sábado, setembro 22, 2012

Conselho vazio

ASN — "O Povo é Sereno". Para O António Maria

“Cachorro que come ovelha, só morto se endireita.”

O Conselho de Estado de ontem foi um não acontecimento. A saída de Mário Soares antes das 20h00 dá bem a nota da situação. A queda do governo ficou no tinteiro e a remodelação regressou à intimidade decisória do primeiro-ministro. Mas porquê?

Creio ter uma explicação plausível, embora se aproxime de uma teoria da conspiração. Resumindo, foi assim:

  • 28 de setembro de 2011
    • Um ano antes Cavaco Silva critica descida generalizada da TSU (1)
  • 6 de setembro de 2012
    • Draghi obtém apoio do BCE (2) para avançar com uma modalidade híbrida de Obrigações Europeias. As bolsas europeias e americanas disparam, e o euro valoriza, nomeadamente face ao dólar. Cavaco Silva abriu certamente uma garrafa de espumante e chamou os seus colaboradores para desenhar o cerco às duas peças-chave do governo: Pedro Passos Coelho e Vítor Gaspar;
  • 7 de setembro de 2012
    • O PM precipita-se para as televisões, sem reunir o Conselho de Ministros sobre o tema em cima da mesa (avaliação da Troika), comunicando telefonicamente — ao parceiro de coligação, ao presidente da república e ao líder da oposição—, escassas horas antes de receber a RTP na residência oficial, a decisão de “aumentar a contribuição para a Segurança Social exigida aos trabalhadores do sector privado para 18 por cento [e] em contrapartida, descer a contribuição exigida às empresas também para 18 por cento.” O país ficou estarrecido com as medidas e com a forma da comunicação. Da cartola do primeiro ministro, em vez de um coelho, saiu um ciclone. Por esta cronologia se percebe que, sem o anúncio de uma alternativa ao chumbo do TC, a Troika não divulgaria o seu relatório... (3);
  • 11 de setembro de 2012
    • Ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, apresenta resultados da quinta avaliação do programa de assistência económica e financeira. Mas vale mais a pena ler o documento da Troika: “...A aprovação das conclusões da presente avaliação permitirá o desembolso de 4,3 mil milhões de euros (2,8 mil milhões da UE e 1,5 mil milhões do FMI). Estes desembolsos poderão ter lugar em outubro, dependendo da aprovação do Conselho de Administração do FMI, do ECOFIN e do Eurogrupo. A missão conjunta para a próxima avaliação do programa está prevista para novembro de 2012.” (4)
  • 12 de setembro de 2012
    • Tribunal Constitucional Alemão indefere os últimos obstáculos jurídicos levantados à aprovação interna do Mecanismo Europeu de Estabilidade Financeira (MEE), o qual contempla a ajuda condicionada aos países em crise, mas limitando a comparticipação da Alemanha até um teto máximo de 190 mil milhões de euros. Apesar de limitada, é uma vitória dos agarrados à metadona keynesiana (5);
    • Jean-Claude Juncker anuncia que a primeira reunião do MEE se realizará a 8 de outubro próximo no Luxemburgo — o entusiasmo dos keynesianos oportunistas cresce (6);
    • Gaspar reconhece que o défice real, se não forem tomadas medidas adicionais, ultrapassará os 6% — justificando assim a necessidade de medidas mais duras, incluindo implicitamente aquela que fora anunciada pelo primeiro ministro (7);
    • Por recomendação telefónica ou telepática de Cavaco Silva, Manuela Ferreira Leite desfere um ataque mortífero sobre a TSU e sobre o governo chefiado pelo seu colega de partido Pedro Passos Coelho, envolvendo naturalmente Vítor Gaspar: “Não se pode governar com base num acto de fé” e “destroçar” o País, disse numa entrevista à TVI24 que rapidamente se tornou viral nas redes sociais (8);
  • 13 de setembro de 2012
    • Entretanto, António José Seguro ameaça com moção de censura ao governo se este não recuar na TSU, reagindo um dia depois do ataque de Manuela Ferreira Leite, e uma semana depois da comunicação do primeiro ministro (9);
  • 14 de setembro de 2012
    • Confirmação do acordo político para a transferência da 6ª parcela do empréstimo da Troika. Repare-se que é depois deste anúncio que a festa de contestação da coligação vai realmente engrossar e assumir uma dinâmica multipartidária e de massas;
    • António José Seguro reconhece que soube das medidas anunciadas pela boca do primeiro ministro uma hora antes de as mesmas serem divulgadas;
  • 15 de setembro de 2012
    • Pires de Lima demarca-se da TSU e José Manuel Rodrigues defende que funcionamento da coligação está esgotado;
    • Paulo Portas mantém silêncio sobre TSU;
    • O CDS reúne-se no Porto para discutir as medidas de austeridade. Paulo Portas quer saber a opinião do partido e não fala. Vários dirigentes do CDS vieram dizer que o Governo deve recuar na proposta da Taxa Social Única.
    • Entretanto em Berlim... Wolgang Schaueble arrefece expectativas de um recurso imediato ao FEE: “I don’t see that there can be direct recapitalisation through the European Stability Mechanism already by January 1” (The Malaysian Insider);
    • Manifestação nacional sob o lema Que se Lixe a Troika, queremos a nossa vida!, enchem as ruas e praças do país;
  • 16 de setembro de 2012
    • Portas diz que não bloqueou TSU para evitar “crise de Governo” (10);
    • Pedro Passos Coelho terá confessado ao “seu círculo político mais próximo de que estava a ponderar a demissão, pois entendia que a discordância pública do líder do CDS lhe retirava autoridade perante o país para continuar a liderar as difíceis medidas de ajustamento orçamental e maior austeridade – e que, ao mesmo tempo, o líder do CDS acabara de destruir a coesão política do Governo.” (Sol);
    • “Jorge Moreira da Silva apareceu, ao fim da tarde, numa conferência de imprensa, a assumir que «as declarações do líder do CDS não são indiferentes para a coligação e, porventura, para o próprio Governo». Convocando, por isso, reuniões da Comissão Permanente do PSD para segunda-feira e da Comissão Política para quarta-feira, por forma a «analisar de modo muito detalhado» a posição do CDS.” (Sol);
  • 17 de setembro de 2012
    •  Emprego e TSU: estudo realizado por cinco economistas das universidades do Minho e Coimbra diz que TSU vai causar perda de mais de 30 mil empregos (11);
  • 19 de setembro de 2012
    • Wolfgang Schäuble apoia Vítor Gaspar. Num comunicado conjunto saído da reunião que ocorreu em Berlim, o poderoso ministro alemão das finanças e o seu "protégé" afirmaram que os ajustes económicos em Portugal, apesar de dolorosos, estão a dar resultado.  Na minha opinião, este encontro foi decisivo na reorientação tática do governo face à crise, e foi daqui que saiu a decisão de aguentar firme, sem remodelações que dessem mais espaço de manobra a Cavaco Silva, o inspirador, se esta teoria da conspiração estiver certa, da tentativa de golpe de estado presidencialista — destinado a reagrupar as tropas desorientadas do Bloco Central da Corrupção, que, como defendo há muito, capturou o PS, o PSD, o CDS/PP e país. 
    • Depois de esclarecida a posição da Wolgang Schaueble sobre os condicionalismos de acesso e calendário de entrada em funções do novo balcão de metadona financeira que dá pelo nome de MEE, e do apoio direto manifestado a favor de Vítor Gaspar, Cavaco percebeu a mensagem e começou de imediato a desfazer a gigantesca manobra montada a partir do Palácio de Belém.
  • 21 de setembro de 2012
    • Sol revela que “Passos quis mesmo demitir-se” no domingo, dia 16 de setembro, depois das declarações de Paulo Portas. Sol.
    • A reunião do Conselho de Estado é esvaziada de conteúdo depois das palavras de Cavaco Silva em Évora sobre o fim da crise política (Sol).
  • 22 de setembro de 2012
    • O Conselho de Estado reúne-se para coisa nenhuma. Às portas do Palácio de Belém, a manifestação convocada por um grupos de pessoas que assina Que se Lixe a Troika, Queremos as Nossas Vidas, é uma imagem pálida da mobilização de 15 de setembro.
    • Os críticos do governo perdem o pio de repente....

Há uma lição a retirar deste mini-PREC2: a nova liderança do PSD contemporizou com os seguidores caninos de Cavaco e em geral com a corja do Bloco Central da Corrupção, adiando sucessivamente as reformas estruturais recomendadas insistentemente pela Troika, fugindo do necessário confronto com os criminosos rendeiros do regime, deixando-os, sem excepção, confortavelmente instalados, com as rédeas soltas, na esperança de os ver colaborar. A revolução dos tachos, que toda a esquerda apoiou, veio, porém, mostrar que à mínima oportunidade, o cachorro que come ovelha, só morto se endireita!

Os que dentro do PSD e CDS/PP reclamam a substituição dos independentes por gente da casa são, depois do não evento que foi o Conselho de Estado, os maiores aliados de Cavaco Silva e de Almeida Santos, os verdadeiros padrinhos deste regime insolvente e a caminho da bancarrota.

Eu próprio fui iludido durante este Carnaval. Mea culpa :(

A revolta é genuína, mas esteve ao serviço de quê, e de quem?

Um jubileu moderno para os prisioneiros da dívida?

A ideia reparadora do perdão das dívidas, da queima dos livros de contabilidade, da libertação dos escravos e do descanso das terras é muito antiga. Encontra-se, aliás, registada no Antigo Testamento, como transcrição da palavra do Senhor a Moisés no Monte de Sinai.

