quinta-feira, julho 17, 2008

Crise Global 16

Madrid, Cuatro Torres Business Area
Madrid, Cuatro Torres Business Area (2008)

Derrocada ibérica!

A explicação mais plausível para o tombo financeiro do PSI20 no dia 15 de Outubro de 2008 não vem de Nova Iorque, mas de Espanha.

BCP cai 8,33% para 1,04 euros, o valor mais baixo de sempre

Expresso online (13:17 | Terça-feira, 15 de Jul de 2008)

A bolsa de Lisboa está a viver de novo uma sessão negra, com o PSI20 a desvalorizar 4,62%, e a acumular uma perda anual próxima dos 40%. Mas as quebras já foram superiores hoje: o PSI20 já esteve a perder 6% e o BCP quase 10%.

A bolsa de Lisboa está a ser fortemente penalizada, com várias empresas a perder mais de cinco por cento, pressionada pelas más notícias sobre o agravar da crise mundial e as perdas da banca devido aos problemas desencadeados pelo crédito hipotecário de alto risco e pela acentuada desvalorização dos mercados accionistas.

A intervenção do estado norte-americano para "salvar" a empresas hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac veio afectar ainda mais a confiança dos investidores, e afastá-los dos mercados de capitais.

O PSI20 estava, às 13h00, a perder 4,62%, mas já esteve a cair quase 6%, com o BCP a liderar as quebras, com uma descida que roçou os 10%. As acções do maior banco privado português estão a 1,04 euros, ou seja, próximas do valor nominal, situação que os analistas consideram preocupante.

O banco já perdeu este ano em capitalização bolsista 7 mil milhões de euros e está agora a cotar-se no valor mais baixo de sempre, com uma desvalorização anual de 60,23%.

... Entre as maiores perdas está também o BPI (-6,81%), a Galp (-7,97%), a Portucel (-6,19%), a Teixeira Duarte (5,81%) e a Altri (-6,05%).


Large construction firm is first victim of Spain's slumping real estate market


International Herald Tribune / The Associated Press (Published: July 15, 2008)

MADRID: A crisis in Spain's once-booming real estate market has claimed its first big victim as Martinsa-Fadesa, one of the country's largest construction companies, filed for protection from creditors holding more than €5 billion, or $8 billion, in debt.

... Martinsa-Fadesa is one of the largest construction companies in Spain, with nearly €11 billion, or $17.4 billion, in assets.

It is now the first major victim of the crisis in Spain's real estate sector, which had been the main engine behind more than a decade of robust economic growth but is now in a free fall because of sharply higher interest rates and tighter lending conditions from banks.

Residental home sales are down 30 percent this year and housing prices are falling in some major cities like Madrid and Barcelona.


Bankruptcy fears hit Spanish building stocks

Martinsa-Fadesa's administration move highlights precarious state of market

MarketWatch (Last update: 6:47 a.m. EDT July 15, 2008)

LONDON (MarketWatch) - Companies connected to the Spanish property market fell sharply on Tuesday, with investors spooked by the sector's first likely high-profile bankruptcy.

Property developer Martinsa-Fadesa said on Monday that it would seek credit protection after it couldn't raise a 150 million euro loan.

Martinsa-Fadesa is one of the largest real estate companies in Spain, with assets of nearly 13 billion euros ($20.8 billion).

... Martinsa-Fadesa shares were suspended at 7.30 euros on Monday, after falling 48% on Friday when the firm said that it had requested more time to raise funds.

Analysts said that Martinsa-Fadesa's statement is likely the tip of the iceberg for bad news from the Spanish construction sector and the banks that have lent to them.

The institutions that are seen as most exposed to Martinsa-Fadesa's debt - which is around 5.2 billion euros ($8.3 billion) - are CajaMadrid, La Caixa, Banco Popular and Caixa Catalunya, Vega said.

(...) Other companies in the construction sector trading sharply lower included Sacyr-Vallehermoso, down 11.9%, Grupo Ferrovial, down 10.4%, ACS Actividades de Construccion, down 6.4%, and Inmobilia Colonial, down 7%.

(...) Martinsa's debt accounts for around 1.7% of the approximately 310 billion euros lent to Spanish developers.

Dominic Bryant, strategist at BNP Paribas, said: "With credit markets still stressed, access to funding could create issues for highly indebted companies. Generally, debt levels of the Spanish non-financial corporate sector are well above the euro-zone average. (...) "With such a huge adjustment ongoing in the Spanish construction and real estate sector, we should not be surprised if other companies were to fold," he added.

O abalo provocado pela falência do grande promotor espanhol é, de facto, o primeiro de uma série desconhecida mas certa de abalos financeiros que irá colocar as economias espanhola e portuguesa à beira de um ataque de nervos -- ou mesmo de um grande terramoto. O Subprime desembarcou, como toda a gente atenta previa, na Europa. Começou por atingir os sectores bancários da Alemanha, Suiça, França e Reino Unido, mas agora é a vez do grande especulador imobiliário europeu: a Espanha. Por tabela, levam a Itália e Portugal, e a crise chegará também aos novos aderentes da União Europeia vindos do Leste.

Poucos sabem que a Espanha tem o segundo pior resultado mundial em termos de Balança de Transacções Correntes, imediatamente antes dos Estados Unidos (onde a situação é pura e simplesmente catastrófica). O buraco da dívida externa espanhola já ultrapassa 150% do respectivo PIB, qualquer coisa como 1,45 biliões (1 450 000 000 000) de euros.
¿Es viable un país cuyos ciudadanos deben a los bancos el 130% de su renta disponible? O dicho en otros términos: ¿Qué se puede esperar de una nación que acumula una deuda externa equivalente al 150% de su PIB? Ítem más. ¿Son solventes las empresas españolas teniendo en cuenta que deben al conjunto del sistema financiero 962.333 millones de euros, de los cuales casi la mitad corresponde a empresas del 'ladrillo' (constructoras e inmobiliarias)? -- pergunta Carlos Sánchez - 16/07/2008 06:00h, no El Confidencial de 16-07-2008.

O dado que interessa relevar neste momento, sobretudo do ponto de vista das cautelas que deverão rodear a economia portuguesa, refere-se muito em particular ao impacto potencial da dimensão das responsabilidades contraídas pelo conjunto da indústria da construção e correspondente negócio imobiliário em Espanha. O descomunal endividamento externo espanhol pela via do betão vai ter um impacto enorme em toda a península. São 310 mil milhões de euros que estão a jogo (já meio perdido), ou seja, quase o dobro do PIB português!

O colapso da Martinsa-Fadesa significa, porém, apenas 1,7% do buraco negro em formação. Quando este começar a atrair para o seu inferno de destruição, 5%, 10%, 20%... do sector que mais construiu num só país europeu nos últimos 20 anos, que acontecerá a esta praia à beira-mar plantada, sem coqueiros, mas plena de gente leviana e políticos imbecis?

É também por esta razão que os Grandes Investimentos (sobretudo os embustes do Novo Aeroporto da Ota em Alcochete e da Ponte Chelas-Barreiro) vão ter que aguardar por melhores dias. É também por este motivo que temos que denunciar a atabalhoada decisão governamental (protagonizada pela tão ambiciosa quanto limitada e incompetente Ana Paula Vitorino) de lançar uma série de obras outrora suspensas por este mesmo governo, nomeadamente no sector ferroviário, por simples reflexo de desespero face à gravidade da situação económica actual. O pacote anunciado não contribui em nada para a melhoria, aliás urgente, da nossa rede ferroviária, onde as principais prioridades se situam na melhoria (electrificação e sinalização renovada) da Linha do Oeste e sua ligação à Linha do Norte, na finalização da modernização da Linha do Norte, na colocação de mais comboios na Ponte 25 de Abril, na modernização (consolidação, electrificação, sinalização renovada) da Linha do Douro e, finalmente, no ligação de Portugal à rede europeia de Velocidade Elevada/ Alta Velocidade.

É de prever que um ou dois bancos portugueses (BCP? e BPI?), mais alguma estrela do betão (depois da Construtora do Tâmega), venham a soçobrar no tsunami ibérico em formação. A TAP vai entrar muito rapidamente no vermelho. Mais uma razão para não dar ouvidos às sereias do Bloco Central do Betão. São o maior perigo que assola Portugal!

Post scriptum: ao contrário do que vêm sugerindo algumas araras académicas do regime, a receita Keynesiana não se aplica ao caso concreto da actual recessão das economias americana e europeia. E isto por uma única e simples razão: os países europeus (à excepção da Alemanha e poucos mais), bem como os Estados Unidos, têm vindo a endividar-se há décadas, tendo recorrido nomeadamente à privatização de fracções significativas dos respectivos recursos e activos estratégicos, como forma de garantir o afluxo de investimentos e empréstimos. Ou seja, daqui para a frente, Portugal, como muitos outros estados ocidentais já só podem refinanciar as suas dívidas e contrair novos empréstimos à custa de explosivas punções fiscais sobre a grande massa dos contribuintes, destruindo rapidamente as classes médias sobre as quais assentam as suas famosas democracias.

Não há pois alternativa à actual situação que não passe por colocar os juros acima da inflação, baixando ao mesmo tempo os impostos sobre os bens essenciais e a tributação oportunista sobre os recursos energéticos. Mas para isto dar algum resultado, será preciso proceder simultaneamente à redução drástica das despesas correntes não essenciais dos Estados, à implementação dum programa de eficiência energética radical, à metamorfose acelerada dos actuais paradigmas de transporte, mobilidade e consumo e, finalmente, à descentralização efectiva dos centros de decisão e organização social.

Do ponto de vista estratégico, temos que acabar com a globalização (i.e com a Organização Mundial de Comércio) e instaurar um Equilíbrio Global Diferenciado e Justo. Será preferível começarmos desde já a debater estes problemas sérios, do que recorrer a soluções expeditas quando, por exemplo, o Euro entrar numa crise estrutural irreversível.


ÚLTIMA HORA

Espanha: epicentro de um terramoto europeu...

A Europa pode já ter entrado na primeira recessão da era do Euro!

Alguns analistas prevêem que a coisa possa tornar-se muito feia a partir do fim deste Verão. Os mais cruéis apostam mesmo na hipótese de um colapso da moeda única antes de 2012, pois os países do Sul (nomeadamente Grécia, Itália, Espanha e Portugal), super endividados, não dispõem de margem de manobra, nem de recursos (garantias), para suportar a inevitável subida das taxas de juro que, pela mão estatutária e firme de Trichet, procurará desesperadamente impedir que a rampa inflacionista mundial (provocada sobretudo pelos EUA e pelo Japão) conduza a economia europeia à super inflação (olhem para o Zimbabwe!)

