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quinta-feira, março 19, 2015

Ferrovia portuguesa a passos de caracol

Rede  ferroviária de bitola europeia prevista

Bitola europeia entra finalmente no vocabulário governamental


Até agora o governo de Passos Coelho, pela boca de Sérgio Monteiro, tem andado a mentir aos portugueses sobre comboios. Pior, colocou Portugal na posição de poder transformar-se em breve numa ilha ferroviária, pois é evidente que estando a Espanha a mudar toda a sua rede ferroviária principal para a norma UIC, os comboios portugueses vão começar a parar na fronteira para transbordo de pessoas e mercadorias!

A coligação PSD-CDS/PP herdou do anterior governo 1200 milhões de euros para a ligação Poceirão-Caia —600 milhões a fundo perdido da UE e 600 milhões do BEI, com taxas de juro altamente favoráveis. Como deitou para o caixote do lixo o projeto ganho pelo consórcio Elos (cortesia dos tribunal político de contas), o governo teleguiado pelo lóbi do novo aeroporto, e guiado em matéria de desastres energéticos e de transportes, pelo condottieri Sérgio Monteiro, perdeu para os espanhois e franceses 600 milhões de euros do QREN 2007-2013, os 600 milhões do BEI foram parar à Parpública, possivelmente para aguentar a insolvente TAP por mais algum tempo, e por fim terá que indemnizar o consórcio Elos em mais de 160 milhões de euros. Ou seja, este governo deitou à rua 1.360 milhões de euros e ficou sem nada nas mãos, salvo uma TAP à beira do colapso e uma ilha ferroviária no horizonte.

A medida da farsa está bem espelhada no segundo anúncio, feito esta semana, pelo mesmo primeiro ministro, no mesmo lugar, Sines, do arranque nova ligação ferroviária Sines-Badajoz. A primeira vez foi em 2013.

Construção de ferrovia de Sines com bitola europeia deve começar este ano
TSF, 16 março 2015, 21:56

O secretário de Estado Sérgio Monteiro diz que a parte portuguesa da linha ferroviária Sines/Madrid, de bitola europeia, deverá estar concluída em 2019, caso seja aprovada pela Comissão Europeia.

«A candidatura está feita, estamos a contar que seja aprovada e que a resposta de Bruxelas chegue em julho deste ano para que a obra se inicie ainda em 2015», disse.

«A ligação de Sines até à fronteira [com Espanha] deverá estar concluída até 2019. Depois queremos que a linha de caminho-de-ferro siga até Lisboa, para servir também o porto de Lisboa. Essa ligação estará terminada em 2021», acrescentou Sérgio Monteiro.

Bruxelas não dará um chavo a projetos ferroviários que não correspondam a uma ideia simples chamada interoperabilidade, e que não estejam conformes com o plano europeu conhecido pela sigla TEN-T, a qual implica adotar um conjunto de normas técnicas (sistema elétrico, sistema de sinalização, sistema automático de segurança, etc.) e uma distância entre carris, conhecida como bitola europeia, bitola UIC, bitola standard, bitola internacional, etc.  Ora este governo tem andado a navegar na indefinição sobre estas matérias, enganando sucessivamente o governo de Madrid, a imprensa, e os portugueses sobre um assunto de natureza estratégica da maior relevância.

O resultado está à vista:

DB e SNCF disseram “não” à CP Carga
Transportes em revista, 8-03-2015

Os dois maiores operadores ferroviários de mercadorias da Europa, os alemães da DB e os franceses da SNCF, não estão interessados na privatização da CP Carga. Ao que a Transportes em Revista conseguiu apurar, a Tutela entrou em contacto com as duas entidades para aferir sobre um “potencial interesse” na aquisição da empresa portuguesa, tendo como resposta um rotundo “não”.
A TR sabe que o Governo também entrou em contacto com a espanhola Renfe, mas até ao momento ainda não recebeu resposta.

Comentário de uma fonte geralmente bem informada sobre este anúncio dos dois maiores operadores europeus de transporte de mercadorias por ferrovia:

Eu faria o mesmo. De que serve uma empresa que opera em bitola ibérica?
Estão a ver aqueles fantásticos transportes de mercadorias de Portugal para a Alemanha com transbordo na fronteira entre a Espanha e França? Ninguém está, salvo o Sérgio Monteiro. Ou seja, Kaput.
Mas a coisa não fica por aqui.
—portos: Kaput
—Peugeot em Mangualde: Kaput
—Autoeuropa: em acelerado processo de Kaput, ainda para mais com aquele incêndio que foi um "acidente"...

PS: o único que se salva é o porto de Setúbal, pelos motivos que se conhecem. De todos os portos do país é o que tem o melhor 'hinterland', no caso, o mais pequeno. Mais vale ter um portinho na mão, do que dois ou mais a voar!

POST SCRIPTUM

Sérgio Monteiro e as as Conversações de Santa Engrácia

Veja-se esta reportagem televisiva de 7 fevereiro de 2013, quando Sérgio Monteiro anunciava a TLTM, de que agora ninguém fala. Neste vídeo, o Secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações dizia que estava em 'conversações' com a Comissão Europeia. Foram umas conversações e peras! Já passaram dois anos, a Espanha durante este tempo não parou de assentar carris de bitola europeia, e o nosso governo, no bolso do Grupo Mello/Brisa e rendeiros da mesma laia, andou entretido a lançar propaganda barata para cima dos indígenas, sempre com a desmiolada cooperação da nossa indigente imprensa.

Sérgio Monteiro voltou a dizer, na 2ª feira passada, que aguarda até a julho deste ano resposta de Bruxelas. São as Conversações de Santa Engrácia! Quatro anos e mil milhões de euros atirados ao lixo. Isto, mais do que incúria, é um crime de gestão estratégica, induzido pela via dos consabidos canais da corrupção que colocaram esta criatura onde está.

