs e HSBC Bank USA, ou dos entretanto caídos em desgraça shadow bankers (Bear Stearns, Lehman Brothers, etc.), bem como das suas inúmeras e camufladas delegações. Melhor conjuntura para começar uma revolução não poderia haver!




REFERÊNCIAS

  • Sobre o G20 neste blog: 1, 2, 3.

  • "The Relevance and Importance of Gold in the World Monetary System", by R. Peter W. Millar (PDF)

  • Mints coin it as consumers scramble for gold
    By Sarah Marsh and Jan Harvey/ Reuters
    Mon Mar 30, 2009 9:27pm EDT

    Russia's state-controlled Sberbank says it has never seen such strong demand for investment coins, while the U.S. Mint says sales of its one-ounce American Eagle gold bullion coins rocketed over 400 percent to 710,000 ounces in 2008.

    "The demand for gold and silver has been unprecedented," said Carla Coolman, a spokeswoman at the United States Mint.

    Austria's Philharmonic, named after the Vienna Philharmonic Orchestra, was the world's best-selling gold coin in the last quarter and sales soared 544 percent in the first two months of 2009.

    "There is no sign of demand abating," Austrian Mint Marketing Director Kerry Tattersall told Reuters, expecting sales this year to exceed 2008's record levels. "At present production is struggling to keep up with demand."

  • China and Argentina in currency swap
    By Jude Webber in Santiago/ Finantial Times.com
    Published: March 31 2009 01:25 | Last updated: March 31 2009 01:25

    China, which is pushing to end the dominance of the dollar as a worldwide reserve, has agreed a Rmb70bn ($10.24bn, £7.18bn, €7.76bn) currency swap with Argentina that will allow it to receive renminbi instead of dollars for its exports to the Latin American country.

    Xinhua, the official Chinese news agency, said the deal was signed on Sunday by Zhou Xiaochuan, governor of the People’s Bank of China, and Martín Redrado, Argentine central bank president, in Medellín, Colombia, where they are attending a meeting of the Inter-American Development Bank.

  • Chavez seeks Arab support for oil-backed currency

    BRIAN MURPHY
    Associated Press/ The Globe and Mail, Toronto
    March 31, 2009 at 5:56 PM EDT

    DOHA, Qatar — Venezuelan President Hugo Chavez tried Tuesday to court Arab support for another swipe at America as its economy stumbles: a proposal for a new, oil-backed currency to challenge the global prominence of the dollar.

    The idea never reached the full agenda of a summit of leaders from South America and the Arab League — and has little hope of gaining any momentum among the U.S. allies in the Middle East. But it managed to reflect broader sentiments at the gathering: That Western financial leadership has been deeply eroded by the economic meltdown.

  • RPT-EU says G20 not to focus on China financial calls

    BEIJING, March 29 (Reuters) - Europe is comfortable with China's growing world role but believes the G20 summit will be too early to decide on Beijing's calls for more say in global financial bodies, the EU Commissioner for External Relations said on Sunday.

    European Union Commissioner Benita Ferrero-Waldner told Reuters in Beijing that the London gathering of 20 major wealthy and developing powers this week would focus on "concrete results" to revive the global economy, not more distant issues.

    China caused a stir ahead of the Thursday summit when it suggested the world move to greater use of IMF Special Drawing Rights as an international reserve currency.

    "I don't think that this will be the question that really will be discussed thoroughly in London," Ferrero-Waldner said after talks with Chinese Foreign Minister Yang Jiechi and Vice Premier Li Keqiang.

    Likewise, she said, China's call for a bigger role in the International Monetary Fund (IMF) and other international financial bodies would not be a focus of the summit.

    "I think it's too early for us to give a really concrete answer," she said of these calls. "I think it is within the IMF, it is within the international financial institutions, that these questions have to be discussed."

    The idea of a new reserve currency system based on the IMF special drawing rights has not been entirely knocked down, but many G20 leaders have made clear that for now the U.S. dollar's status as the dominant reserve unit remains.

  • O buraco negro dos Derivados — 600 milhões de milhões de USD — representa 12 vezes o PIB do planeta!

    OCC’s Quarterly Report on Bank Trading and Derivatives Activities — Fourth Quarter 2008 (PDF)

    • The notional value of derivatives held by U.S. commercial banks increased $24.5 trillion in the fourth quarter, or 14%, to $200.4 trillion, due to the migration of investment bank derivatives business into the commercial banking system.
    • U.S. commercial banks lost $9.2 billion trading in cash and derivative instruments in the fourth quarter of 2008 and for the year they reported trading losses of $836 million. The poor results in 2008 reflect continued turmoil in financial markets, particularly for credit instruments.
    • Net current credit exposure increased 84% from the third quarter to a record $800 billion, and much of this is attributable to the sharp decline in interest rates in the fourth quarter.
    • Derivative contracts remain concentrated in interest rate products, which comprise 82% of total derivative notional values. The notional value of credit derivative contracts decreased by 2% during the quarter to $15.9 trillion. Credit default swaps are 98% of total credit derivatives.

    Derivatives activity in the U.S. banking system is dominated by a small group of large financial institutions. Five large commercial banks represent 96% of the total industry notional amount and 81% of industry net current credit exposure.

  • Reform International Financial Regulatory Framework:A Few Remarks
    Research Institute of Finance & Banking
    People's Bank of China

    In the midst of the current financial crisis, the needs for major reform of the global financial system and global financial stability framework have been increasingly recognized. Policymakers and international organizations have made substantial efforts to improve the international financial system including financial regulation and supervision. Various proposals have come forward on priority areas such as redefining the scope and boundaries of financial regulation and supervision, tackling issues of pro-cyclicality in the system, retooling capital and provisioning requirements as well as refining valuation and accounting rules, and some consensus has been reached. Among others, the Group of Thirty has published a Financial Reform report, and FSF and BCBS have undertaken some work on various aspects of financial regulation and Basel II framework. A number of regulators and the financial industry have initiated a centralized clearing and central counter-party mechanisms for OTC derivatives including credit default swaps (CDS). All these efforts will help to fend current crisis and future risks. However, we also note that several issues with respect to the financial regulatory framework have not received adequate attentions. In this note, we would like to explore these issues and provide relevant suggestions.