Os greenGo imprimem alegremente papel verde, deixaram de contar o montante da sua dívida infinita e caminham como zombies para a sua primeira (haverá segunda?) falência imperial. Mas a Europa não pode fazer o mesmo! Baixar os juros, como pretende o Bloco de Esquerda (que raio de economista é afinal o Louçã?!), seria precipitar um suicídio talvez evitável se aceitarmos mudar, com imaginação e tenacidade, o nosso insustentável estilo de vida.

As alternativas são infelizmente poucas e amargas: suportar uma forte recessão em 2009-2010, evitando assim a super inflação, ou deixar que o casino imprima toda a espécie de dívida para continuarmos a fingir que somos mais ricos do que os chineses, e batermos contra o muro da falência colectiva, provocando o regresso da Europa ao bordel nacionalista. A "esquerda" comunista e bloquista já fez a sua opção. A direita não existe. Falta pressionar o PS e o PSD para que comecem a trabalhar a sério pelo País e pela Europa!


European recession looms as Spain crumbles

Telegraph.co. 18-07-2008 1:08am -- (By Ambrose Evans-Pritchard) The eurozone is tipping into a deeper downturn than America itself despite the tremors in the US mortgage industry, and may already be in full recession for the first time since the launch of the single currency.

Spain drops reassuring gloss as crisis deepens

Telegraph.co. 18-07-2008 1:09am -- (By Ambrose Evans-Pritchard) -- Spain's finance minister Pedro Solbes has stunned the markets with an admission that his country faces the worst economic crisis in its history as the full effects of the property crash spread through the economy.

"This crisis is the most complex we have ever lived through given the plethora of factors on the table at the same time," he told Punto Radio in Madrid, breaking with past efforts to put a reassuring gloss on events.

Mr Solbes said the Madrid bourse had suffered an "earthquake", crashing 27pc since the start of June. He blamed the toxic cocktail of high oil prices, the global credit crisis and the sharp slowdown in the key export markets of North America and Germany.

Solbes reconoce que es la crisis "más compleja" de la historia

El Economista.es. 16-07-2008 18:21 -- El vicepresidente segundo del Gobierno y ministro de Economía y Hacienda, Pedro Solbes, no descartó hoy que la economía española pueda registrar crecimientos cero en algún trimestre determinado, al tiempo que reconoció que la actual crisis económica es la "más compleja" de la historia por la cantidad de factores que influyen en la misma.

... En cuanto al empleo, reconoció que el problema del paro es "el más grave" al que tiene que hacer frente la economía española, ya que una tasa de paro del 11% es totalmente "inaceptable" aunque recordó que el último Gobierno del PP dejó el paro en el 11,5% Y que el Ejecutivo está haciendo "muchas cosas" para reinsertar a los desempleados en otros sectores de actividad.



OAM 394 17-07-2008 03:14 (última actualização: 18-07-2008 22:01)

segunda-feira, julho 14, 2008

TAP 3

Xeque-mate à TAP

Alberto João =1, Sócrates=0

A easyJet voa de Madrid e Lisboa para o Funchal a preços de arrasar! É o afundamento da política aeroportuária deste governo e da tríade de Macau. A easyJet poderia hoje ter a sua base no Montijo. Pois não! Tem-na em Barajas! Adivinhem quantos postos de trabalho preciosos se perderam e que poderiam ter ajudado a acomodar a inadiável reestruturação da insustentável TAP. Agora, é emigrar para a capital espanhola.. e votar com os pés!

"... se a TAP não existir ou restringir fortemente a sua actividade, que sentido faz construir um novo aeroporto?" -- Nicolau Santos, Expresso (14-07-2008).

EasyJet liga Funchal a Lisboa por 52 euros!
A "Easy" distribuiu hoje um Comunicado de Imprensa, intitulado "easyJet lança hoje voos de Lisboa para a Madeira e quadruplica viagens à Ilha", no qual refere: "Segundo estatísticas internas da companhia, o transporte aéreo para a Ilha quadruplicará graças aos preços low cost e à democratização da oferta. A easyJet põe hoje à venda os bilhetes Lisboa-Funchal a partir de 25,99 euros por trajecto, começando a voar em Outubro". -- in Ultraperiferias (14-07-2008).

"Neste momento, tendo em conta o grande potencial que este mercado apresenta, pensamos que até ao final do ano, ou seja de Outubro a Dezembro, o número de passageiros transportados pela easyJet se situe nos 25 mil", afirmou a responsável, acrescentando que "em Outubro de 2009, com um ano completo de operações nesta rota, as perspectivas apontam para que o valor total de passageiros transportados pela easyJet atinja os cerca de 152.000". - Lusa (14-07-2008 19:47)

Tudo isto tem vindo a confirmar as observações e intuições da blogosfera mais cedo do que esta esperava. Provou-se assim que o caos das bagagens é mera incompetência dos actores que operam e administram o aeroporto da Portela. Provou-se que não há falta de slots no aeroporto da Portela, e que portanto a sua anunciada saturação é um consenso fabricado. Provou-se que a TAP causa propositadamente incómodos aos seus passageiros, obrigando-os a andar pelo meio das pistas e placas de estacionamento das aeronaves, quando dispõe de mangas vazias para o efeito, que só não usa por sovinice e provocação (ler comentário em Linha da Frente). Provou-se que a transferência dos voos de e para as regiões autónomas, para os novos apeadeiros improvisados, não tem qualquer justificação logística séria e acaba apenas por acentuar a ilusão de que a Portela está saturada, procurando-se assim atrair uma parte substancial dos passageiros da TAP para a "Ota em Alcochete" (como lhe chama Rui Santos, no seu habitual registo cáustico). Provou-se que a maior ameaça à sobrevivência da TAP é a concorrência fortíssima que lhe é movida pelas companhias Low Cost, com particular relevo para a easyJet, a Ryanair e a Vueling, dotadas de aviões mais eficientes, menos custos de pessoal, ligações ponto-a-ponto sem estadia, métodos de gestão pioneiros no sector, estratégias de comunicação e marketing radicalmente inovadores e uma aura sexy -- tudo o que a TAP não tem, nem fez qualquer esforço para ter desde que o novo panorama da concorrência no sector se tornou óbvio. Provou-se, sobretudo, que o consenso fabricado em volta da Portela teve um único fim: fechar este estratégico complexo aeroportuário e vender os respectivos terrenos a patacas; dar de comer aos imbecis do betão que subsidiam o Bloco Central e apostar em mais especulação imobiliária, na fantástica "cidade aeroportuária" do ignaro PS boy Augusto Mateus.

A TAP fez tudo ao contrário, não apenas com o beneplácito do actual governo, mas empurrado por este. Foi assim que comprou a PGA ao Grupo BES por 144 milhões de euros, numa operação que deveria ser investigada, pois desde logo se trata, e foi à época denunciada como tal, uma operação ruinosa para o Estado português. Foi assim que defendeu a OTA, mentindo sucessivamente sobre factos relevantes relativos às reais condições e potencialidades da Portela. Foi assim que boicotou tanto quanto pôde o crescimento das operações no renovado Aeroporto Sá Carneiro. Foi assim que boicotou o desenvolvimento turístico da Madeira, mantendo um monopólio caro e indecoroso contra a lógica e as directivas comunitárias. E foi assim que reteve artificialmente, contra qualquer lógica de gestão saudável, slots e rotas com load factors miseráveis, transformando uma prometida redistribuição extraordinária de lucros numa rampa de prejuízos sem fim à vista!

O anúncio da suspensão de 61 frequências de voos a partir de Outubro, depois do gaúcho que "dirige" a companhia anunciar prejuízos superiores a 100 milhões de euros(1), foi o sinal público de que algo atingiu, provavelmente de forma irreversível e fatal, a transportadora aérea nacional. A TAP irá cancelar não apenas frequências de voos na Europa, o que era previsível, pois não tem quaisquer condições para sustar a ofensiva das Low Cost, mas também nas rotas para os Estados Unidos e para o Brasil -- para onde e de onde, em plena época alta, os charters da Air Atlantic andam a meio gás e os A330 da TAP cabotam ao longo das costas de Vera Cruz!

A caricata manobra de prestidigitação em volta dos novos voos para a Guiné-Bissau e para Angola, não convence ninguém, nem já os tontos que compram diariamente informação aos gurus da contra-informação mediática. Que rentabilidade poderá ter uma rota para o narco-Estado da Guiné-Bissau? A não ser que sirva para transportar droga, ou os resultados do respectivo comércio! Do que se sabe até ao momento, é que se houver uma avaria no local, vão ser os pilotos e as hospedeiras a ter que reparar os aviões (efectivamente!)

Quanto a Angola, admite-se que o tráfego possa aumentar. Mas quem garante que a aliança em formação entre a Ibéria, a British Airways e a American Airlines não venha a desfazer este género de improvisos por parte de uma presa que emite sinais evidentes de ter sido ferida de morte por uma administração desastrosa ao serviço de uma nomenclatura político-partidária que a sugou até ao tutano?

A menos que a "filha do EDU", como é conhecida na gíria blogosférica, compre a TAP, no rescaldo da desesperada viagem de José Sócrates a Luanda, não vejo como possa a TAP safar-se da falência que se antevê no horizonte carregado da actual crise financeira mundial. Uma operação do tipo Alitalia será porventura possível, se houver fundos soberanos que queiram a TAP. E mesmo assim, a empresa poderá ter que falir primeiro, como ocorreu com a Suissair, para renascer depois, muito mais magra, subdividida em mais de uma companhia.

Uma profunda reestruturação do Grupo TAP poderia dar lugar a novos operadores segmentados por continentes: TAP Eurásia, TAP África, TAP Américas. Russos, chineses, árabes poderiam até interessar-se pelos novos petiscos. Conjecturas, em suma, para uma empresa atropelada pela história e pela incúria dos governantes que temos.


Última hora
-- Deputado Manuel Alegre disparata sobre comboios e aeroportos.

O poeta e político socialista disse à SIC Notícias (Jornal das Nove, 15-07-2008) que era preciso um NAL em Alcochete. Quem lhe encomendou o sermão? Gostava de saber!

No entanto, sobre "o TGV" disse nada, pois não entende o assunto -- disse. Não entende?! Mas não é pago por todos nós para, precisamente, estudar, entender e opinar? OLHE, caro poeta e político socialista, sou artista, mas não sou pago pelo erário público, e no entanto dei-me ao trabalho de ler, estudar e escrever mais de meia centena de artigos sobre aeroportos (Ota, Montijo, Alcochete), comboios (linha do Norte, bitola europeia, TGV) e aviões (TAP, ANA, Low Cost), precisamente porque cheguei à conclusão, entre os finais de 2004 e a Primavera de 2005, que o actual paradigma energético do Capitalismo, da Democracia Ocidental e do Progresso chegara ao fim e iria dar enormes dores de cabeça a todos nós.

