quinta-feira, novembro 07, 2013

Ensino privado pago com impostos

Os burros não têm culpa nenhuma!


O financiamento escandaloso da ‘liberdade de escolha’

Quando um privado só consegue fazer o seu negócio com o dinheiro dos contribuintes, não é um 'privado' mas um rendeiro do regime. Isto é verdade para a EDP, mas é também verdade para a tropa-fandanga desta democracia corrupta, populista e pindérica.

Esta corajosa reportagem de Ana Leal para a TVI ('Verdade Inconveniente') vem confirmar as minhas suspeitas sobre a falta de transparência do estado neo-corporativo que se mantém praticamente intacto mais de quarenta anos depois de Salazar. Da construção das escolas privadas, ao financiamento contínuo das mesmas, passando pelo apoio às mafias dos manuais escolares, ou ainda pelo interminável negócio benzido das IPSS, percebe-se até que ponto a corrupção em Portugal se transformou numa pandemia, cujo fim só por um triz escapará às cenas de violência e miséria que estamos a ver na Grécia. Com uma diferença: quando a Grécia chegar a Portugal, o tumulto e as consequências serão bem mais graves e imprevisíveis. Não nos esqueçamos da Primeira República!

Se os deputados servissem para algo, já estariam a perguntar ao governo para onde vai cada cêntimo das maiores fatias do orçamento: juros da dívida pública, segurança social, educação e saúde. É aqui que o devorismo e o rentismo indígenas continuam a chafurdar e a roubar os portugueses, ao mesmo tempo que arruinam a economia e expulsam do país centenas de milhar de concidadãos todos os anos.

Cheguei a pensar que o ministro da educação era só ambicioso. Afinal é não passa de mais um lacaio dos rendeiros e devoristas que levaram Portugal à bancarrota. Que diz o cor-de-rosa e inseguro seminarista do PS sobre isto? Pode falar livremente, ou tem que pedir licença à irmã Maria de Belém Roseira, Presidente da Mesa da União das Misericórdias?

quarta-feira, novembro 06, 2013

GOOGLE bug

AVISO

Os meus blogues sediados no Blogger (GOOGLE) estiveram esta tarde em baixo. Não foi nenhuma conspiração, ou ataque, espero. A verdade é que o novo sistema de CONFIRMAÇÃO EM DOIS PASSOS do GOOGLE TEM UM BUG.

É A SEGUNDA VEZ EM 30 DIAS QUE DEIXA OS MEUS BLOGUES DADOS COMO 'REMOVIDOS!

Já recuperei os blogues. Sabem como? Desativando a CONFIRMAÇÃO EM DOIS PASSOS da minha conta via GOOGLE...

Há pois um bug no GOOGLE que é preciso corrigir e sobre o qual é conveniente informar os usuários!


Pedimos desculpa pelo embaraço.

OAM

A Europa é o centro

Para Portugal a memória de África continua no coração.

Levantar a cabeça e olhar o horizonte...

AO CONTRÁRIO DA UNIÃO EUROPEIA, JAPÃO E ESTADOS UNIDOS, que vegetam entre o crescimento débil e a recessão desde 2009, e dos 12 países ricos em matérias primas sob ameaça de crise mencionados neste estudo de Bryson e Miller, há 37 países a crescer mais de 6% ao ano (Banco Mundial). Os profissionais e as empresas da Europa devem olhar para estas paragens, propondo-se levar-lhes valor acrescentado: profissional, tecnológico, científico, organizacional e cultural.

CURIOSAMENTE, a América Latina parece já ter atingido o pico da sua desequilibrada prosperidade, em grande medida atada às matérias primas e à perpetuação de sociedades oligárquicas autoritárias e populistas, havendo mesmo países, como a Venezuela, rapidamente a caminho do colapso económico e social. África e Ásia Pacífico são as paragens mais promissoras para criar riqueza nas próximas três décadas — apesar dos perigos e condições de partida nada favoráveis em muitos destes lugares.

