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terça-feira, novembro 10, 2009

Crise Global 72

Grandes obras para quê?!

Key oil figures were distorted by US pressure, says whistleblower

Exclusive: Watchdog's estimates of reserves inflated says top official

A report by the UK Energy Research Council (UKERC) last month said worldwide production of conventionally extracted oil could "peak" and go into terminal decline before 2020 – but that the government was not facing up to the risk. Steve Sorrell, chief author of the report, said forecasts suggesting oil production will not peak before 2030 were "at best optimistic and at worst implausible". — in guardian.co.uk (09 Nov 2009).

Go-ahead for 10 nuclear stations

The government has approved 10 sites in England and Wales for new nuclear power stations, most of them in locations where there are already plants. — in BBC (09 Nov 2009).

Estas notícias vindas do Reino Unido podem estar combinadas e fazer parte de uma manobra para amaciar a nova opção nuclear inglesa numa altura em que Obama telefona a Medvedev e Sarkozy para saber como impedir o Irão de ter centrais nucleares.

Mas eu inclino-me para algo mais soturno: o lento mas irreversível reconhecimento de que a era petrolífera tem os dias contados, que, em consequência, a subida explosiva dos preços da energia, a começar pelo petróleo e gás natural, vai acontecer muito em breve, e finalmente, que o tempo favorável a uma reconversão do actual paradigma energético já passou, pelo que não resta outra alternativa que não seja uma aterragem de emergência à escala global, com todos os imprevistos e dramatismo inevitável de um abalo civilizacional desta magnitude.

Os dados estão lançados.

Se o desgoverno corrupto de José Sócrates e da tríade de Macau insistir na construção das novas autoestradas, bem como do novo aeroporto da Ota em Alcochete, para o que não poderá deixar de ter a benção atávica e igualmente corrupta da Oposição (do Bloco de Esquerda ao CDS), tal significará que pouco ou nada poderemos esperar do actual regime político, e que outro terá que ser urgentemente congeminado — antes que a democracia colapse por efeito, nomeadamente, de outra mais radical e duradoura paragem energética do país.

O governo que temos é uma ilusão pura e dura. O presidente que temos encontra-se paralisado por meditações inúteis. O parlamento não passa de um bando de imbecis. Só resta o tumulto da multidão e... os militares.

Oxalá esteja redondamente enganado!


OAM 648 10-11-2009 03:30

sexta-feira, agosto 07, 2009

Portugal 120

Novo paradigma energético
Nem precisam de ler. Basta ouvir!



"Autoridade da Concorrência não regula o mercado dos combustíveis" — António Costa e Silva, in Negócios da Semana.

Uma entrevista de excepcional qualidade e oportunidade, dada a José Gomes Ferreira (SIC) pelo professor universitário e presidente da Partex Oil and Gas, António Costa e Silva. A não perder.

Apesar dos elogios endereçados a José Sócrates, que não partilho, e da pouca atenção prestada aos impactos negativos de uma visão meramente acumulativa do desenvolvimento e da exploração dos recursos, nomeadamente energéticos, e nomeadamente também no sector muitíssimo crítico dos recursos hídricos e da destruição dos rios, António Costa e Silva é um dos especialistas na área da energia que mais respeito, ouvindo sempre com muita atenção o que tem para dizer.

É um técnico que fala com objectividade e é um cidadão corajoso, que diz publicamente o que pensa. Também é, coisa que prezo muito, um patriota assumido. Gosta do seu país e dói-lhe a insanidade, a incompetência e a estupidez alheias. As acusações directas que faz à mediocridade de mais de metade do actual governo "socialista" — com particular ênfase, ainda que dissimulado, no dromedário das obras públicas, ou na por ele denominada (com acidez suficiente) "Autoridade da Não-Concorrência", são um elixir de bom-senso na tourada eleitoral em curso.

Políticos e candidatos: OUÇAM-NO!


Post scriptum — Correlacionado com um dos temas abordados nesta entrevista —a intensidade energética suicida da nossa economia (graças ao Bloco Central do Betão)— vale a pena ler o recém publicado Parecer da Quercus sobre o Plano Estratégico de Transportes 2008-2020 do governo de José Sócrates. A posição da Quercus é correcta e revela liminarmente o desacerto criminoso da política de transportes desenvolvida pelo dromedário das Obras Públicas.


OAM 614 07-08-2009 15:44

quinta-feira, abril 30, 2009

Ouro

Uma nova febre a caminho?
Petróleo, ouro, prata, cobre... e obras de arte — refúgios para uma crise prolongada


A gold bubble may well be coming our way
With the US and other countries monetising budget deficits, the chance of rapid inflation has surged. — Telegraph.co.uk

A recomendação para comprar barras de ouro e moedas é algo que defendo há mais de dois anos. Entretanto, o preço tem vindo a subir, apesar das tentativas recorrentes dos Estados (sobretudo os EUA e Reino Unido) de desvalorizarem sistematicamente os metais preciosos. O que estes países fizeram periodicamente ao longo do século passado foi vender grandes quantidades de ouro, ou então expropriá-lo — como ocorreu quando Roosevelt obrigou os americanos a devolverem o ouro que tinham em casa, confiscando-o por "dez reis de mel coado". Mas desta vez a coisa está preta!

De facto, o G20 recomendou uma recapitalização do FMI com base no aumento das suas reservas de ouro fino, e de "ouro papel" — os chamados Direitos Especiais de Saque (SDR). O problema é que o Reino Unido e a América estão literalmente falidos, e a União Europeia caminha para a deflação e para uma depressão económica prolongada, com taxas de desemprego que poderão chegar aos 20% lá para 2012 (o contrário, portanto, da propaganda imbecil do governo socratino.) Entretanto os chineses, árabes e japoneses (estes pela via piramidal do Yen Carry Trade), de quem o Ocidente espera ansiosamente mais patacas, já declararam que não vão continuar a alimentar burros a Pão de Ló, nem lançar mais pérolas a porcos!

Ou seja, a hiperinflação pode estar ao virar da esquina. Donde o valor inestimável do ouro fino e das acções das principais companhias mineiras envolvidas na extracção de metais preciosos e não só (ouro, prata, platina... cobre). Os SDRs e outras formas de ouro-papel, como títulos de ouro, são de evitar - pois estão na calha de uma nova bolha especulativa!!

Há já algum tempo que recomendo a compra de ouro fino aos portugueses. Dez por cento do que ganham investido em metais preciosos (ouro, platina e prata), sem lugar a pagamento de IVA, bem guardados, são decisões a pensar num futuro incerto. E o mais certo que temos neste momento é mesmo um futuro incerto.




A escassez do petróleo será uma realidade catastrófica da economia mundial a partir de 2015, ou seja muito antes de o tresloucado aeroporto intercontinental de Alcochete borregar no charco das dívidas pública e externa nacionais. A instabilidade decorrente desta escassez (quem poderá pagar no futuro o caríssimo petróleo canadiano, venezuelano, brasileiro ou russo?), para a qual não existe alternativa efectiva, nem poderá ser desenvolvida no prazo que medeia até que os efeitos catastróficos do Pico Petrolífero arrastem o declinante do modelo de desenvolvimento capitalista para a fossa da História, será seguramente responsável pela emergência do ouro, da platina, da prata, mas também do cobre e dos metais essenciais ao fabrico de pilhas recarregáveis e células de hidrogéneo (níquel, cádmio, lítio, etc.) como valores de refúgio para as poupanças mundiais.

As poupanças e os depósitos bancários estão permanentemente ameaçados pela usura fiscal das partidocracias e cleptocracias que paulatinamente vêm expropriando os povos dos seus mais elementares direitos: conservar o fruto do trabalho, poupar e investir no futuro livremente.

E quando não são expropriados legalmente pelas burocracias partidárias e corporativas, ou ainda pelas burguesias burocráticas aninhadas junto às tetas orçamentais, são-no pela lógica especulativa da inflação capitalista.

Perante este roubo devastador das economias individuais, familiares e privadas, só há uma saída: voltar à terra e respectivos bens essenciais, estabelecer circuitos de troca paralela (desencadeando uma economia informal sem precedentes), apostar na partilha universal de conhecimentos (nomeadamente pela via tecnológica), e acumular reservas de bens e valores universalmente aceites, como são, entre outros, os metais preciosos e os bens não deslocalizáveis (paisagem, clima, protecção ambiental e qualidade urbana). Os pilotos de caça da Força Aérea americana não levam dólares no bolso, mas moedas de ouro. Porquê? Pois para poderem comprar a sua liberdade caso caiam em mãos inimigas, nalguma montanha inóspita do Afeganistão. Querem melhor demonstração do que estamos a falar?


OAM 583 30-04-2009 14:33 (última actualização: 16:22)

terça-feira, março 24, 2009

Energia 5

Do pinóquio irrenovável à pedrada da SHELL

As energias eólicas e solar, segundo a SHELL — que acaba de anunciar a sua retirada dos sectores eólico, solar e hídrico (1) — não são rentáveis, ou dito doutro modo, os seus preços, que continuarão a subir no futuro, prefiguram um novo paradigma energético. O tempo da energia cara chegou!

Daí que todo o plano do pinóquio Sócrates (2) não passe duma aldrabice para safar empresas que subsidiaram e subsidiam os partidos do Bloco Central. Só que o descalabro do actual Executivo é tal, que já tudo sai de pernas para o ar, mesmo quando o descaramento do favorecimento ilegal às empresas amigas salta à vista.

Os apoios estatais veiculados por um autêntico cartel energético-partidário à instalação de painéis solares térmicos, tal como o esquema de subsídios à microgeração solar térmica e fotovoltaica, são uma vigarice, além de serem pura demagogia e, por incrível que pareça, uma forma encapotada de sobre subsidiar a própria EDP, Iberdrola e quejandos! Dentro em breve, porém, países sobre endividados, como Portugal, a Espanha, o Reino Unido, etc., serão forçados a abandonar o que efectivamente não passa de um esquema leviano de especulação financeira com a escassez energética de todos nós.

Quando o petróleo voltar a disparar (já recomeçou a subir e poderá dar um salto brusco depois da presumivelmente falhada Cimeira do G20 em Londres (3), no próximo dia 2 de Abril), a falência em catadupa das empresas privadas e do sector público de boa parte dos países europeus levará inevitavelmente a uma revisão drástica das fantasias dominantes em volta das energias alternativas.

Não há alternativa aos combustíveis líquidos oriundos do petróleo capaz de evitar a tempo o COLAPSO ENERGÉTICO que aí vem. Isto é um facto.

E quem tiver contratos assinados com os piratas neoliberais que continuam a publicar decretos e leis destinados a "agarrar" os incautos aos oligopólios da energia e da água, ficará, mais cedo ou mais tarde, com a sucata dos colectores ao colo, imprestável, irreparável e por pagar, para gáudio do BES e da restante banca falida nacional.

Sócrates, Barroso, e outros que tais só tem uma alternativa: RUA!

E quanto a nós, o melhor é mesmo começarmos a confluir em esquemas efectivos de autonomia e eficiência energéticas: racionalização sustentável da intensidade energética do dia-a-dia das nossas casas, empresas e comunidades, microgeração desligada da rede e conservação comunitária da água potável. É urgente renacionalizar a EDP e impedir a todo o custo qualquer privatização dos rios, costas marítimas, portos, aeroportos e estradas. As Parcerias Público Privadas ruinosas, tal como o negócio privado das portagens concessionadas, devem cessar imediatamente!


NOTAS

  1. Shell dumps wind, solar and hydro power in favour of biofuels

    Tuesday 17 March 2009 (Guardian) — Shell will no longer invest in renewable technologies such as wind, solar and hydro power because they are not economic, the Anglo-Dutch oil company said today. It plans to invest more in biofuels which environmental groups blame for driving up food prices and deforestation.

    Executives at its annual strategy presentation said Shell, already the world's largest buyer and blender of crop-based biofuels, would also invest an unspecified amount in developing a new generat­ion of biofuels which do not use food-based crops and are less harmful to the environment.

