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sexta-feira, agosto 08, 2014

Será a resolução bancária sistémica uma alternativa?

Queimar as dívidas? Não é fácil, mas está a suceder!

Bail-out—Bail-in à moda de Louçã e do Instituto de Políticas Públicas Thomas Jefferson-Correia da Serra 


“...esta é a minha proposta”, escreve o antigo líder do Bloco de Esquerda, não se sabe bem se na qualidade de co-autor, ou se reclamando para si a exclusividade da ideia de uma ‘resolução bancária sistémica’ alternativa ao Mecanismo Único de Resolução (SRM) aprovado pelo parlamento europeu em maio-julho de 2014, e posto claramente à prova no resgate punitivo do BES levado a cabo pelo BCE e pelo Banco de Portugal, em evidente articulação com a Comissão Europeia e o governo português, e que, como se sabe, levou ao repúdio parcial das responsabilidades do terceiro maior banco português para com os seus acionistas, clientes, credores e especuladores, em nome da salvação dos depósitos, da carteira de clientes não financeiros, e da estabilidade do sistema financeiro em Portugal e na Eurolândia.

O artigo publicado hoje (8/8/2014) por Francisco Louçã na sua habitual coluna no Público, não deixa de ser um desafio oportuno, até por nos ter conduzido ao documento do IPP, “Um programa sustentável para a reestruturação da dívida portuguesa”. Do artigo citado destaco dois momentos extraordinários, um pela flagrante contradição do ideário do trotsquita-bloquista com o seu pensamento mais recente, e o outro, pelo escusado narcisismo autoral.

Escreve Louçã:

“...a nossa proposta cumpre a lei sem artifícios (ao contrário do que se estará a passar agora com o BES) e evita o custo de uma nacionalização directa (que é sempre o último recurso legal, mas que tem o inconveniente de passar todo o passivo para o Estado). Essa resolução bancária sistémica [que Louçã e o IPP propõem...] segue o modelo utilizado nos Estados Unidos pela instituição responsável, o FDIC, que o aplicou entre 2007 e 2013 em 505 bancos.”

E conclui:

“Precisamos mesmo de uma solução. O controlo público do sistema financeiro é a alternativa que dá o poder e a responsabilidade à democracia. Como é preciso correr o risco da resposta concreta no debate nacional, aqui está, esta é a minha proposta.” 

in Francisco Louçã, “Faltam respostas no debate sobre a crise bancária. A solução alternativa concreta é o controlo público”. Público, 8 de Agosto de 2014, 10:05 WET.

“Um programa sustentável para a reestruturação da dívida portuguesa” (8 Jul 2014) é um importante documento estratégico da autoria coletiva de Ricardo Cabral, Francisco Louçã, Eugénia Pires e Pedro Nuno Santos, cuja publicação esteve a cargo do Instituto de Políticas Públicas Thomas Jefferson-Correia da Serra (IPP), um think-tank presidido por Paulo Trigo Pereira.

Apenas tivemos tempo de o ler na diagonal. O bastante, porém, para recomendá-lo como um contributo relevante e oportuno no preciso momento em que uma proposta diferente, mas nem por isso menos restruturacionista, passou da teoria à prática. Refiro-me, claro está, ao golpe de coelho dado ao BES com o sado-masoquista Mecanismo Único de Resolução.

A demonstração da insustentabilidade da dívida portuguesa, que é como todos sabemos, pública e privada, interna e sobretudo externa, é elegante e vale a pena segui-la. No entanto, falta sublinhar que a realidade não é apenas indígena, mas praticamente universal, ainda que com maior gravidade nos países maduros e sobreendividados do Ocidente — aqueles que há décadas consomem mais do que produzem, e geram mais dívida, economia virtual e especulação do que poupança e bons hábitos.

A medida do sobreendividamento dos Estados Unidos, do Reino Unido e da União Europeia, por exemplo, pode ser imaginada apenas a partir de um dado: a exposição da Goldman Sachs aos derivados financeiros OTC, onde boa parte dos contratos de especulação com as dívidas privadas e públicas residem: $44.192.000.000.000 (44,192 biliões de dólares). O PIB mundial anda nos 73 biliões... Mas o valor nocional global destes contratos era, no fim de 2013, de acordo com o BIS, qualquer coisa como 693 biliões de dólares, ou seja, mais de 9x o PIB mundial.

Não há alternativa a um Jubileu assimétrico e brutal do sobreendividamento do Ocidente. Resta saber quem irá ficar na situação dos acionsitas do BES, dos obrigacionistas do BES, dos hospitais do BES, dos incautos do BES, dos especuladores do BES.

Pensar que é a riqueza pública que está ou que vai resgatar o BES é um embuste teórico. O que vai resolver o BES será tão só mais uma dose de liquidez gerada pelo Banco Central Europeu, a qual estacionará durante algum tempo na dívida soberana portuguesa, até que o empréstimo desta dívida ao Fundo e Resolução que financiará o Novo Banco seja cobrado com juros suficientes para os credores públicos e privados que intervierem na operação.

É desta forma que o mecanismo de reestruturação da dívida pública e privada vai fazendo o caminho das pedras, forçando os bancos a processos de reestruturação implícitos, que conduzem a menos financiamento da economia que, por sua vez, provoca mais falências de empresas e pessoas, mais desemprego, menos procura, menos salários, em suma, mais dívidas incobráveis, imparidades e a extinção forçada das mesmas. No éter das transações digitais serão então perdidos alguns milhares de milhões de euros dessa mesma dívida pública que alimentou o BES, os donos do BES e a especulação bolsista em geral naquilo que tem sido a ilusão do crescimento diariamente vendida pelas bolsas mundiais. Na realidade, o que o colapso do BES nos revela é que o capitalismo está de novo sob a pata da economia-política, de que os bancos centrais são a ferramenta técnica.

A crise financeira não é o resultado apenas da ganância dos especuladores e dos banqueiros, mas a consequência de um modelo social de acumulação e distribuição capitalistas de valor cujos pressupostos energéticos, materiais e demográficos desapareceram, ou estão em vias de extinção.

Poderá haver uma resolução bancária sistémica em Portugal?
Não.
Porquê?
Porque Portugal não tem a dimensão dos Estados Unidos, da China, da Índia, ou da Rússia.
Porque já não tem dimensão, nem economia que lhe permitam ser autónomo.
Porque faz parte de um sistema monetário com mais dezassete estados.
Porque não tem nem pode ter moeda própria sem afogar-se de vez na sua dependência face aos demais países, a começar pela Espanha.
Porque não pode impor ao resto da Europa o que acabou de impor ao BES. E neste particular é preciso dizer que o Banco de Portugal e o governo português apenas puderam impor ao BES a solução que já todos conhecemos porque a mesma foi desenhada e em última instância aplicada pelo BCE e demais instâncias comunitárias.

Seja como for, vale a pensa ler com tempo a proposta elaborada por Ricardo Cabral, Francisco Louçã, Eugénia Pires e Pedro Nuno Santos, sobre uma possível, mas improvável, estratégia de repúdio ordenado e parcial da nossa descomunal dívida. Até porque o tema será cada vez mais atual e premente!

Aqui ficam alguns extratos para abrir o apetite ;)
[...]

7. Para o concretizar, atuando nas duas componentes mais importantes, propomos a reestruturação da dívida bruta não consolidada das administrações públicas e um processo de resolução bancária, que resultarão na redução de dívida necessária para assegurar a auto-sustentabilidade (financeira) do país.

8. Um programa desta natureza pode recorrer a vários tipos de instrumentos para alcançar o mesmo objetivo: nomeadamente, pode incluir um corte elevado no stock da dívida e uma redução menor dos juros, ou uma combinação de um adiamento da amortização da dívida com uma redução mais substancial dos juros. Neste exercício é apresentada a simulação do segundo processo. Note-se que para assegurar que o país seja capaz de se autofinanciar autonomamente o fundamental é reduzir a despesa com juros e alongar as maturidades da dívida existente.

9. As principais medidas deste programa são então: (i) a negociação para a redução do valor presente da dívida (reestruturação de dívida), através da alteração de juros e prazos; (ii) o saneamento dos passivos bancários, para garantir a solvabilidade e estabilidade da banca; e (iii) a modernização fiscal para pôr as contas do Estado em ordem e tornar sustentável, numa perspetiva macroeconómica, a recuperação económica e o crescimento económico futuro.

10. Através da redução de juros e da extensão de prazos da dívida das Administrações Públicas e da reestruturação do passivo do sector bancário, seria possível conseguir uma diminuição anual do défice da balança de rendimentos que se estima em cerca de 4,7 mM€, traduzindo-se num efeito equivalente a uma redução do valor presente da dívida externa líquida de 103% no final de 2013 para cerca de 24% do PIB. De facto, o nível de dívida externa do país é tal que uma reestruturação de dívida de dimensão inferior não conseguiria assegurar que a dívida externa de Portugal se tornaria sustentável.

11. A proposta apresenta as seguintes condições para a troca da dívida bruta não consolidada das Administrações Públicas e do Sector Empresarial do Estado por Novas Obrigações do Tesouro (NOT) com o mesmo valor facial: (1) esses títulos terão um cupão de 1%, e (2) vencerão, em parcelas idênticas, entre 2045 e 2054, havendo um período de carência de juros em 2015. Com estas condições, o valor presente da dívida pública na óptica de Maastricht passaria a ser de 74% do PIB (63% do PIB, líquida de depósitos),3 já após a recapitalização da Segurança Social e de diversos fundos do Estado. O valor presente da dívida bruta não consolidada das Administrações Públicas passaria a representar 82% do PIB (face aos atuais 173% do PIB).