MAS ATENÇÃO: a União Europeia, apesar do crescimento vegetativo em que se encontra e da metamorfose do paradigma de desenvolvimento que está dolorosamente em curso, é a plataforma integrada mais apta para promover e lucrar com a transição em curso da economia mundial.

Solidariedade, transparência, justiça e imaginação ao poder!

37 países a crescer a mais de 6% ao ano desde (2012):
  1. Afeganistão,
  2. Angola,
  3. Arménia,
  4. Bangladesh,
  5. Butão,
  6. Burkina Fasso,
  7. Cambodja,
  8. China,
  9. Macau,
  10. Rep. Congo,
  11. Costa do Marfim,
  12. Eritreia,
  13. Etiópia,
  14. Gana,
  15. Indonésia,
  16. Iraque,
  17. Kuwait,
  18. Laos,
  19. Libéria,
  20. Moldávia,
  21. Mongólia,
  22. Moçambique,
  23. Níger,
  24. Nigéria,
  25. Panamá,
  26. Papua Nova Guiné,
  27. Peru,
  28. Filipinas,
  29. Ruanda,
  30. Serra Leoa,
  31. Tajaquistão,
  32. Tanzânia,
  33. Tailândia,
  34. Timor-Leste,
  35. Turquemenistão,
  36. Uzebequistão,
  37. Zâmbia

segunda-feira, novembro 04, 2013

Quem tem medo de quem?

Elisabeth Taylor e Richard Burton em “Quem tem medo de Virgínia Woolf?” (1966)

O alto preço da exposição mediática

O que é um crime público?

Segundo o Ministério Público, “é um crime para cujo procedimento basta a sua notícia pelas autoridades judiciárias ou policiais, bem como a denúncia facultativa de qualquer pessoa.

As entidades policiais e funcionários públicos são obrigados a denunciar os crimes de que tenham conhecimento no exercício de funções.

Nos crimes públicos o processo corre mesmo contra a vontade do titular dos interesses ofendidos.”

Esta é a quinta vez (1, 2, 3, 4) que escrevo sobre Manuel Maria Carrilho, pessoa que conheço como político polémico e a quem vi inúmeras vezes tomar posições corajosas, embora para muitos tais atitudes agressivas não fossem mais do que a prova reiterada do seu mau feitio e mau perder.

Conheci Manuel Maria Carrilho quando o 'soarismo' apodrecia e Sampaio e Guterres conspiravam para comandarem o próximo ciclo 'socialista'. Alguns jovens intelectuais e artistas andavam então preocupados com o provincianismo e a miséria cultural do país. Eu era um deles, Carrilho era um deles, o saudoso Pedro Miguel Frade era um deles, Ricardo Pais, outro, etc., etc.

Em 1995, Guterres chamou Manuel Maria Carrilho para ministro da cultura. Contam-se várias peripécias sobre este episódio, mas o certo é que se o inesperado ministro correspondeu às expectativas dos artistas e da generalidade dos agentes culturais, já na comunicação social as baterias foram sendo assestadas na sua direção. O segundo governo de António Guterres começou mal (sem maioria) e acabou pessimamente, dois anos depois, por demissão do próprio primeiro ministro. Carrilho já tinha batido com a porta, antevendo o famoso 'pântano' de que mais tarde se lamentaria Guterres e onde o regime invariavelmente cai quando não há maioria absoluta no parlamento.

Carrilho nunca foi, não é, nem será um homem de partido, como por exemplo foi e é José Sócrates e são muitos outros dirigentes e governantes do PS. Talvez por isso a sua vida depois de abandonar o governo, que menos de dois anos depois cairia, tivesse sofrido uma guinada imprevista em direção a Bárbara Guimarães, filha de um escultor obscuro, à época uma das mais celebradas Barbies da TV portuguesa, e aparentemente casada em 1997 com alguém de quem teve que se divorciar para poder voltar a casar, em 2002, desta vez com um ex-ministro.

