Mostrar mensagens com a etiqueta privatização. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta privatização. Mostrar todas as mensagens

sábado, novembro 17, 2012

Israel na compra da TAP?

Aeroporto de Santa Maria, Açores: KLM Royal Dutch Airlines Lockheed L-1049C Super Constellation (PH-TFW/4507). Foto license: cc.

Synergy Aerospace: será que o governo português sabe a quem está prestes a vender a TAP?

i: Onde está sedeada a empresa que vai comprar a TAP?

Efromovich: Somos ligeiros e já estamos a criar a Synergy Portugal… Afinal, estão a corrigir-me, é a Synergy Europa, sedeada no Luxemburgo.

[...] O único candidato à compra da TAP, Germán Efromovich, diz que poderá vender em bolsa entre 10% a 20% da transportadora aérea, caso o governo venha a aceitar a proposta da Synergie Aerospace. A entrevista aqui apresentada resulta da síntese das respostas ontem deu aos jornalistas, em conferência de imprensa.

i online, 16 Nov 2012 - 14:57 | Actualizado há 9 horas 1 minuto

Estarão Bruxelas, Berlim, Londres e Madrid a par desta rocambolesca entrada de Israel na placa giratória estratégica do Atlântico? Não há uma interdição explícita à entrada de companhias extra-comunitárias no setor aeronáutico europeu? E os nossos generais, já acordaram?

Efromovich tem vindo a anunciar que a compradora da TAP é uma tal Synergy Aerospace, ora com sede no Panamá, ora em Bogotá, ora, mais recentemente, no Luxemburgo — mas aqui já deixou de se chamar Synergy Aerospace para passar a ser Synergy Portugal, ou melhor (alertou um assistente de Efromovich na conferência de imprensa), Synergy Europa, sediada no Luxemburgo. Todas estas imprecisões fariam qualquer governo digno da função rejeitar semelhante fantasma negocial.

Em primeiro lugar, não há nenhuma empresa registada com o nome Synergy Aerospace do grupo Synergy que esteja visível nos radares da Internet. A que existe com semelhante designação é uma empresa de engenheiros e consultores de aviação militar, mas americana.

O que há, sim, é uma joint venture entre o Synergy Group dos irmãos Efromovich e a principal empresa israelita de tecnologia militar aeronáutica e espacial, a Israel Aerospace Industries. Daqui talvez a confusão: Synergy Group + Israel Aerospace Industries = EAE Aerospace Solutions, ou, mas aqui deve haver uma enorme trapalhada, Synergy Aerospatial, com sede supostamente no Brasil...


ATENÇÃO AOS OBJETIVOS DA ISRAEL AEROSPACE INDUSTRIES

IAI, Synergy Group Embark on Expansion Plan in Brazil

UPI, April 14, 2011 at 16:00

“IAI and its Brazilian partner Synergy Group have established a unique joint venture structured to expand IAI’s offerings in Brazil through acquisitions of local companies and activities, thus rapidly expanding the combined offerings of IAI and the Synergy Group in Brazil.”

“We entered Brazil with determination to be an active, leading player in the Brazilian defense and security market” said Shamir, “While we are pursuing several defense and security programs in the Brazilian market we are not necessarily waiting for these tenders to mature, or wins to establish our presence here.” IAI regards the growing demand for Homeland Security as a springboard to enter the Brazilian market, said Shamir, “we are crafting our technologies to offer the Brazilian government and federal customers with comprehensive solutions to specific needs, that will eventually improve the security, and emergency response of Brazilian authorities, utilizing mature, efficient and ubiquitous intelligence, situational awareness and information management capability.“

Em forma de conclusão diria o seguinte:
  1. A simples ideia de promover um concurso de privatização para um só concorrente é uma situação espúria e que revela algo muito simples: a compra da TAP na situação em que está é um mau negócio, a não ser que haja outros negócios por trás;
  2. O historial do candidato, nomeadamente no que se refere à questão folclórica da sua nacionalidade, não inspira confiança;
  3. As ligações muito fortes que os irmãos Efromovich e o seu grupo Synergy hoje mantêm com a principal empresa de tecnologia aeronáutica e espacial militar do estado sionista de Israel colocam um problema de segurança estratégica muito sério, não só à cultura de alianças nacional, como à própria segurança estratégica europeia — os interesses estratégicos de Portugal e da Europa não se confundem com os interesses estratégicos do Brasil;
  4. Termos chegado até aqui revela duas coisas: que os estrategas militares portugueses deixaram de ser ouvidos pelo poder político, e que o poder político, incluindo todos os partidos políticos com assento parlamentar, é uma desgraça completa, desde logo começando pelo ministro da defesa em funções, que deveria regressar rapidamente aos seu negócios, em vez de andar mascarado de responsável pela segurança estratégica do país. Quanto ao presidente da república, já todos percebemos que a criatura está doente, e portanto deveria resignar.
POST SCRIPTUM: as missões militares estratégicas há muito que são desempenhadas por lebres civis.

ÚLTIMA HORA: Israel pode estar a preparar-se para um ataque ao Irão!

Se Israel atacar o Irão, este poderá bloquear o Estreito de Ormuz. Se tal acontecer, haverá uma quebra diária de fornecimentos na ordem dos 10 milhões de barris de petróleo e 2 milhões de gás natural. Uma rotura de abastecimento desta dimensão, na ordem dos 10-11% da produção mundial de petróleo, fará disparar automaticamente os preços da energia e dos alimentos para níveis difíceis de calcular. Por outro lado, percebe-se o interesse súbito que Gibraltar e em geral a frente de portos atlânticos da Europa, todo o Atlântico, e o corredor ferroviário entre Luanda e Nacala poderão ter para o mundo. Caro ministro Álvaro Santos Pereira: ponha a linha de bitola europeia entre o Poceirão-Setúbal-Sines e o Caia em construção quanto antes! E liberte-se dos Efromovich !!!
"Pétrole : pourquoi la menace iranienne est prise au sérieux"
Le Monde.fr | 14.11.2012 à 14h14 • Mis à jour le 14.11.2012 à 15h33

Si les pays occidentaux semblent exclure une intervention militaire pour stopper le programme nucléaire iranien, le gouvernement israélien a indiqué qu'au-delà de la fameuse "ligne rouge", il devrait recourir à cette option.

Face à ces menaces, l'Iran a répondu qu'une attaque de ses installations nucléaires constituerait un acte de guerre lui autorisant toute forme de réplique. Pourtant, ce n'est pas vraiment l'éventualité d'une riposte armée qui inquiète le marché du pétrole. C'est le risque de voir l'Iran bloquer le détroit d'Ormuz, c'est-à-dire le rail naval le plus stratégique pour le commerce mondial du pétrole.

Última atualização: 18 nov 2012, 0:13

quinta-feira, novembro 15, 2012

A ANA prefere os alemães

As prioridades estão à vista. Flight Radar 24 (derivativo—OAM)

Frapor é a única alternativa estratégica séria na concessão dos aeroportos portugueses

Angela Merkel não veio até até ao forte de São Julião, que conheço bem, apenas para ver o novo pólo económico pós-industrial que é a linda Praia de Carcavelos e o belíssimo estuário do Tejo, mas fechar negócios importantes que, de algum modo, compensem os euro-marcos que têm impedido Portugal de colapsar. Apesar dos insultos da indigente elite local, a tia Merkel fez o que tinha a fazer e é do interesse comum da Alemanha, da Europa e de Portugal: investir no nosso país, apesar da recessão europeia, e ocupar posições estratégicas que, a não serem ocupadas pela Alemanha, acabariam por ir parar à China já que, por exemplo, no caso dos aeroportos nacionais, entregá-los a Espanha, ou a um qualquer aventureiro sul-americano recém casado com Israel, seria impensável.

Negócios com a Alemanha avançam depois da partida de Merkel

Grupo alemão é o favorito para comprar a ANA. Portugal e Roménia disputam nova fábrica da Bosh e alemães compram Fisipe por 29 milhões de euros

Passados dois dias da visita de Angela Merkel a Portugal começam a vir a público negócios importantes com grupos alemães em diversas áreas. O primeiro tem a ver com a privatização da ANA. Depois de ter sido anunciado o conjunto de candidatos à compra da empresa portuguesa, o Conselho de Ministros deve aprovar amanhã a short list, que, segundo anunciou terça-feira a TVI, incluirá os franceses da Vinci, os alemães da Fraport e os argentinos da Corporación América. O i sabe, no entanto, que a grande favorita é a Fraport, que oferece as melhores contrapartidas ao accionista Estado — in i online (14 nov 2012).

Caderno de encargos da venda da ANA disponível

O vencedor da privatização ficará sujeito à indisponibilidade de venda entre quatro a oito anos. Neste momento existem oito candidatos à privatização da ANA, entre consórcios europeus e empresas da América Latina. As poucas informações que têm vindo a público apontam para uma melhor classificação dos europeus — in Jornal de Negócios online (15 nov 2012).

Portugal há muito que aluga a sua dependência económica por cedências parciais de soberania... nomeadamente militar. Os EUA estão a caminho do colapso e já não têm massa para as rendas das Lajes. Logo, que venham os alemães! Do ponto de vista da União Europeia, enquanto existir, faz sentido que Portugal se alie ao mais forte. Neste caso, o mais forte já não é a Inglaterra, mas a Alemanha. Se a Frapor—Frankfurt Airport Services Worldwide, empresa teutónica que gere o hub aeroportuário de Frankfurt e mais doze aeroportos em várias partes do mundo, ficar com a exploração dos aeroportos portugueses durante umas boas décadas será uma boa notícia.

Basta reparar na imagem de radar do tráfego aéreo mundial para perceber tudo: existe a América do Norte, existe a Europa, e o resto só não é paisagem porque entretanto surgiram duas novas regiões em crescimento rápido: o Sudeste Asiático e o Brasil. A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil tendo recentemente ultrapassado os EUA. O quarto parceiro comercial do Brasil é, adivinharam, a Alemanha (Portugal não consta sequer da lista dos trinta primeiros).