12. Garante-se assim uma margem de manobra suficiente para relançar o investimento e a criação de emprego, bem como para estimular a procura interna fazendo funcionar os estabilizadores automáticos e assegurando a proteção dos salários, pensões e prestações sociais contra a pobreza.

13. A sustentabilidade da dívida externa portuguesa exigirá ainda um processo de resolução bancária especial, que deve proteger a estabilidade do sistema bancário, salvaguardando os seus rácios de capital e solvabilidade, seguindo as melhores práticas internacionais (e.g., FDIC). Esse processo conduzirá a uma redução da dívida bancária de cerca de 24% dos passivos bancários (excluindo capitais próprios) no final de 2013, de que resultará uma redução da dívida externa líquida do sector (direta) estimada em cerca de 30% do PIB.

14. A negociação da reestruturação da dívida externa portuguesa deveria ser conduzida de modo a que a Lei do Orçamento de Estado para 2015 consagrasse todos os instrumentos jurídicos necessários para a viabilidade destas medidas.

quarta-feira, agosto 06, 2014

Futura primeira ministra de Portugal?

Maria Luís Albuquerque.
Foto: Reuters


Quem irá liderar o próximo governo do PSD, com ou sem acordo de regime com o PS?


Estava linda, segura das palavras e serena como sempre. O governo, o Banco de Portugal e a UE, depois de uma corrida de meses contra o tempo, acabavam de realizar com êxito uma operação de alto risco: desmembrar o BES, lançando ao lixo o lixo e salvando o terceiro maior banco do país, impedindo que o seu colapso desordenado levasse atrás de si o frágil sistema financeiro indígena, com ondas de choque imprevisíveis no euro, no SME e, por esta via, na integridade da União Europeia.

Basta reparar no processo legislativo europeu em volta do SRM, acelerado a partir do pedido de urgência feito por Mario Draghi ao parlamento europeu em 23 de setembro de 2013.

Draghi Says EU Bank Resolution Fund Needed With Power to Borrow
By Rebecca Christie and Ian Wishart Sep 23, 2013 4:59 PM GMT+0100 - Bloomberg.

In the short run, national authorities will need to stand ready to finance the cost of stabilizing a failing bank, Draghi said. The ECB will be conducting balance sheet reviews of lenders across the euro zone as it prepares to become the currency bloc’s single supervisor next year, and the results of those reviews will require some sort of backstop.

“We’ll have to have national backstops in place,” Draghi told a European Parliament panel in Brussels today. “The role for the national backstops is there and it’s realistic.”

Current plans call for the Single Resolution Mechanism to start on Jan. 1, 2015, and build up its fund over 10 years. Draghi said it would be better if the fund could ramp up more quickly. Otherwise it will be up to national authorities to act when needed, which is “suboptimal,” he said.

Este Mecanismo Único de Resolução de crises bancárias agudas (SRM) tem dois momentos legislativos cruciais: o da DIRETIVA 2014/59/UE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, de 15 de maio de 2014, e o do REGULAMENTO (UE) N.o 806/2014 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO, de 15 de julho de 2014. Sem isto, a falência descontrolada do BES teria sido um desastre completo para Portugal. Um desastre financeiro, um desastre económico e um desastre político cujas repercussões são difíceis de imaginar.

So far so good, apesar do sentimento negativo ou misto que percorre as bolsas americana, europeia e asiática.

Um dia e meio depois da operação já os bancos portugueses queriam maior participação no empréstimo necessário à constituição do capital do Novo Banco. Por sua vez, três bancos espanhóis revelaram interesse na aquisição do Novo Banco, esclarecendo que pode estar na mira, por exemplo, do Santander, a criação do maior banco português, maior mesmo do que a Caixa Geral de Depósitos. Só mesmo os neurónios ressequidos da oportunista e populista esquerda à esquerda do PS é que continua em estado de negação.

O Bloco de Esquerda, num acesso de zelo institucional caricato (ver RTP), exige que seja o primeiro ministro, Pedro Passos Coelho, e não a ministra das finanças, Maria Luís Albuquerque, a comparecer no parlamento para explicar a resolução do BES. É evidente que as pessoas que acompanharam mais de perto este processo são, precisamente, a ministra das finanças e o governador do Banco de Portugal. Então porque insiste João Semedo que seja o PM a dar a cara, como diz? Pode ser apenas insulação. Mas, à partida, parece mais um acesso de machismo politocrata inadmissível.

A presença da Maria Luís Albuquerque na resolução do caso BES tende a ganhar importância a cada dia que passa.

O processo BES, nomeadamente contra Ricardo Salgado, está no início e promete ir revelando, até às próximas eleições, matéria podre suficiente para enterrar de vez muitos políticos ainda no ativo. Até às próximas eleições legislativas, se o Novo Banco se revelar um sucesso, é bem provável que o PSD recupere eleitoralmente ao ponto de chegar a uma nova maioria, ainda que insuficiente, ou ao ponto de retirar ao PS uma maioria suficiente. A dinâmica mãos limpas aberta pelo varrimento do BES tem ainda o potencial de esvaziar substancialmente as novas plataformas eleitorais unicamente sustentadas pelo discurso anti-corrupção (uma oportunidade para o Nós, cidadãos surgir com um papel pertinente na atual conjuntura de renovação do sistema partidário), repondo a questão de saber se o próximo governo terá mesmo que ser, ou não, um governo de coligação. E neste caso, quem nos diz que Pedro Passos Coelho não estaria já a preparar uma sucessora, com o objetivo de garantir uma vitória mais folgada do PSD nas próximas eleições, sem Paulo Portas, sem PP, e sem o próprio Passos Coelho, todos demasiado queimados pela austeridade imposta aos portugueses?

Incapaz de imaginar António Guterres na próxima corrida presidencial, dou por adquirida a ida de Durão Barroso para Belém. Mas até para esta estratégia conviria que o próximo governo voltasse a ter uma abertura clara à inovação institucional e gente com créditos firmados dentro e fora do país, sejam eles militantes e simpatizantes dos partidos existentes, quase todos em decomposição, ou independentes determinados a contribuir para a metamorfose em curso no país.

De uma coisa estou certo: Pedro Passos Coelho, António José Seguro e os seus apoiantes pelo país fora, do PS e do PSD, irão varrer da cena político-partidária boa parte dos senadores e crápulas que conduziram o país ao desastre, incluindo os do BPN e do BES. Se António Costa não desisitir da sua inglória cruzada proxi contra a direção legítima do PS, em nome da corja socratina, soarista e maçónica decadente que o empurrou para este beco sem saída, o PS sairá exangue desta guerra civil intrapartidária, e por isto mesmo com grandes dificuldades de se apresentar como alternativa credível ao PSD e sobretudo ao governo em funções.

Uma coligação PS-PSD parece-me improvável e indesejável, salvo se o país entrar numa qualquer e por ora imprevisível crise de regime, económica e/ou financeira extremamente grave. Ainda assim, o PSD poderá precisar de uma solução governativa na qual o PP de Paulo Portas já não faz sentido, nomeadamente pela sua extrema debilidade eleitoral e promiscuidade excessiva com a malta do BES. Passos Coelho poderá ter que patrocinar uma solução original, com ou sem acordo programático com o PS.

Por tudo isto o atual PM não irá ao parlamento, confiando em Maria Luís Albuquerque a tarefa de explicar aos deputados do Bloco e do PCP, porque razão a destruição do BES foi realizada, não por um governo do PS, não pelos cadáveres adiados do estalinismo, do maoísmo e do trotsquismo que ainda vegetam pelo parlamento, mas pasme-se, por um governo reiteradamente apresentado como neoliberal pela 'esquerda' desmiolada, oportunista e populsita que temos.

Por tudo isto Pedro Passos Coeho não permitiu a Jean-Claude Juncker roubar Maria Luís Albuquerque de Portugal. É!

segunda-feira, agosto 04, 2014

Novo Banco, primeira cobaia do SRM

Mario Draghi (Dragão).
Foto: Associated Press

 

Carlos Costa esteve à espera da aprovação do Regulamento do SRM. O governo também. Cavaco também. E o resto são tretas!


Governo e Cavaco trabalharam em segredo para salvar o BES

Apesar de o Governo dar a entender que não tem nada a ver com a intervenção no BES, ontem houve conselho de ministros extraordinário para aprovar um decreto lei crucial no salvamento do banco. Paulo Portas e Maria Luís Albuquerque aprovaram, em segredo, um diploma que regulamenta a gestão do banco novo ou "banco de transição". O Presidente da República promulgou o decreto quase de imediato. Nenhum dos intervenientes publicitou facto tão relevante. O governador do Banco de Portugal também não tocou no assunto.

De acordo com a informação publicada hoje no Diário da República, o diploma altera o regime aplicável aos bancos de transição (neste caso, o Novo Banco, que emergiu do BES), à luz das novas regras europeias aprovadas a 15 de maio de 2014. O Novo Banco ficou com as partes saudáveis do balanço; o BES passou a ser o banco mau, como todo o lixo financeiro, as cobranças duvidosas, etc.