Privatizar os terrenos da Portela e a ANA para alimentar a voragem corrupta do Bloco Central do Betão (muito bem representado pelos passarões Jorge Coelho e Dias Loureiro) foi e é a única justificação "técnica" para a cidade aeroportuária "imaginada" pelo Grão-Mestre do Aeromoscas de Beja -- Augusto Mateus. Mas hoje, com a precipitação síncrona das crises petrolífera, financeira, climática e alimentar mundiais, o embuste premeditado do Bloco Central do Betão morreu. Por outro lado, nem a privatização dos terrenos da Portela seria alguma vez trigo limpo, apesar do bispo entretanto colocado na autarquia da capital, nem a malta do Norte e da Madeira alguma vez permitiria a prevista instrumentalização da ANA para rentabilizar o inviável NAL.

Por fim -- tome nota Manuel Alegre--, precisamos de encontrar uma solução imediata para a TAP (força Sócrates!), ou esta irá parar à falência depois do Natal! E se tal ocorrer, bem pode o poeta cantar Alcochete, que Alcochete não passará de uma miragem marroquina. Outro Alcácer Quibir, meu caro camoniano, que V. terá que poetar!

Você, Manuel Alegre, anda agora muito preocupado com os ricos. Deixe-se de populismo barato. Não lhe assenta bem. Como muito bem sabe, o problema não vem dos ricos, mas daqueles que pouco ou nada fazem, e sobretudo daqueles que em nome do Povo muito palram, cobrando fora e dentro do orçamento de Estado, sem cuidar de facto do que lhes sai boca fora. Começam, como sabemos, por não estudar os assuntos, e adoram emprenhar pelos ouvidos. Que lástima!

Quem esperava um grito de esperança seu, foi enganado. Está visto que V. está neste preciso momento a escorregar para dentro da sopa de letras da tríade de Macau. No fundo, adora o José Sócrates, apesar do rapaz às vezes mijar fora do penico. Você vai pugnar pela renovação da maioria, não vai? Eu aposto que sim! É caso para dizer: PIOR A EMENDA QUE O SONETO! --


OAM, 16-07-2008 18:37



Post scriptum
-- Não posso deixar de transcrever (parcialmente) esta mensagem à blogosfera do Rui Santos, um dos mais atentos e mordazes observadores do sector lusitano de transportes, sobre o afundamento da TAP:
"E é assim, está finalmente anunciado o início da operação por parte da easy para o Funchal a partir de 27 de Outubro do corrente.

Pelo que foi possível apurar, a produção dos voos resulta do aproveitamento dos voos da easy com origem em Madrid, uma vez que (ainda) não há interesse por parte da easy em fazer de Lisboa um dos seus Hubs. Está em Barajas pagando taxas bastante inferiores aquelas que paga na Portela, tal não é o nível de competitividade da "nossa" gestão dos aeroportos -- o mesmo não se pode dizer da capacidade em betonar.

Podia-se ter ganho muito mais caso fossem dadas outras condições à easy, encontrando-se desta forma solução para os trabalhadores da TAP e PGA.

Como há cerca de um ano se escreveu ("Entreguem o aeroporto do Montijo à easy"), essa seria uma solução que potenciava o turismo não só em Lisboa, como em toda a região, beneficiando por exemplo o investimento que a SONAE está a realizar em Tróia - Setúbal, isto para além de potenciar ainda mais o emprego num "novo" aeroporto, colocando Badajoz "em sentido", sendo a solução Alta Velocidade Madrid / Lisboa (Pinhal Novo) um potenciador da aposta na Portela + Montijo, e isto sem gastar mais um cêntimo num novo aeroporto (Ota em Alcochete)

Por outro lado, é inegável que o "deslocamento" das Low Cost para o Montijo por via de taxas inferiores às da Portela (dado que não querem ouvir falar de Beja), atribuía indirectamente vantagens competitivas à TAP (um balão de oxigénio)

Fica de qualquer forma o ónus para a liderança da TAP explicar aos utentes dos voos Lisboa - Funchal, o porquê de serem aplicadas até 26 de Outubro preços bem acima dos praticados pelas Low Cost, quando o nível de serviços de bordo não é "factor diferenciador" dada a duração de voo.

A Madeira que se prepare pois para mais turismo, e mais madrilenos." -- Rui Santos.



NOTAS
  1. TAP registou prejuízos de 123 ME no primeiro semestre (2008), mais 55 ME que o orçamentado.

    "Só em Junho, a TAP gastou mais 21 milhões de euros do que o que estava orçamentado", disse à Lusa fonte oficial da transportadora liderada por Fernando Pinto, recordando que até Maio a companhia aérea já tinha acumulado prejuízos de 102 milhões de euros devido ao aumento do preço dos combustíveis. -- RTP/Lusa, 17.07.2008.

    Comentário: Fazendo as contas é fácil extrapolar o valor desta dívida até a Outubro. Fim de Julho: 142 milhões; fim de Agosto: 163 milhões; fim de Setembro: 184 milhões... Ou seja, mais de 200 milhões de euros no fim do ano! Quem vai pagar? Será a GALP, através do pagamento por conta do IRC que potencialmente decorre dos seus stocks de crude, pomposamente apelidada de Taxa Robin dos Bosques? - OAM


OAM 393 14-07-2008 22:56

Portugal 33



As respostas espanhola e portuguesa à crise: que diferença!

El futuro vuelve en tren en septiembre
San Vicente de Alcántara vibra estos días al ritmo de la maquinaria que retira las viejas vías y que instalará una nueva línea que lo conectará con la modernidad.

13-07-2008. Perdidos. Sudorosos y ya morenos por el sol, caminan por la vieja vía con sus chalecos amarillos. Unos jóvenes topógrafos buscaban esta semana un punto exacto en mitad de la sierra de San Pedro para realizar unas mediciones del terreno, y aunque la belleza del paisaje que les rodea era arrebatadora, hacía mucho calor, y ellos no estaban para poesía.

La zona es muy visitada por turistas y amantes de la naturaleza que quieren disfrutar del paisaje o hacerse con alguna de las mejores piezas de caza que abundan por la sierra, pero ellos tenían que medir los desniveles del terreno en la línea ferroviaria Madrid y Lisboa, en el tramo entre Herreruela-San Vicente de Alcántara, y aún les quedaba mucho trabajo por delante. Todo el verano, como mínimo.

La línea está ahora cortada. Desde el último descarrilamiento del 'Lusitania' (Madrid-Lisboa) que ocurrió en la zona, el 19 de enero de este año, ningún tren ha vuelto vuelto a circular por la vía.

Pero el silencio impuesto se ha roto esta semana al comenzar las obras de renovación de la línea entre las estaciones de Herreruela y Valencia de Alcántara. -- Celia Herrera, Hoy.es.

Vale a pena ler na íntegra a edição número 15 de A Verdade, dedicada a sublinhar as diferenças entre as estatísticas e as respostas políticas governamentais de Portugal e Espanha. São chocantes! A administração da coisa pública espanhola revela a existência de rumo e consistência, apesar da rotação do poder se fazer em torno de dois partidos muito mais afastados ideologicamente entre si do que os manos incestuosos do nosso Bloco Central. No caso lusitano, fica claramente à mostra o cretinismo político que nos desgoverna há décadas.

Entretanto, a nossa crise, que só em parte deriva da importação dos males dos outros, soma e segue a caminho do abismo. Realço em seguida alguns tópicos mais recentes, e finalizo com um cardápio de sugestões gratuitas ao Governo.
  • Primeiro problema: os bancos privados (BPI, BCP, etc.) caminham rapidamente para uma gravíssima crise de liquidez, as quais podem facilmente terminar em falência. Os anúncios dos prejuízos de exploração vêm aí!

    A tríade de Macau prepara-se para atalhar este problema recomendado ao Executivo o mesmo embuste descortinado pelo FED para fazer desaguar os custos do buraco negro financeiro americano no resto do mundo , i.e.: "nacionalizar" os bancos em fase de implosão irreversível, por forma a transferir os buracos e as dívidas dos especuladores privados para as costas dos contribuintes!!

  • Segundo problema: estamos a caminho de uma paragem cardíaca do sistema financeiro.

    É que diminuindo drasticamente a circulação monetária, efeito da catastrófica queda do valor especulativo das empresas (incluindo os bancos) e do aumento do endividamento (provocado pela subida das taxas de juro e dos spread, bem pelo atraso acumulado dos incumprimentos financeiros das dívidas públicas e privadas), ocorre um efeito de dominó sobre toda a economia: falências empresariais e pessoais, desemprego e grave crise institucional.

    O Governo português está desesperado e procura uma solução qualquer, nomeadamente sob a pressão monumental da banca, dos donos do betão e dos especuladores profissionais, conhecidos financiadores da actividade partidária.

  • Terceiro problema: a polémica em volta das Grandes Obras e o atraso do peditório nacional chamado QREN, estão a desencadear fugas em frente avulsas e desmioladas por parte da incompetente Ana Paula Vitorino (o Dromedário-Mor já só deve estar a pensar para onde irá a seguir...)

    Em vez de modernizar criteriosamente a linha férrea convencional, nomeadamente finalizando, com pés e cabeça, a modernização da Linha do Norte(1), e interligando esta última com a Linha do Oeste, que por sua vez precisa de ser electrificada e ver modernizado o seu sistema de sinalização), enquanto a Alta Velocidade espera por melhores dias, o MOPCT decide construir novas sedes para a CP e fazer ramais, variantes e anéis ferroviários inúteis, satisfazendo os imbecis do betão e os ávidos autarcas, em plena sintonia com as estratégias da tríade para a campanha eleitoral de 2009. A SEDES teve absoluta razão no diagnóstico publicado!

10 Conselhos (gratuitos) ao Governo:
  1. forme-se um gabinete de crise (energética, económica e ambiental), encarregado de eleger e supervisionar a aplicação de um conjunto limitado e bem estudado de medidas, que os ministérios deverão executar sob vigilância apertada do PM e do Gabinete de Crise;
  2. dê-se prioridade aos projectos estruturantes e evitem-se fugas em frente, caras, irresponsáveis, e eleitoralistas;
  3. aposte-se na recuperação inteligente da rede ferroviária convencional, tendo presente que a prioridade deve ir para as linhas estruturantes da rede: Linha do Norte, Linha do Oeste e Linha do Douro;
  4. aposte-se nas ligações de Alta Velocidade/ Velocidade Elevada entre Lisboa e Madrid (turismo e negócios), entre a Galiza e o Porto (consolidação da capital nortenha como cabeça do Noroeste Peninsular) e entre Aveiro e Salamanca (exportações!)
  5. reserve-se Alcochete para melhores dias e aposte-se imediatamente na modernização efectiva da Portela (não a balbúrdia e acumulação de erros recentes), bem como na activação urgente da Base Aérea do Montijo para as companhias de Low Cost, salvando-se assim a TAP e o potencial aeroportuário estratégico de Lisboa!
  6. defina-se o transporte marítimo de longo curso e de cabotagem como prioridade estratégica nacional, com tudo o que isso implica de novos e grandes investimentos na renovação dos portos portugueses e respectivas acessibilidades, bem como no renascimento de uma indústria naval à altura das nossas necessidades e capacidades (este é um dos raros sectores onde Portugal tem uma vantagem competitiva potencial relativamente à Espanha);
  7. ataque-se sem dó nem piedade as mais nocivas corporações do país: juízes, advogados e médicos;
  8. ponham-se os sindicatos na ordem, criando-se regras claras e intransigentes de relacionamento;
  9. alargue-se o princípio da limitação de mandatos aos deputados e a todos os órgãos eleitos em entidades consideradas ou a considerar de interesse público: sindicatos, ordens, associações académicas e culturais, empresas cotadas em bolsa, etc....
  10. preparem-se medidas especiais de apoio à insolvência pessoal e das PMEs (neste caso, por exemplo, sob a forma de programas de incentivos à reconversão e eficiência energéticas).
Quem avisa...


