segunda-feira, março 21, 2016

Vamos Pôr a Cultura no Lugar Certo?


Ofereci 12€ ao MNAA para comprar um quadro de Domingos Sequeira


A menção que acompanha o meu gesto simbólico é esta: Para os que fazem e para os que protegem as artes, não para os que delas se servem.

Quem vai pagar os 60-80 milhões da teimosia de meia dúzia de burocratas e de meia dúzia de populistas da casta partidária que temos, pelos famosos Mirós do BPN que ninguém viu, nem avaliou? Os contribuintes do costume, certo? Este cacau perdido, cujos responsáveis ninguém conhece, daria para tirar os museus nacionais da indigência em que se encontram. Já alguém pensou nisto?

A passagem da anterior secretaria de estado da cultura cor-de-laranja a ministério cor-de-rosa significou uma duplicação dos gastos em gabinetes, ou seja, em burocratas e clientela partidária.

Esta despesa inútil teria sido certamente suficiente para comprar os pixels em falta na campanha 'Vamos Pôr o Sequeira no Lugar Certo'. No entanto, lá veio o peditório de quem tem o cinto de segurança partidária bem apertado aos que não sabem se terão emprego, ou empresa, no próximo mês.

Não só a fatia da Cultura no Orçamento de Estado de 2016 diminuiu em termos absolutos (João Soares e o seu Ministério têm menos 44 milhões de euros do que a Secretaria de Estado que foi de Jorge Barreto Xavier), como em termos relativos coloca muitos problemas: o orçamento dos gabinetes duplicou em relação à gestão anterior, devorando ainda mais um orçamento já de si miserável, e fizeram-se previsões de receita imprudentes, como no ICA—Instituto do Cinema e do Audiovisual, que poderão deprimir ainda mais a realidade da disponibilidade orçamental anunciada.

Será que a Cultura precisa dum ministério, ou a coisa resolver-se-ia simplesmente com alguma modernidade institucional, estratégia, boa gestão e certamente mais dinheiro? Afinal, continuamos a milhas dos famosos 1% do Orçamento (teriam que ser 600 milhões de euros em 2016).

A Geringonça não trouxe, nem mais dinheiro, nem mais esperança à Cultura indígena, pois vai andar por aí a cortar fitas com 0,29% do OE2016 no bolso. E resta saber com que transparência e incumbências à albarda.

Estados Unidos da América, Reino Unido, Alemanha, Suíça, Japão não têm ministérios da cultura.

Será que a pujança cultural destes países perdeu alguma coisa com tal pecado? E será que Portugal ganhou o que quer que fosse em manter esta ficção burocrática e autoritária no cada vez mais escanzelado modelo francês de inspiração napoleónica decadente?

Entretanto, o estilo caceteiro impera, sem ideias, sem projetos, sem uma noção de política cultural.

É extraordinário que depois do bota abaixo no Parlamento, na comunicação social, nos blogues e por aí fora, a propósito do dinheiro disponibilizado para a Cultura no tempo em que Jorge Barreto Xavier era secretário de estado de Pedro Passos Coelho, agora toda a Esquerda (não a minha!) e quem a apoia estejam silenciosos e furtivos que nem ratos perante o desastre ambulante que lhe sucedeu.

A DGArtes, por exemplo, tem menos 700 000 euros este ano. Ouviram algum pintor, algum escultor, algum fotógrafo, ou algum 'investigador' protestar? Chama-se a isto medo da Esquerda e estupidez. Só a esta falta de luz se pode louvar quem na Esquerda faz mal, e deixar de valorizar quem no Centro ou na Direita fez melhor.

É a tímida democracia que temos? Ou somos todos, afinal, indigentes e corruptos?

terça-feira, março 15, 2016

Querida Mariana



Há um grande problema, sim. Chama-se buraco negro dos derivados OTC. E não se resolve com mais caricaturas de Keynes


O problema é que as economias estão deprimidas pela austeridade, sobre-endividadas e sem capacidade de investimento (sobretudo público). 
[...] 
Draghi está preso àquilo a que Keynes chamava a “armadilha da liquidez”, sem admitir que a solução, mais que monetária, está na capacidade de estímulo orçamental e na reorientação estratégica do papel da Banca. 
in “É uma armadilha, Draghi”, por Mariana Mortágua (DN)

