domingo, novembro 08, 2009

Portugal 137

Um Quadrado Inconfortavel
"Um quadrado desconfortável"


Notas para uma revolução

Steffan Heuer: Are there any positive signs – new technologies or countries pursuing policies that might give you cause for hope?
Dennis L. Meadows -- There are, indeed: for example, the decision by the Spanish government from now on to invest more in the railroad network than in building new roads. The big question is whether these good examples will have a lasting impact. We don’t necessarily need additional technology to tackle our problems. More than likely, it would be enough if we were to use the technology we already have as wisely as possible.

(...)

Steffan Heuer: Can innovative technology – such as increased efficiency in our use of energy or resources, or more economical engines and greater recycling – also provide a solution?
Dennis L. Meadows: Enhanced technology can certainly help, but we need to be clear about the fact that it can’t solve the fundamental problem! Whatever model you base your projections on here, there’s no way we’re going to be able to increase efficiency and introduce new technology fast enough to offset the drastic fall in the availability of fossil fuels. And I’m not just talking about oil here but also natural gas and coal.

in The Expert's View. Dennis L. Meadows. Text: Steffan Heuer. Publisher: Daimler 360 Degrees - magazine on Sustainability, 2008.]

Já não sei onde obtive a versão inglesa do Uncomfortable Square que acima traduzi e redesenhei. Mas o importante agora é chamar a atenção de quem me lê para a produtividade conceptual do mesmo, nomeadamente se quisermos adoptar uma metodologia fundamentada e aberta de abordagem de alguns problemas actuais, incluindo a agonia da economia portuguesa e os perigos que espreitam o actual regime democrático, em grande medida perdido nos meandros de burocracias políticas e sindicais desmioladas e acomodadas, bem como nos corredores intermináveis de uma corrupção entranhada no sistema e pacificamente aceite por uma população envelhecida, ignorante e desamparada. Todos parecem ter telhados de vidro!

Não vou porém insistir na análise da cobardia política que ameaça condenar o país a novo meio século de tristeza e atraso. Prefiro reunir notas rápidas sobre o que deveríamos fazer para sair deste imbróglio —algo a que Medina Carreira deverá dar maior atenção no seu notável esforço de denúncia do reino corrompido da nossa democracia. A crise de que padecemos tem uma forte componente exógena —o colapso do comércio livre e da globalização, a deterioração global dos termos de troca entre o Ocidente e o Oriente, a alta probabilidade de a União Europeia sucumbir às suas gritantes assimetrias internacionais e regionais—, e uma não menos forte componente endógena, ou melhor dito, endogâmica. É frequente vermos estas duas componentes confundidas no debate político-mediático. A origem populista da confusão é óbvia: responsabilizar o mundo "lá fora" pelos erros cretinos de governação, em geral causados pelos efeitos de captura do Estado e dos principais partidos políticos e órgãos de comunicação de massas, pelos interesses económico-financeiros endógenos, que por sua vez mirram no buraco da depressão endogâmica que cavaram ao longo de gerações; ou então, exagerar as responsabilidades internas com imputações que, na realidade, devem ser focadas em quadros de análise e compreensão muito mais amplos.

O principal factor a ter em consideração em qualquer análise séria dos problemas actuais é o do esgotamento do modelo industrial fundado no uso intensivo dos recursos naturais e humanos disponíveis —dos primeiros, através da extracção e consumo/exaustão de recursos energéticos e minerais que a Terra alberga em quantidades limitadas (carvão, petróleo, gás natural, metais ferrosos e metais raros, solos ricos de nutrientes, etc.); e dos segundos, através da exploração salarial intensiva do trabalho humano, que levou à maior deslocação humana de sempre em direcção às cidades e à subsequente hipertrofia destas em nome do crescimento, do progresso e da modernidade. A inconsciência ecológica conduziu a humanidade à adopção de um paradigma energético sem precedentes cujo fim está inesperadamente à vista. A lógica do capitalismo, sobretudo financeiro, colocou-nos perante o cenário mais do que previsível de um suicídio tecnológico colectivo! Muitos milhões de pessoas estarão em breve desempregadas, envelhecidas, desesperadas, vagueando entre sucatas electrónicas inúteis e um tecido cancerígeno de revoltas, guerras civis, guerras militares convencionais e toda a espécie de conflitos assimétricos. Este é o panorama de fundo onde Portugal ocupará, talvez para sua protecção, o lugar de uma periferia insignificante —a menos que o reino de Espanha volte a colapsar em nova guerra civil...

Daqui decorre um corolário simples para a acção política: defendermos o país do que aí vem!

Denis L. Meadows, o coordenador do célebre relatório encomendado pelo Clube de Roma, The Limits to Growth (1972, 2004), na entrevista acima citada alude a duas metáforas empregues na pedagogia que acompanha o seu notável trabalho de análise e simulação de sistemas dinâmicos complexos: overshooting e no return. A primeira é uma metáfora automóvel, referindo-se ao ponto a partir do qual uma travagem, por tardia, já não é capaz de impedir uma colisão; a segunda, é uma metáfora aeronáutica e refere-se ao ponto de não regresso à base de uma aeronave cujo combustível nos depósitos é inferior ao que entretanto foi gasto. No caso do planeta Terra e dos Terráqueos, aplicam-se simultaneamente estas duas metáforas: o crescimento contínuo chegou ao fim e, como consequência, o ajustamento do paradigma energético conduzirá inexoravelmente a um despiste e a uma colisão civilizacional. O mais provável é que, a partir de 2020 ou 2030, estejamos sujeitos a um colapso muito rápido da civilização industrial tal qual a conhecemos. Numa fase intermédia, que já começou a contar, o modelo de crescimento zero ou próximo do zero impor-se-à abruptamente à escala global, decorrendo de tal ajustamento dramático uma mais do que provável diminuição drástica do PIB mundial (poderá cair 30% até 2020-30!) e uma redução trágica da população planetária. Quem observa atentamente estes problemas acredita que Gaia não exigirá menos do que isto pelos estragos causados. Por fim, voltar ao ponto de partida é impossível. Resta à humanidade a esperança de encontrar outro e muito diferente caldo de cultura!

