quinta-feira, dezembro 11, 2014

BES: quem pergunta e quem dispara ao lado?

Ricardo Salgado na Assembleia da República.
Foto@Sol

O Espírito Santo vai nu, e parte do parlamento também!


Infelizmente os 'socialistas' no poder tornaram-se uma casta corrompida pelo dinheiro.

No inquérito aos piratas do BES que neste momento decorre no parlamento, o PS e o PCP têm atacado o Governador do Banco de Portugal, cujo papel, todos sabemos, oscilou entre obedecer à nomenclatura do regime enquanto lhe foi possível, e cumprir expeditamente e in extremis as ordens dos credores de Bruxelas e sobretudo do Banco Central Europeu, quando estas chegaram.

Ricardo Salgado correu Meca e seca, até convocou um Conselho de Estado, mas de nada lhe serviu. A resolução estava tomada, e disso mesmo deu conta o PM a quem o quis ouvir. Na realidade, depois do que acontecera em Chipre, e com o BPN, o que nem Pedro Passos Coelho, nem a Comissão Europeia e BCE queriam era outro resgate bancário com uma fatura passada exclusivamente aos contribuintes, obrigacionistas e depositantes distraídos e/ou aventureiros.

A 'esquerda', pelo que se vai percebendo, teria preferido cair outra vez em cima dos pobres indígenas lusitanos, por exemplo, nacionalizando mais um banco falido e cravejado de dívidas, imparidades e buracos negros de especulação, atirando depois as culpas do assalto fiscal ao governo e aos grandes capitalistas (onde estão eles?) pelo sucedido.

É o que dá termos tido até hoje um regime populista dominado por uma simbiose entre as castas partidária e corporativa alimentadas pela famosa banca portuguesa que, como vemos, se esvaiu no exercício e, sobretudo, na sua crassa ignorância económico-financeira e incorrigível ganância e soberba.

Boa parte dos banqueiros do regime sabiam sacar rendas e angariar negócios sem risco junto do neocorporativismo instalado (de direita e de esquerda, empresarial, partidário e sindical), distribuindo 10 a 15% das negras margens, sob a forma de comissões, aos facilitadores. Não sabiam inovar, nem competir. Mas deram emprego ao pessoal do Bloco Central da Corrupção durante décadas. Até que tudo isto entrou num processo irreversível de bancarrota.




As perguntas do PS, PCP e CDS/PP não são assertivas. Porque será?

Os deputados do PS, PCP e CDS-PP fazem festinhas a Ricardo do Espírito Santo Silva Salgado, e colocam sintomaticamente a tónica da inquirição nas responsabilidades do Banco de Portugal, de outros organismos de regulação financeira, e no governo, como se, como bem disse a Mariana Mortágua, mas não no sentido em que o disse, Ricardo Salgado e o BES fossem as vítimas disto tudo!

Os deputados do PSD, partido maioritário do governo, têm-se portado bem no inquérito da década. Et pour cause — pois foi o atual primeiro ministro que, sob instruções claras do BCE e de Bruxelas, recusou liminarmente salvar os piratas do BES com mais dívida pública! Por outro lado, o fim do BES e do BPN são excelentes notícias num país que, embora falido por piratas, quer sair do buraco e reformar a sua democracia.

O CDS, um partido com várias trapalhadas de corrupção nas mãos da Justiça, e uma ligação muito perigosa ao BES, dá uma no cravo e outra na ferradura. Compreende-se!

Infelizmente, boa parte da 'esquerda' mundial tornou-se uma coisa oportunista, corrupta, burocrática, semi-religiosa e reacionária, acantonada nos sucessivos traumas da sua história, e basicamente com medo do futuro. Esta 'esquerda', que precisa de uma nova racionalidade e de novas ferramentas analíticas, em vez de litanias que já ninguém ouve, para compreender o mundo e ajudar a transformá-lo, precisa também de libertar-se dos donos que já não a servem, mas que dela se servem, com a mesma arrogância que temos visto no semblante de Ricardo Salgado. Fizeram asneiras tremendas, mas continuam cheios de si!

Mariana Mortágua

As mais acutilantes e bem preparadas linhas de interrogação desenvolvidas ao longo do inquérito parlamentar em curso têm a assinatura de uma jovem economista do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, filha do lendário Camilo Mortágua. O pai deve estar orgulhoso, e tem boas razões para estar.

Que pena ser do Bloco de Esquerda! Ou talvez não...

Com sorte, ainda veremos a brigada do reumático estalinista-maoista-trotskista, que tem vindo a pulverizar alegremente o Bloco, ser varrida pela enxurrada que está a mudar este regime.

O BE poderia tornar-se rapidamente um partido muito útil à nossa exangue democracia, se ganhasse o juízo que infelizmente os fundadores há muito perderam.

O blogue de Mariana Mortágua —DISTO TUDO— criado expressamente para explicar a complexidade do inquérito ao BES, é um magnífico sinal de que podemos ter esperança no futuro.

Que venha a Geração Milénio, que venham as mulheres tomar conta disto tudo!


ÚLTIMA HORA

O Banco Espírito Santo aprovou em Março deste ano um donativo de 11 mil euros para a realização da Festa do Avante!, avança a edição do jornal Público desta quinta-feira. O PCP já veio negar ter recebido qualquer verba do banco, mas um documento interno do banco revela o contrário.