Na realidade, e para ser mais preciso, o maior parceiro comercial do Brasil e o maior parceiro comercial da China é, na realidade, uma coisa chamada União Europeia! Daí que...

Alemã Fraport critica critérios em leilão de aeroportos
Administradora do aeroporto de Frankfurt faz coro com a presidente Dilma e reclama das baixas exigências na licitação de Guarulhos, Viracopos e Brasília — in Veja (7 ago 2012).

E daí que a Alemanha esteja muito naturalmente interessada nos aeroportos encostados à frente ocidental atlântica. Deixá-los nas mãos de chineses, de sul-americanos duvidosos, ou ao Deus dará, seria um crime, e sobretudo um erro de estratégia imperdoável. Logo, desta vez, a senhora Merkel lá terá que puxar os cordões à bolsa ;)

Dirão alguns amigos incondicionais dos Estados Unidos que, embora tratando-se de aeroportos civis, a Alemanha coloca pela primeira vez uma sua base avançada em pleno atlântico. É verdade. Mas será preocupante? Se a União Europeia for para seguir em frente, não é preocupante. Se for para romper, então sim, seria muito preocupante!

Este melindre deverá ser acautelado através de duas condições do caderno de encargos:
  1. o que está em causa é uma concessão de gestão aeroportuária, não a venda de aeroportos e terrenos de e ou para aeroportos, nem muito menos a gestão do espaço aéreo nacional e de boa parte do Atlântico norte, a cargo da empresa pública NAV;
  2. o prazo da concessão não deve ser demasiado longo.

Voos continentais e transcontinentais

Swiss troca voos para Atenas e Madrid por destinos mais lucrativos

A companhia aérea suíça Swiss anunciou hoje que vai acabar com alguns voos destinados a Atenas e Madrid, cidades duramente atingidas pela crise da Zona Euro, e procurar expandir as suas ligações para destinos mais lucrativos.

Para alargar a sua oferta de destinos, a Swiss quer reforçar as ligações para Palma, na ilha espanhola de Maiorca, e Málaga (Espanha) e vai lançar rotas para as ilhas italianas da Sardenha e da Sicília. A Swiss anunciou também a criação de uma base em Genebra focada nos passageiros da região da Romandia — in OJE/Lusa (12/11/12, 14:51).

Esta e sucessivas notícias que têm vindo a lume nos últimos seis meses apontam para algumas realidades que estão a mudar muito rapidamente as estratégias operacionais das companhias aéreas:
  1. a carestia do petróleo veio para ficar;
  2. a recessão americana e europeia são realidades indiscutíveis com impactos apreciáveis na mobilidade aérea;
  3. mais cedo ou mais tarde a Europa aprovará e aplicará taxas penalizadoras sobre a emissão de CO2 equivalente por cada sobrevoo do território comunitário (CO2 cap on air traffic);
  4. as estratégias Low Cost ganham terreno dia a dia, sobretudo nas viagens de médio curso, levando as grandes companhias a criarem as suas próprias companhias Low Cost e modificaram a cultura das companhias de bandeira tradicionais;
  5. As novas redes europeias de transporte ferroviário de Alta Velocidade vão compensar a quebra inevitável no número de voos de médio curso em território europeu;
  6. mesmo no longo curso intercontinental haverá em breve oferta de voos Low Cost entre os vários continentes, desde logo, entre a Europa e os Estados Unidos-Canadá, com contágio mais do que provável à América Latina.
Tudo somado, vender a exploração dos aeroportos portugueses à Frapor é uma opção correcta sob múltiplos pontos de vista: estratégico, económico, industrial e operacional.

Olhando para o radar do tráfego aéreo mundial, com sorte, até Alcochete poderá um dia ser preciso. Deixemos pois estar o Campo de Tiro onde está, mantenhamos sob reserva as zonas de Rio Frio e Canha, e em 2015 voltaremos a partir pedra sobre a necessidade de substituir a Portela-Montijo por algo mais ajustado aos tempos.


POST SCRIPTUM
Preocupación en AENA por el impacto en sus ingresos de la reestructuración de iberia

El director comercial de Aena, José Manuel Fernández Bosch, admitió este jueves que el gestor aeroportuario está preocupado por el impacto en sus ingresos de la reestructuración de IBERIA (IBLA.MC) que contempla un importante recorte en sus rutas — in El Economista.es (15 nov 2012).
 A ANA espanhola (AENA) já está a ganir por causa do colapso da Iberia —25% dos seus trabalhadores para a rua e redução em 50% nos salários dos que ficarem :( As Low Cost, por sua vez, ocuparão os lugares deixados vagos pela Iberia, mas não precisam de cidades aeroportuárias, nem de mangas telescópicas, nem sequer de sistemas sofisticados de porta-bagagens! Bastam-lhes 3Km de pista para aterrar e levantar voo e um barracão da Siemens. Daí o ganir da AENA!

sexta-feira, novembro 09, 2012

TAP, vítima da guerra contra o TGV

Israel Aerospace Industries (IAI): futura co-proprietária da TAP?

TAP acaba vítima do ataque desmiolado ao "TGV"
orquestrado pelo Bloco Central da Corrupção, com o apoio mediático da insolvente imprensa que temos, e o oportunismo complacente de toda a dita Esquerda portuguesa

Iberia anuncia el recorte de 4.500 empleos, casi una cuarta parte de toda la plantilla
  • Así lo ha comunicado IAG a la Comisión Nacional del Mercado de Valores
  • Fija el 31 de enero de 2013 para llegar a un acuerdo con los sindicatos
  • Si no hay pacto, asegura que tendrá que tomar decisiones más radicales
  • El Sepla avisa: "No vamos a admitir este desmantelamiento de Iberia"
  • Disminuye la flota en 25 aviones y reduce la capacidad en un 15% en 2013
El País, 9 nov 2012.

E agora Relvas? E agora Ricciardi? E agora Ricardo? E agora senhor PM de plástico? E agora gaúcho? Ainda querem construir o NAL da Ota em Alcochete?

Vão continuar a boicotar o maldito "TGV"? Ou já perceberam que o "TGV" veio para ficar, que os despedimentos em massa na Ibéria têm muito que ver com a entrada em funcionamento do transporte ferroviário de alta velocidade no país vizinho, e que esta é a aposta clara e reiterada da União Europeia em matéria de adaptação da mobilidade europeia ao pico do petróleo e à necessidade de diminuir as emissões de CO2 equivalente?

Porque não fizeram o óbvio: reestruturar a TAP (spin off) antes de a vender?

A Blogosfera cansou-se de avisar e de propor a segmentação da companhia: um segmento Low Cost (TAP Europa) e um segmento dedicado aos voos intercontinentais (com três segmentos: TAP America, TAP Africa, TAP Asia).

Que fizeram? Nada, a não ser intoxicar a opinião pública sobre os lucros e a excelência da insolvente TAP, escondendo a sua dívida acumulada de TRÊS MIL MILHÕES DE EUROS e as responsabilidades assumidas, por valor de outros tantos, ou quase, TRÊS MIL MILHÕES DE EUROS, na encomenda firma de doze Airbus A350-900 — a pensar na patranha da cidade aeroportuária do iluminado Mateus (o génio do aeromoscas de Beja).

Escondendo que a Europa optou pelo transporte ferroviária rápido nas distâncias até 750 quilómetros.

Esquecendo que a Espanha está a migrar rapidamente a sua bitola ferroviária antiga (a dita bitola ibérica — que nós à época tivemos, obviamente, que adotar) para a bitola euroeia (UIC), além de dispor da segunda maior rede de alta velocidade/velocidade elevada do planeta, e uma importante indústria associada.

Esquecendo que o famoso hub aeroportuário de Lisboa é uma mistificação, pois apenas 9% do tráfego aéreo de Lisboa tem origem ou destina-se a países não europeus — ou seja, 91% do negócio de transporte aéreo da TAP está condenado a migrar para a oferta Low Cost, ou morre!

O colapso da Ibéria (a que de nada valeu o hub de Barajas), de um lado, e o crescimento da Germanwings (Low Cost da Lufthansa), do outro, são só dois exemplos recentes e gritantes do que há muito a Blogosfera portuguesa vem avisando. O Bloco Central da Corrupção, em nome do embuste da Ota em Alcochete, e das suas negociatas criminosas, prepara-se pois para um dois-em-um: destruir a TAP e transformar Portugal numas Berlengas ferroviárias da Europa!


Portugal y España inician su estación de AVE común (ver vídeo)
A Espanha está a mudar toda a sua rede ferroviária para uma bitola e sistemas de alimentação e de sinalização compatíveis com o resto da Europa. Por cada ano que Portugal se atrasar na migração da sua rede para a chamada bitola europeia (UIC) são centenas de milhões de euros anuais que damos a ganhar a Espanha.

Este governo, uma vez mais capturado pelo Bloco Central da Corrupção, com a desculpa esfarrapada da falta de dinheiro, deitou ao lixo este ano centenas de milhões de euros disponibilizados a fundo perdido pela Comunidade Europeia (e milhares de postos de trabalho), adiando sine die a linha Poceirão-Caia, acordada em sucessivas reuniões de estado entre os dois países ibéricos. O preço deste crime será cobrado em impostos a todos nós, mas não aos piratas responsáveis pelo mesmo.

Ao lado da nova estação do AVE em Badajoz vai ser construída uma grande plataforma logística e um porto seco, para onde os TIR portugueses passarão a despejar as mercadorias, pois os comboios da Tugolândia vão ficar isolados da nova rede espanhola em migração acelerada para a bitola europeia (UIC). Curiosamente, os vendedores de votos do PS, PCP e Bloco, sobre este gravíssimo assunto da economia portuguesa, nada dizem. Continuam a crer que o crescimento do país não nasce do trabalho, mas da esmola europeia —que exigem com a fanfarronice dos desgraçados e imbecis!