Que fazer em Portugal nestas circunstâncias, que pesarão tanto mais sobre o nosso destino quanto mais frágeis forem as nossas defesas internas? O que sabemos da nossa tripla dívida —défice orçamental do Estado, dívida pública e dívida externa—; dos cada vez mais ameaçados e rarefeitos tecidos empresarial e financeiro locais; da insustentável intensidade energética do nosso modelo produtivo, de transportes e de sociedade; e por fim, da fragilidade social e moral do país, tem vindo a ser finalmente exibido ao país. O que neste blogue vimos escrevendo desde Outubro de 2004, começou lentamente a ganhar espaço de reflexão entre os nossos economistas e jornalistas: há uma crise de endividamento e esta acabou por conduzir a uma debtonation (como escreve Ann Pettifor).

Prometer crescimento à custa de maior endividamento, nomeadamente prolongando a fraude das taxas de juro negativas (ZIRP) só poderá aproximar o muro onde as economias americana e europeia se irão estatelar em breve. Por fim, a causa subterrânea e cada vez mais profunda e inacessível desta crise sistémica é a indisponibilidade crescente de energia barata e a escassez galopante de recursos de todo o tipo, a começar pela água potável e o simples ar puro! Que fazer?

Que fazer em Portugal agora, sabendo-se que em menos de uma década tudo o que produzimos mal chegará para pagar o serviço de uma dívida colectiva que continuará a crescer exponencialmente se não agirmos desde já? Eu começaria por aqui:
  1. estabelecer um tecto máximo nas pensões de reforma;
  2. estabelecer um tecto máximo no esforço público dedicado à educação e formação, através de uma carta educativa onde cada pessoa passasse a ter um cheque-educação individual assumido pelo Estado e correspondente apenas a 12 anos de educação para a vida, devendo a formação complementar —nomeadamente universitária— passar a ser financiada exclusivamente pela poupança individual e familiar, pelas empresas e por organizações financeiras especializadas na promoção da qualidade profissional, intelectual, tecnológica e científica do país, sem encargos directos para o Estado;
  3. reformular o conceito de saúde pública no sentido de um equilíbrio activo entre prevenção, cura e cuidados paliativos;
  4. restringir drasticamente o peso do Estado às suas funções públicas primordiais, essenciais e inalienáveis: finanças, saúde, educação e formação profissional de base, justiça, segurança interna e defesa nacional;
  5. diminuir o número de cidades;
  6. criar as cidades-regiões autónomas de Lisboa e Porto;
  7. reforçar o poder administrativo e os meios de acção das Juntas de Freguesia em todo o país;
  8. criar uma câmara senatorial, com a missão de avaliar anualmente o estado da democracia, na qual tenham assento todos os ex-titulares vivos dos seguintes cargos: presidência da república, chefe do governo, presidência do parlamento, presidências dos tribunais superiores e procuradores-gerais;
  9. criar um observatório independente —i.e. sem participação dos partidos— para avaliar a qualidade da acção partidária;
  10. eliminar a publicidade e os programas comerciais dos serviços públicos de televisão e rádio, com redução drástica dos seus actuais efectivos humanos e operacionais;
  11. manter no sector público o que deve ser público (recursos materiais estratégicos e infraestruturas essenciais) —renacionalizando para tal o que for preciso—, devolvendo ao mesmo tempo ao sector privado o que deve ser privado —a exploração dos recursos materiais e infraestruturas, assim como a actividade económica, cívica e cultural em geral—, ainda que subordinando a propriedade privada aos princípios da lei, da transparência, da justa concorrência e da solidariedade;
  12. desenhar uma nova política fiscal inteligente, estrategicamente orientada para o uso eficiente dos recursos, para a poupança pública e privada, para a eficiência energética, social, industrial e tecnológica, e para o equilíbrio social.
E também poria imediatamente em prática algumas medidas de acção governativa, tais como:
  1. suspender imediatamente o programa de construção do novo aeroporto;
  2. dar máxima prioridade à electrificação do sistema de transportes;
  3. optimizar a rede ferroviária actual: mudando progressivamente a bitola, electrificando toda a rede, desenhando os percursos mais racionais, mais produtivos e mais baratos; ligando a primeira fase da rede portuguesa de bitola europeia aos portos, cidades e à rede espanhola no maior número de pontos possível;
  4. apostar nos veículos eléctricos tecnologicamente avançados, reconvertendo os actuais sectores automóvel e de máquinas nesta direcção;
  5. insistir nas novas energias renováveis -- sobretudo eólica, solar e das ondas -- e melhorar a eficiência e sustentação das energias renováveis mais antigas -- biomassa, hídrica e geo-térmica;
  6. apostar num regresso inteligente à agricultura e actividades marítimas (tecno e geo-marítimas);
  7. lançar um programa nacional de eficiência energética urbana e suburbana;
  8. promover a formação de agregados científicos, tecnológicos e de actividades complementares em volta dos eixos de desenvolvimento acima mencionados.
O erro fatal de Manuela Ferreira Leite foi ter apontado os males sem propor nada de coerente para enfrentar a crise. O que matará o segundo governo Sócrates é a sua incorrigível cupidez e escandalosa cegueira. Mas antes que o actual regime político caia de podre e corrupção, é preciso mobilizar a sociedade civil para que o poder não volte a cair na rua. A sociedade civil tem o direito e a obrigação de se auto-organizar sempre que o Estado e as instituições ameaçam colapsar por causas externas ou endógenas. É o caso!

E não há muito tempo...