NOTAS
  1. Ler a este propósito dois documentos oportunos de Rui Rodrigues: A Encruzilhada da Linha do Norte (2002) e Mudar Bitola na Linha do Norte (2004).

OAM 392 14-07-2008 19:13 (última actualização: 15-07-2008 10:36)

domingo, julho 13, 2008

Crise Global 15

Miguel Angelo, Juízo Final (detalhe), Vaticano
Miguel Ângelo, Juízo Final (detalhe), Vaticano

A queda de um anjo

Colapso do sistema financeiro ocidental: Vaticano no vermelho e Indy Mac na falência.

Eu creio que Bush esteve no Vaticano para falar do "fim dos tempos" com o Papa alemão. Ou melhor, para falar do colapso financeiro da América, do G7... e do Vaticano!

Sim, tudo isto está falido ou prestes a falir. E a alternativa parece ser apenas uma de duas: ou deixar que o Oriente tome conta de nós, ou pulverizar metade do planeta com uma apocalíptica nuvem nuclear!

As três maiores instituições de crédito hipotecário americanas -- Freddie Mac, Fannie Mae Indy Mac -- estão à beira da falência.

A Indy Mac acaba de fechar as portas, prometendo reabrir na próxima segunda-feira sob a custódia da entidade de supervisão, chamada Office of Thrift Supervision (OTS).

A Freddie Mac e a Fannie Mae, responsáveis por metade do mercado imobiliário americano, avaliado em 6 biliões (6E12) de USD, perderam entretanto 50% do seu valor em bolsa, podendo seguir a breve trecho o caminho da Indy Mac.

Três biliões de US Dólares (3E12 USD) é o buraco potencial de cada uma destas instituições responsáveis por segurar os empréstimos bancários concedidos a centenas de milhar de americanos para estes poderem comprar casa própria, mas também, durante demasiado tempo, especular com elas.

A Reserva Federal americana, dirigida por banqueiros privados com ar sério, pretende porém continuar a injectar liquidez fictícia no circuito monetário, para assim permitir a sobrevivência virtual de um número crescente de bancos e instituições financeiras falidas. Para isso, terá no entanto que aumentar ainda mais o número de rotativas e a velocidade de impressão de notas verdes. Estas, além de contribuírem para uma verdadeira epidemia inflacionista mundial, nomeadamente no sector da energia e das matérias primas industriais e alimentares (ver mapa da Bloomberg), terão um valor cambial cada vez menor. O GEAB prevê que no fim de 2008 sejam necessários 1,75 US dólares para comprar um único euro. O petróleo deverá chegar aos 200 US dólares por barril já no próximo Natal! Por cá, as grandes obras portuguesas estarão, enfim, no tapete, à espera de revisão técnica e sobretudo de melhores dias. Alguns banqueiros poderão mesmo estar na prisão!

Commodity Prices Increase


One of the largest US mortgage lenders, the California-based IndyMac Bank, has collapsed amid a growing credit crisis.

Federal regulators seized the bank's assets, fearing it might not be able to meet withdrawals by depositors.

It is the second-largest financial institution to fail in US history, regulators say.

The failure came on a day when shares in the two biggest US home loan institutions - Freddie Mac and Fannie Mae - fell at one stage by almost 50%.

IndyMac had been struggling to raise funds and stay in business in one of the states worst hit by the US housing market slump.

The bank's primary regulator, the Office of Thrift Supervision (OTS), said depositors had withdrawn more than $1.3bn in the past 11 days.

"This institution failed today due to a liquidity crisis," OTS Director John Reich said. -- BBC News.

O Vaticano, curiosamente, também não escapa aos efeitos do euro alto/dólar baixo e à crise financeira internacional. Para já, anunciou prejuízos de 9,1 milhões de euros em 2007 (The Australian Business), e envia o Papa à Austrália, como que para apimentar o peditório organizado pela Opus Dei, entre exibições ecuménicas e pedidos de desculpa pelos pedófilos que, pelos vistos, abundam no seu exército celestial!

Finalmente, uma pergunta que não faço há meses: como estão as finanças da Caixa Geral de Depósitos? E as do Montepio Geral? Se alguém tiver mapas, que mos envie!


ÚLTIMA HORA!

Casa Branca pede ao Congresso para "nacionalizar" as duas maiores instituições de crédito do país, ambas completamente falidas: Fannie Mae e Freddie Mac.

É caso para exortar o Partido Comunista Português a ser mais ousado nas suas rezas parlamentares!
WASHINGTON (last update: 14-07-2008) -- Alarmed by the sharply eroding confidence in the nation’s two largest mortgage finance companies, the Bush administration on Sunday asked Congress to approve a sweeping rescue package that would give officials the power to inject billions of federal dollars into the beleaguered companies through investments and loans.

In a separate announcement, the Federal Reserve said it would make one of its short-term lending programs available to the two companies, Fannie Mae and Freddie Mac. The Fed said that it had made its decision “to promote the availability of home mortgage credit during a period of stress in financial markets.”

An official said that the Fed’s decision to permit the companies to borrow from its so-called discount window was approved at the request of the Treasury but that it was temporary and would probably end once Congress approved Treasury’s plan. Some officials briefed on the plan said Congress could be asked to extend the total line of credit to the institutions to $300 billion. -- New York Times.

OAM 391 13-07-2008, 2:30 (última actualização 15-07-2008 00:09)

quinta-feira, julho 10, 2008

Portugal 32

Ave, ICE-3
Alta Velocidade gasta menos energia do que maioria das alternativas!

O Estado da Nação

De uma coisa Manuela Ferreira Leite pode gabar-se: levou o governo socialista a tomar uma série de medidas sociais que este nunca pensaria lançar, não fora o súbito agravamento da crise petrolífera, financeira e geo-estratégica mundial, e a ameaça de perder as próximas eleições face ao alarme populista vindo não apenas do PCP e do BE, mas também, pasme-se, do partido com quem partilha o poder deste país há mais de vinte anos. As medidas "corajosas" anunciadas por José Sócrates no debate de hoje têm certamente potencial para sustar a derrocada eleitoral que se anuncia no horizonte. Tudo vai depender da escalada petrolífera, dos juros bancários e da inflação. Se, como se prevê, o petróleo chegar aos 200 dólares por alturas das próximas eleições, e o casino dos derivados estourar com inimaginável estrondo planetário, então não vejo como possa José Sócrates sobreviver ao seu até agora sorridente destino. Ou seja, no fundo, continuo a suspeitar que o ciclo da tríade Macau se interromperá inexoravelmente em 2009.

Outra coisa é saber, depois deste deprimente debate parlamentar, se o PSD estará em condições de ganhar com maioria absoluta as próximas eleições. Diria que tudo vai depender da gravidade da crise mundial, da nossa peculiar crise doméstica e sobretudo do pouco tino de que padece a generalidade dos políticos galhofeiros que se sentam no hemiciclo de São Bento.

Se o PSD continuar a marcar a agenda política através de intervenções pontuais bem estudadas, bem medidas e com uma boa percepção dos tempos --coisa que Manuela Ferreira Leite já demonstrou ser capaz de fazer--, as probabilidades de êxito são reais. Se o novo chefe da bancada parlamentar do PSD, o auspicioso Paulo Rangel, conseguir consolidar os ataques da líder do seu partido, então o PS estará mesmo em maus lençóis. Mas para que a sorte sorria de novo ao PSD, Manuela Ferreira Leite precisa, por um lado, de praticar uma cirurgia urgente (i.e. despedir o "homem da mala", José Luís Arnaut) e, por outro, criar rapidamente um sólido governo sombra, com um decente tanque cognitivo, sem o que questões como a definição de uma política energética de emergência, a criação de uma rede de apoio às vítimas do endividamento, ou a definição de prioridades relativamente aos grandes investimentos ficarão sem a necessária resposta.

De cada vez que o preço do petróleo aumenta, sobem os preços do gás, dos transportes e da alimentação. Esta tendência é uma tendência de fundo, causada simultaneamente pelo decréscimo da oferta mundial derivada de uma escassez efectiva de recursos, bem como pela especulação racional dos compradores e investidores financeiros. Ou seja, a inflação é uma nuvem monstruosa que todos já viram no horizonte, que se aproxima a passos largos, e que irá desabar sobre todos nós de uma forma impiedosa. Perante esta fatalidade, o Estado não pode ser mais um especulador oportunista da tragédia alheia. Se tudo sobe e o IVA permanece na mesma, e se prossegue a dupla tributação ilegítima dos produtos petrolíferos, isso significará um aumento de receitas fiscais não apenas imoral, como completamente absurdo.

Mais cedo ou mais tarde, nem que seja por imposição de Bruxelas, o vampirismo fiscal terá que ser sustado. É sempre mais prudente assegurar que tais ajustamentos ocorram na tranquilidade dos gabinetes de estudo do que na rua. A dita "taxa Robin dos Bosques" não passa de uma panaceia precária e temporária. Melhor será começar urgente e seriamente a pensar desgravar a fiscalidade brutal que incide sobre os produtos petrolíferos, introduzindo ao mesmo tempo um esquema de racionamento dos consumos, inteligível, prático e justo. O argumento cínico do governo para manter a elevada carga fiscal sobre os produtos petrolíferos, i.e. invocar a baixa da receita bruta dos impostos por efeito da retracção do consumo, é de uma insensibilidade e estupidez completas. No fundo, é exactamente a mesma história do burro a quem um cretino tentou ensinar a não comer!

Sobre as "grandes obras", talvez valha a pena fazer algum trabalho de casa, em vez de nos perdermos na algazarra dos papeis. Qual papel? O papel! A isto se resumiu o folclore acéfalo de boa parte do debate parlamentar de hoje.

