O discurso nacionalista é uma velha patranha das elites rendeiras instaladas, que o PCP de Cunhal importou do provinciano Salazarismo
Privatizar a TAP? Mas como, se a única coisa que há para privatizar são dívidas descomunais e responsabilidades contraídas de forma aventureira, para não dizer criminosa?
'Low-cost' acentuam ganhos nos voos domésticos
As companhias aéreas de baixo custo ('low-cost') registaram um aumento de passageiros desembarcados nos voos domésticos de 14,2 por cento no primeiro semestre de 2012, segundo dados da ANA—Aeroportos de Portugal.
O que é que na estagnada economia portuguesa cresceu acima de dois dígitos? Foram as companhias aéreas Low Cost: 14,2%. E o que é que caiu abaixo da própria recessão da economia portuguesa? Foram as companhias aéreas tradicionais e de bandeira: -9,7% :(
Companhias como a easyJet. Air Berlin, ou Ryanair, apesar de esta última continuar a ser boicotada em Lisboa pelo Bloco Central da Corrupção, que manda na ANA, comeram, só nos primeiros seis meses deste ano, mais 3% do mercado das companhias aéreas convencionais, boa parte delas subsidiadas de forma disfarçada pelos contribuintes europeus.
Solução: obrigar as companhias como a TAP, a Iberia ou a British Airways, todas elas em grandes dificuldades, a evoluírem para companhias de baixo custo, ou então, fechá-las, como em tempos (março, 2002) a Swissair fechou, dando lugar a outra empresa chamada Swiss International Air Lines (abril, 2002), a qual, por sua vez, viria a ser tomada pela Lufthansa em 2005.
No caso da TAP, abortada a presente operação de privatização (um desastre previsto várias vezes neste blogue, e que agora nos parece praticamente inevitável), deverão ser feitas duas coisas:
demitir Fernando Pinto e toda a administração da TAP, abrindo um inquérito rigoroso e consequente à falência da empresa;
aprofundar, de imediato, a reestruturação da TAP, em dois passos sucessivos: venda da empresa de manutenção sediada no Brasil, e criação de uma TAP Low Cost, seguindo e adaptando o modelo recentemente anunciado pela Air Canada.
Uma vez realizada essa operação, o governo retomaria a operação de privatização de 100% da companhia. As ligações entre ilhas nos arquipélagos dos Açores e da Madeira deverão passar a ser asseguradas por empresas privadas locais com a dimensão adequada.
E depois?
Manter a Portela a funcionar vai custar 470 milhões
Será necessário gastar cerca de 470 milhões de euros, a preços actuais, para manter o aeroporto da Portela a funcionar até 2050 em padrões mínimos e com uma capacidade de processamento que não vai passar dos 18,1 milhões de passageiros por ano, noticiou o "Diário Económico".
As nossas contas em cima do joelho* são bem diferentes daquelas que as agências de propaganda do lóbi da Ota em Alcochete nos querem impingir:
Custo da melhoria e aumento de capacidade operacional da Portela: ~500 milhões de euros;
Número de quilómetros do vai-e-vem entre um indesejável Novo Aeroporto de Lisboa em Alcochete e Lisboa: 18 milhões de passageiros x 100 km (distância ida-e-volta entre Alcochete e Lisboa) = 1 800 000 000 km/ano;
Custo estimado do combustível do vai-e-vem automóvel, admitindo que todos se deslocam em viatura própria ou familiar (combustível de referência: gasóleo; 1,3 passageiros p/ viatura) entre um indesejável NAL em Alcochete e o Terreiro do Paço—Lisboa (a preços de setembro de 2012): ~ 128 686 000 €/ano.
Custo estimado do combustível do vai-e-vem automóvel entre o Aeroporto da Portela e o Terreiro do Paço—Lisboa (20 km), admitindo que todos se deslocam em viatura própria ou familiar (combustível de referência: gasóleo; 1,3 passageiros p/ viatura): ~25 737 200 €/ano;
A poupança na Portela é da ordem dos 102 948 800 €/ano, ou seja, em cinco anos apenas o investimento na Portela estaria recuperado por comparação com a alternativa Alcochete Por Fases. Na realidade, o investimento na Portela seria recuperado em menos tempo, pois há que descontar ainda a poupança introduzida pelo recém inaugurado Metro do Aeroporto neste cálculo e, por outro lado, somar aos custos da opção Alcochete Por Fases, entre outros, o impacto financeiro das novas acessibilidades rodoviárias e ferroviárias.
Mantendo o aeroporto na Portela, uma pessoa que viva perto do Terreiro do
Paço, exige 40 km de percurso automóvel por cada viagem
aérea (Terreiro do Paço—Portela—Terreiro do Paço + Terreiro do Paço—Portela—Terreiro do Paço). Usando o mesmo carro a gasóleo, aos preços de hoje, o morador nas imediações do Terreiro do Paço gastará menos
de 4 euros de combustível se o Aeroporto da Portela se mantiver onde está, mas gastaria
mais de 18,5 euros, se tivesse que se deslocar a um
qualquer NAL nas imediações de Alcochete/Canha! Se se acrescentar as
portagens de uma das pontes, o custo sobre para 23,5€ (pela Ponte Vasco
da Gama — percurso menos longo), ou 21,6€ (pela Ponte 25A — percurso
mais longo e mais demorado).
Basta imaginar o impacto da subida dos preços dos combustíveis, que continuará imparável até 2050 (se é que neste ano os aviões ainda voarão como hoje — duvidamos seriamente desta hipótese!), para se perceber num ápice que o custo da modernização do Aeroporto da Portela (nomeadamente obras de saneamento, ampliação de pistas e novo desenho do taxiway) é incomparavelmente menor e mais sustentável do que os custos inevitáveis dum putativo vai-e-vem entre Alcochete/Canha e Lisboa.
Mas se tivermos em conta os custos económicos e ambientais totais inerentes ao indesejado NAL em Alcochete, mesmo que por fases, como querem os gatunos e os piratas do Bloco Central da Corrupção (BCC), para salvar os investimentos especulativos que ali fizeram, então a manutenção e modernização do Aeroporto da Portela, onde aliás foram feitos recentemente importantes investimentos, revela-se claramente como a única solução decente e racional do ponto de vista técnico e económico-financeiro.
Por fim, se privatizarem a ANA e a TAP, em vez de manter o Bloco Central da Corrupção aos comandos do naufrágio do país, o problema da melhoria da capacidade operacional da Portela, que não existe, como prova o crescimento das Low Cost no país e também na Portela, ficaria automaticamente resolvido, não é? Os custos do negócio passariam para os privados, e já está!
O mais triste de tudo isto é vermos como a imprensa portuguesa não passa, cada vez mais, de um reles megafone da Corrupção!
Custo deste parecer: ZERO EUROS!