Nunca me interessei por revistas cor-de-rosa, nem nunca li a Gente, ou a Caras. Só agora, perante esta hecatombe matrimonial, fui obrigado a chafurdar na literatura mais vendida no país.

Os divórcios são frequentemente coisas horríveis, onde chovem as acusações e os insultos mais despudorados. No caso, Manuel Maria Carrilho, ao ver-se subitamente impedido de entrar na sua própria casa, sem que para tal houvesse qualquer interdição judicial, e ao ver-se no mesmo dia, ou dia seguinte, acusado de espancar Bárbara Guimarães, sua esposa, estava realmente em muito maus lençóis. Talvez por isso a sua resposta fosse um contra-ataque violentíssimo ao suposto alcoolismo e à suposta decadência de Bárbara Guimarães, mãe de dois dos seus três, ou quatro filhos. É que a provarem-se os factos de que é acusado pela ainda sua esposa, se não houver fortes atenuantes, Manuel Maria Carrilho ficará numa situação pessoal gravíssima. O melhor mesmo é chegarem a uma separação negociada.

Não sei, e ninguém sabe, por enquanto, o que é verdade, o que é mentira, e o que são meias verdades e meias mentiras em toda esta história vulgar da imprensa cor-de-rosa. É que para além da tragédia que se abateu sobre os visados, e em especial sobre os filhos de ambos, tudo isto é banal e sórdido ao mesmo tempo. Prefiro mil vezes rever Who's Afraid of Virginia Woolf.

Perdeu-se um político, provavelmente há muito mais tempo do que ele próprio quis crer. Os próximos meses dirão se Bárbara Guimarães não terá também que buscar outra profissão. Para Barbie realmente já não serve!

ÚLTIMA HORA (7 nov 2013, 15:07)

Manuel Maria Carrilho e Bárbara Guimarães chegaram a acordo sobre o divórcio
, estão divorciados e o mais importante agora são os dois filhos que há que proteger de um tempo que jamais esquecerão. Fico feliz por ambos terem evitado prolongar um situação que, doutro modo, seria fatal para ambos. All's well that ends well!

sábado, novembro 02, 2013

EDP? Fora!

Bairro do Lagarteiro – Porto - Espaço Público. Arquiteto Paulo Tormenta Pinto - Arquiteto Paisagista João Ferreira Nunes – Proap, Lda

A primeira das "ligações fraudulentas e clandestinas" existentes é a que fornece eletricidade de borla ao presidente da EDP, António Mexia!!!

EDP deixa bairros sociais do Porto às escuras
Expresso, 1 nov 2013.

A EDP prossegue com a ação de corte de energia em bairros sociais do Porto. Hoje foram cortadas ligações de energia no bairro de Contumil e, tal como ontem, os técnicos da empresa de eletricidade chegaram ao local acompanhados de forte escolta policial, o que desencadeou a fúria e indignação dos moradores. 

Berlim decide em referendo gestão da produção de eletricidade
Euronews, 1 nov 2013.

A gestão da produção de energia elétrica em Berlim vai ser decidida, este domingo, em referendo.

Em causa está a transferência da gestão, atualmente, nas mãos da sueca Vattenfall para uma entidade pública.

A iniciativa lançada por mais de 50 organizações não-governamentais conta, agora, com o apoio dos Verdes

“Não queremos que o dinheiro vá parar ao setor privado, neste caso à Vattenfall, mas sim que fim no bolso dos berlinenses” afirma Daniel Wesener dos Verdes.

Sustentabilidade e preços mais competitivos são dois dos argumentos usados pelos promotores da iniciativa que inistem na necessidade de apostar em energias alternativas.