Querida Mariana, estímulo orçamental (e bolhas) foi o que não faltou desde final do século 20, e o resultado está à vista! Bolha dot.com, bolha imobiliária do Subprime, bolha estudantil nos Estados Unidos, bolha soberana na Europa, todas elas, como saberá, associadas a estímulos orçamentais e especulação financeira. Em Portugal, basta somar as faturas da EXPO '98, das PPP rodoviárias, das PPP das novas barragens, das PPP hospitalares, das PPP das águas e tratamento de resíduos, das ditas empresas municipais, do forrobodó e SWAPs no setor público dos transportes, da submissão da banca privada ao Estado crava que temos e, finalmente, da corrupção, para já todos sabermos que a receita de mais envolvimento público não só não resolve nada, como piora tudo, nomeadamente pelo fascismo fiscal e monetário que se anuncia. Que tal uma visita aos Grundrisse, do nosso amigo comum Karl Marx? É que o Capitalismo está a mudar, mas não por mérito das esquerdas.

Putin retira da Síria, até ver...

Russos chegaram (à Síria), viram e venceram (uma vez mais)


Putin alivia pressão sobre os regime changers, depois de ter destruído a capacidade bélica e a moral dos rebeldes armados pelos Estados Unidos, Reino Unido e França. Um país destruído depois, e uma Europa de cócoras depois, com uma crise de refugiados de que é a principal responsável, a par dos Estados Unidos, a aviação russa começou a regressar a casa. Mas atenção Hilary: Putin poderá regressar ao teatro de guerra em 24 horas! A lição está dada: travar a Eurasia, destruir a ponte de Lisboa a Vladivostok, que Putin anunciou na Cimeira de Mafra, é uma péssima ideia. Esperemos que condenada ao fracasso.

Despite President Obama’s early contention that Russia would end up in a “quagmire” in Syria, The Kremlin instead showed what happens when a mishmash of loosely aligned rebels squares off against a modern air force. 
Five months and thousands upon thousands of sorties later, the rebel cause has become virtually hopeless. It’s much easier to broker a ceasefire when the enemy has been, for all intents and purposes, decimated. 
(...) 
If both sides come to some kind of tenuous agreement, Putin will get to claim that Russia came, saw, and conquered, then brokered a peace settlement - two things no country had been able to do in Syria since the beginning of the war in 2011 — in Zero Hedge.

segunda-feira, março 14, 2016

Vítor Constâncio Superstar



Mario Draghi e Vítor Constâncio encostam a Alemanha às cordas


In defence of Monetary Policy 
Opinion piece by Vítor Constâncio, Vice-President of the ECB
ECB, 11 March 2016 
The notion that monetary policy alone cannot raise trend growth is mostly true but trivial, especially if the challenges of secular stagnation highlighted by Robert Gordon in his brilliant new book are considered.
[...]
“Structural reforms are essential for long-term potential growth, but it is difficult to see how they could spur growth significantly in the next two years, especially when the current problem is lack of global demand”.
[...]
To normalise inflation in the euro area we urgently need higher growth that can reduce negative output and unemployment gaps, using all really available policies. If not monetary policy, then what?Começa a ficar claro de onde vem a frase 'virar a página da austeridade': do BCE! 

Percebe-se agora a gaffe de Moscovici, seguida de um recuo acordado na condição de que o fiasco não fosse explorado por António Costa.

Parecera há dias, ao comissário europeu, que não poderia admitir em Portugal um alívio da austeridade quando o socialista Hollande está a infligir aos franceses um suplício financeiro, económico e social semelhante ao que Passos Coelho e Portas foram forçados a impor aos portugueses depois de um desvario de duas décadas de economia especulativa, populismo partidário, endividamento pornográfico e uma corrupção desenfreada.

Moscovici desconhecia naturalmente que o BCE iria proceder a uma monetização radical das dívidas europeias, contornando a célebre interdição alemã à emissão de obrigações europeias (eurobonds).

A conferência de imprensa do BCE do dia 10 de março de 2016 poderá ter sido a última tentativa de Mario Draghi e Vítor Constâncio evitarem reconhecer que a deflação veio para ficar e que deriva exclusivamente de uma quebra duradoura da procura agregada mundial, a qual, por sua vez, inaugurou, no início deste século, uma nova era de crescimento débil na economia, desemprego estrutural prolongado, diminuição dos rendimentos do trabalho e do capital, falência dos governos e dos estados sociais nas suas atuais configurações, tensões sociais e, por fim, a emergência dos novos paradigmas que fundarão a sociedade global pós-capitalista.