* — Quando a ANA conta do número de passageiros da Portela soma os que
partem e os que chegam, independentemente de serem as mesmas pessoas, ou
não. Quer dizer, quando eu viajo de Lisboa a Londres, e regresso, sou
contado 2x para efeitos estatísticos, i.e. sou dois passageiros! Ou seja, quando a ANA refere um objetivo de 18 milhões de passageiros em 2050, um tal número poderá não significar na realidade mais do que 9 milhões de pessoas diferentes.
No
entanto, do ponto de vista da minha conexão casa-aeroporto, já será necessário contar 4 viagens terrestres por cada viagem aérea!
Se deixar o
carro no aeroporto terei que pagar o estacionamento, o que conta, para
este efeito, como uma deslocação. Exemplos: a minha filha leva-me ao
aeroporto, e depois vai buscar-me quando regresso — 4 viagens; apanho um
táxi em Carcavelos até à Portela, tendo combinado com o motorista a viagem de regresso a casa — pago-lhe 4x a distância em km entre Carcavelos e a Portela; o
autocarro, o metro, etc., que me transportam de e para o aeroporto
também fazem 4 viagens por minha causa. Basta admitir que o serviço não
deixa de ser prestado no caso de eu ser o único passageiro!
Resumindo: na hipótese do NAL da Ota em Alcochete, cada viagem (partida ou chegada) implicaria um duplo percurso de 50
km, ou seja de 100km, em média, entre Alcochete e Lisboa. A minha filha
levar-me-ia então do Terreiro do Paço ao NAL da Ota em Alcochete (50km), regressaria ao Terreiro do Paço (50km), e voltaria para me
buscar no regresso da viagem a Londres (50km), regressando ambos depois a casa, nas imediações do Terreiro do Paço (50km) — total: 200km!
Assim, mantendo o aeroporto na Portela, vivendo eu perto do Terreiro do Paço, apenas preciso de percorrer 40 km de automóvel por cada viagem aérea. Usando o mesmo carro a gasóleo, aos preços de hoje, gasto menos de 4 euros se o Aeroporto da Portela se mantiver onde está, mas gastaria mais de 18,5 euros —só em combustível— se tivesse que me deslocar a um qualquer NAL nas imediações de Alcochete/Canha! Se acrescentar as portagens de uma das pontes, o custo sobre para 23,5€ (pela Ponte Vasco da Gama — percurso menos longo), ou 21,6€ (pela Ponte 25A — percurso mais longo e mais demorado).
Um tiro na testa? Quem poderá salvar a TAP? Foto: autor desconhecido
Foi Você que pediu uma TAP Low Cost?
Aguarde, por favor, uma década, até que os sábios lusitanos acabem de refletir sobre o tema.
Entretanto, as redes Low Cost dos EUA e do Canadá ligar-se-ão à Europa, nomeadamente através de Lisboa, a partir de 2013-2014.
Chegados aqui, quem fará as ligações de Lisboa e do Porto para o resto da Europa? A nova TAP Low Cost?
Não, esqueceram-se de pensar no assunto!
Esqueceram-se do Pico do Petróleo —uma coisa que vem de 1956—, e acreditaram no milagre brasileiro luliano do pré-sal, e num tal brasileiro_colombiano_polaco_judeu que depois de ter deixado naufragar uma plataforma petrolífera inteirinha da Petrobrás, resolveu dedicar-se à aviação.
A Blogosfera pacientemente explicou, insultou, suplicou... e nada!
Sob o império da tríade de Macau, da máfia do BPN e em geral do Bloco Central da Corrupção incharam artificialmente os movimentos da Portela, deram cabo do serviço de bagagens e da Groundforce, tentaram lixar o aeroporto Sá Carneiro por todas as formas (até entalando a gestão com uma infraestrutura sumptuosa e caríssima), compraram a sucata da PGA ao senhor Ricardo Salgado por 140 milhões de euros, encomendaram 12 aviões à Airbus por mais de 3 MIL MILHÕES DE EUROS, cujas primeiras entregas estão previstas para 2013 (!), certamente a pensar na grande cidade aeroportuária que o adiantado mental Mateus, criador do aeromoscas de Beja, imaginou na Margem Sul.
O resultado está à vista:
—a TAP faliu, e as suas dívidas não podem ser vendidas (pois é disto que se trata!), nem a empresas extra-comunitárias, nem muito menos a um indivíduo de múltiplas nacionalidades, ainda por cima sem credenciais firmadas no ramo!
—a aviação no Brasil vai ter que mudar rapidamente para o regime Low Cost, sob pena de ver o seu mercado nacional e intercontinental comido pelo Chile, pelos EUA e pelo Canadá. A adaptação é inevitável. E depois, para que servirão os A350 900 encomendados pelo gaúcho Fernando Pinto?
A Low Cost Portugal já tinha anunciado esta eventualidade, mas por cá andou-se, como sempre, a dormir na forma.
Mais uma que o senhor Sérgio Monteiro, secretário de estado do ministro Álvaro Santos Pereira, terá que explicar ao país. Porque é que não demitiu a gerência da TAP a tempo e horas e arregaçou as mangas, como lhe competia?
Portugal está a transformar-se não só numas Berlengas ferroviárias, mas também aeronáuticas. E quanto a transporte TIR estamos conversados.
Não precisamos de adoptar o paradigma Blow Job recomendado pelo sátiro da Ryanair, mas lá que o paradigma do transporte aéreo mudou, para sempre, mudou!
POST SCRIPTUM
Algumas vozes da Blogosfera, e nós também, sugerem que o enorme problema da TAP pode ter estado na origem do lançamento precipitado e desastroso da TSU. É que o BES é um dos bancos envolvidos no negócio aparentemente furado da compra de 12 aviões Airbus A350-900. Além do mais os movimentos brownianos de Portas e Relvas no Brasil devem ter tudo a ver com esta castanha preste a rebentar.
A TSU, ao contrário da mudança nos escalões do IRS, permitiria alocar receitas fiscais de forma imediata a operações obscuras futuras como, por exemplo, o refinanciamento imediato de dívidas de curto prazo da TAP (500 milhões, ou mais?) sob a forma de um expedito aumento de capital.
Com receitas imediatamente alocáveis provenientes do assalto à TSU, o Estado poderia oferecer garantias junto dos piratas financeiros do costume para um novo empréstimo, embora disfarçado de subscrição de capital.
Se esta hipótese estiver correcta, o assalto à TSU foi sobretudo uma manobra desesperada para salvar a TAP do encerramento, o que, se acontecer, deitará por terra de vez o embuste do NAL da Ota em Alcochete — prejudicando criticamente os investimentos piratas que a máfia do BPN/SLN e a tríade de Macau fizeram nas imediações do Campo de Tiro de Alcochete. Está pois esclarecida a origem "técnica" da medida que ia deitando o governo abaixo: Moedas—Macedo—Borges—Goldman Sachs (com o apoio de um PM de plástico).
“Cachorro que come ovelha, só morto se endireita.”