  • U.K. Bond Auction Fails for First Time in 14 Years - WSJ.com.
    Isto significa que já nem as emissões de dívida pública funcionam. Por isso Gordon Brown quer que os governos do G20 esmifrem os seus concidadãos para refinanciar o falido FMI. Refinanciado este, não serão só os países pobres do Terciro Mundo que poderão então acolher-se à sombra castigadora do FMI. Não — é a própria planície de sua majestade a rainha de Inglaterra!

  • OECD predicts 10% jobless rate for 2010

    By Chris Giles in London, Ralph Atkins in Frankfurt and Mark Mulligan in Madrid
    Published: March 30 2009 20:02 | Last updated: March 30 2009 20:46 — Finantial Times.co.

    One in 10 workers in advanced economies will be without a job next year, “practically with no exceptions”, the head of the Organisation for Economic Co-operation and Development said on Monday.

    In a graphic indication of the global recession’s transmission from the financial sector to the rest of the economy, Angel Gurría warned that the ranks of the unemployed in the 30 advanced OECD countries would swell “by about 25m people, by far the largest and most rapid increase in OECD unemployment in the postwar period”.

    He said the misery of joblessness – what Mr Gurría described as “rapidly turning into a jobs and social crisis” – would come as the OECD expected advanced economies to contract by 4.3 per cent in 2009 with little or no growth expected in 2010. The forecast is significantly worse than the International Monetary Fund’s most recent estimate of a 3-3.5 per cent contraction for 2009.

  • 20 Million Laid-off Migrant Workers May Send China's Unemployment Rate to 10% February 06,2009

    by CSC staff, Shanghai — China Stakes.com.
    20 million! The number of jobless migrant workers brought by the economic slowdown is even higher than the most pessimistic estimation.

    Chen Xiwen, deputy director of the Office of Central Financial Work Leading Group and director of the Office of The Central Leading Group on Rural Work, disclosed that, due to the financial crisis, about 20 million out of 130 million migrant workers, had returned home as they became jobless or failed to find jobs thanks to the economic slowdown.

    ... According to the estimation of the Ministry of Human Resources and Social Security, the over supply issue of labor will worsen in 2009, and the government will have to offer jobs to 24 million people, including 13 million new workers, 8 million laid-off workers and 3 million who are waiting for jobs.

  • China Unemployment Rate

  • 2009 world unemployment could rise by 40 million [to 230 million], says UN

    Invest in India — The global economic downturn could see 40 million more people lose their jobs by the end of the year, taking the unemployment rate to its highest in a decade, the U.N. labor agency said Wednesday.

    The number of unemployed in 2009 will largely depend on how effective governments’ economic stimulus measures are, the International Labor Organization cautioned.

    Worldwide unemployment by the end of the year will range between 210 million and 230 million people, the agency said in its annual Global Employment Trends report.

OAM 567 01-04-2009 18:26 (última actualização: 02-04-2009 00:09)

sábado, fevereiro 07, 2009

Portugal 87

O fim do emprego
e o desafio de Louçã...

«É um princípio de um sistema bancário público em que possa predominar uma política socialista, uma política pública com orientações para escolhas sociais para a economia. É exactamente assim que faria um ministro das Finanças que fosse do Bloco de Esquerda» — Francisco Louçã in “New Crisis, Old System”; VI Convenção do Bloco de Esquerda (06-02-2009).

Francisco Louçã propôs hoje a proibição dos despedimentos em empresas que tenham resultados, elegendo o combate ao desemprego e a nacionalização de sectores estratégicos como resposta ideológica e prática à "crise do regime" (Lusa/SIC).


"Perhaps as little as 5 percent of the adult population will be needed to manage and operate the traditional industrial sphere by the year 2050. Near-workless farms, factories, and offices will be the norm in every country".

— in Jeremy Rifkin, The End of Work (1995, 2004).


There is cause to think the problems in the financial sector remain grim despite the huge amount they have received from taxpayers and that there are few sources of growth in the private economy. Consumers are strapped and business won't invest until recovery has begun. The model is broken. Default rates are rising for auto loans, credit cards, and other forms of borrowing. Commercial real estate which expanded 40 percent in the three years after 2005 (when housing loan expansion peaked). We have reached the end of the regime of accumulation that started in the late 1970s which featured financialization - growth through massive debt creation and speculation as a defining characteristic - deindustrialization and globalization.

— in The Present Crisis of Capitalism, Its Short and Long Term Implications. By William Tabb.

Entre o nariz de Sócrates que não pára de crescer e o descontrolo retórico do pigmeu Augusto Santos Silva, o Bloco de Esquerda chega aos dois dígitos nas sondagens — já aqui tínhamos previsto, a 28 de Janeiro, 11% de intenções. Importa pois começar a discutir o que quer o Bloco de Esquerda quando for governo, provavelmente associado ao Partido Socialista que sobreviver a José Sócrates e à tríade que colocou este pinóquio no sítio onde está para vergonha de qualquer lusitano com a espinal medula no sítio.

Ideias frescas vindas do Bloco? Pois que venham!