O Público teve acesso a um documento do Departamento de Municípios e Institucionais do BES, datado de 24 de Março, no qual se pode ler: O PCP “solicita que o BES mantenha o apoio à realização da Festa do Avante (que ocorre este ano nos dias 5, 6 e 7 de Setembro) nomeadamente [com um] donativo no valor de 11 mil euros”.
Sol
Percebe-se agora melhor porque é que o Jerónimo de Sousa prefere atacar o Banco de Portugal a interrogar como deve ser o BES?

NATO vs Rússia: alerta, fricção e risco


Preparativos para quê?


Caught On Tape - NATO Intercepts Russian Jets Over Baltic Sea
Submitted by Tyler Durden on 12/10/2014 17:40 -0500. Zero Hedge

In Top-Gun-esque imagery, NATO has released video of a Dutch Air-Force F-16 fighter engaging with numerous Russian planes (more than 30!) including fighter and transport aircraft, over the Baltic Sea. This was filmed this last weekend as activity, according to NATO, continues to increase.

Entretanto o Departamento do Tesouro norte-americano faz consultas para forneciemnto de kits de sobrevivência destinados aos seus funcionários destacados em missões de inspeção aos principais bancos do país. Para que efeito, pergunta-se? Reflexos das alterações climáticas, ou algo mais?

Treasury Department Seeking Survival Kits For Bank Employees
Emergency masks, solar blankets to be delivered to every major bank in the U.S.
BY: Elizabeth Harrington   
December 10, 2014 1:00 pm. The Washington Free Beacon

The Department of Treasury is seeking to order survival kits for all of its employees who oversee the federal banking system, according to a new solicitation.
The emergency supplies would be for every employee at the Office of the Comptroller of the Currency (OCC), which conducts on-site reviews of banks throughout the country. The survival kit includes everything from water purification tablets to solar blankets.


CONSULTA A FORNECEDORES

The Office of the Comptroller of the Currency (OCC) is seeking survival kits for its employees with the follow contents: • Waist f anny - pack or backpack (all of the items below must fit in the fanny - pack/backpack) • 2400 - calorie food bar (minimum 5 - year shelf life) • 3 - pack 8.5 oz. water (minimum 5 - year shelf life) • 50 water purification tablets (minimum 5 - year shelf life) • Reusable solar blanket 52” x 84” • Dust mask • One - size fits all poncho with hood • 12 hr. light stick • 1 pair of latex gloves • Whistle with lanyard • 33 piece personal first aid kit: o 1 – antibiotic ointment pack o 2 – extra strength non - aspirin tablets o 2 – ibuprofen tablets o 2 – decongestant tablets o 4 – alcohol cleansing pads o 2 – antiseptic cleansing wipes (sting free) o 6 – ¾” x 3” adhesive plastic bandages o 1 0 – 3/8” x 1 ½” Junior plastic bandages o 1 – large butterfly wound closure o 1 – 1 ½” x 1 ½” patch plastic bandage o 1 – first aid guide o 1 – Carry anywhere case • 5 Wet Naps • Dynamo rechargeable lantern with AM/FM radio • Air - Aid emergency mask.

quarta-feira, dezembro 10, 2014

Portugal a caminho das Berlengas

2014: primeira ligação ferroviária entre Beijing e Madrid

Querem fazer do país uma ilha ferroviária!

OAM Com RR e MR

El tren Yixinou, con 70 contenedores repletos de papelería, artesanía y productos de consumo doméstico, partió el pasado 18 de noviembre desde Yiwu, una de las principales zonas fabriles de la costa este de China. Ha arrastrado su pesada carga durante 21 días, 13.000 kilómetros de vías y ocho países. El convoy de 1.400 toneladas, que descargó 40 de sus contenedores en Brest (Bielorrusia) llegó a las 11.11 de ayer con el resto a la estación de Abroñigal, en Madrid. El largo viaje ha servido de prueba para abrir una ruta comercial ferroviaria entre España y China.

El País, 9 DIC 2014.

Poderia ter sido, como em tempos propusemos, entre Pequim e Lisboa!

No entanto, o lóbi de piratas do aeroporto da Ota em Alcochete, o Sérgio das PPP e um PM demasiado leviano ou distraído, preferiram, até hoje, devolver à procedência centenas de milhões de euros de Bruxelas para financiar a 85% a prevista ligação ferroviária Poceirão-Caia, a única que conta com um projeto pronto para apoio comunitário, que atrairá seguramente vários interessados à sua exploração privada, e cujo boicote —pasme-se— ainda acabará por custar ao estado português perder em tribunal o processo que lhe moveu, muito justamente, o consórcio Elos — ganhador do projeto de construção da linha ferroviária de alta velocidade entre o Poceirão e Caia.

Se o dinheiro de Bruxelas e a linha se perderem de vez, talvez fosse bom endereçar a fatura ao presidente do Tribunal de Contas!

Os imbecis que nos governam e ajuizam estão a transformar Portugal numa ilha ferroviária e num deserto económico, apto apenas para atrair especuladores.

Se não varrermos a tempo este lixo para Évora, depois não nos queixemos!

Mais sobre este desastre anunciado

Rede ferroviária "Portugal vai transformar-se numa ilha isolada da Europa"

No ano passado, Espanha desativou cerca de meia centena de linhas da rede ferroviária que funcionavam em bitola ibérica (entenda-se largura da via férrea). Portugal não lhe seguiu os passos, o que obrigará os transportes de passageiros e mercadorias a efetuar transbordo à chegada à fronteira.