O Conselho de Estado de ontem foi um não acontecimento. A saída de Mário Soares antes das 20h00 dá bem a nota da situação. A queda do governo ficou no tinteiro e a remodelação regressou à intimidade decisória do primeiro-ministro. Mas porquê?
Creio ter uma explicação plausível, embora se aproxime de uma teoria da conspiração. Resumindo, foi assim:
28 de setembro de 2011
Um ano antes Cavaco Silva critica descida generalizada da TSU (1)
6 de setembro de 2012
Draghi obtém apoio do BCE (2) para avançar com uma modalidade híbrida de Obrigações Europeias. As bolsas europeias e americanas disparam, e o euro valoriza, nomeadamente face ao dólar. Cavaco Silva abriu certamente uma garrafa de espumante e chamou os seus colaboradores para desenhar o cerco às duas peças-chave do governo: Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar;
7 de setembro de 2012
O PM precipita-se para as televisões, sem reunir o Conselho de Ministros sobre o tema em cima da mesa (avaliação da Troika), comunicando telefonicamente — ao parceiro de coligação, ao presidente da república e ao líder da oposição—, escassas horas antes de receber a RTP na residência oficial, a decisão de “aumentar a contribuição para a Segurança Social exigida aos trabalhadores do sector privado para 18 por cento [e] em contrapartida, descer a contribuição exigida às empresas também para 18 por cento.” O país ficou estarrecido com as medidas e com a forma da comunicação. Da cartola do primeiro ministro, em vez de um coelho, saiu um ciclone. Por esta cronologia se percebe que, sem o anúncio de uma alternativa ao chumbo do TC, a Troika não divulgaria o seu relatório... (3);
11 de setembro de 2012
Ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, apresenta resultados da quinta avaliação do programa de assistência económica e financeira. Mas vale mais a pena ler o documento da Troika: “...A aprovação das conclusões da presente avaliação permitirá o desembolso de 4,3 mil milhões de euros (2,8 mil milhões da UE e 1,5 mil milhões do FMI). Estes desembolsos poderão ter lugar em outubro, dependendo da aprovação do Conselho de Administração do FMI, do ECOFIN e do Eurogrupo. A missão conjunta para a próxima avaliação do programa está prevista para novembro de 2012.” (4)
12 de setembro de 2012
Tribunal Constitucional Alemão indefere os últimos obstáculos jurídicos levantados à aprovação interna do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEE), o qual contempla a ajuda condicionada aos países em crise, mas limitando a comparticipação da Alemanha até um teto máximo de 190 mil milhões de euros. Apesar de limitada, é uma vitória dos agarrados à metadona keynesiana (5);
Jean-Claude Juncker anuncia que a primeira reunião do MEE se realizará a 8 de outubro próximo no Luxemburgo — o entusiasmo dos keynesianos oportunistas cresce (6);
Gaspar reconhece que o défice real, se não forem tomadas medidas adicionais, ultrapassará os 6% — justificando assim a necessidade de medidas mais duras, incluindo implicitamente aquela que fora anunciada pelo primeiro ministro (7);
Por recomendação telefónica ou telepática de Cavaco Silva, Manuela
Ferreira Leite desfere um ataque mortífero sobre a TSU e sobre o governo
chefiado pelo seu colega de partido Pedro Passos Coelho, envolvendo
naturalmente Vítor Gaspar: “Não se pode governar com base num acto de
fé” e “destroçar” o País, disse numa entrevista à TVI24 que rapidamente
se tornou viral nas redes sociais (8);
13 de setembro de 2012
Entretanto, António José Seguro ameaça com moção de censura ao governo se este não recuar na TSU, reagindo um dia depois do ataque de Manuela Ferreira Leite, e uma semana depois da comunicação do primeiro ministro (9);
14 de setembro de 2012
Confirmação do acordo político para a transferência da 6ª parcela do empréstimo da Troika. Repare-se que é depois deste anúncio que a festa de contestação da coligação vai realmente engrossar e assumir uma dinâmica multipartidária e de massas;
António José Seguro reconhece que soube das medidas anunciadas pela boca do primeiro ministro uma hora antes de as mesmas serem divulgadas;
15 de setembro de 2012
Pires de Lima demarca-se da TSU e José Manuel Rodrigues defende que funcionamento da coligação está esgotado;
Paulo Portas mantém silêncio sobre TSU;
O CDS reúne-se no Porto para discutir as medidas de austeridade. Paulo Portas quer saber a opinião do partido e não fala. Vários dirigentes do CDS vieram dizer que o Governo deve recuar na proposta da Taxa Social Única.
Entretanto em Berlim... Wolgang Schaueble arrefece expectativas de um recurso imediato ao FEE: “I don’t see that there can be direct recapitalisation through the European Stability Mechanism already by January 1” (The Malaysian Insider);
Manifestação nacional sob o lema Que se Lixe a Troika, queremos a nossa vida!, enchem as ruas e praças do país;
16 de setembro de 2012
Portas diz que não bloqueou TSU para evitar “crise de Governo” (10);
Pedro Passos Coelho terá confessado ao “seu círculo político mais próximo de que estava a ponderar a demissão, pois entendia que a discordância pública do líder do CDS lhe retirava autoridade perante o país para continuar a liderar as difíceis medidas de ajustamento orçamental e maior austeridade – e que, ao mesmo tempo, o líder do CDS acabara de destruir a coesão política do Governo.” (Sol);
“Jorge Moreira da Silva apareceu, ao fim da tarde, numa conferência de imprensa, a assumir que «as declarações do líder do CDS não são indiferentes para a coligação e, porventura, para o próprio Governo». Convocando, por isso, reuniões da Comissão Permanente do PSD para segunda-feira e da Comissão Política para quarta-feira, por forma a «analisar de modo muito detalhado» a posição do CDS.” (Sol);
17 de setembro de 2012
Emprego e TSU: estudo realizado por cinco economistas das universidades do Minho e Coimbra diz que TSU vai causar perda de mais de 30 mil empregos (11);
19 de setembro de 2012
Wolfgang Schäuble apoia Vítor Gaspar. Num comunicado conjunto saído da reunião que ocorreu em Berlim, o poderoso ministro alemão das finanças e o seu "protégé" afirmaram que os ajustes económicos em Portugal, apesar de dolorosos, estão a dar resultado. Na minha opinião, este encontro foi decisivo na reorientação tática do governo face à crise, e foi daqui que saiu a decisão de aguentar firme, sem remodelações que dessem mais espaço de manobra a Cavaco Silva, o inspirador, se esta teoria da conspiração estiver certa, da tentativa de golpe de estado presidencialista — destinado a reagrupar as tropas desorientadas do Bloco Central da Corrupção, que, como defendo há muito, capturou o PS, o PSD, o CDS/PP e país.