    The company said it would concentrate on developing other cleaner ways of using fossil fuels, such as carbon capture and sequestration (CCS) technology. It hoped to use CCS to reduce emissions from Shell's controversial and energy-intensive oil sands projects in northern Canada.

    The company said that many alternative technologies did not offer attractive investment opportunities. Linda Cook, Shell's executive director of gas and power, said: "If there aren't investment opportunities which compete with other projects we won't put money into it. We are businessmen and women. If there were renewables [which made money] we would put money into it."


  2. Especialistas de energia denunciam "embuste" na visita de Sócrates e Pinho à Energie

    24.03.2009 - 08h53 (Público) — A visita de José Sócrates e de Manuel Pinho às instalações da Energie para assinalar a segunda fase de expansão da fábrica que produz o que designa por "painéis solares termodinâmicos" está a desencadear uma série de protestos por parte dos principais responsáveis pela investigação e indústria solar no país.

    "É uma empresa que assenta a sua propaganda num embuste", denuncia Eduardo Oliveira Fernandes, ex-secretário de Estado da Energia e académico que desenhou a política energética do actual Governo, no que é acompanhado por Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal e presidente da Sociedade Portuguesa de Energia Solar (SPES), e por Manuel Collares Pereira, considerado um dos principais especialistas em energia solar no país, ex-investigador do INETI e responsável pela empresa fabricante de painéis solares térmicos Ao Sol. Os três especialistas clamam que o produto da Energie, fabricado na Póvoa de Varzim, é "publicidade enganosa" - mostram tratar-se de uma bomba de calor accionada a electricidade com apoio secundário em energia solar e não de um painel solar térmico - e atribuem o incentivo político do primeiro-ministro e do ministro da Economia, com a visita efectuada, a uma possível ausência de apoio técnico adequado pelos respectivos gabinetes.

    Também a associação ambientalista Geota se associa às críticas. "A pretexto de vender energia solar, [a Energie] vende mais electricidade", diz Manuel Ferreira dos Santos, um dos responsáveis da organização, que equipara o funcionamento do sistema da Energie a um "frigorífico ao contrário" que continua a ser alimentado por energia eléctrica, não solar, restando o que diz ser uma "acção de marketing bem conseguida".


    Energia solar — Segunda polémica em dois anos à volta da Energie


    24.03.2009 - 21h30 (Público) — A polémica voltou à empresa Energie, da Póvoa de Varzim, pela segunda vez em dois anos. A empresa divulgou hoje ser detentora de um certificado de sistemas solares térmicos passado por entidades europeias, no passado dia 10 de Março, que não convence os especialistas como Oliveira Fernandes, para quem equipamentos anunciados como funcionando com sol, céu nublado, chuva e à noite “não são solares”. “Energia solar é para captar energia solar”, remata.

    ... Em comunicado emitido hoje, a empresa responde que as “acusações são falsas” e garante possuir certificações passadas pela Solar Keymark (dinamarquesa) e pela Dincertco (alemã), consideradas entidades de topo nesta área. “Estas certificações atestam o produto da Energie como sistema solar térmico”, afirma.

    ... O actual presidente da SPES e presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, disse hoje ao PÚBLICO que reitera a posição assumida em 2007 pela SPES sobre os painéis termodinâmicos. Quanto ao certificado anunciado ontem, adianta que a “associação tomará uma posição quando souber do que se trata”.


  3. China calls for new reserve currency
    By Jamil Anderlini in Beijing
    Published: March 23 2009 12:16 | Last updated: March 24 2009 00:06 (FT.com)

    China’s central bank on Monday proposed replacing the US dollar as the international reserve currency with a new global system controlled by the International Monetary Fund.

    In an essay posted on the People’s Bank of China’s website, Zhou Xiaochuan, the central bank’s governor, said the goal would be to create a reserve currency “that is disconnected from individual nations and is able to remain stable in the long run, thus removing the inherent deficiencies caused by using credit-based national currencies”.

OAM 560 24-03-2009 13:00 (última actualização: 25-03-2009 01:36)

sábado, março 21, 2009

Portugal 93



Vem aí a Grande Depressão !

TAP cancela 2190 voos nos dois primeiros meses e meio de 2009, e apresenta prejuízos de 280 milhões euros em 2008. Para quem o novo aeroporto?

Durante o ano de 2008 circularam menos 20 mil veículos por dia na Ponte 25 de Abril. Para quem a nova ponte sobre o Tejo?

Se a carga movimentada nos cinco principais portos portugueses diminuiu 1,8% em 2008 e cairá a pique em 2009, para que querem a Mota-Engil e a tríade de Macau estuporar o Cais de Alcântara e enterrar a Linha do Estoril (um dos percursos ferroviários mais bonitos do mundo)?

Os níveis de desemprego nos EUA e na Europa (a caminho dos dois dígitos), tal como as quedas bolsistas, nomeadamente em Wall Street, apresentam um padrão cada vez mais semelhante ao do colapso de 1929. Para quem as novas autoestradas e as novas barragens?

Michelle Obama planta alfaces, tomate, cebolas, brócolos e ervas aromáticas nos jardins da Casa Branca (ver plano). Isto não vos diz nada?

A Cimeira do G20, que terá lugar em Londres no próximo dia 2 de Abril, ou abre campo para a substituição do dólar americano como moeda internacional de troca, hipótese em cima da mesa da próxima reunião de especialistas da ONU para a reforma financeira mundial, partilhada pela China, Rússia, alguns países árabes, parte da União Europeia e até um ex-alto funcionário do J P Morgan — prevendo-se que tal decisão possa travar o rumo vertiginoso e perigoso da economia mundial na sequência do colapso do castelo de cartas do endividamento compulsivo do Ocidente —, ou deixa ingleses e americanos imporem a sua vontade, exigindo ao resto do mundo que continue a suportar a falência patente desta aliança, e então as probabilidades de tumultos generalizados, guerras civis, secessões e até de uma 3ª Guerra Mundial passarão a estar em cima da mesa das probabilidades.

O Pico Petrolífero e o fim do paradigma energético que possibilitou até agora os nossos estilos afluentes de vida tem muito mais que ver com a presente crise financeira e económica do que à primeira vista parece. 85% da energia industrial produzida e consumida pela humanidade tem origem no carvão, petróleo e gás natural. Apenas 15% provêm de outras fontes energéticas, como as centrais hídricas e nucleares, os biocombustíveis, os geradores eólicos, os painéis solares, etc. As energias alternativas exploradas nos EUA em 2007 não iam além de 1% do mix energético que move a economia americana, e até 2015 pouco ultrapassarão 4% das necessidades energéticas de um país que consome 25% do petróleo mundial. As possibilidades de substituição das energias dominantes nos últimos 200 anos por energias alternativas e renováveis antes de o Pico Petrolífero provocar danos virtualmente irreparáveis à economia mundial parecem pois escassas.

Assim, até 2015, 2020, 2030, dificilmente nos safaremos de uma depressão permanente, com altíssimos níveis de desemprego, inflação, agravamento contínuo dos impostos, implosão de sistemas sociais e regimes de pensões, colapso de empresas, falências de muitas cidades, luta de classes sob várias formas e uma permanente instabilidade política, que nalguns casos poderão desembocar em guerras civis e revoluções.

Diante deste cenário realista não faz qualquer sentido continuarmos a discutir filosoficamente as vantagens de uma Terceira Travessia do Tejo, o Novo Aeroporto de Alcochete, mais autoestradas, barragens assassinas e até a rede de Alta Velocidade. Portugal está pura e simplesmente à beira da falência. E se os seus cidadãos não tomarem rapidamente consciência deste simples facto, irão todos pagar muitíssimo caro a indolência, o oportunismo ou a falta de coragem demonstradas. As soluções deixaram definitivamente de passar pelo endividamento contínuo em nome da criação de infraestruturas para uma economia que, em boa verdade, já não existe!

Precisamos, isso sim, de nos organizar de outra forma, estabelecendo uma estratégia firme de eficiência energética, de protecção dos recursos públicos, de distribuição solidária do trabalho disponível, de adaptação forçada das cidades ao fim do paradigma energético dos últimos cem anos, de mitigação do impacto extremamente negativo do transporte automóvel, e da instauração de uma democracia directa em rede — alternativa ao irremediavelmente corrupto sistema político actual.



REFERÊNCIAS

Obamas to Plant Vegetable Garden at White House

WASHINGTON (20-03-2009) — Michelle Obama will begin digging up a patch of the South Lawn on Friday to plant a vegetable garden, the first at the White House since Eleanor Roosevelt’s victory garden in World War II. There will be no beets — the president does not like them — but arugula will make the cut.

While the organic garden will provide food for the first family’s meals and formal dinners, its most important role, Mrs. Obama said, will be to educate children about healthful, locally grown fruit and vegetables at a time when obesity and diabetes have become a national concern.

“My hope,” the first lady said in an interview in her East Wing office, “is that through children, they will begin to educate their families and that will, in turn, begin to educate our communities.” — in New York Times.


Shell dumps wind, solar and hydro power in favour of biofuels

Shell will no longer invest in renewable technologies such as wind, solar and hydro power because they are not economic, the Anglo-Dutch oil company said today. It plans to invest more in biofuels which environmental groups blame for driving up food prices and deforestation.

Executives at its annual strategy presentation said Shell, already the world's largest buyer and blender of crop-based biofuels, would also invest an unspecified amount in developing a new generat­ion of biofuels which do not use food-based crops and are less harmful to the environment.

The company said it would concentrate on developing other cleaner ways of using fossil fuels, such as carbon capture and sequestration (CCS) technology. It hoped to use CCS to reduce emissions from Shell's controversial and energy-intensive oil sands projects in northern Canada.

The company said that many alternative technologies did not offer attractive investment opportunities. Linda Cook, Shell's executive director of gas and power, said: "If there aren't investment opportunities which compete with other projects we won't put money into it. We are businessmen and women. If there were renewables [which made money] we would put money into it." — guardian.co.uk, Tuesday 17 March 2009 19.04 GMT.

The Real Unemployment Rate, by Lee Adler

Let’s stop kidding ourselves. The sugar coated headline unemployment rate reported by the government is completely bogus. The real unemployment rate buried in the Federal Government’s data tables, including discouraged workers and those who are considered marginally attached or working part-time because they cannot find full time work, is now 12.2%, the highest it has been in 15 years. This number is up 33% over the past 12 months.

For those egonomists who claim that this is nothing like the Great Depression, because then the unemployment rate was 25%, stick this in your pipe and smoke it. Where was the unemployment rate in 1930, the year after the market crashed? According to the BLS, the unemployment rate for all of 1930 was 8.9%. Admittedly, there’s no information on how that statistic was calculated, but those economists who say that today’s recession is nothing like the Great Depression. By this one measure at least, given the timing. Today’s deterioration is at least as rapid, and probably more rapid, than the beginning of the Great Depression. — in Wall Street Examiner (5-12-2008.)

The peak oil economic depression has arrived, by Clifford J. Wirth, Ph.D.

The best advice for individuals and organization is to prepare for Peak Oil impacts. No federal or state agencies are studying Peak Oil impacts and contingency planning. A few local governments and organizations are beginning to make plans.

This is what we must plan for. With increasing costs for gasoline and diesel, along with declining taxes and declining gasoline tax revenues, states and local governments will eventually have to cut staff and curtail highway maintenance. Eventually, gasoline stations will close, and state and local highway workers won’t be able to get to work. We are facing the collapse of the highways that depend on diesel and gasoline powered trucks for bridge maintenance, culvert cleaning to avoid road washouts, snow plowing, and roadbed and surface repair. When the highways fail, so will the power grid, as highways carry the parts, large transformers, steel for pylons, and high tension cables from great distances. With the highways out, there will be no food coming from far away, and without the power grid virtually nothing modern works, including home heating, pumping of gasoline and diesel, airports, communications, water distribution systems, waster water treatment, and automated building systems. — in Energy Bulletin.