Louçã, enviou-nos, para já, três recados:
  • se for ministro das finanças, irá proibir que as empresas com 'resultados' despeçam;
  • se for ministro das finanças, nacionalizará sectores estratégicos da nossa economia como resposta à 'crise de regime';
  • se for ministro das finanças, iniciará a formação de um sistema bancário público dotado de uma política predominantemente socialista.
Nada que o Reino Unido e a América de Obama não estejam dispostos a subscrever de cruz. Mas não chega. Nem sequer para alterar o sistema fiduciário de valor que conduziu à actual crise sistémica mundial, para o que faltaria acabar, por exemplo, com os gnomos e testas de ferro da especulação mundial, mais o chamado shadow banking (Banco Privado e quejandos), a economia de casino, e as sofisticadas arquitecturas computacionais responsáveis pelo buraco negro dos derivados. É preciso ir ainda mais fundo: até à divisão internacional do trabalho, até à repartição dos recursos energéticos e naturais disponíveis —que chineses e russos querem mais equitativa—, e de caminho, até às actuais regras do comércio mundial.

EU threatens legal action over American car industry bail-out

(03-02-2009) The EU today threatened legal action and retaliatory measures against the US if the Obama administration enshrines a "Buy American" clause in its multibillion-dollar economic stimulus package.

...The most contentious clause in EU eyes would require US firms to use local steel and other components in state-funded projects. Similar national measures have been adopted or considered in Argentina, China, Indonesia, Ecuador, India, Russia and Vietnam, putting them on a WTO ­surveillance list. — (Guardian.co.uk)

Quando Obama decide indexar os apoios estatais à indústria americana ao consumo de aço Made in USA, pondo em causa cláusulas anti-proteccionistas fundamentais assinadas pelos membros da OMC, o caminho, aqui há vários meses anunciado, do regresso ao proteccionismo está aberto. Há já algum tempo que defendo a necessidade de um novo Tratado de Tordesilhas, desta vez entre a Ásia e a Euro-América. O grande Médio Oriente e a África serão as áreas de disputa entre os novos blocos planetários. A Rússia, que começou a reconstituir paulatinamente o seu espaço vital, permanecerá o pêndulo angustiante entre o Oriente e o Ocidente, cumprindo assim uma velha tradição!

Para já, a Europa está cada vez mais nervosa com a evolução tectónica vertiginosa em curso. Barafusta contra os Estados Unidos, enquanto o garnisé de Paris recomenda às empresas francesas subsidiadas que consumam materiais e serviços franceses, o sonâmbulo de Downing Street faz discursos xenófobos, e uma parlamentar europeia da reaccionária Polónia repudia prisioneiros de Guantánamo, não apenas no seu país, mas em toda a União Europeia!

A moeda europeia (1), apesar das suas ambições, poderá em breve sofrer um enorme trambolhão. Basta para tal que alguns dos seus países membros entrem em processos de falência semelhantes ao da Islândia. O Reino Unido (2), a Grécia e Portugal, já para não mencionar a Ucrânia e a Hungria, estão a um passo de suspender pagamentos internacionais. Se e quando tal acontecer, o Euro começará a resvalar, haverá inflação ou mesmo hiperinflação na Europa, e surgirão finalmente novas moedas de reserva regionais — na América, na Ásia e nas petro-monarquias do Médio Oriente.

Parar as privatizações em curso num país à beira da falência, de que é exemplo a criminosa operação de venda ao desbarato da ANA, única e exclusivamente para ajudar a financiar a construção do desnecessário NAL de Alcochete; travar a intrusão inopinada e abusiva da Iberdrola na rede de barragens e sistema hídrico nacionais (3), sob os auspícios diligentes do vende-pátrias Pina Moura; desfazer a escandalosa apropriação indevida desse bem público inalienável que é a água por parte dos piratas do Bloco Central da Corrupção (investigue-se o Instituto da Água quanto antes!); e preparar o país para um verdadeiro raid de nacionalizações e renacionalizações dos seus principais recursos estratégicos, ditado por razões de Estado, e não para recompensar especuladores e ladrões de toda espécie, como tem vindo a fazer o actual governo de direita, do PS, a propósito do BCP, BPN e BPP, eis alguns detalhes da coisa pública que o Bloco de Esquerda tem que começar a explicar aos seus eleitores se quiser saltar dos actuais 10% de expectativas para o ambicioso desiderato de rachar ao meio o actual PS, com ou sem Alegre.

Terá, por outro lado, que ser mais claro nas suas intenções e propor desde já medidas precisas sobre, por exemplo, as execuções das hipotecas imobiliárias que parecem estar a disparar e em breve ameaçarão aqueles milhares de portugueses que, como bem descreveu Elisabeth Warren, em Two Income Trap, caírem numa ou mais de três situações críticas: perda de emprego, divórcio (4), ou doença prolongada. A Caixa Geral de Depósitos, governada por piratas do Bloco Central da Corrupção, que vem aliviando escandalosamente as perdas colossais de Joe Berardo e chafurda no lodo do BPN e do BCC, é a mesma instituição que avança sem vergonha —e com a polícia de choque à frente, se for preciso— para a expulsão de famílias inteiras de apartamentos cujas hipotecas foram executadas, recolocando depois os apartamentos recuperados como garantias executadas no mercado da especulação. É uma vergonha vê-los a fazer leilões obscenos por esse país fora!

Para os chineses a palavra crise tem dois significados: por um lado, proclama a existência de um drama, por outro, alerta para a emergência de uma oportunidade!

O fracasso do neoliberalismo que os piratas que tomaram conta do PS abraçaram fatalmente (5), mas de que o colapso económico-financeiro em curso é a moral mais cristalina, deve ser aproveitado para corrigir o actual regime político, ao mesmo tempo que é crucial aproveitar quanto antes a oportunidade de proceder a uma profunda e urgente limpeza do lixo acumulado nos cantos da democracia.