TAP, vítima da guerra contra o TGV
"Ao longo de sua carreira, Efromovich provou que tem uma habilidade incomum para caçar empresas em dificuldades. Um dos artifícios que usa é renegociar as dívidas sem tirar um tostão do bolso." Exame.
A privatização da insolvente TAP desembocou numa venda de dívidas.

Apesar de toda a propaganda, esta é a lamentável verdade sobre um companhia destruída pela corrupção, pela irresponsabilidade e pela incompetência. Ninguém está interessado na privatização de um buraco financeiro e de uma empresa sem estratégia credível — escancarada na opção de encomendar doze aviões de longo curso no preciso momento em que a Europa entrava num evidente processo de ajustamento, reestruturação e concentração das suas companhias de aviação comercial.

Que pode querer a Avianca dos irmãos Efromovich? Só de for parte das rotas e dos slots da TAP na Europa, para a Avianca! Depois devolve o que sobrar da TAP a Portugal!!! Ou então há coisa mais soturna nas vielas desta privatização.

Dar outra empresa estratégica do país a um governo estrangeiro extra-comunitário (Brasil, ou Israel?) disfarçando a venda através de um intermediário brasileiro-colombiano filho de um polaco judeu associado à maior empresa aeronáutica e aeroespacial (militar) do estado Sionista de Israel cheira mal antes mesmo de começar...

POST SCRIPTUM

Como alguém me escreveu a perguntar, respondo:
"Boa tarde Cerveira Pinto: desculpe a minha ignorância mas pode explicar-me qual é a razão pela qual não fazer a rede de bitola europeia favorece a construção do NAL ? Os Fundos aplicáveis ao Poceirão-Caia ou à linha de bitola ibérica agora anunciada poderiam ser transferidos para a construção do NAL ? Se sim porque que é que os Fundos do Poceirão-Caia que se perderam não foram aplicados no projecto e construção do NAL?"
1) o primeiro objetivo da campanha anti-TGV, e portanto os obstáculos sucessivamente postos à concretização da linha de bitola europeia Poceirão-Caia, foi impedir que houvesse comboio AV entre Madrid e Lisboa, pois esta hipótese rebentaria de imediato com a ponte aérea Lisboa-Madrid, desviando 2/3 dos passageiros que voam entre as duas capitais para a ferrovia — o que tornaria a viabilidade da TAP, ainda por cima pagando tarifas mais elevada no NAL do que as que paga na Portela, muito duvidosa;

2) por outro lado, construindo a linha UIC entre o Poceirão e o Caia, não só muitos milhares de passageiros migrariam para o comboio, nas ligações Lisboa-Madrid (-Valladolid, Toledo, etc.), como as Low Cost entalariam a ANA com a ameaça de usar o aeroporto de Badajoz (que já tem uma pista com 2860x60m) se a Portela fosse fechada para dar lugar ao NAL da Ota em Alcochete;

3) O BES é um dos bancos implicados na compra de 12 Airbus A350-900, uma aeronave pensada para viagens de longo curso, no pressuposto de que o NAL faria de Lisboa um Hub transantlântico (apesar de idiota, foi a ideia que venderam aos especuladores e banqueiros.)

Assim sendo, fazer a propaganda mentirosa sobre a saturação da Portela e travar o TGV, seja por que meios forem, até construir o NAL, é mesmo a única forma de manter alguma credibilidade à hipóotese de fechar a Portela e abrir Alcochete. Por este mesmo motivo o Metro de Lisboa atrasou o mais que conseguiu (até que a Blogosfera começou a fazer barulho) a abertura da estação do Aeroporto.

Construir nesta altura do campeonato um linha de bitola ibérica, ainda que com travessas de dupla fixação, além de um frete aos piratas do BES e da Mota-Engil, é um erro de palmatória cujas responsabilidades deverão ser apuradas até ao fim.


ÚLTIMA HORA



Governo: venda da TAP dá pouco lucro, privatização pode cair
. Sérgio Monteiro desfaz as dúvidas: privatização da TAP dá lucro mas vai ser curto. E deixa um aviso a Efromovich: se a proposta não for boa o negócio é anulado. TSF, 10 nov 2012, 00:00.
Na realidade, este governo preparava-se para pagar (sim, pagar!) a uma empresa privada o favor de reestruturar a TAP, com os inevitáveis despedimentos coletivos associados, e depois, talvez, recomprar a mesma TAP pelo preço de venda, ou seja, zero!

Qual seria o negócio colombiano-israelita, então? Só vejo dois possíveis: os israelitas ficariam com as oficinas de manutenção TAP-Engineering&Maintenance (nomeadamente para as suas atividades industriais-militares na América Latina), e transferir umas dezenas de rotas e algumas centenas de slots que a TAP tem na Europa para a Avianca.

Não seria mais curial, pergunto, o governo português fechar a TAP, renegociar um plano de pagamentos das dívidas com os credores, e abrir uma companhia ao lado,  reestruturada de uma ponta à outra e mais leve — copiando a solução que a Suíça deu a um problema semelhante? A proposta da Blogosfera é a de sempre: uma TAP Europa (low cost), e uma TAP transcontinental, com rotas para a América, África e Ásia.

Oferecer a TAP ao colombiano e a Israel, para estes a desossarem, entregando depois os ossos a Portugal, parece-me um crime de estado!

PS: Na entrevista dada à TSF, que ouvi na íntegra na rádio, Sérgio Monteiro apresenta uma justificação aldrabada sobre a desistência da ligação ferroviária Poceirão-Caia em bitola europeia, afirmando que o país poupou quase dois mil milhões de euros (isto é uma redonda mentira), e que, em contrapartida, se fará uma linha de bitola ibérica (de "altas prestações", disse) por apenas 250 milhões de euros (outra mentira).

Na realidade, a ligação Poceirão-Caia custaria à partida, aos contribuintes portugueses, 162 milhões de euros, num orçamento de 1350 milhões (largamente coberto por comparticipações comunitárias e do Banco Europeu de Investimentos). Como os impostos associados à obra renderiam ao Estado entre 300 e 400 milhões de euros, o custo para a generalidade dos contribuintes seria, em suma, negativo (i online).

Por outro lado, o impacto da criação direta de emprego neste projeto é outra perda não contabilizada pelo yuppie do gabinete de Álvaro Santos Pereira. Idem para as indemnizações devidas ao consórcio Elos (Brisa/Grupo Mello e Soares da Costa). Idem para os empregos indiretos que o desenvolvimento de um novo modelo avançado de transporte ferroviário induzira na indústria e serviços do nosso país. Idem para a enorme vantagem competitiva que os portos de Sines e Setúbal (e até Lisboa, no prazo de uma década), a Autoeuropa e outros exportadores nacionais perdem para Badajoz (porto seco) e para Algeciras (porto marítimo) ao verem cerceada a possibilidade de carregarem vagões em Portugal, com automóveis e acessórios da Autoeuropa, cortiça, azeite, vinho, ou com outras mercadorias chegadas de Angola, Brasil, Venezuela e do Pacífico, via Canal do Panamá alargado, despachando-os diretamente para os principais entrepostos espanhóis e além Pirenéus. Idem para o aumento dos movimentos turísticos, profissionais e de negócios entre duas capitais que são duas cidades-região e que albergam mais de doze milhões de habitantes!

Só por estes dois clamorosos fracassos —TAP e ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid— o senhor secretário de estado Sérgio Monteiro merece uma carta de despedimento!

* Só mais uma coisinha: o nosso yuppie que é secretário de estado do ASP, foi a correr à TSF, onde durante largos minutos relatou o muito que tem feito neste governo. Fê-lo por um motivo simples: antecipar-se ao fracasso anunciado da privatização da TAP!

Sempre quero ver, dentro de alguns meses, com 1/3 dos pilotos da Ibéria na rua, e o leasing dos A350-900 a cair (como vai ser Ricciardi?), mais as greves que de um e do outro lado da raia vão chover a cântaros, como é que a malta viajará até Espanha, se nem TGV tem :( Vamos regressar à saudosa época dos autocarros que fazem a ligação entre as duas capitais ibérica à estonteante velocidade de 80Km/hora, ou seja, em 8 horas! Ou no Wagonlit, lendo a Guerra e Paz, de Leon Tolstoi ;)

Última atualização: 10 nov 2012 18:29

quinta-feira, outubro 25, 2012

BESTAP

Interior do Airbus A350-900. A TAP encomendou 12.

TAP: BPI denuncia tráfico de influências e falta de transparência

Líder do BPI afirmou que "quem contestou" a contratação da Perella para assessor do Estado na venda da EDP "teve logo um ajuste directo a seguir". Fonte oficial do BESI, cujo presidente até junto do Governo criticou a escolha da boutique financeira, diz que declarações são "inaceitáveis".

"Quem contestou teve logo outro ajuste directo a seguir. O BPI não entrou nessa discussão. Houve duas contratações do Estado nas privatizações. O primeiro contrato foi para a Perella, o segundo foi entregue a quem protestou" pela escolha da boutique financeira, que "ficou como assessor do Estado nas privatizações da TAP e da ANA". 
Jornal de Negócios online, 25 out 2012.

O processo de privatização da TAP é uma operação comandada pelo BES, e Efromovich não passará, na nossa modesta opinião, do testa de ferro desta operação pirata. Relvas é o canalizador da coisa, abençoada naturalmente pelo PM de plástico que temos. Mas vamos por partes.

Quem comprar a TAP terá ou não que comprar os ativos, mas também as dívidas e as responsabilidades? Terá! E quais são?

