sábado, janeiro 29, 2022

Há uma década...

Tim Tim nunca saiu da Belgica, mas percebeu o português aventureiro ;)

Será desta vez?

Em 2012 apontei no blog chamado Partido Democrata os termos de uma conversa sobre a necessidade de mudar o regime. Foi, por assim, dizer, um bloco de notas que acompanhou uma série de almoços com amigos descontentes com o rumo do país.

A necessidade de enterrar o regime gasto e corrompido saído da Constituinte de 1976 era então evidente. Que fazer? Gerar as condições instelectuais e psicológicas para a emergência de novos partidos democráticos com mensagens novas e claramente indispostos para continuar a suportar os partidos parlamentares nascidos do colapso da ditadura. Desde então, estes não só não cumpriram muito do que Abril prometeu, como empurraram lentamente o país para uma democracia cada vez mais empobrecida, desigual, centrada no Estado e nos diretórios partidários, burocrática, corrupta e populista. Esta deriva autoritária foi e é ainda uma consequência da alienação patrimonial, da perda de soberania económica e financeira subsequente, do endividamento galopante do Estado e, finalmente, do colapso do nosso sistema financeiro, incapaz de acompanhar a concorrência decorrente da criação de uma moeda europeia a que aderimos sem pensar mais no assunto.

Amanhã, dia 30 de janeiro, iremos uma vez mais a votos. Mas desta vez será diferente. A importância desta eleição reside não tanto no vencedor das mesmas, precipitadas pela falência económica, financeira, política e moral da frente popular conhecida por Geringonça, mas na emergência de novas forças partidárias no parlamento como potencial de alterar a curto prazo a face da nossa democracia.

Ao contrário da histeria das esquerdas, o que aí vem não é radicalismo de direita, e muito menos fascismo. Em primeiro lugar, porque o povo conservador e iletrado que temos não gosta de revoluções, salvo se estiver com a corda na garganta. Ainda não está. Em segundo, porque tanto a Iniciativa Liberal, como o Chega, aspiram a ser governo, ou seja, querem conquistar o tal povo moderado que apenas espera, e bem, que alguém lhe resolva os problemas e o atraso que volta a aumentar. Querem salários e pensões de reforma que sejam dignas. Querem trabalho com direitos, como no resto da Europa rica e civilizada. Querem uma classe média que agite económica e culturalmente a sociedade, ajudando-a a crescer de modo simultaneamente competitivo e solidário. Não querem emigrar em massa, como nos tempos da ditadura e da guerra colonial. Não querem ser humilhados diariamente com escândalos de enriquecimento ilícito e corrupção. Não querem uma justiça, uma educação e uma saúde para ricos, e outras para pobres. Querem (coisa simples de perceber) uma democracia liberal como as que na Europa e na América continuam a atrair milhões de imigrantes fugidos de regimes nepotistas ou despóticos.

Em suma, ganhe Rio ou ganhe Costa (um perdedor traiçoeiro), quem já ganhou é a democracia que começa a sair de uma escravatura partidária de quase meio século!

PS: sobre as ideias utópicas que alimentaram a retórica das esquerdas (onde, aliás, me fiz intelectualmente) limito-me a constatar as minhas próprias dúvidas e perplexidade sobre esta espécie de implosão ideológica, e ainda um facto: o desvanecimento das ideias tradicionais da esquerda entre as gerações mais jovens, traduzido na ausência ou inconsistência pueril dos neo-marxismos que andam por aí.

sábado, janeiro 22, 2022

A súbita impossibilidade da Geringonça

A Russian tank T-72B3 fires as troops take part in drills at the Kadamovskiy firing range
in the Rostov region in southern Russia, on Jan. 12, 2022. (AP Photo)

Uma nova guerra mundial na Europa?

O que é que Joe Biden, Nancy Pelosi, Kamala Harris, Alexandria Octavio-Cortez, Olaf Scholz, Annalena Baerbock, Marie-Agnes Strack-Zimmermann e Justin Trudeau têm em comum? A resposta é simples: são todos democratas, verdes e liberais progressistas. Por outro lado, estão todos dispostos a antecipar uma guerra contra a Rússia, por causa da Ucrânia ou doutro motivo qualquer,  mas também contra a China, ou seja, a defenderem a predominância do imperialismo atlântico e europeu sobre o despotismo russo e chinês antes que seja tarde! Se não é isto, assim parece.

Este realinhamento de forças e de retórica progressista envolve também os dirigentes conservador inglês Boris Johson e liberal de centro-direita Scott Morrison. Ou seja, uma coligação de ideias e de forças onde não cabe, de jeito nenhum, a geringonça engendrada pelos senhores Jerónimo de Sousa, António Costa e Francisco Louçã. Estes últimos pintaram o demónio Trump de todas as cores, mas afinal quem os lixou mesmo foram os belicistas do Partido Democrático dos Estados Unidos, os social-democratas, os verdes e os liberais alemães, e ainda os conservadores ingleses e o partido de centro-direita australiano.