Depois de esclarecida a posição da Wolgang Schaueble sobre os
condicionalismos de acesso e calendário de entrada em funções do novo
balcão de metadona financeira que dá pelo nome de MEE, e do apoio direto
manifestado a favor de Vítor Gaspar, Cavaco percebeu a mensagem e
começou de imediato a desfazer a gigantesca manobra montada a partir do
Palácio de Belém.
21 de setembro de 2012
Sol revela que “Passos quis mesmo demitir-se” no domingo, dia 16 de setembro, depois das declarações de Paulo Portas. Sol.
A reunião do Conselho de Estado é esvaziada de conteúdo depois das
palavras de Cavaco Silva em Évora sobre o fim da crise política (Sol).
22 de setembro de 2012
O Conselho de Estado reúne-se para coisa nenhuma. Às portas do Palácio de Belém, a manifestação convocada por um grupos de pessoas que assina Que se Lixe a Troika, Queremos as Nossas Vidas, é uma imagem pálida da mobilização de 15 de setembro.
Os críticos do governo perdem o pio de repente....
Há uma lição a retirar deste mini-PREC2: a nova liderança do PSD contemporizou com os seguidores caninos de Cavaco e em geral com a corja do Bloco Central da Corrupção, adiando sucessivamente as reformas estruturais recomendadas insistentemente pela Troika, fugindo do necessário confronto com os criminosos rendeiros do regime, deixando-os, sem excepção, confortavelmente instalados, com as rédeas soltas, na esperança de os ver colaborar. A revolução dos tachos, que toda a esquerda apoiou, veio, porém, mostrar que à mínima oportunidade, o cachorro que come ovelha, só morto se endireita!
Os que dentro do PSD e CDS/PP reclamam a substituição dos independentes por gente da casa são, depois do não evento que foi o Conselho de Estado, os maiores aliados de Cavaco Silva e de Almeida Santos, os verdadeiros padrinhos deste regime insolvente e a caminho da bancarrota.
Eu próprio fui iludido durante este Carnaval. Mea culpa :(
A revolta é genuína, mas esteve ao serviço de quê, e de quem?
Um jubileu moderno para os prisioneiros da dívida?
A ideia reparadora do perdão das dívidas, da queima dos livros de contabilidade, da libertação dos escravos e do descanso das terras é muito antiga. Encontra-se, aliás, registada no Antigo Testamento, como transcrição da palavra do Senhor a Moisés no Monte de Sinai.
“E se alguém comprar dos levitas, uma casa, a casa comprada e a cidade da sua possessão sairão do poder do comprador no jubileu; porque as casas das cidades dos levitas são a sua possessão no meio dos filhos de Israel. (Levítico 25:33”)
Resgatar bancos piratas, resgatar grandes, médios e pequenos especuladores, resgatar gatunos? Não! Mas resgatar as pessoas, empresas e governos das suas dívidas, ainda que sob condições, sim!
Esta ideia tem vindo a ser defendida por Steve Keen, um economista australiano adepto da teoria pós-keynesiana de Hyman Minsky, como provavelmente a única solução a que o Capitalismo, mais cedo ou mais tarde, terá que recorrer se quiser evitar uma autodestruição sangrenta.
Em Portugal, porém, antes de chegarmos a esta discussão, é urgente destruir o Bloco Central da Corrupção. Ora eu vi este bloco de interesses em alegre manifestação nestes últimos dias!
A partidocracia elegeu a Troika para bombo da festa, mas as pessoas apupam sobretudo os políticos e os governantes, sem fazer distinção!
A necessidade de garantir a próxima entrada de dinheiro da Troika, perante a manifesta incapacidade do governo de reduzir o défice público para os valores acordados, esteve na origem do desenho e anúncio desastrosos das alterações à TSU. No entanto, nem a Troika propôs a medida, nem, pelo que escreveu no balanço publicado sobre a quinta avaliação, sabia que a diminuição da taxa aplicada às empresas seria compensada com um aumento brutal da mesma taxa aplicável aos trabalhadores! Além do mais, basta ler o referido comunicado —que os opinocratas do regime nunca citam— para perceber até que ponto a Troika insiste nas críticas à impotência do governo perante as rendas excessivas pagas pelos contribuintes aos setores protegidos da economia, e à falta de coragem para reformar estruturalmente a despesa pública.
A transformação da Troika no bombo da festa é, na realidade, uma manobra indecorosa cujo único fim é desviar a atenção pública dos verdadeiros responsáveis pelo colapso financeiro, económico e social do país — os mesmos, aliás, que são incapazes de desistir dos vícios de bem-estar que foram adquirindo ao longo das últimas três décadas.
Um exemplo: Jorge Sampaio (o presidente da república que se opôs à obsessão do défice) é hoje o presidente do Conselho Geral da Fundação Cidade de Guimarães, uma coisa obscura que preside aos destinos da falida Capital Europeia da Cultura de Guimarães, e que não presta contas, apesar de ser uma fundação pública. Houve uns problemas com honorários e mordomias escandalosas que acabariam por dar lugar à saída da anterior presidenta da instituição (confortavelmente indemnizada, claro) e à entrada de um novo personagem chamado João Serra. A notícia do DN sobre esta mudança diz que “João José de Sousa Bonifácio Serra, nascido em 1949, é licenciado em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.” E que “entre 1970 e 1978 foi professor do ensino secundário tendo ingressado no ensino universitário como docente em 1979, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.” Só não diz que foi também chefe da Casa Civil do ex-presidente Jorge Sampaio. O patrocínio dado a esta remodelação pelo transmontano e escritor de policiais que puseram à frente da secretaria de estado da cultura também tem que se lhe diga — mas é uma história menor.
E a TSU?
Idealmente, a TSU, o IRS e o IVA deveriam baixar progressivamente, por exemplo
1% em cada ano de duração do programa da Troika, ao mesmo tempo que a
sua progressividade fiscal deveria ser melhorada na perspetiva de uma maior
solidariedade social e produtividade económica geral.
Por outro lado, estas medidas teriam que
ser acompanhadas por incentivos à permanência no país das sedes das
empresas que por cá realizam a maioria dos seus investimentos e lucros.
Por fim, deveria ser implementada uma fiscalidade verde que favorecesse a eficiência energética e ambiental da nossa economia.
No
entanto, o aperto financeiro do país é tão grande que, a menos que haja um
mudança radical na política financeira e orçamental europeia, é difícil baixar
as receitas fiscais sem aumentar extraordinariamente o desemprego — um dilema dilacerante para quem governa.
De
qualquer modo, sem avançarmos para numa redefinição lúcida das funções
do Estado, que implicará sempre —quer seja bem feita, quer não— uma
diminuição do peso asfixiante deste Leviatã na economia
e na vida das pessoas, o problema da acumulação da dívida é insuperável.
Desde já é preciso atacar o excesso evidente de
despesa na Saúde e na Educação. À quebra demográfica, que
arrasta consigo a diminuição da população escolar, as burocracias
sindicais e partidárias responderam com uma medida suicida: diminuir o
tamanho das turmas! É por aqui que teremos que começar a reforma do Estado — introduzindo racionalidade, doa a quem doer! A política do medicamento é outro cancro que tem
que ser imediatamente atacado.