Peak oil - keep your eye on the donut and not the hole, by Chris Shaw



You see, to find and exploit an oil deposit, we need to expend quite a lot of oil energy. Oil is the supreme example of compact energy, so we have all enjoyed the abundance of "spare" energy left over. As the easy stuff is used up, we arrive at the point where we must finally expend a whole barrel of oil to produce a barrel of oil. Approaching this point, rising oil prices simply express the diminishing proportion of "spare" energy left over for distribution.

Once the net energy return is zero, it's over ... no matter how much oil is tantalisingly "still down there". For the same reasons, less accessible or poor quality oil deposits can be very short-lived. At the finish, the price of oil is immaterial. One cent or one million dollars a barrel - it's over.

...Would you think me a jester if I said that the one true currency is energy? It always was and always will be. Economics is the game of Tiddlywinks that we can afford to play only in the midst of easy, abundant energy. Energy is the donut, economics is the hole. — in Online Opinion.


Leading climate scientist: 'democratic process isn't working'


Protest and direct action could be the only way to tackle soaring carbon emissions, a leading climate scientist has said.

James Hansen, a climate modeller with Nasa, told the Guardian today that corporate lobbying has undermined democratic attempts to curb carbon pollution. "The democratic process doesn't quite seem to be working," he said.

Speaking on the eve of joining a protest against the headquarters of power firm E.ON in Coventry, Hansen said: "The first action that people should take is to use the democratic process. What is frustrating people, me included, is that democratic action affects elections but what we get then from political leaders is greenwash.

"The democratic process is supposed to be one person one vote, but it turns out that money is talking louder than the votes. So, I'm not surprised that people are getting frustrated. I think that peaceful demonstration is not out of order, because we're running out of time." — guardian.co.uk, Wednesday 18 March 2009 18.31 GMT.


Crude Oil: Uncertainty about the Future Oil Supply Makes it Important to Develop a Strategy for Addressing a Peak and Decline in Oil Production (2007)

“Because development and widespread adoption of technologies to displace oil will take time and effort, an imminent peak and sharp decline in oil production could have severe consequences. The technologies we examined [ethanol, biodiesel, biomass gas-to-liquid, coal gas-to-liquid, and hydrogen] currently supply the equivalent of only about 1% of U.S. annual consumption of petroleum products, and DOE [U.S. Department of Energy] projects that even under optimistic scenarios, these technologies could displace only the equivalent of about 4% of annual projected U.S. consumption by around 2015. If the decline in oil production exceeded the ability of alternative technologies to displace oil, energy consumption would be constricted, and as consumers competed for increasingly scarce oil resources, oil prices would sharply increase. In this respect, the consequences could initially resemble those of past oil supply shocks, which have been associated with significant economic damage. For example, disruptions in oil supply associated with the Arab oil embargo of 1973-74 and the Iranian Revolution of 1978-79 caused unprecedented increases in oil prices and were associated with worldwide recessions. In addition, a number of studies we reviewed indicate that most of the U.S. recessions in the post-World War II era were preceded by oil supply shocks and the associated sudden rise in oil prices. Ultimately, however, the consequences of a peak and permanent decline in oil production could be even more prolonged and severe than those of past oil supply shocks. Because the decline would be neither temporary nor reversible, the effects would continue until alternative transportation technologies to displace oil became available in sufficient quantities at comparable costs. Furthermore, because oil production could decline even more each year following a peak, the amount that would have to be replaced by alternatives could also increase year by year.” — (PDF)

OAM 558 21-03-2009 02:54 (última actualização: 22-03-2009 02:09)

terça-feira, agosto 19, 2008

Portugal 44

Intensidade energética e declínio

A mais completa prova estatística de que a obsessão por auto-estradas e automóveis foi a pior escolha estratégica que Portugal alguma vez poderia ter feito está nesta insuspeita página da OCDE, de 17 de Abril de 2007.

Lendo com atenção este exaustivo repositório da OCDE sobre a intensidade energética (IE) da economia portuguesa conclui-se sem margem para dúvidas que temos vindo a piorar desde 1971 relativamente a todos os países do mundo, e não apenas face aos nossos parceiros da União Europeia.

Em todo o mundo, excepto Portugal, há um esforço visível para diminuir a intensidade energética das economias -- isto é, a quantidade de energia primária necessária para produzir uma unidade de Produto Interno Bruto (PIB). Brasileiros, holandeses, mexicanos, polacos, americanos ou chineses, todos, menos nós, procuram tornar as suas economias mais eficientes, começando, claro está, por racionalizar, em nome dos respectivos interesses nacionais, os seus sistemas de transportes, as suas matrizes energéticas e as suas políticas de endividamento público e privado. O caso lusitano, porém, é dramático e ridículo ao mesmo tempo.

Sem outra alternativa que não seja importar 90% da energia que consome, nenhum governo se lembrou até agora de poupar, a não ser na população activa, que alegremente exporta para Espanha, Reino Unido, Suiça, Noruega, etc., ou nos salários dos mais pobres e remediados. A proliferação de novos bairros de exclusão social e étnica, onde a violência cresce diariamente, vem aliás mostrar os resultados previsíveis de um desenvolvimento económico que em vez de ter apostado no crescimento consolidado dos recursos, das realizações e das expectativas, preferiu promover uma economia de clientelas, especulativa, informal, corrupta e irresponsável.

Nisto se perderam exactamente 33 preciosos anos. Agora, com a recessão americana e europeia a destruir boa parte dos expectáveis efeitos favoráveis do último quadro comunitário de apoio (2007-2013), e a aproximação vertiginosa dos efeitos catastróficos do pico petrolífero e do aquecimento global, que nos resta?

Para já, uma democracia distorcida e um país desamparado, cuja classe política, incapaz de pensar ou dizer o que pensa, pouco pode oferecer. Um punhado de jovens socialistas, verificada que foi a inutilidade da esperança depositada em Manuel Alegre, publicitou no Expresso a sua manifesta oposição à escandalosa desfiguração neoliberal do PS. Alberto João Jardim ensaiou, da pacata praia de Porto Santo, lançar um Grito do Ipiranga a favor de um partido nacional federalista (ou será que disse regionalista?), depois das próximas eleições para a Assembleia da República. São sinais claros do fim de um regime, ou pelos menos de um ciclo partidário cuja recomposição se fará no quadriénio 2009-2013, se não antes. A actual crise constitucional em volta das declarações de Carlos César e do populismo parlamentar dominante pode agravar-se. Se tal ocorrer, então teremos certamente mais partidos a disputar as legislativas de 2009. No fundo, ganhar-se-ia tempo, que é o bem mais escasso em épocas de crise.

Voltemos, para já, ao problema da falta de uma visão adequada à transição de paradigma energético em curso, e à falta de um modelo de mobilidade adequado às energias do futuro.

Em Portugal, os transportes levam 36% de toda a energia consumida. Por sua vez, 90% desta energia vai direitinha para o transporte rodoviário. Ou seja, dependemos completamente da evolução dos preços do petróleo. Como o preço deste verdadeiro ouro negro deverá continuar a subir a uma média de 30% ao ano, adivinham-se consequências trágicas para o nosso país no decorrer dos próximos anos.

As tão badaladas barragens hidroeléctricas, decididas única e exclusivamente para transferir mais riqueza nacional para os bolsos de alguns conglomerados energéticos privados, ainda que sob pretextos cândidos (contribuir para a independência energética de Portugal!), acrescentarão apenas uns ridículos 3% à capacidade própria de produção de energia eléctrica, em nada contribuindo, por isso, para resolver os problemas energéticos existentes e que irão levar-nos ao colapso económico e social se não houver uma inversão de 180 graus na estratégia energética até agora promovida pelo bloco central do betão. O boicote dos camionistas foi apenas um pequeno e honesto aviso aos débeis timoneiros que afirmam governar o país.

As novas barragens hidroeléctricas ameaçam equilíbrios ecológicos, eventuais indústrias de turismo residencial de qualidade, e a paisagem, contribuindo marginalmente (3%) para o aumento da produção energética nacional. Por outro lado, além de não criarem nenhum emprego estável local, destroem as economias existentes e provocam assinaláveis perdas na biodiversidade regional. Espero sinceramente que as populações e os políticos das zonas abrangidas acordem a tempo de evitar mais este atentado histórico às suas cada vez mais preciosas autonomias económicas, sociais e culturais.

As energias eólica e solar voltaica são uma boa decisão, mas é preciso ver quem faz o quê, como, por que preço e a favor de que dono. A tão propalada maior central solar do mundo, a da Amareleja, além de não ser tal quando estiver concluída, começou por ser uma iniciativa do alcaide de Moura, mas hoje é um negócio 100% pertencente à empresa espanhola ACCIONA, que por sua vez, para conseguir fornecer os necessários painéis foto-voltaicos a tempo, teve que os importar da China! Que falhou neste negócio? A banca portuguesa? A célebre classe empresarial lusitana? Ou simplesmente a pressa de Manuel Pinho? Alguém falou com os alemães (maior produtor europeu de energia foto-voltaica) sobre o assunto? Gostaria de saber.

O programa de eficiência energética em curso é uma boa ferramenta para mitigar o sério problema energético que se avizinha. No entanto, peca por tardio e por andar embrulhado numa teia burocrática ao serviço de clientelas partidárias e empresariais indígenas, obscura, trapalhona, e cujo resultado palpável é a execução lenta do mesmo.

Os biocombustíveis roubam terra arável necessária à produção de alimentos e não resolvem o problema da extrema dependência petrolífera dos transportes rodoviários. Além do mais, andam de mão dada com o lóbi nefasto dos Organismos Geneticamente Modificados (OGM), imprescindíveis à rentabilidade das explorações agro-energéticas. Resumindo: os biocombustíveis não resolvem o problema energético de nenhum pequeno país e ameaçam a independência alimentar dos que os acolhem.

Mais auto-estradas, em vez das "autovías" que existem há muito em Espanha, apenas contribuirão para aumentar o insustentável fluxo de tráfego rodoviário existente, prejudicando decisivamente as possibilidades de o esforço orçamental do país ser reencaminhado para onde mais falta faz, menos nódoa ambiental causa, e é mais reprodutivo: o transporte ferroviário e o transporte marítimo-fluvial.

As cidades aeroportuárias e em geral a desmiolada política aeroportuária deste governo ficará bem patente quando José Sócrates inaugurar o novo aeroporto de Beja. A indústria aeronáutica está perante um verosímil cenário de colapso, do qual a TAP dificilmente se salvará. Ou seja, na dúvida, construir uma cidade aeroportuária e um novo aeroporto intercontinental em Lisboa para 2015 ou 2017, é daquelas decisões que qualquer político, mesmo idiota, adiaria para as calendas gregas. Vamos ver o que ocorre na aldeia lusitana.

Finalmente, em vez de TGVs (ou AVEs), do que precisamos é de um novo plano ferroviário urgente, pensado, desenhado e construído com pés e cabeça. O maior desafio de Portugal nos próximos 20 anos é este: FAZER A TRANSIÇÃO ENERGÉTICA DE UMA TARDIA ECONOMIA DE CONSUMO PARA UMA NOVA ECONOMIA DE PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL.


OAM 422 20-08-2008 01:40

quinta-feira, agosto 14, 2008

Eurasia adiada - 3

Afinal, um Irão nuclear até dava jeito!
Jul 30, 2008
Russia takes control of Turkmen (world?) gas
By M K Bhadrakumar

From the details coming out of Ashgabat in Turkmenistan and Moscow over the weekend, it is apparent that the great game over Caspian energy has taken a dramatic turn. In the geopolitics of energy security, nothing like this has happened before. The United States has suffered a huge defeat in the race for Caspian gas. The question now is how much longer Washington could afford to keep Iran out of the energy market.

Gazprom, Russia's energy leviathan, signed two major agreements in Ashgabat on Friday outlining a new scheme for purchase of Turkmen gas. The first one elaborates the price formation principles that will be guiding the Russian gas purchase from Turkmenistan during the next 20-year period. -- in Asia Times.