Se as causas internas da implosão da Geringonça (sobre-endividamento, emigração em massa, descapitalização do estado e das empresas, alienação das empresas estratégicas, nomeadamente nos setores da energia, banca, portos e aeroportos, águas e saneamento, corrupção, e ainda o esgotamento das máfias partidáris que controlam o país há quarenta anos) são já de si suficientes para assustar quem quer que pretenda herdar tamanha falência desordenada, a rápida deterioração da globalização e da diplomacia mundial, na sequência da crise provocada, primeiro, pelo furacão Trump, e logo depois, pela pandemia, e que levou a uma recomposição de velhas alianças históricas, impõe claramente uma mudança de regime no nosso país. Quer dizer, o fim de uma esquerda toda poderosa mas incapaz, perdida no tempo e na taxonomia, em suma, que nunca percebeu a importância crucial da geografia e da história na condução da Política.

António Costa bem gostaria de fazer a pedratura do círculo, mas tal geometria é, por definição, impossível. Poderá, no entanto, como um qualquer náufrago agarrar-se à primeira tábua de salvação que encontre. Se perder as eleições do dia 30 terá a mesma saída de muitos outros políticos da nossa praça: a de comentador de televisão, provavelmente mal pago. Se ganhar as eleições, mas sem maioria, Rui Rio e a IL serão as suas únicas possíveis bóias para conseguir manter o PS no governo. Uma nova geringonça de esquerda, isto é, frente populista, está fora do horizonte e sobretudo das margens de tolerância de Joe Biden, de Olaf Scholz e da NATO. Capiche? 

quarta-feira, janeiro 19, 2022

Neeleman, volta!

 

Lilium is working to bring its seven-seat eVTOL aircraft to market in 2024.
(Image/cropped: Lilium)


À TAP basta dar-lhe asas para voar, e libertá-la da cleptocracia instalada

David Neeleman é um empresário muito à frente da rapaziada indígena que vive de esquemas e assaltos às comissões e aos orçamentos públicos. Como pessoa de bem sentiu-se atingido pela mentira acintosa e oportunista do aldrabão que suportamos como primeiro ministro desde que perdeu as eleições para Pedro Passos Coelho, tendo sido salvo in extremis por (vejam só) Jerónimo de Sousa. O resultado da geringonça engendrada para dar o poder ao perdedor está hoje à vista: aproxima-se uma nova bancarrota, se entretanto mantivermos no poder, na expressão certeira de Joaquim Ventura Leite, esta anomalia de esquerda

Mas o mais importante que devemos reter da passagem de David Neeleman pela TAP é isto:

— foi ele quem salvou a TAP duma falência inglória quando Pedro Passos Coelho herdou a bancarrota deixada pelo 'socialista' José Sócrates;

— foi ele quem traçou o rumo certo para a companhia se preparar para o futuro, que passa, por um lado, por saber conviver com o transporte aéreo de baixo custo, e por outro, conseguir manter em Lisboa uma plataforma estratégica de distribuição de voos (hub) focada nas ligações transatlânticas entre a Europa e os continentes americano e africano;

— foi ele quem renovou a velha e ineficiente frota da TAP, corrigindo decisões anteriores que se revelaram desajustadas aos novos tempos (como a encomenda dos A350-900, por exemplo), estabelecendo uma continuidade tecnológica (frotas Airbus+Embraer) com a brasileira Azul (Brasil), e as norte-americanas JetBlue, Delta Air Lines e Breeze, mas também com os Airbus da Lufthansa...

— é ele quem, apesar do comportamento indecoroso dos 'socialistas', manteve, depois de sair da TAP, laços comerciais entre esta e a Azul;

— será ele, porventura, quem irá salvar a TAP de uma vingança do governo brasileiro contra António Costa e os comunistas depois de se saber o que Bruxelas ditou a Portugal sobre o fecho do buraco negro chamado TAP manutenção&Engenharia (ex-VEM/Varig).

No entanto, face à desorientação geral da corja partidária, que nada sabe de aviões, mas apenas de comissões por baixo da mesa e de extração fiscal, é bem possível que o colapso da TAP Brasil abra caminho para uma reprivatização apressada da TAP, entregando-a ao Grupo Lufthansa. Os portugueses, em geral, ficariam descansados com esta solução, tal é o desprezo que nutrem pelo regime nepotista e cleptocrático instalado.

De facto, David Neeleman deixou a TAP bem atada. Ainda bem!


PS: e no futuro, a ponte aérea Porto-Lisboa, e as ligações aéreas regionais no continente ficarão a cargo dos eVTOL da Lilium! Neeleman is chairman of Brazilian airline group Azul, which in early August agreed to buy 220 of Lilium’s seven-seat eVTOL aircraft with a view to developing a network of commercial flights that could start in 2025.

segunda-feira, janeiro 17, 2022

Liberdade e democracia

 

Miguel Ângelo. Escravo moribundo (pormenor)

 Eterno retorno

Os momentos de maior sofrimento social parecem surgir quando a reação à evolução social é executada, ciclicamente na história, por centros de poder que perderam a justificação do seu poder e degeneraram internamente, perdendo capacidade adaptativa, mas persistindo em manter a sua hegemonia, chegando a desorganizar, profundamente, a sociedade. Arnold Toynbee falava em minorias criativas que se tornavam apenas minorias dominantes.

-in José Nuno Lacerda Fonseca. “A Filosofia Social do Civilismo - Civismo Libertário e Liberdade Informativa”; 26 de setembro de 2020.