Estimativa
  1. +950 milhões de euros: ativos tangíveis (aviões, etc.)
  2. +2.250 milhões de euros: cerca de 4.500 pares de Slots (2250 voos semanais: ±9000 Slots)
  3. -500 milhões de euros: capitais próprios negativos
  4. -140 milhões de euros: prejuízos em 31 de agosto de 2012 (Sol)
  5. -2.325 milhões de euros: passivo acumulado (consultar o relatório e contas do grupo TAP)
  6. -2.573 milhões de euros (12x215M-6,802M): encomendas firmes de 12 Airbus A350-900
  7. -127 milhões de euros: indemnizações para despedimentos.

    Total estimado: [1+2] 3.200 - [3+4+5+6+7] 5.792  = -2.592 milhões de euros
Nesta perspetiva otimista, a TAP vale -2.592 milhões de euros! Ou seja, é daquelas situações em que vendendo o grupo por 1€, significaria entregar ao comprador uma companhia a funcionar, mas com um buraco efetivo de mais de 2.500 milhões de euros :(

Como a empresa tem vindo a dar prejuízos, para a recuperar vai ser preciso reestruturá-la, investindo dinheiro numa nova estratégia cujos resultados não estão garantidos à partida. E assim sendo, quanto vale a TAP? Um ou dois enigmas, pelo menos.


A prova de que a encomenda dos 12 A350-900 foi feita


A menos que...

Privatização da TAP só se garantido “interesse nacional”

O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Silva Monteiro, não se cansa de repetir a importância estratégica da TAP para a economia nacional. É este o argumento que usa para explicar a decisão do Governo em salvaguardar, no caderno de encargos ontem aprovado, o direito de preferência do Estado numa futura alienação da companhia. É também esse argumento que justifica que o Executivo possa cancelar a operação caso não estejam garantidos os interesses nacionais durante a negociação com o Synergy Aerospace, de German Efromovich, candidato único à compra da TAP.

Económico, 19 out 2012.

A menos que o estratagema, na ausência evidente de quem queira comprar um empresa insolvente com dívidas e responsabilidades perto dos 5.800 milhões de euros, seja o seguinte:
  • Uma empresa brasileira, a Sinergy Group (curiosamente com o sítio web em baixo desde que esta telenovela começou) pertencente a dois irmãos colombianos-brasileiros, filhos de pai judeu-polaco, Germán e José Efromovich, compra a TAP por 950 milhões de euros (os ativos tangíveis valiam pouco mais de 950 milhões de euros em 2011);
  • Depois de comprado o Grupo TAP SGPS, o Sinergy Group vende de imediato a TAP Maintenance&Engineering à Avianca, maior empresa aérea sul-americana, e que pertence a holding Sinergy Group;
  • Substitui também a TAP pela Avianca num bom número de aeroportos europeus;
  • Contrata uma centena de pilotos da TAP (os mais jovens) para a Avianca;
  • Entretanto a venda da TAP SGPS a uma holding brasileira é contestada por Bruxelas e abre-se uma querela judicial;
  • Em Portugal, o escândalo e a contestação fazem cair o governo de Passos Coelho, e os trabalhadores da TAP declaram uma greve geral no setor, com o apoio da ANA, cujo processo de privatização se encontra igualmente sob forte contestação a norte e a sul do país;
  • Os manos Efromovich declaram que não podem gerir a TAP naquelas circunstâncias e colocam a TAP de novo à venda, invocando à cabeça o exercício do direito de precedência do governo português como a melhor saída para a crise instalada,
  • O Grupo BES, com mais alguém, surge subitamente interessado na compra da TAP ao Sinergy Group, aliviada entretanto da secção de manutenção brasileira, da Groundforce (já privatizada) de uma centena de pilotos, e com a garantia de que o Estado ficará com uns 10% da nova empresa e os encargos maiores com as indemnizações e pensões devidas aos trabalhadores a despedir, reformados e a caminho da reforma.
  • Perante este desenlace a Comissão Europeia desiste do processo contra os irmãos Efromovich e contra o estado português.
  • a TAP tranforma-se numa companhia Low Cost, de médio e longo curso!
 A privatização da TAP, neste caso imaginário, seria uma espécie de processo de reestruturação tardia, rocambolesca, perversa, e destinada a fazer surgir, lá para 2015, uma nova companhia chamada BESTAP!


ÚLTIMA HORA!

Conheça os interessados na privatização da ANAJornal de Negócios, 29 out 2012.

CCR
Os brasileiros da Companhia de Concessões Rodoviárias concorrem à privatização da ANA ao lado da também brasileira Odebrecht. A Brisa, que fazia parte do consórcio, acabou por desistir.

CORPORACIÓN AMÉRICA
Os argentinos da Corporación América já tinham deixado claro o seu interesse na gestora de aeroportos. O consórcio que lidera inclui três parceiros nacionais: o grupo Sonae Sierra, o grupo Empark e o grupo Auto Sueco. E um parceiro brasileiro, a Engevix. A Corporación América gere 49 aeroportos na América Latina e Europa, entre os quais o aeroporto de Brasília e a infra-estrutura de Trapani, na Sicília, em Itália.

ODINSA
O grupo colombiano lidera um consórcio do qual faz parte, com uma posição minoritária, a Mota-Engil. Ligado à gestão de infra-estruturas, o grupo Odinsa está presente em áreas como as concessões rodoviárias, imobiliário, energia, portos e aeroportos, como os de Eldorado, em Bogotá, e de Tocumem, no Panamá.

FERROVIAL
O grupo espanhol também avançou com uma proposta não vinculativa para a privatização da ANA. A Ferrovial opera em cinco aeroportos no Reino Unido, incluindo Heathrow.

Em Agosto passado o grupo anunciou um acordo com o fundo de investimento Qatar Holding para vender 10,6% da BAA, gestora de aeroportos britânica, por 607 milhões de euros.

FRAPORT
A gestora do aeroporto de Frankfurt entrou na corrida à privatização da ANA em consórcio com o fundo australiano IFM. No total, a Fraport gere ou tem participações em 13 aeroportos a nível mundial. O fundo IFM gere uma carteira de 8,7 mil milhões de euros e tem 2,3 mil milhões para investir em infra-estruturas.

VINCI
O grupo francês também entregou proposta não vinculativa para a aquisição da gestora de aeroportos portugueses, segundo o Diário Económico. O grupo tem negócios na área da construção e das concessões, sendo o maior accionista da LusoponteGere concessões rodoviárias, ferroviárias, estádios e aeroportos. O grupo explora 12 aeroportos, dos quais nove em França. É ainda concessionária de aeroportos no Cambodja.

GLOBAL INFRASTRUCTURE PARTNERS
O fundo inglês, que também entregou proposta para a ANA, segundo o Diário Económico, detém 42% do aeroporto britânico de Gatwick, o Aeroporto de Edimburgo na Escócia, e 75% do London City. Criada pelo Crédit Suisse e pela General Electric em 2006, o GIP gere 15 mil milhões de dólares (11,6 mil milhões de euros), centrando os seus investimentos nas áreas da energia, transportes, água e resíduos.

FLUGHAFEN ZÜRICH
A suíça Flughafen Zürich apresentou uma oferta não vinculativa para a privatização da ANA, entre as oito propostas que chegaram na semana passada ao Governo português.

Brasileiros, argentinos, colombianos não são os nossos maiores credores, e pertencem a outra zona estratégica global. Logo devem ficar fora deste campeonato. A concessão ANA deve ser entregue a europeus, ponto final. Mas a quem?

Os nossos maiores credores são, por ordem decrescente, a Espanha, a Alemanha, a França e o Reino Unido. Entregar aos espanhóis da Ferrovial, abraços com uma passada maior do que a perna (nomeadamente no Reino Unido), é uma solução inconveniente por todas as razões.

A Global Infrastructures Partners, é uma cria do Crédit Suisse, a mesma instituição que abancou, com o BESI, a compra firme de 12 Airbus A350-900 para a TAP, pelo que há fortes possibilidades de conflito de interesses nesta opção.

A francesa Vinci, maior accionista da Lusoponte, só poderia representar uma ameaça para a Portela, e confundir permanentemente os seus interesses nas pontes do Tejo com o negócio aeroportuário. Além do mais, é urgente evitar a concentração oligopolista neste país !!!

Restam as opções Fraport e Flughafen Zürich. Moeda ao ar? Eu aposto, obviamente, na gestora do aeroporto de Frankfurt, a Fraport. A Suíça não faz parte do euro… e a Alemanha já foi preterida por duas empresas do governo chinês, na privatizado da EDP e da REN. Os credores querem ativos. Compreende-se. E a Alemanha, além do mais, tem sido o principal aliado deste governo, além de ser o único país com juízo nesta insolvente Europa.

Crescimento da TAP depende de novos aviões — ai depende?
Companhia não prevê criar novas rotas em 2013. Principal razão é "falta de aviões novos", explicou Luiz Gama Mór, vice-presidente da TAP.

A privatização da TAP entrou na sua segunda fase e esta começa também a ser a altura para se começar a traçar os planos para o próximo ano. Sem ainda saber qual a conclusão do processo de venda, a administração da companhia tem de definir qual vai ser a sua aposta para o próximo ano.

Jornal de Negócios, 29 out 2012
Recadinhos do Ricardo... A administração da TAP tem é que ser objeto de inquirição ao desastre a que conduziram a companhia!

Então não é público que a TAP encomendou 12 Airbus A350-900, alguns dos quais com entrega prevista em 2013, e que o BES foi um dos bancos intermediários da operação?!!!!

Expansão do aeroporto de Lisboa custa 321 milhõesExpresso., 28 out 2012
O aeroporto de Lisboa, na Portela pode ser submetido a obras de apliação, por forma a suportar 23 milhões de passageiros por ano e 50 movimentos por hora.

A base militar do Montijo é a escolhida para o aeroporto complementar e a decisão sobre novo aeroporto de Lisboa só avança depois de 2022.
Se for verdade, é uma boa decisão, e vem dar plena razão ao que a Blogosfera vem escrevendo desde julho de 2005... Ao menos paguem-nos uma jantarada. Não queremos os milhões que deitaram ao lixo em estudos para alimentar o PS e os seus testas de ferro!