O escândalo Freeport (6) é um escândalo político, pois os muitos casos de polícia que encerra têm origens e desenvolvimentos partidários. Deixar morrer mais um exemplo da corrupção que tolhe e faz apodrecer a democracia portuguesa seria um sinal não só de cobardia cívica, mas acima de tudo de uma enorme estupidez estratégica.

Franciso Louçã lançou um desafio. Não sei ainda se estará à altura da jogada. O tempo está, no entanto, a seu favor. Que pena terem deixado cair a Joana Amaral Dias! Com um pouco de MT ia lá. Seguramente muito melhor que o hirto Fazenda, para as lides que se avizinham.


NOTAS
  1. The Euro at ten: Is its future secure?
    By Simon Tilford, in Centre For European Reform - essays. (PDF)

    The euro is riding high on the foreign exchange markets, and the financial crisis has graphically illustrated that euro membership provides a safe haven. On the face of it, this would seem to be a strange time to question the stability of the currency union. But this essay argues that the euro is about to face its first serious test, and that the stability of the eurozone cannot be taken for granted.

  2. Today's Trope: Britain May Need IMF Bailout

    Asking for an IMF bailout is among the worst things countries can do in terms of damaging national prestige. It's the global political economy equivalent of cadging distant relatives (i.e., "the international community") for money to help tide you over. I've covered several of the most recent approaches to the IMF including Iceland, Ukraine, and Hungary. Now, the leader of the British Conservatives, David Cameron, is leading a charge that the United Kingdom may soon go hat in hand to un grand seducteur Dominique Strauss-Kahn. — in IPEZONE.

  3. Se daqui a dois ou três anos a Iberdrola for nacionalizada pelo Estado espanhol, em que situação fica o controlo português sobre a energia, as albufeiras e os sistemas de irrigação associados às barragens que o actual governo —por cupidez pura e dificuldades de tesouraria— quer entregar a uma empresa tipicamente protegida, e bem, pelos governos espanhóis?

  4. É por isto que Cavaco Silva e a Igreja têm razão na questão da lei do divórcio. O problema não é já ideológico, mas de pura gestão de uma das principais crises estruturais do sistema capitalista. Quando é que a bronca Esquerda ideológica começa a pensar pela sua própria cabeça, e abandona os manuais desactualizados do maniqueísmo pseudo-marxista?

  5. A cantilena pró-socialista de esquerda assumida recentemente por José Sócrates não passa disso mesmo, de mais uma ladaínha do vendedor de cobertores de Vilar de Maçada. Na realidade, o que o actual primeiro ministro e a tríade de Macau estão a montar pela calada é uma verdadeira rede de interesses económicos privados destinada a expropriar o país dos seus principais recursos e infraestruturas! Trata-se de um roubo em larga escala, articulado com vastas manobras internacionais, onde pontuam, vejam só, grandes almirantados da pirataria mundial, como por exemplo, a célebre Carlyle. A mesma que, pelos vistos, há algum tempo atrás espevitou o fogo escandaloso do Freeport! Porque seria?

    Vale a pena ler com atenção, a este propósito, esta esclarecedora passagem de "The Present Crisis of Capitalism, Its Short and Long Term Implications", por William Tabb:
    The Carlyle Group has a team raising a billion dollar fund to focus on U.S. infrastructure, such as rail, airports, water assets, as well as schools and hospitals.

    There are many other such entrepreneurial endeavor. GE and Credit Suisse have a new global fund to invest in power plants, pipelines, airports, railroads and toll roads. GE can contract many parts of the deal to its other divisions which can provide inputs and systems for the infrastructure projects.

    Governments contracting with such providers will know less about the details and costs than the providing consortia.

    Such arrangements have long been pushed on developing countries by the World Bank and other funders. As in the instances of other aspects of neoliberalism first demanded of weaker developing nations which have become part of the policy givens in the United States and some other advanced economies such a new paradigm is coming unless there is a reassertion of the capacities of the public sector here.

    As Jenny Anderson reported in the New York Times not long ago, "Reeling from more exotic investments that imploded during the credit crisis, Kohlberg Kravis Roberts, the Carlyle Group, Goldman Sachs, Morgan Stanley and Credit Suisse are among the investors who have amassed an estimated $250 billion war chest much of it raised in the last two years to finance a tidal wave of infrastructure projects in the United States and overseas."

    Norman Y. Mineta, a former secretary of transportation was hired by Credit Suisse as a senior adviser to such deals. Other former public servants are lining up for such positions as intermediaries between private and public at handsome remuneration.

    Given growing public deficits, like third world countries Let us hope and work to see that America will not give away its roads, bridges and airports in exchange for the promise of better maintenance by the private sector. The taxpayer will get immediate relief and long term dependence on for profit owners.
  6. Rui Gonçalves, secretário de Estado do Ambiente de Sócrates que aprovou o licenciamento do Freeport, é desde Abril de 2008 vogal da Empresa Geral de Fomento e, por inerência, assumiu os cargos de presidente dos conselhos de administração da Valnor, da Rebat, da Resat, da Residouro e ainda de vogal da Valorsul, passando a presidir a partir de Setembro de 2008 à Resistrela (criada para gerir resíduos sólidos urbanos em parte da Beira Interior). Todas estas empresas da área do saneamento básico foram criadas por José Sócrates quando era ministro do Ambiente. De 2002 a 2005 foi professor convidado da Universidade Independente.

REFERÊNCIAS
  • ¿Vuelve Keynes?
    Por Ignacio Sotelo

    7-02-2009 (El País) La actual socialdemocracia está impulsando un falso keynesianismo: el Estado, con el dinero de todos, salva bancos y empresas, pero la propiedad, y con ella la capacidad de decidir, queda en manos privadas.