O processo, que além de ser dispendioso é desconfortável, vai levar a que o país fique isolado do resto da Europa e que não acompanhe a globalização, que pede um tráfego de pessoas e mercadorias mais rápido, ecológico e económico.

“É prioritário o corredor Lisboa-Poceirão-Évora-Elvas-Badajoz-Madrid e até já tivemos financiamento comunitário, que perdemos quando o Governo desistiu da obra, que não foi desenvolvida por causa dos interesses na construção do novo aeroporto de Lisboa”, lamentou, em declarações ao Jornal de Notícias, o professor de Transportes e Vias de Comunicação Paulino Pereira.

“Portugal vai transformar-se numa ilha isolada na Europa e os nossos filhos vão herdar um país estragado”, alertou.
Notícias ao Minuto/ Jornal de Notícias, 7 dez 2014

Portugal tem direito a uma comparticipação de 85% a fundo perdido para os novos corredores ferroviários europeus. Os restantes 15% serão automaticamente financiados, ainda que indiretamente, pelos impostos gerados pela própria obra: IRC, IRS, taxas, etc.

Mas para que Portugal tenha direito às verbas do Quadro financeiro 2014-2020, os projetos de execução têm que ser entregues até 26 de Fevereiro de 2015!

O único projeto de execução existente é o do novo troço ferroviário Poceirão-Caia, em bitola europeia e com vias duplas, projetado para transporte de mercadorias (25 Ton/eixo) e passageiros em regime de AV—alta velocidade (garantindo uma ligação Madrid-Lisboa em 1h45mn)

O novo troço ferroviário Poceirão-Caia permitiria a ligação da cidade-região de Lisboa e os seus portos, nomeadamente de Setúbal e Sines, ao chamado corredor do atlântico.

Se Portugal perder esta oportunidade única, estaremos perante um dos maiores erros estratégicos da década.

Entretanto...
Portugal pede 16 mil milhões do Plano Juncker

Foi divulgada esta terça-feira a primeira lista de dois mil potenciais projetos de investimento na Europa. Portugal propôs 113. São candidatos a 16 mil milhões de euros, o que representa apenas 5% do montante que o Plano Juncker espera mobilizar.

As áreas dos Transportes e da União Energética são as que mais projetos portugueses contemplam. Na primeira, o governo português identificou 37, que incluem projetos privados, como as obras de melhoria e novas infraestruturas nos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro. Na lista estão também as obras do Túnel do Marão e uma nova ligação ferroviária de transporte entre os portos de Lisboa e Sines e a cidade de Madrid (projetos públicos).

Expresso, 9 dez 2014.

Afinal Portugal diz ter 37 projectos para apresentar à Europa. Mas terá mesmo?
 
Os ditos Projectos Prioritários do GT IEVA, que são os que muito provavelmente o governo estará a pensar quando enviou a cacha para o Expresso, não são, na realidade, projetos, mas intenções mais ou menos desmioladas e sem qualquer hipótese de serem consideradas elegíveis pela task force nomeada por Jean-Claude Juncker para o seu sonoro, mas ainda nebuloso plano.

A Grande Bolha da China

Imagem de satélite sobre a poluiçao na China em dez. 2013 (NASA)

Afinal José Sócrates foi um vanguardista... 


Ora vejam como a China nos copiou a receita da desgraça: bolha imobiliária, aeroportos vazios, autoestradas sem carros, acumulação de stocks, mentira estatística, endividamento privado descontrolado, etc.

O preço do petróleo cai por muitos motivos. Este é certamente um deles!

Só mais uma dica: chineses, russos, árabes, angolanos e brasileiros em fuga das suas artificiais e sobre aquecidas economias, entretanto a caminho da deflação e da recessão, vão andar por aí com os bolsos cheios de euros e dólares em busca de oportunidades.

SUBAM OS PREÇOS!!!

Beijing We've Got A Problem, in The Burning Plattform
Posted on 9th December 2014

This lady is about as blunt as you can get about Chinese fraud, lies, mal-investment, and data manipulation. The entire Chinese economic miracle is a fraud. The reforms are false. The leaders are corrupt and as evil as ever. The entire edifice is built upon a Himalayan mountain of bad debt.
The slave labor manufacturer for the world’s mal-investments since 2008 make Japan look like pikers.

China, for all its talk about economic reform, is in big trouble. The old model of relying on export growth and heavy investment to power the economy isn’t working anymore. Sure, the nation has been hugely successful over recent decades in providing its people with literacy, a decent life, basic health care, shelter, and safe cities. But starting in 2008, China sought to counter global recession with huge amounts of ill-advised investment in redundant industrial capacity and vanity infrastructure projects—you know, airports with no commercial flights, highways to nowhere, and stadiums with no teams. The country is now submerged by the tsunami of bad debt that begets further unhealthy credit growth to service this debt.

The BLS should take lessons from the Chinese government in data falsification. But, the American MSM dutifully reports the Chinese data as if it was real. Faux journalism at its finest.

People are crazy if they believe any government statistics, which, of course, are largely fabricated. In China, the Heisenberg uncertainty principle of physics holds sway, whereby the mere observation of economic numbers changes their behavior. For a time we started to look at numbers like electric-power production and freight traffic to get a line on actual economic growth because no one believed the gross- domestic-product figures. It didn’t take long for Beijing to figure this out and start doctoring those numbers, too.

Real numbers from the real economy and real companies reveal the truth about the Chinese economy. If revenues are falling, why is the Chinese stock market up 48% in the last six months? The same reason the U.S. stock market is up. Rampant speculation created by blind faith in central bankers and central banks buying stocks.