OAM 647 09-11-2009 00:42

Revolution 9



This belongs to my modified genetic code

Twist and Shout
I Saw Her Standing There
Love Me Do
A Hard Day's Night
Help
Yesterday
Michelle
Girl
Eleanor Rigby
Yellow Submarine

Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
With a Little Help From My Friends
Lucy in the Sky with Diamonds
Getting Better
Fixing a Hole
She's Leaving Home
Being for the Benefit of Mr. Kite!
When I'm Sixty-Four
Lovely Rita
Good Morning, Good Morning
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)
A Day in the Life

Magical Mystery Tour
The Fool On The Hill
Flying
I am the Walrus
Hello, Goodbye
Strawberry Fields Forever
Penny Lane
All You Need Is Love

While My Guitar Gently Weeps
Happiness is a Warm Gun
I'm so tired
Blackbird
Why don't we do it in the road
Birthday
Yer Blues
Helter Skelter
Revolution 1
Revolution 9



OAM 646 08-11-2009 03:00

sexta-feira, novembro 06, 2009

Crise Global 71

O colapso da era industrial



A produção mundial de petróleo convencional estagnou em 2004. Por sua vez os autores da Teoria de Olduvai (The Olduvai Theory -- Energy, Population, and Industrial Civilization, by Richard C. Duncan ) defendem que em 1970 terminou o período de crescimento exponencial da produção de energia à escala mundial, daí decorrendo uma estagnação do valor médio da produção de energia per capita, a qual se terá estendido até 2008, ano que marca o princípio do fim da era industrial, bem como do crescimento demográfico, alimentado desde 1830 pelo uso intensivo de energia barata. Esta teoria, secundada por várias previsões desde finais do século 19 (Henry Adams em 1893, Frederick Ackerman em 1932, e King Hubbert em 1949), estima uma quebra da população humana mundial, de 6,9 mil milhões em 2015, para 2,0 mil milhões em 2050.

Segundo a Teoria de Olduvai (1), mais cedo ou mais tarde as redes eléctricas irão colapsar sob a forma de uma cascata global de cortes de energia irreversíveis (2)(3).

Desde 2004 que a produção petrolífera não vai além dos 85 milhões de barris por dia (85 MM bpd). É o chamado "plateau" (planalto) que assinala o fim de um crescimento exponencial. Ao mesmo tempo, 54 dos 65 mais importantes países produtores de petróleo (ou seja, 83%) já ultrapassarem o pico de produção. Em breve (2011...) o planalto em que se encontra actualmente a oferta mundial de petróleo dará passo ao declínio contínuo da produção, a uma taxa estimada entre 4,5% e 8% ao ano (Robert Hirsch.)

Mas se a produção quiser responder à pressão estimada da procura mundial, e atingir em dez anos (2010-2020) os almejados 112 MM bpd, então será necessário compensar o declínio produtivo já instalado com a extracção de mais 75 MM bpd de jazidas que todavia não foram descobertas. Ou seja, seria necessário acrescentar às reservas conhecidas, no decurso da próxima década, novas reservas, por descobrir, equivalentes a 8 Arábias Sauditas — quer dizer, a oito vezes o petróleo explorado e existente em todas as jazidas daquele deserto de excêntricos. Seria pois preciso descobrir e explorar um novo poço gigante em cada 15 meses ao longo dos próximos dez anos. Uma missão claramente impossível! Entre 2000 e 2007 o ritmo de descobertas de poços gigantes decaiu para uma média de 9 poços por década, quando na década de 1980 foi de 24, e nos anos 60, de 120.

Mas o mais aterrador é que, ao contrário do que se pensa, as chamadas energias alternativas jamais poderão restabelecer os extraordinários níveis de produção de energia per capita (e) que permitiram a aceleração histórica da modernidade. De facto, o declínio exponencial da produção petrolífera que começará a sentir-se de forma catastrófica em todo mundo por volta de 2011-2012, arrastará consigo o colapso do paradigma eléctrico desenvolvido entre 1880 e 1930. Não há petróleo sem electricidade... e não haverá electricidade (4) sem petróleo!

De algum modo poderá dizer-se que todos os problemas de sobre-população humana, alterações climáticas e destruição de recursos naturais e formas de vida induzidas pelo homem, serão em breve atalhados por um regresso catastrófico à agricultura e à dispersão corpuscular da humanidade. O sobressalto, até chegar a nova Idade Média, será muito mais drástico, mortal e aterrador do que o que decorreu da queda do Império Romano.

A actual implosão dos sistemas político-partidários (com o respectivo cortejo de corrupção, traições e populismo geral), o ciclo de depressão económica duradoura em que o mundo acaba de entrar e as guerras regionais, mundiais e civis que espreitam no horizonte, quando não estão já em curso, permitem-nos confirmar que a hora da nossa querida e louca civilização de prazer e consumo chegou ao fim.

É possível pensar em cenários e estratégias de mitigação da tragédia. Mas quererá alguém pô-los em prática?


POST SCRIPTUM
  • A propósito do desmiolado debate parlamentar em volta do surrealista programa de governo de José Sócrates (ainda sob o império corrupto e obtuso da Tríade de Macau), duas observações:
    1. o lamentável espectáculo oferecido a todos nós pela Oposição (salvaguardando, diga-se em abono da verdade, a inflexibilidade lúcida de Manuela Ferreira Leite) é o exemplo acabado da exaustão do actual sistema partidário; desconhece o que se passa no mundo real, compraz-se com jogos florais populistas e não propõe uma única medida séria de mitigação para a actual crise sistémica;
    2. não se podendo esperar nada de bom do actual regime político, teremos que começar urgentemente a estimular uma reorganização social a partir do zero. Ou melhor, a partir dos agrupamentos sociais elementares: famílias genéticas, profissionais e culturais, bairros, freguesias, aldeias, vilas e redes electrónicas de cidadania e inteligência colectiva (as grandes cidades terão que ser reestruturadas em redes de freguesias e bairros, e em redes electrónicas, enquanto puderem...) O exercício proposto é este: que precisa Portugal para aguentar o impacto do colapso energético em curso; que infraestrutura técnica e que tipo de organização do território precisará o país num cenário demográfico reduzido a 6 milhões de habitantes, com um PIB equivalente a 40-50% dos actuais 170 mil milhões de euros, num contexto internacional marcado pelo colapso sucessivo da Globalização e da União Europeia, e de uma mais do que provável e violenta fragmentação do reino de Espanha. Se não formos capazes de realizar este exercício de prospectiva estaremos certamente condenados a um triste fim.