“E se alguém comprar dos levitas, uma casa, a casa comprada e a cidade da sua possessão sairão do poder do comprador no jubileu; porque as casas das cidades dos levitas são a sua possessão no meio dos filhos de Israel. (Levítico 25:33”)

Resgatar bancos piratas, resgatar grandes, médios e pequenos especuladores, resgatar gatunos? Não! Mas resgatar as pessoas, empresas e governos das suas dívidas, ainda que sob condições, sim!

Esta ideia tem vindo a ser defendida por Steve Keen, um economista australiano adepto da teoria pós-keynesiana de Hyman Minsky, como provavelmente a única solução a que o Capitalismo, mais cedo ou mais tarde, terá que recorrer se quiser evitar uma autodestruição sangrenta.

Em Portugal, porém, antes de chegarmos a esta discussão, é urgente destruir o Bloco Central da Corrupção. Ora eu vi este bloco de interesses em alegre manifestação nestes últimos dias!

A partidocracia elegeu a Troika para bombo da festa, mas as pessoas apupam sobretudo os políticos e os governantes, sem fazer distinção!

A necessidade de garantir a próxima entrada de dinheiro da Troika, perante a manifesta incapacidade do governo de reduzir o défice público para os valores acordados, esteve na origem do desenho e anúncio desastrosos das alterações à TSU. No entanto, nem a Troika propôs a medida, nem, pelo que escreveu no balanço publicado sobre a quinta avaliação, sabia que a diminuição da taxa aplicada às empresas seria compensada com um aumento brutal da mesma taxa aplicável aos trabalhadores! Além do mais, basta ler o referido comunicado —que os opinocratas do regime nunca citam— para perceber até que ponto a Troika insiste nas críticas à impotência do governo perante as rendas excessivas pagas pelos contribuintes aos setores protegidos da economia, e à falta de coragem para reformar estruturalmente a despesa pública.

A transformação da Troika no bombo da festa é, na realidade, uma manobra indecorosa cujo único fim é desviar a atenção pública dos verdadeiros responsáveis pelo colapso financeiro, económico e social do país — os mesmos, aliás, que são incapazes de desistir dos vícios de bem-estar que foram adquirindo ao longo das últimas três décadas.

Um exemplo: Jorge Sampaio (o presidente da república que se opôs à obsessão do défice) é hoje o presidente do Conselho Geral da Fundação Cidade de Guimarães, uma coisa obscura que preside aos destinos da falida Capital Europeia da Cultura de Guimarães, e que não presta contas, apesar de ser uma fundação pública. Houve uns problemas com honorários e mordomias escandalosas que acabariam por dar lugar à saída da anterior presidenta da instituição (confortavelmente indemnizada, claro) e à entrada de um novo personagem chamado João Serra. A notícia do DN sobre esta mudança diz que “João José de Sousa Bonifácio Serra, nascido em 1949, é licenciado em História, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.” E que “entre 1970 e 1978 foi professor do ensino secundário tendo ingressado no ensino universitário como docente em 1979, no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa.” Só não diz que foi também chefe da Casa Civil do ex-presidente Jorge Sampaio. O patrocínio dado a esta remodelação pelo transmontano e escritor de policiais que puseram à frente da secretaria de estado da cultura  também tem que se lhe diga — mas é uma história menor.

E a TSU?

Idealmente, a TSU, o IRS e o IVA deveriam baixar progressivamente, por exemplo 1% em cada ano de duração do programa da Troika, ao mesmo tempo que a sua progressividade fiscal deveria ser melhorada na perspetiva de uma maior solidariedade social e produtividade económica geral.

Por outro lado, estas medidas teriam que ser acompanhadas por incentivos à permanência no país das sedes das empresas que por cá realizam a maioria dos seus investimentos e lucros.

Por fim, deveria ser implementada uma fiscalidade verde que favorecesse a eficiência energética e ambiental da nossa economia.

No entanto, o aperto financeiro do país é tão grande que, a menos que haja um mudança radical na política financeira e orçamental europeia, é difícil baixar as receitas fiscais sem aumentar extraordinariamente o desemprego — um dilema dilacerante para quem governa.

De qualquer modo, sem avançarmos para numa redefinição lúcida das funções do Estado, que implicará sempre —quer seja bem feita, quer não— uma diminuição do peso asfixiante deste Leviatã na economia e na vida das pessoas, o problema da acumulação da dívida é insuperável.

Desde já é preciso atacar o excesso evidente de despesa na Saúde e na Educação. À quebra demográfica, que arrasta consigo a diminuição da população escolar, as burocracias sindicais e partidárias responderam com uma medida suicida: diminuir o tamanho das turmas! É por aqui que teremos que começar a reforma do Estado — introduzindo racionalidade, doa a quem doer! A política do medicamento é outro cancro que tem que ser imediatamente atacado.

Mas há mais:

— as PPPs rodoviária e hospitalares devem acabar quanto antes (é preferível indemnizar os eventuais prejudicados a manter a sangria gatuna que foi montada);

— as fundações pública devem ser, pura e simplesmente, encerradas, sem apelo nem agravo, e as fundações privadas devem deixar de ter subsídios do Estado;

— os observatórios devem ter uma duração limitada estrita e não prorrogável;

— as empresas municipais e regionais devem ser incorporadas nas administrações e orçamentos locais e regionais, imediatamente;

— e no plano europeu, certas políticas de apoio como a PAC devem ser drasticamente reduzidas, pois servem apenas para as regiões agrícolas ricas corromperem e em última análise destruírem as regiões agrícolas pobres, onde os subsídios que chegam são sistematicamente usados para tudo menos para melhorar a competitividade e produção agrícolas locais...;

etc...

A bolha

A maior bolha especulativa oriunda da expansão do endividamento privado e público até hoje registada rebentou em 2008. Desde essa data que os economistas convencionais, os keynesianos oportunistas, os especuladores profissionais, as vítimas —conscientes ou inconscientes— do crédito gerado pelos bancos a partir do nada, e os distraídos consumidores, esperam, desejam e apostam na reflação da dita bolha, e no regresso da Dona Branca. Mas a verdade é que nem já com juros negativos a economia arranca :( Segundo Steve Keen, poderá ser assim até... 2030!

Mais vale mudar de vida!




A mais recente apresentação de Steve Keen sobre o Capitalismo Ponzi


NOTAS
  1. “Na minha opinião, uma redução generalizada da contribuição patronal para a Segurança Social, que teria de ser acompanhada do aumento da taxa do IVA, seria um erro”, afirmou o chefe de Estado, em entrevista à TVI.

    Questionado sobre uma aparente indefinição do Governo quanto à descida da TSU prevista no memorando de ajustamento desenhado pela ‘troika’, Cavaco Silva considerou que uma descida generalizada dessa taxa “não teria o efeito desejado” no aumento da produção e teria um “efeito contracionista”, reduziria o consumo e aumentaria a fraude, lembrando que a taxa máxima do IVA em Espanha é de 18% (contra 23% em Portugal). DN/Lusa.
  2. Draghi gets ECB backing for unlimited bond-buying

    (Reuters) - The European Central Bank agreed on Thursday to launch a new and potentially unlimited bond-buying program to lower struggling euro zone countries’ borrowing costs and dra

    Draghi also said the ECB was prepared to waive its senior creditor status on bonds it purchased - meaning it would be treated equally with private creditors in case of default.

    The central bank hopes that by removing private investors’ concern about being paid back last in the event of a sovereign default, they will not head for the exits if the ECB intervenes and buys bonds.

    The ECB assumed preferred creditor status in Greece’s debt restructuring earlier this year, leaving private investors to suffer a writedown in the value of their Greek sovereign bond holdings while the paper it held was untouched.

    In another potential sop to the Bundesbank, Draghi said all bond purchases would be “sterilized” by taking in an equivalent amount in deposits from banks to avoid any risk of inflation.

    The ECB’s insistence on countries agreeing to strict conditions before it buys their bonds fed doubts about whether Spain would seek help, and led to disappointment with the new ECB bond-buying programme among some investors.

    Draghi said bond buys would be tied to “strict and effective conditionality” and focused on debt maturities up to 3 years.w a line under the debt crisis. Reuters.
  3. Comunicação de Passos Coelho ao país (anúncio de mudanças na TSU)

    “… na decisão do Tribunal Constitucional a lei do orçamento para 2013 deveria conter uma outra combinação de encargos e de sacrifícios que não poderia, no entanto, ser confundida com a igualdade estrita, já que isso equivaleria a tratar de igual modo aquilo que era objetivamente diferente.

    O que propomos é um contributo equitativo, um esforço de todos por um objetivo comum, como exige o Tribunal Constitucional. Mas um contributo equitativo e um esforço comum que nos levem em conjunto para cima, e não uma falsa e cega igualdade que nos arraste a todos para baixo. O orçamento para 2013 alargará o contributo para os encargos públicos com o nosso processo de ajustamento aos trabalhadores do sector privado, mas este alargamento tem diretamente por objetivo combater o crescimento do desemprego. Como sabemos, é esta a grande ameaça à nossa recuperação e é esta a principal fonte de angústia das famílias portuguesas. Foi com este duplo propósito que o Governo decidiu aumentar a contribuição para a Segurança Social exigida aos trabalhadores do sector privado para 18 por cento, o que nos permitirá, em contrapartida, descer a contribuição exigida às empresas também para 18 por cento. Faremos assim descer substancialmente os custos que oneram o trabalho, alterando os incentivos ao investimento e à criação de emprego. E fá-lo-emos numa altura em que a situação financeira de muitas das nossas empresas é muito frágil.” Público.
  4. Declaração da troika sobre a quinta avaliação em Portugal. É mencionada, sem usar a designação, e como medido do governo, a descida da TSU aplicada às empresas, mas nada é dito sobre medida similar aplicável aos trabalhadores.