I’d be shocked if China is currently growing at a rate above, say, 4%, and any growth at all is coming from financial services, which ultimately depend on sustained growth in the rest of the economy. Think about it: Property sales are in decline, steel production is falling, commercial long-and short-haul vehicle sales are continuing to implode, and much of the growth in GDP is coming from huge rises in inventories across the economy. We track the 400 Chinese consumer companies listed on the Shanghai and Shenzhen stock markets, and in the third quarter, their gross revenues fell 4% from a year ago. This is hardly a vibrant economy.

The Chinese are learning the same thing as Americans. Stimulus does nothing for the average person or the real economy. It benefits crony capitalists and crony communists. It results in mal-investment, booming stock markets and ultimately a bust – that will negatively impact the average person.
By our calculations, since June the central government directly and indirectly has added more than $400 billion of stimulus and relaxed lending terms for housing purchases. Yet, every spasm of new stimulus seems less and less effective in boosting the economy. So most likely, China is sinking into a deflationary recession that’s increasing in speed and may take some time to run its course. Investors have lost faith in the property market, which alone comprises about 20% of GDP, when taking into account the entire supply chain, from iron-ore production to construction to related financial services and appliance sales. Employment and wage compensation will suffer. Consumption will continue to suffer. There’s even an outside possibility that China’s economic miracle could end up in a fiery crash landing, if a surge in banking-system loan defaults outruns government regulators’ attempt to contain such a credit crisis and restore financial confidence.
Ler texto completo

terça-feira, dezembro 09, 2014

Onde está o aquecimento global?


Já acreditei no IPCC, e no Al Gore, mas também estes deuses menores do clima cederam ao meu ateísmo!


Há cada vez mais dados e análises comparativas, estatísticas, etc., que colocam em dúvida as recentes teorias sobre o Aquecimento Global da Terra, teoria esta que tem servido sobretudo para colocar em movimento ciclos de especulação e de extorção fiscal cada vez mais suspeitos de servirem apenas para mitigar o fenómeno há muito previsto por Marx e conhecido por queda tendencial da taxa de exploração do trabalho.

Seria bom que por cá se evitasse mais um vanguardismo provinciano, que apenas procura satisfazer a aventureira EDP e o insaciável apetite do estado, bem como da nossa partidocracia, pela poupança nacional que expropriam sob a forma de um cada vez mais evidente proto-fascismo fiscal.

Que tal massificar esta discussão em vésperas do que prevejo ser o próximo ataque fiscal ao bolso dos contribuintes, pela via da pseudo fiscalidade verde e de aumentos sucessivos no ISP?

A queda do preço do crude arrasta a queda dos preços dos combustíveis e esta, por sua vez, implica uma diminuição da receita fiscal... que este governo, ou o próximo, tentará compensar com mais taxas e impostos. Veremos...

Entretanto, China rejeita a monitorização do seu CO2 pelos americanos e europeus!




China rejects US-sought carbon pledge review at UN climate talks
Monday, 08 December, 2014, 3:22am. South China Morning Post.

Negotiators seek to remove draft provisions for targets to be subject to other countries' scrutiny

Recomendo ao ministro Jorge Moreira da Silva e aos ambientalistas atenção e seriedade!

Interglacial Comparisons
Posted on November 24, 2014 in Climate Concerns

Most people don’t realize that the Earth is still in a long term ice age that started about three million years ago and has had many alternating cold glacial periods interspersed with warmer interglacial periods.  We are currently in an interglacial period where global temperatures have been near our modern “normal” for about 12,000 years now.

[...]

The graph below shows the current and last four interglacial periods plotted together, normalized to the year where the estimated global temperature first reached the level of our modern “normal” climate. The approximate year where each interglacial episode first reached the modern “normal” temperature is shown in the legend.  Notice that all four previous interglacials had global temperatures reaching 2 to 4 degrees Centigrade higher than our current modern “normal” without any help from humans, based on this reconstruction.

[...]

As repeatable as the glacial cycles have been over the last 500,000 years, I see little reason not to expect more of the same in the future. Using this interglacial comparison as a climate persistence forecast, we might expect about a 75% chance that the global average temperature will begin to drop dramatically sometime within the next few thousand years and about a 25% chance of staying warm for another 10,000 years or so … at most. Perhaps we need all the anthropogenic warming we can muster to stall or prevent the next glacial period?

Our understanding of what causes these glacial cycles, which are relatively recent on a geological scale, is still very limited although there are plenty of hypotheses. Our current climate models cannot predict them and therefore to me are somewhat useless. Until we can create climate models that can accurately track past glacial and interglacial periods I will not be too impressed and I certainly don’t believe our infant and untested climate models should be used to shape policy regarding “climate change”.

domingo, dezembro 07, 2014

Prendam os ladrões primeiro!

Vítor Constâncio, vice-presidente do BCE
Foto ©
Bloomberg News

O regresso extemporâneo do PS ao poder seria um desastre


FRANKFURT—European Central Bank Vice President Vitor Constancio sent the strongest signal to date on Wednesday that the ECB is prepared to buy government bonds early next year if it decides that more aggressive stimulus measures are needed. (Update: Follow our ECB live blog). By Brian Blackstone and Todd Buell.

The Wall Street Journal, Updated Nov. 26, 2014 6:46 a.m. ET.