Duas deputadas europeias portuguesas poderão ter dado um auxílio precioso a Vítor Constâncio e a Mario Draghi neste verdadeiro tour de force conceptual do BCE. São elas Maria João Rodrigues e Elisa Ferreira. Por acaso, ou talvez não, duas socialistas particularmente inteligentes e determinadas.

Percebo agora claramente o otimismo de António Costa, e a razão do seu ataque ao governador do Banco de Portugal. Como cheguei a sugerir no programa televisivo Política Sueca, a grosseria do atual PM para com Carlos Costa tinha as costas quentes, ou melhor, um patrocínio de peso!

No dia 11 de março de 2016, um post do vice-presidente do BCE, no blog da instituição, causou algum furor nos meios financeiros internacionais

Após a conferência que reduziu a zero a taxa de juro de referência do Banco Central Europeu, que anunciou taxas de juro negativas para os depósitos bancários preguiçosos, estacionados no BCE, e que anunciou a emissão virtual de 80 mil milhões de euros mensais destinados a ensopar uma das maiores, ou mesmo a maior restruturação de dívidas até hoje levada a cabo na Europa, Vítor Constâncio veio anunciar Urbi et Orbi que não existe outra saída para esta monumental crise.

Depois de recomendar o último livro de Robert J. Gordon, defende o que é mais ou menos óbvio há já alguns anos, mas que os políticos e a generalidade dos macro-economistas se recusam a admitir: estamos a viver o início de uma estagnação secular.

Ora se a estagnação secular e a deflação que a precede já estão entre nós, e se a era de equilíbrio dos preços (como lhe chama David Hackett Fisher) se anuncia no horizonte, prometendo novos paradigmas energéticos, tecnológicos, sociais e culturais, parece evidente, a Vítor Constâncio e a todos nós, que as chamadas reformas estruturais e a repressão fiscal das classes médias não são, nem poderão nunca ser, o remédio de curto prazo para um problema que é, afinal, secular. Muito pelo contrário, os factos analisados, nomeadamente pelo FMI e pela OCDE, apontam para a evidência de um agravamento e aceleração da própria crise de crescimento, ou seja, para maior estagnação, maior deflação, e crises sociais, políticas e diplomáticas potencialmente explosivas, nomeadamente se se insistir em consolidações fiscais demasiado agressivas e desiguais (corporativas, burocráticas, plutocráticas, ou populistas).

Significa esta tese que o endividamento público poderá continuar?

Não, mas vai ser necessário prever e financiar períodos de adaptação mais longos e graduais do que os que foram experimentados em Chipre, na Grécia, na Irlanda, em Espanha ou em Portugal. Ou seja, vamos ter que passar de uma austeridade violenta e cega, para uma austeridade inteligente.

Neste transe, o sistema financeiro continuará a ser decisivo, mas já não poderemos contar com os bancos tradicionais como fizemos até 2008. Sobretudo com os bancos de investimento que acabaram, praticamente todos, por degenerar em lixeiras de produtos derivados especulativos, boa parte dos quais oriundos da tentativa desesperada de fugir ao que Karl Marx designava por lei da queda tendencial da taxa de lucro, i.e. lei da queda tendencial das taxas de exploração do trabalho, a que podemos acrescentar os limites ao crescimento impostos pela própria Natureza.

Perfila-se no horizonte um novo sistema financeiro protagonizado pelos bancos centrais dos Estados Unidos, da Eurolândia, do Japão e da China. Tudo o resto, de algum modo, ficará sob o poder das decisões que estas instituições globais tomarem. O fim das notas de 500 euros, e o fim das notas de 200 dólares são apenas o prenúncio de algo inesperado, que não estava certamente nas agendas dos epígonos do marxismo.