Mas há mais:
— as PPPs
rodoviária e hospitalares devem acabar quanto antes (é preferível
indemnizar os eventuais prejudicados a manter a sangria gatuna que foi
montada);
— as fundações pública devem ser, pura e simplesmente, encerradas, sem apelo nem agravo, e as fundações privadas devem deixar
de ter subsídios do Estado;
— os observatórios devem ter uma duração limitada estrita e não prorrogável;
— as empresas municipais e regionais devem ser incorporadas nas administrações e orçamentos locais e regionais, imediatamente;
— e no plano europeu, certas políticas de apoio como a PAC devem ser
drasticamente reduzidas, pois servem apenas para as regiões agrícolas
ricas corromperem e em última análise destruírem as regiões agrícolas
pobres, onde os subsídios que chegam são sistematicamente usados para
tudo menos para melhorar a competitividade e produção agrícolas
locais...;
etc...
A bolha
A maior bolha especulativa oriunda da expansão do endividamento privado e público até hoje registada rebentou em 2008. Desde essa data que os economistas convencionais, os keynesianos oportunistas, os especuladores profissionais, as vítimas —conscientes ou inconscientes— do crédito gerado pelos bancos a partir do nada, e os distraídos consumidores, esperam, desejam e apostam na reflação da dita bolha, e no regresso da Dona Branca. Mas a verdade é que nem já com juros negativos a economia arranca :( Segundo Steve Keen, poderá ser assim até... 2030!
Mais vale mudar de vida!
A mais recente apresentação de Steve Keen sobre o Capitalismo Ponzi
NOTAS
“Na minha opinião, uma redução generalizada da contribuição patronal para a Segurança Social, que teria de ser acompanhada do aumento da taxa do IVA, seria um erro”, afirmou o chefe de Estado, em entrevista à TVI.
Questionado sobre uma aparente indefinição do Governo quanto à descida da TSU prevista no memorando de ajustamento desenhado pela ‘troika’, Cavaco Silva considerou que uma descida generalizada dessa taxa “não teria o efeito desejado” no aumento da produção e teria um “efeito contracionista”, reduziria o consumo e aumentaria a fraude, lembrando que a taxa máxima do IVA em Espanha é de 18% (contra 23% em Portugal). DN/Lusa.
Draghi gets ECB backing for unlimited bond-buying
(Reuters) - The European Central Bank agreed on Thursday to launch a new and potentially unlimited bond-buying program to lower struggling euro zone countries’ borrowing costs and dra
Draghi also said the ECB was prepared to waive its senior creditor status on bonds it purchased - meaning it would be treated equally with private creditors in case of default.
The central bank hopes that by removing private investors’ concern about being paid back last in the event of a sovereign default, they will not head for the exits if the ECB intervenes and buys bonds.
The ECB assumed preferred creditor status in Greece’s debt restructuring earlier this year, leaving private investors to suffer a writedown in the value of their Greek sovereign bond holdings while the paper it held was untouched.
In another potential sop to the Bundesbank, Draghi said all bond purchases would be “sterilized” by taking in an equivalent amount in deposits from banks to avoid any risk of inflation.
The ECB’s insistence on countries agreeing to strict conditions before it buys their bonds fed doubts about whether Spain would seek help, and led to disappointment with the new ECB bond-buying programme among some investors.
Draghi said bond buys would be tied to “strict and effective conditionality” and focused on debt maturities up to 3 years.w a line under the debt crisis. Reuters.
Comunicação de Passos Coelho ao país (anúncio de mudanças na TSU)
“… na decisão do Tribunal Constitucional a lei do orçamento para 2013 deveria conter uma outra combinação de encargos e de sacrifícios que não poderia, no entanto, ser confundida com a igualdade estrita, já que isso equivaleria a tratar de igual modo aquilo que era objetivamente diferente.
O que propomos é um contributo equitativo, um esforço de todos por um objetivo comum, como exige o Tribunal Constitucional. Mas um contributo equitativo e um esforço comum que nos levem em conjunto para cima, e não uma falsa e cega igualdade que nos arraste a todos para baixo. O orçamento para 2013 alargará o contributo para os encargos públicos com o nosso processo de ajustamento aos trabalhadores do sector privado, mas este alargamento tem diretamente por objetivo combater o crescimento do desemprego. Como sabemos, é esta a grande ameaça à nossa recuperação e é esta a principal fonte de angústia das famílias portuguesas. Foi com este duplo propósito que o Governo decidiu aumentar a contribuição para a Segurança Social exigida aos trabalhadores do sector privado para 18 por cento, o que nos permitirá, em contrapartida, descer a contribuição exigida às empresas também para 18 por cento. Faremos assim descer substancialmente os custos que oneram o trabalho, alterando os incentivos ao investimento e à criação de emprego. E fá-lo-emos numa altura em que a situação financeira de muitas das nossas empresas é muito frágil.” Público.
Declaração da troika sobre a quinta avaliação em Portugal. É mencionada, sem usar a designação, e como medido do governo, a descida da TSU aplicada às empresas, mas nada é dito sobre medida similar aplicável aos trabalhadores.
“Equipas da Comissão Europeia (CE), do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) estiveram em Lisboa de 28 de agosto a 11 de setembro para a quinta avaliação trimestral do programa económico de Portugal.”
“...o aumento do desemprego, a redução do rendimento disponível e uma deslocação das bases de tributação para atividades com menor tributação estão a ter consequências na cobrança de impostos.”
“Neste contexto, as opções políticas têm de conseguir um equilíbrio entre progredir no ajustamento orçamental necessário e evitar a pressão excessiva sobre a economia. Continua a ser crucial a realização de progressos nas reformas estruturais...”
“...Embora o comportamento da despesa em 2012 seja melhor do que o estimado no orçamento, as receitas são significativamente inferiores às previstas. A fim de permitir o funcionamento parcial dos estabilizadores orçamentais automáticos, os objetivos do défice foram revistos em alta para 5% do PIB em 2012 e de 3% para 4,5% em 2013. O objetivo do défice para 2014, de 2,5% do PIB, mantém-se abaixo do limiar de 3% estabelecido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento. Esta trajetória revista permitirá ao governo conceber e aplicar medidas orçamentais estruturalmente sólidas e, ao mesmo tempo, aliviar os custos económicos e sociais do ajustamento orçamental a curto prazo.”
“... No âmbito das medidas destinadas a compensar a decisão do Tribunal Constitucional sobre os cortes nas remunerações do setor público e nas pensões, o governo tenciona também reduzir as contribuições para a segurança social das entidades patronais, o que irá melhorar a competitividade e apoiar o emprego. Serão tomadas medidas para atenuar o impacto negativo sobre os trabalhadores com baixos rendimentos.”