Germán Efromovich ao Públlico (26 out 2012):
Público: Além de assumir a dívida e de limpar os capitais próprios, vai pagar algum dinheiro ao Estado pela compra da TAP?

Germán Efromovich: Ainda não sei. A companhia vale o que vale. Se está a perder dinheiro, o Estado já terá um encaixe natural ao deixar de gastar. Não posso dizer mais nada, por respeito ao contrato de confidencialidade.
Como há muito a Blogosfera alertou: o único interessado na TAP quer comprá-la pelas dívidas, e mesmo assim, na sua opinião, poderá ser demasiado. Falta baixar o preço do pessoal, das reformas antecipadas e dos despedimentos!


Última atualização: 29 out 2012, 11:24

quinta-feira, outubro 18, 2012

TAP perdida

Calendário Ryanair, 2013. Por beneficência pura!

BES quer que sejamos nós a pagar as dívidas da TAP

Preâmbulo

Passos Coelho, antes de vir para o governo, foi um dos executivos da Fomentinvest, presidida por Ângelo Correia. Esta empresa obscura, dedicada sobretudo a capturar fundos comunitários e encomendas do estado português, é detida em 15,4% pelo BES, um grupo financeiro da família Espírito Santo, que está metido em mais de 400 empresas e em boa parte dos grandes negócios protegidos pelo estado ou por lógicas de oligopólio.

O Grupo Espírito Santo é uma das alavancas das seguintes PPP rodoviárias: PPP Grande Porto, PPP Beira Litoral e Alta, PPP Costa da Prata, e PPP Pinhal Interior.

Como querem que o Gaspar ataque as PPP?

O BES e a TAP

Neste momento o BES e a administração da TAP sabem que não existem candidatos à compra da dívida insustentável da companhia: cerca de 3 mil milhões de endividamento revelado e por revelar + 3 mil milhões de responsabilidades contraídas na encomenda de 12 novos aviões A350 = 6 MIL MILHÕES !!!

Os primeiros A350 devem chegar já em 2013. Quem paga?

Assim sendo, não me custa nada imaginar a coincidência súbita de pontos de vista entre o BES e a Comissão de Trabalhadores da TAP. Nenhum deles pretende que a privatização vá para a frente, apesar de prevista para 2011 no memorando assinado com a Troika. O BES, porque sabe que não há nenhum comprador credível, salvo a Lufthansa, que lhe imporia condições hostis; e os sindicatos, porque enquanto o pau vai e vem folgam as costas, ou seja, pagamos todos nós!

Ambos têm assim a esperança de que o governo pague as faturas atrasadas da TAP, nomeadamente ao BES e ao Crédit Suisse, que são dois dos bancos envolvidos na encomenda dos Airbus A350, nem que seja, depenando o país inteiro, incluindo as classes médias altas.

Foi ventilada a hipótese de uma emissão obrigacionista da Parpública para o efeito. Ou seja, mais uma receita extraordinária para esconder o que está à vista de todos: a TAP é neste momento uma empresa insolvente, falida, e acima de tudo uma companhia inviável, seja pelo modelo de empresa, que não soube adaptar-se ao fim do petróleo barato, e ao fim do dinheiro fácil, seja pelo excesso de pessoal, seja pela dispersão de objetivos, ou seja ainda pela desastrosa gestão política que a caracteriza. Tal como o resto do país, a salvação da TAP não depende de mais liquidez, mas de uma radical mudança de estilo de vida. Por fim, no que se refere a truques de secretaria, não vejo como poderá a Troika deixar passar mais um financiamento público disfarçado a este cadáver adiado.

O preço da ANA, por outro lado, está necessariamente indexado à sorte da TAP.

Sem a TAP os aeroportos portugueses valem uma coisa, com ela, como tem vindo a ser gerida, valem outra, e no caso de a companhia cair nas mãos de um grupo europeu, ou colombiano, as variações de valor potencial podem ser abissais! É certamente esta dança de expetativas que explica a  produção da novela de última hora, Um Efromovich em Lisboa. Se não me engano, a mesma visa apenas embalar a dezena de interessados na privatização ou concessão da ANA, e de quem o governo quer uma resposta pronta e completa até 26 de outubro, apesar de não lhes ter apresentado até à data qualquer caderno de encargos. Ou seja, estamos diante de uma evidente comédia tropical!

Entre 2013 e 2014 a ofensiva Low Cost destruirá a TAP que hoje conhecemos.

As Low Cost de médio curso, que nascem como cogumelos e querem invariavelmente voar para Lisboa (ver o mais recente anúncio da Norwegian), e as mais do que prováveis Low Cost de longo curso, promovidas pela Air Canada e pela Ryanair-Aer Lingus, irão certamente alterar e muito o panorama da Portela a partir do verão de 2013. O mercado norte-americano da TAP será progressivamente comido pela crescente oferta de voos intercontinentais de baixo custo, e uma vez provada a receita, as ligações entre a América do Sul e a Europa irão pelo mesmo caminho. O Brasil passará a exigir da Avianca, da TAP e de outras companhias voos baratos para a Europa, e voos baratos da Europa para as Olimpíadas do Rio!

Bem gritou a Blogosfera por uma TAP Low Cost, e por uma TAP Atlântica (intercontinental), na sequência de um spin-off realista e inteligente da companhia. Mas nada aconteceu, certamente porque o senhor Ricciardi, ou o senhor Ricardo, ou ambos, não quiseram, e os moluscos do governo concordaram cabisbaixos.

Ainda veremos um avião da TAP retido em Zurique por dívidas!

Se e quando tal ocorrer, a empresa será forçada a fechar. Depois de semelhante bronca, assistiremos à queda em dominó de várias empresas e bancos devoristas. Os mesmos que levaram Portugal à ruína e alegremente continuam a acreditar que uma Nossa Senhora de Berlim virá salvá-los da fogueira financeira onde já assam, por enquanto, em lume brando.

Um país à beira da implosão. Estamos pior do que a Grécia

Um gráfico que ilustra bem o regime cleptocrata instalado

Há três bombas-relógio que, para além da falência da segurança social e do colossal serviço da dívida pública que teremos que pagar em 2014, são uma espécie de pregos no caixão de Portugal:
  • as PPP rodoviárias (41% de um total de 120 PPP), 
  • as PPP do ambiente, ou seja, saneamento básico, águas e tratamentos de resíduos (19%), 
  • e as PPP eléctricas, ou seja, produção e distribuição de energia, de que as novas barragens lançadas por Sócrates são o crime maior. Só nos chamados CIEG — Custos de Interesse Económico Geral (1), atrelados à fatura da EDP, o estado e os piratas do regime extraem subrepticiamente aos contribuintes 2,5 mil milhões de euros por ano, ou seja, mais do dobro do IMI cobrado em 2010, que foi de 1,1 mil milhões de euros, e mais do que o subsídio de desemprego, indemnizações compensatórias de salários em atraso e políticas activas de emprego despendidos em 2011: 2.140 milhões de euros.
Em todas estas parcerias ilegítimas estão os bancos BES, BCP e o Grupo Mello, entre outros. Como já se percebeu, o governo em funções é demasiado cobarde para afrontar os usurpadores silenciosos do regime. No entanto, vamos chegar a um momento em que o estado português se verá confrontado com uma necessidade inadiável: nacionalizar esta gente!

Os agarrados da dívida
Europe banking supervisor plan ‘illegal’ 
Those non-eurozone countries that want to opt into the bank supervision regime would also be legally unable to vote on any ECB decisions – a key demand of countries such as Sweden and Poland.

While it is common for lawyers from different EU institutions to disagree on aspects of proposals, diplomats involved in the talks said the sharp difference in legal opinion would complicate efforts to overcome the deep-set concerns of some member states. Banking union will be a central topic at the EU leaders summit on Thursday.

While EU leaders are still aiming to agree the supervision plan by the end of the year, talks have made little progress to date, in part because of strong German objections. Some participants privately suggest the talks may drag on for a year or more.

Other elements of the commission proposal were also challenged in the legal opinion, notably in asserting the rights of member states to decide how rules on their banks are applied, even when under the supervision of the ECB.

“The major question that follows from this opinion is a practical one,” said Alexandria Carr, a former UK legal adviser now at Mayer Brown International.

“Will the ECB have the capability and capacity to be the ultimate decision maker in respect of all supervisory decisions over complex, global institutions and to apply at least 17 different pieces of domestic legislation?”

Financial Times/ ZeroHedge

Lá se vai a Nossa Senhora do Crescimento Agarrado à Dívida, de que Hollande e Seguro são devotos.

Os devoristas lusitanos acreditam piamente num milagre, e portanto acham que é melhor adiar e esperar. Estarão mesmo dispostos a fazer cair o governo em funções, levando Portugal para um patamar de desespero semelhante ao da Grécia.

Para quê redefinir as funções do estado? Para quê ajustar o nosso estilo de vida ao que temos, em vez de continuarmos a contar com o ovo no cu da galinha, e os euro-marcos da senhora Merkel a tempo e horas na conta bancária de cada um de nós —a começar pelos funcionários públicos, trabalhadores e dirigentes das empresas públicas e grandes rendeiros do estado: BES, BCP, Grupo Mello, EDP, Mota-Engil, etc. ?

No entanto, como não vai haver nenhum milagre, o país só tem teoricamente duas saídas: inventar um inimigo externo, de preferência o credor, e declarar-lhe guerra (hipótese inexistente), ou então ir buscar o dinheiro dentro de portas, onde o mesmo estiver. O mais portátil tem voado a grande velocidade, nomeadamente, para a Alemanha!

A classe média alta e muitos empresários perceberam finalmente que é isto que está em marcha.

