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¶ desde 2003
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Os funcionários públicos e equiparados não auferem baixos salários.
Basta pensar nos professores, maquinistas da CP, pilotos da TAP, ou nos políticos. Por sua vez, os baixos salários na FP são cada vez mais preenchidos por imigrantes nacionalizados.
Já no privado há dois grupos: o dos baixos salários, que vai sendo ocupado pelos imigrantes habituados à cama quente e à promiscuidade doméstica em geral (é uma questão cultural, mais do que higiénica); e o das profissões liberais, onde reinam as regras do mercado do trabalho (salvo o nicho dos empregos por cunha à portuguesa), o qual empurra muitos portugueses para os países que pagam melhor na Europa (nas Arábias, etc.), mas que fixa também no território nacional um número crescente de profissionais empregados pelas empresas internacionais que têm vindo a comer o tecido económico do que resta da cada vez mais indigente burguesia capitalista indígena.
Não tenho dados compilados para demonstrar esta hipótese, mas creio que faz algum sentido.
Mas espera lá! O Canadá não é a última grande colónia europeia no continente americano, a par da pequena Guiana Francesa? É! Pois é... Porque motivo seria assim tão extraordinário a União Europeia aceitar este país no seu seio? O Canadá é uma monarquia constitucional cujo rei é o Rei de Inglaterra. Se Reino Unido voltar um dia, mais cedo ou mais tarde, à UE, faz todo sentido pensarmos na integração do Canadá na União Europeia, tanto mais que os doidos e piratas tomaram conta da Casa Branca. A Senhora Ursula von der Leyen precisa de uma aula de História.
PS: Mark Carney foi presidente do Banco do Canadá de 2008 a 2013 e presidente do Banco da Inglaterra de 2013 a 2020.
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Amazing Maps |
O mapa das universidades no mundo, e em particular das que sobrevivem desde o respetivo nascimento, é uma prova simples de como a civilização Ocidental nasceu no Mediterrâneo e progrediu com os movimentos expansionistas do império romano e, depois, do Cristianismo.
Falta referir neste mapa, para ser justo, a universidade muçulmana de Marrocos, do século XI, fundada na cidade de Fez, considerada a primeira universidade do mundo, anterior, portanto, à de Bolonha.
Todo o Magrebe é uma vasta região disputada, nos últimos 1400 anos, pelas duas grandes religiões do Livro: o Cristianismo e o Islão. No dia em que estas duas religiões, pela vontade dos países do Magrebe e da Europa laica quiserem, dominarão o próximo milénio da humanidade. Até lá falta trazer a Rússia para a Europa. As primeiras universidades russas nasceram, como se vê no mapa, em São Petersburgo (no primeiro quartel do século 18) e Moscovo (na segunda metade do século 18), a primeira das quais pela mão, provavelmente, da segunda esposa de Pedro I, Catarina I. Esta filha de um camponês lituano de origem polaca, depois de ter abdicado da sua fé católica apostólica romana e se ter convertido à Igreja Ortodoxa, tornou-se imperatriz da Rússia. Pedro o Grande fundou São Petersburgo na mesma época em que Catarina se tornou sua amante. Pedro transferiria a capital de todas as Rússias, de Moscovo para a grande cidade do Báltico, onde, aliás, deveria ter permanecido para bem do império dos czares. Só deixou de ser a capital, de facto, em 1918, depois da Revolução Bolchevique. A czarina alemã Catarina a Grande continuaria esta gigantesca tarefa de civilizar os russos, mas deixou a tarefa a meio, como bem sabemos!
Cito:
A universidade mais antiga do mundo.
A Universidade que detém o recorde da instituição académica mais antiga ainda em funcionamento é a de Al-Qarawiyyin (Marrocos), fundada em 859. Esta universidade teve um impacto significativo no desenvolvimento do conhecimento e da cultura ao longo dos séculos. Localizado na cidade de Fez, foi fundado por Fatima al-Fihriya, uma mulher visionária que usou o seu legado para criar um centro de aprendizagem que atraiu estudiosos de todo o mundo islâmico e além.
Se a China é a grande ameaça aos dois protagonistas principais do pós-guerra e da Guerra Fria que se lhe seguiria, os quais, por assim dizer, dividiram o mundo em duas grandes zonas de influência (Tordesilhas 2.0), então faz todo o sentido o Ocidente atrair a Rússia (depois do colapso da colossal União Soviética) para o seu lado no embate que mais cedo ou mais tarde ocorrerá entre o capitalismo liberal e democrático e o capitalismo de estado autoritário chinês. Só esta nova divisão (Tordesilhas 2.1) evitaria, de facto, uma Terceira Guerra Mundial, altamente provável se os regimes autocráticos se juntaram todos num mesmo molho de agressores sem escrúpulos.