Este artigo é particularmente oportuno para entender a crise militar, ou melhor, a guerra em curso na Geórgia e na Ossétia do Sul. Eu escrevera já que o braço de ferro no Médio Oriente e no Mar Cáspio, tal como as guerras no Afeganistão e no Iraque, ou a ameaça ao Irão, têm única e exclusivamente que ver com as reservas estratégicas de petróleo e gás natural existentes naquela vasta região.

Ao contrário do que pensam Nuno Rogeiro e muitos outros comentadores de televisão mal preparados, os jogos de estratégia não são passatempos para jornalistas e jogadores de Playstation, mas instrumentos complexos destinados a obter resultados práticos de política nacional. No caso, e pelo menos desde o princípio do século 20, a definição dos poderes dominantes mundiais fez-se essencialmente à custa do domínio militar das principais zonas petrolíferas do planeta e respectivas rotas de acesso. O Grande Jogo, há muito proposto por Brzezinski, não fala de outra coisa, ainda que sob a capa da integração pacífica da Rússia numa Eurásia pró-atlântica e pró-americana com o seu centro de gravidade na Europa Ocidental.

Perante o ascenso da China e da Ásia em geral, a visão do polaco-americano faz sentido.

Só que a realização efectiva de um tal desiderato pressupõe a existência de uma verdadeira Europa, cujo vórtice não poderá deixar de estar no eixo Paris-Berlim, ainda que secundado por um reforçada aliança atlântica, protagonizada, do lado europeu, por países como o Reino Unido, Espanha e Portugal. Os neo-cons, por julgarem poder operar toda a estratégia a partir e no interesse exclusivo de Washington, dispensaram e sabotaram mesmo a União Europeia, usando o Reino Unido como seu cão de fila, e Javier Solana, espécie de cadáver adiado do Tratado de Lisboa, como proxy dissimulado das suas intenções.

Há quem lute ainda pela Agenda de Lisboa. Mas a lentidão do processo é tal, que corre o risco de implodir perante o relógio da História. Paradoxalmente, o artigo de Bhadrakumar permite extrair uma ilação imprevista: seria agora do interesse da Europa Ocidental e dos próprios Estados Unidos recuperar o Irão para sua órbita de simpatia. Aliás, é do interesse europeu e americano, não apenas permitir, como mesmo estimular a rápida transformação do Irão numa potência nuclear, desde que, ao mesmo tempo, claro, a Europa se decida de uma vez por todas a desenvolver um sistema de forças adequado ao século 21!

Este debate foi aberto no grupo Democracia Virtual por JMS. Se estiver interessado em aprofundar a discussão, bata à porta do grupo de discussão. Se vem por bem, será bem-vindo ;-)


OAM 419 14-08-2008 12:55

quarta-feira, agosto 13, 2008

Portugal 41

Efeitos do pico petrolífero

CP não tem comboios para responder à procura
13.08.2008 - 09h11 Carlos Cipriano

A CP Longo Curso, responsável pelos comboios Alfa Pendular e Intercidades, bateu um recorde de passageiros no mês de Julho, ao transportar 497 mil clientes (mais 11,1 por cento do que no período homólogo de 2007) e tem tido desde Maio um aumento continuado da procura no serviço de longa distância. Mas a empresa está nos seus limites em termos de oferta e precisa urgentemente de novos comboios, o que já está previsto há um ano, mas para o que ainda não obteve a imprescindível autorização conjunta dos ministérios das Finanças e dos Transportes e Comunicações. -- Público.

COMENTÁRIO: antes de mais, este mesmo problema afecta neste preciso momento o transporte ferroviário entre Setúbal e Lisboa, a cargo da Fertagus. Faltam comboios e horários mais amplos e com mais frequências para responder à procura crescente do transporte colectivo. Todos os suburbanos deveriam passar a circular entre as 5:00 e as 2:00 da manhã, com intervalos nunca superiores a 30mn.

Como bem escreveu quem me chamou a atenção para esta notícia do Público, isto é uma demonstração concludente do Pico Petrolífero a funcionar. O petróleo barato acabou, e como se isto não fosse suficiente para mudar de vida, temos uma recessão que veio para durar! É tempo de as araras parlamentares, do governo e da presidência da república acordarem e remarem para o mesmo lado, pelo menos nesta crucial questão. Estou farto de escrever que é preciso declarar o Estado de Emergência Energética, e com base numa tal disposição (que falta conceber e desenhar) lançar um conjunto de medidas inteligentes e draconianas para mitigar os impactos desastrosos que o fim do paradigma carbónico (e consumista) terá em toda a economia, na sobrevivência das cidades e na paz social.

A primeira coisa que é preciso fazer é travar imediatamente a pressão escandalosa do Bloco Central do Betão e reavaliar meticulosamente TODOS os grandes investimentos mendigados insistentemente pelas burguesias e burocracias clientelares deste país. A acção desta gentinha preguiçosa e egoísta ameaça, se não for travada, lançar Portugal numa fatal espiral de dívidas que deitará a perder a nossa própria independência política. Já não estamos a falar de opiniões técnicas, mas de conspiração e traição!

Barragens inúteis e contraproducentes (sobretudo as anunciadas para os rios Tua e Sabor), auto-estradas a pagar em 75 anos (!), uma nova travessia do Tejo que ameaça destruir um potencial portuário único na Europa, uma cidade aeroportuária idealizada pelo incompetente boy do PS que inventou o aeromoscas de Beja, ou um TGV a ligar a Gare do Oriente a Campanhã, são enormidades a suspender sem mais discussão. São demasiado desmioladas para que lhe dediquemos mais atenção e recursos (a malta dos estudos adora polémicas!)

Não apenas a corrupção, mas também a estupidez e a irresponsabilidade políticas devem estar sujeitas a tribunal. Não devemos focar a nossa atenção apenas no senhor Vale e Azevedo. Os governantes responsáveis por actos de destruição da riqueza pública também devem ser chamados a prestar contas e pagar pelas leviandades praticadas.

OAM 417 13-08-2008 12:30

sexta-feira, agosto 08, 2008

Crescimento exponencial

Aritmética, população e energia

O preço do crude tem vindo a descer nos últimos dias. Mas não tenhamos ilusões! A crise energética veio para durar. Vamos mesmo mudar de vida, queiramos ou não.

A propaganda governamental, mais leviana em Portugal, nos Estados Unidos ou no Brasil, do que na Suécia ou em Espanha, não nos deve iludir. O actual paradigma energético tem os dias contados. Depois do crash course de Chris Martenson, proposto no artigo anterior, recomendo-vos a palestra do Dr. Albert Bartlett, que pode ser vista em vídeo (original), ou lida (em inglês, francês ou espanhol). Uma fascinante demonstração do impacto do crescimento exponencial na história dos organismos vivos.

Há coisas que podemos fazer por nós próprios, sem esperar pelas decisões tardias e contraproducentes de quem governa. O entendimento do que se passa e sobretudo daquilo que é preciso corrigir imediatamente, não está ao alcance dos modelos de acção político-partidária disponíveis. Teremos, aliás, que substituir as obsoletas máquinas adversativas dos actuais regimes democráticos ocidentais, cuja maneira de pensar e agir nos levará, a muito curto prazo, se não travarmos as suas decisões corruptas, demagógicas e populistas, ao desastre colectivo. A gravíssima e tripla crise energética, ambiental e financeira já começou. Algumas curvas fatais esperam por todos nós algures entre 2020 e 2030. E até lá, se não conseguirmos desenhar uma visão cultural alternativa para a civilização, haverá muita inquietação e tragédia.

Da arrepiante comunicação do reformado Professor Emérito de Física, da Universidade do Colorado (EUA), cito três magníficos exemplos de demonstração:

(...) Bacteria grow by doubling. One bacterium divides to become two, the two divide to become 4, the 4 become 8, 16 and so on. Suppose we had bacteria that doubled in number this way every minute. Suppose we put one of these bacteria into an empty bottle at 11:00 in the morning, and then observe that the bottle is full at 12:00 noon. There's our case of just ordinary steady growth: it has a doubling time of one minute, it’s in the finite environment of one bottle.

I want to ask you three questions. Number one: at what time was the bottle half full? Well, would you believe 11:59, one minute before 12:00? Because they double in number every minute.

And the second question: if you were an average bacterium in that bottle, at what time would you first realise you were running of space? Well, let’s just look at the last minutes in the bottle. At 12:00 noon, it’s full; one minute before, it’s half full; 2 minutes before, it’s a quarter full; then an 1/8th; then a 1/16th. Let me ask you, at 5 minutes before 12:00, when the bottle is only 3% full and is 97% open space just yearning for development, how many of you would realise there’s a problem?

(...) So no matter how you cut it, in your life expectancy, you are going to see the peak of world oil production. And you’ve got to ask yourself, what is life going to be like when we have a declining world production of petroleum, and we have a growing world population, and we have a growing world per capita demand for oil. Think about it.

(...) Bill Moyers interviewed Isaac Asimov. He asked Asimov, “What happens to the idea of the dignity of the human species if this population growth continues?” and Asimov says, “It’ll be completely destroyed. I like to use what I call my bathroom metaphor. If two people live in an apartment, and there are two bathrooms, then they both have freedom of the bathroom. You can go to the bathroom anytime you want, stay as long as you want, for whatever you need. And everyone believes in freedom of the bathroom. It should be right there in the constitution. But if you have twenty people in the apartment and two bathrooms, then no matter how much every person believes in freedom of the bathroom, there’s no such thing. You have to set up times for each person, you have to bang on the door, ‘Aren't you through yet?’ and so on.” And Asimov concluded with one of the most profound observations I've seen in years. He said, “In the same way, democracy cannot survive overpopulation. Human dignity cannot survive overpopulation. Convenience and decency cannot survive overpopulation. As you put more and more people into the world, the value of life not only declines, it disappears. It doesn’t matter if someone dies, the more people there are, the less one individual matters.”



OAM 410 08-08-2008 14:07 (última actualização 10-08-2008 17:45)

sexta-feira, agosto 01, 2008

Petroleo 20


Uns dizem "eficiência energética", e pensam em macrobiótica; outros dizem "produtividade energética, e acreditam que o planeta pode voltar a ser azul e sexy!


Espanha: Plano Energético de Emergência

A Espanha reage à crise, com decisão e transparência. Podemos não estar de acordo com todas as medidas (biocarburantes de origem alimentar, por exemplo, são de banir imediatamente), mas que no país vizinho há governo, disso ninguém duvida. É aliás contrário do que se passa na praia lusitana, onde os irresponsáveis governamentais e as araras parlamentares desconhecem ou sub-avaliam criminosamente a actual crise do paradigma energético.

A exigência de uma Plano de Emergência Energética é algo por que venho clamando há mais de dois anos. Talvez agora, sob a influência do mano mais grande, os imbecis do Terreiro do Paço façam alguma coisa.

Las medidas del plan energético

MADRID, 29-07-2008.- En una comparecencia extraordinaria en el congreso, Miguel Sebastián ha presentado 31 medidas, en cuatro ámbitos, para reducir el consumo energético en España.

Medidas transversales
  1. Se impulsarán las empresas de servicios energéticos, garantizando su seguridad jurídica, facilitando la financiación y ejecutanto contratación pública.
  2. El Ministerio duplicará el presupuesto del Instituto para la Diversificación y Ahorro de la Energía, IDAE, para el apoyo de proyectos estratégicos de grandes empresas y grupos industriales. El IDAE dispondrá de 120 millones de euros, en vez de los 60 millones previstos anteriormente.
  3. Las empresas acreditadas energéticamente, es decir, empresas con certificado AENOR, tendrán ventaja en la contratación pública.
  4. Se firmará un convenio con el Consejo de Consumidores y Usuarios para llevar a cabo campañas de formación e información sobre los instrumentos y beneficios del ahorro energético.