2009 Commemorative Lecture : Dr. Dennis L. Meadows



NOTAS
  1. A designação desta teoria provém da Garganta de Olduvai, uma região de desfiladeiros no Norte da Tanzânia, onde se crê que os primeiros hominídeos, antecedentes do homem actual, surgiram. Ver imagem da Olduvai Gorge.

  2. "Peak Cheap Oil Update - Part I: The glass is half empty" (iTulip)

    ...Gasoline and diesel, distillates of crude oil, are unique as a liquid fuel. The amount of work a gallon of these fuels can do when by volume burned simply defies imagination. Consider the most mundane act of the automobile owner, stopping off at a gasoline station to refuel. A mere ten gallons of gasoline propels a two-ton vehicle hundreds of miles up and down hills at speed in excess of 60 miles per hour. Try pushing your car ten feet on a flat driveway and you will begin to appreciate how much work the gasoline in your tank is doing. The amount of work a liquid fuel can do by volume is referred to as its energy density. Liquid hydrogen, by comparison, has less than one third of the energy density of gasoline. That means that you need three times as much by volume to travel the same distance, assuming both the gasoline and hydrogen powered engines deliver the same number of miles per gallon.

    You can pour the gasoline into your tank on a hot summer’s day or in winter when the temperature is well below zero. Crude oil can be shipped through pipes over long distances in a wide range of temperatures and climates.

    Crude oil, and its distillates, is the one and only substance like this. No other liquid that humans can dig out of the ground, refine, and pour into a tank at any climate on earth even comes close. Every other liquid fuel, such as liquid hydrogen, has to be manufactured out of something else, then compressed, and if stored as a liquid kept at temperatures hundreds of degrees below zero. You cannot transport any other fuel through hundreds of miles of pipelines. Crude oil and its distillates can be piped over long distances at a wide range of naturally occurring temperatures, and stored cheaply in unpressurized tanks.

    We are using up this unique and irreplaceable liquid fuel source several million times faster than it was created by nature hundreds of millions of years ago. In a little more than two human life spans can we have used up half of all of the oil that took several million human life spans to accumulate.

    ... [Robert] Hirsh says that the only practical solutions [for oil depletion mitigation] are: conservation and rationing, wider use of heavy oils, more intensive oil recovery from existing fields, and conversion of natural gas to liquids and coal to liquids.

    Yet by Hirsh’s calculations, even if all of these methods of oil depletion mitigation are applied, assuming the optimistic 5% median annual global oil production decline rate, the world will still experience an oil shortage of 30% compared to current consumption rates.

    ...

    In economic terms, higher oil prices means that the global economy will shrink.

    Hirsh’s 2008 analysis of the impact of rising oil prices on economic growth revealed an approximate 1% decline in GDP per 1% decline in the oil supply. The 30% decline in oil supply in ten years following the end of the plateau in oil production at 5% per year, implies a 30% drop in GDP in a decade. During the first three years of The Great Depression, between 1930 and 1934, U.S. GDP declined 24%. Peak Oil implies a per-capita economic decline even more severe than The Great Depression, although the economic decline may be more gradual. -- in Peak Cheap Oil Update - Part I: The glass is half empty.

  3. Hirsch (2008) quantified how historic declines in world oil supply caused proportionate declines in world GDP. He provides a framework for mitigation planning including:

    "(1) a Best Case where maximum world oil production is followed by a multi-year plateau before the onset of a monatomic decline rate of 2-5% per year; (2) A Middling Case, where world oil production reaches a maximum, after which it drops into a long-term, 2-5% monotonic annual decline; and finally (3) a Worst Case, where the sharp peak of the Middling Case is degraded by oil exporter withholding, leading to world oil shortages growing potentially more rapidly than 2-5% per year, creating the most dire world economic impacts." -- in Wikipedia.

  4. The Olduvai Theory -- Energy, Population, and Industrial Civilization, by Richard C. Duncan (PDF)

    [...] The International Energy Agency (lEA, 2004) estimates that the cumulative worldwide energy investment funds required from 2003 to 2030 would be about $15.32 trillion (T, US 2000 $) allocated as follows: 1. Coal: $0.29T (1.9% of the total), 2. Oil: $2.69T (17.6%), 3. Gas: $2.69T (17.6%), 4. Electricity: $9.66T (63.1%). Thus the lEA projects that the worldwide investment funds essential for electricity will be 3.7 times the amount needed for oil alone, and much greater than all of that required for oil, gas, and coal combined. The OT says that the already debt-ridden nations, cities, and corporations will not be able to raise the $15.32 trillion in investment funds required by 2030 for world energy. (Not to mention the vastly greater investment funds required for agriculture, roads, streets, schools, railroads, water resources, sewer systems, and so forth.)

    --

    During the last two centuries we have known nothing but exponential growth and in parallel we have evolved what amounts to an exponential-growth culture, a culture so heavily dependent upon the continuance of exponential growth for its stability that it is incapable of reckoning with problems of no growth. (M. King Hubbert, 1976, p. 84)

    1. Coal grew exponentially for 209 years: 1700- 1909. 2. Oil grew exponentially for 137 years: 1833-1970. 3. Natural gas grew exponentially for 90 years: 1880-1970. 4. Hydroelectric energy grew exponentially for 82 years: 1890-1972. 5. Nuclear-electric energy grew exponentially for 20 years: 1955-1975. Note well that none of the five sources of primary energy production grew exponentially after 1975.