Graphic; McKinsey



NOTA

O surpreendente post de Vítor Constâncio evoca o mais recente livro de Robert J. Gordon, The Rise and Fall of American Growth: The U.S. Standard of Living since the Civil War, mas poderia também evocar outros títulos e reflexões fundamentais e publicados ao longo dos últimos quarenta anos:
  • The Limits to Growth (1972) de Donella H. Meadows, Dennis L. Meadows, Jørgen Randers, and William W. Behrens III, 
  • a primeira edição inglesa (1973) dos célebres Grundrisse (1858), de Karl Marx, 
  • The Rise and Fall of the Great Powers: Economic Change and Military Conflict from 1500 to 2000 (1987), de Paul Kennedy, 
  • The End of Work (1995), de Jeremy Rifkin, 
  • The Great Wave: Price Revolutions and the Rhythm of History (1996), de David Hackett Fischer, 
  • e ainda o recém publicado Postcapitalism (2016), de Paul Mason.
Entretanto, vale a pena começar por ler este comentário e a pergunta de Malcolm Barr a propósito do post de Vítor Constâncio.

ECB vice president Vítor Constâncio has published an “opinion piece” on the ECB website, entitled “In Defence of Monetary Policy” – an unusual step the day after an ECB decision.
The Guardian, 11/3/2016 13:20 (Updated at 2.20pm GMT)

Malcolm Barr at JPMorgan Chase says he can’t recall any instances of senior ECB officials putting pen to paper (as opposed to giving interviews) so soon after an ECB decision. In his view, two things in this piece stand out. One he would welcome, the other he finds thoroughly confusing. 
A reality check on fiscal policy and structural reform. Constancio points out that there are significant legal and political constraints on the ability of countries to use fiscal policy to stimulate growth. In his words “countries that could use fiscal space, won’t; and many that would use it, shouldn’t”. The hint that these constraints may be at least a little unhelpful reflects the drift of opinion on this issue we have been seen of late from the leadership of the ECB. What Constancio has to say about structural reform, however, cuts somewhat against the grain. Pointing out that structural reforms tend to be deflationary in the first instance, he states: “Structural reforms are essential for long-term potential growth, but it is difficult to see how they could spur growth significantly in the next two years, especially when the current problem is lack of global demand”. We agree, and it is refreshing to see the ECB acknowledge this so openly. 
Why the bound at -0.4%? Having argued that monetary policy has had to step into the void left by other policies, Constancio argues that monetary policy has boosted growth by around two-thirds of a percentage point over the last two years. But “all policies have limits. In the case of the instruments, we are now using, this is particularly true of negative interest rates on our deposit facility. The reasons are more fundamental than just the effect on banks”. At this point Constancio cites a recent blog by Cecchetti and Schoenholtz, before pointing out that bank returns on equity in the Euro area went up in 2015 despite negative rates. But if it is not the impact on bank profitability that sets a limit to the usefulness of negative rates, then what is the “more fundamental” reason?

Do nosso habitual crítico anti União Europeia, Ambrose Evans-Pritchard, mais uma acha para a fogueira...

ECB's Draghi plays his last card to stave off deflation
By Ambrose Evans-Pritchard
Telegraph, 10 MARCH 2016 • 9:21PM

Professor Richard Werner from Southampton University, the man who invented the term QE, said the ECB’s policies are likely to destroy half of Germany’s 1,500 savings and cooperative banks over the next five years. They cannot pass on the negative rates to savers so their own margins are suffering. “They are under enormous pressure from regulatory burdens already, and now they are reaching a tipping point,” he said. These banks make up 70pc of German deposits and provide 90pc of loans to small and medium firms, the Mittelstand companies that form the backbone of German industry.
Prof Werner said these lenders are being punished in favour of banks that make their money from asset bubbles and speculation. “We have learned nothing from the financial crisis. The sooner there is a revolt in Germany, the better,” he said.

REFERÊNCIAS

The Rise and Fall of American Growth: The U.S. Standard of Living since the Civil War (2016) By Robert J. Gordon

TED conference by Robert J. Gordon

Postcapitalism (2016)
By  Paul Mason

In these musings, not published until the mid-20th century, Marx imagined information coming to be stored and shared in something called a “general intellect” – which was the mind of everybody on Earth connected by social knowledge, in which every upgrade benefits everybody. In short, he had imagined something close to the information economy in which we live. And, he wrote, its existence would “blow capitalism sky high” (LINK)

The Great Wave: Price Revolutions and the Rhythm of History (1996)
By David Hackett Fischer

The End of Work (1995)
By Jeremy Rifkin

The Rise and Fall of the Great Powers: Economic Change and Military Conflict from 1500 to 2000 (1987)
By Paul Kennedy

Grundrisse (1857/58; ET 1973)
By Karl Marx

[“The Fragment on Machines” ; on the General Intellect]

Nature builds no machines, no locomotives, railways, electric telegraphs, self-acting mules etc. These are products of human industry; natural material transformed into organs of the human will over nature, or of human participation in nature. They are organs of the human brain, created by the human hand; the power of knowledge, objectified. The development of fixed capital indicates to what degree general social knowledge has become a direct force of production, and to what degree, hence, the conditions of the process of social life itself have come under the control of the general intellect and been transformed in accordance with it. To what degree the powers of social production have been produced, not only in the form of knowledge, but also as immediate organs of social practice, of the real life process.

sábado, março 12, 2016

Mudança de regime?