    “Equipas da Comissão Europeia (CE), do Banco Central Europeu (BCE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI) estiveram em Lisboa de 28 de agosto a 11 de setembro para a quinta avaliação trimestral do programa económico de Portugal.”

    “...o aumento do desemprego, a redução do rendimento disponível e uma deslocação das bases de tributação para atividades com menor tributação estão a ter consequências na cobrança de impostos.”

    “Neste contexto, as opções políticas têm de conseguir um equilíbrio entre progredir no ajustamento orçamental necessário e evitar a pressão excessiva sobre a economia. Continua a ser crucial a realização de progressos nas reformas estruturais...”

    “...Embora o comportamento da despesa em 2012 seja melhor do que o estimado no orçamento, as receitas são significativamente inferiores às previstas. A fim de permitir o funcionamento parcial dos estabilizadores orçamentais automáticos, os objetivos do défice foram revistos em alta para 5% do PIB em 2012 e de 3% para 4,5% em 2013. O objetivo do défice para 2014, de 2,5% do PIB, mantém-se abaixo do limiar de 3% estabelecido pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento. Esta trajetória revista permitirá ao governo conceber e aplicar medidas orçamentais estruturalmente sólidas e, ao mesmo tempo, aliviar os custos económicos e sociais do ajustamento orçamental a curto prazo.”

    “... No âmbito das medidas destinadas a compensar a decisão do Tribunal Constitucional sobre os cortes nas remunerações do setor público e nas pensões, o governo tenciona também reduzir as contribuições para a segurança social das entidades patronais, o que irá melhorar a competitividade e apoiar o emprego. Serão tomadas medidas para atenuar o impacto negativo sobre os trabalhadores com baixos rendimentos.”

    “... Estão previstas mais reformas, nomeadamente através de uma revisão geral do regime de concessão de licenças, para aumentar a concorrência, reforçar o contexto empresarial, melhorar a eficiência e reduzir as rendas excessivas nos serviços e indústrias de rede.

    “...A aprovação das conclusões da presente avaliação permitirá o desembolso de 4,3 mil milhões de euros (2,8 mil milhões da UE e 1,5 mil milhões do FMI). Estes desembolsos poderão ter lugar em outubro, dependendo da aprovação do Conselho de Administração do FMI, do ECOFIN e do Eurogrupo. A missão conjunta para a próxima avaliação do programa está prevista para novembro de 2012.” Público.
  5. Decisão do Tribunal Constitucional Alemão
  6. Governadores do novo Mecanismo Europeu de Estabilidade reúnem-se a 8 de Outubro

    “Tenciono convocar a reunião inaugural do conselho de governadores do MEE à margem da reunião do Eurogrupo de 8 de Outubro no Luxemburgo”, anunciou Jean-Claude Juncker, numa declaração divulgada em Bruxelas. Público.
  7. Austeridade adicional de 1,6 mil milhões em 2013 para corrigir desvios. i online.

    Vítor Gaspar reconhece défice real superior a 6%

    Vítor Gaspar explicou esta manhã, numa reunião com os deputados do PSD e do CDS, que o défice real deste ano, sem medidas extraordinárias, ficaria acima dos 6%. Ora, como a tolerância admitida pela a troika foi apenas até os 5% este ano e os 4,5% no ano que vem, o Governo teve de pedir sacrifícios suplementares, disse o ministro das Finanças. Expresso.
  8. Manuela Ferreira Leite critica fortemente a decisão do governo de coligação PSD-CDS/PP. TVI24.

    Ferreira Leite arrasa Gaspar: “Não se pode governar com base num acto de fé” e “destroçar” o País

    “Manuela Ferreira Leite deu esta noite uma entrevista à TVI24, onde lançou duras críticas às medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, centrando a reprovação na intenção do Governo em agravar a contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social, por contrapartida à descida da taxa social única das empresas para 18%.

    “Onde é que isto nos conduz?”, questiona Ferreira Leite, alertando para a necessidade de o Governo fazer uma análise e apresentar estudos sobre as medidas que pretende implementar e depois efectuar uma comunicação aos portugueses para dizer como estará o País em 2014.” Jornal de Negócios.
  9. “Há uma linha que separa a austeridade da imoralidade”, disse Seguro. TSF.
  10. O líder do CDS-PP, Paulo Portas, afirmou hoje que discordou da medida da TSU e defendeu “outros caminhos”, explicando que não bloqueou a decisão para evitar uma crise nas negociações com a ‘troika’ e uma “crise de Governo”. Jornal de Negócios.
  11. Emprego e TSU: Estudo diz que TSU vai causar perda de mais de 30 mil empregos

    Da Conclusão

    Em Setembro de 2012, o governo português propôs uma redução da contribuição para a Segurança Social das empresas de 5,75 pp e um aumento das contribuições dos trabalhadores de 7 pp. O principal argumento usado para promover esta medida foi o de promover o emprego.

    Neste trabalho, analisámos de um ponto de vista teórico e empírico, o impacto no emprego deste tipo de mudanças nos descontos para a Segurança Social. O modelo teórico levou-nos à conclusão de que os impactos são ambíguos.

    Para desenvolver a estratégia empírica, coligimos dados para 25 países da OCDE para o período 1982-2009. A escolha das variáveis seguiu de perto as sugeridas por Mooij e Keen (2012), que fizeram um estudo similar para uma política em que a redução dos descontos das empresas é compensada por um aumento do IVA.

    Os principais resultados a que chegámos apontam para uma quebra no emprego e um aumento do desemprego de longa duração decorrentes de um aumento dos descontos dos trabalhadores. Este efeito negativo no mercado de trabalho não é compensado por qualquer efeito positivo da redução dos descontos das empresas.

    Os resultados do modelo que estimámos não corroboram os impactos no emprego esperados pelo governo em resultado das políticas anunciadas para a TSU.

    Luís Aguiar-Conraria, Fernando Alexandre, Pedro Bação, João Cerejeira, Miguel Portela

Última atualização: 23 setembro 2012 16:38

sexta-feira, setembro 21, 2012

Os assassinos de Portugal

Isto não é uma fantasia da Blogosfera, é um mapa da UE !
 
É o comboio, estúpidos!

El vicepresidente de la Comisión Europea aboga por un mercado único para el ferrocarril

Según Kallas, la dificultad para acceder a la red es una de las barreras más importantes para el desarrollo del ferrocarril en Europa

Siim Kallas, vicepresidente de la Comisión Europea, ha abogado en Innotrans, la feria internacional de transporte que concluye hoy en Berlín, por un “un mercado único para el ferrocarril. Por ejemplo, debería ser posible construir trenes que sólo necesiten una aprobación para circular por Europa. Éste debería ser un derecho básico”.

Via Libre, 21 set 2012

Governo de Passos Coelho e Gaspar deitaram à rua 1000 milhões de euros, ao abandonar ou adiar sine die o projeto já aprovado e contratado (!) de construção da linha ferroviária de Alta Velocidade, em bitola europeia, para passageiros e mercadorias, entre Pinhal Novo-Poceirão e o Caia (Badajoz)

Bruxelas já deixou bem claro, ao governo português, a sua posição sobre a ligação de Portugal à rede espanhola e desta às redes europeias de transporte ferroviário interoperável: o dinheiro disponível para este fim, que é muito, não é transferível para novos aeroportos — e portanto, o Bloco Central da Corrupção Alargado (PS, PSD, CDS, PCP), que alimenta a partidocracia vigente e parasitou o país até à pré-bancarrota em que estamos, terá que desfazer-se dos investimentos especulativos e mediáticos que tem vindo a fazer em volta do embuste imobiliário do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) —que era para ser na Ota, e depois em Alcochete—, e terá que deixar de boicotar os sucessivos governos em matéria da prioridade ferroviária e portuária.

Portugal tem aeroportos que cheguem para as suas necessidades, tanto mais que a demografia do país está em queda, e o futuro do transporte aéreo de massas, nomeadamente turístico, é mais do que incerto se avaliarmos os impactos negativos crescentes do pico petrolífero e das alterações climáticas sobre a sustentabilidade deste modo de transporte.

Além do mais, as principais companhias que trouxeram um mini boom turístico a Portugal, ao longo dos últimos anos, são as chamadas Low Cost (1), ou seja, precisamente o tipo de companhias que não precisa, não quer, e abomina novos aeroportos, pois apenas precisa de antigos aeródromos militares recauchutados para fazer bem o seu serviço, e no caso português adoram as vantagens óbvias oferecidas pela Portela, por Faro e pelo aeroporto Sá Carneiro.

As pessoas querem viajar barato, e estão-se nas tintas para as caríssimas e já insustentáveis ditas cidades aeroportuárias — defendidas nomeadamente pelo adiantado mental que recomendou (e cobrou bem por isso) a construção do aeromoscas de Beja!

O transporte aéreo já está a sofrer à escala mundial constrangimentos económicos e fiscais (por causa das emissões de CO2 equivalente) sucessivos e cada vez mais sérios.

A interoperabilidade entre as redes ferroviárias e a ligação destas aos portos atlânticos e mediterrânicos é pois a prioridade das prioridades em matéria de transportes na União Europeia. E é para aqui que vai o dinheiro. Não vai para aeroportos, e muito menos para aeromoscas!