    World total energy production grew exponentially at about 4.6%/y from 1700 to 1909. Next it grew linearly at 2.2%/y from 1909 to 1930 and 1.5%/y from 1930 to 1945. Subsequently it surged exponentially at 5.5%/y from 1945 to 1970. This was followed by linear growth at 3.5%/y from 1970 to 1979. Thereafter world total energy production slowed to linear growth of about 1.5%/y from 1979 to 2003.

    World population grew linearly at an average of 0.5%/y from 1850 to 1909; 0.8%/y from 1909 to 1930; 1.0%/y from 1930 to 1945; 1.7%/y from 1945 to 1970; 1.8%/y from 1970 to 1979; and 1.5%/y from 1979 to 2003 (UN, 2004; USCB, 2004).

    Comparing the foregoing numbers: World total energy production easily outpaced world population growth from 1700 to 1979, but then from 1979 through 2003 total energy production and population growth went dead even at 1.5%/y each. World total energy production per capita, e, grew exponentially at 3.9%/y from 1700 to 1909. Thereafter it grew at linear rates of 1.4%/y from 1909 to 1930; 0.5%/y from 1930 to 1945; 3.7%/y from 1945 to 1970; 1.7%/y from 1970 to 1979; and 0.0%/y (i.e., zero net growth, called the ‘Plateau') from 1979 to 2003.

OAM 645 06-11-2009 01:22 (última actualização: 10:19)

sexta-feira, outubro 30, 2009

Portugal 136

O PSD precisa de sumo novo!



Pedro Passos Coelho (1964-) parece ter crescido que nem um feijão verde desde o ciclo eleitoral que arrasou (contra as minhas expectativas iniciais) o PSD. As duas últimas eleições atiraram de facto este partido para uma rampa declinante, por onde acabará por escorregar até à segunda divisão parlamentar se nada de novo acontecer depois da saída de Manuela Ferreira Leite. Se o opinativo Marcelo Rebelo de Sousa (1948-), político e governante manifestamente incapaz, por infelicidade, voltar à direcção máxima dos laranjas, nada de bom espera à segunda força partidária do país. Mas o pior é que, sem alternativa à máfia que tomou de assalto o PS (cuja procissão de escândalos não há meio de terminar), teremos um inevitável processo de mexicanizagem bolivariana do regime — ou o seu colapso violento!

Marcelo Rebelo de Sousa nem sequer um bom presidente da república dava. Quanto mais um primeiro-ministro! Além do mais, qual Elisa Ferreira de calças, pretende manter em aberto a possibilidade de ser candidato a primeiro ministro, mas também a inquilino do Palácio de Belém, caso o amante de tabus e recentemente mui desastrado, Aníbal Cavaco Silva, pretenda concorrer a mais um mandato. Que filme bera!

Vale a pena rever a entrevista, como sempre bem conduzida por José Gomes Ferreira, a Pedro Passos Coelho, na SIC. O rapaz de Vila Real perdeu as borbulhas — ipso facto. Já não é neoliberal, nem quer privatizar a Caixa. Pelo contrário, deseja um Estado eficiente e inteligente (onde é que eu já escrevi isto?!), e um regime onde se adopte a regra protestante —ao Estado o que é do Estado, aos Privados o que é dos Privados. Nem mais, nem menos!

Caso assinalável: Pedro Passos Coelho estudou razoavelmente bem o dossier dos grandes investimentos, sendo crítico em matéria de mais auto-estradas, crítico em matéria de Alta Velocidade (300Km/h) fora do corredor Lisboa-Madrid, defensor de uma rede de Velocidade Elevada (220Km/h) nas demais ligações previstas e sugerindo —bem!— que o dinheiro necessário ao deboche do TGV em 5 linhas de Alta Velocidade (defendidas com unhas, dentes e sacos de notas por debaixo da mesa, pela tríade de Macau) seja usado na implementação da bitola internacional (dita "europeia") para comboios de Velocidade Elevada entre todas as capitais de distrito.

O que vemos nesta entrevista são vários sinais importantes: um líder jovem para um partido súbita e dramaticamente envelhecido (1), que só poderá recuperar da sua já longa agonia se for capaz de se dirigir de forma séria e comprometida às novas gerações. Refiro-me em particular à Geração Milénio, nascida depois de 1980, e que começa agora a entrar em força na economia e na vida pública e cultural do país. Como referi em artigo anterior, a geração que fez o PSD está a morrer, e a que poderá salvá-lo da mesquinhez, da corrupção endémica, da inutilidade política e do colapso anunciado, só agora começou a despertar estrategicamente. Manuela Ferreira Leite, ao contrário do que cheguei a pensar e defender, foi um passo em falso, e sobretudo —vemo-lo agora claramente— um tampão à subida das novas gerações no interior do partido fundado por Sá Carneiro.

Mas será Passos Coelho a pessoa de que o PSD precisa? Não sei. Creio, porém, que os dados foram lançados e que o jogo já não está nas mãos dos barões da Linha onde moro, nem sequer dos autarcas que em breve terão que descalçar as botas. De uma maneira ou de outra a cadeira do poder laranja já está a caminho de um mais do que provável sucessor de Sócrates. Plantei há duas semanas um feijão verde no meu jardim. Não imaginam a velocidade a que cresce!

NOTAS
  1. Sobre o problema generativo, que afecta gravemente o futuro incerto do PSD —mais do que qualquer outro partido, incluindo o PCP—, ler o que escrevi a propósito neste blog. Marcelo Rebelo de Sousa (1948-) e José Pedro Aguiar Branco (1957-) são baby boomers de utilidade diminuta na grande viragem generativa de que o PSD precisa absolutamente para inverter o seu manifesto declínio demográfico. É na geração seguinte que este partido terá que encontrar a seiva necessária para uma renovação seminal do partido. Quer Pedro Passos Coelho (1964-), quer Paulo Rangel (1968-), e num plano mais recuado Marco António (1967-), são de facto os protagonistas certos para a necessária metamorfose do PSD. Paulo Rangel está bem onde está, ganhando experiência que lhe será fundamental num futuro próximo. Passos Coelho demonstrou nesta entrevista que está preparado para disputar o poder ao lamaçal criado pela tríade de Macau.