Meu caro Rui Moreira,

É fundamental perguntar à população do Porto, e de toda a Área Metropolitana do Porto, se quer continuar sujeita aos rendeiros endividados e oportunistas da EDP, que ao mesmo tempo que intoxicam a opinião pública com operações constantes de sedução mediática e pseudo cultural, manifestam a mais cruel insensibilidade perante quem mais tem sido atingido pela crise financeira, económica e social, de que a própria EDP e os seus investimentos especulativos são uma das causas, ou se prefere que as escolhas estratégicas e a gestão energética desta cidade-região regressem de forma plena ao domínio público.

A cidade alemã de Berlim já percebeu a vigarice dos cartéis energéticos, e começou a reagir sem meias medidas, nem subtilezas. Pertencem à mesma união que o Porto, não é verdade?

Está na altura de a defesa da democracia e da decência exigir ação, e ação de rua, se for o caso!

As populações urbanas devem olhar para esta ofensiva inadmissível da corja da EDP como uma ameaça, e devem organizar as suas defesas cidadãs, pois mais do mesmo virá se continuarmos a tratar os piratas com mãos de lã.

sexta-feira, novembro 01, 2013

Tordesilhas 2.0: a nova divisão

Daqing—o momento heroico da 'agit-prop' maoista (Chinese posters)

“Quando o sábio aponta para as estrelas, o idiota olha para o dedo...” — provérbio chinês

Un estudio revela por qué los países del norte son ricos y los del sur, pobres
Publicado: RT | 28 oct 2013 | 18:49 GMT Última actualización: 28 oct 2013 | 18:50 GMT

Los investigadores de la Oficina Nacional de Investigación Económica (NBER por sus siglas en inglés) en su publicación destacaron los siguientes factores claves que determinan la riqueza nacional de los estados: disponer de salida al mar, poseer recursos naturales (petróleo, gas y carbón), gozar de condiciones favorables para la agricultura y tener un clima frío. (Texto completo)

Oil Peak/ Daqing
(Xinhua News Agency February 6, 2004)

Because of a shortage of renewable resources and a shrinkage of exploitable oil reserves, Daqing saw a drop of 1.74 million tons of oil, and only produced 48.4 million tons of crude last year, putting an end to 27 years of stabilizing its output at a minimum of 50 million tons annually.


Há verdades evidentes: onde não há água potável, nem rios, nem mar, a natureza e a humanidade como parte dela têm dificuldades acrescidas em prosperar. Esta verdade é ainda mais viva se, como na Grande Rússia, a unidade política do território é mantida a ferro e fogo há séculos, ou se, como na China, a autocracia imperial e burocrática dura há milénios. A nova prosperidade da China, por exemplo, é um fenómeno provavelmente passageiro, e por uma razão muito simples: esta prosperidade deveu-se a uma combinação temporária entre escravatura moderna —legitimada pelo hino marxista-leninista-estalinista-maoísta— e a descoberta de recursos petrolíferos no final da década de 1950, mas cujo pico de exploração foi atingido entre 2004-2010 :(

Sem energia concentrada, facilmente transportável sem grandes perdas, e barata, o modelo de crescimento industrial intensivo que conhecemos nos últimos 120 anos (assente basicamente no carvão e no petróleo) morrerá um dia destes de morte súbita. Estamos, aliás, na fase que imediatamente antecede esta morte e a necessária metamorfose que se lhe seguirá, com ou sem novas guerras mundiais. A próxima guerra mundial poderá assumir a forma de uma guerra de guerrilha, sanguinária, mas também eletrónica, à escala global. Na realidade, esta nova guerra já está em curso desde 2011...

No momento de enfrentar o colapso energético, as democracias antigas terão alguma vantagem sobre as autocracias, apesar de estas serem hoje democracias formais. China e boa parte da Ásia, tal como a Rússia e a América Latina tenderão a regredir de forma súbita e violenta para novas formas de sobre exploração e subjugação dos povos. As ditaduras militares e burocráticas regressarão a essas regiões do globo. Atenção, também, ao sul da Europa...