Atualização: 19 mar 2015, 11:06

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quinta-feira, novembro 06, 2014

Tribunais, constitucional e de contas, bloqueiam Portugal

A nova rede ferroviária de que Portugal precisa
(clicar para ampliar)

Só Bruxelas poderá impedir a transformação de Portugal numa ilha ferroviária


A santa aliança entre os rendeiros e a oportunista esquerda que temos tem boicotado um dos principais vetores de saída da atual crise económica e social portuguesa

La licitación pública en obra ferroviaria creció un 253 por ciento hasta septiembre
Se situó en 2.442, 24 millones de euros y supone el 23,7 por ciento del total de lo licitado

(06/11/2014) En conjunto se licitó en obras ferroviarias un total de 2.442,24 millones de euros que suponen el 23,7 por ciento del total de la licitación pública. Adif licitó entre enero y septiembre por valor de 2.240,10 millones de euros, lo que supone un avance del 243,5 por ciento respecto al mismo periodo de 2013.

La licitación conjunta de todas las administraciones en los primeros nueve meses del año creció un 63,7 por ciento hasta los 10.291,74 millones. La de la Administración Local creció un 49,9 por ciento, la de la Autonómica un 13,1 por ciento, mientras que la Administración Central licitó un 113 por ciento más que en los tres primeros trimestres de 2013.

Vía Libre
A nova rede ferroviária espanhola para passageiros e mercadorias, de bitola europeia, chegará em breve a Badajoz e Vigo, e também à fronteira francesa no País Basco. A saída por Barcelona já está operacional há mais de um ano. A ligação entre Salamanca e a fronteira portuguesa, de que nem sequer existem estudos prévios, pelo lado espanhol aguarda que os portugueses se decidam (ver mapa detalhado dos corredores — Trans-European Transport Network | TEN-T Corridors).

A hesitação permanente e a paralisia criminosa dos sucessivos governos portugueses nesta matéria teve como resultado, até hoje, o desperdício de largas centenas de milhões de euros dos fundos comunitários (que acabaram por ir parar a Espanha e França!) e indemnizações devidas ao consórcio Elos que venceu o concurso da ligação ferroviária Poceirão-Caia, mas cujo concurso foi anulado pelo chamado, mas falso, Tribunal de Contas, sem apelo nem agravo, e mehor conveniência dos governantes de turno, que aproveitaram mais este pretexto para voltar a parar o processo na esperança de que a especulativa cidade aeroportuária de Alcochete e a Ponte Chelas-Barreiro (ambas muito desejadas pelo ex-DDT, Ricardo Espírito Santo, e pelo senhores Ho e Almeida Santos) um dia ressuscitassem.

Quando as ligações ferroviárias espanholas chegarem à fronteira portuguesa, ou perto, pessoas e mercadorias do lado de cá passarão a ter que mudar de combóio em Valença do Minho, Vilar Formoso, Badajoz e Vila Real de Santo António, para chegarem aos nossos principais mercados de exportação e trabalho. É que havendo descontinuidade de bitolas, isto é, da largura dos carris, na eletrificação das linhas e nos sistemas de sinalização e segurança, os comboios portugueses deixarão de poder circular na principal rede de transporte ferroviária espanhola e europeia!

Os prejuízos deste verdadeiro boicote indígena de acordos bilaterias e projetos europeus consolidados são enormes.

Um deles é este: as transportadoras rodoviárias nacionais emigrarão em massa para os portos secos da Galiza, Salamanca e Badajoz (onde o gasóleo é mais barato, e os impostos menos assassinos); outro é este: a já decadente rede ferroviária portuguesa colapsará de vez.

Todo este boicote começou por ser feito em nome de interesses ocultos, e acabou, durante o atual governo, por prosseguir, mas desta vez em nome da repressão do investimento público, ou seja dos cortes orçamentais nas despesas de capital impostos pela corja da chamada 'esquerda' parlamentar, e pelos imbecis do Tribunal do Constitucional. Sem credores externos que continuassem a alimentar burros a Pão de Ló e porcos a pérolas, o governo teria que fazer duas coisas de forma equilibrada e estratégica: diminuir a despesa do estado e aumentar as receitas. Na diminuição das despesas, a principal delas deveria ter resultado de uma reforma estrutural do estado, isto é, das suas funções e eficiência (energética e burocrática), e ainda de uma modificação radical do seu relacionamento (capturado por elites rendeiras e devoristas várias) com a economia e as instituições fora do seu perímetro orçamental estrito. Tendo sido impedido de o fazer, pelo bloqueio conjunto da 'esquerda', das corporações empresariais e sindicais, banqueiros rendeiros e Tribunal Constitucional, o governo acabaria por reprimir, muito para além do desejável, o investimento público, nomeadamente na construção da urgente ligação de Portugal aos corredores de transporte europeus. Quando a 'esquerda' demagógica e populista fala de crescimento, e critica o governo pela falta dele, sabe muito bem que é a principal responsável por este grave bloqueio económico do país.

A nossa única salvação é, apesar de tudo, a mão cada vez mais pesada que a Comissão Europeia e o BCE terão na condução da política orçamental e de concorrência portuguesas. O protetorado, no fundo, no fundo, ainda é o que poderá salvar Portugal da desgraça completa e da corja de rendeiros, piratas e devoristas que tem vindo a destruí-lo.


POST SCRIPTUM

Nem de propósito!

Comissão Europeia/ Representação em Portugal
Melhorar as ligações ferroviárias
06/11/2014

O Programa RTE-T da UE vai investir 400 000 euros em estudos técnicos para o melhoramento da infraestrutura ferroviária transfronteiriça em Portugal e Espanha, que irão contribuir para o desenvolvimento dos serviços ferroviários entre os dois países e o resto da Europa.


IMPORTANTE

Mas diz quem sabe...

“Este projecto estará a ser feito pela REFER, por indicação do Secretário de Estado dos Transportes e sob a proposta do Prof. José Manuel Viegas, e parece também envolver empresas privadas ligadas a essa gente.

Este projecto consiste apenas em acabar com a possibilidade dos próximos governos (provavelmente do PS) reiniciarem o processo de construir uma rede em bitola europeia em Portugal.

Trata-se da tal ideia de instalar o celebérrimo 3º carril, que possivelmente nunca deveria ser feito porque já se sabe que é um disparate em termos de eficiência ferroviária para longas distâncias (até pior do que os intercambiadores).