É hoje uma evidência que o mundo atravessa um período de grande instabilidade política, ideológica e cultural. Sendo mais visível nuns casos que noutros, esta instabilidade tem várias origens que confluem e se atropelam: uma crise demográfica, uma crise energética, uma crise ambiental, uma crise geopolítica, uma crise financeira e uma crise da influência do modelo democrático europeu, ou se preferirem, ocidental, no resto das sociedades humanas—em parte porque novos protagonistas geo-políticos emergiram, assentes em velhíssimos modelos de despotismo, nomeadamente asiático, como são os casos da China e da Rússia. Esta crise da influência das democracias ocidentais no mundo é também, e talvez em primeiro lugar, o resultado de uma nova e cada vez mais gritante crise de identidade das próprias democracias lentamente construídas no continente europeu (com avanços e recuos) desde a Grécia antiga. 

Perturbações prolongadas —desta dimensão (*)— são como crises sísmicas que vão abanando as sociedades até à medula. Podem assumir a forma de recessões económicas cada vez mais frequentes e profundas, grandes crises financeiras, guerras internacionais, guerras civis, revoluções e golpes de estado, ou ainda de largos períodos de estagnação. Os vórtices desta decomposição sucessiva dos modelos culturalmente subordinados ao poder simbólico, institucional, mas também pragmático da ONU (sobretudo do seu Conselho de Segurança), da Organização Mundial de Comércio, do FMI e da OCDE, têm vindo a despontar em todo o mundo sob formas diversas, mas insistentes e aparentemente sem saída. Esta é a principal causa da ansiedade que cresce entre as populações e as elites nacionais e mundiais.

No âmago teórico desta nova crise que se agrava dia a dia surge a pergunta: como lidar, desta vez, com tamanhas ocorrências físicas, económico-financeiras e psicológicas? O regresso das interrogações sobre a natureza e necessidade da liberdade e da democracia para a enfrentar as novas ameaças — pelo menos nas sociedades ondem existem constituições, direitos e liberdades — é inevitável.

José Fonseca propõe o 'civismo libertário' como ponto de partida para defender a existência simultânea de poderes organizados (a sua análise circunscreve-se às democracias) e liberdade, sendo que esta, na sua responsabilidade, é uma espécie de vigilante dos abusos em que invariavelmente incorre a simples existência do poder — de um qualquer poder, mesmo democrático e onde as liberdades estejam constitucionalmente consagradas. Desta premissa inicial decorre, no seu breve ensaio, uma explanação referenciada sobre o uso da liberdade, quer dizer do 'civismo libertário', na abordagem da diversidade e complexidade (informacional, intelectual e moral) das sociedades contemporâneas.

Esta discussão, nos termos formulados, é sobretudo pertinente nas democracias representativas que hoje, por outro lado, se sentem aturdidas pelo atrito crescente de que as suas visões do mundo são objeto por parte de ideologias sociais e culturais que, ou sempre foram distintas das suas, ou recentemente parecem querer rejeitar as democracias ocidentais sob o pretexto de que o passado colonial das sociedades brancas inquina irremediavelmente o futuro dos seus próprios processos de libertação das realidades e fantasmas coloniais. 

Há, portanto, uma auto-restrição metodológica nesta Filosofia Social do Civilismo que deixa de fora os argumentos da interseccionalidade e dos estudos pós-coloniais. Se invadimos e colonizámos uma boa parte do planeta, se ainda por cima abrimos o caminho a uma nova vaga de mestiçagem global, dificilmente poderemos progredir numa renovada discussão sobre cultura democrática e liberdade sem atender ao conhecimento distorcido que temos das civilizações e culturas que julgávamos assimiladas pelos nossos paradigmas filosóficos. Por outro lado, não há como deixar de discutir as novas modas sociológicas!

Seja como for, meu caro José, para mim, a democracia diz sobretudo respeito ao direito de propriedade e à forma social da sua regulação social. No melhor dos casos, deve ser extensa (i.e. impregnar praticamente todos os níveis de decisão social), e deve ser representativa, transparente, participativa, onde as maiorias prevaleçam, mas onde as minorias tenham direitos. Já a liberdade, vejo-a, sobretudo, como o direito de pensar, imaginar, circular e existir sem restrições externas artificiais, assim como o direito de manifestar publicamente ideias, vontades e imaginários, admitindo eu, porém, que as formas de exercício da liberdade expressa possam, por vezes, provocar escândalo. Mas aqui teremos que alargar o conceito de propriedade ao universo dos imateriais e da sensibilidade, empurrando o escândalo, por esta via, para o domínio da democracia.


*

1961-62 - Cuba (invasão frustrada e crise dos mísseis nucleares)

1965-70: pico do crescimento médio demográfico mundial (ONU, 2019). Haverá, no entanto, um crescimento assimétrico da população até 2100. O pico demográfico (taxa de crescimento) estabelece os limites humanos ao próprio crescimento económico. O número de humanos poderá, entretanto, chegar a 10 a 11 mil milhões em 2100, ou seja, mais quase metade da população total do planeta em 2019. A pressão sobre os recursos naturais e sobre os sistemas de segurança social, nomeadamente por via do envelhecimento e da doença, será gigantesca. Por fim, a contaminação global dos ecossistemas e as mudanças climáticas poderão fechar este ciclo catastrófico de mudança nas condições da vida humana à face da Terra. 