Basta comparar as verbas atribuídas à ferrovia com as destinada a aeroportos para vermos até que ponto é criminosa a política de transportes dos sucessivos e corruptos governos do Bloco Central Alargado (PS, PSD, CDS, PCP)

O abandono, ainda que temporário, do projeto aprovado de ligação Poceirão-Caia, por decisão do ainda primeiro ministro e do ainda ministro das finanças —dois ignorantes em matéria de transporte, mas muito sensíveis à máfia do NAL—, significou a perda de 800 milhões de euros de investimento comunitário a fundo perdido no nosso país, significará indemnizações ao consórcio Elos, que ganhou o contrato de construção da linha Poceirão-Caia na ordem dos 170 milhões de euros, significará custos jurídicos de vários milhões de euros, significará uma perda de oportunidade de criação de novos empregos e de importação/desenvolvimento de tecnologias inovadoras (em matéria de ferrovia, eletrificação e sinalização da rede, material circulante e serviços complexos) de várias milhares de milhões de euros. Para a Autoeuropa, por exemplo, a falta de ligação ferroviária em bitola europeia entre Palmela e o Porto de Setúbal, e entre Palmela, Espanha e o resto da Europa induz sobre custos na ordem dos 15% (2). O mesmo problema de competitividade terá a fábrica de aviões e de componentes aeronáuticos, a Embraer, que hoje inaugurou em Évora (3).

Ou seja, um verdadeiro crime cometido pelas criaturas que meteram o PSD, o CDS e o PS no bolso.


NOTAS
  1. Ryanair, easyJet y Air Berlin transportan más de la mitad de los pasajeros internacionales en EspañaExpansión, 17 set 2012.

    É por esta e por outras (a astronómica dívida da TAP) que a IAG (Iberia+British Airways) desistiu de concorrer à privatização da TAP? E é por esta e por outras que o aeroporto de Ciudad Real faliu antes de ganhar velocidade de cruzeiro, e o embuste do NAL da Ota em Alcochete jamais terá viabilidade económica!

    Air Canada a besoin de personnel
    Le transporteur aérien prévoit embaucher 1100 personnes d’ici 12 mois

    Air Canada a indiqué jeudi qu’il devrait employer environ 1100 personnes de plus au cours des 12 prochains mois pour répondre à ses objectifs en matière de main-d’oeuvre, incluant quelque 200 employés pour son projet de transporteur à bas prix. — Le Devoir, 21 set 2012.

    Air Canada to outline low cost carrier plans soon. CBCNews, 19 set 2012.

    Air Canada lanzará una low cost que volará a Europa. Aviação Brasil, 27 ago 2012.

    COMENTÁRIO: a Blogosfera vem defendendo que a TAP faça um spin-off prévio à privatização, alienando a unidade brasileira TAP Maintenance&Engineering, vendendo a Groundforce (operação já realizada), e criando uma Low Cost dedicada à Europa. Vamos ver o que sucede...
  2. Autoeuropa apresenta os melhores resultados dos últimos cinco anos. RTP, 27 set 2011.
  3. Fábricas de Évora da Embraer inauguradas hoje na presença do Presidente da República. RTP, 21 set 2012.

Última atualização: 21 set 2012 16:07

quinta-feira, setembro 20, 2012

PREC2 a caminho?

Ao centro, de pé, Ilda Pulga, modelo dos primeiros bustos da República Portuguesa, entre colegas costureiras.
Foto: autor e data desconhecidos

A Caixa de Pandora abriu-se, e continua aberta!

CONVOCATÓRIA

21 de Setembro | 18 h Jardins do Palácio | Belém Concentração: Reunião do Conselho de Estado

No dia 15 de Setembro o país tomou as ruas para dizer BASTA!, naquelas que foram as maiores manifestações populares desde o 1º de Maio de 1974. Exigimos o rasgar do memorando da Troika e a demissão deste governo troikista.

Se o governo não escuta, que escute o Presidente da República e o seu Conselho de Estado. Não é não!

Não queremos apenas mudanças de nomes, queremos mudanças de facto. A 21 de Setembro iremos concentrarmo-nos junto ao Palácio de Belém para demonstrar que 15 de Setembro não foi uma mera catarse colectiva, mas um desejo extraordinário de MUDANÇA DE RUMO! A Luta Continua!

Que se Lixe a Troika! Que se Lixem os Troikistas! Queremos as Nossas Vidas!

Se tivermos em conta que o esforço fiscal exigido pela Troika irá agravar-se até 2015, dos 973 euros por pessoa, agendados para 2012, até aos 1950 euros, em 2015, percebe-se bem que o processo de destruição da classe média e de empobrecimento acelerado da população em geral (salvo os 10% mais ricos), nomeadamente através da destruição de centenas de milhar de empregos, e de pequenas empresas, é não só explosivo, como poderá desembocar rapidamente num novo, embora certamente diferente, PREC!

Por Processo Revolucionário Em Curso 2 (PREC2) entender-se-à desta vez um ciclo de instabilidade institucional e governativa sem precedentes desde 1974-75, num país falido, que não pode criar dinheiro, nem mexer nas reservas de ouro que ainda tem, e que acumulou uma dívida que não só não pára de crescer, como já é virtualmente impagável —nomeadamente por efeito dos juros compostos que tem que pagar pela mesma e pela incapacidade de reformar um Estado tentacular.

A Segurança Social engoliu fundos de pensões dos CTT, ANA e Imprensa Nacional, da Portugal Telecom e Marconi, do BCP, da Caixa Geral de Depósitos e do Banco de Portugal, entre outros. Com isto fez reduções cosméticas do défice público, esquecendo que ao mesmo tempo e por esta via contraía novas e mais pesadas responsabilidades que muito rapidamente iriam sobrecarregar o mesmo défice —e o grau de insolvência do  país, a partir do momento em que deixar de ser capaz de pedir dinheiro emprestado a preços toleráveis.

Por outro lado, o setor empresarial do Estado (CP-Refer, Metro de Lisboa e Metro do Porto, TAP, Águas de Portugal, empresas regionais e municipais diversas, etc.) e as ditas Parcerias Público Privadas, que parecem resistir a todas as tentativas de reforma democrática —tal é a resistência dos interesses instalados—, atiram o endividamento público português para níveis completamente insustentáveis. Dívidas de curto prazo derivadas deste poço terão certamente estado na origem da folha de cálculo que Vítor Gaspar mostrou a Passos Coelho, e que desencadeou a apressada e desastrosa comunicação do primeiro ministro sobre o assalto sem precedentes aos rendimentos do trabalho por via de uma mudança abrupta da Taxa Social única (TSU).

Como se aproximam eleições autárquicas, nada se fez em matéria de redução do número de municípios, sobretudo nas cidades-região de Lisboa e Porto, embora se atacasse de forma despudorada o único segmento da administração pública com custos insignificantes para a despesa pública: as freguesias rurais. Quando tanto precisamos destas levíssimas extensões do Estado, num país que arde e se despovoa, o que vimos foi uma tentativa indecorosa de matar freguesias rurais em troca da reforma a sério que o poder local redundante das cidades precisa, mas recusa, forçando todos os partidos com assento parlamentar a nada fazer.

Já a pensar nestas eleições, e com as sondagens debaixo do nariz (onde a abstenção não conta!), Paulo Portas resolveu apunhalar a coligação. O povo furioso com o anúncio de mais austeridade desceu à rua. Passos de Coelho pensou, e quis demitir-se. Hoje, muito provavelmente, haverá remodelação do governo, prévia à reunião do Conselho de Estado de amanhã. Mas o governo também pode cair esta madrugada. E neste caso, Cavaco amanhã terá muito mais que fazer do que uma prova oral a Vítor Gaspar.

Se o governo cair, tal significará que os dois protagonistas da coligação já nada têm a dizer um ao outro, e que ambos rejeitaram a hipótese de renovar o governo. Nesta hipótese, não vejo como evitar eleições gerais antecipadas.

Mas a questão de fundo é outra!

Que poderão as forças partidárias que fizeram este regime, conhecidas que são as suas degenerescências burocráticas e as dependências insuperáveis, fazer para conduzir Portugal a superar uma tão grave crise, de que são aliás, em boa parte, responsáveis?

A democracia portuguesa degenerou numa rede intrincada de interesses financeiros especulativos, económicos e partidários, corrompida até às entranhas, e ingovernável. O preço da destruição criminosa do bem comum é a situação de protetorado em que nos voltámos a encontrar perante os credores. Os responsáveis desta queda no abismo, porém, fazem tudo o que podem para escapar a uma merecida e exemplar punição. Afirmam que perder eleições é suficiente. Mas não é!

Tal como na Islândia, também em Portugal devemos julgar os principais responsáveis pela bancarrota do país. Desde logo é preciso sentar no banco da Justiça o anterior primeiro ministro, José Sócrates.

E a Assembleia da República, enquanto epicentro da corrupção que destruiu o país, também deverá ser julgada e punida. Só que neste caso, o processo terá que ser outro.

A solução para eliminar este quisto inchado da nossa democracia deveria passar por UMA NOVA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE e por uma OUTRA CONSTITUIÇÃO.

Não é difícil iniciar este processo de forma democrática. Basta convocar um referendo e perguntar aos portugueses se querem ou não outra Constituição.

A alternativa a esta metamorfose democrática e pacífica do regime não é difícil imaginar. Creio mesmo que os mais interessados na balbúrdia já estarão a investir na rua.