Quando a criação de dinheiro é um monopólio governamental, e a sua emissão deriva de uma operação simplesmente fiduciária, sem que as unidades monetárias criadas tenham qualquer valor intrínseco (por exemplo, o ouro ou a prata de uma moeda), ou as contrapartidas do valor declarado assentem apenas em garantias soberanas de países que não param de ver as suas dívidas públicas e privadas a aumentarem, afirmar que vivemos em economias neoliberais, sejam elas governadas à ‘esquerda’ ou à ‘direita’, não passa de uma fraude intelectual. Todos os governos que se conhecem atualmente neste planeta são réplicas extremistas do keynesianismo!

Nem sequer podemos qualificar estes regimes financeiros como Capitalismo de Estado, ou como Capitalismo Imperial, pois são economias intrinsecamente descapitalizadas (onde, no entanto, a concentração da riqueza cresce desmesuradamente) que há muito consomem mais do que produzem, e que por esta razão são forçadas a desvalorizar as respetivas moedas na competição externa (aumentando assim a competitividade relativa das respetivas exportações, ao mesmo tempo que diminuem o fardo financeiro da dívida externa caso a moeda em causa seja uma moeda de reserva), ao mesmo tempo que aceitam destruir as taxas de juro do dinheiro, resultado inevitável do aumento contínuo da massa monetária, ou seja das várias formas de dinheiro em circulação, promovendo desta forma uma ilusão de prosperidade, ao mesmo tempo ainda que proliferam máquinas especulativas insaciáveis que, em poucas décadas, substituem e devastam a economia produtiva e o emprego.

Não deixa de ser irónico que os megafones desta fraude intelectual sejam frequentemente empunhados por alguns protagonistas da dita ‘esquerda’.

A ideia, repetida numa famosa declaração de Jorge Sampaio, contra o que então chamou a ‘obsessão do défice’, e que desde o seu reinado se tornou uma litania da ‘esquerda’, volta a ganhar força na propaganda populista do PS, de António Costa e do mesmo Sampaio.

Poderia a austeridade brutal que atingiu Portugal ter sido menos violenta?

Podia. Mas para que tal tivesse ocorrido teríamos que ter cumprido as recomendações da Troika num ponto essencial: destruir a economia corrupta dos rendeiros que capturaram o regime partidário e que com este estabeleceram uma simbiose oportunista, transformando nomeadamente as PPP numa bateria de seringas que, sem pudor nem travão algum, tem vindo a chupar a sustentabilidade da nossa economia, destruindo empresas, empobrecendo a classe média, lançando milhões de portugueses no desemprego, na emigração e na morte antecipada por deterioração acelerada das reformas, pensões e acesso aos medicamentos mais caros ou de uso continuado.

Como se sabe (o caso do cerco e despedimento do ministro Álvaro Santos Pereira foi a este título plenamente demonstrativo), o Bloco Central da Corrupção, composto por piratas da banca, dos oligopólios indígenas e da execrável classe política que temos, com a fanfarra do Bloco de Esquerda, do PCP e da Intersindical atrás, demonizou a Troika, não em nome de uma menor ou mais calibrada austeridade, mas favorecendo precisamente o excesso desta, ao terem conseguido barrar a famosa redução da rendas excessivas dos oligopólios, a redução para metade do número de autarquias existentes, e o ajustamento da dimensão do estado em função das nossas possibilidades, prioridades e potencial tecnológico disponível, o qual tem evoluído rapidamente.

A litania que tem saído ultimamente dos velhos cérebros da ‘esquerda’ (novos não há) que enche de teias de aranha o temeroso sargento-ajudante de José Sócrates, António Costa, atirado à força para a fogueira que em breve o consumirá, é a mesma de sempre: menos austeridade e mais investimento público, como se não tivéssemos sufocados em investimento público inútil ou que apenas serviu para enriquecer os rendeiros e os devoristas desta democracia exangue, ou como se menos austeridade não implicasse automaticamente uma declaração de guerra à EDP, à Brisa e outras concessionárias rodoviárias, aos especuladores municipais da água, aos latifundiários-rendeiros da medicina e mesmo ao negócio sórdido da fome que entretanto proliferou como uma espécie de pandemia de novos parasitas.

A falsa esquerda que em nome da esquerda vocifera e prega é uma esquerda imprestável...

Deixou-se engordar no Clube dos Um Por Cento mais ricos da comunidade, e fez o favor de ajudar a corja rendeira a manter-se no poder num dos momentos mais difíceis da nossa história recente, quando, precisamente com a ajuda da Troika, teria sido relativamente fácil reduzi-la à insignificância estrutural exibida na estrondosa e súbita implosão do DDT BES.

Previsões do Scotiabank, 2 dez 2014
(clique para ampliar)


Se a Justiça trabalhar depressa e bem...

Se a Justiça trabalhar depressa e bem até às próximas eleições, metendo na cadeia os ladrões do Bloco Central da Corrupção, e este governo tiver ainda um golpe de asa para impor a renegociação imediata e global de todos os contratos de concessões e sub-concessões com cláusulas danosas (algumas delas secretas) para o estado português, tornando, por outro lado, transparente os processos de acesso e gestão relativos aos fundos comunitários do QREN 2014-2020, então a esperada janela de alívio temporário anunciada por Vitor Constâncio, através da continuação do ELA (“emergency liquidity assistance”), de empréstimos à banca a taxas reais negativas (taxa de juro do BCE a 0,05% contra uma inflação de 0,5%) e da compra direta de dívida soberana (“...purchases of covered bonds and asset-backed securities”—WSJ), será tempo ganho no inevitável ajustamento estrutural da nossa economia e das nossas instituições e hábitos de vida, a começar pelo estado e pela classe política.