“... Estão previstas mais reformas, nomeadamente através de uma revisão geral do regime de concessão de licenças, para aumentar a concorrência, reforçar o contexto empresarial, melhorar a eficiência e reduzir as rendas excessivas nos serviços e indústrias de rede.
“...A aprovação das conclusões da presente avaliação permitirá o desembolso de 4,3 mil milhões de euros (2,8 mil milhões da UE e 1,5 mil milhões do FMI). Estes desembolsos poderão ter lugar em outubro, dependendo da aprovação do Conselho de Administração do FMI, do ECOFIN e do Eurogrupo. A missão conjunta para a próxima avaliação do programa está prevista para novembro de 2012.” Público.
Governadores do novo Mecanismo Europeu de Estabilidade reúnem-se a 8 de Outubro
“Tenciono convocar a reunião inaugural do conselho de governadores do MEE à margem da reunião do Eurogrupo de 8 de Outubro no Luxemburgo”, anunciou Jean-Claude Juncker, numa declaração divulgada em Bruxelas. Público.
Austeridade adicional de 1,6 mil milhões em 2013 para corrigir desvios. i online.
Vítor Gaspar reconhece défice real superior a 6%
Vítor Gaspar explicou esta manhã, numa reunião com os deputados do PSD e do CDS, que o défice real deste ano, sem medidas extraordinárias, ficaria acima dos 6%. Ora, como a tolerância admitida pela a troika foi apenas até os 5% este ano e os 4,5% no ano que vem, o Governo teve de pedir sacrifícios suplementares, disse o ministro das Finanças. Expresso.
Manuela Ferreira Leite critica fortemente a decisão do governo de coligação PSD-CDS/PP. TVI24.
Ferreira Leite arrasa Gaspar: “Não se pode governar com base num acto de fé” e “destroçar” o País
“Manuela Ferreira Leite deu esta noite uma entrevista à TVI24, onde lançou duras críticas às medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, centrando a reprovação na intenção do Governo em agravar a contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social, por contrapartida à descida da taxa social única das empresas para 18%.
“Onde é que isto nos conduz?”, questiona Ferreira Leite, alertando para a necessidade de o Governo fazer uma análise e apresentar estudos sobre as medidas que pretende implementar e depois efectuar uma comunicação aos portugueses para dizer como estará o País em 2014.” Jornal de Negócios.
“Há uma linha que separa a austeridade da imoralidade”, disse Seguro. TSF.
O líder do CDS-PP, Paulo Portas, afirmou hoje que discordou da medida da TSU e defendeu “outros caminhos”, explicando que não bloqueou a decisão para evitar uma crise nas negociações com a ‘troika’ e uma “crise de Governo”. Jornal de Negócios.
Emprego e TSU: Estudo diz que TSU vai causar perda de mais de 30 mil empregos
Da Conclusão
Em Setembro de 2012, o governo português propôs uma redução da contribuição para a Segurança Social das empresas de 5,75 pp e um aumento das contribuições dos trabalhadores de 7 pp. O principal argumento usado para promover esta medida foi o de promover o emprego.
Neste trabalho, analisámos de um ponto de vista teórico e empírico, o impacto no emprego deste tipo de mudanças nos descontos para a Segurança Social. O modelo teórico levou-nos à conclusão de que os impactos são ambíguos.
Para desenvolver a estratégia empírica, coligimos dados para 25 países da OCDE para o período 1982-2009. A escolha das variáveis seguiu de perto as sugeridas por Mooij e Keen (2012), que fizeram um estudo similar para uma política em que a redução dos descontos das empresas é compensada por um aumento do IVA.
Os principais resultados a que chegámos apontam para uma quebra no emprego e um aumento do desemprego de longa duração decorrentes de um aumento dos descontos dos trabalhadores. Este efeito negativo no mercado de trabalho não é compensado por qualquer efeito positivo da redução dos descontos das empresas.
Os resultados do modelo que estimámos não corroboram os impactos no emprego esperados pelo governo em resultado das políticas anunciadas para a TSU.
Luís Aguiar-Conraria, Fernando Alexandre, Pedro Bação, João Cerejeira, Miguel Portela
Isto não é uma fantasia da Blogosfera, é um mapa da UE !
É o comboio, estúpidos!
El vicepresidente de la Comisión Europea aboga por un mercado único para el ferrocarril
Según Kallas, la dificultad para acceder a la red es una de las barreras más importantes para el desarrollo del ferrocarril en Europa
Siim Kallas, vicepresidente de la Comisión Europea, ha abogado en Innotrans, la feria internacional de transporte que concluye hoy en Berlín, por un “un mercado único para el ferrocarril. Por ejemplo, debería ser posible construir trenes que sólo necesiten una aprobación para circular por Europa. Éste debería ser un derecho básico”.
Governo de Passos Coelho e Gaspar deitaram à rua 1000 milhões de euros, ao abandonar ou adiar sine die o projeto já aprovado e contratado (!) de construção da linha ferroviária de Alta Velocidade, em bitola europeia, para passageiros e mercadorias, entre Pinhal Novo-Poceirão e o Caia (Badajoz)
Bruxelas já deixou bem claro, ao governo português, a sua posição sobre a ligação de Portugal à rede espanhola e desta às redes europeias de transporte ferroviário interoperável: o dinheiro disponível para este fim, que é muito, não é transferível para novos aeroportos — e portanto, o Bloco Central da Corrupção Alargado (PS, PSD, CDS, PCP), que alimenta a partidocracia vigente e parasitou o país até à pré-bancarrota em que estamos, terá que desfazer-se dos investimentos especulativos e mediáticos que tem vindo a fazer em volta do embuste imobiliário do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) —que era para ser na Ota, e depois em Alcochete—, e terá que deixar de boicotar os sucessivos governos em matéria da prioridade ferroviária e portuária.
Portugal tem aeroportos que cheguem para as suas necessidades, tanto mais que a demografia do país está em queda, e o futuro do transporte aéreo de massas, nomeadamente turístico, é mais do que incerto se avaliarmos os impactos negativos crescentes do pico petrolífero e das alterações climáticas sobre a sustentabilidade deste modo de transporte.
Além do mais, as principais companhias que trouxeram um mini boom turístico a Portugal, ao longo dos últimos anos, são as chamadas Low Cost (1), ou seja, precisamente o tipo de companhias que não precisa, não quer, e abomina novos aeroportos, pois apenas precisa de antigos aeródromos militares recauchutados para fazer bem o seu serviço, e no caso português adoram as vantagens óbvias oferecidas pela Portela, por Faro e pelo aeroporto Sá Carneiro.
As pessoas querem viajar barato, e estão-se nas tintas para as caríssimas e já insustentáveis ditas cidades aeroportuárias — defendidas nomeadamente pelo adiantado mental que recomendou (e cobrou bem por isso) a construção do aeromoscas de Beja!