1971 - fim da convertibilidade do dólar em ouro — novo ciclo de monetização das economias capitalistas avançadas: Japão e Ocidente. Referências: Teoria Quantitativa (Of Money, Hume, 1752), Teoria Monetária, Teoria Monetária Moderna (MMT — Bill Mitchell, Warren Mosler, L. Randall Wray, 1992).

1973 - crise petrolífera, formação da OPEP, fim da hegemonia americana na marcação dos preços do crude.

1989 - queda do Muro de Berlim, seguido do desmoronamento da chamada Cortina de Ferro e da URSS. 

1991 - queda da URSS, colapso ideológico do comunismo.

2008 - crise financeira mundial (colapso do Lehman Brothers), deslocação do centro de gravidade da produção mundial para a Ásia. 

2020-21 - COVID 19 e provável início da chamada Desglobaização.

domingo, janeiro 09, 2022

2022 - primeira semana

Foto: Todenhoff. "Uyghur girl", 2005


Cazaquistão

Cazaquistão: as guerras da energia (e de recursos naturais em geral) voltam a fazer vítimas. No caso, poderá ser o início de novas brechas inesperadas no antigo bloco conhecido por URSS (nas suas atuais margens independentes da Rússia—desta vez a leste, em plena Ásia central). Neste caso ainda, por ser um gigantesco país entre a Rússia e a China, dominantemente muçulmano, estes movimentos tectónicos no centro da Eurásia irão certamente aumentar de frequência e intensidade... De momento, Pequim apoia Moscovo na repressão em curso. Veremos as sequelas da chacina destes dias...

Segundo a Reseau Voltaire (uma rede informação alternativa pró-iraniana dirigida por Thierry Meyssan), a rebelião em curso no Cazaquistão não será mais uma maquinação americana e inglesa, mas antes uma ofensiva jiadista. Acontece que os muçulmanos representam 75% da população do país, da qual, mais de 200 mil são Uigures. 68,5% são cazaques. A Rússia que continua a dominar a elite do Cazaquistão, quer retomar o controlo total do país. No fundo, a Rússia quer regressar à União Soviética sem sovietes, nem socialismo. Má ideia! O que lhe aconteceu quando se meteu com o Afeganistão ocorrerá também no Cazaquistão: acabará por ser expulsa daquele gigantesco e despovoado país: apenas 18,7 milhões de habitantes num território com mais de metade da superfície da União Europeia. A China apoia a Rússia nesta tentativa desesperada (mas condenada ao fracasso no médio longo prazo) de esmagar os muçulmanos do Cazaquistão, pois a chamada minoria Uigur existe não apenas no Cazaquistão, mas sobretudo na China (a maior comunidade: 12,8 milhões), e ainda no Quirguistão, no Uzbequistão, na Turquia, no Tajiquistão, e até na própria Rússia (embora sem expressão demográfica, pois serão pouco mais de 3600). Ou seja, não é uma minoria...mas uma questão de tempo.

O vírus que poderá acabar com o voo imperial do senhor Xi 

O resto da Ásia teme a falta de exposição e portanto de imunidade da população chinesa à variante Omicron do Corona vírus que entretanto correu o planeta. Quando a Europa, a América e boa parte da Ásia tiverem já passado da fase epidémica à fase endémica da COVID19, na China poderá ocorrer a propagação epidémica do Omicon (CNN). As consequências podem ser desastrosas para a China e para o senhor Xi, mas também para a economia e a política mundiais.

Ruído insuportável da ciência

O problema da ciência e dos especialistas nos tempos que correm é que não respeitam os critérios básicos das ciências, nem a sua esperada ética. Tudo vale para garantir o financiamento do próximo projecto inútil, sem o qual os ditos cientistas vão parar ao desemprego e as suas empresas e/ou instituições correm o risco de fechar.. No caso da COVID (nascida de, ou que provocou, um ensaio de guerra biológica global?), a par deste escândalo das máscaras, um outro rebentou na Irlanda, com uma importação de testes antigénios da China que comprovadamente fazem disparar o número de falsos positivos! Quem verifica a qualidade e fiabilidade dos testes COVID?

Uma farsa burocrática chamada UE

Aviões europeus viajam milhares de horas vazios (ler aqui) só para não perderem as respetivas faixas horárias nos aeroportos da União Europeia. Absurdo e completamente à revelia da propaganda ecológica!

Eleições à portuguesa

O COPCON prendia gente, mas o PS estraga negócios, impede carreiras, não deixa aparecer na televisão—Rui Ramos (Observador)

Bem visto, mas... Rui Ramos esquece o essencial: salvo no norte do país, onde sempre existiu uma certa autonomia burguesa (comercial) e popular (autárquica), o país saído da revolução de 1383-1385 é o mesmo de hoje: clientelar, onde todos, empresas e povo, partilham parcimoniosamente (com grande desigualdade, diga-se) a muita ou pouca riqueza fiscal comum. Daí que o país seja, e tenha sido sempre, e ao mesmo tempo, devoto do paganismo e do estado paternal cristão. Daí, portanto, que no centro do conservadorismo geral esteja a virtude. Até o André Ventura percebeu isto. De momento, o povo, que continua ignorante e apolítico, vota no centro—mesmo os que se abstêem! Mas quando o pão faltar na mesa, votarão, como sempre fizeram, com os pés, no salvador que aparecer, de direita, claro.