Que se lixe a Troika é uma consigna forte e com algum sentido estratégico, sobretudo no momento em que as questões europeias ganham uma direção mais mutualista, e ao mesmo tempo se complicam. A crise da dívida soberana já começou a morder a França, agravar-se-à em breve no Reino Unido, e a Alemanha também já não conseguirá escapar, no mínimo, às ondas de choque que se avolumam.

Neste sentido, a pressão de milhões de europeus desempregados, espoliados e sem dinheiro acabará por formar uma mole imensa de protestos e exigências, por vezes contraditórios, mas que confluirão para um ponto: NÃO PAGAR! No entanto, os que andam mais atentos a estas coisas sabem que um perdão da dívida convencional conduziria, por exemplo, ao colapso de boa parte dos fundos de pensões, e a outras consequências eventualmente trágicas.

Há, porém, quem defenda uma solução.

Para o economista australiano Steve Keen, um Jubileu Moderno da Dívida seria uma solução rápida, eficaz e realista para anular a impagável dívida dos governos e das pessoas sobre endividadas. Em vez de dar dinheiro inutilmente aos bancos e fundos de especulação, que estes voltam a colocar nos bancos centrais por receio de financiar a economia, ou continuam a espatifar no casino dos derivados, ou, na melhor das hipóteses, adquirem dívida soberana (enquanto acreditam nas garantias), os governos deveriam resgatar as dívidas das pessoas e empresas, deixar cair os bancos em dificuldades, nacionalizar temporariamente o sistema financeiro e proceder, enfim, ao restart do sistema!

Significa isto que os governos e os partidos poderão continuar a gastar e a roubar como até aqui? Claro que não!

Novo governo?

Gémeas desavindas. Braga.
Foto©Dear Ze


Governo PSD-CDS/PP: REMODELAÇÃO A CAMINHO !

Menos do que isto entalaria o CDS/PP, pois se Paulo Portas tem que desdizer o que disse, em que ficamos? É ou não contra as mudanças anunciadas na TSU? Houve ajustamentos na medida? Mas sempre estiveram previstas! Recua, portanto no que disse, não é senhor Portas? E aqui, das duas uma, ou há remodelação do elenco governamental, ou o governo cai, né?

Ainda a Manif do 15-S

Adriana Xavier abraça um polícia chamado Sérgio na Manif de 15 de seembro
Foto©Reuters/Jose Manuel Ribeiro

O amor que desarma a força :)

Tem 18 anos, é de Lagos e nunca tinha ido a uma manifestação. Não acredita em partidos, nem no dinheiro — “O dinheiro só gera maus sentimentos, só gera ódios.” Adriana Xavier é o nome da jovem que no sábado saiu à rua naquele que foi o seu primeiro protesto. As câmaras dos fotógrafos apanharam-na em frente aos escritórios do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Lisboa, num ambiente de tensão. Havia manifestantes a atirar tomates. Um petardo tinha rebentado havia pouco. Adriana aproximou-se de um polícia e abraçou-o — in Público, 17-9-2012.

Uma adolescente algarvia rouba um sorriso a um polícia de choque na mais inesperada e inconveniente situação: uma gigantesca arruada contra a Troika, contra o governo, contra a austeridade. Como foi possível? Ora bem, socorrendo-se de uma energia tão ao mais irresistível que o ódio: o amor à primeira vista! 

Esta foto, que a Reuters imediatamente comprou a José Manuel Ribeiro, correu mundo. No fundo, Portugal tem uma imagem de marca em matéria de revoluções, pelo menos desde a revolução que acabou com ditadura de Salazar e Caetano (1926-1974): preferimos flores e beijos a destruir as montras da Prada.

Há quem escreva que isto se deve à nossa ingenuidade inculta, à falta de mundo, à subserviência perante os mais fortes que sempre nos roubaram como se não fossemos da mesma carne e da mesma terra. Eu creio bem que não. É precisamente por termos barbas compridas, longos cabelos, olhos de amêndoa, nariz que baste, e muito mundo —todo o mundo!— que antes de agirmos com dureza preferimos esperar, mostrar a irritação em estado puro, sem palavras de ordem programáticas, sem partidos, sem sindicatos, sem clubismo. Estamos todos, ou quase todos muito chateados, e fomos no passado dia 15 de setembro manifestar isto mesmo perante o mundo, mandando recado pela Troika.


Adriana e Sérgio. Afinal o polícia até poderia morar no mesmo bairro...
Foto: autor desconhecido

Um povo tão escasso como o português, como teria alguma vez conseguido criar um império, se não fosse através do amor? Camões percebeu-o plenamente, sobretudo quando abominou para todo o sempre o assassínio político de Inês de Castro. Que levas nessa mochila?! São rosas brancas, amigo :)

quarta-feira, setembro 19, 2012

Em nome de Keynes?

Fausto de Goethe, no filme dirigido por F.W. Murnau: "Faust - Eine deutsche Volkssage", Alemanha, 1926.

Dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse Financeiro a uma Europa reforçada, e a tentação de Fausto

Beijing hints at bond attack on Japan
A senior advisor to the Chinese government has called for an attack on the Japanese bond market to precipitate a funding crisis and bring the country to its knees, unless Tokyo reverses its decision to nationalise the disputed Senkaku/Diaoyu islands in the East China Sea.

By Ambrose Evans-Pritchard. The Telegraph, 8:31PM BST 18 Sep 2012
Debt crisis: central bank action is work of the devil, says Germany's Jens Weidmann
Jens Weidmann said that efforts by central banks to pump money into the economy reminded him of the scene in Faust, when the devil Mephistopheles, “disguised as a fool”, convinces an emperor to issue large amounts of paper money. In Goethe’s classic, the money printing solves the kingdom’s financial problems but the tale ends badly with rampant inflation.

By Louise Armitstead, Chief Business Correspondent. Telegraph, 5:56PM BST 18 Sep 2012

O QUE MUDOU NAS ÚLTIMAS SEMANAS NA EUROPA... E EM PORTUGAL

BCE mais forte, mutualização parcial dos riscos soberanos sistémicos, maior coerência comunitária nas políticas fiscais e orçamentais e correspondente reforço dos mecanismos de supervisão e aprovação sucessiva, atuações de tipo keynesiano à escala europeia (ex: rede de mobilidade sustentável para pessoas e mercadorias, com prioridade já assumida pela ferrovia europeia interoperável e pelo transporte marítimo e fluvial) e ainda, criação dos primeiros corpos e comando estratégico de uma defesa militar europeia comum, agora que a América se afasta inexoravelmente do Reino Unido —nomeadamente pelo escândalo sem precedentes associado às falcatruas da City Londrina nas chamadas operações de "re-hypothecation"— e do resto da Europa, deixando a NATO num limbo de ineficácia crescente.

Consequência: não há mais lugar para a dupla Passos Coelho-Vítor Gaspar, nem para Paulo Portas. Ou seja, é necessário formar e dar posse a outro governo PSD-CDS.

Mário Soares tem a intuição certa sobre a presente crise governamental ao sugerir uma mudança de governo. O Presidente da República pode e deve promover a metamorfose da coligação.

 A AUSTERIDADE EUROPEIA E A TENTAÇÃO DE KEYNES

Custo da austeridade nos vários países europeus onde programas explícitos de austeridade constam das propostas para os orçamentos públicos para 2012 — segundo a AFP, baseada em cifras do Eurostat, Insee e OCDE. Clicar na quadro para ampliar. Ver mapa.

A expansão da massa monetária, do aparelho de estado, do emprego não produtivo, e sobretudo do paternalismo governamental, com base em investimentos públicos suportados por cargas fiscais crescentes e saldos orçamentais e das balanças de capital e de pagamentos negativos, não é uma agenda que John Maynard Keynes (1883-1946) pudesse subscrever inteiramente, na medida em que Keynes encarou o cenário da intervenção do Estado em países onde o potencial produtivo e de exportações e a dimensão interna das economias são suficientes para gerar a riqueza e a poupança necessárias à superação das depressões e recessões que ciclicamente ocorrem, nomeadamente por efeito da inovação tecnológica e das assimetrias de preços dos bens e serviços que circulam através do comércio mundial.

Acresce que a estes dois factores de desequilíbrio verificados ao longo das últimas duas décadas, fruto de uma fuga em frente face aos efeitos do abandono progressivo da produção industrial e consequente destruição de empregos produtivos, a par da perda de competitividade e desvalorização do emprego associado a uma massa crescente de desempregados de longa duração e empregos burocráticos, tanto nos EUA como na Europa, levou-se a cabo um processo selvagem de globalização comercial e financeira destinado sobretudo a obter, pela via da especulação financeira e da sobre-exploração do trabalho global, uma compensação pelos rendimentos decrescentes nas sociedades ricas e desenvolvidas, mas onde o instalado círculo vicioso do bem estar social, do consumismo desmiolado e da suposta educação permanente acabaria por empurrar-nos para uma situação de debilidade estrutural silenciosa, mas a longo prazo fatal.

A liquidez dos Estados Unidos e da Europa é uma liquidez cada vez mais rarefeita que os emergentes “criadores de riqueza” tendem a descontar nas suas transacções comerciais, usando a enorme acumulação de dólares, de euros, mas também de outras divisas (rublos, pesos argentinos, ienes…), a par do ouro, para adquirir ativos mais sólidos e recursos futuros, nomeadamente, direitos de exploração no campo da energia, dos transportes e dos recursos naturais, com especial destaque para os alimentares. Basta olhar para as compras externas da China, sobretudo na América do Sul e África, mas também já na Europa e nos Estados Unidos, para avaliarmos o alcance potencialmente destrutivo dos desequilíbrios mundiais, que não param de crescer.