O transporte aéreo já está a sofrer à escala mundial constrangimentos económicos e fiscais (por causa das emissões de CO2 equivalente) sucessivos e cada vez mais sérios.
A interoperabilidade entre as redes ferroviárias e a ligação destas aos portos atlânticos e mediterrânicos é pois a prioridade das prioridades em matéria de transportes na União Europeia. E é para aqui que vai o dinheiro. Não vai para aeroportos, e muito menos para aeromoscas!
Basta comparar as verbas atribuídas à ferrovia com as destinada a aeroportos para vermos até que ponto é criminosa a política de transportes dos sucessivos e corruptos governos do Bloco Central Alargado (PS, PSD, CDS, PCP)
O abandono, ainda que temporário, do projeto aprovado de ligação Poceirão-Caia, por decisão do ainda primeiro ministro e do ainda ministro das finanças —dois ignorantes em matéria de transporte, mas muito sensíveis à máfia do NAL—, significou a perda de 800 milhões de euros de investimento comunitário a fundo perdido no nosso país, significará indemnizações ao consórcio Elos, que ganhou o contrato de construção da linha Poceirão-Caia na ordem dos 170 milhões de euros, significará custos jurídicos de vários milhões de euros, significará uma perda de oportunidade de criação de novos empregos e de importação/desenvolvimento de tecnologias inovadoras (em matéria de ferrovia, eletrificação e sinalização da rede, material circulante e serviços complexos) de várias milhares de milhões de euros. Para a Autoeuropa, por exemplo, a falta de ligação ferroviária em bitola europeia entre Palmela e o Porto de Setúbal, e entre Palmela, Espanha e o resto da Europa induz sobre custos na ordem dos 15% (2). O mesmo problema de competitividade terá a fábrica de aviões e de componentes aeronáuticos, a Embraer, que hoje inaugurou em Évora (3).
Ou seja, um verdadeiro crime cometido pelas criaturas que meteram o PSD, o CDS e o PS no bolso.
NOTAS
Ryanair, easyJet y Air Berlin transportan más de la mitad de los pasajeros internacionales en España — Expansión, 17 set 2012.
É por esta e por outras (a astronómica dívida da TAP) que a IAG (Iberia+British Airways) desistiu de concorrer à privatização da TAP? E é por esta e por outras que o aeroporto de Ciudad Real faliu antes de ganhar velocidade de cruzeiro, e o embuste do NAL da Ota em Alcochete jamais terá viabilidade económica!
Air Canada a besoin de personnel Le transporteur aérien prévoit embaucher 1100 personnes d’ici 12 mois
Air Canada a indiqué jeudi qu’il devrait employer environ 1100 personnes de plus au cours des 12 prochains mois pour répondre à ses objectifs en matière de main-d’oeuvre, incluant quelque 200 employés pour son projet de transporteur à bas prix. — Le Devoir, 21 set 2012.
COMENTÁRIO: a Blogosfera vem defendendo que a TAP faça um spin-off prévio à privatização, alienando a unidade brasileira TAP Maintenance&Engineering, vendendo a Groundforce (operação já realizada), e criando uma Low Cost dedicada à Europa. Vamos ver o que sucede...
Autoeuropa apresenta os melhores resultados dos últimos cinco anos. RTP, 27 set 2011.
Fábricas de Évora da Embraer inauguradas hoje na presença do Presidente da República. RTP, 21 set 2012.
Ao centro, de pé, Ilda Pulga, modelo dos primeiros bustos da República Portuguesa, entre colegas costureiras. Foto: autor e data desconhecidos
A Caixa de Pandora abriu-se, e continua aberta!
CONVOCATÓRIA
21 de Setembro | 18 h Jardins do Palácio | Belém Concentração: Reunião do Conselho de Estado
No dia 15 de Setembro o país tomou as ruas para dizer BASTA!, naquelas que foram as maiores manifestações populares desde o 1º de Maio de 1974. Exigimos o rasgar do memorando da Troika e a demissão deste governo troikista.
Se o governo não escuta, que escute o Presidente da República e o seu Conselho de Estado. Não é não!
Não queremos apenas mudanças de nomes, queremos mudanças de facto. A 21 de Setembro iremos concentrarmo-nos junto ao Palácio de Belém para demonstrar que 15 de Setembro não foi uma mera catarse colectiva, mas um desejo extraordinário de MUDANÇA DE RUMO! A Luta Continua!
Se tivermos em conta que o esforço fiscal exigido pela Troika irá agravar-se até 2015, dos 973 euros por pessoa, agendados para 2012, até aos 1950 euros, em 2015, percebe-se bem que o processo de destruição da classe média e de empobrecimento acelerado da população em geral (salvo os 10% mais ricos), nomeadamente através da destruição de centenas de milhar de empregos, e de pequenas empresas, é não só explosivo, como poderá desembocar rapidamente num novo, embora certamente diferente, PREC!
Por Processo Revolucionário Em Curso 2 (PREC2) entender-se-à desta vez um ciclo de instabilidade institucional e governativa sem precedentes desde 1974-75, num país falido, que não pode criar dinheiro, nem mexer nas reservas de ouro que ainda tem, e que acumulou uma dívida que não só não pára de crescer, como já é virtualmente impagável —nomeadamente por efeito dos juros compostos que tem que pagar pela mesma e pela incapacidade de reformar um Estado tentacular.
A Segurança Social engoliu fundos de pensões dos CTT, ANA e Imprensa Nacional, da Portugal Telecom e Marconi, do BCP, da Caixa Geral de Depósitos e do Banco de Portugal,
entre outros. Com isto fez reduções cosméticas do défice público,
esquecendo que ao mesmo tempo e por esta via contraía novas e mais pesadas responsabilidades que muito rapidamente iriam sobrecarregar o mesmo défice —e o grau de insolvência do país, a
partir do momento em que deixar de ser capaz de pedir dinheiro emprestado
a preços toleráveis.
Por outro lado, o setor empresarial do Estado (CP-Refer, Metro de Lisboa e Metro do Porto, TAP, Águas de Portugal, empresas regionais e municipais diversas, etc.) e as ditas Parcerias Público Privadas, que parecem resistir a todas as tentativas de reforma democrática —tal é a resistência dos interesses instalados—, atiram o endividamento público português para níveis completamente insustentáveis. Dívidas de curto prazo derivadas deste poço terão certamente estado na origem da folha de cálculo que Vítor Gaspar mostrou a Passos Coelho, e que desencadeou a apressada e desastrosa comunicação do primeiro ministro sobre o assalto sem precedentes aos rendimentos do trabalho por via de uma mudança abrupta da Taxa Social única (TSU).
Como se aproximam eleições autárquicas, nada se fez em matéria de redução do número de municípios, sobretudo nas cidades-região de Lisboa e Porto, embora se atacasse de forma despudorada o único segmento da administração pública com custos insignificantes para a despesa pública: as freguesias rurais. Quando tanto precisamos destas levíssimas extensões do Estado, num país que arde e se despovoa, o que vimos foi uma tentativa indecorosa de matar freguesias rurais em troca da reforma a sério que o poder local redundante das cidades precisa, mas recusa, forçando todos os partidos com assento parlamentar a nada fazer.