Eis um verdadeiro crime de traição à Pátria porque vai  afectar as gerações futuras por muito e muitos anos....

Conforme podem ver pelo descritivo que está em baixo, este projecto só interessa a Portugal e, para ser aprovado, teve a conivência do Director Geral das Infraestruturas em Bruxelas (que é um português...) e do antigo Presidente da Comissão Europeia (outro português....)

Conforme poderão confirmar, o descritivo do projecto, que apenas interessa Portugal, envolve apenas 400.000 Euros. Possivelmente será para pagar os estudos aos amigos do PSD, PS, etc. Mais um dinheiro esbanjado que para nada servirá...”

sábado, novembro 30, 2013

Rota da Seda Express

Forget the space race. The new arms race is over high-speed trains — Smart Planet.

4 mapas e o desastre da governação indígena

Portugal corre o sério risco de se transformar numa ilha ferroviária e portuária se o atual secretário de estado Sérgio Monteiro (o homem de mão das PPP) continuar a destruir a mobilidade do país, com o beneplácito dos serviçais de turno: o magnífico ministro cervejeiro que substitui o incómodo e independente Álvaro Santos Pereira, o Maduro que começa a cair de podre e vai tomar conta (!!!) do QREN, e o responsável-mor por todo este descalabro, e motorista do BES, o imprestável Jota PM Pedro Passos Coelho. Este governo está, realmente, a destruir o país!

Os mapas que se seguem explicam, sem mais palavreado, a completa indigência, incultura e irresponsabilidade da cleptocracia que tomou de assalto a praia portuguesa, com a colaboração, é certo, de uma chusma de intelectuais invertebrados, e que continua sem perceber que, mais cedo ou mais tarde, o destino evidente lhe cairá em cima como um pesado saco de mortos.

A China sempre esteve atenta à Europa, pois pertence à mesmíssima Eurásia

A União Europeia não anda a dormir, exceto alguns ladrões de Lisboa

Quando o Islão começou a ameaçar a Rota da Seda, a China procurou alternativas nos oceanos e aproximou a capital principal do  mar (Rotas do Grande Navegador chinês Zheng He)

A antiga Rota da Seda que o Islão comprometeu temporariamente

A recente análise agregada do Banco de Portugal sobre a queda da economia portuguesa não diz nada de útil ao país, a não ser que as falsas PME, que são uma parte muito significativa, em volume de negócios, do conjunto das PME e que, na realidade, não passam de extensões bancárias dissimuladas, ou braços 'independentes' dos grandes grupos rendeiros do país, perderam o grande mercado das obras públicas desnecessárias e/ou abusivas e ruinosas (PPP etc.), tendo ao mesmo tempo perdido o grande mercado falsamente verde da especulação energética. Para retirar Portugal do plano inclinado em que está resta uma única oportunidade no terreno das obras públicas: construir depressa e bem a rede ferroviária de bitola europeia que falta para ligar as cidades-região de Lisboa e Porto e os principais portos do país a Espanha e ao resto da Eurásia!

Corea del Sur quiere restablecer la Ruta de la Seda

La presidenta surcoreana, Park Geun-hye, ha propuesto restablecer la Ruta de la Seda: crear una red común de autopistas y rutas ferroviarias que conecte Corea del Sur, Corea del Norte, China, Rusia, Asia Central y Europa.
El proyecto, titulado 'La Ruta de la Seda Express', se presenta como un plan global destinado a promover la idea de una Eurasia única. Aparte del transporte, prevé unir también las infraestructuras energéticas de la región y crear un bloque económico común.

Según Park Geun-hye, el programa contribuirá a establecer la paz en la zona y a resolver los problemas relacionados con Corea del Norte. Llamó a que Pyongyang colaborara en el proyecto y siguiera el camino de reformas y apertura hacia el resto del mundo.

Texto completo em RT

¿Nueva Ruta de la Seda?: China marcha a la 'conquista' de Europa y Asia Central

En su 'marcha hacia Occidente' el primer ministro Chino llegó esta semana a Europa para visitar Rumanía, tras asistir a la reunión de líderes de China-Europa Central y Oriental (CECO). Una marcha que vislumbra una nueva Ruta de la Seda.
Durante la reunión con su homólogo rumano, el mandatario chino Li Keqiang anunció que su país tratará de duplicar el comercio con los países del centro y este de Europa para el año 2018. El valor de los intercambios comerciales entre China y Europa Central y del Este llegó a 52.000 millones de dólares en los primeros diez meses de 2013. Si se alcanza la meta de Li, el comercio de China con la región debería elevarse a más de 120.000 millones de dólares en los próximos cinco años.

Pero, ¿cómo pretende China lograr esta meta? El gigante asiático planea seguir un camino ya conocido: apoyar el financiamiento de proyectos de infraestructura a gran escala, como atestigua el compromiso de Pekín de construir un ferrocarril entre Hungría y Serbia (ambicioso plan que vinculará en el futuro China con centro Europa).

Texto completo em RT

Em 7 de agosto de 2005, foi confirmado que o Departamento do Patrimônio Histórico de Hong Kong pretende propor a Rota da Seda Marítima como Patrimônio da Humanidade. Wikipédia.

Is China's New High-Speed Train Worth the Trek?

China opened the world's longest high-speed rail line, connecting Beijing in the north to Guangzhou in the south in just eight hours. The WSJ's Carlos Tejada explains the pros and cons of taking the train versus flying. | WSJ, 12/26/2012 11:44:12 PM3:08

quinta-feira, outubro 31, 2013

Um governo sem bitola

AVE, a segunda maior rede de Alta Velocidade do mundo. Link1, Link2

Os governos são responsáveis, o parlamento é responsável, os autarcas são responsáveis...

Artigo publicado no dia 18 de Maio no Público Online
Por Rui Rodrigues

O actual Governo português, apesar dos financiamentos que existiam, optou por não fazer nada até 2015. Esta decisão levanta uma questão ainda não esclarecida nem respondida: o que aconteceu aos fundos europeus que tinham sido assegurados para o novo troço Poceirão-Caia, do PP3?

Que se pretende fazer para que Portugal não caia na encruzilhada da “ilha ferroviária” a que os responsáveis levaram o País, apesar de todos os avisos que foram feitos?