Antes do findar deste século, da Ásia, da Rússia, da maior parte da América Latina, e de toda a África subsariana fugirão para a Europa e para a América do norte boa parte das suas elites. De momento, fogem os esfomeados... Os corruptos ricos virão mais tarde.

quinta-feira, outubro 31, 2013

Um governo sem bitola

AVE, a segunda maior rede de Alta Velocidade do mundo. Link1, Link2

Os governos são responsáveis, o parlamento é responsável, os autarcas são responsáveis...

Artigo publicado no dia 18 de Maio no Público Online
Por Rui Rodrigues

O actual Governo português, apesar dos financiamentos que existiam, optou por não fazer nada até 2015. Esta decisão levanta uma questão ainda não esclarecida nem respondida: o que aconteceu aos fundos europeus que tinham sido assegurados para o novo troço Poceirão-Caia, do PP3?

Que se pretende fazer para que Portugal não caia na encruzilhada da “ilha ferroviária” a que os responsáveis levaram o País, apesar de todos os avisos que foram feitos?


BITOLA IBÉRICA ACABA EM BADAJOZ

No passado dia 13 de Maio de 2013 realizou-se em Madrid a XXVI Cimeira Luso-Espanhola. Relativamente ao transporte ferroviário de mercadorias, foi decidido criar um grupo de trabalho para se definirem as futuras ligações entre os dois países.

A informação mais importante, contudo, foi divulgada dois dias após a referida Cimeira, e consistiu num estudo encomendado pelo Ministério de Fomento espanhol onde se admite o encerramento de 48 linhas ferroviárias de bitola (distância entre carris) ibérica.

O mapa do encerramento das vias já foi divulgado no site do jornal “El País”.

O Governo espanhol já fez saber que a ligação internacional na fronteira de Badajoz, em bitola ibérica, deixará de existir logo que a nova linha de bitola europeia Badajoz-Madrid, esteja concluída em 2015 ou 2016.

Esta decisão era esperada pelas razões que já foram publicadas, há muito tempo, neste suplemento. O principal argumento consiste no facto da Espanha estar a investir na nova Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T) e não ter obrigação, nem interesse, em manter antigas vias que não sejam competitivas e sem tráfego.
          
PORTUGAL MAIS ISOLADO

Algumas das decisões já anunciadas por responsáveis portugueses deixaram de fazer sentido e iremos enumerá-las através da descrição exata das diferentes propostas anunciadas pelo atual Governo português desde Junho de 2011 relativamente ao projeto do novo troço ferroviário Poceirão-Caia.

  1. Numa entrevista, dada à publicação “Transportes em Revista”, de Novembro-Dezembro de 2011, o atual Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, relativamente ao troço Poceirão-Caia, defendeu a construção de uma linha com uma via única de bitola europeia e outra via única de bitola ibérica. Foi acrescentado: “até à primeira metade de 2012 haverá investimento no terreno”.
  2. No dia 27 de Março de 2012, o Primeiro-ministro Passos Coelho, na visita que efetuou ao porto de Sines, afirmou que “o seu Governo gostaria que a ligação do porto de Sines à rede europeia“ estivesse “a ser executada até 2014”, ano previsto para a conclusão do “alargamento do Canal do Panamá”.
  3. Mais tarde, no dia 29 de Outubro de 2012, o novo Presidente da REFER, Rui Loureiro, numa entrevista publicada no “PÚBLICO”, sobre a ligação ferroviária a Badajoz, deu a entender que só seria construído um novo troço Évora-Badajoz e, após a sua finalização, seria feita a ligação à via única, que já existe, Évora-Vendas Novas-Poceirão-Sines, em bitola Ibérica.
  4. Por fim, no dia 7 de Fevereiro de 2013, o Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, fez uma conferência de imprensa onde foi divulgado que, até 2015, nada seria feito. Em vez da linha de altas prestações para mercadorias e passageiros, várias vezes anunciada nos meses anteriores, o Governo iria optar por uma Linha de Transporte de Mercadorias (LTM), que serviria apenas para transporte de carga entre os portos de Sines, Lisboa e Setúbal a Badajoz, em bitola ibérica, e que teria um custo de 700 milhões de Euros. Na altura, ficou a saber-se que não existia nenhuma alternativa ao projeto de execução do troço Poceirão-Caia e que nem sequer foi apresentada qualquer solução concreta para ligar os portos do Sul à nova rede de bitola europeia.
  5. Passado pouco tempo, após a desistência da nova ligação ferroviária à U.E., surpreendentemente, foi anunciada intenção de investir 1000 milhões de euros num novo porto na Trafaria.
  6. Por fim, a 13 Maio de 2013, após a XXVI Cimeira luso-espanhola, realizada em Madrid, o Governo português decidiu criar um grupo de trabalho com Espanha, para se definirem as ligações ferroviárias entre os dois países. Ver documento (pdf) sobre o que ficou acordado entre Portugal e Espanha.