Quando me sentei ao computador para escrever este postal comecei, como invariavelmente faço, a procurar imagens e palavras-chave que me aproximassem de alguma boa descoberta. A primeira ideia que tive foi fazer uma simulação sobre os preços de uma viagem entre Madrid e Barcelona, optando pelos voos Low Cost, ou pela nova ligação de Alta Velocidade ferroviária que liga as duas mais populosas e dinâmicas cidades ibéricas. O resultado foi este:
  • Viagem em comboio de Alta Velocidade, ida e volta, entre 3 e 8 de Setembro de 2008, em Classe Turística: 168,50 EUR
  • Viagem de avião no fim de Agosto na Vueling: 100,00 EUR
Entretanto, resolvi comparar estes preços com os preços de uma viagem de comboio (ida-e-volta) entre Lisboa e Porto:
  • Alfa Pendular 2ª Cl. = 55,00 EUR
  • Intercidades 2ª Cl. = 39,00 EUR
Sabendo-se que o Alfa poderá fazer a ligação entre as duas principais cidades portuguesas em 1h55mn, desde que acabem o trabalho de renovação da Linha do Norte, iniciado há mais de uma década e nunca acabado (porque será?), quem estaria disposto a pagar 1,5x o preço do Alfa para ganhar 30 minutos na duração de uma viagem que já não deveria ultrapassar as duas horas? Alguns estariam. Mas quantos? A experiência actual mostra que o Inter-cidades tem retirado muitos passageiros ao Alfa. Por que será?

Este argumento é pesado, não acham?

Eu também penso que sim! No entanto, encontrei na Net (que hoje foi uma das meninas bonitas do "debate da nação" -- até que enfim!) uma análise curiosa. Segundo o artigo que li, publicado na Wikipedia, as taxas médias de ocupação efectiva dos diversos modos de transportes disponíveis são mais elevadas nos aviões e nos comboios de Alta Velocidade (65%-66%), do que nos demais sistemas de transportes, nomeadamente comboios regionais e suburbanos, metros e metros de superfície, autocarros (21%-30%) e automóveis particulares (34%). Daqui decorre, surpreendentemente, que o consumo de energia por passageiro transportado é mais alto nas ligações ferroviárias regionais e inter-cidades convencionais do que nos sistemas de Alta Velocidade tipo ICE-3 e TGV. Por outro lado, o balanço energético é claramente favorável à Alta Velocidade, quando comparado com o avião, gastando este 3x mais energia por passageiro do que os comboios de Alta Velocidade (ICE-3 e TGV), em distâncias acima dos 500Km (tipicamente a ligação Lisboa-Madrid), e 5x mais energia para distâncias na ordem dos 250-300Km (tipicamente as ligações Lisboa-Porto e Lisboa-Faro). Imaginem a diferença que fará quando o petróleo chegar aos 200, aos 300 e aos 500 dólares, antes de 2013!

Isto quer dizer que, numa situação economicamente saudável, e sobretudo no contexto da actual crise petrolífera (que vimos antecipando desde Maio de 2005...), a prioridade estratégica pelo transporte ferroviário de Alta Velocidade, seja para ligar Portugal à rede europeia de Alta Velocidade, seja para ligar as principais cidades do País, faria todo o sentido. Pelo contrário, a prioridade dada até agora ao programa aeroportuário deveria ser, pelas mesmas razões, imediatamente suspensa e substituída pela prioridade por um programa de investimento público na frente portuária marítima. O paradigma energético mudou para sempre, e com esta mudança, mudará também a própria ideologia do crescimento, da produção e do consumo. Vai ser um longo e doloroso período de adaptação, para o que, parece evidente, os actuais partidos políticos não só não servem, como são e serão cada vez mais um poderoso e potencialmente letal obstáculo. Precisamos de encontrar formas novas cooperação social e administração política.

Voltando à xicana parlamentar de hoje, e dando resposta às perguntas de José Sócrates, direi que, em primeiro lugar, os célebres papeis da Net, produzidos pela corrupta indústria de pareceres que há muito alimenta o Bloco Central, não servem para nada, pelo mesmo motivo que o orçamento de estado feito para este ano não serve para nada. Isto é, todos estes papeis foram imaginados segundo um paradigma hoje inexistente. O petróleo que serve de base a todos os cálculos orçamentais valia menos de metade do que custa hoje, na data em que o governo escreveu o orçamento de 2008, e cerca de 1/4 do seu valor actual quando o PSD sonhava com aeroportos e TGVs! A pergunta do primeiro ministro é, por conseguinte, improcedente e demagógica.

Tem Manuela Ferreira Leite toda a razão para afirmar que as apostas nas grandes obras devem ser radicalmente revistas e radicalmente re-discutidas. Provavelmente até tem razão quando presume que todas as grandes obras terão que parar para pensar, devendo seguramente ser adiadas para melhor oportunidade. Quanto ao QREN, o que precisamos é de coragem política para enfrentar a Comissão Europeia e propor uma revisão radical de prioridades, bem fundamentada, que Bruxelas naturalmente compreenda e aceite. Mas para isso teremos que correr com a actual maioria do poleiro.

Resta apenas saber até que ponto Manuela Ferreira Leite saberá resistir aos tubarões aflitos que procuram comer o último atum! Se ceder, é mais um regime político que irá para o caixote do lixo a nossa história, felizmente longa.

OAM 390 10-07-2008, 2:35

quarta-feira, julho 09, 2008

Crise Iraniana 4

Mini nuke
Os EUA querem experimentar as suas mini-bombas nucleares no Irão!

Jogos de Guerra no Golfo Pérsico
Sionistas e Cowboys querem III Guerra Mundial

1:54 | Quinta-feira, 10 de Jul de 2008
Irão realiza novo lançamento de mísseis no Golfo Pérsico
Durante os exercícios, as forças armadas lançaram o torpedo Hoot, uma arma extremamente rápida com capacidade para atingir submarinos inimigos. -- Expresso.
L'Iran "mettra le feu" à Tel Aviv et à la flotte US en cas d'attaque
NOUVELOBS.COM | 08.07.2008 | 10:54

"Le régime sioniste fait actuellement pression sur les dirigeants de la Maison Blanche pour préparer une attaque contre l'Iran", déclare le représentant du guide suprême Ali Khamenei, "s'ils commettent une telle stupidité, la première réponse de l'Iran sera de mettre le feu à Tel Aviv".

... Armée parallèle

Crées au lendemain de la victoire de la révolution de 1979, les Gardiens de la révolution islamique sont une armée parallèle avec ses propres forces terrestres, navales et aériennes.
Armée idéologique du régime, ils disposent de nombreuses missiles, notamment les Shahab-3 capables d'atteindre le territoire israélien et les bases militaires américaines dans la région.
Samedi, le chef des Gardiens, le général Mohammad Ali Jafari, a menacé "les ennemis" de "frappes fatales" dans le Golfe.

Il a ajouté qu'en cas d'attaque contre l'Iran, "les tactiques (...) de guerre éclair des bateaux des Gardiens ne laisseront aucune chance de s'enfuir aux ennemis".

Téhéran pourrait fermer le détroit stratégique d'Ormuz, par où transite environ 40% du pétrole mondial, si les intérêts de l'Iran étaient en jeu, avait également averti samedi le chef d'état-major de l'armée iranienne. LINK

A verdade é que os Estados Unidos e o Reino Corrupto de Sua Majestade Britânica estão falidos, outra vez! Daí que lhes convenha muito estourar com a União Europeia (ver comportamentos da Irlanda, da República Checa, da Polónia e da França capturada) e provocar uma III Guerra Mundial, usando o Sionismo e Israel como espoletas dum ataque ao Irão.

Israel nunca foi um fim em si, mas um instrumento. Continua a sê-lo, apesar da ilusão de muitos judeus justos e razoáveis.

A contra-informação dirá que o Irão apenas quer petróleo mais caro. Mas não se iludam! O verdadeiro objectivo de Londres (que continua a mandar em Nova Iorque) é re-assegurar o controlo das reservas petrolíferas mundiais, operando, como sempre fez, uma partilha escandalosamente desigual dos recursos. Só que agora, recuperar uma tal supremacia energética, no momento em que o petróleo do Mar Norte está cada vez mais aguado, e está iminente a explosão do casino mundial de derivados --uns inimagináveis 675 BILIÕES DE US DÓLARES ($675 000 000 000 000), ou seja, o PIB do planeta multiplicado por dez! (1)-- parece uma missão desesperadamente impossível. A menos que, juram os falcões e os idiotas de serviço (entre os quais algumas plumas na nossa subserviente praça jornalística), se arranje um bom pretexto para invadir o Irão, desencadeando um Guerra Mundial Preventiva!!

Iranian missile test fire

Passo 1 da estratégia provocatória: levar os corruptos governos do Ocidente e a sua massa de eleitores mediaticamente hipnotizados a acreditar que o Irão não só não deve defender-se contra uma agressão em fase adiantada de preparação, como, qual novo Iraque, é uma ameaça nuclear à democracia e à civilização! Como escreve Elaine Meinel Supkis, é obrigação estrita dos dirigentes iranianos preparar o país para a iminência de um ataque israelita-americano contra a sua soberania, que a realizar-se será, como foi no Iraque e é na Palestina, uma carnificina contra a população civil daquele país. O verdadeiro terrorismo que hoje existe no mundo, não vem do Islão, mas do terrorismo de Estado praticado impunemente pelas grandes potências, com os Estados Unidos à cabeça!

Iranian missile range

Passo 2 da estratégia provocatória: desestabilizar a União Europeia, por forma a impedir consensos contra o ataque há muito decidido contra o Irão, desestabilizando ao mesmo tempo toda a região, por forma a criar pretextos para alastrar imediatamente o conflito à Síria, ao Líbano e ao próprio Paquistão. Para isso, tal como fez no Afeganistão, na Colômbia, na Nicarágua, na Venezuela, ou mais recentemente na Bolívia, a CIA e as Operações Especiais do Pentágono estão particularmente activas na criação de movimentos de oposição terrorista a Teerão, como acaba de ser revelado pelas declarações recentes de um general paquistanês.
'US backs Jundullah to destabilize Iran'
Press TV. Wed, 09 Jul 2008 03:42:04

Pakistan's former Army Chief, Retired General Mirza Aslam Baig, says the US is supporting the outlawed Jundullah group to destabilize Iran.

He said that the US is providing training facilities to Jundullah fighters--located in eastern areas of Iran--to create unrest in the area and affect the cordial ties between Iran and its neighbor Pakistan.

Baig added that Iran and Pakistan are under the siege of western conspiracies.

The intelligence agencies of the coalitional forces are very active in Afghanistan and work against the interests of Iran, Pakistan, China and Russia in the region, he said as quoted by Pakistan Daily newspaper.

The former Pakistani official hailed Islamabad's decision to hand over the captured Jundullah members to Iran, saying those working against the interests of Iran and Pakistan should be dealt with iron fist.

Jundullah is a terrorist group, headed by Abdolmalek Rigi, which operates in Iran's Sistan-Baluchistan and Pakistan's Baluchistan.

Last month Pakistan handed over Abdolhamid Rigi, brother of Abdolmalek, to Iran.