As previsões apontam para que Portugal volte a convergir com a União Europeia, crescendo em 2015 e 2016 mais do que a média desta. Percebe-se, pois, a pressa dos 'socialistas'. Mas também se deve perceber que dar-lhes neste momento o poder poderia equivaler a deitar pela janela fora o sangue, suor e lágrimas dos últimos quatro anos.

Depois disto, e depois de o PS passar por uma profunda metamorfose, entretanto interrompida pelo golpe de estado dos soarista-socratinos, então sim, será tempo de sabermos o que a nova esquerda poderá fazer de bem ao século 21 português. Pois até agora fez tudo errado.

Mas nada de ilusões fora de tempo!

In Neil Howe. Forbes, 2014

Estamos ainda no interior de uma "Longa Depressão" (Neil Howe/ Forbes).

PS: Ao contrário da voz corrente, aprecio a personalidade e a competência técnica do socialista Vítor Constâncio. Tem sido uma peça essencial no BCE durante a gravíssima crise que atravessamos. Não é deste socialista que me queixo!

Atualização: 8 dez 2014, 01:55 WET

sexta-feira, dezembro 05, 2014

O sargento Costa atrasou-se

Foto©Tim Brakemeir/ EPA (img recortada)

Sócrates é um lastro demasiado pesado...


José Sócrates: "...sistema vive da cobardia dos políticos..." (carta manuscrita, da prisão para o Diário de Notícias, 4/12/2014)

António Guterres fez o que lhe competia como ex-PM socialista ao visitar José Sócrates na prisão: manifestar a sua solidariedade pessoal a um seu antecessor, discretamente e sem alarido ou recados.

Soares, Almeida Santos e Fernando Gomes, pelo contrário, passaram mensagens encriptadas para o exterior (suponho, claro), e certamente ouviram pedidos expressos de Sócrates (suponho, claro)

Mas o pior de tudo é o lamentável atraso do sargento Costa!

Quando é que esta criatura secundária percebe que deveria ter sido o primeiro 'socialista' a visitar o ex-PM e ex-SG do PS?

Quando é que esta criatura secundária percebe que só depois de visitar José Sócrates na prisão poderia ter anunciado a grande novidade em que ninguém acredita: separar o que é da política (i.e. dos partidos) do que é pessoal?

E agora, António Costa, quando é que vai visitar José Sócrates? Depois do Rui Rio?

O afundamento estrutural do PS ainda vai no adro.

Basta prestar atenção aos recados que vêm de Bruxelas e da OCDE:
“A Comissão Europeia quer que os tribunais portugueses apliquem penas mais pesadas aos suspeitos de corrupção. Ou seja: mais condenações em consequência das investigações e um registo de resultados comprovados em cada caso investigado pelas polícias e Ministério Público.”
DN, 4 de dezembro 2014.

As autoridades portuguesas deixaram passar em branco -- não conseguiram aplicar qualquer sanção relevante -- a todos os casos de suborno ou de corrupção internacional envolvendo decisores e agentes do sector público detetados entre 15 de fevereiro de 1999 e 1 de junho deste ano, acusa a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
Dinheiro Vivo 02/12/2014 | 14:20.

Já agora, convem recordar estes textos de Joaquim Vieira, que foi despedido da revista Grande Reportagem, da qual era diretor, na última semana de Outubro de 2005, na sequência do que então publicou.

—in Grande Reportagem 3, 10, 17, 24 de Setembro e 1 de Outubro de 2005

“O POLVO (1)

Com Soares, já não há moral para criticar Ferreira Torres, Isaltino, Valentim ou Felgueiras.

Além da brigada do reumático que é agora a sua comissão, outra faceta distingue esta candidatura de Mário Soares a Belém das anteriores: surge após a edição de Contos Proibidos – Memórias de Um PS Desconhecido (livro completo em PDF), do seu ex-companheiro de partido Rui Mateus. O livro, que noutra democracia europeia daria escândalo e inquérito judicial, veio a público nos últimos meses do segundo mandato presidencial de Soares e foi ignorado pelos poderes da República. 
Em síntese, que diz Mateus?

Que, após ganhar as primeiras presidenciais, em 1986, Soares fundou com alguns amigos políticos um grupo empresarial destinado a usar os fundos financeiros remanescentes da campanha.

Que a esse grupo competia canalizar apoios monetários antes dirigidos ao PS, tanto mais que Soares detestava quem lhe sucedeu no partido, Vítor Constâncio (um anti-soarista), e procurava uma dócil alternativa a essa liderança.

Que um dos objectivos da recolha de dinheiros era financiar a reeleição de Soares.

Que, não podendo presidir ao grupo por razões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro, embora reunisse amiúde com eles para orientar a estratégia das empresas, tanto em Belém como nas suas residências particulares.

Que, no exercício do seu «magistério de influência» (palavras suas, noutro contexto), convocou alguns magnatas internacionais – Rupert Murdoch, Silvio Berlusconi, Robert Maxwell e Stanley Ho – para o visitarem na Presidência da República e se associarem ao grupo, a troco de avultadas quantias que pagariam para facilitação dos seus investimentos em Portugal.