OAM 643 29-10-2009 01:34 (última actualização: 11:36)

segunda-feira, outubro 26, 2009

TAP 7

Ryanair:
Porto-Faro: 1 milhão de voos a €6!



Os criadores de aeromoscas deveriam meditar bem neste quadro,
que passei a manhã a desenhar. OAM.



Porto-Faro por €30! Bilhetes esgotados.
  • A TAP cobra pelo mesmo voo €179 :-(
  • O turismo algarvio está em pulgas :-)
  • Menos carros para o Algarve :-)
  • Menos emissões de CO2 :-)
  • Menos negócio para a Brisa :-(
  • Um grande empurrão para as economias regionais do Norte e do Algarve :-)
  • 30% do mercado da TAP já passou para as Low Cost :-(
  • A TAP caminha rapidamente para o precipício — como há muito a blogosfera avisou :-(
  • Um xeque-mate às ideias peregrinas da Tríade de Macau e do Bloco Central do Betão!
O aeroporto Sá Carneiro transforma-se paulatinamente no Hub Low Cost do Noroeste Peninsular. Entretanto, se os otários da Mota-Engil-BES-Stanley Ho-Governo Sócrates continuarem a confiar no gaúcho da TAP —em vez de consultarem o horóscopo do António Maria e a sua imbatível assessoria técnica e estratégica—, o mais provável é que o golpe de misericórdia que levará à quebra irreversível da TAP venha de Badajoz! Sim, da transformação do aeroporto de Badajoz, que tem uma pista com 2805 metros, num novo Hub Low Cost!

A futura Eurocidade de Elvas-Badajoz, depois de ver construída a estação ferroviária do Caia (2013? 2015?), destinada ao serviço de Alta Velocidade /Velocidade Elevada (1), que levará pessoas e mercadorias até ao Pinhal Novo, para dali seguirem para o Campo Grande (via Fertagus e Ponte 25 de Abril) ou para Sines e Setúbal (via linhas complementares em bitola europeia), poderá muito bem ser a futura base para voos de Baixo Custo que, como se compreende, deixarão Lisboa no dia em que ficarem sem a Portela e forem convidados a pagar altas taxas aeroportuárias no prometido aeromoscas intercontinental da Ota-em-Alcochete. O aeromoscas de Beja, do genial Augusto Mateus está aí para nos ensinar o preço da ignorância, da leviandade, da irresponsabilidade, da ganância e da... corrupção!

As novas prospectivas relativas ao comércio mundial, ao transporte aéreo e ao turismo aconselham o máximo de prudência (2). O endividamento do Ocidente (EUA e Europa), por sua vez, não recomenda outra coisa! Daí, não nos cansamos de insistir, que a decisão prudente em matéria de aeroportos, até que o estado crítico global da economia dê lugar a novos paradigmas, passe por:
  1. manter operacional o aeroporto da Portela, fazendo as obras que nunca foram feitas —prolongamento do taxyway, modernização radical do sistema de gestão e transporte de bagagens e utilização pela TAP das inúmeras mangas disponíveis (3);
  2. substituir os seus incompetentes gestores por gente nova, profissional e séria;
  3. melhorar o aeroporto de Tires para os voos executivos;
  4. adaptar a Base Aérea do Montijo para servir as companhias Low Cost;
  5. fechar a TAP e criar uma nova companhia, numa lógica de reforço da Star Alliance, e porventura sob administração da Lufthansa (numa lógica semelhante à que presidiu à passagem da KLM para uma companhia nova chamada Air France-KLM), ainda que previamente a TAP possa ter que engordar por via de uma fusão intercontinental qualquer (Angola+Brasil+China?)
Há coisas simples que é preciso não ignorar na hora de pensar o futuro dos aviões no nosso país:
  • 86% do mercado aeroportuário de Lisboa está circunscrito ao espaço comunitário (tal como 60-70% das nossas trocas comerciais se fazem também com a União Europeia) e esta realidade não vai mudar nas próximas décadas. Antes pelo contrário...
  • É por isso que 92% dos aviões da TAP são da classe Narrow Body — i.e. não transportam mais de 200 passageiros.
  • Não se troca de aeronaves como quem troca de camisa, até porque as da TAP estão, em boa medida, por pagar!
  • O grupo TAP tem cerca de 10 mil trabalhadores, tantos como a easyJet, a Ryanair e a Air Berlin juntas!
  • Nenhum angolano, nem mesmo brasileiro, estará na disposição de alimentar este inacreditável grau de ineficiência e desperdício a Pão de Ló.
  • Só mesmo o Estado mafioso que temos pode fazê-lo. Ou melhor, podia, até que o peso acumulado e incontrolado da dívida externa, dívida pública, défice orçamental e défice comercial chegou ao ponto a que chegou.
  • A margem de manobra da tríade de Macau e do Bloco Central da Corrupção chegou ao fim!
Acordemos, pois, para as duras realidades.


Post scriptum — ouvi, horas depois de publicar este post, o Prof. Luís Campos e Cunha no Jornal das Nove (SIC) comentando com a sua sensatez e sobriedade habituais as expectativas que rodeiam o governo Sócrates 2. Retive dois pontos que interessam ao conteúdo do que aqui escrevo. 1 — Adiar o novo aeroporto até ver foi, se bem entendi, a sua posição. Se entendi bem, aplaudo. 2 — Depois, pareceu-me ouvi-lo dizer que era contra o TGV. Assim, sem mais, invocando o péssimo exemplo norte-americano nesta matéria. Defendeu, no entanto, o comboio pendular (uma variante optimizada do "nosso" enviesado Alfa Pendular —da FIAT/Alstom, do Pendolino italiano e do muito eficiente Talgo espanhol), sobretudo por uma questão de eficiência energética e de custos, e por cumprir expectativas razoáveis de velocidade numa economia cuja performance não é propriamente supersónica.