Uma agenda keynesiana não é possível no quadro da globalização em curso, na medida em que esta é uma globalização assimétrica: os países ricos e desenvolvidos empobrecem pela via da destruição das suas classes médias, da destruição de milhões de empregos e pela redução abrupta do consumo, alimentado durante décadas por vantagens financeiras e monetárias especulativas, enquanto os ditos países emergentes, ao mesmo tempo que superam atrasos económicos, sociais e tecnológicos de décadas, sugam, por assim dizer, uma a uma, décadas, se não séculos, de acumulação de riqueza ocidental, comprometendo a viabilidade dos mercados de trabalho na Europa, nos Estados Unidos e até já nos próprios países emergentes —pela  mesma via tecnológica que eliminou milhões de postos de trabalho nos EUA e na Europa ao longo dos últimos quarenta anos, substituindo-os por uma nova massa assalariada com direitos sociais decrescentes, a que já se convencionou chamar precariado!

Está em curso, pois, uma tentativa inédita de levar as ideias de Keynes à economia global — mas com resultados que são opostos aos esperados!

Os exercícios em curso nos EUA e na União Europeia vão neste sentido, mas a sua originalidade é suicida. A liquidez gerada perde-se no buraco negro dos derivados financeiros especulativos (OTC), não chegando à economia, ao mesmo tempo que deixa os bancos em quarentena, coloca as empresas em situação cada vez mais complicada, e lança no desemprego vagas sucessivas de milhões de pessoas.

Assim, os países que foram caindo na armadilha do endividamento estão a ser tratados, por exemplo, no interior da União Europeia, não como partes efectivas de economias regionais com uma só moeda, mas como países estrangeiros! Desta forma, o nó que aperta hoje as economias grega, espanhola, irlandesa e portuguesa de forma intolerável é o oposto de uma receita keynesiana.

Os Estados Unidos acabam de anunciar o seu terceiro programa de expansão monetária (Quantitative Easing 3). A União Europeia, se quiser manter o euro, parece também não ter outra alternativa diversa desta espécie de redução do peso do endividamento pela via da inflação geral dos preços subsequente a uma tal forma de desvalorização da moeda. Vai pois pelo mesmo caminho dilemático.

O prolongamento das metas dos Memoranda da Troika, na Grécia, como em Portugal, assim como as facilidades mitigadas dadas até agora à Espanha, vão neste mesmo sentido.

O FMI e os Quatro Cavaleiros do Apocalipse Financeiro (JP Morgan, Bank of America, Citi, Goldman Sachs) apostam nesta forma de keynesianismo puramente financeiro, pretendendo assim reduzir administrativamente o valor das dívidas americana e europeia (haircut at large) aos credores e fornecedores internacionais, ao mesmo tempo que acreditam ser capazes de tapar com sucessivos maremotos de massa monetária o buraco negro dos Derivados. Veremos se o capitalismo de estado americano é mesmo keynesiano, ou apenas um estratagema destinado a salvar os Quatro Cavaleiros do Apocalipse residentes em Wall Street.

Quanto à União Europeia, terá que conseguir a quadratura do círculo, ou morrer na praia.

Ou seja, à medida que for forçada pelas circunstâncias a embarcar num programa keynesiano de expansão da massa monetária destinada a diminuir o peso das dívidas soberanas no interior da União, ou é ao mesmo capaz de implementar mecanismos de convergência orçamental, fiscal e de supervisão favoráveis a uma maior coerência económica, institucional e financeira em todo o espaço comunitário — ou o baralho do Euro ruirá com enorme estrondo.

PORTUGAL

Basta olhar atentamente para o quadro de austeridade europeia acima publicado [clicar na imagem para ampliar] para intuir a dor e o caos político e social que temos pela frente. Se não erguermos desde já barreiras de contenção ao terrorismo fiscal em curso, e que promete aumentar de intensidade, se não trabalharmos com coragem na emenda do regime degenerado que deixámos crescer à nossa volta como um campo de ervas daninhas, espera-nos o desastre — pela certa!

Mas também, sem um empurrão de fora, dificilmente conseguiremos derrotar os cleptocratas, os monopólios, as corporações e as burocracias privilegiadas pela captura que há muito realizaram do degenerado regime democrático que temos.

A reforma do nosso regime constitucional, absolutamente necessária e inadiável, exige sinais claros vindos de Bruxelas e de Frankfurt — para que o povo, as classes médias e uma parte das elites que não pertence à cleptocracia, possam reunir esforços suficientes para mudar de hábitos e de vida.

Precisamos de UMA NOVA CONSTITUINTE,  de OUTRA CONSTITUIÇÃO e de uma QUARTA REPÚBLICA !

A TAP depois da TAP

Chegada do "C-47A" Dakota, com as cores primitiva da TAP, ao Museu do Ar, Sintra.

Quanto dá por ela? Um euro :(
Avisámos vezes sem conta que isto iria suceder...

Avianca Taca desiste de concorrer à privatização da TAP
Jornal de Negócios 18 Setembro 2012 | 17:21

A Avianca Taca garantiu, em declarações à Bloomberg, que não irá avançar com uma proposta para concorrer à privatização da TAP.

O Negócios havia apurado que dos nove grupos que tinham recebido a informação sobre a TAP, apenas três avançaram com oferta não vinculativa para participar na privatização da companhia.

O Grupo IAG [Iberia+British Airways] confirmou que analisou "com mais detalhe" e desistiu de concorrer à privatização da TAP.

Uma vez que nem os chineses, nem os árabes, nem os colombianos, nem os angolanos onde os houvesse com know how técnico, podem tomar a maioria do capital da TAP, por imposição da legislação comunitária aplicável, resta uma única hipótese, desde sempre aqui apontada como provável: a Lufthansa.

Só que se eu fosse a Lufthansa exigiria aos nossos governantes e à corja que o rodeia (1) a declaração prévia e oficial de falência da TAP, ou um radical spin-off da companhia antes de chegar ao caderno de encargos (que ainda não existe!)

Fernando Pinto, CEO da TAP, já deveria ter sido demitido e submetido a inquérito, nomeadamente por uma dessas alegres comissões parlamentares que ultimamente se formam para tudo e para nada, mas de onde invariavelmente nada sai de útil. Talvez agora, depois do 15-S, houvesse mais produtividade nas inquirições.


ÚLTIMA HORA

Pilotos preocupados com desistências na privatização da TAP
Por Raquel Almeida Correia, Públicos (edição impressa)

Sindicato diz que o Governo deve responsabilizar a administração da empresa.
Colombiana Avianca e grupo IAG fora da corrida

Os mais recentes desenvolvimentos na privatização da TAP estão a deixar os pilotos preocupados. Para estes trabalhadores, que reclamam ter direito a uma participação no capital da transportadora aérea, as desistências do grupo IAG e da colombiana Avianca Taca mostram que a companhia nacional “tem mais problemas do que aqueles que são dados a conhecer aos portugueses”. Restam três investidores na corrida à compra da TAP, que o Governo quer fechar este ano.

[...]

Ontem foi a vez da colombiana Avianca Taca declarar oficialmente o recuo. A empresa, detida pelo milionário Germán Efromovich, afirmou que “não está interessada e não vai participar, directamente ou através de qualquer uma das suas subsidiárias, no processo de privatização”. O Diário Económico noticiou que Efromovich se mantém na corrida, mas através da holding que controla, o Synergy Group. Será, por isso, um dos três investidores que passarão à próxima fase - a da apresentação das propostas finais.

[…]

Para os pilotos, a venda do grupo não pode acabar “na oferta da empresa a um qualquer operador internacional, tendo em consideração a situação paupérrima a que a administração actual conduziu a TAP e que tornou a privatização uma incontornabilidade e não uma opção do Governo”.

E mais :(

IAG, Lufthansa out of Race for Portuguese Airline TAP
The Wall Street Journal, 17 set 2012

LISBON--International Consolidated Airlines Group SA (ICAGY, IAG.MC, IAG.LN) and Deutsche Lufthansa AG (DLAKY, LHA.XE) didn't put in bids for Portugal's TAP SGPS SA, highlighting the challenges the Portuguese government faces in trying to sell the airline amid difficult conditions in the sector.


COMENTÁRIO DESTACADO

Caros.

Antes da “ordem do dia”, e na linha do publicado pelo António Maria, foi sintomática o estado de graça do Coelho de plástico na boca de “personalidades” como o Ângelo Correia (qual Paulinha prostituta) ontem em boloçal entrevista ao Mário Crespo. É assim que se faz politica na Tugulândia com a Paulinha prostituta a abrir as pernas até mais não, mais parecendo uma autêntica “porta escancarada” ao parceiro de culigação Paulo Portas. Desta forma, tenta a Paulinha salvar “algumas castanhas do brazeiro”, amigando-se escandalosamente ao Portas.

Depois dessa entrevista, onde o braço direito do Coelho de plástico foi sovado (e indirectamente o Coelho de plástico),..., enfim, restam poucos amigos ao Coelho de plástico. Dado o evoluir das circunstâncias, torna-se óbvio que este já foi em muito ultrapassado pelas circunstâncias, revelando a quem quiser, que os desafios a que está sujeito ultrapassam em muito as suas competências.

A auto-estrada para o Paulo Rangel está aberta, quem sabe (e isso é quase uma certeza) se “personalidades” como a Paulinha já fizeram a agulha em direcção ao sucessor. Cavaco bem que dispensava este sarilho todo, com a maioria do C de Estado em desfavor do Coelho de plástico.