BITOLA IBÉRICA ACABA EM BADAJOZ

No passado dia 13 de Maio de 2013 realizou-se em Madrid a XXVI Cimeira Luso-Espanhola. Relativamente ao transporte ferroviário de mercadorias, foi decidido criar um grupo de trabalho para se definirem as futuras ligações entre os dois países.

A informação mais importante, contudo, foi divulgada dois dias após a referida Cimeira, e consistiu num estudo encomendado pelo Ministério de Fomento espanhol onde se admite o encerramento de 48 linhas ferroviárias de bitola (distância entre carris) ibérica.

O mapa do encerramento das vias já foi divulgado no site do jornal “El País”.

O Governo espanhol já fez saber que a ligação internacional na fronteira de Badajoz, em bitola ibérica, deixará de existir logo que a nova linha de bitola europeia Badajoz-Madrid, esteja concluída em 2015 ou 2016.

Esta decisão era esperada pelas razões que já foram publicadas, há muito tempo, neste suplemento. O principal argumento consiste no facto da Espanha estar a investir na nova Rede Transeuropeia de Transportes (RTE-T) e não ter obrigação, nem interesse, em manter antigas vias que não sejam competitivas e sem tráfego.
          
PORTUGAL MAIS ISOLADO

Algumas das decisões já anunciadas por responsáveis portugueses deixaram de fazer sentido e iremos enumerá-las através da descrição exata das diferentes propostas anunciadas pelo atual Governo português desde Junho de 2011 relativamente ao projeto do novo troço ferroviário Poceirão-Caia.

  1. Numa entrevista, dada à publicação “Transportes em Revista”, de Novembro-Dezembro de 2011, o atual Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, relativamente ao troço Poceirão-Caia, defendeu a construção de uma linha com uma via única de bitola europeia e outra via única de bitola ibérica. Foi acrescentado: “até à primeira metade de 2012 haverá investimento no terreno”.
  2. No dia 27 de Março de 2012, o Primeiro-ministro Passos Coelho, na visita que efetuou ao porto de Sines, afirmou que “o seu Governo gostaria que a ligação do porto de Sines à rede europeia“ estivesse “a ser executada até 2014”, ano previsto para a conclusão do “alargamento do Canal do Panamá”.
  3. Mais tarde, no dia 29 de Outubro de 2012, o novo Presidente da REFER, Rui Loureiro, numa entrevista publicada no “PÚBLICO”, sobre a ligação ferroviária a Badajoz, deu a entender que só seria construído um novo troço Évora-Badajoz e, após a sua finalização, seria feita a ligação à via única, que já existe, Évora-Vendas Novas-Poceirão-Sines, em bitola Ibérica.
  4. Por fim, no dia 7 de Fevereiro de 2013, o Secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Monteiro, fez uma conferência de imprensa onde foi divulgado que, até 2015, nada seria feito. Em vez da linha de altas prestações para mercadorias e passageiros, várias vezes anunciada nos meses anteriores, o Governo iria optar por uma Linha de Transporte de Mercadorias (LTM), que serviria apenas para transporte de carga entre os portos de Sines, Lisboa e Setúbal a Badajoz, em bitola ibérica, e que teria um custo de 700 milhões de Euros. Na altura, ficou a saber-se que não existia nenhuma alternativa ao projeto de execução do troço Poceirão-Caia e que nem sequer foi apresentada qualquer solução concreta para ligar os portos do Sul à nova rede de bitola europeia.
  5. Passado pouco tempo, após a desistência da nova ligação ferroviária à U.E., surpreendentemente, foi anunciada intenção de investir 1000 milhões de euros num novo porto na Trafaria.
  6. Por fim, a 13 Maio de 2013, após a XXVI Cimeira luso-espanhola, realizada em Madrid, o Governo português decidiu criar um grupo de trabalho com Espanha, para se definirem as ligações ferroviárias entre os dois países. Ver documento (pdf) sobre o que ficou acordado entre Portugal e Espanha.

CONSEQUÊNCIAS

Todas as opções que foram anunciadas, tanto pelo Secretário Estado dos Transportes e pelo Presidente da REFER, para ligar o Sul de Portugal a Badajoz, que incluíam a bitola ibérica, deixaram de fazer sentido, pois já falta pouco tempo para estar concluída a nova linha Madrid-Badajoz, em bitola europeia.

Nos próximos anos, as ligações em Vilar Formoso e Valença também deixarão de ter bitola ibérica. Já foi divulgado publicamente que, quando a nova via Madrid-Santiago de Compostela estiver concluída, em 2018, a linha Corunha-Vigo passará a ser em bitola europeia. No caso de Vilar Formoso, ainda não existe data definida mas o mesmo vai ocorrer nos próximos anos.

Atualmente, existem comboios de mercadorias que fazem o transporte ferroviário de Portugal para Espanha, e vice-versa, pela rede existente de bitola ibérica. Brevemente, nem isso vai ser possível.

A situação muito provável de Portugal se tornar numa ilha ferroviária já levou algumas pessoas a sugerir a hipotética utilização de comboios de mercadorias de eixo variável. Se esta opção muito dispendiosa fosse viável, a Espanha nunca teria construído uma nova rede de bitola europeia.

O que vai acontecer é que os contentores, vindos da Europa, além Pirenéus, vão ter que ficar “retidos” na plataforma logística de Badajoz. A opção mais rápida, barata e viável será o transporte direto dos contentores em camiões desde Badajoz até ao ponto de destino, na região de Lisboa, uma vez que a distância é de cerca de 200 Km.

E O FUTURO?

Neste momento existe o sério risco de nada ser feito até 2015 e, mais grave ainda, nem sequer existem planos concretos para o próximo Quadro financeiro 2014-2020.

Um país, para se candidatar a fundos comunitários, tem que apresentar um projeto de execução que, no caso da ferrovia, em média, pode atingir um custo até 8% do total da obra. Um projeto de execução pode levar bastante tempo a elaborar e é necessário fazer um concurso internacional. O do Poceirão-Caia já foi realizado.

