sábado, abril 11, 2015

Restaurantes, fisco e eleições

Foto: Nuno Veiga/Lusa

Não confundir informação com guerra eleitoral


Fisco põe clientes a pagar dívidas dos restaurantes
Jornal de Notícias. Lucília Tiago e Pedro Ivo Carvalho | 11/4/2015, às 00:00

Há contribuintes que estão a ser chamados pelas Finanças para pagarem dívidas fiscais de estabelecimentos comerciais, nomeadamente de restaurantes, onde fizeram consumos e pediram fatura com número de identificação fiscal.

Atenção aos títulos bombásticos, mas duvidosos, na campanha eleitoral em curso.
Proença é advogado pessoal de José Sócrates e CEO do sobre endividado grupo de media de que o JN é um dos meios de propaganda: Global Media Group, ex Controlinveste.

Não nos esqueçamos que 15% do Global Media Group pertence, desde a 'transformação' da Controlinveste em Global Media Group, ao BCP, e 15% ao Novo Banco!

As empresas do regime, quando entram em pré-falência, convertem as dívidas, nomeadamente as dívidas aos bancos, em novas participações acionistas que os grandes credores engolem sem pestanejar.

Fantástico, não é?

Mas quando estes bancos vão à falência, por estarem sobre expostos a negócios mal geridos ou fraudulentos, e são depois resgatados pelo credor de última instância (o BCE), em nome da estabilidade financeira indígena e europeia, o que ocorre é os contribuintes serem chamados a pagar as dívidas destes piratas. Pagam ao verem confiscado o capital e os rendimentos das aplicações subordinadas que detinham nos bancos, pagam ao verem aumentar os custos administrativos das suas contas bancárias, pagam ao verem roubadas as suas poupanças, na forma da destruição criminosa das taxas de juro, pagam, em suma, sob a forma de austeridade económica, financeira e social. Os administradores dos bancos e a corja de CEOs que nos rodeia, esses, obtêm durante estas crises que ajudaram a provocar lucros suplementares pelas patifarias cometidas.

Entretanto, as aves partidárias grasnam do fundo das suas pré-históricas ideologias faz-de-conta.

Qual era a notícia do JN sobre restaurantes?

Que não devolvem o IVA? Ou que pagam só 1/4, 1/3 ou metade dos impostos que devem? Que usam o 'lucro' fiscal para comprar bons carros, viajar, ou ampliar os próprios negócios?

Não, não era esta a notícia... A notícia do DN é só mais um dos títulos jornalísticos da guerra de propaganda instalada em tempo de eleições.

A máquina fiscal é um monstro de complexidades. Deve ser melhorada dia a dia, deve ser transparente na informação prestada aos contribuintes, e não deve estar à mão de sacar dos governantes de turno e da nomenclatura partidária, financeira, empresarial e corporativa indígena.

A máquina fiscal deve ser justa e equilibrada, permitindo assim que a carga fiscal possa ser bem distribuída e descer para patamares que não atrofiem a economia e o trabalho.


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sexta-feira, abril 10, 2015

Estados Unidos sem petróleo em 2033, ou antes

Petróleo americano: reservas reconhecidas (1993-2013)
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O fracking foi uma tentativa vã de esconder o fim do petróleo americano


Se os EUA dependessem apenas das suas reservas reconhecidas de crude (petróleo de xisto incluído), as mesmas, mantendo-se constante o consumo de 2014, durariam apenas 7 anos. Repito sete anos!

Percebe-se agora porque Washington empenha tanto dinheiro virtual em armamento e dispositivos bélicos espalhados por todas as regiões ricas em hidrocarbonetos deste planeta.

Vamos por partes

Todos os dados consultados são oficiais e estão publicados pela EIA—Energie Information Administration. Algumas das contas são da minha responsabilidade.