Portas no decorrer do tempo, e alegando “justa causa” recolhe junto do seu partido e do PSD cada vez mais apoiantes. Tomar em atenção Aguiar (em) Branco pois também não faltará muito tempo para constatar que do lado do Coelho de plástico pouco ou nada já tem a ganhar, sendo mais avisado fazer o que todos os outros já estão a fazer: Refugiarem-se junto do núcleo duro do PSD (Cavaco e F. Leite) e deixarem o Coelho seguir a sua vidinha. Paz à sua alma politicamente, mas é um facto que a (experiência) da vida não o preparou, sendo rotulado pelo Medina Carreira como um “politico sem profissão conhecida”.


TAP

Irra, irra, irra, se há coisa que a blogosfera sempre tem dito, escrito e manifestado foi exactamente no sentido de chamar a atenção para o estado de degradação da situação da TAP.

Tudo começou por alturas de uma “nova” realidade chamada “Low Cost”, que posteriormente evoluiu para uma escandalosa politica em que a TAP alinhou em favor da construção de um NAL, fosse ele na Ota ou na Ota em Alcochete, ou numa Ota em qualquer parte desde que determinados interesses (que não os seus - da TAP) fossem acautelados. Simplesmente um NAL é em qualquer parte uma “faraónica” obra do regime, e que apesar do SIM de vários grupos de pressão o risco é considerável.

Agora, chegou-se ao que já se sabia, o “Rei vai Nú”, a TAP está completamente falida, o BES lá lhe vai adiantando uns trocos para o “pitroil”, pois caso contrário terá muito mais a perder caso a TAP seja obrigada a marca uma assembleia de accionistas.

A noticia desta situação tem sido gerida pelas Agências de Comunicação da mesma forma que no filme Toy Stories da Pixar em que o Buzz diz “Não é voar, é cair com estilo”.

Depois é aquela fantástica noticia que se anexa, da Herminia Saraiva (muito amiga do Gaúcho) que “bota cá para fora” pormenores da Avianca, escrevendo de forma  ESCANDALOSA de que para a Avianca o negócio possível não é um negócio de forma clara e transparente, mas sim por intermédias entidades conhecidas (e desconhecidas). Será verdade! Será verdade que o estado português teoricamente suposto como pessoa de bem, alinha em processos com aquele que a Avianca propõe ao estado português?

Nós já sabiamos que para a Raynair operar em Lisboa apenas era preciso que o patrão da Rya desse por baixo da mesa um maço de notas ao Guilhermino & amigos. E é por estas e outras que empresas como a Lufthansa colocam fortes reservas a entrar em processos como este - o da concessão / privatização da TAP.

Agora, parece que os pilotos acordaram, e de um dia para o outro deram-se de conta de que estão a voar numa companhia (a sua) falida, da qual se propõe ser accionistas. Coisa fantástica,..., mal por mal, bem que podiam começar a comprar acções do BCP, que embora esteja igualmente a voar baixinho ainda está a uns dedos do chão.

Da parte da ANA as perspectivas são qualquer coisa como 1,2 mM€. Da parte da TAP o passivo é muito superior. Como um dia se fez contas, o saldo entre as duas será possivelmente negativo.

A questão do NAL como irá ficar? Vai-se eventualmente construir um NAL para as Low Cost, considerando que a companhia de bandeira está claramente numa situação de pré-falência, sendo necessário um autêntico milagre que se chama Lufthansa ou empresa do seu grupo que resgate a TAP e o estado português?

Como diz o António e muito bem, a quem se deverá pedir responsabilidades? O Gaúcho e seus muchachos com salários principescos mais prémios de gestão pelo facto de terem “atingido” excelentes resultados de gestão. A Parpublica e o Blog do Tribunal de Contas também não deverão ser chamados à pedra?

No entanto, acreditar no Pai Natal é sempre possível, e “fabular” tem sido a prática que levou a TAP a um cenário impensável e idêntico aos Estaleiros de Viana do Castelo (os restantes patrulhões já foram cancelados).

A

Rui

PS. Curiosamente 3 ou 4 paquetes com tripulações portuguesas (Princess Diane) estão arrestados em portos franceses. Parece que o banco Montepio não tem dinheiro para pagar o combustível, e as tripulações também não recebem à 3 meses.


NOTAS
  1. BES (que facilitou o roubo do ouro judeu durante a II Guerra Mundial, através dos piratas suíços, coisa que obviamente os alemães não esquecem), tríade cor-de-rosa de Macau (que prometeu ao senhor Ho a Alta de Lisboa com os terrenos do Aeroporto da Portela incluídos), e máfia da Ota em Alcochete (a que fundos de investimento laranja e cor-de-rosa estão fortemente ligados).

Última atualização: 19 set 2012 9:53

terça-feira, setembro 18, 2012

Novo Governo

TOYZE — "Este não é o Ano do Coelho". Para O António Maria.

Passos Coelho perdeu a confiança de todos os portugueses... e da Troika!

Nunca em Portugal, e em tão pouco tempo, houve tal unanimidade contra o desempenho de um primeiro ministro, e contra a gaguez mental e insensibilidade social de um ministro das finanças.

Paulo Portas, certamente por ter começado a sentir o tapete a fugir-lhe uma vez mais debaixo dos pés, tentou uma manobra desesperada: descolar da coligação, mas mantendo-se dentro dela, em nome da estabilidade. Feio, muito feio! Ninguém gostou. O partido e os que ainda votam nesta criatura imprevisível e escorregadia já deram o suficiente para uma ambição pessoal claramente sem futuro.

Todos esperamos agora do CDS a mesma revolta que começou a alastrar no PSD e que não parará até que uma nova geração de dirigentes e militantes, mais jovens e honestos, conscientes das pesadas responsabilidades partidárias na insolvência do país, tomem internamente o poder, em nome da responsabilidade, da racionalidade, da cooperação e da decência política.

Prolongar esta coligação desfeita, nas circunstâncias que todos conhecemos, é impossível. A subida dos seguros, dos juros e das rentabilidades associados à dívida soberana portuguesa será mais do que eloquente ao longo do que resta desta semana e mais ainda da próxima. Portugal não resiste à deterioração rápida do pesadíssimo serviço da sua dívida.

Por outro lado, tanto o FMI como o BCE deram claros sinais de que este governo deixou de servir.

A bola já não está do lado de Wolfgang Schaeuble, mas de Draghi, Lagarde e Barroso, sobretudo depois do euro ter resistido a uma monetização apressada das dívidas dos PIIGS, pelo menos antes que semelhante caminho inflacionista fosse trilhado pelo dólar até ao fim — o que acaba de ser confirmado pelo anúncio do Quantitative Easing 3 (QE3) de Obama/Bernanke. Ou seja, antes de o BCE se ver forçado a engolir boa parte da dívida especulativa residente na zona euro, os Quatro Cavaleiros do Apocalipse Financeiro (JP Morgan, Bank of America, Citi e Goldman Sachs) terão que começar a tomar o xarope que fabricaram, usando para tal a cada vez mais desvalorizada nota verde.

A desvalorização contínua do dólar tornará assim mais fácil à Europa cumprir as obrigações financeiras formais para com os grandes especuladores americanos que apostaram no fim do euro.

Na Europa, pelo contrário, a janela de oportunidade criada pelo QE3 tem que ser aproveitada para permitir compatibilizar a regularização das dívidas soberanas, com programas de crescimento dirigidos a partir de Bruxelas, sem quaisquer cerimónias; e também para reforçar a dimensão federal da União Europeia, nomeadamente no plano da supervisão bancária, e de uma radical convergência das políticas fiscais e orçamentais.

Seria pois vital não perdermos tempo na formação de um novo governo, para o qual não fazem falta, nem eleições, nem congressos. Bastaria que as comissões nacionais e executivas de ambos os partidos aprovassem o novo primeiro ministro e o novo vice-primeiro ministro do próximo governo, antes de estes serem indicados ao presidente da república.

A generosidade desta mudança é naturalmente exigível aos líderes partidários Pedro Passos Coelho e Paulo Portas.


POST SCRIPTUM

Estado arrisca indemnização de quase 170 milhões por cancelar TGV — Jornal de Negócios.

O governo precisa urgentemente de dinheiro para alguns buracos há muito escondidos e que se revelaram mais claramente durante a última avaliação da Troika:
  • o buraco especulativo das empresas públicas Metro de Lisboa e Metro do Porto, os quais correm o risco de ultrapassar os 2,5 mil milhões de euros (ler artigo de Helena Garrido) soma-se às dívidas assumidas (porventura subestimadas ) destas empresas públicas, que são de 4 mil milhões, para o Metro de Lisboa, e mais de 2,5 mil milhões, para o Metro do Porto;
  • o buraco total da TAP, o qual, entre dívidas assumidas, dívidas esperadas e compromissos (ex: a compra em leasing de 12 aviões Airbus A350), supera, nas nossas estimativas grosseiras, os 6 mil milhões de euros;
  • o buraco da CP-Refer supera os 6 mil milhões de euros.
Por outro lado, o valor das empresas a privatizar não pára de cair, tornando-se um negócio especulativo cada vez mais apetitoso para os piratas indígenas — como ficou aliás demonstrado na venda criminosa do Pavilhão Atlântico a um genro do presidente da república, com a cobertua financeira no omnipresente banqueiro do regime: o grupo BES. Em vez dos 120 milhões de euros estimáveis, a coisa ficou numa pechincha de 10 milhões!