Uma questão de regime

O debate das ideias mudou-se para as redes sociais. Os jornais e as televisões transformaram-se em megafones das agendas do poder, em parte porque são empresas clientes do Estado (Eco/TVI/CNN indígena, por exemplo), falidas (SIC/Expresso), ou propriamente do Estado clientelar e terceiro-mundista que temos (RTP/RDP, pagas através das nossas faturas de eletricidade). A netcast não é um aluvião, como é a média tradicional (broadcast). Na Internet é ainda possível dialogar e escolher as fontes e as parcerias para discutir ideias e divergências. Na enxurrada dos telejornais e dos comentadores de serviço ao serviço do poder e das clientelas, não (com uma ou outra honrosa exceção). Por isso vos recomendo as reflexões amadurecidas do Joaquim Ventura Leite (na sua conta no Facebook) sobre o processo eleitoral em curso. Já agora, também eu considero que o pior que poderia acontecer nas próximas eleições seria uma maioria de António Costa, representante de um poder velho, corrupto e que, na sua infinita incompetência e arrogância, apenas poderá continuar a empurrar o país para o colapso. O que se está a passar na TAP, mas também no SNS, e na Segurança Social, são três antevisões do estado não só falido, mas também falhado, para que Portugal caminha se os seus cidadãos não se tornarem mais exigentes.

Esta caminhada para o abismo é sobretudo fruto de uma esquerda irresponsável que enfarda as suas elites de benefícios, vendendo ao mesmo tempo sonhos que não passam de retórica populista aos seus empobrecidos, distraídos e impotentes, eleitores. A direita, por sua vez, continua prisioneira da pequenez da burguesia indígena que a sustenta. Não será fácil retirar este país do buraco para o qual foi empurrado. Trará o pragmatismo de Rui Rio, se for o próximo PM, alguma esperança aos portugueses? Só provando... A Geringonça foi uma desgraça, disfarçada pela expansão monetária do BCE, pela dívida pública e pela propaganda constante do governo. Mas a União Europeia está numa encruzilhada perigosa. Para muitos analistas já começou a desfazer-se. Se assim for, sem este Deus que nos acudiu nas horas difíceis, que faremos?

Europa pós-Brexit

Enquanto a geringonça alemã abana antes mesmo de começar, Macron (ler aqui) define um eixo estratégico lógico e fundamental para o futuro da Europa: África! Os liberais apressados que em Portugal atiram pedras à TAP (em vez de tentarem compreender a necessidade de salvar esta companhia estratégica, nomeadamente dos predadores indígenas), e a polémica inquinada sobre o putativo direito de precedência de Grada Kilomba, escritora portuguesa que vive e trabalha (e paga impostos, suponho) na Alemanha, num concurso para a representação portuguesa na próxima bienal de arte de Veneza, revelam o atraso cultural, quer dos nossos políticos, quer dos nossos artistas, na compreensão das mudanças em curso. Para evitarmos pagar o preço de mais uma década de maniqueísmo provinciano (e de proteção de um status quo esgotado e falido) teremos que ser mais rigorosos no estudo das questões que nos envolvem, tendo a coragem de as discutir abertamente.

Do sublime

O sentimento sublime é, por definição, traiçoeiro e nasce de uma vertigem dos sentidos que se comunica à mente exibindo a sua pequenez e insignificância temporal. Como tal, é uma das modalidades possíveis do reconhecimento da morte, em registo espasmódico, numa mistura estranha de admiração, espanto e terror. A suposição da existência de uma raça superior é uma das manifestações possíveis, embora funestas, do sentimento sublime (Albert Speer, Carl Schmitt, Zarah Leander, Leni Riefenstahl...). Este simples exemplo serve, porém, para nos precaver contra os perigos desta zona do pensamento e da vida. Quase sempre a representação sublime em arte serve uma ou outra forma de ilusão e manipulação do homem comum, seja na religião, ou na política. Para além das narrativas, das representações, das figurações e do agenciamento, o que é específico da arte e lhe garante a persistência enquanto companheira da humanidade é a sua intrínseca qualidade, isto é, a capacidade de dar a ver e sentir a unidade entre forma e conteúdo na sua máxima extensão e presença. O valor intrínseco da obra de Caspar David Friedrich não reside na personalidade do artista, nem nas suas ideias ou modas culturais, mas nas suas pinturas—antes, durante e depois de toda a informação e crítica que sobre as mesmas incidam.