Estou de acordo que a velocidade não precisa de ir além dos 250Km/h, que os 350Km/h deixaram de fazer qualquer sentido, quanto mais não seja porque Espanha reduziu recentemente o limite máximo da AV para 300Km/h. Mas o ponto essencial não é este! A opção não é entre comboios, mas entre manter a actual rede de bitola ibérica ou substitui-la progressivamente por uma rede de bitola internacional. O que importa ressaltar é a necessidade absoluta de meter Portugal na rede europeia de bitola internacional (dita europeia), substituindo de forma planeada e faseada toda a sua a actual rede de bitola ibérica, a qual, a partir de 2020, deixará pura e simplesmente de poder ligar-se à rede AV/VE nacional, bem como a qualquer ponto da rede ferroviária espanhola — e portanto ao resto da União Europeia!

É isto que está em causa. E se virmos bem, a dimensão gigantesca deste desafio daria para colocar a economia portuguesa num ritmo completamente diverso do actual marasmo especulativo das actividades de import/export, de subsídio-dependência canina e de assalto nepotista e partidário às Finanças Públicas. Diferente para melhor, sobretudo se regressasse a Portugal a indústria ferroviária (como propõe Gabriel Órfão Gonçalves). Uma indústria não apenas focada no hardware, mas também no software, no desenho e nas ideias!

O mais recente livro de Jeff Rubin, Why Your World Is About to Get a Whole Lot Smaller, fala de um virar da esquina energética. O petróleo acima dos 100 euros regressará em breve (2011-12), e com esse regresso, sem comboios eléctricos ficaremos muito provavelmente atolados no betão que enriqueceu os bolsos dos crápulas que nos têm governado nos últimos 30 anos.
"We will see triple digit oil prices very early into an economic recovery"

"I expect we will be there within 12 months."

"By 2012, we will either be in a world of $200 per barrel oil or we will be back in another oil-induced recession."

"West Texas Intermediate (the North American benchmark crude) is trading over $70 per barrel in the shadow of the American economy's deepest post-war recession when there is little evidence yet of a concrete economic recovery; yet only two and a half years ago, today's post-recession oil price was an all-time record high."


NOTAS
  1. AV: Governo avança com mais duas linhas

    Afinal, não serão três mas cinco as linhas de Alta Velocidade que o novo Governo se proporá concretizar. Aveiro-Vilar Formoso e Évora-Faro-Huelva também deverão avançar. [...]

    O Aveiro – Viseu – Vilar Formoso é defendido por todos quantos entendem que essa será a forma mais directa de chegar à Europa trans-pirenaica sem passar por Madrid. E também em função de ser o corredor da actual A25 a principal via para o tráfego de mercadorias à saída de Portugal. Transportes&Negócios.

    AV: Privados “obrigados” a reduzir riscos do Estado

    As propostas concorrentes à concessão do troço Poceirão-Caia da linha de AV Lisboa-Madrid implicavam demasiados riscos para o Estado, considerou a comissão de avaliação. Os privados corrigiram-nas e em meados de Novembro deverá ser confirmado o vencedor anunciado: o consórcio Elos (Brisa/Soares da Costa).

    “Medíocres” terá dito a comissão de avaliação das propostas apresentadas pelos concorrentes à primeira PPP da Alta Velocidade nacional, quanto aos riscos técnico-financeiros, avança hoje o “JdN”. Em causa condições que aumentariam “o risco do Estado de forma que o júri entende ser inaceitável na contratação da parceria, não podendo ser recomendado ao Governo que as aceite, quaisquer que sejam as circunstâncias”.

    Um exemplo: ambos os concorrentes finalistas pretenderiam que o Estado avalizasse por 20 anos o empréstimo de 300 milhões de euros que será contratado pelo futuro concessionário junto do BEI. O júri entende que essa exposição só será aceitável durante o tempo de construção, e não pelo período de manutenção da linha.

    Ao que o “JdN” avança, ambos os consórcios terão aceite emendar as suas propostas até à passada sexta-feira, último dia possível. E assim tudo se encaminha para que a concessão seja entregue ao consórcio Elos.

    O agrupamento liderado pela Brisa e Soares da Costa propõe um custo de construção de 1 359 milhões de euros e um encargo anual de manutenção de 12,2 milhões de euros. Já o consórcio Altavia, liderado pela Mota-Engil, propõe 1 334,2 milhões e 18,8 milhões de euros, respectivamente. Transportes&Negócios.

  2. Aeroportos perdem 1 milhão de passageiros em 2009

    Dados da ANA mostram que os aeroportos portugueses continuam a sentir os efeitos da crise. Nos primeiros nove meses do ano passaram por Lisboa, Faro, Porto e Açores menos 1 milhão de passageiros. Económico (26-10-2009)

  3. O não uso pela TAP das mangas disponíveis (que ligam directamente os aviões, passageiros e bagagens aos terminais) é um dos maiores e mais incompreensíveis constrangimentos à boa gestão do aeroporto da Portela. A verdadeira razão da não utilização das mangas na Portela deve-se ao conflito de interesses entre a ANA, a Groundforce e a TAP! E o grave deste bloqueio é que tem trazido água ao moinho mentiroso dos defensores da Ota em Alcochete, em nome do falacioso, ou melhor, completamente falso argumento do esgotamento da Portela. Ler a propósito este elucidativo PDF de Rui Rodrigues.


OAM 642 26-10-2009 18:33 (última actualização: 28-10-2009 11:31)

sexta-feira, outubro 23, 2009

Alta Velocidade 5

Hoje querem implodir os estádios do Euro, amanhã será a vez do aeromoscas de Beja e do elefante branco da Ota em Alcochete

Comboios

Cavaco que se prepare para o que o Rei de Espanha lhe vai dizer sobre o AVE Madrid-Lisboa. Vai ouvir das boas!