  • Reservas reconhecidas de crude em território dos EUA: 36.500.000.000 de barris.
  • Consumo anual de produtos petrolíferos em barris de crude equivalente (bce), descontados o GTL (gas-to-liquids) e os biodieseis da equação: 5.150.000.000 barris.
  • Importações de crude e produtos petrolíferos em 2014: 3.365.489.000 bce.
  • Exportações de crude em 2014: 126.290.000 barris.
  • Saldo entre exportações e importações de crude e produtos petrolíferos: -3.239.199.000 bce (est.)
  • Produção (excecional) de crude em 2014: 3.168.200.000 barris.
  • Consumo de reservas próprias em 2014: 1.910.901.000 barris (est.)

Os 100 principais reservatórios de petróleo americano
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Desta relação de dados conclui-se o seguinte:
  1. sem importação de crude e produtos petrolíferos, e permanecendo constante o consumo anual registado em 2014, as reservas comprovadas de crude americano durariam apenas sete anos.
  2. mantendo constantes a produção, o consumo, a exportação e as importações de 2014, as reservas comprovadas de crude esgotar-se-iam ao longo dos próximos dezanove anos, ou seja, por volta de 2033.
A gravidade deste panorama é de uma dimensão difícil de interiorizar. Tão assustadora que se torna extremamente difícil abordar o tema na praça pública. As alternativas ditas sustentáveis, baseadas nas chamadas energias renováveis, são risíveis perante a dimensão do fenómeno conhecido como Pico do Petróleo (Peak Oil). A aposta no regresso ao uso intensivo do carvão, que aliás nunca perdeu protagonismo, levada a cabo pela China, revelou-se um desastre ambiental de proporções dantescas. Resta-nos tentar mitigar estes impactos catastróficos recorrendo ao uso generalizado do gás natural. É em volta deste recurso energético relativamente abundante que a humanidade espera agora poder ganhar tempo para transitar de uma sociedade baseada no uso intensivo de energia barata para algo que ninguém consegue ainda imaginar o que seja, ou possa ser.

Entretanto, o circo macabro das guerras e das atrocidades sem nome já começou nas regiões onde as principais reservas de gás natural se situam.


POST SCRIPTUM


The downturn in US oil production?
By Kjell Aleklett. Posted on April 4, 2015

Since November the number of active drilling rigs in the USA has declined dramatically. Baker Hughes Rig Count has just reported that, in the last 6 days, a further 20 rigs have terminated their activity. Since the peak at 1,600 active rigs in November, the number has now dropped to only 802. (...)

Those of us who know that production from fracking wells declines quite rapidly have been waiting for a decline in the USA’s oil production and now the USA’s Energy Information Administration (EIA) has reported a production decline of 36,000 barrels in the last week of March.

Atualização: 11/4/2015, 01:05 WET


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quinta-feira, abril 09, 2015

Nódoas e candidatos presidenciais

Paulo Morais admite que Portugal precisa de “uma grande regeneração” a todos os níveis
Fotografia: António Pedro Ferreira/ Expresso

O candidato do PS chama-se Guterres, e o do PSD, Durão Barroso


Henrique Neto deu o tipo de partida, Sampaio da Nóvoa agitou as águas da esquerda e eis que as candidaturas presidenciais nascem como cogumelos. Paulo Morais, professor universitário e comentador do "Correio da Manhã", dá uma entrevista ao jornal que não deixa margem para dúvidas: "Sou candidato às presidenciais". E dá pormenores: a candidatura será apresentada no próximo dia 18, no Piolho, um café emblemático da cidade do Porto. "Depois de uma longa reflexão entendi que essa era a melhor forma de intervir na política", diz Paulo Morais.

Abílio Ferreira | 9:37 Quinta, 9 de Abril de 2015 | Expresso

A proliferação de candidaturas presidenciais fora do sistema estreita a margem de manobra da nomenclatura que nos arruinou. Desde logo porque nenhum pré-candidato poderá ter a veleidade de passar à condição de candidato sem passar pelo crivo das redes sociais.