Pior cego é o que não quer ver


Uma mudança de regime, que afirmo estar em curso em Portugal e em vários outros países, não se refere apenas à mudança das regras formais, algumas das quais, aliás, têm vindo a sofrer metamorfoses rápidas em Portugal —revisões constitucionais, incorporação de tratados europeus e novos tratados internacionais, alterações profundas na legislação laboral e fiscal, etc.—, mas também nos costumes, maneiras e consensos éticos e culturais da comunidade —por exemplo, a nova intolerância moral relativamente à corrupção, a defesa em lei dos direitos sexuais e das minorias em geral, o novo holismo social manifesto na defesa dos direitos dos animais e da Natureza, mas também de novidades no contrato social como as que estão germinando em volta do chamado RBI: rendimento básico incondicional, etc. Como afirmava Aristóteles (Livros III e IV da República) é esta textura que forma a identidade única dos povos e das suas cidades e define verdadeiramente um regime.

Referência: Open Yale

sexta-feira, março 11, 2016

O novo boy, cor-de-rosa, da EDP


Onde está a Esquerda à Esquerda do PS?


Seixas da Costa entra para a administração da EDP Renováveis
Expresso. 11.03.2016 às 17h40 
Fancisco Seixas da Costa, antigo embaixador de Portugal no Brasil e em França, vai integrar o conselho de administração da EDP Renováveis, segundo uma proposta que será formalmente aprovada na próxima assembleia geral de acionistas da empresa, agendada para 14 de abril. 
Seixas da Costa, que atualmente já exerce funções noutras empresas, terá um mandato de três anos (de 2016 a 2018) e será administrador não executivo, segundo explicou o próprio em declarações ao Expresso.

A construtora da Barragem da EDP no Rio Tua chama-se Mota-Engil.
O Embaixador Seixas da Costa é administrador da Mota-Engil.
O Embaixador Seixas da Costa vai tornar-se, em breve, administrador da EDP.
Haverá alguma alma vermelha, ou cor-de-rosa, que tenha lido esta notícia? Protestado? Exigido uma Comissão de Inquérito? Feito perguntas? Comentado?

Considerando apenas a energia hídrica (proveniente do rio), as nove novas Barragens aprovadas por José Sócrates vão funcionar em média um mês por ano (fonte: INAG), produzindo tão só 1672GWh/ano, isto é, o equivalente a 3% do consumo nacional em 2010. 3%!



Esta recompensa pela defesa dos interesses da EDP e da Mota-Engil na construção da Barragem do Tua não será ilegal? Senhora PGR faça-nos o favor de investigar.

Este Embaixador português conseguiu convencer a UNESCO (como, UNESCO?!) que o gigantesco paredão da nova Barragem do Rio Tua não tem impacto visual. Extraordinário!

A UNESCO era contra um novo edifício junto à nova Barragem. Depois da ação ‘diplomática’ de Seixas da Costa acabou por aceitar a presença de um gigantesco paredão, visível a quilómetros, e bem, por todos aqueles que circulem pelo Douro de comboio ou nos barcos turísticos. Fantástico!

Este Embaixador até acha que fez um bom trabalho. Basta ler o blogue dele para perceber que nada sabe de energia, nem de vinha, nem de economia, de turismo, nem de paisagem, e que, no fim de contas, não passa de mais um tosco cultural, dos muitos que tornam Portugal um não-lugar, ainda por cima mal frequentado.

Coitado, Seixas da Costa nem se dá conta do erro que o país está a cometer.

O seu nome, como os de outros irresponsáveis da mesma laia, vão ficar para sempre associados a um crime ambiental que não passou de uma operação financeira para a EDP, e de um favor ao Governo de José Sócrates, que à época andava com o défice a rebentar pelas costuras.