MGH/PA -- PressTV



NOTAS
  1. Sobre este ponto, recebi um comentário vindo do Brasil, de um blogue "económico" que recomendo vivamente, chamado Rumores da Crise. Aqui fica um extracto de um belo artigo dedicado ao casino dos "derivados" (ou "derivativos"):
    ... O ataque neoliberal ao trabalho improdutivo, segundo a lógica do capital, não foi suficiente para reverter a queda da rentabilidade na economia real que tem como fundamento a crise do valor, situação que se agravava com a revolução da informática. Não só a expansão do trabalho improdutivo necessário ao desenvolvimento do capital punha em xeque a acumulação, mas as novas formas de produção e gestão, movidas pela concorrência global, que incorporam tecnologia e ciência, aumentam vertiginosamente o capital fixo e a produtividade, expulsando homens de antigos empregos. É a crise do trabalho agravando a crise do valor.

    As exportações de capitais dos países desenvolvidos para países em desenvolvimento como a China, Índia e outros, em busca de uma maior rentabilidade, aumentaram a disponibilidade de mercadorias no mundo que precisam de um mercado para se realizarem. É quando o crédito se expande de forma jamais vista e o pagamento dos produtos adquiridos no mercado é transferido para um trabalho futuro que nunca acontecerá, pois a tendência do capitalismo é racionalizar e dispensar trabalho de forma crescente. Aí está a base das bolhas, que injetam dinheiro fictício no mercado e na produção (fictício por ser vazio de substância, não representar valor, trabalho abstrato), e aprisiona a economia real aos seus movimentos já que esta não consegue por ‘meios normais’, ‘valorizar o valor’(Marx). -- 16.08.2007, Procura-se uma Nova Bolha, por Rall in Rumores da Crise.

OAM 389 08-07-2008, 23:09 (última actualização: 13-07-2008 00:15)

Tratado Europeu 6

Bush e Ahern
Duas caras de uma mesma moeda: a conspiração anti-europeia.

Primeiro ministro irlandês confessa não ter lido o Tratado de Lisboa!

02-07-2008. (EuroActiv). While the European institutions are trying to provide a good example in communicating with citizens, the main responsibility lies with national governments, who are failing in this task, Vice President of the European Parliament Alejo Vidal-Quadras told EurActiv in an interview.

"It seems that we have an endless communication problem. Because every time there is a public consultation on European reform in a member state, we are in trouble. It happened in Ireland with the Nice Treaty, we had also a problem in Denmark in the past, then we had this terrible failure in France and Holland for the European Constitution, and now the Irish 'no' for the Lisbon Treaty. There is a serious communication problem.

It is even more serious when we have seen how incompetently the Irish Prime Minister and the Irish Commissioner managed the communication campaign in Ireland. One cannot believe that a Prime Minister, on prime time TV, when asked "Have you read the Treaty," answered "no". One cannot believe it! And the Irish Commissioner did the same. If I had been told before that the Prime Minister would answer this, I would not believe it. But he did it!" -- LINK

COMENTÁRIO: Enquanto tivermos elites nacionais cujo único objectivo "europeísta" é chular os alemães e sabotar sempre que podem a União, não iremos a parte nenhuma. Defendo, perante comportamentos destes, uma Europa a duas velocidades. Os chineses têm um país, dois sistemas. Pois faça-se algo de semelhante na Europa! Os que querem mercado livre, moeda única e livre circulação de pessoas, terão que comprar o pacote completo, isto é, com governo federal, constituição (obviamente uma coisa mais simples do que a manta de retalhos esquizóide chamada Tratado de Lisboa), política de alargamento territorial e de segurança comuns, forças armadas conjuntas sob comando unificado, etc. Quem não quiser, fica numa espécie de limbo, sujeito às intempéries da pequenez e do oportunismo.


OAM 388 08-07-2008, 20:36

sábado, julho 05, 2008

TAP 2

Salvar a TAP!

Nenhum português deseja, quanto mais não seja por sentimento patriótico, ver a sua companhia aérea de sempre ir por água baixo. No entanto, o que aconteceu à Sabena, à Suiss Air e vai acontecer à Alitalia, demonstra que algo de profundamente drástico está a afectar o velho panorama das chamadas companhias de bandeira. Esse algo é o resultado inevitável de três tendências e dois constrangimentos muito fortes: por um lado, a globalização, o desenvolvimento da União Europeia e o crescimento económico acelerado dos BRIC (China, India, Rússia, Brasil, Emiratos Árabes Unidos, etc.); por outro, os efeitos do pico petrolífero, a par do colapso da moeda americana e da liquidez artificial nos mercados mundiais (1).

Os três primeiros fenómenos estão na origem do aumento exponencial e simultâneo da concorrência e da concentração capitalistas à escala global. O quarto factor, é sobretudo um constrangimento catastrófico cuja percepção empresarial e pública só agora começou a ter verdadeira importância psicológica e a afectar as decisões económicas. Finalmente, a queda do dólar e o rebentamento das bolhas financeiras estão a gerar inflação à escala global e uma vasta retracção do crédito disponível, apesar da chuva de dólares e euros com que a Reserva Federal e o Banco Central Europeu têm regado os aflitos bancos de ambos os lados do Atlântico. O colapso do mercado imobiliário dos Estados Unidos (Subprime) e da Europa foi apenas o prenúncio de algo muito mais grave para a economia mundial: o rebentamento iminente da bolha financeira, formada sobretudo no chamado mercado de derivados, através da congeminação dos mais variados estratagemas de criação de liquidez virtual e acumulação infinita de dívidas, com a interesseira ajuda do Japão, que através do chamado carry trade tem vindo a financiar as suas exportações com empréstimos a taxas de juro negativas ao resto do mundo, com especial destaque para os importadores americanos e europeus, ao mesmo tempo que estimulou toda a espécie de casinos especulativos em volta da compra e venda de divisas!

Todos estes factores, que são duradouros, podendo mesmo um deles --o pico petrolífero-- determinar a implosão geral das actuais filosofias de crescimento económico, conspiram, no que ao transporte aéreo diz respeito, na direcção da concentração e redução drástica do número de grandes operadores, com as consequentes falências e fusões. Por outro lado, haverá uma procura crescente de aeronaves cada vez maiores e mais eficientes do ponto de vista dos respectivos custos operacionais (nomeadamente energéticos). Nesta mesma lógica, as grandes cidades aeroportuárias darão progressivamente lugar a interfaces aeroportuárias muito mais leves e baratas (basicamente, duas pistas paralelas com 4,8Km de comprimento e 60 a 90 metros de largura, apoiadas por um aeroporto espartano mas bem servido por linhas férreas diversas (metropolitano e metro de superfície, comboios suburbanos) e autocarros eléctricos (trolleys ou movidos a motores eléctricos).

No caso português, a solução é óbvia: reformar inteligentemente a Portela (correndo previamente com as actuais administrações da TAP, ANA e NAER) e transformar, até 2010, a Base Aérea do Montijo, numa aerogare complementar da Portela, especializada nas companhias de baixo custo e no transporte de carga, devidamente servida por uma frota de autocarros e táxis eléctricos, além de novas e rápidas ligações fluviais ao Terreiro do Paço. É para isto que os fundos comunitários devem ser imediatamente reorientados (com aplauso seguro da Comissão Europeia e de todos nós!) Não precisamos de Alcochete! E não precisamos de uma nova travessia do rio Tejo a montante da actual Ponte 25 de Abril!

A anunciada aliança e possível fusão entre a American Airlines, a British Airways e a Ibéria é um sinal de alarme que soou com força. As causas de semelhante cenário foram já explicadas. Mas face ao timing da coisa, e sabendo-se como se sabe que os prejuízos da TAP não pararão de subir até ao fim deste ano e nos anos que se seguem, pois o petróleo poderá chegar aos 500 USD pb antes de 2013, ou mesmo em 2011 (ler artigo anterior), a crise da TAP entrou numa fase pré-comatosa. A anúncio de uma greve para o próximo dia 19 de Julho, a par do discurso errático de Fernando Pinto e da hesitação governamental, que tenderão a congelar os problemas até às próximas legislativas, prenunciam um fim súbito e feio para a TAP.

A tríade de Macau persiste na sua inglória tentativa de arruinar o país, envolvendo-o em grandes obras inúteis, para as quais não tem dinheiro. A tríade pressiona assim o gaúcho da TAP para que continue a pôr no ar aviões vazios (i.e. com passenger load factors a roçar ou mesmo abaixo dos 50%), perdendo cada vez mais dinheiro, só para segurar alguns Landing Slots que as Low Cost estão mortinhas por comprar. Isto mostra até onde pode chegar a mentira, a contra-informação e o comportamento corrupto da tríade de Macau na sua tentativa canina de bem servir os tubarões para quem trabalha e de onde recebe as gratificações suficientes para não ter que andar de Metro. Só que a sua vã tentativa de demonstrar a saturação da Portela chegou ao fim, a partir do momento em que a blogosfera conseguiu levar o caso à janela televisiva. Conseguimos travar a Ota, e conseguiremos travar o fecho da Portela!

Mas conduzir os políticos profissionais até soluções ponderadas e sábias no que se refere ao sistema de transportes e mobilidade, não resolve por si só o problema sério da TAP.

A TAP não tem nenhuma possibilidade de sobreviver como está. Quer dizer, com tantos trabalhadores quanto a easyJet, a Ryanair e a Air Berlin juntas, mas prestando menos de um décimo do serviço que aquelas três companhias juntas prestam, a TAP é pura e simplesmente inviável. Por outro lado, na Europa não tem nenhuma possibilidade de competir com os preços das companhias de baixo custo, que já ocupam em força os mercados de Faro e Porto, e se preparam para tomar em breve conta das rotas de Lisboa e Funchal. Por fim, no que se refere às rotas de longo curso (África e Brasil), nada garante a sua sobrevivência, antes pelo contrário. A nova aliança entre a American Arlines, a British Airways e a Ibéria atacará mais cedo ou mais tarde estes nichos da TAP. Até as Low Cost, nomeadamente a Ryanair, já anunciaram que vão competir, com toda a agressividade de que são capazes, no mercado de longo curso, sobretudo nas rotas atlânticas -- Ryanair Long-haul flights have "blowjobs" included!



Uma parte da blogosfera, onde me incluo, acredita que só uma solução combinada entre uma boa decisão sobre a infraestrutura aeroportuária e uma boa decisão sobre o futuro da TAP poderá salvar a companhia portuguesa dum naufrágio vergonhoso.

Sobre o aeroporto, a solução defendida há muito, a que a actual crise petrolífera veio dar mais razão, passa por manter o Aeroporto da Portela (renovado e com novas administrações) e activar a Base Aérea do Montijo para as Low Cost e cargueiros aéreos.

Sobre a TAP, a solução não passa por segmentar internamente a oferta, de que o novo programa "Liberdade de Escolha -- Um Voo, Cinco Formas de Viajar" é exemplo condenado ao fracasso, mas sim por segmentar a companhia!