04/08/2014 | 14:09 |  Dinheiro Vivo

Quem salvou, por agora, o BES, e o transformou num banco mau cheio de lixo e de perdas para acionistas, especuladores e piratas (bail-in), e num banco bom, o Novo Banco, com proteção dos depositantes e detentores de dívida garantida e sénior, foi o BCE e a CE através de uma coisa chamada SRM—Single Resolutiom Mechanism. O Novo Banco é, assim, sem mais rodriguinhos nem bicos de pé, a primeira experiência de resgate combinado (bail-in/bail-out) de um banco na Eurolândia, depois do desastre de Chipre. A expectativa não pode deixar de ser grande.

As hesitações de Carlos Costa e o timming das "suas" decisões foram completamente cronometradas por Bruxelas e Frankfurt e estiveram dependentes da aprovação pelo Parlamento Europeu, em 15 de julho último, do Regulamento do dito SRM. Este regulamento foi precedido de uma Diretiva sobre o mesmo assunto publicada em 15 de maio deste ano.

Foi no dia 15 de julho que a Goldman Sachs, a Desco e a Baupost fizeram grandes compras de ações do BES, adquirindo até participações de referência (mais de 2%). Terá a GS previsto que o mecanismo iria ser usado no BES? Apostou na continuidade de um BES resgatado? Não imaginou que se pudesse criar um Banco Novo, e que o BES fosse parar ao lixo? Talvez Carlos Moedas nos possa esclarecer. Em todo o caso, a GS vendeu parte substancial destas ações no dia 23 de julho... coisa que só ficámos a saber no dia 1 de agosto. No mínimo, intrigante.

Cavaco e Governo não pregaram prego, nem estopa, na operação mãos limpas do BES. E o professor Marcelo, depois de ter andado anos, meses, semanas, dias a vender o BES e a excelência do sistema bancário aos indígenas veio agoraa, com aquele ar fresco do costume, esclarecer a sua audiência que Portugal é, afinal, a primeira cobaia do SRM. Que tal deixar de brincar as candidatos presidenciais mascarado de analista, e pedir desculpa pelo seu otimismo exagerado em matéria tão sensível quanto é o dinheiro dos contribuintes e dos depositantes? Tal como o Marques Mendes, Marcelo não passa, afinal, de um coscuvilheiro de São Bento e de Belém.

António José Seguro sabia o que se estava a passar e agiu em conformidade. Marcando território, mas assumindo também uma posição ponderada e correta sobre o desenrolar dos acontecimentos.

Pelo contrário, as ossadas do leninismo-estalinista e as beatas do fantasma trotsquista andam literalmente perdidas nestas andanças nada neoliberais e muito hiper-keynesianas de um capitalismo uraniano capaz de devorar os seus filhos mais diletos.

Ou muito me engano, ou vem aí um entendimento novo entre o PS e o PSD, pois não vejo como a famosa 'esquerda' possa alguma vez sair da sopa de letras azeda onde há muito caíu e de onde não há meio de sair.


REFERÊNCIAS DE UM BAIL-IN/BAIL-OUT

  • Draghi Says EU Bank Resolution Fund Needed With Power to Borrow
    Bloomberg
    . By Rebecca Christie and Ian Wishart Sep 23, 2013 4:59 PM GMT+0100
  • REGULAMENTO (UE) N.o 806/2014 DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO
    de 15 de julho de 2014
    que estabelece regras e um procedimento uniformes para a resolução de instituições de crédito e de certas empresas de investimento no quadro de um Mecanismo Único de Resolução e de um Fundo Único de Resolução bancária e que altera o Regulamento (UE) n.o 1093/2010
    [LINK-PT] [LINK-EN 
  • DIRETIVA 2014/59/UE DO PARLAMENTO EUROPEU E DO CONSELHO
    de 15 de maio de 2014
    que estabelece um enquadramento para a recuperação e a resolução de instituições de crédito e de empresas de investimento e que altera a Diretiva 82/891/CEE do Conselho, e as Diretivas 2001/24/CE, 2002/47/CE, 2004/25/CE, 2005/56/CE, 2007/36/CE, 2011/35/CE, 2012/30/UE e 2013/36/UE e os Regulamentos (UE) n.o 1093/2010 e (UE) n.o 648/2012 do Parlamento Europeu e do Conselho
    (Texto relevante para efeitos do EEE)
    [PDF-PT] 
  • EU Bank Recovery and Resolution Directive (BRRD): Frequently Asked Questions [LINK]

domingo, agosto 03, 2014

BES: falência 'ordenada' já começou!

O Fundo de Resolução é um instrumento para organizar uma falência bancária ordenada


Ou seja, já está em curso —presumo— o processo de falência ordenada do BES, ou seja, a dita resolução do banco. É isto mesmo que dentro de algumas horas o governo terá que comunicar ao país. Não se trata, pois de recapitalizar o que não é recapitalizável, mas sim de fechar um banco sem levar todo o sistema bancário e financeiro indígena ao fundo. O fundo de recapitalização bancária acautelado no Programa de Assistência Financeira a Portugal não estará seguramente disponível para ser derretido no cancro financeiro em que a constelação BES se tornou.

A treta de Marques Mendes: "Recapitalização do BES não será feita com dinheiro do Estado" — Sapo ; Estado capitaliza "BES bom" e separa "BES mau" — Expresso.

Diz Marques Mendes que será um obscurso Fundo de Resolução a entidade que irá tapar a cratera do BES com 4 a 5 mM€. Ora bem, este fundo tem apenas 182,2 milhões de euros (182 241 500€), o que prova que o mesmo não foi constituído para tapar seja o que for. A palavra 'resolução' é uma tradução da palavra inglesa 'resolution', a qual em finanças quer dizer fechar a tasca falida de forma tão ordenada quanto possível!

Aliás, basta ler o que o BCE escreve e determina para estes fundos de 'resolução':
“What is bank resolution?

Resolution occurs at the point when the authorities determine that a bank is failing or likely to fail,that there is no other private sector intervention that can restore the institution back to viability within a short timeframe and that normal insolvency proceedings would cause financial instability.

‘Resolution’ means the restructuring of a bank by a resolution authority, through the use of resolution tools, to ensure the continuity of its critical functions, preservation of financial stability and restoration of the viability of all or part of that institution, while the remaining parts are put into normal insolvency proceedings.

The EU Bank Recovery and Resolution Directive provides authorities with more comprehensive and effective arrangements to deal with failing banks at national level, as well as cooperation arrangements to tackle cross-border banking failures.

Effective resolution should also address moral hazard, as one of its key functions is to enhance discipline within the markets. Resolution is thus a vital complement to other work streams designed to make the financial system sounder, e.g. making banks stronger through requiring greater levels of better quality capital, greater protection of depositors, safer and more transparent market structures and practices, and better supervision.”

Brussels, 15 April 2014

EU Bank Recovery and Resolution Directive (BRRD): Frequently Asked Questions

Entretanto o Banco de Portugal e o BES já começaram a cortar o cabelo de alguns clientes do BES!
Banco de Portugal proíbe resgate de obrigações de clientes do BES
Artur Barreto viu dinheiro ser retirado da conta à ordem um dia depois do pedido de resgate antecipado

Os clientes que têm obrigações do BES estão impedidos de resgatar o dinheiro do banco. Para travar a sangria de fundos, o Banco de Portugal deu indicações específicas à nova administração. O BES confirma que estas orientações podem estar a provocar constrangimentos em alguns clientes.

Por: IOL, Redacção / CLC    |   2014-08-02 20:20

ÚLTIMA HORA

A imprensa acaba de confirmar o que acima se escreveu às 13:32...

Governador do Banco de Portugal anuncia às 22h30 solução para recapitalizar o BES
03 Agosto 2014, 15:42 por Jornal de Negócios

Carlos Costa fará uma declaração esta noite a anunciar qual será a solução para recapitalizar o Banco Espírito Santo. As autoridades portuguesas continuam em contactos com a Comissão Europeia.

Solução para recapitalizar o BES com recurso ao Fundo de Resolução
03 Agosto 2014, 14:03 por Jornal de Negócios

O BES sai de bolsa e será dividido em duas instituições. O BES será recapitalizado através do Fundo de Resolução, que recebe um empréstimo da linha da troika para o efeito. E será criado um "bad bank" onde ficarão os activos tóxicos. O anúncio oficial deverá ser feito hoje.

BES: Plano B prevê usar fundo de resolução e criar "bad bank"
01 Agosto 2014, 00:01 por Jornal de Negócios

Além do aumento de capital, exclusivamente através do mercado ou resultante da conjugação de fundos públicos e privados, existe um plano B para lidar com os problemas do BES. Esta alternativa, com menor grau de viabilidade, prevê a utilização do Fundo de Resolução para financiar a reestruturação do banco imposta pelo Banco de Portugal, sabe o Negócios.

Publicado: 3/8/2014, 13:32 WET
Atualização: 3/8/2014, 16:23 WET

sábado, agosto 02, 2014

Quem deve o quê ao BES?


Maria Luís Albuquerque. Ministra das Finanças.

Governo tenta salvar in extremis banco insolvente e falido com mais dívida pública, e portanto com mais austeridade, mais cortes e mais assaltos fiscais aos rendimentos e poupanças dos portugueses normais. Onde está o neoliberalismo, indigentes da Esquerda?