Ultrapassada a curva de Laffer, que ocorrerá entre 2013 e 2014, só restará uma e uma única alternativa: nacionalizar o BES, nacionalizar o Grupo Mello, deixar cair a Mota-Engil e outras construtoras em benefício de concorrentes espanhóis, franceses, italianos ou polacos, em suma, evitar uma revolução, ou uma guerra civil (já tivemos muitas, sabem?). Os banqueiros piratas do regime acabarão, em suma, por receber pesadas faturas pela sua imprudência e ganância desmesurada.

Mas até lá, talvez fosse bom pensarmos a sério na reforma do estado e numa economia liberta do terrorismo fiscal e da omnipresença dos devoristas. Há sempre a possibilidade de um golpe de estado militar, sobretudo se surgirem precedentes na Grécia e em Espanha, estragar ainda mais este fim de regime.

O nosso problema não é um problema de liquidez, mas sim de insolvência!

Temos que aprender a viver com o que temos. A mama do império, a mama da UE e a árvore das patacas secaram :(

Voltando à TAP 

Tenham a coragem de reestruturar a fundo esta empresa, sem atender às razões do senhor Salgado. Até porque sendo uma empresa pública, das duas uma: ou conseguem vendê-la por um euro, o que na realidade significaria um custo/investimento na ordem dos 6 mil milhões por parte do comprador, ou então, se não aparecer mais nenhum aventureiro, a única saída será mesmo a reestruturação da empresa. Pois abrir falência, creio que não pode. E encerrá-la sem mais também não faz sentido algum.


ÚLTIMA HORA 

Efromovich: A TAP precisa de muito mais que 500 milhões de euros

O Grupo Synergy passou sozinho à segunda fase de privatização da TAP. Germán Efromovich, que lidera a proposta, contou ao Negócios que este foi um processo "concorrencial" [CONCORRENCIAL?! CONCORREU COM QUEM?], mostrando confiança na conclusão com sucesso do mesmo. Sem falar na sua proposta, o empresário assegurou que, pelo conhecimento que para já tem das contas da TAP, a companhia "precisa de bem mais do que 500 milhões de euros" — Jornal de Negócios.

Pois precisa!

O que o brasileiro-colombiano-polaco-judeu está a dizer ao governo português é que, para além dos 500 milhões de euros necessários para acudir às necessidades de tesouraria urgentes, há mais contas por pagar e compromissos firmes para cumprir:

    — desde 31.12.2011 que o relatório e contas do grupo TAP regista um buraco de 2.325 milhões €
    — a Airbus confirma que a TAP encomendou 12 Airbus A350, com entregas a começar em 2013, por valores que rondarão os 3 MIL MILHÕES DE EUROS (leasing a que estão associados, pelo menos, o BES e o Credit Suisse — que esperam rendas chorudas de tamanha encomenda realizada por um gestor --Fernando Pinto-- contratado há mais de uma década para privatizar a TAP!
    — indemnizações por despedimento de uns 3 mil trabalhadores... portugueses!

Em suma, tudo somado (2.325.000.000 + 500.000.000 + ~3.000.000.000 + indemnizações) a coisa andará certamente muito perto dos SEIS MIL MILHÕES DE EUROS, entre dívidas por pagar, compromissos firmes e indemnizações.

Deve ser por isto que o alucinado Sérgio Monteiro veio com a patranha de que um concurso com um só concorrente é bestial, e que, se o Efromovich quiser vender a TAP logo depois de a comprar, o estado português terá direito de preferência!

Isto cheira a esturro mesmo antes de começar :(

Quer-me parecer que o gaúcho, aparentemente desaparecido em combate, está a replicar o golpe dado aquando da falência da Varig. À época o lombinho da companhia brasileira insolvente chamava-se VEM (Varig Engenharia e Manutenção); hoje o mesmo lombinho chama-se TAP Maintenance&Engineering (é a mesma empresa, i.e. "a maior empresa de manutenção de aviões da América Latina e uma das maiores do mundo" — Wikipédia).

Que grande negócio para os irmãos Efromovich e a sua Avianca poder comprar a preço de saldo o grupo TAP, separar depois a TAP Maintenance&Engineering da TAP, colocando-a ao serviço da Avianca, e depois, com o difícil processo de reestruturação da TAP em Portugal, acabar por desistir de aturar os porrtugueses, e voltar a vender o prejuízo ao estado português.

Se é isto que está na forja, é uma burla e um crime. O governo que prove desde já quais são as suas reais intenções, e que confronte o engenheiro Fernando Pinto com a suas responsabilidades na falência da TAP!

Cá estaremos para irmos acompanhando esta telenovela sul-americana!

Uma privatização ‘low cost’ da TAP — 23/10/12 03:04 | Pedro Carvalho | Económico

[…] a lei das privatizações […] tem implícita uma lógica de leilão, em que vários interessados fazem ofertas concorrentes com vista a inflacionar o encaixe para o Estado. Ora bem, nesta privatização, German Efromovich é o único interessado, numa short, short, short list que deixa o empresário com a faca e o queijo na mão. E Efromovich já anda a mandar recados na imprensa: ontem dizia ao Jornal de Negócios que a "TAP precisa de muito mais de 500 milhões" (valor negativo dos capitais próprios), que é como quem diz ‘não pensem que vou pagar 500 milhões'. A última vez que o Estado fez uma privatização com um único candidato foi o BPN e deu no que deu. Injectou 500 milhões para depois vende-lo por 40 milhões.
A falsa privatização da TAP começa finalmente a cheirar mal na imprensa do regime. Aleluia!


Embuste da privatização da TAP levanta o véu...

O que anunciaram hoje não foi o caderno de encargos de uma privatização, foi o prospeto de uma operação swap. Género: eu empresto-vos a TAP para darem uma voltinha e ganharem uns euros, pagam-nos uma renda à cabeça, nós vamos absorvendo a dívida em sucessivos OE martelados (não se preocupem com o buraco), através da Parpública, e daqui a uns anos devolvem-nos a empresa como se fosse nova :)


Sérgio Monteiro: Estado tem direito de preferência na compra da TAP em venda futura - Jornal de negócios online

O caderno de encargos da TAP já foi aprovado pelo Governo. Fica determinado que o Estado terá direito de preferência caso o comprador queira mais tarde vender a transportadora aérea. Governo admite que Grupo Synergy está na corrida.

Jornal de Negócios, 18 out 2012, 14_18


Mas afinal...
"Estado fica com direito de preferência em venda futura da TAP e admite interromper negociações com Efromovich caso não atinja os seus objectivos." Negócios, 19 out 2012, 00:01
Este negócio já cheira mal antes de começar! O dossiê da rocambolesca e por finalizar falência da Varig (parte do processo ainda está retido nos tribunais), bem como da compra da VEM pela TAP, em 2005, é uma boa ilustração do que de mau poderá suceder à TAP se não houver vigilância democrática do, para já, obscuro processo de privatização em curso. Os cagarros parlamentares, e o senhor Seguro, em vez de andarem a dar tiros na Troika, bom seria que pensassem no país e fizessem aquilo para que lhes pagamos. Neste caso, exigir a máxima transparência de uma operação que está a ser cozinhada entre o Passos Coelho-Miguel Relvas e a malta do BES, apesar de a coisa ser apresentada publicamente por um porta-voz governamental (Sérgio Monteiro) que é simultaneamente um ignorante em matéria de transportes.

PS exige suspensão do processo de privatização da TAP!

Basílio Horta em nome do PS exige suspensão da privatização da TAP. PCP e Bloco acompanham decisão do PS. Água mole em pedra dura... Sérgio Monteiro fala de comissão de acompanhamento, ao que parece presidida por Ferraz da Costa. O problema, porém, está nos assessores financeiros, os bancos BES e Crédit Suisse, partes interessadas no negócio!


NOTAS
  1. Componentes dos preços da energia pagos pelos consumidores (informação da EDP):

    Energia: 51%
    Redes: 24%
    CIEGS: 25%

    Decomposição dos CIEG

    Rendas pagas aos municípios: 25%
    Sobrecusto da produção em regime especial (essencialmente energias renováveis): 16%
    Sobrecusto de produção em regime especial (essencialmente energias não renováveis): 11%
    Sobrecustos das regiões autónomas: 11%
    Sobrecustos da produção em regime ordinário (centrais térmicas e hídricas): 24%
    Rendas de défice de tarifa: 10%
    Outros custos: 3%

Última atualização: 23 out 2012, 10:56

quarta-feira, setembro 19, 2012

A TAP depois da TAP

Chegada do "C-47A" Dakota, com as cores primitiva da TAP, ao Museu do Ar, Sintra.

Quanto dá por ela? Um euro :(
Avisámos vezes sem conta que isto iria suceder...

Avianca Taca desiste de concorrer à privatização da TAP
Jornal de Negócios 18 Setembro 2012 | 17:21

A Avianca Taca garantiu, em declarações à Bloomberg, que não irá avançar com uma proposta para concorrer à privatização da TAP.

O Negócios havia apurado que dos nove grupos que tinham recebido a informação sobre a TAP, apenas três avançaram com oferta não vinculativa para participar na privatização da companhia.

O Grupo IAG [Iberia+British Airways] confirmou que analisou "com mais detalhe" e desistiu de concorrer à privatização da TAP.

Uma vez que nem os chineses, nem os árabes, nem os colombianos, nem os angolanos onde os houvesse com know how técnico, podem tomar a maioria do capital da TAP, por imposição da legislação comunitária aplicável, resta uma única hipótese, desde sempre aqui apontada como provável: a Lufthansa.

Só que se eu fosse a Lufthansa exigiria aos nossos governantes e à corja que o rodeia (1) a declaração prévia e oficial de falência da TAP, ou um radical spin-off da companhia antes de chegar ao caderno de encargos (que ainda não existe!)

Fernando Pinto, CEO da TAP, já deveria ter sido demitido e submetido a inquérito, nomeadamente por uma dessas alegres comissões parlamentares que ultimamente se formam para tudo e para nada, mas de onde invariavelmente nada sai de útil. Talvez agora, depois do 15-S, houvesse mais produtividade nas inquirições.