Putin não gosta deste cenário, mas também não gosta de pensar na submissão inevitável da Rússia à China que adviria de uma não solução pacífica da guerra na Ucrânia. A verdade que Putin não quer engolir, mas que ele ou outro em vez dele terá um dia que aceitar, é que a demografia e a economia, uma vez atingida neutralidade nuclear recíproca (entre USA e Rússia, entre USA e China, e entre China e Rússia) mandam na arrumação e na hierarquia da cadeia alimentar mundial. Ou seja, a envelhecida e demograficamente depauperada Rússia deixou de poder competir com a Europa-América, e com a China. Quer dizer, Moscovo só tem duas opções de sobrevivência pacífica: ou se submete a Pequim, ou aceita educar-se nos princípios da economia liberal e da cultura democrática. Não tem qualquer terceira via à sua disposição.
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A scared mouse is a potential threat text_to_image Me+DALL.E |
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Presidente dos Estados Unidos, James Monroe (1758-1831) |
"We the People of the United States, in order to form a more perfect Union, establish Justice, insure domestic Tranquility, provide for the common defence, promote the general Welfare, and secure the Blessings of Liberty to ourselves and our Posterity, do ordain and establish this Constitution for the United States of America." — in Preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos.
Podem os Estados Unidos perder a sua atual hegemonia?
Para perceber o original comportamento dos Estados Unidos, tradicionalmente anti-colonial, messiânico, libertário, liberal, democrático, patriótico e populista, imune às modas alternativas e aos presidentes heterodoxos (incluindo Trump) é preciso considerar a importância das seguintes três referências na formação da doutrina estratégica norte-americana:
I — Doutrina Monroe (1823), James Monroe (1758-1831), Presidente dos Estados Unidos
Essencialmente uma teoria anti-colonial que barrou para sempre quaisquer veleidades de interferências pós-coloniais europeias no destino das Américas (sic).
Curiosamente, esta Doutrina serve agora para travar os ventos coloniais que sopram da China comunista, ainda que sob modalidades mais sofisticadas, de índole comercial, financeira e cultural.
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Alfred Thayer Mahan (1840 – 1914) |
II — Alfred Thayer Mahan (1840 – 1914)/ The Influence of Sea Power upon History, 1660–1783 (1890); The Influence of Sea Power upon the French Revolution and Empire, 1793–1812 (1892).
Os Estados Unidos substituíram a Inglaterra, ou melhor dizendo, o Império Britânico, tornando-se, depois da sua participação tardia nas duas guerras mundiais, no império mundial dominante, sobre os escombros de uma Europa destroçada. Tal como os anteriores impérios português e espanhol, também a Inglaterra e os Estados Unidos tiveram nos mares os seus principais veículos de domínio.
Este domínio americano dos mares persiste, mas poderá ser ameaçado em breve pela emergência imperial da China.
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Halford Mackinder (1861-1947) |
III — Halford Mackinder (1861-1947)/ "The Geographical Pivot of History" (1904)
As independências sucessivas americanas do domínio colonial europeu foram um movimento histórico sem retrocesso, nomeadamente em obediência à Doutrina Monroe imposta pela nova potência mundial hegemónica (1).
No entanto, a ameaça soviética depois da vitória aliada contra a Alemanha nazi, ocupando uma parte do país vencido (Alemanha Oriental), e depois sucessivamente, a Estónia, Geórgia, Cazaquistão, Lituânia, Letónia, Moldávia, Ucrânia, Polónia, Checoslováquia, Hungria, Bulgária e Romênia, criou uma inesperada ameaça à Doutrina Monroe.
Se um dia Moscovo chegasse até Londres e Lisboa, ou tal cenário ganhasse alguma verosimilhança, os Estados Unidos teriam que se preocupar seriamente com as três principais ameaças à sua originalidade e pujança mundial:
1) uma ameaça inesperada ao continente americano, às Américas (desafiando a Doutrina Monroe);
2) uma ameaça ao domínio americano do Atlântico, cuja resposta antecipada, depois da vitória aliada contra Hitler, foi a formação da NATO;
3) a ameaça de a China vir a desafiar a supremacia americana, não apenas nos mares (Pacífico, Atlântico e ìndico), mas também através de uma eventual conquista do coração da 'ilha-mundo' (a Afro-Eurásia) imaginada por Mackinder. Este órgão vital da World-Island coincide com a vasta extensão do antigo Império Russo, do Rio Volga ao Rio Yangtzé, do Ártico aos Himalaias. Quem controlar o "Heartland", controla a Ilha-Mundo...
Who rules East Europe commands the Heartland;
who rules the Heartland commands the World-Island;
who rules the World-Island commands the world.
— Mackinder, Democratic Ideals and Reality, p. 150 (1919)
E no entanto, apesar de o império russo andar por cá há já trezentos anos, nunca procurou expandir-se, seja em direção à Europa ocidental, seja em direção ao Oriente, seja em direção ao Sul. As guerras com a China, o Japão e a Turquia disseram sobretudo respeito à necessidade de estabelecer o seu acesso aos mares. Repeliu Napoleão e Hitler. Impôs uma barreira de estados na sua fronteira ocidental. Mas não ameaçou expandir-se em direção a Lisboa, nem em direção a Pequim e Tóquio. O acesso ao Mediterrâneo foi sempre considerado uma questão de vida e de morte, pois os acessos ao Mar do Norte e ao Atlântico estão condicionados pelo gelo, e Vladivostoque, parte da denominada Província Marítima surripiada à China depois da derrota desta nas chamadas Guerras do Ópio (1839-1842 e 1856-1860) entre ingleses e chineses, é uma aquisição muito recente que a China poderá em breve reclamar à Rússia, por ter sido obtida através do 'Tratado Desigual' de Aigun em 1858.