Obrigar o comboio de Alta Velocidade Madrid-Lisboa a transferir mercadorias para comboios de bitola ibérica (1) no Poceirão é como impor a Espanha uma portagem extraordinária no fluxo de mercadorias de e para os portos de Setúbal, Lisboa e Sines, ao mesmo tempo que se mata à nascença a Plataforma Logística do Caia (Elvas-Badajoz). O resultado pode ser este: a Espanha desiste de ligar a sua rede de Alta Velocidade/Velocidade Elevada a Portugal, por óbvia inviabilidade económica, apostando tudo nos seus próprios portos atlânticos: a Norte, Vigo, Corunha, Ferrol, Bilbau, e a Sul, Cádis e Huelva.

Aviões

O fiasco, aqui anunciado até à exaustão, do aeromoscas de Beja, que nunca mais inaugura..., é o mesmo fantasma que paira sobre o aeroporto da Ota em Alcochete. Despertem!!

Construir o aeroporto da Ota em Alcochete com a TAP falida é o mesmo que fazer estádios de futebol para equipas que depois falem... Hoje querem destruir os estádios de Leiria, Aveiro e Faro. Amanhã, se a Mota-Engil e o BES conseguirem —como tudo leva a crer— levar por diante a loucura da Ota em Alcochete, a Terceira Travessia Chelas-Barreiro e o encerramento do aeroporto da Portela, cá estaremos para admirar o grande fiasco da governação "socialista" — que ficará conhecida por ter parido estádios de futebol que afundam municípios e dois grandes desertos aeroportuários: o de Beja e o da Ota em Alcochete.

84% do tráfego no aeroporto de Portela tem origem no perímetro da União Europeia, cujo modelo de exploração tem vindo a evoluir para as chamadas companhias Low Cost. Não há pois alternativa à falência da TAP (o petróleo voltou a subir!) e à sua eventual substituição por uma nova companhia profundamente remodelada e necessariamente com menos 50% ou mesmo 2/3 da sua actual força de trabalho.

A miragem de uma fusão com a TAG e com a TAM, ou seja, a miragem de uma acção de salvamento in extremis da inviável TAP, com petro-euros angolanos e brasileiros, não passa disso mesmo: duma miragem gaúcha, que o lóbi da especulação financeira e do betão —verdadeiros sanguessugas da poupança nacional— aproveita para fazer avançar os dossiês e os decretos-lei que mais lhe convêm.

Dentro em breve as Low Cost terão comido literalmente o mercado europeu à TAP (i.e. 84% do mercado efectivamente disponível). Por outro lado, os voos intercontinentais estão em queda e o respectivo modelo de exploração evoluirá muito rapidamente — assim que o Dreamliner da Boeing entre em operação (2010-2012) — para ligações ponto-a-ponto, à semelhança das estratégias Low Cost. Ou seja, Lisboa não poderá ter se não um aeroporto cada vez mais orientado para as ligações ponto-a-ponto e para os voos Low Cost. O resto, isto é, as companhias de bandeira gordas e arregimentadas às nomenclaturas político-partidárias, bem como os famosos "hubs", morreram! O funeral segue dentro de meses...

Eu se fosse o Stanley Ho abandonava de vez a Alta de Lisboa e começava a pensar em licitar quanto antes o lombo da TAP, i.e. o seu qualificado pessoal de voo. O fruto está a cair de maduro!


NOTAS
  1. Algo que o novo ministro da obras do Bloco Central do Betão (MOPTC) —António Mendonça—ainda não sabe o que é! Ver tb. bitola europeia ou bitola internacional.

OAM 641 23-10-2009 14:30

quinta-feira, outubro 22, 2009

Portugal 135

Novela sórdida da TVI
Prisa nos eixos depois de adiar colapso financeiro com a venda de 35% da Media Capital.

In Illo Tempore: quem deu emprego a Fernanda Câncio no DN? Resposta: Henrique Granadeiro. Quem depois pôs o Granadeiro na PT: José Sócrates! Quem deu o primeiro passo, a pedido de Sócrates (claro!), para calar a Manuela Moura Guedes? Henrique Granadeiro. Quem deu o segundo (porque o primeiro foi em falso)? O franquista recauchutado que dirige o grupo Prisa! Quem insistiu e acaba de conseguir controlar a TVI? A PT superiormente comandada pelo boy socratino: Henrique Granadeiro. Que grande zurrapa!!

Com o estado de falência suspensa da Impresa (para se manter à tona viu-se forçada a dar o Expresso e a SIC como garantia aos bancos!), com o controlo crítico dos conteúdos da TSF e a transformação da RTP num reedição proto-fascista do Secretariado da Propaganda Nacional, só faltava mesmo à máfia que domina o PS controlar a TVI e monopolizar até ao limite a Internet e as comunicações telefónicas fixas, móveis e de dados. Estamos quase lá, ou estou enganado?!

Os meus amigos democratas já pensaram bem no que estão a tolerar?

O caldo de cultura para uma súbita desconstrução do Estado democrático está aí. De um dia para outro, deixaremos de ter democracia, e em seu lugar estará, sem que sequer disso nos tenhamos apercebido, um NOVO FASCISMO, suave como o anterior, mais corrupto do que o anterior, de seringas e tribunais fantoches em punho, capaz de nos esmagar com eficácia bem maior do que Salazar alguma vez imaginou.

Se abandonarmos os princípios, se os trocarmos pelo mísero prato de lentilhas que as eleições dá a alguns, não tenho dúvidas que o colapso acabará por ocorrer. De momento, só deposito esperança em duas coisas: no voto inteligente dos eleitores, e sobretudo no potencial de uma crítica social auto-organizativa que, com palavras e actos, denuncie sistematicamente o desastre que se prepara em múltiplos domínios, e se prepare para exercer de forma proporcional, mas sem hesitação, o seu inalienável direito à liberdade, à justiça, à democracia, à solidariedade e ao bom governo.

LER noticia no Público


OAM 640 22-10-2009 14:15