Escravatura e escravidão

Onde há produção e produtividade há inflação, exploração acrescida, corrupção e luta de classes. São os paraísos da luta operária e dos sindicatos, que conduzem à melhoria das condições de vida dos assalariados, até perderem o emprego. À medida que nos países ocidentais as classes médias que transitaram do campo e da indústria para o setor de serviços empobrecem, a pressão sobre os preços dos produtos manufaturados na Ásia, na América Latina e em África, aumenta, e o capital voa em busca de salários mais baixos, permitindo paradoxalmente o crescimento económico nas regiões mais deprimidas do planeta. O Bangladesh, pagando 20 euros/ mês nas empresas têxteis, é porventura o último El Dorado da produção têxtil mundial. Mas não por muito tempo... A roupa barata que encontramos em muitas das nossas lojas de pronto a vestir, já não vem da China (ver aqui), nem sequer do Vietname ou do Cambodja, mas da antiga Bengala, onde os portugueses estiveram mais de um século (1523-1666), e à qual regressaram neste século 21 para produzir roupa de moda barata. Em vez de rasgarmos intelectualmente as vestes pelas maldades feitas pelos nossos tetravós, ou pior ainda, vender tais memórias, editadas à pressa em universidades de massas, por bom preço e à sombra de agendas que a maioria dos doutorados e pós-doutorados nem chegam verdadeiramente a perceber, precisamos mesmo de estudar a próxima curva da lógica inexorável do capital. Como extrair o máximo rendimento dos fatores de produção, quando todos estes fatores deixaram ou estão a deixar rapidamente de serem baratos, e o crescimento demográfico exponencial parou, e o endividamento entrou numa espiral incontrolável?

Nem direita, nem esquerda. No meio...

O Livre elegeu e deixou fugir o único deputado a quem o eleitorado deu votos suficientes e identificados com o partido fundado por Rui Tavares. Na realidade, foi uma deputada, de nome Joacine Katar Moreira, que em poucos dias abandonou o Livre e transformou o seu assento parlamentar numa tribuna da ‘interseccionalidade’. A senhora deputada não criou, entretanto, nenhum movimento partidário (interseccionalista), ao contrário do que parecia ser uma consequência lógica da sua ação política e cultural. Talvez por isso, o PS e a imprensa indígena voltaram a transportar o simpático líder do Livre aos ombros. A ideia hoje é a mesma de há seis anos atrás: parir um partido-pendura do PS que evite a dependência deste do PCP e do Bloco. António Costa percebeu que tal ideia não passa hoje de uma quimera algo idiota. O Livre não vai eleger ninguém nas próximas eleições. E é por isso que António Costa pensa bem: ou consegue uma maioria absoluta ou passa a bola a Rui Rio. Até porque as novidades que nos esperam em 31 de janeiro chamam-se Chega, Iniciativa Liberal, a vitória do PSD, ou... um golpe de estado...

A TAP não é uma questão ideológica!

Mais um comentador interessado que escreve sem saber do que fala (ler aqui). Um dos problemas aparentemente insolúveis do país é a falta de estudo e compreensão dos problemas. Outro é o pântano ideológico onde esquerda e direita chafurdam alegremente.

Há uma maneira fácil de perceber a posição da DG COMP. Basta seguir o cheiro do dinheiro, que inclui essencialmente quatro pistas:

1) a mais recente é a da compra de meia centena de aeronaves à Airbus durante a administração de David Neeleman. Jamais franceses e alemães autorizariam um país corrupto e falido como Portugal deixar de honrar as suas responsabilidades para com a maior empresa industrial europeia;

2) outra, continua a ser a que envolve os interesses imobiliários, quer na desejada venda dos terrenos da Portela, quer nas aquisições relacionadas com um futuro aeroporto na Margem Sul;

3) a terceira, por sua vez, resume-se à aquisição da ex-VEM (da ex-Varig) para o universo TAP, ao tempo da tríade de Macau, a qual viria a transformar-se num centro de custos e de corrupção escandaloso, mas sempre abafado dos olhares indígenas, até hoje;

4) finalmente, a centralidade aeroportuária de Lisboa enquanto mercado natural de passagem de passageiros e mercadorias no Atlântico, com dois mercados demograficamente muito apetecíveis: a América Latina (de que a fatia hispânica já se encontra dominada pela IAG, i.e. British Airways e Iberia) e África.

Reduzir esta discussão a mais um campeonato de ideologias serôdias não passa de ingenuidade, idiotia teórica ou tentativa de manipulação dos indígenas.

Agonia da imprensa local

A velha imprensa portuguesa faliu (ler aqui) por falta de visão e excesso de dependência política. Hoje não passa de uma câmara de eco das agências de comunicação do Estado (governo, presidência da república, municípios), de algumas empresas e dos grupos de interesse que controlam o país. Já ninguém compra jornais, salvos algumas almas penadas em vias de extinção. Porque continuamos então a financiar o plantio de eucaliptos para pasta de papel?

Bactérias e vírus mortais ao longo da história

Bactérias

1. Peste de Justiniano (bubónica?), 541 A.D. (Europa, África, Ásia; mortos: +25 milhões)

2a. Peste Negra (bubónica, septicémica, pneumónica), 1347-1353 (auge) até 1671 (Europa; mortos: 74-200 milhões - metade da população europeia)

2b. Peste Italiana (bubónica), 1629-31 (mortos: +322 mil)

2c. Grande Peste de Londres, 1665-1666 (mortos: 70 a 100 mil)

5. Grande Peste de Marselha. 1720-1722 (mortos: ~100 mil)

6. Terceira pandemia de peste, 1855-1859 (mortos: +15 milhões)

Vírus 

1. Gripe Espanhola (vírus influenza), 1918-1920 (infetados: 500 milhões; mortos: 17 a 100 milhões; taxa mortalidade: 2-3%)

2. COVID-19 (coronavírus da síndrome respiratória aguda grave - SARS-COV-2), 2019-202? (infetados (2/1/2022): 286 398 720; mortos: 5 428 350; taxa de mortalidade: 0,0687%)

População Mundial

541: 198 milhões

1855: 1200 milhões

1918: 1800 milhões

2022: 7900 milhões

Apesar do impacto estatístico da COVID-19 ser muito inferior ao das pandemias e epidemias anteriores, o seu impacto económico-social e cultural mundial é gigantesco. Ainda não se fez um balanço circunstanciado dos estragos.

terça-feira, dezembro 28, 2021

TAP foi nacionalizada em menos de 24 horas. Repararam?