O Estado vai entrar no capital do BES, avançaram esta sexta-feira à noite a SIC e a TVI. A estação de Queluz diz que fontes oficiais do Governo confirmam que o modelo encontrado para resolver rapidamente o problema do BES passa pela entrada de dinheiro público no banco. A estação de Carnaxide acrescenta ainda que a decisão vai ser comunicada já no próximo domingo à noite.

Jornal de Negócios, 1/8/2014, 22:30

Quem deve e o quê ao BES? 

Quanto deve TAP ao BES? Quando deve o Metro de Lisboa ao BES? Quanto deve o Metro do Porto ao BES? Quanto deve a Carris ao BES? Quanto deve a CP ao BES? Quanto deve a Câmara Municipal de Lisboa, do socratino Costa e do primo de Ricardo Salgado, Manuel Salgado, ao BES?  Quanto devem as outras autarquias ao BES? Quanto deve a EDP ao BES? Em suma, o BES encontra-se insolvente e falido, não apenas porque andou a brincar ao Monopólio, não apenas porque andou metido com cleptocratas americanos, africanos, europeus, ibéricos e indígenas, mas sobretudo porque foi um dos principais banqueiros de um regime político que dia a dia implode diante de todos nós, depois de ter capturado a democracia em nome de sonhos populistas que se tornaram pesadelos diários para milhões de portugueses.

Passar a fatura do prejuízo aos contribuintes e empurrar a dívida pública com a barriga é o que o governo, ou melhor dito, o regime corrupto que temos vai voltar a fazer. Deu-o a saber ontem à noite, procurando assim, in extremis, evitar uma corrida dos depositantes do BES às transferências eletrónicas na próxima Segunda Feira. É que se tal viesse a ocorrer, todo o sistema financeiro português poderia colapsar, pois não se vê como é que o Estado poderia garantir levantamentos de depósitos na ordem das dezenas de milhar de milhões de euros.

O governo vai proceder, para todos os efeitos, a uma nacionalizalção parcial e previsivelmente temporária do BES. Parece bem. Mas não é. De facto, com esta medida, o principal objetivo do governo, do Banco de Portugal, da CMVM e dos partidos do regime é esconder da opinião pública que são o estado e as suas empresas públicas, e ainda os rendeiros do regime, os principais devedores do BES e a causa da sua ruína. Mas a consequência vai certamente ser desastrosa, pois o que vamos ter é um aumento colossal do buraco negro da dívida pública — pois ninguém vê como é que o BES poderá pagar uma recapitalização de 4mM€ com juros a 10%. O buraco negro do BES vai acrescer ao buraco negro do BPN e ao ainda por destapar buraco negro da Caixa Geral de Depósitos. Há vários anos que avisámos que algo semelhante a isto iria ocorrer.


BES 2013-2014 (em 30 de junho de 2014)

Quebra de receitas: -73,1%
Depósitos (i.e. responsabilidades): 35 932 M€
Quebra nos depósitos: -1 980 M€
Depreciação da empresa: -41,30%
Custos operacionais: 594,8 milhões (+5,7%) — há 600 funcionários na prateleira
Prejuízos -3 577,3 M€


Ninguém sabe se o BES será o bater de asas de uma nova crise aguda no inevitável colapso do atual sistema financeiro de Bretton Woods, de que os BRICS já fogem a sete pés. Mas lá que vai estourar com os objectivos para o défice português em 2014, 2015, 2016, ... vai.

Apertemos, pois, uma vez mais, os cintos de segurança!


ÚLTIMA HORA

"BES é um BPN cinco vezes maior", SIC, 23:15 02.08.2014

Catarina Martins diz que serão os contribuintes a pagar a recapitalização do BES. Este sábado, num comício no Algarve, a coordenadora do Bloco de Esquerda diz que o Banco Espírito Santo é um caso igual ao BPN, mas cinco vezes maior.

O Bloco sabe que o BPN tinha 4% do mercado de depósitos nacional e que o BES tem 20%. As contas são simples de fazer: 20/4=5. Ou seja, o buraco do BES é (potencialmente) 5 vezes maior do que o do BPN. Que diz António José Seguro? Paga o povo, ou deixa-se cair o banco, como seria normal em qualquer outra empresa insolvente que entre em falência? Não anda o Ministério das Finanças a executar contribuintes devedores pelo país fora, às dezenas de milhar, confiscando-lhes ativos de empresas, terras, casas e salários? Que privilégio deve ter o BES em situação semelhante? Se for privilegiado, além de se premiar a corrupção e o roubo descarado, quem irá pagar a fatura? E será possível impor novos e injustos sacrifícios aos portugueses sem lançar o país numa profunda depressão e no caos social?

A nossa posição é clara e em sintonia com as diretivas do BCE: o BES deve declarar falência, tal com já o fizeram as demais quimeras piramidais do grupo BES, e deve pedir proteção contra credores, iniciando-se imediatamente o processo de recuperação de créditos mal parados, a começar pela EDP, TAP, outras empresas públicas e autarquias. Será terrível? Sim, será muito mau, mas forçará o regime, de uma vez por todas, a reformar o Estado e as suas mordomias, levando a tribunal umas boas dezenas de malfeitores incuráveis.

O colapso do regime está em curso. Quem está no poder (Pedro Passos Coelho) e na Oposição (António José Seguro) têm uma oportunida irrepetível para colocar Portugal noutro patamar de rigor e exigência. Se não o fizeram, acabarão por sucumbor na enxurrada a que objetivamente abrirão portas no caso de nacionalizarem os prejuízos da Dona Branca Espírito Santo Piramidal (BES, GES, ESFG, etc.) e passarem mais esta fatura à economia, aos contribuintes e em geral a todos os portugueses menos os que eventualmente sairem a rir deste escândalo sem precedentes.


A treta de Marques Mendes: "Recapitalização do BES não será feita com dinheiro do Estado" — Sapo
 

Diz Marques Mendes que será um obscurso Fundo de Resolução que irá tapar a cratera do BES com 5 mM€. Ora bem, este fundo tem apenas 138 milhões de euros, e além do mais, não foi constituido para tapar seja o que for. A palavra 'resolução' é uma traduçao da palavra inglesa 'resolution', a qual em finanças quer dizer fechar a tasca falida de forma tão ordenada quanto possível...

Aliás, basta ler o que o BCE escreve e determina para estes fundos de 'resolução':

“What is bank resolution?

Resolution occurs at the point when the authorities determine that a bank is failing or likely to fail, that there is no other private sector intervention that can restore the institution back to viability within a short timeframe and that normal insolvency proceedings would cause financial instability.

‘Resolution’ means the restructuring of a bank by a resolution authority, through the use of resolution tools, to ensure the continuity of its critical functions, preservation of financial stability and restoration of the viability of all or part of that institution, while the remaining parts are put into normal insolvency proceedings.

The EU Bank Recovery and Resolution Directive provides authorities with more comprehensive and effective arrangements to deal with failing banks at national level, as well as cooperation arrangements to tackle cross-border banking failures.

Effective resolution should also address moral hazard, as one of its key functions is to enhance discipline within the markets. Resolution is thus a vital complement to other work streams designed to make the financial system sounder, e.g. making banks stronger through requiring greater levels of better quality capital, greater protection of depositors, safer and more transparent market structures and practices, and better supervision.”

Brussels, 15 April 2014

EU Bank Recovery and Resolution Directive (BRRD): Frequently Asked Questions


Atualização: 3/8/2014, 13:19 

O Goldman boy

Nova sede de EDP em construção, Cais do Sodré, Lisboa

Afinal o Moedinhas vai para Bruxelas. E a Maria Luís fica!


A primeira pergunta que tenho para Vítor Bento é esta: não soube no dia 23 de julho que a Goldman Sachs se desfizera da participação qualificada adquirida a 15 do mesmo mês? Se sabia, porque não esclareceu a opinião pública, os investidores e os clientes do BES? Segunda pergunta: em que posição estão a Desco e a Baupost? Continuam a ter participações de referência, ou também venderam, total ou parcialmente, as ações adquiridas. E se venderam, quando foi? A 23 de julho, ou depois desta data? Quando? Em que dia? A que hora, minuto e segundo?!