Movilidad
  1. Realización de un proyecto piloto de introducción de vehículos eléctricos en colaboración con las Comunidades Autónomas y las Entidades Locales, con el objetivo de demostrar su viabilidad técnica, energética y económica.
  2. Dentro de los procedimientos de contratación pública, se establecerá un criterio de preferencia sobre los vehículos turismos de clase de eficiencia energética A.
  3. En las flotas de vehículos públicos se introducirá como requisito obligatorio mínimo el 20% de biocarburantes, avanzando al objetivo establecido del 38% en 2012.
  4. En relación a los biocarburantes se asegurará el cumplimiento del objetivo del 5,83% del consumo de combustibles para automoción en 2010.
  5. El Plan VIVE (Vehículo Innovador - Vehículo Ecológico) permitirá renovar cerca de 240.000 vehículos con más de 15 años de antigüedad.
  6. Se exigirá a los fabricantes de vehículos que informen a los consumidores sobre las emisiones y el consumo energético del vehículo a adquirir, mediante una etiqueta energética comparativa.
  7. Presentación de una propuesta para reducir los límites de velocidad en un 20% de media en el acceso a las grandes ciudades y su circunvalación y en las vías de gran capacidad. De esta forma se pretende fomentar una conducción eficiente en términos de consumo eléctrico.
  8. Se llevarán a cabo campañas para comunicar e informar a los ciudadanos sobre técnicas de conducción eficiente de vehículos.
  9. Movilidad urbana sostenible: se facilitará que los municipios puedan mejorar sus sistemas de transporte público, buscar rutas alternativas y comprar vehículos eficientes negociando con el Banco Europeo de Inversiones una línea específica de financiación.
  10. Se incorporarán criterios de eficiencia energética a la hora de determinar la aportación de la Administración Central en la financiación del transporte público de los Ayuntamientos.
  11. Se exigirá a los operadores de red de telefonía móvil garantizar la cobertura en la red de metro de todas las ciudades españolas.
  12. Se acordará con las Comunidades Autónomas y las Corporaciones Locales correspondientes la extensión del horario de apertura del metro durante los fines de semana.
  13. Se promoverá el transporte urbano en bicicleta, previo acuerdo con las Entidades Locales, apoyando la implantación de sistemas de bicicletas de uso público y carriles bici urbanos.
  14. En el caso de las ciudades de más de quinientos mil habitantes, se implantarán carriles reservados al transporte colectivo de viajeros, los denominados BUS-VAO.
  15. Planes de movilidad de trabajadores, para los centros con más de 100 empleados. Se establecerán rutas de autobuses para que puedan acceder a su lugar de trabajo sin utilizar el vehículo privado.
  16. Se optimizarán las rutas aéreas utilizando los pasillos del espacio aéreo del Ministerio de Defensa. Esta medida permitirá reducir la longitud de las rutas aéreas comerciales hasta un máximo del 10%.

Ahorro energético en edificios
  1. Limitación de la temperatura en el interior de los edificios climatizados de uso no residencial y otros espacios públicos, excuyendo algunos lugares como los hospitales. La temperatura no podrá bajar de 26º en verano, ni ser superior a los 21º grados en invierno.
  2. Financiación de las inversiones que promuevan el ahorro energético de las instalaciones.
  3. Se establecerá la obligación de que los edificios nuevos de la Administración General del Estado alcancen una alta calificación energética.

Medidas de ahorro eléctrico
  1. Se trabajará con la Comisión Europea para eliminar completamente del mercado las de bombillas de baja eficiencia.
  2. Se repartirán gratuitamente, y a través de vales regalo en la factura de la luz, una bombilla de bajo consumo por cada hogar en 2009 y otra en 2010. En total, se expenderán alrededor de 59 millones de unidades.
  3. Como complemento a la medida anterior se repartirán seis millones de bombillas de bajo consumo, mediante un programa 2x1 para la sustitución voluntaria de las bombillas incandescentes.
  4. En el caso del consumo eléctrico por parte de la Administración General del Estado, se establecerá el objetivo obligatorio de una reducción del 10% efectiva en la primera mitad de 2009 con respecto al mismo periodo del año 2008.
  5. Se mejorará la eficiencia energética en instalaciones de alumbrado público exterior.
  6. Se reducirá en un 50% el consumo energético de iluminación de autovías y autopistas.
  7. Se impulsará una norma que permita a las empresas ferroviarias urbanas e interurbanas compensar en su factura la electricidad recuperada por frenada.
  8. Para terminar, se disminuirán las pérdidas en transporte y distribución de energía eléctrica.

    En conjunto, estas 31 medidas tendrán un coste de 245 millones de euros que se repartirán a lo largo del periodo de duración del Plan y que estará financiado en su mayor parte por el IDAE. Con el impulso de estas medidas el ahorro total estimado en 2011 se situará entre las 5,8 y las 6,4 millones de toneladas equivalentes de petróleo, o lo que es lo mismo, el equivalente a un ahorro de entre 42,5 y 47 millones de barriles de petróleo. -- in El Mundo, 29-07-2008.

Última hora
Russia takes control of Turkmen gas
By M K Bhadrakumar

30-08-2008. From the details coming out of Ashgabat in Turkmenistan and Moscow over the weekend, it is apparent that the great game over Caspian energy has taken a dramatic turn. In the geopolitics of energy security, nothing like this has happened before. The United States has suffered a huge defeat in the race for Caspian gas. The question now is how much longer Washington could afford to keep Iran out of the energy market.

Gazprom, Russia's energy leviathan, signed two major agreements in Ashgabat on Friday outlining a new scheme for purchase of Turkmen gas. The first one elaborates the price formation principles that will be guiding the Russian gas purchase from Turkmenistan during the next 20-year period. The second agreement is a unique one, making Gazprom the donor for local Turkmen energy projects. In essence, the two agreements ensure that Russia will keep control over Turkmen gas exports.

The new pricing principle lays out that starting from next year, Russia has agreed to pay to Turkmenistan a base gas purchasing price that is a mix of the average wholesale price in Europe and Ukraine. In effect, as compared to the current price of US$140 per thousand cubic meters of Turkmen gas, from 2009 onward Russia will be paying $225-295 under the new formula. This works out to an additional annual payment of something like $9.4 billion to $12.4 billion. But the transition to market principles of pricing will take place within the framework of a long-term contract running up to the year 2028. -- in Asia Times.


OAM 401 31-07-2008 23:44 (última actualização: 01-08-2008 18:19)

sexta-feira, julho 04, 2008

Petroleo 19



Hirsch: US$500/barril dentro de três a cinco anos
por Jim Kunstler

O momento da verdade na semana passada foi o aparecimento de Robert Hirsh na CNBC, no programa financeiro matutino "Squawkbox", no qual sugeriu a probabilidade de US$500 por barril de petróleo dentro de "uns três a cinco anos". A apresentadora Becky Quick ficou claramente confusa diante do impassível Sr. Hirsch, autor de um (então) assustador relatório elaborado em 2005 para o Departamento de Energia (desde então mencionado como Relatório Hirsch e enterrado pelo secretário da Energia) que advertia quanto aos medonhos efeitos sobre o modo de vida americano quando a situação do Pico Petrolífero ganhasse velocidade.

Talvez o maior contestador da realidade tenha sido o absolutamente idiota Larry Kudlow no show da noite sobre dinheiro, o qual manteve-se a repetir a lenga-lenga "furem, furem, furem" quando lhe apresentaram sinais de que alguma outra coisa além dos "especuladores do petróleo" estava a conduzir os preços para cima e a criar escassez global. Estes idiotas retornam sempre ao amuleto de que "há muito petróleo fora daqui". O que eles não percebem é que mesmo no momento em que o mundo está a desfrutar o pico máximo da produção de todos os tempos (algo em torno dos 85 milhões de barris por dia), aquele mesmo mundo está a exigir pelo menos 86 milhões de barris -- assim mesmo que se pense que há mais petróleo do que nunca, não há bastante. E o fosso só pode ficar maior.

A diferença entre o que está disponível e o que é procurado está a ser sentida pelos países pobres e pessoas pobres nos países mais ricos. Os países do Terceiro Mundo que não têm petróleo estão simplesmente a retirar-se do mercado, e as classes mais baixas nos EUA estão a ter de escolher entre comprar gasolina e velveeta [1] . As inundações no cinturão do milho certamente agravarão o problema aqui nos EUA. Intervalos para almoço em breve podem ser uma coisa do passado para a WalMart Associates. Talvez eles se ponham apenas a jogar video games nos seus telemóveis no parqueamento de carros a fim de aliviar a fome.

Enquanto isso, a noção de que furar furar furar no offshore dos EUA e mais acima no Alasca resolverá este problema mostra quão incrivelmente desinformados estão os noticiários dos próprios media. A probabilidade de ser encontrada qualquer coisa ao largo da Califórnia ou da Florida é próxima de zero, mesmo que compensasse em parte o esgotamento em curso no punhado de velhos e estabelecidos campos super-gigantes dos quais o mundo obtém a maior parte do petróleo. A propósito, apoio a ideia de furar na Reserva Natural do Alasca porque penso que isto pode ser feito de um modo higiénico e, o mais importante, faria com que os cornucopianos idiotas, imbecis da extrema-direita, finalmente calassem a boca acerca disso -- antes de descobrirem que aquilo contem menos da metade do abastecimento anual de petróleo dos EUA às actuais taxas de utilização.

Também na frente do "enquanto isso", a reunião de domingo da OPEP, em Jeddah, Arábia Saudita, foi simplesmente uma evasão desesperada, uma fantochada, um teatro kabuki de impotência. Mais uma vez os sauditas estão a pretender que podem aumentar a sua produção -- em resumo, a pretender que realmente têm algum poder no jogo. Como destacou Jeffrey Brown em THEOILDRUM.COM , o reino ainda mostrará um firme declínio de três anos em relação às suas taxas de produção de 2005 mesmo se fossem capazes de aumentar a produção actual tanto quanto eles dizem que farão em 2008.

Toda esta realidade principia a penetrar a consciência colectiva nos EUA, mas o resultado é sobretudo pânico ou descrença paralisada ao invés de qualquer conjunto de respostas inteligentes. Exemplo: recebi um telefonema de um dos produtores do Katie Couric no noticiário da CBS de sexta-feira. De algum modo, eles perceberam que os preços do petróleo estavam a tornar-se um problema na América. Chamaram-me para um comentário. A parte assustadora era que eles estavam claramente a tratar tal questão como uma estória "estilo de vida". Será que eu pensava que mais suburbanitas mudar-se-iam para o centro das cidades? E seria isso uma boa coisa...? Eles não tinham a mais mínima pista sobre quão vastamente e profundamente estas dinâmicas afectarão a vida deste país, ou mesmo a nossa capacidade para permanecermos um país. Também, a propósito, isto demonstra como a rede dos noticiários nocturnos tornou-se o equivalente das antigas "páginas da mulher" dos jornais diários.

O universo paralelo do mundo financeiro está a mostrar a tensão resultante de toda esta ansiedade com o petróleo -- uma vez que, afinal de contas, o petróleo é o recurso primário para movimentar economias industriais. Passou-se algum tempo desde que os rapazes ao serviço dos banqueiros embarcaram na sua aventura fatal de alquemizar uma nova estirpe mutante de instrumentos de investimento para substituir as velhas acções e títulos, os quais representavam a esperança para a produção do excedente de riqueza da actividade industrial -- agora posta em debate pela estória do petróleo. A ideia dos investimentos mutantes era produzir riqueza com nenhuma actividade real produtora de riqueza. Este velho truque, antigamente conhecido como finanças Ponzi ou um "esquema de pirâmide", era naturalmente auto-limitante, e de um modo que acabaria por se demonstrar muito destrutivo para sociedade como um todo. De facto, ele minou fatalmente a legitimidade de todo o sistema financeiro, e iniciou-se um estado de náusea abrangente quando testemunhamos todos a dissolução do fundamento da economia dos EUA sob um tsunami de dívidas que nunca serão reembolsadas.