Pedro Nuno Santos e António Costa
(imagem original em Jornal de Negócios)

O que importa aqui é o que disse António Costa (à TVI CNN):

“Se uma pessoa é primeiro-ministro durante seis anos, se durante seis anos os portugueses têm a oportunidade de acompanhar e avaliar o trabalho, e se ao fim de seis anos não dão confiança ao primeiro-ministro com uma vitória eleitoral, bom, isso é manifestamente um voto de desconfiança dos portugueses no primeiro-ministro e, então, aí eu tenho de tirar as devidas conclusões e demitir-me”. (LINK)

Bom, a partir daqui, os portugueses sabem o que devem fazer para criar novas oportunidades ao regime: votar no PSD, no Chega e na IL. Ou não votar. Ou então, os que continuam a ter o coração à esquerda, manterem as respetivas afinidades ao PCP e ao Bloco, evitando votar no PS por mero oportunismo eleitoral. Ou seja, dizer a ao PS: Rua!

Claro está que, na hipótese de o PS perder as eleições de janeiro, já todos sabíamos que o senhor que se segue aos comandos do Partido Socialista será Pedro Nuno Santos. Mas até que este chegue a PM ainda vai tardar. PNS, atento à aceleração histórica em curso, já começou, não vá o Diabo tecê-las, o seu prudente distanciamento do populismo marxista.
Mas não se esqueçam desta verdade elementar sobre a crise que acabou com a Geringonça: a chamada aprovação do plano de restruturação da TAP (que ninguém todavia conhece) não foi uma vitória do PS, nem do ministro das infra-estruturas. Foi uma vitória, ainda que ao retardador, de David Neeleman. 

O comunicado da DG COMP, assinado pela vice-presidente da Comissão Europeia, Margreth Vestager, operou em 24 horas o que o governo de António Costa, Pedro Nuno Santos e a Geringonça travaram ao longo de seis anos, i.e. a separação da TAP SA, que inclui a TAP Express (ex-PGA, também conhecida como Portugália Airlines), da TAP SGPS, que é um buraco negro—agora sem fontes de rendimento próprias— com uma dimensão que poderá andar pelos quatro mil milhões de euros. Quatro Pontes Vasco da Gama! A absorção desta dívida pornográfica caberá certamente aos contribuintes, certamente dilatando as punções fiscais no tempo, e mascarando-as sempre com os mantos da mentira e da hipocrisia.

Curiosamente, esta separação produziu em escassas horas e sem qualquer debate ou aprovação parlamentar, nem assinaturas de Belém, a nacionalização integral da TAP SA, quer dizer da TAP que voa.

A TAP SA está agora pronta para dois cenários alternativos: 

1) ou é bem gerida até ao fim de 2023, e poderá aspirar a uma parceria frutuosa com as empresas de David Neeleman e a Lufthansa, ou 

2) não é, revelando-se incapaz de competir no agressivo mercado pós-COVID, e então o espectro de uma segunda falência organizada da empresa será inevitável, e aí colocar-se-à como muito provável cenário a sua venda a patacos a um dos três grandes grupos aeronáuticos europeus: IAG, Lufthansa e Air France-KLM.

O Governo socialista e PNS não ganharam grande coisa na guerra contra a Ryanair e a análise aprofundada do caso TAP pela DG COMP (apesar da propaganda massiva e o apoio da imprensa indigente que temos). Foi Bruxelas quem impôs a criação, em menos de 24 horas, de duas TAPs: a TAP boa (TAP SA) e a TAP má (TAP SGPS). A castanha que continua a crepitar nos bastidores, pode rebentar de um dia para o outro, em Lisboa...

segunda-feira, dezembro 27, 2021

TAP e Portela, que podem esperar do Pai Natal?

 

DAKOTA da TAP (Foto col.CAM)
Cortesia: Collecting TAP


Confusão

Persiste muita confusão e imprecisão no que se escreve sobre a TAP. Em parte, esta confusão e imprecisão são propositadas, e em parte, também, são frutos da aceleração da vida da companhia depois da sua privatização a favor do consórcio Atlantic Gateway, da posterior reversão da dita pela Geringonça, e da mais recentemente anunciada restruturação da empresa imposta por Bruxelas em resposta a queixas contra a TAP, nomeadamente da Ryanair. 