O único Projeto Prioritário (PP) a que Portugal se candidatou, no atual pacote financeiro, 2007-2013, foi o PP3 - Poceirão-Badajoz-Madrid-Valladolid-Irún-França.

Na linha Aveiro-Salamanca, por exemplo, Portugal não tem nenhum projeto de execução , pelo que só poderá ser apresentado para o próximo pacote financeiro 2014-2020.

O atual Governo português, apesar dos financiamentos existentes, optou por não fazer nada até 2015.

Esta decisão levanta uma questão, ainda não esclarecida nem respondida: onde estão os fundos europeus que tinham sido assegurados para o novo troço Poceirão-Caia, do PP3?

O que se pretende fazer para que Portugal não caia na encruzilhada da “ilha ferroviária” a que os responsáveis levaram o País, apesar de todos os avisos que foram feitos?

sexta-feira, outubro 25, 2013

Do Panamá a Badajoz

Comboio com amoníaco descarrila no Poceirão, 24/10/2013

Enquanto os comboios portugueses continuam a descarrilar, a rede espanhola de bitola europeia, articulada com os seus portos de águas profundas e o resto da Europa, avança!

Um vagão de um comboio de mercadorias que transportava amoníaco descarrilou na tarde desta quinta-feira na estação do Poceirão, em Setúbal, levando à queda de uma cisterna com 30 toneladas daquele produto. Segundo fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS), não há risco de fuga nem feridos — Público, 24/10/2013 - 19:06.

Segue-se uma epístola aos incompetentes e perdulários sobre a falta de tino e de estratégia portugueses em matéria de transportes, de onde ninguém sai vivo, do governo moribundo, à ADFER, passando pelo outrora confiável Instituto Superior Técnico.
Caro Senhor Engº ML,

O Congresso da ADFER foi uma revelação: nem sequer projecto existe para aceder às verbas do QREN para o 2014-2020 :(

A malta que entenda lá o que quiser entender; acreditem no vidente de Pamplona, rezem à virgem de Guadalupe, vão de joelhos até Fátima, mas qualquer porto português que queira competir com os espanhóis, que queira ser interessante para estrangeiros, ou que pelo menos queira sobreviver —e neste ponto a questão é mesmo de sobrevivência— teremos que explicar aos responsáveis políticos o que significa a sigla UIC, dê lá por onde der!

Face ao estado em que está o material circulante de passageiros —a vida útil da maioria já está mais para lá do que para cá— gastar dinheiro em bitola ibérica seria pura perda de tempo e de recursos financeiros que não temos. Trate-se, pois, de mudar a bitola, por exemplo na remodelação da Linha de Cascais, desviando temporariamente e por troços os tráfegos para a estrada, enquanto se substitui a via. Idem para as vias existentes em direção à fronteira. Caso não saibam fazê-lo, questionem os japoneses sobre o assunto.
Mau seria começarmos todos a ver, ano sim, ano não, descarrilamentos de comboios por falta de aderência aos carris!

Quanto aos portos portugueses, quem dera à Espanha ter a nossa costa atlântica...

Se qualquer porto português quer ter uma dimensão pelo menos europeia, terá que considerar a incontornável bitola UIC. O apregoado porto da Trafaria sem UIC seria mais uma réplica de Sines —qual aeroporto de Beja na Trafaria—, a não ser que fossem usados camiões de 60 toneladas, ou se fizesse o sempre desejado (pela malta da Mota, do senhor Ho e do BES, claro) aeroporto da OTA em Alcochete, para aí operar os famosos A380 de carga aérea tão queridos do banqueiro Ricardo. Subsistiria, porém, uma dúvida: como levar metade ou mais da carga até Espanha? Ninguém está a ver contentores da Trafaria e de Setúbal a voarem até Madrid, ou mesmo até Barcelona, a não ser um completo lunático, que acredite em renas voadoras, claro.

Realize-se uma listagem sobre as prioridades dos portos portugueses, atendendo à sua importância e necessidades de investimento. Em qual é mais urgente investir, e que retorno se irá obter desse investimento. É de apostar já em Aveiro, dada a localização das nossas empresas exportadoras? Ou em Sines?

Uma coisa afigura-se-me mais ou menos óbvia: a questão do Panamá irá por certo promover um maior acesso de e para os portos europeus. Atente-se, por exemplo, na experiência canadiana e americana na costa virada ao Pacífico, face ao aumento das trocas comerciais com a Ásia. Na aviação comercial é a mesma coisa: o seu principal equipamento (aviões) dirige-se para a onde? Para a Europa? Não, os 777 voam para a China, Índia, Japão, Coreia e o resto da Ásia e Austrália!

Ora havendo um aumento das trocas comerciais com a Ásia, alemães, franceses, mas também os asiáticos, estão a tratar de antecipar soluções. Este é um cenário que Espanha soube reconhecer e aproveitar para rentabilizar por três ou mais vias:
1) investimentos da UE via fundos do QREN 2007-2013 e 2014-2020,
2) taxas que os utilizadores irão pagar;
3) e redução da importação de energias fósseis necessárias à operação de veículos térmicos (locomotivas e camiões diesel).

E Portugal? Bom, Portugal comporta-se como uma verdadeira ilha (1) pejada de meias soluções, cada uma 'melhor' do que a outra. Diga-se em abono da verdade que nunca vi tanto caço previsível junto. Por vezes, com os meus amigos, até lhes chamo "UNS PORTENTOSOS CAÇOS, DE PRIMEIRA!"

O material ferroviário em Portugal atingiu, todo ele, pelo menos, metade da sua vida útil. Na linha de Cascais é já um cadáver. Será assim rentável um investimento em bitola ibérica para durar 20 a 25 anos? Não me parece. Aliás, a primeira linha a ser reconvertida para UIC será a Linha de Cascais. O traçado é o mesmo. Basta mudar balastro, travessa UIC, carril de 56, e fazer um acordo com a Bombardier para fornecer comboios numa base de parceria. Se o transporte for bom para nós, vocês lucram, se não for, também terão que arcar com parte do prejuízo. Assuma-se que durante dois anos vai haver comboios em condições de circulação muito especiais, recorrendo-se ao transporte rodoviário para mitigar as faltas, e faça-se uma Linha de Cascais em condições. Acreditem numa coisa: as pessoas voltam à Linha e todos ficam a ganhar. O que temos neste momento, e a evidente falta de perspetivas aceitáveis, é que não nos leva a lado algum.