    ... Al mostrar que la inversión no está ligada al ahorro, sino a las perspectivas de ganancia, Keynes critica el supuesto equilibrio entre producción y consumo que había constatado la economía clásica, en función de la cual el desempleo desciende si bajan los salarios y en general los costos de producción. Keynes recalca que si se bajan los salarios, al encogerse la demanda global, se obtiene el efecto contrario: más paro. Además, una política de achicamiento de los salarios no sólo es poco razonable, es que ni siquiera resulta factible. Bajar los salarios, con los conflictos sociales que comporta, sólo se lograría en un régimen autoritario que hubiera suprimido, entre otras, la libertad sindical.

    ... Keynes no sólo plantea, si fuese preciso, volver al proteccionismo, sino que pone en tela de juicio la prerrogativa exclusiva del empresario de decidir en qué y cuándo invierte su dinero, algo que atañe a la esencia misma del capitalismo. La aporía intrínseca del sistema radica en que no puede mantener el pleno empleo sin garantizar previamente las inversiones de la manera más conveniente para la economía nacional, y no simplemente para el interés del inversor. Y no hay "mano invisible" que haga converger el interés general con el egoísmo individual. Keynes fue claro: "Creo que una socialización bastante completa de las inversiones será el único medio de aproximarse a la ocupación plena".

    ... Nadie invierte para crear puestos de trabajo, por mucho que una monserga constante insista en que la inversión privada es el factor principal para reducir el paro. En vísperas de elecciones, los partidos prometen bajar los impuestos para aumentar los beneficios de las empresas, lo que, dicen, redundará en inversiones que creen puestos de trabajo, como si hubiese una relación directa entre cuantía del capital disponible y monto de las inversiones.

    ... Las dos recetas que ofrece Keynes para garantizar el pleno empleo -proteccionismo y socialización de las inversiones- no encajan en el capitalismo en su forma liberal primigenia, pero mucho menos la primera en la época de la globalización y la segunda cuando se ha hundido el movimiento obrero.

    ... ¿Vuelve Keynes? En la crisis que ha desencadenado la total desregularización, los dueños de los bienes financieros y de producción necesitan dinero público en cantidades ingentes. Amenazan con que, de no recibirlos, podría ocurrir que se derrumbase el sistema. Pero aun en situación tan extrema, de ningún modo están dispuestos a asumir el más elemental de sus principios, a saber, que el que pone el dinero adquiere la propiedad y decide. El Estado, con el dinero de todos, estaría obligado a salvar bancos y empresas, pero la propiedad, y con ella la capacidad de decidir, debe quedar en manos privadas.

    ... La relectura que se hace de Keynes para justificar el enorme endeudamiento público que conlleva las ayudas a bancos y grandes empresas contradice por completo las intenciones de Keynes. Lo más grave es que la socialdemocracia de nuestros días haga suya esta interpretación.

  • The Un-stimulating Stimulus
    By Martin Hutchinson (Prudent Bear)

    February 02, 2009 — Until the House Republican revolt this week, there has been a worldwide consensus that the way to get out of a deep recession is through fiscal "stimulus" – gigantic gobs of public spending that explode the budget deficit but provide jobs to those without them. It’s a theory first publicized by John Maynard Keynes, but it rests on a central fallacy: the "job-providing" expenditures have to be financed somehow, and their financing may crowd out other private-sector projects that would have created more jobs.

    ... Of the roughly $850 billion in expenditures and tax rebates outlined above, only roughly $81 billion in expenditures and $13 billion in tax reductions would have any economic spin-off effect or supply-side effect respectively. That's 11% of the total, much of it being spent in 2011 or later. All the remainder would have a Keynesian multiplier of 1.0 or less, in other words run the risk of being on a net basis damaging to the economy by sucking resources out of other more productive uses.

    Add to the above the financing and inflationary problems produced by a federal budget deficit that was already out of control before this "stimulus" and the waste and corruption inevitable in government programs of this size (such as the infamous "Davis-Bacon" provisions adding 20% to federal construction costs by requiring unionized labor). Add also damaging requirements such as the "Buy America" provisions in relation to steel and manufactured goods, which significantly raise the danger of a trade war that would hugely damage the U.S. and world economy.

    It becomes pretty clear that, far from repeating the successes of the Interstate Highway System, the proposed economic stimulus is likely to have a net depressant effect on the U.S. economy. Misguided large-scale government activities of this kind produced the disaster of the Great Depression in the United States at a time when Britain among other countries was able to achieve economic recovery by pursuing the opposite policy of state retrenchment.

  • From Financial Crisis to Sustainable Global Economy
    By Jonathan Lash on January 29, 2009

    Much of the world’s attention is fixed on the brutal effects of the global financial crisis. But sooner or later—sooner we hope—the global economy will rebound. Markets will recover, and stocks will rise. Nature, on the other hand, does not do bailouts. The effects of today’s greenhouse gas emissions—like those of yesterday and tomorrow—will be permanent, at least in the timescales that we care about.

    ... Economic recovery around the world will be driven by thousands of firms in each country making decisions about what products to make, what technologies to use, and who to hire. It is essential that these decisions incorporate the risks and opportunities presented by a carbon-and-resource constrained world. It is critical that they create jobs in building the products that will help improve lives with reduced impact on the Earth’s resources.

    ... Right now is the best opportunity I have seen in 30 years as an environmentalist to align economic, social and environmental goals. The United States Climate Action Partnership, of which WRI is a founding member, and whose 26 corporate members include General Electric, Duke Energy, DuPont and General Motors, last week renewed and strengthened its call for the U.S. Congress to adopt a mandatory national cap and trade system to reduce current U.S. greenhouse gas emissions by 80 percent by 2050. (Texto integral)

  • The Present Crisis of Capitalism, Its Short and Long Term Implications
    By William Tabb

    A talk given to actists @ the Left Labor Project, January 6, 2009.