O tempo em que as tertúlias televisivas como a Quadratura do Círculo pontificavam e fabricavam candidatos para isto e aquilo passou à história. Assim se explica, pois, a morte antecipada de dois pré-candidatos cor-de-rosa —António Vitorino e Sampaio da Nóvoa— lançados na esteira desastrosa de António Costa.

António Vitorino é um oportunista que contrabandeia o 'socialismo' por uma rica vida de facilitador de negócios, incluindo a via verde que permitiu ao espanhol Santander negociar swaps especulativos com o governo PS do Recluso 44. Sampaio da Nóvoa, por sua vez, é uma nódoa ideológica cujo pedigree universitário nada acrescenta, inventada pela tríade que manda no PS e que anda desesperada com a falta de controlo sobre a Justiça portuguesa.

Por junto temos, desde que Henrique Neto se apresentou como pré-candidato às eleições presidenciais de 2016, duas tentativas de voo presidencial que borregaram, e o striptease do novo secretário-geral do Partido Socialista.

A cada comício que faz, Costa fica mais parecido com o realejo de Jerónimo de Sousa: precisamos de mudar de política, e para mudar de política temos que mudar de governo, etc. O PS que Mário Soares, Almeida Santos, José Sócrates e Jorge Coelho entregaram em regime de comodato a António Costa parece, pois, caminhar rapidamente para uma emulação do PCP, prevendo-se que na hipótese inverosímil de ganhar as próximas eleições, sem maioria, queira protagonizar a formação de uma nova Frente Popular, servida com canapés de caviar e espumante de Lamego. Onde estão os jovens turcos do PS? Talvez aguardem paulatinamente que o sargento-ajudante Costa se afogue na maré populista que vai segregando.

Neste contexto, o anúncio de uma nova candidatura presidencial estranha à nomenclatura do regime que arruinou o país, desta vez protagonizada por Paulo Morais, mostra até que ponto o caminho das alternativas oriundas do PS, do PSD e do CDS começa a estreitar-se.

Jaime Gama, Maria de Belém, Carlos César, Rui Vilar, ou Artur Santos Silva —nomes que têm circulado por aí— são hipóteses fracas, até porque seriam sempre candidatos partidários e com percursos de vida pouco convincentes para o cargo.

Na banda azul e laranja, depois da desistência de Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa é uma não hipótese, apesar da vontade mal disfarçada domingo a domingo deste intriguista-mor do reino.

Marcelo é um comentarista divertido, mas nunca foi um político, ou melhor, quando tentou sê-lo revelou-se um desastre total. Por outro lado, o modo leviano como, à semelhança de Cavaco Silva e de Carlos Costa, defendeu a excelência do sistema financeiro indígena, e a solidez de um banco, o BES, onde por acaso a sua companheira era administradora, coloca-o entre as esponjas de um regime corrupto e falido até às entranhas. Ou seja, não serve.

Não é por acaso que os partidos andam tão calados sobre a questão presidencial. Por um lado, temem a hipersensibilidade popular, nomeadamente através da nascente democracia eletrónica das redes sociais que tanto aflige José Pacheco Pereira e Miguel Sousa Tavares, e por outro, sabem que sem conhecer os resultados das Legislativas de outono, Belém é uma incógnita completa.

Estou convencido de que António Guterres avançará para Belém no caso da atual coligação renovar a maioria com ou sem a ajuda de Marinho Pinto. E estou também convencido que Durão Barroso será o próximo presidente da república caso o vazio Costa acabe por ganhar as eleições por uma unha negra e embandeire em arco numa qualquer coligação populista com o PCP, o Bloco de Esquerda e o Livre.

Mas também poderá ocorrer o imprevisto de Paulo Morais e Henrique Neto baralharem por completo o jogo das próximas eleições presidenciais.

Até lá, ou muito me engano, ou António Costa ir-se-à afundando na vacuidade de uma retórica cada vez mais próxima do realejo comunista.