Voltando aos portos...

Nas ligações com a Europa há APENAS 2 LINHAS QUE INTERESSAM.

Já vi o mapa 2, 3, 4 e 5 vezes e não me parece haver muitas alternativas. Temos duas linhas - a da Beira Alta e a Linha do Leste (agora Poceirão / Caia), que me faz recordar o PowerPoint do "Conde Costa Cabral".  Simples, mais simples, é impossível.

Assim sendo, temos que decidir o que realmente queremos:

—Potenciar a indústria nacional (aquela que exporta)? Então estamos a falar da Beira Alta.
—Ou fazer transbordo de contentores de navios para comboios? E então estamos a falar de Sines.

Por mais volta que se dê, é assim, não é preciso nenhum Viegas de palanque para nos iludir, exceptuando aqueles que gostam de ser enganados, e olhe que também os há, ... UNS CAÇOS DE PRIMEIRA.

A opção Beira Alta.

Como já se escreveu, a Beira Alta potencia os portos da Figueira e Aveiro.

Em praticamente toda a linha da Beira Alta existe feixe de linhas nas estações mais importantes, o que potencia o transporte de mercadorias. A linha está feita (o investimento maior está realizado). É só trazer a dita até à Figueira, como era na origem, e da Figueira levá-la, não pela Linha do Norte, que está congestionada, mas até Aveiro.

Para sul, é puxada até Coimbra, onde se poderá ligar ao Metro de Coimbra, que funciona igualmente em UIC. Ficamos, assim, com o problema do Centro resolvido, e escusamos de recorrer ao porto seco de Salamanca, bem como ao parque de estacionamento aí construído para passageiros com destino a Madrid.

Os tráfegos de passageiros da Linha da Beira Alta não se relacionam com Lisboa, mas sim com Coimbra, por questões de saúde, educação, trabalho,.... . Alguém que se dirija a Lisboa ou ao Porto terá que fazer transbordo em comboios de bitola ibérica em Coimbra para a Linha do Norte. Desde que os comboios circulem à tabela e existam boas condições de enlace, ninguém se queixa.

A opção é Sines.

Se for Sines a opção escolhida, a única solução para circulação de comboios em total segurança é, no mínimo, uma via dupla UIC. Ao lado da atual (que é ibérica) que deve ser aproveitada para o transporte de materiais e iniciar a duplicação em UIC. Inicialmente poderão conviver as duas bitolas, considerando situações como a do Pego. É claro que Setúbal terá de se articular com Sines apesar do 'estrangulamento' do Outão.

Caso queira, posso aprofundar mais este assunto, muito embora muita coisa esteja publicada neste blogue sobre o mesmo tema.

De Ermidas-Sado até à fronteira a única bitola que interessa (A ÚNICA) é a UIC.

Por acaso haverá tráfego que se veja de contentores que justifiquem a bitola ibérica entre Sines e Beja, ou entre Sines e Évora? Terá Beja, por exemplo, indústria que justifique a bitola UIC? Olhe, nem UIC nem aeroporto! Até hoje ainda estou para perceber como é que aquele iluminado do Augustus Mateus foi desencantar aquela do ‘transhipment’ de pescado em Beja. É claro que almoçou uma fantástica sopa de alimado de cação (Fish Dog) que deve ter adorado e saiu do restaurante a abanar o rabo, mas entre um alimado e um aeroporto vai uma grande distância. Olhe, agora têm uma SCUT entre Sines e Beja, toda em estaleiro, que ninguém sabe como nem quando acabar, e no entanto, aos Domingos, os caçadores adoram os viadutos para a caça aos tordos, os cães ficam por baixo dos viadutos à espera que a caça caia. Haja alguém que dê uso à infra-estrutura!

Desculpe a expressão: PORRA QUE É MUITA INCOMPETÊNCIA À SOLTA.

E depois há o outro lado...

ACREDITE O MEU AMIGO QUE AS OPORTUNIDADES DESPERDIÇADAS POR PORTUGAL VÃO SER CRITERIOSAMENTE APROVEITADAS POR ESPANHA.

Acha que os espanhóis perdem uma? Questione a ADFER lá do sítio e pergunte-lhes a opinião. Acha que eles se deixam enrollar?!

E é assim: temos duas linhas que interessam...

A indústria nacional, a tal que é supostamente exportadora, está balanceada numa das linhas, a da Beira Alta, e Sines na outra. Se o Viegas e o seu amigo Tão (o tal dos eixos telescópicos) lhe segredarem que é pelas Termas de Monfortinho, porque o que está a dar é Coria, não acredite. Os últimos que compraram Cória foram os romanos, e até hoje ainda não souberam como lá foram parar!

Trate pois prioritariamente destas duas linhas, aprendendo com Cascais, deixando para a fase seguinte as outras. Olhe que com tanta auto-estrada no sentido norte-sul (são três!) não vai haver certamente falta de transporte.

Os políticos servem para quê? E o que é que se pretende?

A melhor solução é tratar de fazer a coisa com cabeça, tronco e membros, em vez de se tentar privatizar, não a solução, mas o problema. Trate-se de comprar os comboios à Bombardier, definindo no cronograma o tempo para a realização da obra.

Explique-se às pessoas que o encerramento parcial da linha de Cascais tem como objectivo melhorar a qualidade de transporte e de vida das pessoas. Estas não são tão burras como querem fazer parecer que elas parecem. Pela abstenção, votos nulos e brancos das últimas eleições as pessoas bem demonstraram que não andam tão distraídas como nos querem fazer crer.

O Senhor Engº deve saber, bem melhor do que eu, que um comboio não tem a mesma flexibilidade que um autocarro. Quer fazer a obra como? Tipo modernização da Linha do Norte? Então o Sr. escreveu que o processo de modernização da Linha do Norte foi o que se vê - um fiasco, e quer repetir o mesmo em Cascais?!