Consequência desta evolução previsível da crise de insolvência do país, é o pouco ou nenhum apetite internacional pela TAP, pela ANA, e em geral por ativos carregados de dívidas monumentais e de responsabilidades sociais sem fim à vista. Como sempre avisámos, sem o saneamento e até a reestruturação e partição antecipada das empresas públicas a privatizar, o resultado seria pífio, ou mesmo desastroso.

Como se isto não bastasse para explicar o desespero que levou a coligação a tentar assaltar milhões de portugueses com uma aplicação inconstitucional, ilegítima, ilegal e criminosa da TSU, temos ainda o preço a pagar por decisões estratégicas que foram revertidas sem qualquer debate público, ou parlamentar prévios. Refiro-me à suspensão do dito "TGV" e à substituição dos contratos já assinados pela quimera de uma linha ferroviária de "altas prestações". Dizia o governo, através do alucinado secretário de estado das obras públicas, transportes e comunicações, Sérgio Silva Monteiro, que a massa de Bruxelaa iria para a tal quimera. Não foi!

A suspensão do dito "TGV", confirmada pela suspensão do financiamento comunitário (que a imprensa em geral tem iludido nas suas notícias) custará aos contribuintes portugueses: 800 milhões de euros (o pacote comunitário previsto que, como sempre dissemos, seria intransferível) + 170 milhões de indemnizações ao grupo Elos por suspensão intempestiva e injustificada de contrato + os custos processuais que conduziram à suspensão do projeto, por pressão da máfia da Ota em Alcochete (a que Passos Coelho cedeu como bom ex-futuro empregado do BES) + os custos jurídicos da batalha judicial contra as empresas com quem o Estado contratou a realização da linha ferroviária entre o Poceirão e Caia e que agora reclamam a justa indemnização + a não criação de milhares de empregos permanentes em Portugal a que esta ligação ferroviária entre as duas capitais da península daria lugar + mais o prejuízo económico de atrasar a inadiável ligação de Portugal às redes europeias de transporte ferroviário em bitola europeia, para mercadorias e passageiros (incluindo os comboios de Alta Velocidade).

Tudo somado, estamos a falar num murro no estômago da economia portuguesa que pode superar até 2020 muitos milhares de milhões de euros. Só por isto este governo merece ser imediatamente despedido, e os seus ministros, a começar pelo Jota PM, interrogados em comissão de inquérito parlamentar e, se for o caso, em sede judicial própria, pois creio firmemente que este desenlace ruinoso para o país foi, uma vez mais, resultado da pressão criminosa da máfia da Ota em Alcochete junto do poder capitaneado por um político de plástico.

É por estas e por outras que este governo deixou de servir, e é preferível que as decisões estratégicas que beneficiam Portugal passem a ser tomadas em Bruxelas, sem contar com os corruptos que tomaram de assalto o país. Da corja financeira e partidária que se apropriou da democracia só podemos esperar um estado falhado.

Para escapar a este destino miserável e humilhante só temos uma saída: exigir uma Nova Constituinte e exigir a reforma radical do sistema legislativo e partidário que temos.


Última atualização: 18 set 2012 13:06

segunda-feira, setembro 17, 2012

Depois de Gaspar

A remodelação de Vítor Gaspar seria uma prova de inteligência da coligação

Despedido com justa causa?

PSD vai reunir órgãos dirigentes para responder a Portas

Os sociais-democratas convocaram os órgãos de comunicação social ao meio da tarde deste domingo. A comunicação coube a Jorge Moreira da Silva, primeiro vice-presidente do PSD. A declaração foi curta e fria.

“Como sabem o CDS apresentou hoje as conclusões em relação as medidas do Governo para a consolidação orçamental. O conteúdo destas declarações do líder do CDS-PP não são indiferentes para a coligação e, porventura, para o próprio Governo”, afirmou.

Por isso, anunciou que a comissão permanente do PSD reúne já nesta segunda-feira e a comissão política, “com a presença do presidente do partido”, Pedro Passos Coelho, na quarta-feira. Vão, acrescentou Moreira da Silva, “analisar de modo muito detalhado” as conclusões do CDS.

Público, 16 set 2012

Constâncio: “O que importa é que haja um Governo e uma maioria que executem” o programa

“Como noutros países acontece, o que importa é que haja um Governo e uma maioria parlamentar que executem os programas e as medidas, e o ajustamento continue a ser feito”, afirmou Vítor Constâncio aos jornalistas, em Nicósia, Chipre, à margem do Ecofin (conselho de ministros das Finanças) informal, quando questionado sobre as eventuais consequências da ausência de um consenso político em Portugal.

Jornal de Negócios, 15 set 2012

A coligação está a um passo de cair, e a dois de sofrer a primeira remodelação governamental.

Conjugando a afirmação de Vítor Constâncio sobre a presente crise da coligação, com o discurso sobre o Estado da União, de Durão Barroso, e a decisão do Tribunal Constitucional Alemão sobre a mutualização parcial das dívidas soberanas da União, pode adivinhar-se a fraca utilidade de Vítor Gaspar à frente da pasta das finanças em Portugal. Seria uma estupidez não aproveitar esta crise para substitui-lo. Ou será que a própria crise gerada pelos desajeitados discursos de Passos Coelho e de Gaspar já anunciavam um desfecho bem mais provável do que parece?

Espero que Jorge Moreira da Silva seja, neste transe, a luz que tem faltado a Pedro Passos Coelho.

Miguel Relvas (1) e Marco António deveriam ser substituídos sem apelo nem agravo, a par da ignara Cristas e do incompetente Pedro Mota Soares. Os independentes, salvo o aluno reverente do poderoso ministro alemão das finanças, Wolfgang Schaeuble, deveriam manter-se, caso PPC pretenda salvar a capacidade de implementar as medidas mais positivas da Troika, e acolher com outra coragem as possibilidades entreabertas pela cedência parcial da Alemanha a uma maior partilha dos buracos financeiros, sobretudo depois de se saber que o Quantitative Easing 3 de Obama-Bernanke já está a desvalorizar o dólar e a fazer subir ainda mais o preço da energia e dos cereais.

Resta assim saber quem poderia substituir Vítor Gaspar (o anjo de Schaeuble caído em desgraça). Eu iria buscar um jovem aos Estados Unidos, mas que não seja aluno embevecido de nenhum Prémio Nobel, e pense pela sua cabeça. Sobretudo alguém que tenha aprendido já alguma coisa com a crise sistémica em curso

Há dois dias antevi desenvolvimentos adversos à coligação, quando escrevi Um joker chamado Portas.

Tomá-los de ânimo leve não é a melhor forma de prevenir um acidente, nem muito menos de preparar a coligação para resistir aos vários desafios que ainda tem pela frente. Enquanto não conseguirmos mudar de regime —para o que precisamos de lançar o debate sobre a necessidade de convocar uma Nova Assembleia Constituinte— esta coligação, com este ou outro PM, é o que temos, e é o mal menor.


NOTAS

Alert© merece seguramente a curiosidade pública
  1.  Alert® é uma empresa pouco transparente (no sítio da empresa não constam nem os sócios, nem relatórios e contas), embora se creia que entre os seus principais protagonistas estejam Miguel Relvas e o omnipresente BES. É verdade? Esclareçam-nos por favor.

    A dita empresa teve um crescimento fulminante durante o consulado de José Sócrates, tendo passado dos zero aos 46,9 milhões de euros entre 2000 e 2010. “Só ao hospital de Famalicão levaram 1,2 Milhões em software, com 55 mil euros mensais de manutenção”. São as tais gorduras que muitos não querem perder...

    Curiosamente, o QREN, que em Portugal se tornou numa das sucursais do poder escondido do PS, não sofreu quaisquer incómodos por parte do novo governo azul-laranja, graças, segundo fontes bem informadas da Blogosfera, à mãozinha atenta de Marco António — o tal que quer ser presidente da falida câmara de Gaia, ao mesmo tempo que coloca toda a sua influência local para colocar Menezes no Porto, apesar de ter já esgotado o número de mandatos como presidente de câmara num país democrático e que quer, um dia, ser decente.

    O polvo é isto mesmo: uma rede de destacados dirigentes e ex-dirigentes partidários com ligações fortes à banca, envolvidos em negócios de origem ilegal ou ilegítima, obtidos sem sombra de dúvida ao abrigo de um intenso, contínuo e descarado tráfico de influências, e onde residem as principais causas da captura criminosa do Estado, do sistema partidário e, em última análise, da ruína escandalosa do país.

    É esta mesma corja que, ao mesmo tempo que prossegue as suas atrocidades predadoras, procura derrubar os ministros mais incómodos do governo chefiado pelo ex e seguramente futuro colaborador do BES, Pedro Passos Coelho. Os ministros visados pelo Polvo são, obviamente, os que têm nas mãos as pastas da Saúde, da Educação e da Economia, Obras Públicas e Transportes.

    Ao que parece (esclareçam-nos!) Miguel Relvas e José Sócrates são sócios em negócios no estrangeiro. A ida de Miguel Relvas ao Brasil não terá, por conseguinte, sido motivada apenas por razões de Estado. Nem a de Paulo Portas. Claro que a verdade destas suposições leva tempo a comprovar.

    Temos, em suma, que ter muito cuidado com as manobras que visam derrubar alguns ministros do governo, mesmo quando as motivações da ira popular são genuínas. É preciso deitar fora a água suja da coligação, mas convém não confundir os ministros úteis com os inúteis e perigosos.

    A rata sábia do DCIAP não sabe nada disto, claro!