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Espanha a alta velocidade, Portugal a passo de burro


O boicote da ligação Poceirão-Caia é um crime público contra a economia e o emprego. Há que investigar, acusar e julgar os responsáveis (malta que há muito tomou de assalto o PS, o PSD e o CDS)

En este 2015, las ciudades agraciadas con la 'lotería' del AVE, además de Burgos, León, Palencia y Zamora son: Vigo, Cáceres, Mérida, Badajoz, Cádiz, Granada, Murcia y Castellón. Este desarrollo reforzará el liderazgo español en alta velocidad puesto que el país dispone de más de 3.100 kilómetros en servicio, 31 estaciones en 21 provincias, que concentran el 60 por ciento de la población. Además, desde que se puso en marcha la línea Madrid-Sevilla en 1992, más de 200 millones de personas han viajado en trenes de alta velocidad.

Castilla y León contará, este año, con la red de alta velocidad más extensa de España, 14 marzo 2015. El Norte de Castilla

Vigo, Badajoz, Mérida e Cáceres serão em 2015 servidas pelo AVE. Pouco depois as linhas férreas portuguesas serão desligadas de Espanha e do mundo. Não nos esqueçamos que está em construção uma linha ferroviária entre Beijing e... Madrid!

Portugal vai a caminho de transformar-se numa ILHA FERROVIÁRIA, cortesia dos piratas que tomaram o país de assalto e o levaram à falência.

Será que acordaremos a tempo de remediar a destruição em curso?


POST SCRIPTUM

Para quem tivesse dúvidas sobre a conversão de Portugal numa espécie de Berlengas ferroviária, aqui vai...

Fomento dice que los planes del AVE luso no afectarán a la línea Madrid-Badajoz
El Periódico/ Extremadura. Lunes, 13 de abril de 2015 (12/1/2015)

Haga lo que haga Portugal con la alta velocidad ferroviaria, no influirá en absoluto en los compromisos fijados del lado español. Así de tajante se muestra el delegado del Gobierno en Extremadura, Germán López Iglesias, quien señala que si existía un compromiso internacional fijado en la cumbre ibérica de Figueira da Foz en 2003, y el mismo se fue prorrogando en reiteradas citas celebradas entre ambos gobiernos ibéricos para unir el AVE Madrid-Lisboa por territorio extremeño, en la actualidad el ministerio que dirige Ana Pastor tiene fijado su compromiso en exclusiva para con Extremadura en la línea Madrid-Badajoz, aunque la misma queda abierta a un hipotético enlace más adelante.

Atualização: 12/4/2015 17:24 WET


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Ryanair ultrapassa Alitalia, em Itália


Aviação de bandeira perde para as Low Cost


Ryanair Soars Higher to Become Italy’s Largest Airline
Posted 7 April 2015 16:30 — Route

The airline transported 26.1 million domestic or international passengers in Italy last year, whereas flag carrier Alitalia carried 23.4 million.

Irish low-cost carrier, Ryanair has become the largest airline operating in Italy in terms of passenger numbers, according to new statistics released by aviation regulator Ente Nazionale per l'Aviazione Civile (ENAC) this week. Routes.

The airline transported 26.1 million domestic or international passengers in Italy last year, whereas flag carrier Alitalia carried 23.4 million.

Ryanair ultrapassa a Alitalia, passando a primeira transportadora aérea no país.

Este é o resultado da cegueira, do oportunismo devorista e da corrupção de uma empresa pública, a Alitalia, que acabaria por colapsar.

Em Portugal, o resultado só não será o mesmo se a futura dona da TAP fizer o que a TAP não fez, apesar de todas as nossas recomendações:
  • um 'spin-off'da companhia, em resultado do qual, sejam vendidas as unidades que não fazem parte do 'core business' da empresa; 
  • a reestruturação, venda ou encerramento das unidades que dão sistematicamente prejuízo e são verdadeiros cancros da empresa (exemplo: o buraco negro da manutenção da ex-VEM. hoje TAP Maintenance & Engineering); 
  • e a criação, no mesmo grupo, de duas companhias com filosofias diferentes: a TAP Intercontinental, com serviço semelhante ao que a TAP hoje presta, usando para tal alguns dos Airbus A350 encomendados, e a TAP Europa, preparada para concorrer com as empresas Low Cost, adaptando a frota existente para o efeito e adquirindo novos aviões da família Airbus A320.
Quanto à privatização, é bom que o Governo se despache e mostre mão dura ao oportunismo sindical.