Já agora falem com a DB, que eles têm uns comboios todos porreiros na margem esquerda do Reno. Aproveite-se uma encomenda de um operador grande para se comprar umas 50 composições para Cascais com 25 Kv.

Acredite, se quiser. Por mais que lhe custe acreditar, não há outra alternativa.

A linha da Beira Alta, creia o meu amigo, desde a sua modernização, não transportou um parafuso! Todo o tráfego escolheu o IP5. Feche a linha para obras que ninguém dá por isso. Quer uma linha com que dimensão: nacional ou internacional? Se é para ser nacional, deixe estar como está e está muito bem. Se é outra a ambição, já começa a ser tarde :(

Zé Ferroviário

NOTAS
  1. A propósito da ilha ferroviária em que o governo moribundo ainda em funções quis transformar Portugal sugere-se a análise atenta das linhas de bitola ibérica que a Espanha vai suprimir junto à fronteira portuguesa. Todas as ideias de construir vias de bitola ibérica para Espanha caíram por terra. Sérgio Monteiro foi muito mal aconselhado (ou quis ser mal aconselhado...). Esta política levou-nos, porém, ao desastre. A Espanha decidiu, não só levar a bitola europeia aos seus principais portos no chamado Corredor Ferroviario Mediterráneo (Algeciras, Barcelona,  Valéncia, etc.), como fechar as linhas, não rentáveis, de bitola ibérica, junto à fronteira portuguesa (ver mapa/ El País). OAM


quarta-feira, maio 29, 2013

Alta Velocidade Ferroviária? Altamente!

O Ferrari da ferrovia do futuro já chegou!

É claro que vai haver 'TGV'!

Afinal, haverá ou não um comboio de alta velocidade com passageiros para Madrid?

As palavras de Álvaro Santos Pereira em Madrid reabriram as dúvidas: afinal, o novo comboio de alta velocidade para Madrid vai ou não transportar passageiros? Em Fevereiro, o Governo tinha deixado cair o projeto de TGV, herdado do anterior Executivo e prometeu uma linha de alta velocidade mais barata e especializada em mercadorias.

Nessa altura, Sérgio Monteiro, secretário de Estado do Transportes, garantiu que o projeto TGV "morreu" e que a única aposta seria numa ligação LTM, "uma linha de transporte de mercadorias". Só que em Madrid, na semana passada, Santos Pereira abriu a porta e admitiu que "a ideia é desenvolver grandes corredores de competitividade, para passageiros e mercadorias. Mais, disse o ministro: "Quando falamos em ferrovia, em bibitola, estamos a falar em passageiros e mercadorias" — in Dinheiro Vivo, 27 mai 2013.

É claro que vai haver 'TGV', ou antes: vai haver uma nova rede ferroviária em bitola UIC (vulgo 'bitola europeia') com os respetivos sistemas de alimentação elétrica e de sinalização uniformizados com a rede prevista no plano ferroviário espanhol PEIT, por sua vez conforme ao TEN-T (Trans European Transport Network) previsto pela União Europeia. Basta olhar com alguma atenção para o mapa de prioridades da Ibéria.

De contrário, Portugal transformar-se-ia numa ilha ferroviária, isolada de Espanha e do resto da Europa, pois a Espanha, como previmos, perante tanta corrupção e estupidez indígena lançou recentemente o esperado ULTIMATO aos imbecis do Terreiro do Paço (quase todos motoristas do BES): ou o AVE chega a Lisboa em conformidade com os acordos assinados entre os dois governos, ou encerramos todas as linhas ferroviárias antigas (bitola ibérica) que chegam à vossa (nossa) fronteira.

A partir de agora vamos assistir a parvoíces semânticas na indigente imprensa que temos, enquanto a tríade de Macau e a máfia do PSD correm um último 'sprint' pelo embuste da Ota em Alcochete. Andam a vender ultimamente duas atoardas imbecis: o dito aeroporto Low Cost de Sintra (1), e o terminal de contentores da Trafaria (2). A lógica é esta: como são duas ideias idiotas e inviáveis, a corja tem no bolso um alternativa de crescimento para a troca: o GRANDE AEROMOSCAS DE ALCOCHETE!

Farei tudo o que estiver ao meu alcance, com a inspiração da Blogosfera lúcida deste país, e como anteriormente fizemos relativamente à Ota, para boicotar mais este buraco negro da cleptocracia instalada e dos idiotas e corruptos que conduziram Portugal à bancarrota.

PS: só mais uma coisinha: a linha Lisboa-Madrid (ou melhor, Pinhal Novo-Poceirão-Caia) terá que estar preparada para velocidades máximas até 350Km/h (e não 250Km/h).

NOTAS
  1. Basta ir ao Google maps para perceber que seria preciso arrasar toda uma montanha para ganhar os metros suficientes para que a pista do aeródromo militar da Granja do Marquês pudesse receber os aviões comerciais das companhias Low Cost. Banha da cobra, desta vez, cor-de-laranja!

    O Frasquilho do BES faz o jogo do BES e das tríades e máfias do embuste da Ota em Alcochete. A ideia é apontar para um novo aeroporto num sítio impossível, para depois justificar Alcochete, onde as tríades do PS e as máfias do PSD compraram terrenos e projetaram plataformas logísticas que, mesmo sem terem nunca saído dos computadores, já beneficiavam de linhas de crédito aprovadas pelo BEI — no caso concreto, e para começar, no valor de 60 milhões de euros.

    Este BEI precisa de ser urgentemente investigado, apesar de ter respondido diligentemente à minha pergunta:

    Dear Mr. Pinto,

    Thank you for your e-mail to the European Investment Bank (EIB), the long-term lending institution of the European Union.

    An EIB loan to the project "Plataforma Logistica Poceirão" was approved by the EIB Board of Directors in early 2011. As indicated on the EIB website, this loan has not yet been signed. Should you need further information about this project, we invite you to contact the promoter.