CONSEQUÊNCIAS

Todas as opções que foram anunciadas, tanto pelo Secretário Estado dos Transportes e pelo Presidente da REFER, para ligar o Sul de Portugal a Badajoz, que incluíam a bitola ibérica, deixaram de fazer sentido, pois já falta pouco tempo para estar concluída a nova linha Madrid-Badajoz, em bitola europeia.

Nos próximos anos, as ligações em Vilar Formoso e Valença também deixarão de ter bitola ibérica. Já foi divulgado publicamente que, quando a nova via Madrid-Santiago de Compostela estiver concluída, em 2018, a linha Corunha-Vigo passará a ser em bitola europeia. No caso de Vilar Formoso, ainda não existe data definida mas o mesmo vai ocorrer nos próximos anos.

Atualmente, existem comboios de mercadorias que fazem o transporte ferroviário de Portugal para Espanha, e vice-versa, pela rede existente de bitola ibérica. Brevemente, nem isso vai ser possível.

A situação muito provável de Portugal se tornar numa ilha ferroviária já levou algumas pessoas a sugerir a hipotética utilização de comboios de mercadorias de eixo variável. Se esta opção muito dispendiosa fosse viável, a Espanha nunca teria construído uma nova rede de bitola europeia.

O que vai acontecer é que os contentores, vindos da Europa, além Pirenéus, vão ter que ficar “retidos” na plataforma logística de Badajoz. A opção mais rápida, barata e viável será o transporte direto dos contentores em camiões desde Badajoz até ao ponto de destino, na região de Lisboa, uma vez que a distância é de cerca de 200 Km.

E O FUTURO?

Neste momento existe o sério risco de nada ser feito até 2015 e, mais grave ainda, nem sequer existem planos concretos para o próximo Quadro financeiro 2014-2020.

Um país, para se candidatar a fundos comunitários, tem que apresentar um projeto de execução que, no caso da ferrovia, em média, pode atingir um custo até 8% do total da obra. Um projeto de execução pode levar bastante tempo a elaborar e é necessário fazer um concurso internacional. O do Poceirão-Caia já foi realizado.

O único Projeto Prioritário (PP) a que Portugal se candidatou, no atual pacote financeiro, 2007-2013, foi o PP3 - Poceirão-Badajoz-Madrid-Valladolid-Irún-França.

Na linha Aveiro-Salamanca, por exemplo, Portugal não tem nenhum projeto de execução , pelo que só poderá ser apresentado para o próximo pacote financeiro 2014-2020.

O atual Governo português, apesar dos financiamentos existentes, optou por não fazer nada até 2015.

Esta decisão levanta uma questão, ainda não esclarecida nem respondida: onde estão os fundos europeus que tinham sido assegurados para o novo troço Poceirão-Caia, do PP3?

O que se pretende fazer para que Portugal não caia na encruzilhada da “ilha ferroviária” a que os responsáveis levaram o País, apesar de todos os avisos que foram feitos?