Os mercados parecem saber isto, os actos mais interventivos estão a guinchar mais acerca disso, alguns bancos estão a emitir amedrontadoras advertências "duck-and-cover" [2] , utilizando frases de filme de horror tais como "...pior do que na Grande Depressão dos anos 30..." e o público geral está a afundar na areia movediça da bancarrota, devolução aos donos, e ruína. Não estive em quaisquer festas no relvado no Hamptons deste ano, mas imagino que borbulhas eczematosas de ansiedade estão a competir com queimaduras depois de acabado este ano. Realmente, estamos certos de voltar aonde estávamos por esta altura no ano passado, apenas pior. O petróleo duplicou, a comida está terrífica, as barragens romperam-se, as pessoas que dirigem as coisas estão a borrar as calças, e toda a gente está à espera da queda final. -- 23/Junho/2008.


Comentário: como temos vindo a escrever desde Maio de 2005, não há quaisquer condições nem propósito para grandes investimentos em novos aeroportos. Quando apresentámos, em Maio de 2005, a exposição d' o Grande Estuário, recolhemos previsões que apontavam para estimativas máximas do preço do petróleo na ordem dos 300 US dólares/barril em 2015-2016, intervalo então previsto para a inauguração do NAL da Ota. A perspectiva dos 500 dólares (já para 2011 ou 2013!) apontada agora pelo reconhecido especialista Robert Hirsch (autor dum famoso estudo para o Governo americano, datado de 2005, sobre as perspectivas da produção petrolífera), vem não só confirmar os avisos insistentes sobre o impacto necessariamente catastrófico do Pico Petrolífero nas economias mundiais, mas torná-los ainda mais dramáticos.

A greve anunciada pelos trabalhadores da TAP para este mês é infelizmente o início do canto do cisne de uma empresa com probabilidades mínimas de escapar à falência. O colapso da TAP deverá ocorrer já em 2010, após as eleições legislativas, a menos que seja objecto de uma operação de salvamento estratégico, drástica, rápida e sem precedentes. Segundo alguns patriotas atentos, a única hipótese de a TAP escapar a uma falência mais do que certa e à absorção dos respectivos cacos pela anunciada aliança entre a Ibéria, a British Airways e a American Airlines, seria dividir-se em três companhias distintas, porventura sob um mesmo chapeú: a TAP Europa (uma companhia Low Cost), a TAP América (especializada nos mercados americanos, do Canadá ao Chile) e a TAP África, de Marrocos até Moçambique, passando pelo Golfo da Guiné, Angola e África do Sul. Pode ser que esta ideia faça algum sentido. Mas duma coisa estou certo: nenhuma solução será viável sem a entrada de um forte parceiro financeiro no Grupo TAP, com liquidez efectiva para alavancar um projecto necessariamente ambicioso e arriscado. Seja como for, a TAP terá a muito curto prazo que concentrar-se estritamente no seu core business e proceder a uma dolorosa redução dos seus quadros de pessoal. -- OAM.

Post scriptum : segundo a BP, ao que parece, optimista, as reservas comprovadas de petróleo dão para mais 39,96 anos, se se mantiver o actual consumo mundial na ordem dos 85 milhões e barris/dia! No entanto, se o consumo chegar aos 100 milhões b/d até 2015, como seria necessário que chegasse para satisfazer a procura mundial previsível, as contas alteram-se e muito, não é senhores economistas da BP? Claro que há sempre a possibilidade de uma recessão mundial profunda e duradoura, ou uma guerra mundial, atrasar o relógio de Hubbert. Mas a que preço Senhores da Saudi Aramco (e demais NOCs), da BP, da Exxon Mobil, da Chevron e da Shell? Vale a pena ler o artigo da Times Online que se segue. -- OAM

Former President Bush energy adviser says oil is running out

June 30, 2008. The era of globalisation is over and rocketing energy prices mean the world is poised for the re-emergence of regional economies based on locally produced goods and services, according to a former energy adviser to President Bush and the pioneer of the "peak oil" theory.

Matt Simmons, chief executive of Simmons & Company, a Houston energy consultancy, said that global oil production had peaked in 2005 and was set for a steep decline from present levels of about 85 million barrels per day. "By 2015, I think we would be lucky to be producing 60 million barrels and we should worry about producing only 40 million," he told The Times.

His controversial views, rejected by many mainstream experts, suggest that some of the world's biggest oilfields, particularly in Kuwait and those of Saudi Arabia, the world's leading producer, are in decline. "It's just the law of numbers," he said. "A lot of these oilfields are 40 years old. Once they roll over, they roll over very fast."

Mr Simmons asserted that this, coupled with soaring global energy demand, meant that world oil prices were likely to continue rising. He said that even at present record highs of more than $140 a barrel, oil remained relatively inexpensive, especially in the US, the world's biggest market. "We are just spoiled rotten in the US," he said. "It's still cheap."

Rising prices will force a tectonic shift in the structure of the global economy by destroying the rationale for shipping many goods, such as food, over long distances, he said. "This is already happening. In the US, our local farms, ranches and dairies are booming. They are having a huge comeback."

Mr Simmons set out a radical vision of the future, envisaging a society in which food and many other essentials are sourced and consumed locally and increasing numbers of people work from home. He claimed that the alternative was increasing political instability and conflict over the planet's diminishing resources. "We are living in an unsustainable society," he said. "If we don't change we are just going to start fighting one another...So let's just start assuming the worst and plan for it."

However, only this month, BP disclosed figures which indicated that the world had 1.24 trillion proven barrels of oil left in the ground - more than 40 years' worth at current rates of production. BP said that known global reserves had actually increased by 168.5 billion barrels, or 14 per cent, over the past decade. Tony Hayward, the chief executive of BP, said: "The good news is the world is not running out of oil."

BP blamed a lack of investment and access to reserves, rather than geology, for why global oil production was sputtering.

Mr Simmons claimed that many countries had overstated their reserves for political purposes and that so-called flow rates were a better indicator of recoverable volumes. He said that the quality of oil produced by Saudi Arabia and other big exporters was declining. -- in Times Online.


NOTAS

[1] Tipo de queijo nos EUA.
[2] Duck and Cover era o método sugerido de protecção pessoal contra os efeitos de uma detonação nuclear que o governo dos Estados Unidos ensinou a gerações de escolares dos Estados Unidos desde o fim da década de 1940 até a década de 1980. Este método era suposto protegê-los no caso de um ataque nuclear inesperado o qual, diziam-lhes, podia acontecer a qualquer momento sem advertência. Imediatamente depois de verem um clarão de luz eles tinham de parar o que estavam a fazer e ficar sobre o chão sob alguma cobertura -- tal como uma mesa, ou pelo junto à parede -- e assumir a posição fetal, deitadas com a cabeça para baixo e cobrindo as cabeças com as mãos. Os críticos consideram que tal treino seria de pouca, se é que alguma, valia em caso de guerra termonuclear, e tinha pouco efeito além de promover um estado de desconforto e paranóia. A finalidade era criar no povo a aceitação da possibilidade da guerra nuclear.

A versão portuguesa deste artigo foi realizada e publicada originalmente pelo blogue Resistir. Cheguei aqui a partir do blogue Futuro Comprometido. Obrigado ;-)


OAM 386 04-07-2008, 00:08 (última actualização: 06-07-2008 01:28)

quinta-feira, julho 03, 2008

Transporte aéreo

Air France AF0129, Beijing-Paris
O tráfego aéreo cai com a subida do petróleo. Foto OAM.

A caminho do racionamento energético

American Airlines, British Airways e Iberia negoceiam parceria para dominar Atlântico.

03.07.2008 - 10h12 PÚBLICO. A American Airlines, a British Airways e a Iberia negoceiam uma parceria para criar um operador de grande dimensão no mercado transatlântico da aviação, noticia hoje o Financial Times.

Para concretizar o projecto, as companhias têm que chegar a acordo sobre a partilha de lucros e de receitas, situação que poderá acontecer ainda este mês, assegura o jornal, e passar pelo crivo das autoridades de Concorrência nos países de origem de cada uma das companhias.

O agravamento do preço dos combustíveis, o enfraquecimento das economias dos dois lados do Atlântico e a entrada em vigor do regime de céus abertos entre os EUA e a União Europeia são factores que têm vindo a acelerar a aproximação entre companhias aéreas dos dois espaços económicos.

Esta notícia deve ser compaginada com esta outra:
Airports Lose Passenger Flights As Peak Oil Starts To Bite

May 21, 2008 Futurepundit. In what is still the pretty early stages of the Peak Oil transition cities are losing passenger air service.

Financially strapped airlines are cutting service, and nearly 30 cities across the United States have seen their scheduled service disappear in the last year, according to the Bureau of Transportation Statistics. Others include New Haven, Conn.; Wilmington, Del.; Lake Havasu City, Ariz.; and Boulder City, Nev.

Over the same period, more than 400 airports, in cities large and small, have seen flight cuts. Over all, the number of scheduled flights in the United States dropped 3 percent in May, or 22,900 fewer flights than in May 2007, according to the Official Airline Guide.

For me the most surprising aspect of this trend is the level of traffic in January 2007 for airports that have now lost all commercial service. For example, Boulder City Nevada previously had 401 flights in January 2007 and now has none. Though big airports lost a much larger absolute number of flights. Chicago O'Hare lost 3,098 from 33,770 in January 2007 to 30,675 in January 2008.

A blogosfera, pelo teclado mordaz do RVS, já comentou:

"Nisto tudo, onde está a TAP!

Certamente já ninguém conta com a TAP para nada, a não ser como justificação para um novo aeroporto.

Coisa curiosa: daqui para a frente, a taxa de ocupação da TAP vai começar progressivamente a cair, apesar do aumento desmesurado de oferta, daqui sobressaindo um load factor cada vez mais reduzido, com rentabilidades cada vez mais negativas.

Ainda hoje de manhã deixei no Low Cost Portugal a "boa nova" de que quem se arriscar a comprar bilhetes com muita antecedência corre o risco de quando chegar à data não ter voo, devido ao seu cancelamento por parte da companhia.

Nesse cenário estão claramente os clientes da TAP discount para os quais a TAP deve ter reservado 10% da oferta de cada voo. Ou seja, o inteligente Fernando Pinto corre o risco de ter nos voos apenas a capacidade "discount" esgotada, com o resto do avião às moscas. No caso dos A319 da TAP, com capacidade para 140 e poucos lugares, são 14-15 lugares.

Por isso a blogosfera defende que a segmentação da TAP não deve ser feita dentro de cada voo, mas relativamente aos destinos para os quais a TAP voa. Assim, para a Europa, a TAP DEVIA VOAR QUASE EXCLUSIVAMENTE EM REGIME LOW COST, simplificando e poupando desta forma custos com toda a rede de vendas, marketing e gestão dos voos e das rotas.

Parece que não perceberam as palavras do De Neufville ditas no final da passada semana."

Há aqui mais um ponto a ter em conta:

O Atlântico passou a ser, depois de a China se ter transformado num actor global, a reserva territorial estratégica do Ocidente. A China, porém, pretende usar essa reserva para despejar mercadorias em sociedades que há muito deixaram de as produzir!

Perante este cenário, podemos talvez dizer que a Cimeira das Lajes serviu, afinal, para atar uma nova aliança entre os EUA, o Reino Unido e a Espanha, tendo Durão Barroso servido apenas de cicerone numa ilha que, a ver pelas notícias espanholas da época (de onde Barroso foi sistematicamente apagado!), mais parecia já um território conquistado pela descendência bourbónica que continua a pontificar em Madrid.

A notícia da aliança entre a British Airways, a Ibéria e a American Airlines é um passo obviamente político numa estratégia global que passa por isolar (ou vá lá, equilibrar) a influência da Alemanha.

Daqui decorre que Angela Merckel não irá ficar parada perante a união entre os três ex-grandes impérios coloniais. A StarAlliance, que é a maior aliança mundial entre empresas de transporte aéreo, irá certamente reagir.

Portugal tem neste contexto uma única alternativa: trabalhar rapidamente no reforço das suas alianças com Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe, na parte africana, e com o Brasil e a Venezuela, na parte americana.

Uma vez aqui chegado, deve oferecer os seus préstimos à Alemanha, à Rússia e à China! Não podemos retomar a fantasia catastrófica de querer isolar a Alemanha, ou impedir o alargamento do espaço vital europeu até Istambul e Moscovo.