    The title for my talk I was given is too ambitious by far but I think the intent is to have a discussion of where we are in economic-political history and that is what I shall offer starting with two ways of looking at the coming year(s) for the economy. The predictions for 2009 come in two persuasions. The economists views generally speaking are summed up by the Financial Times as "Whatever happens, 2009 will not be pleasant" and it will be "a year to forget." The Economist greeted the New Year in its January 3rd issue with an Economic Focus "Diagnosing Depression." enlightening us that since the word seemed to be "popping up more often" it would explain criteria for distinguishing a depression from a recession the latter being a decline in real GDP that exceeds 10% or one that lasts more than three years. Since this one began in December 2007 we are off to a good or perhaps bad start. Previous bad recessions in 1973-75 and 1981-2 each lasted 16 months. No one believes this one will be shorter. Yesterday the Federal Reserve announced their shock at how bad things have gotten in the last month. If history has lessons for us it is that financial crises, even ones as bad as the one we have on for years not months, unemployment rises and output falls by large amounts.


    On the other side are forecasts from people selling stock. They predict recovery to occur at the end of 2009. Some economists agree. However such reassurance comes from many of the same folks who said a nationwide fall in American house prices was impossible and that financial innovation had made the financial system more resilient, so The Economist was not altogether impressed by the optimists. Nor am I for reasons to which I now turn.


    There is cause to think the problems in the financial sector remain grim despite the huge amount they have received from taxpayers and that there are few sources of growth in the private economy. Consumers are strapped and business won't invest until recovery has begun. The model is broken. Default rates are rising for auto loans, credit cards, and other forms of borrowing. Commercial real estate which expanded 40 percent in the three years after 2005 (when housing loan expansion peaked). We have reached the end of the regime of accumulation that started in the late 1970s which featured financialization - growth through massive debt creation and speculation as a defining characteristic - deindustrialization and globalization.


    US-based transnational capital sought both markets and production venues elsewhere and squeezed labor harder. Money was made not only from intensifying exploitation in ways business union leaders were unprepared for since they were still looking for class cooperation when, as the head of the UAW at the time, Douglas Fraser, explained capital was waging a one-sided class war. Foreign competition from Japan and later other Asian exporters was a major factor along with U.S. producers increasingly moving off-shore and introducing more capital saving technology. For the last forty years or so the American workers's income has stagnated, benefits and job security eroded and in the privatization, anti-tax-anti government climate public services deteriorated. Companies have increasingly maximized short term returns, corporate raiders and private buyout firms have restructured much of American industry, working people have borrowed more and personal debt grew dramatically. As Linda Bilmes and Joe Stiglitz have written "In the eight years since George W. Bush took office, nearly every component of the U.S. economy has deteriorated." We know the broad strokes if not the numbers - 5 million increase in the number without health insurance, 4 million manufacturing jobs gone, consumer debt has dubbed and nearly a fifth of homeowners owe more than their home is worth and between 2002 and 2006 the wealthiest 10% of households received 95% of all income gains. The Iraq war built on a lie will end up costing at least three trillion and we don't count the Iraqi people killed, wounded and displaced. This was paid for with borrowed money, mostly from foreigners. One in eight Americans the USDA tells us is "food insecure," that is they don't get enough to eat. Food banks are overwhelmed. In December 608,000 Americans, 74% more than last year are not seeking work because they think no jobs are available. They are not counted as unemployed only "discouraged. I don't have to go on. American consumers cannot borrow any more and are actually paying down debt levels they cannot sustain as best they can. Spending is falling, unemployment will keep rising into the foreseeable future. More bubbles will burst as Americans pay down unaffordable debt and demand for energy and other raw materials and the output of manufactured goods they create continue to decline.


    In the United States in 2008 two million manufacturing jobs were lost. Everywhere now manufacturing activity is falling, even in China and India, in Germany, France, Italy and Spain, in Japan and Hong Kong. While the stock market in the United States last year fell by more than it has since 1931, by 38 percent, with devastating impacts on the retirement prospects of millions of American workers this was considerably less than the losses in the rest of the world where comparable stock indices fell by 46 percent. In Iceland by 90 percent due to the financial excesses caused by deregulation and outrageous expansion of their bank's borrowing in foreign currencies. But losses were also worse than in the U.S. in Japan, France, Italy, Sweden, South Korea, Brazil, China and India among others. It is not only in the United States that the share of gross national product that goes to wages has declined while the share going to capital has increased, this has happened in three quarters of the countries in the world according to the International Labor Organization between 1995 and 2007.


    The systemic challenge may be greater than the current discussion and certainly policy measures reflect. Dependence on unsustainable levels of debt and global capital flows reflect the stagnationist tendencies of the advanced economies and the shift in where production takes place globally, processes of combined and uneven development inherent in capitalism but which now reach crisis proportions. International negotiation and coordination is imperative but difficult. As in the Great Depression each nation's capitalists (and their workers) will be inclined to become more intensely nationalistic. A crucial dimension of the seriousness of the situation is the foreign debt of the United States which has been running huge current account deficit and borrowing from the rest of the world at an unsustainable rate. The global imbalance is difficult to address. The U.S. must consume less. China will have to let its people consume more. The great increase in the US deficit necessary in the current crisis will increase foreign borrowing worsening the imbalance. Other big issues such as resource limits and global warming will have to be faced and will impact, or should impact how and what is produced. These too represent major crises for capitalism and need to be faced.