Note-se que o «Presidente de todos os portugueses» não convidou os empresários a investir na economia nacional, mas apenas no seu grupo, apesar de os contribuintes suportarem despesas da estada. Que moral tem um país para criticar Avelino Ferreira Torres, Isaltino Morais, Valentim Loureiro ou Fátima Felgueiras se acha normal uma candidatura presidencial manchada por estas revelações? E que foi feito dos negócios do Presidente Soares? Pela relevância do tema, ficará para próximo desenvolvimento.

O POLVO (2)

A ética política é um valor permanente, e as suas violações não prescrevem.

A rede de negócios que Soares dirigiu enquanto Presidente (ver esta coluna na anterior GR) foi sedeada na empresa Emaudio, agrupando um núcleo de próximos seus, dos quais António Almeida Santos, eterna ponte entre política e vida económica, Carlos Melancia, seu ex-ministro, e o próprio filho, João.

A figura central era Rui Mateus, que detinha 60 mil acções da Fundação de Relações Internacionais (subtraída por Soares à influência do PS após abandonar a sua liderança), as quais eram do Presidente mas de que fizera o outro fiel depositário na sua permanência em Belém – relata Mateus em Contos Proibidos.

Soares controlaria assim a Emaudio pelo seu principal testa-de-ferro no grupoempresarial. Diz Mateus que o Presidente queria investir nos media: daí o convite inicial para Silvio Berlusconi (o grande senhor da TV italiana, mas ainda longe de conquistar o governo) visitar Belém. Acordou-se a sua entrada com 40% numa empresa em que o grupo de Soares reteria o resto, mas tudo se gorou por divergências no investimento.

Soares tentou então a sorte com Rupert Murdoch, que chegou a Lisboa munido de um memorando interno sobre a sua associação a «amigos íntimos e apoiantes do Presidente Soares», com vista a «garantir o controlo de interesses nos media favoráveis ao Presidente Soares e, assumimos, apoiar a sua reeleição».

Interpôs-se porém outro magnata, Robert Maxwell, arqui-rival de Murdoch, que invocou em Belém credenciais socialistas. Soares daria ordem para se fazer o negócio com este. O empresário inglês passou a enviar à Emaudio 30 mil euros mensais. Apesar de os projectos tardarem, a equipa de Soares garantira o seu «mensalão».

Só há quatro anos foi criminalizado o tráfico de influências em Portugal, com a adesão à Convenção Penal Europeia contra a Corrupção. Mas a ética política é um valor permanente, e as suas violações não prescrevem. Daí a actualidade destes factos, com a recandidatura de Soares. O então Presidente ficaria aliás nervoso com a entrada em cena das autoridades judiciais - episódio a merecer análise própria.

O POLVO (3)

A empresa Emaudio, dirigida na sombra pelo Presidente Soares, arrancou pouco após a sua eleição (ver esta coluna na anterior GR) e, segundo Rui Mateus em Contos Proibidos, contava «com muitas dezenas de milhares de contos ‘oferecidos’ por [Robert] Maxwell (...), consideráveis verbas oriundas do ‘ex-MASP’ e uma importante contribuição de uma empresa próxima de Almeida Santos».

Ao nomear governador de Macau um homem da Emaudio, Carlos Melancia, Soares permite juntar no território administração pública e negócios privados. Acena-se a Maxwell a entrega da estação pública de TV local, com a promessa de fabulosas receitas  publicitárias. Mas, face a dificuldades técnicas, o inglês, tido por Mateus como «um dos grandes vigaristas internacionais», recua. O esquema vem a público, e Soares acusa os gestores da Emaudio de lhe causarem perda de popularidade, anuncia-lhes alterações ao projecto e exige a Mateus as acções de que é depositário e permitem controlar a empresa.

O testa-de-ferro, fiel soarista, será cilindrado – tal como há semanas sucedeu noutro contexto a Manuel Alegre. Mas antes resiste, recusando devolver as acções e emperrando a reformulação do negócio. E, quando uma empresa alemã reclama por não ter contrapartida dos 50 mil contos (250 mil euros) pagos para obter um contrato na construção do novo aeroporto de Macau, Mateus propõe o envio de um fax a Melancia exigindo a devolução da verba. O governador cala-se. Almeida Santos leva a mensagem a Soares, que também se cala.

Então Mateus dá o documento a O Independente, daqui nascendo o «escândalo do fax de Macau». Em plena visita de Estado a Marrocos, ao saber que o Ministério Público está a revistar a sede da Emaudio, o Presidente envia de urgência a Lisboa Almeida Santos (membro da sua comitiva) para minimizar os estragos. Mas o processo é inevitável. Se Melancia acaba absolvido, Mateus e colegas são condenados como corruptores. Uma das revelações mais curiosas do seu livro é que o suborno (sob o eufemismo de «dávida política») não se destinou de facto a Melancia mas «à Emaudio ou a quem o Presidente da República decidisse». Quem, afinal, devia ser réu?

O POLVO (4)

Ao investigar o caso de corrupção na base do «fax de Macau» (ver esta coluna na anterior edição), o Ministério Público entreviu a dimensão da rede de negócios então dirigida pelo presidente Soares desde Belém. A investigação foi encabeçada por António Rodrigues Maximiano, procurador-geral adjunto da República, que a dada altura se confrontou com a eventualidade de inquirir o próprio Soares. Questão demasiado sensível, que Maximiano colocou ao então procurador-geral da República, Narciso da Cunha Rodrigues. Dar esse passo era abrir a caixa de Pandora, implicando uma investigação ao financiamento dos partidos políticos, não só do PS mas também do PSD – há quase uma década repartindo os governos entre si. A previsão era catastrófica: operação «mãos limpas» à italiana, colapso do regime, república dos juízes.