A EDP adiantou 250 milhões por conta da barragem. Agora só falta o betão, dizia o laranja Mexia. E um Embaixador, digo eu.

Ministro da Economia?

Quem é este senhor?


Os nossos Governantes ainda nem se deram conta do que aí vem. 


Ministro da Economia apela aos portugueses para não abastecerem em EspanhaNEGÓCIOS | 11 Março 2016, 15:11 
O ministro da Economia apelou esta sexta-feira, 11 de Março, aos portugueses para que não abasteçam os carros em Espanha. A decisão, defende Manuel Caldeira Cabral, prejudica Portugal em detrimento do país vizinho. 
"É um problema que nos preocupa, obviamente, esta questão da concorrência. Principalmente ao nível da fronteira, porque Espanha tem condições fiscais diferentes. Temos de olhar com preocupação porque corresponde também a impostos que deixam de ser pagos em Portugal", afirmou citado pela RTP.


Não é preciso ser nenhum economista para encontrar uma solução para este problema: basta baixar os preços, mantendo-os semelhantes aos de Espanha. Basta acabar com a espoliação fiscal que alimenta um estado paquidérmico, ineficiente e corrupto.

Uma empresa portuguesa, a Galp, investe em Espanha, junto à fronteira, onde boa parte dos clientes são portugueses. É uma situação preocupante, pois a Espanha ganha a dobrar:

1. Recebe o investimento inicial da empresa portuguesa
2. E depois vai receber todos os impostos dos consumidores portugueses.

A sua obtusa, desastrosa e corrupta política de transportes, que está a transformar Portugal numa ilha ferroviária e fez da TAP um buraco negro financeiro, está a promover uma linha de portos secos ligados do lado espanhol da fronteira (Galiza, Salamanca e Badajoz). Será edsta linha de portos secos que irá monopolizar a ligação dos nossos portos atlântico à RTE-T (a nova rede ferroviária europeia). Como é que estas bestas querem fazer crescer Portugal?!

quinta-feira, março 10, 2016

Macau: faites vos jeux

Madonna. Rebel Heart tour passou por Macau.


Os bons casinos substituem os maus casinos


E assim a minha terra natal volta a prosperar na vertigem do jogo legal e em circuito fechado, sem derivados tóxicos, nem swaps. Os contribuintes depenados agradecem duas vezes: mais impostos nos cofres de Macau, menos saque fiscal para cobrir os buracos financeiros e as imparidades bancárias das economias cansadas, especulativas e burocráticas. Também por cá, no Portugal dos Pequenitos, deveríamos substituir o pseudo PSI 20, o PSI 18, por uma grande cidade-casino no Alentejo: LAS BEJAS.

Macau Casinos Bounce Back as Gamblers Ditch China Stocks: ChartFox Hu. Bloomberg, March 9, 2016 — 12:00 AM WET 
The wheel of fortune is favoring Macau casino operators over brokerages as gambling revenue stabilizes and turbulence in the equity market weighs on turnover. Shares of Galaxy Entertainment Group Ltd. and Sands China Ltd. are among the biggest gainers in Hong Kong in 2016, after being the two worst performers over the previous two years, while Citic Securities Co. and Haitong Securities Co. are down more than 10 percent. The two-year slump in gambling revenue that was sparked by an anti-corruption campaign coincided with China’s biggest-ever bull market in equities.

domingo, março 06, 2016

LIFT

in Expresso 5/3/2016 (pormenor)

From LIFT to NIFT, quer dizer: cidades-região de Lisboa e Porto


Expresso, 5/3/2016
Lisboa é uma metrópole em arco e precisa de um lift global 
A Câmara de Lisboa e a Fundação Gulbenkian concertam estratégia de promoção da região, de Leiria a Sines.

A este propósito ler as minhas crónicas sobre as cidades-região de Lisboa e Porto... desde 2009. Basta escrever na caixa de Pesquisa a expressão 'cidade-região'.