Os factos, se confirmados, revelam que entre 23 de julho e 1 de agosto o país e os mercados andaram a ser literalmente iludidos pela nova administração do BES e pelo governo. Se não vejamos:
  • 15 julho
    —Goldman Sachs: compra 2,27% do BES...
  • 21 julho
    —Cavaco Silva afirmou que os portugueses podiam confiar no BES de acordo com informações que recebia do Banco de Portugal.
  • 22 julho
    —BES revela à CMVM que a Goldman Sachs comprou 127,6 milhões de ações a que então correspondia 2,27% do capital...
  • 23 julho
    —Imprensa portuguesa embandeira em arco com o apetite da Goldman pelo BES
    —Citi recomenda a compra de ações do BES...
    —Muitos idiotas dão ordem de compra, e muitos ingénuos adiam a sua saída do buraco chamado BES...
    —Goldman vende neste mesmo dia 4,4 milhões de acções, ficando fora da participação qualificada...
  • 29 julho
    — A-G do BES é adiada sine die a pedido da ESFG depois de ver aceite por parte das autoridades luxemburguesas o seu pedido de protecção contra credores...
  • 30 julho
    —Resultados desastrosos do BES superam tudo o que os analistas de algibeira anunciaram aos quatro ventos, levando Pedro Passos Coelho a adiar a decisão sobre o novo comissário europeu a propor pelo governo português a Claude Juncker, e que, segundo o Observador de 28/7, seria, com certeza, Maria Luís Albuquerque, a qual por sua vez seria substituída pelo Goldman boy Carlos Moedas...
  • 31 julho— O anúncio do comissário europeu a propor por Portugal, prometido para o final do dia 31 de julho, é adiado, alegando Pedro Passos Coelho conversas de última hora com Claude Junker...
  • 01 de agosto
    —A imprensa anuncia oito dias depois do sucedido que, afinal, a Goldman Sachs deixou de ter uma participação qualificada no capital do BES após vender mais de 4,4 milhões de acções, ficando com menos de 2% da instituição. Esta alienação da posição ocorreu, recorde-se, no dia 23 de julho!
    — Passos Coelho anuncia que, afinal, Carlos Moedas é a pessoa indicada pelo governo para a Comissão Europeia, bla bla bla bla bla bla....
Ou seja, a Goldman vendeu, não dia 30 de julho, não no dia 31 de julho, não no dia 1 de agosto, mas no dia 23 de julho o que comprara no dia 15. No dia em que os pseudo brokers e a imprensa desmiolada do nosso país recomendaram a compra de mais lixo do BES, a Goldman Sachs vendeu o dito lixo!


in Zero Hedge
 
Escreve o ZeroHedge:
Goldman Does It Again: Banco Espirito Santo Bonds & Stock Are Crashing
Submitted by Tyler Durden on 07/31/2014 08:22 -0400. Zero Hedge

A week ago, investors were exuberantly buying Banco Espirito Santo (BES) stocks and bonds on the back of disclosures from Goldman Sachs that they have bought stakes in the bank "by virtue of its client transactions." This morning, Goldman along with its muppeted clients  (and hedge funds D.E.Shaw and Baupost) are licking their falling-knife-catching wounds as the stock of BES is down over 50% to new record lows and its bonds have cratered nearly 20 points to 57, after announcing a stunning $5 billion loss. Exuberance has turned to fear over 'burden-sharing' and bail-ins across the capital structure.
Escreve o Jornal de Negócios de 1/8/2014:
"O Goldman Sachs vendeu 4.445.180 acções do BES no dia 23 de Julho, de acordo com a informação divulgada [no dia 1 de agosto] através de um comunicado emitido para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)."
Escreveu o Jornal de Negócios de 23/7/2014:
O operador da Orey iTrade Juan Dieste disse, à Bloomberg, que esta compra "abre a porta a outros investidores institucionais"
Se isto não é um caso de gravíssima manipulação de mercado, ou de pânico, vou ali e já venho!



Quem mandou o Moedinhas para a Bruxelas?


Um palpite: a Goldman Sachs!

Porquê?

Porque dará sempre jeito ao novo Presidente da Comissão Europeia ter por perto um ouvido discreto da Goldman Sachs, e porque a Goldman Sachs, por outro lado, precisa de um ouvido na Comissão, agora que o amigo da América, Durão Barroso, está de saída, a banca europeia continua à deriva, e a Goldman Sachs detém mais de 44 biliões de dólares (44x10E12) de exposição ao mercado especulativo de derivados financeiros. Só para termos uma idiea do que estamos a falar, o PIB mundial ronda os 74 biliões de dólares.

Por outro lado, a Goldman sabe que os seus interesses em Portugal, que vão desde a nossa dívida pública à Dona Branca Espírito Santo Piramidal, passando pela situação de empresas como a EDP (dívida = +17mM€) e a TAP, já só poderão ser convenientemente cuidados em Bruxelas e em Frankfurt.

A Goldman Sach vendeu uma importante empresa eólica, a Horizon WindEnergy LLC, à EDP, e esta, que tem lucros operacionais em Portugal (ó se tem!) continua com uma dívida colossal de 17 mil mihões de euros às costas, ou seja, mais de 5x o prejuízo até agora conhecido do BES.

Por sua vez a TAP, que tem lucros com a sua operação principal, isto é, voar e transportar passageiros, continua com uma dívida acumulada total acima dos 2mM€ de euros (a dívida declarada em 2013 foi de 1 051M€), em grande parte gerada num misterioso centro de custos, ou de transfusão de lucros, sediado no Brasil e que se chama TAP Maintenance & Engineering (ex-VEM). Resta acrescentar que a TAP, assessorada pelo BES e pelo Crédit Suisse, encomendou 12 Airbus A350-900 no valor estimado de 2,5mM€ (Bestap)

O que é que o BES tem a ver com isto? Responda, meu caro Vítor Bento.

E acha mesmo que o povo vai aceitar mais um bad bank a la BPN? Pense duas vezes, e se não encontrar resposta, faça-nos um grande favor: demita-se!

Atualização: 7/9/2014, 12:20 WET

domingo, julho 27, 2014

TAP ou o BES?



Avião que caiu no Mali no dia 24 de julho pertencia à Swiftair, companhia de charters com quem a TAP contratou um avião similar entre 3 e 22 de julho. 

 

A TAP anda a fretar aviões a companhias de vão de escada sem as auditar. O avião que anda a fazer voos para Fortaleza é uma aeronave ucraniana!

 

Um dilema dos diabos: ou deixam cair o BES, ou os passageiros da TAP continuarão a ver os aviões levantar voo sem eles, e um dia destes acabarão mesmo por ficar sem voo, nem reembolso do dinheiro pago pelos bilhetes!


Maria Luís Albuquerque e Passos Coelho têm um dilema nas mãos: ou deixam cair a TAP, ou deixam cair o BES. António José Seguro já deu a entender a sua posição: a TAP não é para privatizar, pelo menos por este governo, ou seja, que caia o BES!

A insolvente TAP tem uma dívida colossal ao insolvente BES, que se não for paga, a par de outras dívidas, poderá acabar de vez com o mais simbólico e pirata banco do regime.

O BES está na unidade de cuidados intensivos do senhor Bento, entre outros motivos, pela ganância e incompetência do senhor Salgado. Esta criatura voraz habituou-se a viver como um lorde inglês, cobrando rendas garantidas aos indígenas através de um regime político essencialmente corporativo, partidocrata e corrupto. Acontece que o país faliu sucessivamente, primeiro nas empresas públicas que a corja partidocrata e os sindicatos esconderam do perímetro orçamental, depois através de um imparável endividamento direto junto das instituições financeiras e fundos de investimento nacionais e internacionais, até, por fim, colapsar e cair nas garras dos credores. À medida que as rendas desciam, que o investimento público especulativo se esfumava, que o governo pedia mais dinheiro, que as empresas e os particulares viam o acesso ao crédito interrompido e deixavam de honrar os seus compromissos, os bancos, nomeadamente o Banif, o BCP, o BPN, o BPP, a Caixa e o BES iniciaram uma queda vertiginosa em direção à insolvência. A Caixa, apesar de todas as asneiras, abusos de confiança e crimes cometidos, tem-se safado pois ainda conta com o chapéu de chuva governamental a protegê-lo, mas todos os outros, foi o que se viu e está a ver.

A corrida pelos grandes projetos, como as barragens encomendadas pelo crápula Sócrates ao cabotino Mexia, ou como o NAL da Ota, que depois migrou para Alcochete, e que implicaria a venda dos terrenos do Aeroporto da Portela ao senhor Ho, a compra de terrenos, primeiro na Ota, depois em Rio Frio, Canha e Alcochete (1), e a construção de uma terceira travessia do Tejo, a tristemente famosa TTT Chelas-Barreiro entusiasticamente apoiada pelo moço de fretes António Costa, foi uma verdadeira fuga em frente do regime e da sua corja de rendeiros e devoristas. Criam que quanto maior fosse o próximo projecto (o adiantado Mateus até inventou uma cidade aeroportuária na Margem Sul) mais margem haveria para pagar o serviço crescente das dívidas pública e privada e argumentos para angariar novos créditos. Contaram para esta corrida de lémures, com o apoio dos grandes especuladores do planeta, desde logo, com as víboras da Goldman Sachs, de onde provem o fedelho Moedas que, imagine-se, nesta fase crítica do processo, queren elevar à categoria de próximo ministro das finanças!

Está fora de causa o recurso ao dinheiro do BCE e do FMI para salvar a cratera bancária em que a pirâmide de Ponzi conhecida por BES se transformou. Passos Coelho limitou-se a transmitir o recado óbvio em tempo oportuno. Resta saber porque carga d'água a Goldman Sachs desatou a comprar ações do BES (2,27% do capital) no dia 15 de julho deste ano, e porque, coincidentemente, colocaram o fedelho Moedas na rampa de lançamento para as Finanças?

Quem vai afinal refinanciar o BES e pagar as dívidas, certamente depois de o próprio BES cobrar algumas delas, pesadas, nomeadamente à TAP, ou seja, ao governo de Portugal, ou seja, a todos nós? Se a TAP não paga o que nos deve, nós fechamos... dirá Vitor Bento amanhã, ou depois, ao PM.

Se não houver refinanciamento, nem quem empreste dinheiro ao BES a tempo de lidar com as suas responsabilidades financeiras e legais, quem garantirá a credibilidade financeira da insolvente TAP uma vez desligada do seu banco de sempre, o BES? O Estado não pode. A Parpública é o escândalo que se segue. Logo, quem?