Só após concluída semelhante estratégia, se poderá voltar a falar do NAL de Alcochete. Antes de aí chegarmos, muito antes, precisaremos de avançar por uma autêntica revolução no transporte ferroviário (sobretudo de mercadorias) e nos portos portugueses. O essencial é a renovação das linhas férreas e a sua progressiva substituição pela bitola europeia, bem como a produção própria de material circulante estritamente adaptado às necessidades. O essencial é preparar portos e navios para os trajectos transatlânticos, bem como para as viagens de médio curso entre os vários portos europeus e mediterrânicos.

No que se refere ao transporte rodoviário, mais cedo ou mais tarde, teremos que fazer duas coisas: eliminar o ISP e baixar o IVA sobre os combustíveis, ao mesmo tempo que introduzimos fórmulas inteligentes de racionamento dos consumos energéticos. Tal como se inventaram os cartões pré-pagos para os telemóveis, teremos um dia (mais cedo do que se pensa) que introduzir cartões pré-pagos e pós-pagos para a gasolina e o gasóleo, para os consumos de água, gás e electricidade, e ainda para os serviços de saúde. Trata-se de colocar as novas tecnologias ao serviço da eficiência energética e da sustentabilidade económica, social e política dos países, à medida que o paradigma das sociedades afluentes e consumistas der lugar a uma filosofia de vida mais justa e suportável pelo planeta a que pertencemos. Quem ultrapassar os consumos energéticos sustentáveis será obviamente penalizado, altamente penalizado. A pegada ecológica deverá passar a funcionar como base de tributação!

Uma parte minoritária do planeta irá muito provavelmente continuar a ter acesso privilegiado ao petróleo (cada vez mais caro) até 2050. Outra caminhará a passos largos para uma era pós-carbónica, cujos contornos se desconhecem. Por sua vez, nas sociedades de transição, que poderão beneficiar ainda, embora com restrições crescentes, do ouro negro, por mais algumas décadas, haverá uma divisão profunda e crítica entre os HAVE e os HAVE NOT. O sucesso das governanças medir-se-à então pela capacidade de distribuir equitativamente os custos e as responsabilidades da reconversão energética. Novos fascismos espreitam por aí!

A corrida já começou e é pública. Nós, portugueses, se nos deixarmos entreter pelo ruído das corruptas elites que actualmente controlam o sistema político, bye bye 800 e tal anos de independência!

OAM 385 03-07-2008, 16:28

domingo, junho 22, 2008

Petroleo 18

Jogos de guerra

A explicação jornalística mais comum, pelo menos no Ocidente, das causas da actual crise petrolífera mundial envolve reiteradamente três argumentos:
  1. a realidade demonstrável do chamado pico petrolífero;
  2. o extraordinário crescimento económico da China, da Índia e dos demais países emergentes (BRIC);
  3. a recusa de aumento da produção de crude por parte dos países produtores de petróleo, com destaque para a OPEC, de onde o G7 destaca invariavelmente a Arábia Saudita, na sua qualidade de maior produtor mundial.
Apesar de ser um nexo óbvio de causalidade, raramente se associa a subida do preço do petróleo à queda sucessiva do valor da moeda dos Estados Unidos, mesmo sabendo-se que esta perdeu já 25% do seu valor desde 2002, ou que no fim deste ano 1 dólar americano valerá pouco mais de 57 cêntimos de Euro.

Por outro lado, embora todos os quatro argumentos citados tenham o seu peso específico na actual crise energética, a verdade é que há pelo menos mais dois factores de que pouco se fala, mas cuja importância no desenlace a curto prazo da mesma podem ser decisivos:
  1. a especulação dos mercados financeiros, que após a hecatombe provocada pelo rebentamento da bolha imobiliária associada às hipotecas de alto risco (Subprime), alastrou para o sector bancário, cuja falta de liquidez levou os solícitos bancos centrais a lançarem sobre os vários náufragos banqueiros uma escandalosa chuva de empréstimos de curto prazo, a taxas ridículas, provocando ao mesmo tempo um desvio dos derivative markets e respectivos fundos de investimentos (nomeadamente hedge funds e fundos pensões e reformas) para os contratos de futuros de bens energéticos e alimentares, com especial destaque para o petróleo e os cereais - ou seja, as chamadas commodities. Segundo dados citados por Ni Jianjun, num excelente artigo (1) publicado no China Daily de 11 de Junho (li-o no avião entre Pequim e Paris), antes de 2003 os mercados especulativos representavam menos de 10% do volume total de negócios realizado pelo New York Mercantile Exchange (NYME). William Engdahl, por sua vez, alerta para o facto de 60% do preço actual do barril de petróleo decorrer da especulação nos desregulados mercados de futuros (2);
  2. o paralelismo impressionante entre a actual crise petrolífera e a actual crise americana e a crise energética, económica e militar de 1973, sobre o qual li recentemente um notável artigo de Jeffrey D. Sachs, na revista Fortune (3).
Embora seja cada vez mais evidente que há um problema de fundo no modelo energético global que ameaça as possibilidades de desenvolvimento económico assentes em paradigmas de crescimento contínuo da produção e do consumo, com profundos impactos nas reservas naturais do planeta e na qualidade dos eco-sistemas, podemos por outro lado estar uma vez mais diante de um jogo de luzes e sombras, e de uma sofisticada barragem de contra-informação e operações especiais, cujo fim imediato é o de prolongar a todo o custo a supremacia Anglo-Americana no mundo. Para que este desiderato seja alcançado, a prevalência da actual elite financeira mundial judaico-cristã, cujo domínio de longa data sobre todos nós decorre do controlo absoluto do dinheiro à escala global, não pode ser ameaçada.

No entanto, a explosão demográfica e económica da Ásia e da África, já para não falar do Brasil, leva-me a pensar que uma tão selecta estirpe esteja de facto seriamente ameaçada, e deva por isso negociar, em vez de exterminar. A menos que, como fizeram no passado, consigam levar o mundo para nova Guerra Mundial. Por trás da cortina de fumo da luta contra o terrorismo, da luta contra a ameaça nuclear iraniana (que é tão real e próxima quanto fora a das Armas de Destruição Maciça que o Miguel Monjardino jurou a pés juntos existirem no Iraque), e da necessidade de pôr os produtores de petróleo na linha (ladainha em que até o João Soares caiu que nem um patinho viajante), o que realmente existe é uma agenda de guerra. Uma agenda estratégica destinada, uma vez mais, a trocar as voltas ao projecto europeu, liderado actualmente por uma turma de alegres imbecis. O sucesso da agenda Sionista e Anglo-Americana conta aliás com o "Não" da Irlanda ao Tratado de Lisboa e a ambiguidade da República Checa sobre o mesmo documento. Do ponto de vista sociológico, a Irlanda e o Reino Unido são quintais da América, e como tal, presas fáceis dos jogos de sedução desta última. A República Checa, por sua vez, é um dos centros da inteligência Sionista na Europa. Nada melhor pois do que a morte do Tratado de Lisboa para deixar as mãos livres a Israel, aos Estados Unidos, ao Reino Unido e ao garnisé Sionista de Paris para atacarem o Irão e forçarem-no, como forçaram o Iraque, a abandonar o Euro!

Os sinais de que algo nesta missão suicida está em fase adiantada de preparação são cada vez mais aparentes. Os indícios mais próximos foram as manobras da aviação militar israelita na primeira semana deste mês de Junho, e depois a resposta verbal do Irão ao que foi ostensivamente apresentado pela propaganda militar de Washington como um exercício demonstrativo de um possível ataque ao Irão nos tempos mais próximos (4).

Entretanto, o Irão decidiu levantar depósitos no montante de 75 mil milhões de dólares das suas contas em bancos europeus perante a possibilidade de serem aplicadas sanções contra o seu país (5).

Nos Estados Unidos, o sindicato Sionista procura fazer aprovar uma resolução na Câmara dos Representantes cuja finalidade é a imposição de um bloqueio naval ao Irão (6), sob o pretexto de este representar uma ameaça à sobrevivência do Estado de Israel. Basta ler a história das sucessivas mudanças de regime operadas pelos serviços secretos britânicos e americanos no Irão ao longo de todo o século 20 para se perceber que nada do que se tem dito sobre o perigo iraniano corresponde de facto a algo que faça sentido. O Irão percebeu, como outros países permanentemente ameaçados pelas potências dominantes perceberam, que só adquirindo reais poderes de dissuasão militar, conseguirão travar o saqueio sistemático das suas riquezas e a humilhação. O Irão não tem ogivas nucleares, mas deveria tê-las, para compensar o arsenal nuclear israelita, que ninguém investiga, nem põe em causa. Talvez só depois de ascender a este nível de responsabilidade, seja finalmente capaz de resolver os seus gravíssimos problemas internos, provocados nomeadamente pelo cancro da corrupção que domina completamente mais esta desgraçada cleptocracia (7).

Não tenhamos demasiadas ilusões sobre a futura política internacional de Barak Obama, no caso de vir a ser eleito presidente dos Estados Unidos da América. Ele, na realidade, já vendeu a alma ao diabo Sionista, quando afirmou que Jerusalém seria a capital exclusiva de Israel!

Um último e preocupante sinal de que alguns influentes Democratas americanos estão desejosos de atacar o Irão, servindo assim o Sionismo e a Economia Militar dos EEUU, resulta da recente recusa por parte de Nancy Pelosi de fazer depender um tal ataque da autorização prévia do Congresso. Esta conspiração foi entretanto denunciada pelo congressista republicano heterodoxo Ron Paul (8). Mas muitos receiam que a iniciativa do poderoso American Israel Public Affairs Committee (AIPAC) acabe por passar.

A analogia inteligentemente estabelecida por Jeffrey D. Sachs, entre a crise petrolífera de 1973 e a crise actual precisa, para ser completamente consequente, de ir até ao fim. A tese é esta: se o petróleo chegar aos 200 dólares em Setembro, e depois Israel atacar o Irão, e a América vier em auxílio dos seus mais exigentes aliados (com o apoio da França, do Reino Unido e da República Checa), impondo um bloqueio naval ao Estreito de Ormuz, atirando o preço do barril de crude para os 300 USD, que acontecerá? Acontecerá uma coisa muito feia chamada estagflação mundial, de que os países mais pobres ou com economias debilitadas serão as principais vítimas. O consumo de petróleo diminuirá e baixará de preço. Mas o crescimento mundial entrará em recessão prolongada (20 ou 30 anos são apostas realistas) e o mundo anglo-saxão ensopará as suas monumentais dívidas no suor, na fome e no sangue de milhões de seres humanos. A víbora Cheney crê que se este cenário não ocorrer antes das próximas eleições americanas, poderá tornar-se inviável para sempre. É caso para dizer que os dados estão lançados. Foi mais ou menos isto o que se passou em 1973 (9).




NOTAS
  1. Futures trading, weak dollar behind oil shock
    By Ni Jianjun (China Daily)
    Updated: 2008-06-11 07:51

    The power to decide oil prices has been taken over by the oil futures market in New York from the OPEC group since the 1980s as futures trading became synonymous with profiteering. Some studies indicate, however, speculative trading accounted for less than 10 percent of the total trading value of the New York Mercantile Exchange (NYME) before 2003 and did not dictate the long-term trend of oil prices.

    In recent years, by hyping the so-called Chinese demand factor on the world oil market and driving up marketable surplus in an underhand manner, the US has managed to increase the generalized speculative trading volume to more than half of the total on NYME and turned profiteering into the dominant trend of investments.

    One of the "symptoms" of this "epidemic" is that huge amounts of US pension funds and investment banks, driven by the need to avoid risks and increase value, have become little different from the traditional experts in speculation - the hedge funds - and frequently dive into the oil and other futures markets.

    As the volume of speculative trading grows and the amplifying effect of rumor-mongering adds to it, any geopolitical stirring would cause a tsunami on the oil futures market. The speculative investment mania has reached such "unprecedented" severity that the US Commodity Futures Trading Commission announced not long ago it had begun extensive investigation into the suspected oil price-fixing activities on the New York Mercantile Exchange.