    The damage caused by the financialization of the last three decades or so is enormous. It is likely without it stagnation would have come sooner. It was the borrowing that kept the economies growing and trade flowing. But the high leverage which allowed investment banks to borrow 97 cents for every three pennies they had in their own capital is over. The NINJA loans (no income no job or assets) for home buyers are no more. Housing will take years to recover and again not only in the United States. The hedge funds and buyout firms face redemptions and many are going belly up along with the banks which lent to them - or these banks would collapse if your tax dollars weren't being showered on them. The subprime loans we have heard so much about some $1.5 trillion worth were packaged and leveraged to roughly $140 trillion in fictitious capital, "a global pyramid of junk" as Nomi Prins writes. The stronger banks are buying up the weaker ones, usually with federal assistance for most of the risk. And still the banks aren't lending, companies can't borrow, and consumer credit is being limited. Where is economic growth going to come from?


    The answer of course is the government. We also wait for a new long term growth paradigm. Financialization was tried, produced speculative bubbles, and collapsed despite efforts by Paulson and Bernanke to put Humpty- Dumpty back together again. It is over as the source of economy-wide growth. The only hope on the horizon are the huge spending projects Obama has proposed. There is no choice for two reasons. If he doesn't there will be another Great Depression and second as Christia Freeland, Financial Times chief correspondent in the U.S. wrote in a remarkable column headed "Friction over greedy bosses lets loose genie of class politics," begins "This week America discovered class warfare;" Americans have woken up to a nightmare. Their way of life, or the life they aspired to, is a dream in a very different sense than the phrase usually has conjured. There has been a lot written, especially before the election of the breakdown of trust in corporate and political leadership. David Gergen who heads the Center for Public Leadership at Harvard University wrote that "Over the last few years the trust between the public and the elites has completely collapsed." Larry Sabato, director of the Center for Politics at the University of Virginia similarly offered the opinion that "The greed and corruption of the corporate class in America is behind this public revolt." This latent but increasingly visible class hatred was a factor in electing America's first Black president.


    The election of Barack Obama and a Democratic congress changes some of this. In the incoming president's stimulus package which gets bigger by the week as the economy sank and the departing Bush hands in pockets looked on there is hope that the crisis will be less disastrous. But while much is to be supported in his proposals they may still be too little and parts of it are misdirected. This is partly because the Republicans cling to pre-Keynesian ideas that government should not spent too much and balance budgets as quickly as possible. They are supported by Blue Dog Democrats keeping federal spending measures too low to end the crisis. If the Republicans follow their House Leader John Boehner's lead and agree with his November 2008 statement that "We're in tough economic times....More Washington spending isn't the answer" they will undercut the recovery agenda. They are aware that if a real new New Deal saves us they will be out of power for decades. They must as a survival tactic for their party subvert economic recovery while seeming to stand up for principled responsible behavior.


    In any case what appears (and is in fact) as a huge increase in federal spending of $760 billion (5.3% of GDP) as proposed by Obama economists is not enough. Unemployment will continue to rise over the next two years even with this stimulus and federal debt will row substantially requiring huge increases in foreign borrowing. Because American manufacturing has been decimated over recent decades much of the tax cut will be spent on imports increasing the current account balance of payment deficit. Global imbalances as I shall say more about will become central to solving what is a worldwide crisis.


    Polls show two-thirds of Americans support new spending to stimulate the economy but 56% worry government will spend too much. Republicans use this as a bargaining chip with Obama to push his program toward tax cuts which benefit the affluent and especially business tax cuts which it is claimed will stimulate investment. But new orders for manufacturing are at their lowest level since the end of WW II. With no growth and expectations of continued falling sales there will be little new investment this way. The money spent on public needs does produce jobs and increases spending. Mitch McConnell the Republican leader in the Senate wants aid to cities and states to be loans not grants, a way to keep the amount down when the need to maintain their spending should be obvious. Retailers are practically giving stuff away to cut their inventories after the worst holiday season in memory and the conservatives cling to their "government is the problem" mantra of low spending and lower taxes. While liberals worked to use government to save capitalism yet again the left perhaps grateful that Bush is gone and reformers are back in. But unless there is working class pressure the center will cave to the right on important matters pertaining to the priorities of ordinary citizens.


    If there is concern with too large deficits they could pay for the spending with serious tax reform, returning the share the rich pay to what it was before Ronald Reagan for example. Such taxes collected from the upper one percent could go a long way to simulating growth since the rich do not spend it but the money recycled to cutting payroll taxes for example would be spent by workers and give an incentive for employers since it would lower their labor costs (Kuttner, 2009:14). Republicans would see this as class warfare of course but the argument could be made it is a pragmatic policy for increasing spending without increasing the deficit. Of course it could be argued that some serious class struggle is exactly what is needed in the face of the catastrophe the greed of capital has produced.


    The Obama strategy proposals do suggest a new, if still conceived of a as temporary regime of accumulation in government-led industrial policy and public investment. It is too early to tell how radical the intervention will be but as I say there are political constraints that would have to be overcome and Obama's preference for bipartisan cooperation are not encouraging. He has already agreed to tax cuts which make no sense as a priority use of $300 billion to get conservative support. Compared to Paulson who moved to save the banks without "punishing" them, that is the stockholders and top executives or forcing them to start lending again and offered little else (the dud banks should have been shut down or nationalized for real) the Obama activism is admirable. It also reflects a new way, or rather a return to an older way of thinking about government functions. It is New Deal employment creation with the rationale of investing for the future rather than income redistribution. Certainly there is need for school building repair, infrastructure spending and broadband expansion. Energy efficiency in federal buildings (the government is the largest real estate owner in the country) would save money for tax payers and energy of course and could be a model for similar efforts by others. The letting public facilities decay is scandalous of course and rehabilitating the public purpose is an important change in direction. They are necessary. So are assistance to local and state governments and help to people without health care, those losing their income and their homes. The logic is smart government to meet obvious need as well as stimulate growth. It will not be enough but it is a start.