A TAP poderia subdividir-se em três companhias, abarcadas embora pelo mesmo grupo: TAP Eurásia, TAP África e TAP Américas. A primeira, seria uma companhia Low Cost típica, e as outras duas, companhias Low Cost intercontinentais com sofisticadas e generosas classes executivas. Esta solução exige porém decisões difíceis: por um lado, a busca de fortes parceiros financeiros nos três continentes referidos (Eurásia, África e Américas); por outro, uma reestruturação de alto a baixo do actual grupo, começando por dispensar todos os administradores que nada fazem a não ser cobrar ordenados escandalosos e mordomias indecorosas. Em vez de despedimentos de pessoal, o que terá que haver, para sermos justos, usando parte da necessária injecção de liquidez, são reformas antecipadas e reciclagem profissional exigente. Por fim, o que não faz parte do negócio principal deverá ser alienado.

Estará a TAP preparada para a metamorfose que a salvará da implosão à vista?

Receio bem que não. E apenas por uma única causa: a inexistência de um ambiente favorável à cooperação.

A democracia actual não passa de uma plutocracia assistida por mecanismos democráticos corrompidos, onde predominam burocratas representando minorias activas --corporações empresariais, profissionais, universitárias e sindicais-- e a burocracia de Estado. A democracia transformou-se há muito num teatro de sombras adversativas (adversariais), onde a análise e resolução dos problemas dão lugar invariavelmente às arenas políticas dos jogos de retórica. Ninguém olha ninguém nos olhos e diz ao que vem. Limitam-se, estas ridículas e infecciosas criaturas da democracia contemporânea, a repetir os seus terços e a comprar votos com dinheiro falso. Daí o bloqueio geral provocado pelo diálogo de surdos em que se transformaram os regimes democráticos em que votamos cada vez menos. Daí o meu receio sobre a capacidade de a TAP resolver o seu problema, que é em primeiro lugar um problema de todos aqueles que trabalham nesta empresa, da mais mal paga telefonista ao administrador-executivo. Na realidade, só depois vêm os governos, os políticos, os clientes e os eleitores. Mas serão eles capazes de perceber e aceitar esta verdade?

A primeira condição para chegar a uma verdadeira plataforma colaborativa para a resolução do impasse da TAP, é sentar, sem hierarquia, nem preconceitos, duas pessoas sorteadas entre cada um dos sectores e departamentos da empresa (incluindo os sindicatos, a administração e o departamento jurídico.) Nessa assembleia as pessoas, sentadas aleatoriamente à volta de uma grande mesa, deveriam usar da palavra --olhos nos olhos-- de forma rotativa e sequencial. Cada pessoa deveria começar por identificar-se, explicar o que faz na empresa, o que espera dela, e quais os prejuízos que um eventual fecho da mesma, ou o seu despedimento, causariam à sua pessoa e às pessoas que lhe são próximas. O essencial é que cada um falasse verdade, sem medo das consequências que as suas palavras, por mais duras que fossem, viessem a ter sobre qualquer um dos participantes. Se esta assembleia algum dia acontecesse, tenho a certeza que um grande e comovedor silêncio se seguiria ao fim da primeira rodada de intervenções. Passado o momento de comoção e o intervalo para café, seguir-se-ia uma segunda ronda de intervenções sequenciais, desta vez sobre o tipo de metamorfose por que a TAP teria que passar para se salvar como empresa, sem violentar irremediavelmente as expectativas e os direitos de quem nela trabalha. A agitação entre os presentes atingiria certamente aqui um dos seus mais elevados e dramáticos picos psicológicos. Tempo para novo intervalo. A terceira parte desta convenção seria dedicada a unificar os pontos de acordo numa declaração conjunta dirigida a todos os membros da empresa. De algum modo, esta iniciativa elevaria os patamares de análise dos problemas e de decisão para níveis nunca antes imaginados. Em vez de negociação e confronto, caminhar-se-ia então para uma solução razoável pela via de uma cooperação tendo em vista harmonizar os interesses de cada um e a sobrevivência da TAP. Parece utopia, mas não é! E mais: ninguém se atreveria a travar tal dinâmica, uma vez começada.

ÚLTIMA HORA
  • TAP anuncia suspensão de 61 frequências semanais de voos a partir de Outubro, i.e. depois da época alta (ver mapa dos cancelamentos). O inesperado da decisão é a mesma abranger, não apenas e como era esperado pela blogosfera, os voos internos e para o resto da União Europeia, por absoluta incapacidade de competir com as Low Cost (só nas pontes aéreas entre Lisboa e Madrid serão anuladas 7 frequências, o mesmo ocorrendo com a ligação Lisboa-Barcelona), mas já e também, os voos transatlânticos para o Brasil e os Estados Unidos!

    O crescimento anunciado de voos para África é uma fraca compensação para as perdas pesadas que se anunciam depois de iniciado o declive das prestações da TAP no médio curso. Como opina quem sabe, a diminuição das frequências de voo numa dada rota costuma ser o prelúdio do seu abandono a curto prazo. Muitos dos voos europeus da TAP servem sobretudo ligações entre o Brasil e a Europa. Logo, se abrandar o trânsito entre Portugal e o Brasil, e diminuir ao mesmo tempo o vai-e-vem dos brasileiros entre o seu país e a Europa, a principal mina de ouro da TAP secará inexoravelmente. Seja porque atingimos o limite do endividamento, porque os cartões de crédito vão começar a doer, ou porque os pacotes turísticos financiados sabe-se lá como, ou por quem, têm os dias contados, a verdade é que a recessão mundial será para todos! A ponte africana jamais poderá cobrir as perdas da ponte brasileira, até porque os controlos europeus sobre a imigração vão apertar e muito! A TAP caminha rapidamente, como temos vindo a alertar, para uma encruzilhada fatal! De nada vale, governo e sindicatos, meterem a cabeça na areia. Quanto mais tardarem a pensar seriamente na situação, e decidirem assumir uma estratégia para a crise, pior.

  • Rui Rodrigues revelou no Público de 08JUL2008 (ver PDF) mais um claro exemplo da má gestão praticadas pela ANA e pela TAP no uso (ir)racional da Portela. Desta vez, depois de ter sido demonstrado em trabalho anterior a mentira da falta de Slots, fica-se a saber que a TAP praticamente não usa as mangas do aeroporto de que é a principal companhia, obrigando passageiros e bagagens a viagens penosas, morosas e absurdas entre a nova placa de estacionamento dos aviões e a gare do aeroporto. Mais uma decisão que não será tola de todo, porque teve e tem um objectivo: demonstrar o indemonstrável esgotamento da Portela.

    A pressão do petróleo vai continuar alta até, pelo menos, 2013, segundo afirmou o director executivo da Agência Internacional de Energia (7-7-2008, IEA). Haverá milhares de despedimentos na indústria aeronáutica e algumas companhias irão falir até lá. A União Europeia irá impor novas restrições e taxas aos produtores de CO2, com especial destaque para a aviação comercial e respectivos passageiros. Ou seja, até 2013, haverá uma diminuição dos voos e do número de viajantes partindo e chegando à Portela. Nunca a tão apregoada saturação do aeroporto de Lisboa!

NOTAS
  1. Sobre a dimensão da crise financeira em curso vale a pena ler os dois artigos a seguir citados, publicados pela insuspeita Bloomberg:
    European Banks May Need EU90 Billion, Goldman Says

    By Alexis Xydias and Ambereen Choudhury

    July 4 (Bloomberg) -- European banks may need to raise as much as 90 billion euros ($141 billion) to restore their capital after the U.S. subprime mortgage collapse caused credit markets to seize up, according to Goldman Sachs Group Inc.

    ... The European banks Goldman tracks have lost $900 billion of their market value since the credit crisis began last year. Anshu Jain, head of global markets at Deutsche Bank AG, said this week that that contagion is "by no means over," and Europe's banks have lagged behind the U.S. in raising money from investors.

    ... Goldman's analysts said in their report that "access to liquidity, capital adequacy and post-crisis profitability are the key areas of near to medium-term uncertainty" for European banks.

    Global financial stocks have led declines that wiped about $11 trillion from equity markets worldwide this year. Credit-related losses, surging oil prices and rising inflation have also stoked concern policy makers will have to raise borrowing costs as the global economy slows.

    LBO Defaults May Rise as About $500 Billion Comes Due

    By Neil Unmack

    July 4 (Bloomberg) -- Leveraged-buyout loan defaults may be "significantly higher" than ratings companies' estimates as about $500 billion of debt used to fund the takeovers comes due, the Bank for International Settlements said.

    Companies bought by private-equity firms worldwide must repay the high-risk, high-yield loans and bonds by 2010, the Basel, Switzerland-based bank said in a report today, citing Fitch Ratings data. They may find it hard to raise the cash because of a slump in demand for collateralized debt obligations that pool the loans, BIS said.

OAM 387 05-07-2008, 17:17

sexta-feira, julho 04, 2008

Petroleo 19



Hirsch: US$500/barril dentro de três a cinco anos
por Jim Kunstler

O momento da verdade na semana passada foi o aparecimento de Robert Hirsh na CNBC, no programa financeiro matutino "Squawkbox", no qual sugeriu a probabilidade de US$500 por barril de petróleo dentro de "uns três a cinco anos". A apresentadora Becky Quick ficou claramente confusa diante do impassível Sr. Hirsch, autor de um (então) assustador relatório elaborado em 2005 para o Departamento de Energia (desde então mencionado como Relatório Hirsch e enterrado pelo secretário da Energia) que advertia quanto aos medonhos efeitos sobre o modo de vida americano quando a situação do Pico Petrolífero ganhasse velocidade.

Talvez o maior contestador da realidade tenha sido o absolutamente idiota Larry Kudlow no show da noite sobre dinheiro, o qual manteve-se a repetir a lenga-lenga "furem, furem, furem" quando lhe apresentaram sinais de que alguma outra coisa além dos "especuladores do petróleo" estava a conduzir os preços para cima e a criar escassez global. Estes idiotas retornam sempre ao amuleto de que "há muito petróleo fora daqui". O que eles não percebem é que mesmo no momento em que o mundo está a desfrutar o pico máximo da produção de todos os tempos (algo em torno dos 85 milhões de barris por dia), aquele mesmo mundo está a exigir pelo menos 86 milhões de barris -- assim mesmo que se pense que há mais petróleo do que nunca, não há bastante. E o fosso só pode ficar maior.

A diferença entre o que está disponível e o que é procurado está a ser sentida pelos países pobres e pessoas pobres nos países mais ricos. Os países do Terceiro Mundo que não têm petróleo estão simplesmente a retirar-se do mercado, e as classes mais baixas nos EUA estão a ter de escolher entre comprar gasolina e velveeta [1] . As inundações no cinturão do milho certamente agravarão o problema aqui nos EUA. Intervalos para almoço em breve podem ser uma coisa do passado para a WalMart Associates. Talvez eles se ponham apenas a jogar video games nos seus telemóveis no parqueamento de carros a fim de aliviar a fome.