Se o o BES executar as dívidas da TAP, a TAP abre falência e pede proteção contra os credores. Mas a TAP é, como se sabe, uma empresa pública, logo, será o Estado a ter que se chegar à frente—capiche?

Ou seja, num segundo cenário deste dilema poderemos assistir ao fecho da TAP, por exemplo, numa Sexta Feira do próximo mês de setembro, assumindo o Estado parte ou a totalidade desconhecida das perdas, mas que andará sempre acima dos 2,5-3 mil milhões de euros. Poderemos assistir à paragem de todas as aeronaves durante o fim-de-semana. Poderemos assistir pelos telejornais a uma privatização relâmpago da TAP, com a venda da companhia livre de dívidas e pelo preço dos slots que detém, mais o valor dos seus pilotos e pessoal de manutenção, e mais ainda pelo preço de desconto das suas aeronaves, aliás todas ou quase em todas em regime de leasing. Nesta hipotética privatização consumada em meia dúzia de dias, o nunca investigado centro de custos e obscura empresa de manutenção da TAP sediada no Brasil (ex VEM) permaneceria no perímetro da Parpública até melhor oportunidade.

A TAP 2.0, nascida desta privatização relàmpago, regressa às operações na Segunda Feira pós-falència e venda já com novo dono, uma empresa que, presumo, estará neste preciso momento a ser cozinhada (2).

Entretanto, Cavaco Silva e Pedro Passos Coelho voaram para Timor, não por causa da CPLP, mas para pedir socorro financeiro ao Xanana e ao crápula da Guiné Equatorial. Foram os dois, porque nenhum confia no outro, claro!

Em post anterior chamámos a atenção para a rápida deterioração da imagem da TAP e para os perigos que a fragilidade financeira extrema da companhia pode trazer às expetativas e à segurança dos passageiros. Os cancelamentos de voos e incidentes, porém, continuam...


TAP - multiplicam-se os incidentes e a preocupação com a segurança
A TAP é uma das vítimas propiciatórias do Bloco Central da Corrupção, da indigência e corrupção partidárias e parlamentares do regime, e dos banksters deste país, a começar, claro, pela Dona Brana Espírito Santo.

Enquanto o senhor Salgado exigia ao Álvaro um aeroporto em Alcochete para aviões intercontinentais Airbus A380, enquanto a TAP encomendava 12 aviões Airbus A350-900, e alguns adiantados mentais exigiam uma cidade aeroportuária para os aviões Low Cost na Margem Sul —ao mesmo tempo que boicotavam por todos os meios, incluindo o uso e abuso da voz 'soprada' do senhor Miguel de Sousa Tavares, o plano ferroviário de ligação da Península Ibérica ao resto da Europa—, as Low Cost iam tomando paulatinamente conta do mercado do transporte aéreo em Portugal e no resto da Europa, fazendo do turismo, em plena crise aguda da dívida soberana, a principal indústria exportadora indígena. A própria Lufthansa decidiu recentemente apostar nos serviços aéreos Low Cost, não apenas nos voos europeus e de médio curso em geral, como nos próprios voos intercontinentais e de longo curso em geral.

Em Portugal, sob a batuta dos condottieri Monteiros, todas as decisões foram não só erradas, como potencialmente criminosas. Basta compilar o registo desde 2007 dos incidentes e cancelamentos inexplicados de voos ocorridos com aeronaves da ou ao serviço da TAP, para percebermos a gravidade do que tem vindo a acontecer:

20) TAP cancela voo Maputo-Lisboa por "questões técnicas"
Económico, 25/7/2014

19) Passageiros de voo da TAP cancelado queixam-se de falta de assistência
Lusa e PÚBLICO, 22/06/2014 - 07:52

18) Avião da Portugália voa com "problemas técnicos". Aeronave do grupo TAP partiu da cidade do Porto com destino a Milão, mas regressou ao aeroporto passada uma hora.
Correio da Manhã, 14-07-2014

17) "Explosão" em reator de avião da TAP danifica viaturas
Lusa | 14:21 Sábado, 12 de Julho de 2014
Atualização (14-7-2014, 20:39)
A aeronave acidentada, segundo comunicou a companhia, é um Airbus A330-200 (CS-TOO ‘Fernão de Magalhães’) adquirida à Airbus em 2008.
16) Avaria de avião da TAP impede passageiros de ver jogo de Portugal
TVI24, 17-06-2014

15) Avião da TAP retido ontem no aeroporto de Belém do Pará, Brasil
SIC, 09-06-2014

14) TAP afasta risco de penhora do seu avião no Brasil
Negócios, 24 Abril 2014, 16:28

13) O voo da TAP que fazia domingo a ligação Lisboa-Recife aterrissou no início da tarde de segunda-feira (10) no aeroporto dos Guararapes, na capital pernambucana.
Portugal Digital, 10-03-2014 15:45

12) Passageiro de avião da TAP retido em Milão reclama tempo de espera e falta de alternativas
SIC, 23:36 26-12-2013

11) Passageiros retidos em Zurique regressaram a Lisboa
DN, 25-12-2013

10) Avião da TAP retido em Moscovo há mais de 24 horas
SIC, 25-05-2013

09) 103 passageiros da TAP retidos em S. Tomé devem regressar a Lisboa no sábado
Lusa, 27-12-2013

08) Avião da TAP retido em Caracas faz desesperar 250 passageiros
JN 28-06-2012

07) Avaria no trem de aterragem obrigou avião da TAP a regressar a Lisboa
JN, 03-10-2011

06) Brasil: Avião da TAP aterra de emergência com avaria
Expresso/Lusa | 02-04-2011

05) Avião da TAP continua retido em Maputo
Lusa, 01-09-2010

04) Avião da TAP retido em Joanesburgo devido a avaria
TSF, 06-05-2010

03) Passageiros retidos em Roma devido a avaria em avião da TAP
Diário Digital, 08-02-2010

02) Avião da TAP retido em Kinshasa e piloto preso
DN, 01-10-2008

01) Aviação: Avião da TAP retido em Lisboa por avaria partiu 20 horas depois do previsto para a Venezuela
Expresso, 22-09-2007

O ANTÓNIO MARIA ERROU

Ao contrário do que chegámos a publicar, e hoje (29/07/2014 19:10) corrigimos, o avião que se despenhou no Malí nunca esteve ao serviço da TAP. Esteve, sim, um outro avião do mesmo fabricante e modelo, fretado à mesma empresa de charters espanhola, a Swiftair, e que, entretanto, deixou de operar ao serviço da TAP no dia 22 de julho de 2014.

Para conferir estes dados, pesquisados depois do aviso recebido em oportuno comentário dum leitor, consultar os seguintes links:
  • Avião que operou para a TAP e continua em operação: McDonnell Douglas, MD-83, EC-KCX | ao serviço da TAP entre 2014/07/03 09:10 - 2014/07/22 20:03 (libhomeradar)
  • Avião acidentado: McDonnell Douglas MD-83, EC-LTV ---- Crashed 24. Jul 2014 enroute OUA-ALG operating flight AH5017 with 116 people on board including 6 crew members. Contact was lost about 50 minutes into the flight, the aircraft crashed about 100km southwest of Gao, Mali (Planespotters)

NOTAS
  1. Teria a prenda do misterioso José Guilherme servido para compensar compras de terrenos do felizmente abortado NAL da Ota em Alcochete?
  2. Pais do Amaral confirma estar na corrida para a privatização da TAP
    26 Julho 2014, 21:18 por Lusa/ Jornal de Negócios

    Em entrevista ao Dinheiro Vivo, divulgada este sábado, 26 de Julho, o presidente do conselho de administração da Media Capital, que detém a TVI e dono da Leya, adiantou que em parceria com o norte-americano Frank Lorenzo, antigo accionista da Continental Airlines, está na corrida à privatização da TAP e que está em condições para lançar uma oferta sobre a totalidade da transportadora aérea.

    [...]

    Miguel Pais do Amaral adiantou que o consórcio é financeiro e a JP Morgan Nova Iorque é o "adviser" da operação e admitiu trabalhar com o BPI.

    "Estamos interessados em apresentar uma proposta e em comprar 100% da TAP", afirmou o empresário, que acredita que existem condições para a privatização acontecer ainda durante esta legislatura.
     
Atualizado: 30/7/2014 12:22

quarta-feira, julho 23, 2014

BES afunda, também, o Banco de Portugal

Uma instituição secular em fim de vida

Colapso do BES evidencia conivência do Banco de Portugal no desastre


Foi preciso as autoridades judiciais do Luxemburgo terem anunciado publicamente uma investigação ao grupo BES para que o senhor Carlos Costa (ex-BCP) acordasse. Não acham estranho? Ninguém investiga? Onde está a reclamação do Tozé?!

A este propósito, vale a pena ler na íntegra o post de João Rendeiro publicado sobre o desastre que tem sido a sinecura partidocrata que o Banco (público) de Portugal tem sido desde que foi tomado de assalto pela aliança espúria entre banqueiros, banksters e a corja partidocrata corrupta que afundou este já irremediável regime.

O que escreve Rendeiro:
Como é possível que ainda no último trimestre de 2013 o BES tivesse uma exposição total ao papel comercial do GES de cerca de € 6 mil milhões com o beneplácito do BdP?