ÚLTIMA HORA

Pilotos preocupados com desistências na privatização da TAP
Por Raquel Almeida Correia, Públicos (edição impressa)

Sindicato diz que o Governo deve responsabilizar a administração da empresa.
Colombiana Avianca e grupo IAG fora da corrida

Os mais recentes desenvolvimentos na privatização da TAP estão a deixar os pilotos preocupados. Para estes trabalhadores, que reclamam ter direito a uma participação no capital da transportadora aérea, as desistências do grupo IAG e da colombiana Avianca Taca mostram que a companhia nacional “tem mais problemas do que aqueles que são dados a conhecer aos portugueses”. Restam três investidores na corrida à compra da TAP, que o Governo quer fechar este ano.

[...]

Ontem foi a vez da colombiana Avianca Taca declarar oficialmente o recuo. A empresa, detida pelo milionário Germán Efromovich, afirmou que “não está interessada e não vai participar, directamente ou através de qualquer uma das suas subsidiárias, no processo de privatização”. O Diário Económico noticiou que Efromovich se mantém na corrida, mas através da holding que controla, o Synergy Group. Será, por isso, um dos três investidores que passarão à próxima fase - a da apresentação das propostas finais.

[…]

Para os pilotos, a venda do grupo não pode acabar “na oferta da empresa a um qualquer operador internacional, tendo em consideração a situação paupérrima a que a administração actual conduziu a TAP e que tornou a privatização uma incontornabilidade e não uma opção do Governo”.

E mais :(

IAG, Lufthansa out of Race for Portuguese Airline TAP
The Wall Street Journal, 17 set 2012

LISBON--International Consolidated Airlines Group SA (ICAGY, IAG.MC, IAG.LN) and Deutsche Lufthansa AG (DLAKY, LHA.XE) didn't put in bids for Portugal's TAP SGPS SA, highlighting the challenges the Portuguese government faces in trying to sell the airline amid difficult conditions in the sector.


COMENTÁRIO DESTACADO

Caros.

Antes da “ordem do dia”, e na linha do publicado pelo António Maria, foi sintomática o estado de graça do Coelho de plástico na boca de “personalidades” como o Ângelo Correia (qual Paulinha prostituta) ontem em boloçal entrevista ao Mário Crespo. É assim que se faz politica na Tugulândia com a Paulinha prostituta a abrir as pernas até mais não, mais parecendo uma autêntica “porta escancarada” ao parceiro de culigação Paulo Portas. Desta forma, tenta a Paulinha salvar “algumas castanhas do brazeiro”, amigando-se escandalosamente ao Portas.

Depois dessa entrevista, onde o braço direito do Coelho de plástico foi sovado (e indirectamente o Coelho de plástico),..., enfim, restam poucos amigos ao Coelho de plástico. Dado o evoluir das circunstâncias, torna-se óbvio que este já foi em muito ultrapassado pelas circunstâncias, revelando a quem quiser, que os desafios a que está sujeito ultrapassam em muito as suas competências.

A auto-estrada para o Paulo Rangel está aberta, quem sabe (e isso é quase uma certeza) se “personalidades” como a Paulinha já fizeram a agulha em direcção ao sucessor. Cavaco bem que dispensava este sarilho todo, com a maioria do C de Estado em desfavor do Coelho de plástico.

Portas no decorrer do tempo, e alegando “justa causa” recolhe junto do seu partido e do PSD cada vez mais apoiantes. Tomar em atenção Aguiar (em) Branco pois também não faltará muito tempo para constatar que do lado do Coelho de plástico pouco ou nada já tem a ganhar, sendo mais avisado fazer o que todos os outros já estão a fazer: Refugiarem-se junto do núcleo duro do PSD (Cavaco e F. Leite) e deixarem o Coelho seguir a sua vidinha. Paz à sua alma politicamente, mas é um facto que a (experiência) da vida não o preparou, sendo rotulado pelo Medina Carreira como um “politico sem profissão conhecida”.


TAP

Irra, irra, irra, se há coisa que a blogosfera sempre tem dito, escrito e manifestado foi exactamente no sentido de chamar a atenção para o estado de degradação da situação da TAP.

Tudo começou por alturas de uma “nova” realidade chamada “Low Cost”, que posteriormente evoluiu para uma escandalosa politica em que a TAP alinhou em favor da construção de um NAL, fosse ele na Ota ou na Ota em Alcochete, ou numa Ota em qualquer parte desde que determinados interesses (que não os seus - da TAP) fossem acautelados. Simplesmente um NAL é em qualquer parte uma “faraónica” obra do regime, e que apesar do SIM de vários grupos de pressão o risco é considerável.

Agora, chegou-se ao que já se sabia, o “Rei vai Nú”, a TAP está completamente falida, o BES lá lhe vai adiantando uns trocos para o “pitroil”, pois caso contrário terá muito mais a perder caso a TAP seja obrigada a marca uma assembleia de accionistas.

A noticia desta situação tem sido gerida pelas Agências de Comunicação da mesma forma que no filme Toy Stories da Pixar em que o Buzz diz “Não é voar, é cair com estilo”.

Depois é aquela fantástica noticia que se anexa, da Herminia Saraiva (muito amiga do Gaúcho) que “bota cá para fora” pormenores da Avianca, escrevendo de forma  ESCANDALOSA de que para a Avianca o negócio possível não é um negócio de forma clara e transparente, mas sim por intermédias entidades conhecidas (e desconhecidas). Será verdade! Será verdade que o estado português teoricamente suposto como pessoa de bem, alinha em processos com aquele que a Avianca propõe ao estado português?

Nós já sabiamos que para a Raynair operar em Lisboa apenas era preciso que o patrão da Rya desse por baixo da mesa um maço de notas ao Guilhermino & amigos. E é por estas e outras que empresas como a Lufthansa colocam fortes reservas a entrar em processos como este - o da concessão / privatização da TAP.

Agora, parece que os pilotos acordaram, e de um dia para o outro deram-se de conta de que estão a voar numa companhia (a sua) falida, da qual se propõe ser accionistas. Coisa fantástica,..., mal por mal, bem que podiam começar a comprar acções do BCP, que embora esteja igualmente a voar baixinho ainda está a uns dedos do chão.

Da parte da ANA as perspectivas são qualquer coisa como 1,2 mM€. Da parte da TAP o passivo é muito superior. Como um dia se fez contas, o saldo entre as duas será possivelmente negativo.

A questão do NAL como irá ficar? Vai-se eventualmente construir um NAL para as Low Cost, considerando que a companhia de bandeira está claramente numa situação de pré-falência, sendo necessário um autêntico milagre que se chama Lufthansa ou empresa do seu grupo que resgate a TAP e o estado português?

Como diz o António e muito bem, a quem se deverá pedir responsabilidades? O Gaúcho e seus muchachos com salários principescos mais prémios de gestão pelo facto de terem “atingido” excelentes resultados de gestão. A Parpublica e o Blog do Tribunal de Contas também não deverão ser chamados à pedra?

No entanto, acreditar no Pai Natal é sempre possível, e “fabular” tem sido a prática que levou a TAP a um cenário impensável e idêntico aos Estaleiros de Viana do Castelo (os restantes patrulhões já foram cancelados).

A

Rui

PS. Curiosamente 3 ou 4 paquetes com tripulações portuguesas (Princess Diane) estão arrestados em portos franceses. Parece que o banco Montepio não tem dinheiro para pagar o combustível, e as tripulações também não recebem à 3 meses.


NOTAS
  1. BES (que facilitou o roubo do ouro judeu durante a II Guerra Mundial, através dos piratas suíços, coisa que obviamente os alemães não esquecem), tríade cor-de-rosa de Macau (que prometeu ao senhor Ho a Alta de Lisboa com os terrenos do Aeroporto da Portela incluídos), e máfia da Ota em Alcochete (a que fundos de investimento laranja e cor-de-rosa estão fortemente ligados).

Última atualização: 19 set 2012 9:53

sexta-feira, agosto 24, 2012

RTPPP



Raios Te Partam! ou Rendas Novas?

Não há nenhuma televisão pública em Portugal, no sentido em que podemos falar da BBC como um serviço público de televisão. A RTP é uma televisão privada paga com dinheiro dos contribuintes ao serviço da partidocracia instalada, e é culturalmente nula.

Como se isto não fosse suficiente para proceder à sua alienação imediata, acresce que alguns dos seus distintos trabalhadores, não satisfeitos com a promiscuidade mal-disfarçada entre negócios públicos e privados de que beneficiam há décadas, chegam a promover alegremente os seus negócios pessoais e as suas criações literárias no prime time dos vários canais da televisão pública!

Tal como o Diário de Notícias foi alienado e bem, a RTP/RDP e as suas intermináveis sucursais, deve ser pura e simplesmente vendida a privados, com duas ressalvas: as marcas RTP e RDP não serão transmitidas na venda, nem os arquivos audio e audiovisuais, devendo as marcas e o património audiovisual permanecerem propriedade do Estado.

Nos tempos tecnológicos que correm, quer o governo, quer o parlamento, quer os governos regionais, quer as autarquias, quer as universidades, podem, a custos residuais, montar serviços próprios de comunicação audiovisual interactiva e realidade expandida online. E com a vantagem de promoverem muito mais emprego, diversidade de conteúdos, criatividade e competitividade.

Portanto, senhor Borges, deixe-se de meias tintas, ou pior ainda, de tentar criar mais uma PPP (neste caso, uma RTPPP!) para alimentar mais uma família esfomeada da tribo de cleptocratas que arruinou o país.

Acabe com a RTP/RDP e pronto. Já basta de economia extractiva e de rendas.

O Estado tem que encolher onde está a mais, e não onde está a menos!


RTP, Centro de Produção, Chelas, 2007 (antevisão)

A RTPPP do Borges

A notícia do Sol reproduzida pelo Jornal de Negócios não passa de mais um balão a ver se sobe!