Já a pensar nestas eleições, e com as sondagens debaixo do nariz (onde a abstenção não conta!), Paulo Portas resolveu apunhalar a coligação. O povo furioso com o anúncio de mais austeridade desceu à rua. Passos de Coelho pensou, e quis demitir-se. Hoje, muito provavelmente, haverá remodelação do governo, prévia à reunião do Conselho de Estado de amanhã. Mas o governo também pode cair esta madrugada. E neste caso, Cavaco amanhã terá muito mais que fazer do que uma prova oral a Vítor Gaspar.
Se o governo cair, tal significará que os dois protagonistas da coligação já nada têm a dizer um ao outro, e que ambos rejeitaram a hipótese de renovar o governo. Nesta hipótese, não vejo como evitar eleições gerais antecipadas.
Mas a questão de fundo é outra!
Que poderão as forças partidárias que fizeram este regime, conhecidas que são as suas degenerescências burocráticas e as dependências insuperáveis, fazer para conduzir Portugal a superar uma tão grave crise, de que são aliás, em boa parte, responsáveis?
A democracia portuguesa degenerou numa rede intrincada de interesses financeiros especulativos, económicos e partidários, corrompida até às entranhas, e ingovernável. O preço da destruição criminosa do bem comum é a situação de protetorado em que nos voltámos a encontrar perante os credores. Os responsáveis desta queda no abismo, porém, fazem tudo o que podem para escapar a uma merecida e exemplar punição. Afirmam que perder eleições é suficiente. Mas não é!
Tal como na Islândia, também em Portugal devemos julgar os principais responsáveis pela bancarrota do país. Desde logo é preciso sentar no banco da Justiça o anterior primeiro ministro, José Sócrates.
E a Assembleia da República, enquanto epicentro da corrupção que destruiu o país, também deverá ser julgada e punida. Só que neste caso, o processo terá que ser outro.
A solução para eliminar este quisto inchado da nossa democracia deveria passar por UMA NOVA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE e por uma OUTRA CONSTITUIÇÃO.
Não é difícil iniciar este processo de forma democrática. Basta convocar um referendo e perguntar aos portugueses se querem ou não outra Constituição.
A alternativa a esta metamorfose democrática e pacífica do regime não é difícil imaginar. Creio mesmo que os mais interessados na balbúrdia já estarão a investir na rua.
Que se lixe a Troika é uma consigna forte e com algum sentido estratégico, sobretudo no momento em que as questões europeias ganham uma direção mais mutualista, e ao mesmo tempo se complicam. A crise da dívida soberana já começou a morder a França, agravar-se-à em breve no Reino Unido, e a Alemanha também já não conseguirá escapar, no mínimo, às ondas de choque que se avolumam.
Neste sentido, a pressão de milhões de europeus desempregados, espoliados e sem dinheiro acabará por formar uma mole imensa de protestos e exigências, por vezes contraditórios, mas que confluirão para um ponto: NÃO PAGAR! No entanto, os que andam mais atentos a estas coisas sabem que um perdão da dívida convencional conduziria, por exemplo, ao colapso de boa parte dos fundos de pensões, e a outras consequências eventualmente trágicas.
Há, porém, quem defenda uma solução.
Para o economista australiano Steve Keen, um Jubileu Moderno da Dívida seria uma solução rápida, eficaz e realista para anular a impagável dívida dos governos e das pessoas sobre endividadas. Em vez de dar dinheiro inutilmente aos bancos e fundos de especulação, que estes voltam a colocar nos bancos centrais por receio de financiar a economia, ou continuam a espatifar no casino dos derivados, ou, na melhor das hipóteses, adquirem dívida soberana (enquanto acreditam nas garantias), os governos deveriam resgatar as dívidas das pessoas e empresas, deixar cair os bancos em dificuldades, nacionalizar temporariamente o sistema financeiro e proceder, enfim, ao restart do sistema!
Significa isto que os governos e os partidos poderão continuar a gastar e a roubar como até aqui? Claro que não!
Menos do que isto entalaria o CDS/PP, pois se Paulo Portas tem que desdizer o que disse, em que ficamos? É ou não contra as mudanças anunciadas na TSU? Houve ajustamentos na medida? Mas sempre estiveram previstas! Recua, portanto no que disse, não é senhor Portas? E aqui, das duas uma, ou há remodelação do elenco governamental, ou o governo cai, né?
Tem 18 anos, é de Lagos e nunca tinha ido a uma manifestação. Não acredita em partidos, nem no dinheiro — “O dinheiro só gera maus sentimentos, só gera ódios.” Adriana Xavier é o nome da jovem que no sábado saiu à rua naquele que foi o seu primeiro protesto. As câmaras dos fotógrafos apanharam-na em frente aos escritórios do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Lisboa, num ambiente de tensão. Havia manifestantes a atirar tomates. Um petardo tinha rebentado havia pouco. Adriana aproximou-se de um polícia e abraçou-o — inPúblico, 17-9-2012.
Uma adolescente algarvia rouba um sorriso a um polícia de choque na mais inesperada e inconveniente situação: uma gigantesca arruada contra a Troika, contra o governo, contra a austeridade. Como foi possível? Ora bem, socorrendo-se de uma energia tão ao mais irresistível que o ódio: o amor à primeira vista!
Esta foto, que a Reuters imediatamente comprou a José Manuel Ribeiro, correu mundo. No fundo, Portugal tem uma imagem de marca em matéria de revoluções, pelo menos desde a revolução que acabou com ditadura de Salazar e Caetano (1926-1974): preferimos flores e beijos a destruir as montras da Prada.
Há quem escreva que isto se deve à nossa ingenuidade inculta, à falta de mundo, à subserviência perante os mais fortes que sempre nos roubaram como se não fossemos da mesma carne e da mesma terra. Eu creio bem que não. É precisamente por termos barbas compridas, longos cabelos, olhos de amêndoa, nariz que baste, e muito mundo —todo o mundo!— que antes de agirmos com dureza preferimos esperar, mostrar a irritação em estado puro, sem palavras de ordem programáticas, sem partidos, sem sindicatos, sem clubismo. Estamos todos, ou quase todos muito chateados, e fomos no passado dia 15 de setembro manifestar isto mesmo perante o mundo, mandando recado pela Troika.
Adriana e Sérgio. Afinal o polícia até poderia morar no mesmo bairro... Foto: autor desconhecido
Um povo tão escasso como o português, como teria alguma vez conseguido criar um império, se não fosse através do amor? Camões percebeu-o plenamente, sobretudo quando abominou para todo o sempre o assassínio político de Inês de Castro. Que levas nessa mochila?! São rosas brancas, amigo :)