Diante destes factos, e tendo presente o que foi a chamada Guerra Fria, podemos aceitar a tese de que a Rússia, depenada do seu império soviético desde 1991, tem sobre si suspensa não a Espada de Dâmocles mas a de Mackinder. Os americanos temem uma aliança entre a Federação Russa e a União Europeia, pois uma tal situação daria à Europa (dos Açores até aos Urais) o controlo da Ilha-Mundo, deixando rapidamente para trás a hegemonia dos Estados Unidos, quer no plano geoestratégico, quer nos planos económico, científico, cultural e militar. Porém, empurrando a Rússia em desespero para os braços da ascendente China, fará desta e da sua Rota da Seda 2.0 o novo centro do mundo. Sem precisar sequer de hostilizar a Europa. Pelo contrário! Toda a Eurásia, com vetores económicos, financeiros e militares de peso na Europa Ocidental, na Europa de Leste e na Ásia tenderia a desenhar um status quo semelhante ao Excecionalismo Americano: quem se meter com a Eurásia, leva! Não nos esqueçamos que num cenário destes a África seria uma aliada orgânica da Eurásia (Mackinter).
Tudo visto e considerado, dir-se-ia que a saída dos Estados Unidos da NATO seria o menor dos males para Europa, sobretudo se os americanos entrarem, como parece, numa deriva messiânica neo-fascista.
Washington quer abandonar a Europa? A sério?! Pois que abandone!
O problema é que Steve Bannon e Elon Musk não querem apenas abandonar a Europa, mas destruí-la. Fazendo da Ucrânia uma espécie de nova Israel? Há que estudar e seguir este assunto de perto!
A Rússia não tem qualquer hipótese (nem vontade) de conquistar a Europa ocidental. E também já perdeu a guerra de invasão da Ucrânia. Se decidir retirar-se sem condições amanhã mesmo da Ucrânia, de todos os territórios que invadiu e ocupou, ou onde está em guerra, a paz seria imediata, mas não só. Se existe um plano para, uma vez mais, raptar a Europa, seja por parte dos Estados Unidos, seja por parte da China, ambos os planos cairiam imediatamente por terra. Numa primeira fase (2027) a Ucrânia aderiria à UE. Numa segunda fase o Brexit seria revertido (2030). E numa terceira, a Federação Russa faria um Tratado de Paz, Comércio e Amizade com União Europeia (2040), prelúdio de ligações mais fortes no futuro.... Antes de atingirmos a metade deste século o mundo poderia, finalmente, atingir um novo patamar de prosperidade e equilíbrio geral.
Post scriptum
Trump: "We have all the cards..." Vamos lá então (digo eu) provar o Putin!
Os Estados Unidos lançaram um ultimato à Ucrânia e aos não-estadounidenses da NATO. Dizem que a suspensão da ajuda militar aos ucranianos, boa parte da qual são dólares para os ucranianos alimentarem a indústria militar americana, é temporário. Não é. Veremos como reage o complexo militar-industrial yankee...
Trump está no bolso de Putin. Putin, perante esta surpreendente capitulação face ao eixo Moscovo-Pequim, nem precisa de falar. Basta-lhe esperar, e entretanto continuar a enviar ondas de desgraçados para morrerem na frente de batalha.
A América neofascista (é assim o populismo quando perde as estribeiras) quer, afinal, a destruir a Europa, não a Rússia, em nome da falta de neurónios e do fanatismo que hoje domina a Casa branca.
A resposta que as baratas tontas europeias derem a este ultimato, que também é dirigido à Europa ditará boa parte do nosso futuro nas próximas décadas. Só há uma resposta decente e inteligente a dar a Donald Trump: a Rússia de Putin deixou de ter pretexto para manter a invasão, a ocupação e a guerra na Ucrânia, pois o ogre do Kremlin sempre disse que o conflito era com os Estados Unidos, desconsiderando sempre a Ucrânia e a Europa como atores menores do conflito. Putin chegou mesmo a afirmar que pararia a dita Operação Militar Especial no momento em que os Estados Unidos deixassem de apoiar militarmente os ucranianos. Ora bem, está na hora de fazer a prova do pudim! Creio que duas semanas chegarão de sobra para saber se o Putin, perdão, o pudim, presta ou não presta.
Já agora, se os neofascistas da Casa Branca quisessem mesmo a paz na Ucrânia e na Europa, em vez de anunciar o ultimato à Ucrânia (e à Europa), deveriam ter anunciado a retirada das suas armas nucleares, os mísseis e os 100 mil militares estacionadas na Europa, pois foi a aproximação dos Estados Unidos das fronteiras russas o que provocou a ação de Putin, como consta preto no branco do aviso por este feito em Munique, em 2007.
1. Link
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cronologia_da_descoloniza%C3%A7%C3%A3o_da_Am%C3%A9rica