O essencial do recado é tenebroso: o senhor Borges que foi (é?) da Goldman Sachs parecia bem encaminhado na entrevista: é preciso acabar com a RTP e pronto, mas depois borrou a pintura.

Privatizar, não... concessionar a privados, sim!

Ou seja, eles tomam conta da coisa e emagrecem a casa (suponho), mas ficarão obrigados a prestar serviço público. Pergunta: que entende o senhor Borges por serviço público?

O preço da iguaria chamada "serviço público" será o Zé Povinho que continuará a pagar, pagando a taxa, a qual continuará a ser extraída ilegitimamente do seu bolso através da fatura de eletricidade que lhe é enviada mensalmente pela empresa pública chinesa Três Gargantas. Isto se, temo bem, a Troika continuar a assobiar para o ar a propósito desta ninharia que consta dos objetivos do Memorando.

Como a maioria dos portugueses subscreve hoje serviços privados de televisão, telefone e dados, o senhor Borges pretende que o lorpa português continue a pagar duas vezes pelo lindo serviço público da RTP (a propósito, qual é?)

Outra pergunta: mas concessionar não significa que os concessionários terão que pagar algo ao concedente, isto é ao Estado, isto é, a nós, contribuintes? Em que ficamos: pagam eles, ou pagamos nós?

Até onde este governo pensa que vai continuar a enganar os contribuintes que anda a roubar diariamente para manter banqueiros criminosos, governantes irresponsáveis e burocratas inúteis?

Governo admite concessionar a RTP e fechar a RTP2 (act)

O conselheiro especial do Governo para as privatizações, afirmou que a RTP pode ser "concessionada" a operadores privados e não vendida, como previsto anteriormente. [...]

António Borges admitiu, porém, que o destino da RTP 2 deverá ser o encerramento. "Muito provavelmente. É quase inevitável. É um serviço que custa extraordinariamente caro para uma audiência muitíssimo limitada."

No caso da RTP 1, Borges admitiu que a possibilidade de uma concessão a privados "é uma hipótese muito atraente sob vários pontos de vista". "Por um lado não se vendia a RTP, mantém-se propriedade do Estado, mas entrega-se a um operador privado que tem provavelmente melhores condições para gerir a empresa", disse nesta entrevista à TVI.

"O operador vai ficar, evidentemente, com as obrigações de cumprir o serviço público e continuar a receber pelo serviço público um apoio do Estado com a diferença que esse apoio será bastante, seguramente, inferior aquele que a RTP recebe hoje".
Borges avançou ainda que esse valor poderá ser equivalente à taxa do audiovisual, 140 milhões de euros anuais." A RTP tem custado ao Estado 200 a 300 milhões de euros por ano", disse.

Antes da entrevista de António Borges, o jornal “Sol” avançava na sua edição online que o Estado fará a concessão total do serviço público de televisão e rádio (RTP e RDP) a um operador privado, por um período de 15 a 25 anos, mantendo a propriedade pública da empresa.

Segundo a mesma fonte, esta solução de privatização cumpre três objectivos do Governo: libertar o Orçamento do Estado dos elevados custos que o grupo RTP/RDP tem representado (em média dos últimos cinco anos, cerca de 240 milhões de euros anuais); garantir o cumprimento do serviço público de conteúdos, através de um contrato a assumir pelo concessionário privado que ganhar o concurso; e manter a propriedade pública da empresa.

in Jornal de Negócios, 24 agosto 2012

sábado, agosto 04, 2012

EDP: 2012 abaixo de 2004

A EDP vale hoje menos do que em 2004
Gráfico: Digital Book (edição: OAM)

De crise do Subprime para cá, a EDP esteve sempre a cair, salvo durante os episódios Horizon/Sachs e venda da Golden Share à Three Gorges
Gráfico: Jornal de Negócios (edição OAM)

De 2009 para cá a EDP-R esteve sempre a cair, salvo durante o espectáculo da privatização
Gráfico: Jornal de Negócios (edição OAM)

Bastaram menos de treze milhões de euros para fazer brilhar a EDP no PSI20. Não é preciso dizer muito mais...

O PSI-20 fechou a subir 1,41% para 4.633,45 pontos, com 13 acções a subir e seis a descer. Entre os congéneres europeus a tendência foi igualmente de ganhos acentuados, com Madrid e Milão a destacarem-se ao avançarem mais de 5%. A EDP foi a acção que mais impulsionou o índice nacional, ao subir 4,28% para 1,901 euros, uma evolução que foi acompanhada pela EDP Renováveis, que avançou 1,87% para 2,45 euros. A subida das acções da eléctrica liderada por António Mexia surgiu apesar da Fitch Ratings ter cortado o “rating” da dívida da empresa, citando o ritmo de desalavancagem da empresa e as incertezas regulatórias — in Jornal de Negócios online.

A notícia podia ter sido escrita doutra maneira. Por exemplo: PSI20 fecha no positivo, mas longe das subidas de Madrid e Milão. Seria uma informação mais correta e que ajudaria a pensar melhor.

Depois, anunciar a EDP como estrela, uma vez mais, quando tudo aponta para um destino incerto nesta sobre endividada empresa, já começa a cheirar a encomenda. Está, aliás, na altura de investigar a história recente desta outrora empresa pública que durante décadas não deveu nada a ninguém e prestou modestamente bem os seus serviços à comunidade. Hoje é um monstro arrogante, destruidor de patrimónios naturais, caro, que vive de rendas pagas pelos contribuintes mas sem explicação convincente que as justifiquem, e que depois de vendida ao estado chinês continua a perder valor todos os dias.

Esta é que é a verdade. Os empurrões para cima que vai levando na tentativa de conter o dique da desgraça, é do mesmo género daqueles que têm tentado estancar, sem sucesso, a agonia do BCP. No PSI20 de hoje, para impedir que as ações do BCP caíssem abaixo dos nove cêntimos foram precisos pouco mais de sete milhões de euros. E para fazer brilhar a EDP deram-se ordens no valor aproximado de 12,9 milhões de euros. Até onde irá esta farsa?

O que conviria fazer neste momento de colapso é investigar com meios e urgência as causas de algumas das grandes delapidações que atingiram o país: BPN, BPP, BCP, PPPs, etc.

O BCP parece-me claramente um caso de polícia por esclarecer. Qual foi o papel da Caixa Geral de Depósitos no assalto ao BCP? Quem organizou, quem executou, quem beneficiou e que resultou no fim desta falhada tentativa de dotar o PS, ou parte dele, de um braço financeiro?

No caso da EDP urge investigar e explicar direitinho o que foi a operação Horizon Wind Energy.

Num momento em que os banksters já sabiam da implosão iminente da bolha do subprime e do destino a curto prazo da bolha associada às energias renováveis, a Goldman Sachs, proprietária da empresa dedicada às então subsidiadas energias alternativas, nomeadamente eólica, vende a Horizon Wind Energy, numa operação relâmpago aparentemente inexplicável, a uma pequena empresa, a EDP, de um pequeno país chamado Portugal.

Os gráficos bolsistas não enganam: o início mediático da crise imobiliária, com os primeiros write downs de ativos subprime do HSBC, em fevereiro e setembro de 2007, coincide com a preparação e posterior venda da Horizon Wind Energy (HRE) à EDP, cujos títulos em bolsa sobem tipicamente no frenesim da especulação.

A Goldman Sachs comprou em 2005 a familiar e texana Zilkha Renewable Energy, mudando-lhe o nome para Horizon Renewable Energy (HRE), a qual foi subindo de valor até finais de 2007, momento em que a bolha especulativa atingiu o pico.

A Goldman Sachs usou assim a HRE como uma das suas muitas vacas financeiras durante a expansão da bolha imobiliária —acompanhada aliás por uma não menos especulativa bolha verde, cujos contornos haviam sido já claramente descritos em 2007.

Percebido o pico tornou-se inadiável despachar o problema para uma vítima qualquer. Essa vítima (inocente?) foi uma das principais empresas estratégicas portuguesas, a EDP.

Passada a euforia inicial desta extraordinária e nunca explicada compra de novo rico, a EDP iniciaria um ciclo descendente, imparável até hoje, salvo no interregno da venda ao estado chinês do que restava ainda de público na empresa. No dia 3 de agosto de 2012 a principal empresa energética instalada em Portugal vale menos do que valia no mesmo dia de 2004!

Se isto foi apenas um negócio desastroso para Portugal, então o seu principal responsável, António Mexia (1), deveria ser chamado a responder pela operação. Se foi mais do que isso, então é um daqueles casos que claramente marcam o fim deste regime cleptocrata e nepotista (2).

Há quem afirme, com dados abundantes, que a a Goldman Sachs martelou os livros da dívida soberana grega depois de ter estimulado o seu crescimento galopante. Há quem diga, com dados firmes, que os Estados Unidos, através dos seus braços financeiros (Goldman Sachs, Bank of America, Citi bank, JP Morgan, etc.) e agências de notação fieis, tentaram enredar alguns países europeus no mesma armadilha do endividamento e corrupção de elites que outrora lançaram a vários países latino-americanos. “Nas meigas non creo, pero haberlas hailas”.

Mas quem a esta hora deve estar mesmo a torcer a orelha são os chineses!


NOTA
  1. Só dois dias depois da publicação deste escrito li, por envio de um amigo, o depoimento do Professor Pinto de Sá (IST) sobre o calibre do personagem Mexia, e dos danos que casou à EDP. É realmente muito pior do que imaginei!
  2. A anunciada contratação de uma sobrinha-neta de Eduardo Catroga para a Fundação EDP revela até que ponto é difícil nos dias que correm, a um protagonista tão relevante da nomenclatura vigente, arranjar um emprego para um ente certamente querido e familiar através de um simples telefonema que não seja para a própria empresa que dirige. O regime atingiu, como se vê, o grau zero da decência. Já nem o nepotismo sobrevive sem descaramento.


Última atualização: 6 julho 2012 18:19