    General information about the role and activities of the EIB can be found on our website: www.eib.org

    Yours sincerely,
    Infodesk Team
    Communication Department
    European Investment Bank
    info@eib.org

    Vivo na rota dos Corporate Jet das principais multinacionais e 'banksters' do país. Rumam invariavelmente para o Aeródromo de Tires (onde a fiscalização é, presumo, suave). Até os Fokker 100 e o Embraer 145 da PGA lá aterram e levantam voo. No entanto, nem Tires, nem Sintra, têm os 3000 metros de pista necessários para operar os aviões Airbus e Boeing das companhias Low Cost. A única pista que pode receber estes aviões, na região de Lisboa, sem comprometer os alinhamentos de pista da Portela, nem exigir obras extraordinárias de grande monta, chama-se Base Aérea do Montijo. E mesmo para se justificar a operacionalização deste aeroporto ao serviço da Portela+1, falta ainda esgotar operacionalmente a Portela, o que está cada vez mais longe de ocorrer...
  2. O fecho da golada e a construção de um porto de águas profundas na zona da Trafaria, ou mais precisamente, entre a Trafaria e a Cova do Vapor, é uma ideia antiga, mas que só fará sentido quando associada a uma também idealizada travessia do Tejo ligando Algés e a CRIL à Trafaria. Ou seja, neste desenho (ver apontamento no Google), a travessia Trafaria-Algés, desejavelmente em túnel, permitiria completar o grande arco da CRIL, cujos fechos fluviais seriam a Ponte Vasco da Gama e o túnel Algés-Trafaria, e um círculo mais apertado, cujos fechos fluviais seriam o mesmo túnel e a Ponte 25A. Nesta solução, o túnel comportaria uma via ferroviária dupla e uma rodovia com seis faixas. Este porto de águas profundas serviria sobretudo Lisboa e a zona Oeste, enquanto Setúbal serviria sobretudo a península com o mesmo nome, e Sines continuaria a ser uma porta de entrada na Europa, com ligações ferroviárias privilegiadas a Portugal, Espanha e resto da Europa. O coelho que o Sérgio das PPP tirou da cartola na iminência do anunciado desastre do 'dossier TGV' é, pois, mais uma mistificação sem vergonha. Há muito que esta criatura deveria ter sido despedida sem indemnização, do governo e dos meandros da administração pública.

    Entretanto, uma tal Marina Ferreira, rapariga cor-de-laranja chegada em março último a presidente do Porto de Lisboa, por mérito próprio claro, e sabendo de portos a potes (é licenciada em Direito e tem uma 'pós-graduação' em 'Assuntos Europeus'), já sabe que o Porto de Lisboa estará esgotado entre 2020 e 2025. Caramba, é obra. E a imprensa indigente do costume, nem perguntas faz!

terça-feira, dezembro 04, 2012

Ana Pastor, atención!

Álvaro Santos Pereira e Ana Pastor tentam reparar os estragos?

Poderão um lusitano e uma galega salvar a bitola?
Ou será que Espanha quer crucificar Portugal e surripiar-lhe 800 milhões de euros?

Alguém arguto e desconfiado escreveu-me dando-me conta de um sobressalto: e se, afinal, a Espanha estivesse a preparar-se para surripiar os 800 milhões de euros reservados pela União Europeia para o troço Poceirão-Caia (do Priority Project 3 — PP3), que não podem ser transferidos para doidices em bitola ibérica, sendo assim aproveitáveis pela Espanha nestes tempos de penúria, já que os tugas andaram a pastar nos mirabolantes terrenos do NAL (Novo Aeroporto de Lisboa) desde a Ota até Alcochete, e se esqueceram de fazer o projeto da linha em bitola europeia entre o Poceirão e o Caia?

Escreve o meu amigo:
“... este forcing da Espanha visa obrigar Portugal a afirmar que não quer, ou que já não pode querer, os 800 milhões de euros porque, afinal, não tem projecto, nem sombra de obra! A calinada lusa serve às mil maravilhas os interesses económicos espanhóis: verbas para as RTE (TEN-T) espanholas, co-financiadas em 800 milhões, ainda que indiretamente, pelo governo português!

Portugal não está em condições, neste momento, de lançar um metro de UIC!

A Espanha quer por isso mesmo vergar a espinha a esta malta toda e obrigar o governo português a confirmar, nomeadamente perante a União Europeia, que não cumpriu os acordos internacionais nas RTE (TEN-T).

Diplomaticamente, a Espanha deixa Portugal numa posição muito pouco confortável, para não dizer humilhante, ao pés da Europa civilizada.

Espanha vai levar Portugal ao tapete, e neste particular o PS vai retirar claramente dividendos. Já deve estar a rir-se do espalhanço destes tipos todos.”

Se esta análise estiver correta, será uma grande chatice :(

Se esta análise estiver correta, significa que este governo não conseguirá emendar a mão a tempo. Eu acredito, porém, com algum otimismo, confesso, que Álvaro Santos Pereira ainda irá a tempo, mas para tal terá que substituir os imbecis e os sabotadores de serviço em menos de quinze dias!

Por outro lado, a Espanha não desejará certamente criar uma ferida tamanha entre os governos dos dois estados ibéricos, pelo que conheço deles. Querem mesmo é chegar a Lisboa :)

Para Madrid, a ligação a Lisboa é porventura o desígnio estratégico mais importante que têm entre mãos, sobretudo depois do espalhanço, esse sim, enorme, na América Latina.

Portugal é a sua única porta de acesso a África (refiro-me à parte rica do continente e seus off-shores) e ao Brasil..., além de Sines, claro...

Não nos esqueçamos, por outro lado, que os movimentos nacionalistas estão a ganhar terreno de eleição para eleição: País Basco, Galiza, Catalunha... e um dia destes não me admiraria nada que Sevilha voltasse a tornar-se mais exigente face aos mandriões e chulos da Moncloa.

Por fim, creio que entre um lusitano (o Álvaro) de gema e uma galega que não disfarça (a Ana), prevalecerá o bom senso. O bom-sendo do Caia!


POST SCRIPTUM

Diz quem sabe: “Caro Cerveira Pinto: o consórcio Elos mandou fazer e tem o projecto de execução do Poceirão-Caia, pelo que o sobressalto não tem razão de ser, se for devido à razão sugerida. Se quiser confirme com o RR” — ML.

Última atualização: 4 dez 2012 - 11:33 WET