Slots

As queixas afirmam que a TAP tem vindo a obter ajudas de estado ilegais e que anda a voar com aviões vazios, ou mesmo a não voar, ocupando tão só 70% das suas faixas horárias diárias, ou seja, 210 “slots” em 300 que lhe estão em média atribuídos. Antes da pandemia, a regra ‘use-it-or-lose-it’ (1) obrigava as companhias a usarem, pelo menos, 80% das suas faixas horárias. Durante a crise sanitária mundial, porém, a regra foi suspensa até 27 de março de 2021. Com início em 28 de março do mesmo ano a ‘use-it-or-lose-it-rule’ foi retomada, mas obrigando as companhias ao uso de apenas 50% do seu “slot portfolio” (2). Se a TAP teve, como acusa a Ryanair, uma redução de 30% nos “slots” que foram atribuídos em 2021, a reclamação, por ora, e até 26 de março de 2022, não colhe. Mas para acompanhar esta guerra, nada como consultar o sítio da NAV, a empresa pública que gere esta questão tão sensível em matéria de concorrência.

PGA?

Toda a gente (incluindo a Parpública) continua a falar da PGA, ou da Portugália, quando esta empresa já não existe, tendo dado lugar à TAP Express, cuja frota foi renovada a 100%, sendo atualmente composta por 22 aeronaves destinadas a serviços regionais.

Até o comunicado da DG COMP fala da Portugália — um sinal de amadorismo, ou de coisa pior, no tratamento de assunto tão importante, para o país e para milhares de trabalhadores.

A TAP Air Portugal e a TAP Express (independentemente da dança de denominações legais) são unidades complementares de uma mesma companhia, com dois segmentos operacionais, que a DG COMP reconhece como conjunto a preservar, restruturar, apoiar e separar do resto que se encontra na mesma holding, a TAP SGPS (na qual Parpública detém ainda capital e participações sociais).

Hub vs Low Cost

Não sabemos o que vai ser da aviação comercial nos próximos anos. É provável que a pandemia e as tensões entre os grandes blocos económicos mundiais (Estados Unidos, Europa, China, Japão e Rússia) produzam alterações profundas no negócio turístico mundial, tornando-o menos global e menos promíscuo...

Se assim for, as ligações aéreas ponto a ponto continuarão a ganhar importância relativamente à lógica dos hubs. Mas isto não significa que os hubs vão desaparecer. O que está em curso é uma guerra entre “hubs””, para saber quais irão resistir à pressão das LC. Nesta guerra territorial, Londres, Frankfurt, Paris e Madrid procurarão não só manter, mas ampliar os seus respetivos “hubs””. Acontece, porém, que estes, à exceção, talvez, de Madrid e Paris, estão saturados... Desta saturação, ou quase saturação, nasce a oportunidade de Lisboa. Para aqui chegar, porém, é preciso que o Montijo se torne operacional até 2025, para assim desviar parte do tráfego da Portela, que tende inexoravelmente para a saturação, mas onde deverá ser prolongada previamente a taxiway, absolutamente necessária ao incremento da segurança da infraestrutura e da sua capacidade até que a BA6 esteja capaz de receber os Boeing da Ryanair. Por fim, para que a TAP possa agarrar esta oportunidade será vital que a aquisição das 53 novas aeronaves por David Neeleman, e a frota da TAP no seu conjunto (94 aeronaves) não seja atirada borda fora!


NOTAS

1. Pursuant to Article 8(2) of Regulation (EEC) No 95/93, read in conjunction with Article 10(2), air carriers are to use at least 80 % of a slot series allocated to them, or lose historical precedence for those slots, known as the ‘use-it-or-lose-it-rule’. In light of the COVID-19 crisis, and to protect the financial health of air carriers and avoid the negative environmental impact of empty or largely-empty flights operated only for the purpose of maintaining underlying airport slots, the ‘use-it-or-lose-it’ rule was suspended from 1 March 2020 until 28 March 2021.

(4)

On 16 February 2021, and given the continuing impact of the COVID-19 crisis on air traffic, the Union amended Regulation (EEC) No 95/93 to grant airlines further relief from the ‘use-it-or-lose-it’ rule during the summer 2021 scheduling period by suspending the rule for a further period from 28 March 2021 to 30 October 2021.

—in COMMISSION DELEGATED REGULATION (EU) 2021/1889 -- of 23 July 2021 -- amending Council Regulation (EEC) No 95/93 as regards the extension of measures for temporary relief from the slot utilisation rules due to the COVID-19 crisis

2. Article 1

In Article 10a of Regulation (EEC) No 95/93, paragraph 3 is replaced by the following:

‘3.   In respect of slots which have not been made available to the coordinator for reallocation in accordance with Article 10(2a), during the period from 28 March 2021 until 26 March 2022 and for the purposes of Articles 8(2) and 10(2), if an air carrier demonstrates to the satisfaction of the coordinator that the series of slots in question has been operated, as cleared by the coordinator, by that air carrier for at least 50 % of the time during the scheduling period of 28 March 2021 to 30 October 2021, and 50 % of the time during the scheduling period of 31 October 2021 to 26 March 2022, the air carrier shall be entitled to the same series of slots for the next equivalent scheduling period.

In respect of the period referred to in the first subparagraph of this paragraph, the percentage values referred to in Article 10(4) and in point (a) of Article 14(6) shall be 50 % for the scheduling period of 28 March 2021 to 30 October 2021, and 50 % for the scheduling period of 31 October 2021 to 26 March 2022.’

—in COMMISSION DELEGATED REGULATION (EU) 2021/1889 -- of 23 July 2021 -- amending Council Regulation (EEC) No 95/93 as regards the extension of measures for temporary relief from the slot utilisation rules due to the COVID-19 crisis