Destaco sobre o assunto, que aliás correspondeu ao início da intervenção de António Costa no debate sobre o Orçamento, a que ninguém ligou peva, estes dois textos publicados, respetivamente, em 2009 e 2011.

sábado, julho 18, 2009
Por Lisboa 27 | Região Autónoma de Lisboa, já! 
O desenho não está ainda bem definido, mas andará numa geometria a meio caminho entre a antiga Região de Lisboa e Vale do Tejo (cerca de 3,5 milhões de habitantes) e a actual Região de Lisboa (2,8 milhões de habitantes). O importante mesmo é exigi-la quanto antes.

terça-feira, maio 29, 2012
A caminho da Grécia? 
O principal da reforma autárquica deve começar pelas regiões de Lisboa e do Porto, e não pelas freguesias rurais! É em Lisboa e no Porto que se deve eliminar a principal gordura autárquica, fundindo freguesias, e sobretudo criando duas cidades-região como são hoje todas as grandes cidades que funcionam bem: Londres, Paris, Pequim... 
No caso de Lisboa, o ponto de partida deveria ser o regresso ao conceito de uma cidade-região decalcada do mapa da antiga Região de Lisboa e Vale do Tejo, o qual só foi abandonado para efeitos estatísticos e de angariação de fundos do QREN (por causa do embuste aeroportuário da Ota?).  
Esta cidade-região seria, como a de Paris, ou a de Pequim, organizada em anéis ou semi-circulares, de Lisboa para a Grande Lisboa e desta para a região de Lisboa, marcada por dois grandes rios: o Tejo e o Sado. Uma assembleia com 50 deputados, um por cada um dos concelhos, um executivo formado por um presidente e nove vice-presidentes, e 30 ou 40 unidades técnicas de gestão (Pequim tem 47), dariam coerência, riqueza conceptual, coesão, e grande força democrática às decisões estratégicas. As freguesias da cidade-região deveriam reunir-se anualmente em congresso, tecnicamente bem assessorado, com a missão clara de reforçar o exercício local da democracia e garantir um desenvolvimento equilibrado de todo o território municipal. A poupança, a eficiência e a capacidade de idealizar e desenhar a nova metrópole sustentável (urbana, suburbana e rural) para o clube das grandes cidades-região polinucleares mundiais seria quase imediato. Numa década a criação das cidades-região de Lisboa e do Porto, marcadas pela sua história e urbanidade, mas também pelos seus estuários e pelas suas cuidadas zonas e riquezas agrícolas mudariam radicalmente a performance estrutural do país.

Ainda sobre este tema ler as teorias de Richard Florida sobre as mega-regiões (pdf), para dar o seu a seu dono...

The Rise of the Mega-Region
by Richard Florida, Tim Gulden e Charlotta Mellander
October 2007

New Deal europeu, ou regresso do lóbi de Macau?

“Without the Marshall Plan, your bread would be bare and so would your children.”
Image @ Library of Congress.

Maria João Rodrigues, alma mater de António Costa, propõe mais dívida pública e mais dívida externa para salvar o país da pobreza, e para recuperar a Europa. Chama-lhe New Deal europeu. Será uma boa solução?


During the “dirty thirties” many thousands of farmers saw their livelihoods literally blow away. Making matters worse, most had gone deeply into debt to increase production, and when the drought struck, their creditors closed in. Driven off their lands, they became part of the army of persons displaced by the Great Depression. 
[...] 
The New Deal stabilized the economy and mitigated the worst of the Depression, but full recovery came only after December 1941, when America’s entrance into World War II triggered federal spending many times that under the New Deal. 

—in The Great Depression, the New Deal, and World War II in the American West, by Elliott West

New Deal? Não, não foi o New Deal que salvou a América da Grande Depressão, mas sim a Segunda Guerra Mundial e o Plano Marshall (European Recovery Program). Sem esta sangria mundial os Primeiros 100 Dias de Franklin D. Roosevelt, que deram início ao “new deal for the American people” (1933-1934, 1935-1938) não teriam atingido plenamente os resultados pretendidos. O preço final da saída da Grande Depressão de 1929-1933 foram centenas de milhões de mortos e milhões de casas e infra-estruturas destruídas na Europa e na Ásia, senhora Professora!

Mas uma coisa percebemos desta entrevista: Maria João Rodrigues, e não Mário Centeno, é a alma mater de António Costa. Daí a importância desta publicação do Jornal i, e a necessidade de a desmontar, para evitar ilusões que acabam em dissabores amargos.