Como é possível que estando a ESI insolvente desde 2008 só em 2014 o BdP descobre a questão? Note-se que até há pouco tempo a supervisão do Banco de Portugal e os testes de stress eram feitos na ESFG, sociedade cotada em Bolsa, a qual tem uma subsidiária – a ESFIL – canalizadora dos recursos da área financeira para a área não -financeira do GES. A ESFIL foi supervisionada até há pouco tempo pelo Banco de Portugal, como pode agora argumentar-se que a supervisão nada sabia?

Como é possível que todas estas sociedades insolventes tenham continuado a operar e transacionar em Bolsa, enganando milhares de investidores que pensavam estar protegidos por reguladores e auditores?

E o que dizer da inacreditável situação no BESA?

Como é possível que o Banco de Portugal tenha conduzido Ricardo Salgado a fazer o último aumento de capital do BES sabendo dos problemas no GES e enganando objetivamente os investidores?

[...]

Em termos de supervisão macro-prudencial qualquer pessoa de Bom senso (raro de encontrar em economistas) só poderia dar ao Bdp com Vítor Constâncio à cabeça, uma nota muito negativa.

E perante quadro tão negativo que sanções tiveram Vítor Constâncio e seus pares?

Que vexames tiveram na Praça Pública?

A que escrutínio Parlamentar foram sujeitos?

Que jornalistas fomentaram a análise destas temáticas?

Que processos judiciais tiveram?

Constâncio, como se sabe, fruto do seu admirável trabalho de arruinar Portugal foi promovido a lugar cimeiro no BCE. Foi substituído por Carlos Costa.

Em termos curriculares e de perfil pessoal uma casa de rating dificilmente daria mais do que BB – a Carlos Costa e tenho para mim que Carlos Costa chumbaria num curso de Macro ministrado por Constâncio. Mas Costa é amigo de Teixeira dos Santos e isso chegou como referência.

Felizmente, grande parte das matérias referentes à estabilidade financeira trasladarão no final deste ano para o BCE e o Governador do BdP passará a irrelevante nesta matéria.

João Rendeiro
A Supervisão do Banco de Portugal 
18-07-2014

João Rendeiro, o banqueiro especulativo do BPP, e conhecido amante das artes, é certeiro e a sua denúncia, se fosse em Nova Iorque, ou no Luxemburgo, já teria levado as câmaras de representantes do povo e as autoridades judiciais a investigarem forte e feio o dito Banco de Portugal.

No entanto, os argumentos de quem se lambusou no bacanal da diarreira monetarista valem o que valem...  e a questão é, no fundo, mais ampla e estrutural do que a espuma do Champagne e o fumo dos charutos podem fazer crer.

A monetização das dívidas e a expansão dos orçamentos públicos e das dívidas em geral, nos EUA e na Europa, que datam de meados das décadas de 1970 e de 1980, traduzem a tentativa de contrariar uma tendência inelutável:

  • o fim de um modelo de crescimento rápido, apoiado em energias abundantes, móveis e baratas,
  • o equilíbrio parcial, mas decisivo para a crise geo-estratégica em curso, da distribuição da riqueza global, 
  • a incapacidade da oferta agregada mundial satisfazer em condições de quantidade, qualidade e preço a procura agregada mundial, 
  • em suma, o fim de uma era inflacionária (como lhe chamou David Hackett Fisher), cujo começo se situa por volta do Jubileu da Rainha Victoria: 1897.

A revelação dada ontem pelo WSJ, e descodificada pelo Zero Hedge, diz-nos que o Deutsche Bank tem qualquer coisa como 55 biliões de euros de exposição aos derivados financeiros OTC, i.e. especulativos. Estes 55x10E12 euros, embora sendo um valor 'nocional', equivalem a mais de 4x o PIB da UE, e superam mesmo o PIB mundial. É caso para dizer: o buraco deles é muito maior do que o nosso. Ou dito doutra forma: precisamos de por os dados em contexto analítico. Mas o grande problema é que o contexto é mesmo catastrófico. A transição que já começou, mas está longe de terminar, vai continuar a ser explosiva e implosiva ao mesmo tempo!



NY Fed Slams Deutsche Bank (And Its €55 Trillion In Derivatives): Accuses It Of "Significant Operational Risk"

First it was French BNP that was punished with a $9 billion legal fee after France refused to cancel the Mistral warship shipment to Russia (which promptly led to French National Bank head Christian Noyer to warn that the days of the USD as a reserve currency are numbered), and now moments ago, none other than the 150x-levered NY Fed tapped Angela Merkel on the shoulder with a polite reminder to vote "Yes" on the next, "Level-3" round of Russia sanctions when it revealed, via the WSJ, that "Deutsche Bank's giant U.S. operations suffer from a litany of serious problems, including shoddy financial reporting, inadequate auditing and oversight and weak technology systems."

What could possibly go wrong? Well... this. Recall that as we have shown for two years in a row, Deutsche has a total derivative exposure that amounts to €55 trillion or just about $75 trillion. That's a trillion with a T, and is about 100 times greater than the €522 billion in deposits the bank has. It is also 5x greater than the GDP of Europe and more or less the same as the GDP of... the world.

Zero Hedge | Submitted by Tyler Durden on 07/22/2014 20:41 -0400

terça-feira, julho 22, 2014

ANA—Pink Flamingo Terminal


Lisbon Airport - Pink Flamingo Terminal


Voos comerciais aterram no Montijo em 2017

Expresso, 8:27 Sábado, 19 de julho de 2014

A Ana - Aeroportos de Portugal está a trabalhar no projeto da utilização da Base Aérea do Montijo como complemento à atividade do aeroporto da Portela. O Expresso sabe que há interesse em ter a pista do Montijo operacional para voos comerciais em 2017.

A ANA tem mantido conversas com a TAP sobre o Montijo e o Expresso sabe que o presidente da companhia, Fernando Pinto, vêm com bons olhos a utilização do Montijo para desenvolver a atividade das companhias de baixo custo.

Sobre a privatização da TAP, o ministro da Economia, Pires de Lima, defende a venda parcial da empresa, mas considera que esta operação não deve ser feita a poucos meses das eleições. E diz que, para já, não estão reunidas as condições para a privatização avançar.

O Lobby da Ota e o velho eixo Norte-Sul
O António Maria, sábado, julho 02, 2005
Em O Grande Estuário [01-05-2005], projecto dinâmico e aberto de reflexão pública sobre Lisboa, a Grande Área Metropolitana de Lisboa e a Região de Lisboa e Vale do Tejo, continuamos a pensar que será possível manter o aeroporto da Portela, com duas extensões próximas (Montijo e Tires).

Pink Flamingos Airport (Lisboa-Montijo)
O António Maria, quarta-feira, Outubro 12, 2011

Portela+Montijo tem asas para voar!

Os aviões civis podem aterrar hoje mesmo no Montijo, sem qualquer problema, nem quaisquer custos acrescidos. No entanto, uma metamorfose mais elaborada do aeródromo militar do Montijo e a sua transformação no aeroporto Low Cost de Lisboa seria da máxima conveniência, até para almofadar as vibrações negativas decorrentes da improvável privatização da TAP, ou, como é opinião minha e de muita gente, de um spin-off da empresa, que a mantenha nas mãos do Estado, mas sob um regime de administração mais inteligente, eticamente irrepreensível e espartano!

Manobras desesperadas do lóbi cavaquista do embuste imobiliário da Ota em Alcochete montaram uma verdadeira barragem de tiro ao Álvaro (como alguém escrevia com graça) em volta deste tema e de outros que muito incomodam a nomenclatura que nos conduziu à bancarrota. Não nos esqueçamos, porém, que um tal Fantasia, da SLN/BPN, vizinho da rainha de Belém na urbanização da Coelha, adquiriu 250 milhões de euros de terrenos à volta do prometido NAL de Alcochete, quinze dias antes de Sócrates anunciar o abandono do NAL na Ota!

Basta pesquisar a palavra Montijo neste blogue para constatar que desde 2005 a extensão do aeroporto internacional de Lisboa, da Portela para o Montijo (que tem um perímetro e uma área bem maiores do que os da Portela) tem sido a solução por nós proposta.

Desde então a corja cor-de-rosa, a corja de avental branco e a corja da Urbanização da Coelha, a soldo da Dona Branca Espírito Santos e Piramidal de Lisboa, delapidaram centenas de milhões de euros dos contribuintes em estudos e mais estudos realizados por adiantados mentais sempre às ordens, especialistas e instituições indigentes, sobre a excelência de um aeroporto debaixo de água na Ota, depois sobre absoluta necessidade de entregar os terrenos da Portela ao senhor Ho, com quem o PS do famoso cardeal Pina Moura fez negócios ainda hoje por esclarecer e consequentemente construir uma cidade aeroportuária em Rio Frio-Canha-Alcochete, unida a Lisboa pela famosa TTT Chelas-Barreiro, beatificamente incensada pelo sargento-ajudante do Pinóquio, o culto António Costa, mas que deixou de ser interessante assim que a Mota-Engil perdeu o concurso ganho pelos espanhois. Foi preciso Portugal entrar em completa bancarrota, e as nossas finanças passarem para a alçada do BCE-FMI, e a ANA ser entregue aos árabes da francesa Vinci, para que uma ideia simples, óbvia, aqui proposta em 2005, fosse finalmente adotada. Convém sublinhar que não cobrámos um cêntimo pelas dezenas largas de artigos dedicados a este tema. Mas gostaríamos que os piratas fossem investigados, julgados e punidos.

