Tordesilhas 2.0
Rússia e China preparam-se para guerra paulatinamente arquitetada pelos EUA em nome da hegemonia perdida
Financial Times, 24-10-2014
Putin unleashes fury at US ‘follies’
Russian president Vladimir Putin on Friday accused the US of undermining the post-Cold War world order, warning that without efforts to establish a new system of global governance the world could collapse into anarchy and chaos.
In one of his most anti-US speeches in 15 years as Russia’s most powerful politician, Mr Putin insisted allegations that its annexation of Crimea showed that it was trying to rebuild the Soviet empire were “groundless”. Russia had no intention of encroaching on the sovereignty of its neighbours, he insisted.
The Daily Beast, 28-04-2014
New U.S. Stealth Jet Can’t Hide From Russian Radar
America’s gazillion-dollar Joint Strike Fighter is supposed to go virtually unseen when flying over enemy turf. But that’s not how things are working out.
The F-35 Joint Strike Fighter—the jet that the Pentagon is counting on to be the stealthy future of its tactical aircraft—is having all sorts of shortcomings. But the most serious may be that the JSF is not, in fact, stealthy in the eyes of a growing number of Russian and Chinese radars. Nor is it particularly good at jamming enemy radar. Which means the Defense Department is committing hundreds of billions of dollars to a fighter that will need the help of specialized jamming aircraft that protect non-stealthy—“radar-shiny,” as some insiders call them—aircraft today.
A Rússia está de volta, recomenda-se e afirma que o Big Brother americano é um fator de risco para a paz mundial... e que o dólar americano já era. O sistema de segurança global está minado assegura Putin (TASS). Será que os alemães ouviram a mensagem, ou querem levar mais uma tareia, desta vez por andarem de cócoras e ao serviço dos falcões e piratas financeiros de Washington e Londres?
Bem fez Passos Coelho em exigir hoje em Bruxelas maior autonomia energética na Europa e o fim do bloqueio energético dos 'socialistas' franceses à ferrovia e capacidade de exportação energética da Ibéria.
A propósito, que diz o pascácio 'socialista' sobre isto? Vai convocar mais uma comissão de sábios indígenas para entreter o seu vazio de ideias e esconder o desempenho de uma agenda que não controla, mal conhece e lhe é servida a conta gotas por quem o colocou na posição em que está?
Portugal vai ser palco de uma disputa entre os Estados Unidos e a China, por causa do Atlântico e por causa da sua posição estratégica, nomeadamente em matéria de energia e transportes, face à Europa transibérica. Curiosamente os ditos 'socialstas' já estão no bolso de Washington.
Madrid também não augura nada de fiável em matéria de lucidez estratégica.
Quer queiramos quer não a atual aliança governativa é a que mais convém à nova neutralidade de que Portugal precisa para poder ter um papel diplomático na nova bipolariação geoestratégica que já está a caminho. Vai haver inevitavelmente um Tordesilhas 2.0. Resta saber se sem, ou com uma proliferação bélica estremamente perigosa provocada pela estratégia americana no mundo.
E os patriotas do PCP que pensam sobre isto?
POST SCRIPTUM
EUA ou China-Rússia?
Equidistância e neutralidade ativa (apesar de sermos membro fundador da NATO e de fazermos naturalmente parte desta aliança atlântica) é a posição que melhor serve os nossos interesses. Portugal deve posicionar-se como uma pequena mas importante Suíça diplomática, invocando as suas longas e pacíficas relações com o mundo. Devemos defender a paz entre as religiões do Livro.
Por outro lado, garantir os direitos territoriais na Plataforma Continental de Portugal, também conhecida por Mar Português, é a prioridade estratégica mais relevante que temos pela frente. Nisto a Rússia, a Dinamarca, o Canadá e os EUA são naturalmente nossos aliados. Nenhuma cedência a Madrid nesta matéria! Apesar do anedotário em volta do negócio dos submarinos, a verdade é que a sua compra foi uma decisão estratégica absolutamente certeira. A vigilância-defesa do Mar Português (radares, submarinos, corvetas, lanchas rápidas, forças especiais de intervenção e aviação dedicada) é uma prioridade absoluta, que tem que ser garantida sem hesitações nem carnavais partidários pelo meio, nem que tenhamos que reduzir a Assembleia da República a oitenta deputados, o número de municípios para menos de metade, retirar o estado das áreas educativas superiores não prioritárias (e são muitas), e colocar os deputados, mais 2/3 da população a usarem regularmente os transportes coletivos urbanos, suburbanos e interurbanos.
Devemos apostar na Diplomacia, mas sendo tão firmes quanto Salazar foi.
Temos que manter e fortalecer a aliança com a Inglaterra, estabelecida em 1386 pelo Tratado de Windsor. O centro do mundo continua a ser a Europa, ou melhor, a Eurásia, o resto são ex-colónias destinadas a implodir, mais século, menos século. Não aprenderam nada. Nunca morreram. Nunca ressuscitaram!