Os funcionários dos serviços públicos não podem, por definição, ter como tática principal das suas estratégias sindicais prejudicar as populações que os financiam com impostos.

Quando é que as democracias aprendem a usar de forma justa as leis?


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quarta-feira, abril 08, 2015

Espanha recupera, Portugal patina

O famoso touro da Osborne

Esquerda poderá ficar sem argumentos até às eleições


Economia da Zona Euro acelerou em Março impulsionada pela Espanha, Alemanha e Itália
07 Abril 2015, 11:54 por David Santiago — Negócios

Apesar de referir que ainda não é possível afiançar que a Europa se encaminha para uma recuperação económica robusta, a Markit nota que a região passa pelo melhor momento de recuperação em quatro anos.

Uma medição, também da Markit, para novas as encomendas feitas aos sectores dos serviços e indústria aos 19 membros da Zona Euro mostra que estas cresceram para o valor mais alto dos últimos quatro anos. O Guardian explica que o sector privado impulsionou a melhoria das condições económicas da Zona Euro em Março.

A liderar os contributos para o aceleramento do índice PMI esteve a Espanha, onde o PIB terá avançado entre 0,7% e 0,8% no primeiro trimestre deste ano segundo a Markit. O índice PMI espanhol avançou de 56,2 pontos em Fevereiro para 57,3 pontos no mês anterior.

Também as economias da Alemanha e da Itália aceleraram em Março, atingindo máximos de oito meses ambos os casos. Já a França foi mesmo a única das quatro maiores economias do euro a verificar um abrandamento em Março, isto apesar de os dados compilados pelo índice PMI sugerirem que o PIB gaulês cresça 0,2% no primeiro trimestre deste ano.

Ainda a ilha ferroviária como explicação para o mau desempenho da coligação

Espanha é o nosso maior cliente comercial (também no domínio do turismo), mas os fracos e sobretudo os piratas que nos governam (do PS, do PSD, do CDS e até do PCP) resolveram transformar o país numa ilha ferroviária para satisfazer os rendeiros e devoristas do novo aeroporto que afinal borregou com as consequências desastrosas que se conhecem, nomeadamente para a TAP e para a SATA.

É que convencer as audiências e o eleitorado da necessidade urgente dum NAL (Novo Aeroporto de Lisboa) passava por 'demonstrar', com o auxílio dos adiantados mentais que dominam a indústria de estudos no país, que a Portela estava a rebentar pelas costuras. Sem forjar esta prova não haveria argumentos suficientes, nem sobretudo as preciosas receitas dos terrenos da Portela para construir o NAL. Olhando para a Alta de Lisboa percebe-se claramente que fora essa a promessa que alguém do PS fez a Stanley Ho.

Para tornar a coisa verosímil foi necessário que a TAP aumentasse o número de rotas, encomendasse aviões à dúzia (12 Airbus, A350-900), deixasse correr a hemorragia da ex-VEM (entretanto rebatizada TAP Maintenance & Engineering), e mantivesse na empresa mais de 10 mil funcionários, trabalhadores e administradores, como se não houvesse no ar um fenómeno novo chamado Low Cost. O endividamento incomportável da empresa foi o preço desta operação clandestina.