O colapso da banca rendeira do país, aqui anunciado há muito —Banif, BPN, BPP, BCP, BES e Caixa Geral de Depósitos, veio finalmente acabar com o saque sem limites a que se dedicou a cleptocracia indígena durante décadas, em plena comunhão de interesses com o corrupto sistema partidário que deixámos medrar sob os auspícios de instituições extrativas e burocracias indigentes de todo o género, passado e feitio. Os bancos que ainda não cairam estão em unidades de suporte de vida pagos pela dívida pública, e portanto pela austeridade que tanto criticamos, sem perguntarmos de onde vem.

O efeito dominó está em curso. Resta esperar pelas próximas vítimas. A primeira delas, depois do BES e da Portugal Telecom, poderá ser a TAP e os transportes públicos em geral. Mas a EDP, com os seus 17,4 MIL MILHÕES DE EUROS DE DÍVIDA ACUMULADA, parte dela encalhada nos Estados Unidos, é uma vítima anunciada que um dia terá que renunciar ao embuste do chamado Programa Nacional de Barragens de Elevado Potencial Hidroelétrico (cujo sítio oficial se encontra inacessível...) acordado entre 2005 e 2007 com o Pinóquio Sócrates, nomeadamente para 'ajudar' o falido governo de então com umas largas centenas de milhões de euros de adiantamentos por rendas futuras.




A TAP sem o BES é como um avião atingido numa asa

Teme-se pelo pior. Como sempre sugerimos, o único caminho disponível passa por desmembrar a companhia e reestruturá-la (spin-off), criar um segmento Low Cost dedicado ao médio curso (Europa-Norte de África), e um segmento de longo curso, porque não também Low Cost, agora que o boom brasileiro acabou, e em breve ocorrerá o mesmo a Angola, China e África do Sul? Depois disto, então, a privatização da TAP poderá, enfim, encontrar o seu caminho. Claro que para quem usou e usa a TAP como uma mala diplomática inconfessável, e/ou como um correio de dinheiro sujo, esta privatização será sempre condenável, em nome do interesse nacional, claro!


POST SCRIPTUM

Publicamos a esta propósito um email recebido esta manhã.

No fim da passada semana, em vários jornais sobre esta polémica do NAL, Sérgio Monteiro veio defender a solução da Portela + 1, sendo o "+1" uma base aérea militar, depreendendo-se tratar-se do Montijo.

A questão dos "PRIVADOS" do NAL leva-nos ao BES.... e à TAP.

Ultimamente a TAP tem sido alvo de notícias sobre o cancelamento dos seus voos, e a opção dos clientes pelas Low Cost. Pelos vistos não tem sido opção da TAP encaminhar os passageiros dos voos cancelados para as Low Cost, mas sim deixar os clientes "reféns" da própria TAP, nos hotéis. Foi assim em Milão e quem quiser alinhar pelos critérios TAP vai ter que ficar em Milão até amanhã. É claro que os clientes, vendo nos placards voos com destino a Portugal de uma easyJet ou Ryanair, não aceitam as desculpas gaúchas de que a culpa é do "tremennnnndo cresssscimento da TAP".

Curiosamente, ainda há uns anos, a TAP sonhava todos os dias com a Ota na Ota, ou com a Ota em Alcochete, ao mesmo tempo que o sapo do BES (já falido) defendia um NAL (em Alcochete) para ali aterrarem os A380. Este fim de semana, e apenas por causa de uma avaria, aterraram 2 B747 da BAirways. Um avariado e outro para transportar os passageiros que tiveram que deixar a aeronave avariada. Como nos próximos tempos a Portela vai ser, basicamente, um aeroporto regional, não estou a ver nenhum A380 a aterrar onde quer que seja em Portugal.

Salvo melhor percepção, os problemas da TAP são de capital, o que se reflecte na libertação de "novos" aviões. Não há caroço, logo nada de aviões, e como a TAP anda desesperada a tentar fazer dinheiro, vende lugares que não existem. Uma das fontes de financiamento da TAP secou, ou seja o BES, que durante este tempo todo tem apoiado o Gaúcho desde que o Gaúcho "defenda" os interesses da TAP, ..., foi assim com a compra da Portugália, foi assim com a assessoria técnica para a venda da TAP.

No mínimo, a TAP deveria fazer como a Malasia Airlines, que resolveu devolver integralmente o dinheiro aos clientes caso estes não pretendam viajar com a companhia malaia. A TAP, como não tem dinheiro para devolver aos clientes apeados que prefiram optar por outro voo, oferece-lhes como única alternativa estadias forçadas em hotéis.

No médio curso, a TAP transfigurou-se numa empresa que passou a vender estadias de hotel em vez de viagens de avião. Quando um dia pensar em ir novamente a Milão, nada melhor do que ir a um balcão da TAP e comprar uma estadia. A TAP gaúcha está, na verdade, a piorar a sua imagem a cada dia que passa.
Aquando da compra dos 12 A350 da TAP, esta tinha ainda na sua carteira de encomendas seis (!) A320. O que se passou foi que a TAP, sem"caroço", teve que abdicar da compra dos A320 e "vender" a sua posição nos A350, tentando ganhar tempo para ganhar dinheiro.

Mas sem o BES a TAP é uma companhia cada vez mais exposta e vítima da sua equipa de gestão. Onde está Luis Mor(mente) que em Setembro de 2008 anunciava "n+1" novas rotas de Lisboa e Porto, tentando esgotar os slots da Portela e Porto? O buraco foi o que foi e tiveram que bater em retirada.

As Low Cost, easyJet e Ryanair, entre outras, apesar de estratégias não coincidentes, estão claramente a conquistar o chamado segmento "corporate". No Porto, com a nova base da easyJet, é exactamente isso que está a acontecer, tudo debaixo do nariz do Gaúcho e da ParPública. Só não vê quem não quer. Disse Parpública? O que é? Quem são? O que fazem?

Entretanto, todos calados... ¡"No passa nada"!

quinta-feira, julho 10, 2014

Novo buraco negro. Chama-se PSI-20

PSI-20 (10/7/2014, 10:13:51 WET

Pelo preço dum jantar no Bairro Alto podemos comprar o PSI 20 — ou seja, uma ação de cada uma das vinte empresas mais cotadas do índice: 54,487€


Última hora: CMVM suspende ações do BES, como neste post se previa! Recomendação: fechar a Bolsa indígena até Segunda Feira e deixar correr o marfim por essa Europa fora. Entretanto, o gabinete de crise (já existe?) que prepare o país para um segundo resgate :(

De acordo com a Teoria Geral da Relatividade, um buraco negro é uma região do espaço da qual nada, nem mesmo objetos que se movam na velocidade da luz, podem escapar. Este é o resultado da deformação do dinheiro-tempo, causada após o colapso de um banco, por uma matéria astronomicamente forte (tipo Rio-Forte) e, ao mesmo tempo, infinitamente compacta e que, logo depois, desaparecerá dando lugar ao que a Física chama de FALÊNCIA na Singularidade (o BES é, de facto, uma SINGULRIDADE), o coração de um buraco negro, onde o tempo para e o DINHEIRO esfuma-se.

Um buraco negro começa a partir de uma superfície denominada horizonte de eventos, por exemplo, o Luxemburgo, ou a Suíça, que marca a região a partir da qual não se pode mais voltar. O adjetivo negro em buraco negro deve-se ao facto deste não refletir nenhuma parte da luz que venha atingir o seu horizonte de eventos, atuando assim como se fosse um corpo negro perfeitamente falido.

Acredita-se, também, com base na mecânica quântica, que buracos negros emitam dívida, da mesma forma que os corpos negros da termodinâmica a temperaturas falidas.

Esta temperatura, entretanto, é inversamente proporcional à massa do buraco negro, de modo que observar a radiação térmica proveniente destes objetos torna-se difícil quando estes possuem massas falidas comparáveis às das estrelas.

Apesar de os buracos negros serem praticamente invisíveis, estes podem ser detectados por meio da interação com os bancos da sua vizinhança.

Um buraco negro pode, como, por exemplo, um sapo, ser localizado por meio da observação do movimento das rãs de uma dada região do espaço. Outra possibilidade da localização de buracos negros diz respeito à deteção da grande quantidade de dívida emitida quando a matéria proveniente de uma estrela angolana é aspirada para dentro do buraco negro (constelação Eduardo dos Santos), aquecendo-se a altas temperaturas.

Embora o conceito de buraco negro tenha surgido em bases teóricas, astrónomos têm identificado inúmeros candidatos a buracos negros estelares e também indícios da existência de buracos negros super falidos (constelações BCP e Banif) no centro de galáxias maciças.

Há indícios de que no centro da própria Via Láctea, nas vizinhanças de Sagitário A*, deve haver um buraco negro TIPO BES com mais de 8 mil milhões de massas solares insolventes.

Presume-se que o efeito de aspiração continue assim que os especuladores americanos acordarem, com alta probabilidade de as transações do BES virem a ser suspensas à semelhança do que esta amanhã ocorreu com os tírulos ESFG. O vendaval prossigue até amanhã... Na próxima Segunda Feira serão avaliados os estragos :(

Nota: este post tem origem num mail enviado à redação d'OAM por um dos nossos atentos observadorese analistas.