Enquanto isso, a noção de que furar furar furar no offshore dos EUA e mais acima no Alasca resolverá este problema mostra quão incrivelmente desinformados estão os noticiários dos próprios media. A probabilidade de ser encontrada qualquer coisa ao largo da Califórnia ou da Florida é próxima de zero, mesmo que compensasse em parte o esgotamento em curso no punhado de velhos e estabelecidos campos super-gigantes dos quais o mundo obtém a maior parte do petróleo. A propósito, apoio a ideia de furar na Reserva Natural do Alasca porque penso que isto pode ser feito de um modo higiénico e, o mais importante, faria com que os cornucopianos idiotas, imbecis da extrema-direita, finalmente calassem a boca acerca disso -- antes de descobrirem que aquilo contem menos da metade do abastecimento anual de petróleo dos EUA às actuais taxas de utilização.

Também na frente do "enquanto isso", a reunião de domingo da OPEP, em Jeddah, Arábia Saudita, foi simplesmente uma evasão desesperada, uma fantochada, um teatro kabuki de impotência. Mais uma vez os sauditas estão a pretender que podem aumentar a sua produção -- em resumo, a pretender que realmente têm algum poder no jogo. Como destacou Jeffrey Brown em THEOILDRUM.COM , o reino ainda mostrará um firme declínio de três anos em relação às suas taxas de produção de 2005 mesmo se fossem capazes de aumentar a produção actual tanto quanto eles dizem que farão em 2008.

Toda esta realidade principia a penetrar a consciência colectiva nos EUA, mas o resultado é sobretudo pânico ou descrença paralisada ao invés de qualquer conjunto de respostas inteligentes. Exemplo: recebi um telefonema de um dos produtores do Katie Couric no noticiário da CBS de sexta-feira. De algum modo, eles perceberam que os preços do petróleo estavam a tornar-se um problema na América. Chamaram-me para um comentário. A parte assustadora era que eles estavam claramente a tratar tal questão como uma estória "estilo de vida". Será que eu pensava que mais suburbanitas mudar-se-iam para o centro das cidades? E seria isso uma boa coisa...? Eles não tinham a mais mínima pista sobre quão vastamente e profundamente estas dinâmicas afectarão a vida deste país, ou mesmo a nossa capacidade para permanecermos um país. Também, a propósito, isto demonstra como a rede dos noticiários nocturnos tornou-se o equivalente das antigas "páginas da mulher" dos jornais diários.

O universo paralelo do mundo financeiro está a mostrar a tensão resultante de toda esta ansiedade com o petróleo -- uma vez que, afinal de contas, o petróleo é o recurso primário para movimentar economias industriais. Passou-se algum tempo desde que os rapazes ao serviço dos banqueiros embarcaram na sua aventura fatal de alquemizar uma nova estirpe mutante de instrumentos de investimento para substituir as velhas acções e títulos, os quais representavam a esperança para a produção do excedente de riqueza da actividade industrial -- agora posta em debate pela estória do petróleo. A ideia dos investimentos mutantes era produzir riqueza com nenhuma actividade real produtora de riqueza. Este velho truque, antigamente conhecido como finanças Ponzi ou um "esquema de pirâmide", era naturalmente auto-limitante, e de um modo que acabaria por se demonstrar muito destrutivo para sociedade como um todo. De facto, ele minou fatalmente a legitimidade de todo o sistema financeiro, e iniciou-se um estado de náusea abrangente quando testemunhamos todos a dissolução do fundamento da economia dos EUA sob um tsunami de dívidas que nunca serão reembolsadas.

Os mercados parecem saber isto, os actos mais interventivos estão a guinchar mais acerca disso, alguns bancos estão a emitir amedrontadoras advertências "duck-and-cover" [2] , utilizando frases de filme de horror tais como "...pior do que na Grande Depressão dos anos 30..." e o público geral está a afundar na areia movediça da bancarrota, devolução aos donos, e ruína. Não estive em quaisquer festas no relvado no Hamptons deste ano, mas imagino que borbulhas eczematosas de ansiedade estão a competir com queimaduras depois de acabado este ano. Realmente, estamos certos de voltar aonde estávamos por esta altura no ano passado, apenas pior. O petróleo duplicou, a comida está terrífica, as barragens romperam-se, as pessoas que dirigem as coisas estão a borrar as calças, e toda a gente está à espera da queda final. -- 23/Junho/2008.


Comentário: como temos vindo a escrever desde Maio de 2005, não há quaisquer condições nem propósito para grandes investimentos em novos aeroportos. Quando apresentámos, em Maio de 2005, a exposição d' o Grande Estuário, recolhemos previsões que apontavam para estimativas máximas do preço do petróleo na ordem dos 300 US dólares/barril em 2015-2016, intervalo então previsto para a inauguração do NAL da Ota. A perspectiva dos 500 dólares (já para 2011 ou 2013!) apontada agora pelo reconhecido especialista Robert Hirsch (autor dum famoso estudo para o Governo americano, datado de 2005, sobre as perspectivas da produção petrolífera), vem não só confirmar os avisos insistentes sobre o impacto necessariamente catastrófico do Pico Petrolífero nas economias mundiais, mas torná-los ainda mais dramáticos.

A greve anunciada pelos trabalhadores da TAP para este mês é infelizmente o início do canto do cisne de uma empresa com probabilidades mínimas de escapar à falência. O colapso da TAP deverá ocorrer já em 2010, após as eleições legislativas, a menos que seja objecto de uma operação de salvamento estratégico, drástica, rápida e sem precedentes. Segundo alguns patriotas atentos, a única hipótese de a TAP escapar a uma falência mais do que certa e à absorção dos respectivos cacos pela anunciada aliança entre a Ibéria, a British Airways e a American Airlines, seria dividir-se em três companhias distintas, porventura sob um mesmo chapeú: a TAP Europa (uma companhia Low Cost), a TAP América (especializada nos mercados americanos, do Canadá ao Chile) e a TAP África, de Marrocos até Moçambique, passando pelo Golfo da Guiné, Angola e África do Sul. Pode ser que esta ideia faça algum sentido. Mas duma coisa estou certo: nenhuma solução será viável sem a entrada de um forte parceiro financeiro no Grupo TAP, com liquidez efectiva para alavancar um projecto necessariamente ambicioso e arriscado. Seja como for, a TAP terá a muito curto prazo que concentrar-se estritamente no seu core business e proceder a uma dolorosa redução dos seus quadros de pessoal. -- OAM.

Post scriptum : segundo a BP, ao que parece, optimista, as reservas comprovadas de petróleo dão para mais 39,96 anos, se se mantiver o actual consumo mundial na ordem dos 85 milhões e barris/dia! No entanto, se o consumo chegar aos 100 milhões b/d até 2015, como seria necessário que chegasse para satisfazer a procura mundial previsível, as contas alteram-se e muito, não é senhores economistas da BP? Claro que há sempre a possibilidade de uma recessão mundial profunda e duradoura, ou uma guerra mundial, atrasar o relógio de Hubbert. Mas a que preço Senhores da Saudi Aramco (e demais NOCs), da BP, da Exxon Mobil, da Chevron e da Shell? Vale a pena ler o artigo da Times Online que se segue. -- OAM

Former President Bush energy adviser says oil is running out

June 30, 2008. The era of globalisation is over and rocketing energy prices mean the world is poised for the re-emergence of regional economies based on locally produced goods and services, according to a former energy adviser to President Bush and the pioneer of the "peak oil" theory.

Matt Simmons, chief executive of Simmons & Company, a Houston energy consultancy, said that global oil production had peaked in 2005 and was set for a steep decline from present levels of about 85 million barrels per day. "By 2015, I think we would be lucky to be producing 60 million barrels and we should worry about producing only 40 million," he told The Times.

His controversial views, rejected by many mainstream experts, suggest that some of the world's biggest oilfields, particularly in Kuwait and those of Saudi Arabia, the world's leading producer, are in decline. "It's just the law of numbers," he said. "A lot of these oilfields are 40 years old. Once they roll over, they roll over very fast."

Mr Simmons asserted that this, coupled with soaring global energy demand, meant that world oil prices were likely to continue rising. He said that even at present record highs of more than $140 a barrel, oil remained relatively inexpensive, especially in the US, the world's biggest market. "We are just spoiled rotten in the US," he said. "It's still cheap."

Rising prices will force a tectonic shift in the structure of the global economy by destroying the rationale for shipping many goods, such as food, over long distances, he said. "This is already happening. In the US, our local farms, ranches and dairies are booming. They are having a huge comeback."

Mr Simmons set out a radical vision of the future, envisaging a society in which food and many other essentials are sourced and consumed locally and increasing numbers of people work from home. He claimed that the alternative was increasing political instability and conflict over the planet's diminishing resources. "We are living in an unsustainable society," he said. "If we don't change we are just going to start fighting one another...So let's just start assuming the worst and plan for it."

However, only this month, BP disclosed figures which indicated that the world had 1.24 trillion proven barrels of oil left in the ground - more than 40 years' worth at current rates of production. BP said that known global reserves had actually increased by 168.5 billion barrels, or 14 per cent, over the past decade. Tony Hayward, the chief executive of BP, said: "The good news is the world is not running out of oil."

BP blamed a lack of investment and access to reserves, rather than geology, for why global oil production was sputtering.

Mr Simmons claimed that many countries had overstated their reserves for political purposes and that so-called flow rates were a better indicator of recoverable volumes. He said that the quality of oil produced by Saudi Arabia and other big exporters was declining. -- in Times Online.


NOTAS

[1] Tipo de queijo nos EUA.
[2] Duck and Cover era o método sugerido de protecção pessoal contra os efeitos de uma detonação nuclear que o governo dos Estados Unidos ensinou a gerações de escolares dos Estados Unidos desde o fim da década de 1940 até a década de 1980. Este método era suposto protegê-los no caso de um ataque nuclear inesperado o qual, diziam-lhes, podia acontecer a qualquer momento sem advertência. Imediatamente depois de verem um clarão de luz eles tinham de parar o que estavam a fazer e ficar sobre o chão sob alguma cobertura -- tal como uma mesa, ou pelo junto à parede -- e assumir a posição fetal, deitadas com a cabeça para baixo e cobrindo as cabeças com as mãos. Os críticos consideram que tal treino seria de pouca, se é que alguma, valia em caso de guerra termonuclear, e tinha pouco efeito além de promover um estado de desconforto e paranóia. A finalidade era criar no povo a aceitação da possibilidade da guerra nuclear.

A versão portuguesa deste artigo foi realizada e publicada originalmente pelo blogue Resistir. Cheguei aqui a partir do blogue Futuro Comprometido. Obrigado ;-)


OAM 386 04-07-2008, 00:08 (última actualização: 06-07-2008 01:28)