Cunha Rodrigues, envolvido em conciliábulos com Soares em Belém, optou pela versão mínima: deixar de fora o Presidente e limitar o caso a apurar se o governador de Macau, Carlos Melancia, recebera um suborno de 250 mil euros.

Entretanto, já Robert Maxwell abandonara a parceria com o grupo empresarial de Soares, explicando a decisão em carta ao próprio Presidente.

Mas logo a seguir surge Stanley Ho a querer associar-se ao grupo soarista, intenção que, segundo relata Rui Mateus em Contos Proibidos, o magnata dos casinos de Macau lhe comunica «após consulta ao Presidente da República, que ele sintomaticamente apelida de boss.»

Só que Mateus cai em desgraça, e Ho negociará o seu apoio com o próprio Soares, durante uma «presidência aberta» que este efectua na Guarda. Acrescenta Mateus no livro que o grupo de Soares queria ligar-se a Ho e à Interfina (uma empresa portuguesa arregimentada por Almeida Santos) no gigantesco projecto de assoreamento e desenvolvimento urbanístico da baía da Praia Grande, em Macau, lançado ainda por Melancia, e onde estavam «previstos lucros de alguns milhões de contos». Com estas operações, esclarece ainda Mateus, o presidente fortalecia uma nova instituição: a Fundação Mário Soares. Inverosímil? Nada foi desmentido pelos envolvidos, nem nunca

O POLVO (CONCLUSÃO)

O anúncio da recandidatura de Soares veio acordar velhos fantasmas.

As revelações de Rui Mateus sobre os negócios do Presidente Soares, em Contos Proibidos (ver anteriores edições desta coluna), tiveram impacto político nulo e nenhuns efeitos. Em vez de investigar práticas porventura ilícitas de um chefe de Estado, os jornalistas preferiram crucificar o autor pela «traição» a Soares (uma tese académica elaborada depois por Edite Estrela, ex-assessora de imprensa em Belém, revelou as estratégias de sedução do Presidente sobre uma comunicação social que sempre o tratou com indulgência).

Da parte dos soaristas, imperou a lei do silêncio: comentar o tema era dar o flanco a uma fragilidade imprevisível. Quando o livro saiu, a RTP procurou um dos visados para um frente-a-frente com Mateus – todos recusaram.

A omertà mantém-se: o desejo dos apoiantes de Soares é varrer para debaixo do tapete esta história (i)moral da III República, e o próprio, se interrogado sobre o assunto, dirá que não fala sobre minudências, mas sobre os grandes problemas da nação.

Com a questão esquecida, Soares terminaria em glória uma histórica carreira pública, mas o anúncio da sua recandidatura veio acordar velhos fantasmas. O mandatário, Vasco Vieira de Almeida, foi o autor do acordo entre a Emaudio e Robert Maxwell. Na cerimónia do Altis, viam--se figuras centrais dos negócios soaristas, como Almeida Santos ou Ilídio Pinho, que o Presidente fizera aliar a Maxwell.

Dos notáveis próximos da candidatura do «pai da pátria», há também homens da administração de Macau sob tutela de Soares, como António Vitorino e Jorge Coe-lho, actuais eminências pardas do PS, ou Carlos Monjardino, conselheiro para a gestão dos fundos soaristas e presidente de uma fundação formada com dinheiros de Stanley Ho.

Outros ex-«macaenses» influentes são o ministro da Justiça, Alberto Costa, que, como director do Gabinete de Justiça do território, interveio para minorar os estragos de um caso judicial que destapou as ligações entre o soarismo e a Emaudio, ou o presidente da CGD por nomeação de Sócrates, Santos Ferreira, que o governador Melancia pôs à frente das obras do aeroporto de Macau.

Será o polvo apenas uma bela teoria da conspiração?”

E por fim, para compensar a visão soturna sobre Mário Soares e o PS que resulta da transcrição anterior, aqui fica o link para uma entrevista babada de Clara Ferreira Alves: Mário Soares. “Sou o gajo que lhes atira mais às trombas”Expresso.

PARECE QUE O COSTA LEU O ANTÓNIO MARIA!


Tendo ou não lido este post (publicado às 15:17 do dia 5 de dezembro), o spin doctor de António Costa apressou-se a dizer à criatura que tinha que acrescentar qualquer coisinha ao Expresso: sim, claro, que vou visitar o Sócrates— no Natal!

Mas a verdade é esta: o ex-sargento de José Sócrates foi literalmente descalçado por Mário Soares e por António Guterres, que fizeram o que deviam ter feito em termos pessoais e institucionais, presumida que é a inocência do agora desgraçado ex-primeiro ministro. Quanto ao surfista de águas paradas António Costa, está confirmado o óbvio: intuição política = ZERO!

  • Costa visita Sócrates nas férias de Natal Expresso, 6/12/2014 
  • "Hei-de ir durante as férias de Natal. Com certeza que irei", disse António Costa, ao Expresso, acrescentando que "só me ficaria mal se não fosse" — Observador, 6/12/2015, 10:33 
  • António Costa vai visitar o ex-primeiro ministro José Sócrates nas férias de Natal. A visita será a titulo pessoal e segundo o jornal Expresso está marcada para as próximas semanas. — SIC, 6/12/2014, 14:50.


Atualização: 7 dezembro 2014, 11:11 WET