Tendo este cenário presente é também evidente que um 'TGV', ou um 'AVE', a demorar 1h45mn entre Madrid e Lisboa, não convinha nada aos planos do Bloco Central do Betão e da Corrupção. Se já era difícil provar a saturação da Portela, no momento em que seis ligações ferroviárias de alta velocidade pusessem em rede as regiões de Lisboa, Madrid e Sevilha, o NAL cairia imediatamente. Caiu na mesma, mas a prova de que os seus conspiradores têm ainda muito poder reside no facto de terem conseguido impor a Pedro Passos Coelho o seu plano. Na ferrovia, como na energia, a coligação continua a reboque dos rendeiros e piratas do regime.

Os cálculos da cleptocracia indígena saíram, porém, furados.

A TAP está falida, e a SATA não se aguenta. As novas ligações ferroviárias acordadas com Madrid e Bruxelas aguardam melhores dias. Os sound bites de Sérgio Monteiro não passam de sucessivos números de prestidigitação de feira.

A Espanha tem hoje um importante 'cluster' ferroviário.

Portugal teria criado ou recriado a sua abandonada indústria ferroviária, se estivesse, como deveria, empenhado na construção da sua nova rede ferroviária de bitola europeia, para mercadorias e para passageiros. A economia de ambos os países somaria, em vez de, como neste lamentável caso, subtrair.

Quando é que percebemos que o crédito automóvel é mais uma bolha que irá explodir (em breve) nos saldos bancários?


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O efeito Varoufalos

Instituição liderada por Christine Lagarde voltou a pedir mais investimento em infra-estruturas
Chip Somodevilla/Getty Images/AFP


Christina Lagarde perdeu a cabeça por um motard, foi?


FMI pede mais investimento público para reanimar investimento privado

Sérgio Aníbal, 07/04/2015 - 13:46 — Público

A forte queda do investimento na economias avançadas desde o início da crise financeira é fundamentalmente o resultado de uma actividade económica muito fraca, concluiu o Fundo Monetário Internacional, que diz que mais investimento público em infra-estruturas é necessário para convencer os investidores privados a voltarem a assumir riscos.

Ó minha senhora, mas então em que ficamos: paga-se a dívida pública, ou aumenta-se a dita?!

O problema das receitas keynesianas é que produzem retornos sucessivamente decrescentes, ou seja, quanto mais se abusa do abrir e tapar buracos, por exemplo, dos aeromoscas de Beja, menos estimulada a economia se sente, as expectativas de criação de emprego tornam-se ilusórias, e pelo caminho o Estado vai ficando cada vez mais endividado, os bancos deixam de pagar impostos e precisam de resgates sucessivos, os bancos centrais desfazem-se em diarreia monetária e assim, com muita retórica piedosa pelo meio, as elites políticas, empresariais e financeiras vão saqueando toda a poupança e toda a riqueza privada que conseguem. No fim deste caminho só resta uma saída: A DITADURA. É isso que a Senhora sugere?

Haverá certamente investimento público a fazer enquanto houver sociedade.

Por exemplo, em Portugal, o lançamento de um programa ferroviário de ligação à rede europeia de bitola UIC é mesmo uma prioridade que o governo de coligação PSD/CDS boicotou, mas que o próximo governo, seja ele qual for, terá que retomar, nem que seja necessário atropelar todos e cada um dos burocratas do Tribunal Constitucional.

Um programa europeu de eficiência e autonomia energéticas e o fim das rendas excessivas neste setor é outra prioridade que exigirá investimento público.

Reformar e adaptar o Estado Social ao envelhecimento demográfico, à desmaterialização tecnológica, à realidade aumentada, e à globalização, desenhar e implementar uma Renda Básica de Cidadania, por exemplo, são porventura os maiores desafios com que os governos terão que lidar num futuro relativamente próximo. Nenhuma destas transições se poderá realizar sem colossais investimentos públicos. Mas já que estamos na Europa conviria que tudo isto fosse pensado na escala devida e financiado por todos.

Mas o tom vago das suas palavras, Christine Lagarde, e a saliva que imediatamente cresce nas bocas vorazes dos devoristas, rendeiros e piratas do costume, auguram a pior das expectativas.

Portanto, Madame Lagarde, vamos lá a concretizar as ideias!


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