    Citing Japan's suspension of rice futures trading to prevent profiteering as an example, Malaysian Prime Minister Abdullah Ahmad Badawi even suggested that international oil futures trading should also be suspended to contain rampant price hikes.

    Lastly, the US and the EU acted on a whim to advocate bio-energy resources and misguided international energy investment.

    Motivated purely by their own interests, the US and the EU have pushed for the use of biofuel, but it failed to stabilize international oil price predictions and caused grain prices to soar worldwide instead.

  2. More on the real reason behind high oil prices
    By F. William Engdahl, 21 May 2008

    As detailed in an earlier article, a conservative calculation is that at least 60% of today's $128 per barrel price of crude oil comes from unregulated futures speculation by hedge funds, banks and financial groups using the London ICE Futures and New York NYMEX futures exchanges and uncontrolled inter-bank or Over-The-Counter trading to avoid scrutiny. US margin rules of the government's Commodity Futures Trading Commission allow speculators to buy a crude oil futures contract on the Nymex, by having to pay only 6% of the value of the contract. At today's price of $128 per barrel, that means a futures trader only has to put up about $8 for every barrel. He borrows the other $120. This extreme "leverage" of 16 to 1 helps drive prices to wildly unrealistic levels and offset bank losses in sub-prime and other disasters at the expense of the overall population.

    The hoax of Peak Oil--namely the argument that the oil production has hit the point where more than half all reserves have been used and the world is on the downslope of oil at cheap price and abundant quantity--has enabled this costly fraud to continue since the invasion of Iraq in 2003 with the help of key banks, oil traders and big oil majors. Washington is trying to shift blame, as always, to Arab OPEC producers. The problem is not a lack of crude oil supply. In fact the world is in over-supply now. Yet the price climbs relentlessly higher. Why? The answer lies in what are clearly deliberate US government policies that permit the unbridled oil price manipulations.

  3. Stagflation is back. Here's how to beat it.
    By Jeffrey D. Sachs, director of the Earth Institute at Columbia University.

    (Fortune Magazine) -- "Three decades ago, in a bleak stretch of the 1970s, an economic phenomenon emerged that was as ugly as its name: stagflation. It was the sound of the world hitting a wall, a combination of no growth and inflation. It created an existential crisis for the global economy, leading many to argue that the world had reached its limits of growth and prosperity. That day of reckoning was postponed, but now, after a 30-year hiatus, at least a mild bout of stagflation has returned, and matters could get much worse. We are back to the future, with the question we asked 30 years ago: How can we combine robust economic growth with tight global supplies of such critical commodities as energy, food, and water? It's worth comparing the earlier episode of stagflation with our current travails to help us find our way. In fact, this time the resource constraints will prove even harder to overcome than in the last round, since the world economy is much larger and the constraints are much tighter than before.

    The similarities with the first half of the 1970s are eerie. Then as now, the world economy was growing rapidly, around 5% per year, in the lead-up to surging commodities prices. Then as now, the United States was engaged in a costly, unpopular, and unsuccessful war (Vietnam), financed by large budget deficits and foreign borrowing. The Middle East, as now, was racked by turmoil and war, notably the 1973 Arab-Israeli war. The dollar was in free fall, pushed off its strong-currency pedestal by overly expansionary U.S. monetary policy. And then as now, the surge in commodity prices was dramatic. Oil markets turned extremely tight in the early 1970s, not mainly because of the Arab oil boycott following the 1973 war, but because mounting global demand hit a limited supply. Oil prices quadrupled. Food prices also soared, fueled by strong world demand, surging fertilizer prices, and massive climate shocks, especially a powerful El Niño in 1972.

    Here we go again. Oil prices have roughly quintupled since 2002, once again the result of strong global demand running into limited global supply. World grain prices have doubled in the past year. Just as in 1972, the recent run-up in food prices is aggravated by climate shocks. Australia's drought and Europe's heat waves put a lid on grain production in 2005-06. Even the politics are strangely similar. In both 1974 and 2008, an unpopular Republican President, battling historically low approval ratings, was distracted from serious macroeconomic policymaking. The country was adrift.

    Then as now, Dick Cheney was close to the helm."

    "(...) Conventional oil supplies will remain tight in the years ahead. New discoveries will not suffice. World crude-oil production nearly tripled in 1960-73 (from 21 million barrels a day to 56 million), but has grown a mere 30% since then, to around 73 million barrels per day in 2006. In fact, Persian Gulf crude-oil production stopped growing entirely after 1974, peaking at around 21 million barrels per day. Discoveries and production increases outside the Middle East rose only modestly and now in many cases are in decline in such fields as Britain's North Sea and Alaska's North Slope."

  4. BBC: Iran has said it considers a military attack on its nuclear facilities by Israel as "impossible".

    "Such audacity to embark on an assault against the interests and territorial integrity of our country is impossible", said spokesman Gholam Hoseyn Elham.

    The statement follows reports in the US media that Israeli aerial manoeuvres over the eastern Mediterranean were a possible test-run for a strike on Iran.

    Iran insists that its nuclear programme is for peaceful purposes.

    (...) The head of the UN's nuclear watchdog, Mohammed ElBaradei, meanwhile said an attack would put Iran on a "crash course" to building nuclear weapons and would turn the region "into a fireball".

    He said he did not believe there was any "imminent risk" of proliferation by Iran given the current status of its nuclear programme.

    In an interview with Al Arabiya television, Mr ElBaradei said that if any military action was taken against Iran he would find it impossible to continue as the head of the IAEA.

  5. Iran withdraws $75 billion from Europe.
    June 16, 2008. TEHRAN (Reuters) - Iran has withdrawn around $75 billion from Europe to prevent the assets from being blocked under threatened new sanctions over Tehran's disputed nuclear ambitions, an Iranian weekly said.

    Western powers are warning the Islamic Republic of more punitive measures if it rejects an incentives offer and presses on with sensitive nuclear work, but the world's fourth-largest oil exporter is showing no sign of backing down.

    "Part of Iran's assets in European banks have been converted to gold and shares and another part has been transferred to Asian banks," Mohsen Talaie, deputy foreign minister in charge of economic affairs, was quoted as saying.

  6. House Resolution Calls for Naval Blockade against Iran
    America's powerful pro-Israel lobby pressures the US Congress


    June 18, 2008. A US House of Representatives Resolution effectively requiring a naval blockade on Iran seems fast tracked for passage, gaining co-sponsors at a remarkable speed, but experts say the measures called for in the resolutions amount to an act of war.

    H.CON.RES 362 calls on the president to stop all shipments of refined petroleum products from reaching Iran. It also "demands" that the President impose "stringent inspection requirements on all persons, vehicles, ships, planes, trains and cargo entering or departing Iran."

    Analysts say that this would require a US naval blockade in the Strait of Hormuz.

    Since its introduction three weeks ago, the resolution has attracted 146 cosponsors. Forty-three members added their names to the bill in the past two days.

    In the Senate, a sister resolution S.RES 580 has gained co-sponsors with similar speed. The Senate measure was introduced by Indiana Democrat Evan Bayh on June 2. In little more than a week’s time, it has accrued 19 co-sponsors.

    AIPAC's Endorsement

    Congressional insiders credit America’s powerful pro-Israel lobby for the rapid endorsement of the bills. The American Israel Public Affairs Committee (AIPAC) held its annual policy conference June 2-4, in which it sent thousands of members to Capitol Hill to push for tougher measures against Iran. On its website, AIPAC endorses the resolutions as a way to ''Stop Irans Nuclear Proliferation" and tells readers to lobby Congress to pass the bill.

    AIPAC has been ramping up the rhetoric against Iran over the last 3 years delivering 9 issue memos to Congress in 2006, 17 in 2007 and in the first five months of 2008 has delivered no less than 11 issue memos to the Congress and Senate predominantly warning of Irans nuclear weapons involvement and support for terrorism. -- Global Research.

  7. Worst of times for Iran

    24-06-2008. What happened to the US$35 billion of oil revenues that Iran's Shabab News, in a now notorious account, claims disappeared from official accounting during the year through March 2008? Half the country's oil revenues disappeared from the books. A great deal of it left the country for banks in Dubai in the United Arab Emirates and elsewhere; capital flight already was running at a $15 billion annual rate last year, by my estimate.

    During the past year, though, conspicuous consumption in the form of a luxury housing boom has absorbed even more of Iran's oil windfall. Luxury apartments in Tehran's better neighborhoods now sell for $15,000 per square meter, Agence France Presse reported May 26, equal to the best neighborhoods in Paris or New York. A 200-square-meter apartment in northern Tehran sells for about $1 million. Real estate prices in outlying suburbs and some provincial cities have doubled over the past year.

    Corruption has metastasized, that is to say, for the scale of the property boom implies that tens of thousands of Iranians are taking six-to-seven figure bites out of the oil budget. Rather than a handful of officials siphoning state funds into bank accounts in Dubai, an entire class of hangers-on of the Islamic revolution is spending sums beyond the dreams of the average Iranian, and in brazen public view. -- By Spengler, in Asia Times.

  8. June 18, 2008. Representative Ron Paul says House Speaker Nancy Pelosi removed a section from a bill passed by Congress which would have barred the U.S. from going to war with Iran without a congressional vote, claiming she did so at the behest of the leadership of Israel and AIPAC. -- in Newsmax.

  9. "In May 1973, with the dramatc fall of the dollar still vivid, a group of 84 of the world's top financial and political insiders met at Saltsjöbaden, Sweden, the secluded island resort of the Swedish Wallenberg banking family. This gathering of Prince Bernhards's Bielderberg group heard an American participant, Walter Levy, outline a 'scenario' for an imminet 400 per cent increase in OPEC petroleum revenues. The purpose of the secret Saltsjöbaden meeting was not to prevent the expected oil price shock, but rather to plan how to manage the about-to-be-created flood of oil dollars, a process U.S. Secretary of State Kissinger later called 'recycling the petrodollar flows'.

    (...) "Present at Saltsjöbaden that MAy were Robert O. Anderson of Atlantic Richfield Oil Co.; Lord Greenhill, chairman of British Petroleum; Sir Erik Roll of S.G. Warburg, creator of Eurobonds; George Ball of Lehman Brothers investment bank, and the man who some ten years earlier, as assistant secretary of state, told his banker friend Siegmund Warburg to develop London's Eurodollar market; David Rockefeller of Chase Manhattan Bank; Zbigniew Brzezinski, the man soon to be President Carter's national security adviser; Italy's Gianni Agnelli and Germany's Otto Wolff von Amerongen, among others. Henry Kissinger was a regular participant at the Biderberg gatherings.

    (...) "What the powerful men grouped around Bilderberg had evidently decided that May was to launch a colossal assault against industrial growth in the world, in order to tilt the balance of power back to the advantage of Anglo-American financial interests and the dollar. In order to do this, they determined to use their most prized weapon -- control of world's oil flows. Bilderberg policy was to trigger a global oil embargo, in order to force a dramatic increase in world oil prices. Since 1945, world oild had by international custom been priced in dollars, since American oild companies dominated the postwar market. A sudden sharp increase in world demand for U.S. dollars to pay for that necessary oil.

    (...) On October 6, 1973, Egypt and Syria invaded Israel, igniting what became known as the Yom Kippur War. Contrary to popular impression, the 'Yom Kippur' War was not the simple result of miscalculation, blunder or an Arab decision to launch a military strike against the state of Israel. The entire constellation of events surrounding the outbreak of the October War was secretly orchestrated by Washington and London, using the powerful secret diplomatic channels developed by Nixon's national security adviser, Henry Kissinger.

    (...) " From 1949 until the end of 1970, Middle East crude oild prices had averaged approximately $1.90 per barrel. They had risen to $3.01 in early 1973, at the same time of the fateful Saltsjöbaden meeting of the Bielderberg group, which discussed an imminet 400 per cent future rise in OPEC's price. By January 1974, that 400 per cent increase was a fait accompli." -- William Engdahl, A Century of War.

OAM 378 23-06-2008, 01:19 (última actualização: 23-06-2008, 23:20)