Ordem de confisco do ouro nos Estados Unidos, 1933 |
A Esquerda ou se radicaliza ou morre com o sistema que ajudou a criar
Não é a ideologia que está a entalar a social-democracia, porque esta sempre a soube moldar às suas necessidades de poder. É a realidade.
Foi a realidade que empurrou o neoliberalismo e o neoconservadorismo para o mais ilusório e radical keynesianismo de que há memória. Daí estarem os governos ocidentais —democratas, republicanos, social-democratas, liberais, conservadores, etc.— a transformar os seus países em atoleiros de autoritarismo político e capitalismo de estado, não conseguindo nem assim e apesar de todo o ilusionimso financeiro promovido pelos bancos centrais, travar a implosão quer dos estados sociais europeus do pós-guerra, quer das sociedades de consumo inauguradas com o baby boom americano. Daí, portanto, a impossibilidade de distinguir o senhor António Costa, do senhor Pedro Passos Coelho, ou Paulo Portas. Votar em qualquer destas criatuas, e nos partidos de que são líderes, é uma pura perda de tempo.
A economia dos Estados Unidos não cresce o suficiente para escapar à estagnação e à deflação, e volta a resvalar rapidamente para um novo colapso financeiro—sob a pressão da sua dívida astronómica e das bolhas com que têm tentado, uma vez mais, esconder o grande risco que correm. O rebentamento de qualquer das bolhas críticas atuais —subprime estudantil, subprime automóvel, ou Wall Street— poderá acontecer em breve, e terá consequências planetárias imediatas.
Neste contexto institucional bloqueado, em que as esquerdas tradicionais, que vão da social-democracia até aos partidos que, como o PCP e o Bloco, formam parte ativa da máquina do endividamento sistémico, e declaradamente pertencem a uma nomenclatura política e burocrática cada vez mais contestada, que margem de sedução sobra à esquerda? A estas esquerdas?
Eu diria que só mesmo experimentando soluções desesperadas —como aquelas que o Syriza e o Podemos têm protagonizado— estariam em condições de renovar os laços perdidos com as suas bases sociais e culturais de apoio. Mas, como temos visto, é bem mais provável assistirmos ao colapso paulatino destes cadáveres esquisitos do marxismo, e ao aparecimento de novos movimentos radicais ecléticos, do que a metamorfoses no interior de agrupamentos minados até à medula pela esclerose intelectual, compromissos espúrios e histórias inconfessáveis.
À direita, o desejo de experimentalismo também cresce, obviamente. E onde as novas esquerdas radicais-ecléticas e radicais não avançarem, será uma nova direita radical-eclética a fazê.lo, como temos visto em França
EXCURSO
O artigo do José Manuel Fernandes —Os problemas de Costa não estão nos seus primeiros 100 dias. Estão nos próximos 200— faz um bom diagnóstico da espuma em que o curtido Costa flutua e onde irá necessariamente afogar-se. Não é o antigo ministro de Sócrates que declara que temos que nos habituar às enxurradas?
Bill Gross: "Central Banks Have Gone Too Far In Their Misguided Efforts To Support Economic Growth"
Zero Hedge. Submitted by Tyler Durden on 03/02/2015 08:21 -0500
Em síntese o que diz este artigo:
- que há uma guerra cambial, envolvendo as princiais moedas do planeta: dólar, iéne, euro e yuan;
- que os mesmos países envolvidos na guerra cambial também praticam agressivamente a desvalorização competitiva das suas moedas;
- que a rentabilidade negativa (negative yiels) dos títulos e obrigações soberanas —2 biliões de dólares, só nos EUA— ameaçam a poupança e o investimnto financeiro;
- que a destruição das taxas de juro mata os modelos de negócio financeiro e é crítica para o funcionamento das economias modernas. Os fundos de pensões e as seguradoras são as principais vítimas desta forma duvidosa de prolongar a vida de estados obesos e burocracias parasitárias;
- que juros a taxas zero/negativas estimulam a poupança, retraem o consumo, e prejudicam qualquer crescimento significativo das economias;
- que os bancos centrais continuam a ir longe demais nos seus esforços mal orientados de reanimar as economias.
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