    There is much to be undone and repaired. Consider health care. Peter Orszag, Obama's head of the White House Office of Management and Budget is calling for comprehensive health reform as the "key to our fiscal future." That is, he is not saying it is an expensive program but people need it. He is saying health care reform is necessary to save money, not by spending less but by spending more and changing health care delivery so that it does not consume the future federal budget. He wants to prevent higher spending unrelated to better outcomes, digitizing health records to save tens millions of dollars in the future, and bringing real efficiencies rather than cutting needed health care services. We shall have to see what happens but it is a better approach than slashing Welfare State services. But again this is a time when more could be done to push the balance of class forces between capital and labor and to expose what the logic of capital costs us.


    It is unlikely there will be more radical steps to challenge the causes of ill health. The government will still subsidize high fructose corn syrup and hydrogenated oil so that bigger bottles of Coke can continue to be sold cheaply along with potato chips, creating obesity and the diabetes epidemic. The Department of Agriculture will sponsor unhealthy lunch programs. Industrial hog farms will be subsidized to pollute the surrounding area without proper regulation of waste disposal, the energy and toxic chemical intensive industrial farming will go unchallenged, and the rest. The ecological crisis cannot be put on hold waiting for recovery. The cancer causing pollutants industry creates will not be controlled unless there are popular movements which offer a broad critique of the degradations of capitalism and specific analyses sector by sector of the harm it does. There must be a socio-environmental alternative to the current growth paradigm and yes to militarism hurts in so many ways one of which is it misdirects attention from human needs here and abroad.


    If we are not vigilant the infrastructure will be built in public-private partnerships giving control to private investors as has been happening and contracts given out Halliburton-style. How infrastructure projects are done matters. There is no reason the federal government following the privatization of so many functions once done by government employees but now outsourced to the likes of Halliburton to rebuild our infrastructure on such a model. Indeed it has a name, "the Infrastructure Privatization paradigm." It is seen as a win-win for cash strapped governments, the banks and other private investors looking for a new long term inflation linked (raise tolls and user fees when costs go up to keep income high) asset class. Infrastructure offers a combination of hard assets and visible long-term earning streams. The Carlyle Group has a team raising a billion dollar fund to focus on U.S. infrastructure, such as rail, airports, water assets, as well as schools and hospitals. There are many other such entrepreneurial endeavor. GE and Credit Suisse have a new global fund to invest in power plants, pipelines, airports, railroads and toll roads. GE can contract many parts of the deal to its other divisions which can provide inputs and systems for the infrastructure projects. Governments contracting with such providers will know less about the details and costs than the providing consortia. Such arrangements have long been pushed on developing countries by the World Bank and other funders. As in the instances of other aspects of neoliberalism first demanded of weaker developing nations which have become part of the policy givens in the United States and some other advanced economies such a new paradigm is coming unless there is a reassertion of the capacities of the public sector here. As Jenny Anderson reported in the New York Times not long ago, "Reeling from more exotic investments that imploded during the credit crisis, Kohlberg Kravis Roberts, the Carlyle Group, Goldman Sachs, Morgan Stanley and Credit Suisse are among the investors who have amassed an estimated $250 billion war chest much of it raised in the last two years to finance a tidal wave of infrastructure projects in the United States and overseas." Norman Y. Mineta, a former secretary of transportation was hired by Credit Suisse as a senior adviser to such deals. Other former public servants are lining up for such positions as intermediaries between private and public at handsome remuneration. Given growing public deficits, like third world countries Let us hope and work to see that America will not give away its roads, bridges and airports in exchange for the promise of better maintenance by the private sector. The taxpayer will get immediate relief and long term dependence on for profit owners. There will be pressure on the Obama administration to not "undermine the free market with too much government control."


    Financialization as an accumulation strategy has failed and brought on what began as the subprime crisis and then a financial crisis and is now a general global economic crisis of massive proportions. Neoliberalism has failed as a way to control the developing world and the US and the other countries of the core now face increasingly powerful countries of the global south who will not accept the IMF and WTO rules applied to their disadvantage. But these people are not simply going away. The money changers will ave to be driven from the temple. It is not clear at all that this is Obama's intention. His economic team is composed of the people who led the deregulation which created the financial crisis. Obama may be the vanguard of a new global Keynesianism and global social democracy in an effort to relegitimate a now widely discredited capitalism. Certainly multilateralism is better than Bush unilateralism and talking to enemies better than threats and violence as the responses of choice, environmental sustainability surely a better goal than refusing to sign up for even modest efforts like the Kyoto Treaty.


    Up to now Blairism and other Third Way social democratic accommodations to corporate globalization have been as discredited as the harsher versions of neoliberalism. The Europeans social democrats while criticizing US-style capitalism have moved to incorporate its logic so that their capitalists will not be left behind. The current crisis has to some degree ironically raised their stock as they reverse course and strengthen the state as an economic actor, picking up the rhetoric of progressive government involvement and it is surely the case that government will have to get capitalism out of the crisis it has created for itself and us. The question is what pressure will there be from labor and the left for more basic change if the recovery does not come in the next year or eighteen months and I do not think it will. Can Obama be pushed like FDR was? What are the demands? What are the organized vehicles for pressure? The left has been down so long it is not clear we know the answers to these questions but if the crisis is deep and long as in the 1930s movements will develop and demands will be articulated. We need to speed up the process. Obama will have a honeymoon period but if things do not get better soon more forceful socialization needs to be demanded. People before profits will confront capital's demand that growth can only come by giving them more first. It is this logic which will have to be challenged by the sort of progressive political movement of the kind that pushed Roosevelt in the 1930s.

    William K. Tabb is Professor Emeritus, Queens College, City University of New York. He is the author of The Amoral Elephant: Globalization and the Struggle for Social Justice in the Twenty-First Century (Monthly Review Press, 2001) among other publications.

    in lists.portside.org

OAM 533 08-02-2009 00:48 (última actualização: 09-02-2009 00:58)