Maria João Rodrigues. Exigir solução radical para a dívida é contraproducente 
Jornal i, Ana Sá Lopes, 05/03/2016 
Maria João Rodrigues, uma das maiores especialistas portuguesas em assuntos europeus, vice-presidente da família socialista europeia, acabou de conseguir aprovar um relatório pelo Parlamento Europeu em que conseguiu os votos do PSD e do CDS – integrados no Partido Popular Europeu – contra as políticas de austeridade. Em entrevista ao i, defende a urgência de aprovar um New Deal europeu que ponha a União Europeia a crescer. Quanto à dívida portuguesa, afirma que o problema tem de ser enfrentado, mas deve evitada “uma visão dramática”, leia-se exigir a reestruturação.

...para se atingir um New Deal europeu, o primeiro passo a conseguir é identificar esse New Deal dentro da família social-democrata europeia. Se se conseguir isso, será mais fácil depois consegui-lo, de forma transversal, com as outras famílias políticas. Acho que a família política onde este New Deal pode ser conseguido mais facilmente – embora não seja fácil – é a família social-democrata.
[...]
Está provado que quando reduzimos as desigualdades sociais, os grupos sociais mais desfavorecidos, ao adquirirem capacidade de compra, gastam mais. E isso dinamiza a economia. Esta recomendação foi consagrada no Parlamento Europeu pela primeira vez. Isto quer dizer que as prioridades da política económica para o próximo ano mudam substancialmente em relação aos anos anteriores. Até há pouco tempo, o policy mix estava centrado em duas ideias: consolidação orçamental a grande ritmo, com o argumento de que o nível dos défices e dívidas era muito elevado, e reformas estruturais voltadas para apoiar essa consolidação orçamental, ou seja, cortes nos sistemas de proteção social e privatizações. Agora há uma mudança, em primeiro lugar porque se acrescentam outras duas prioridades, que é o investimento e a aposta na procura interna. Mas além disso há também uma alteração do que se preconiza para as reformas e para a consolidação orçamental. E isso foi também consagrado neste meu relatório, que neste momento é do Parlamento Europeu.
A colagem da socialista Maria João Rodrigues à memória da Grande Depressão e do New Deal, tendo tido porém o cuidado de evitar qualquer referência à Segunda Guerra Mundial, deixa a sua equação fatalmente desprotegida. Bastará olhar para os gráficos do crescimento, do desemprego e do emprego industrial à época para se perceber que o New Deal perdia claramente força em 1937, e só a entrada dos americanos na guerra lhes permitiu sair do buraco.

O que lançou os Estados Unidos num ciclo de expansão económica sem precedentes foi o instantâneo e exponencial crescimento da procura externa. Mesmo num tão vasto território em fortíssima expansão demográfica a procura interna não teria sido suficiente para retirar duradouramente a América do atoleiro financeiro gerado em Wall Street. O Sonho Americano nasceu da destruição da Europa e do holocausto nuclear que infligiu ao Japão. Mas trinta e cinco anos depois dos famosos 100 dias de Franklin D. Roosevelt, em 1973, este sonho começaria a decair.

O chamado debt spending deixou de ser uma alavanca garantida para as economias que perdem velocidade, sobretudo depois de terem sido levantadas as barreiras alfandegárias à escala global e depois da implementação da livre circulação de capitais. O capital, por definição, procura as mais altas taxas de rentabilidade disponíveis nos mercados, seja especulando com os preços das matérias primas, das moedas, ou do dinheiro, seja orientando-se em direção às economias mais competitivas, quer dizer, fiscalmente mais atrativas e com melhores índices de produtividade, seja por fatores tecnológicos, pela qualidade da gestão, ou pelos custos salariais. 

Nos últimos quarenta anos, mais precisamente depois da morte de Mao Tsé-Tung (1) e do regresso em força de Deng Xiaoping, em 1976,  a China foi paulatinamente ocupando o lugar de maior exército laboral de baixo custo e maior exportador do planeta. As sociedades da Europa ocidental, dos Estados Unidos, Canadá, Australia e Nova Zelândia, dotadas de sistemas avançados de proteção social, acabariam por sucumbir comercialmente a esta troca cada vez mais desigual. As taxas de crescimento dos países ricos e desenvolvidos foram decaindo, as poupanças pública e privada passaram a endividamento crónico, os salários declinaram, o desemprego assumiu proporções dramáticas e sistémicas, a criação de novos empregos foi sendo cada vez menos expressiva, a atividade económica orientou-se preferencialmente para a especulação e para a dependência da procura pública, em suma, enquanto as economias de bolha foram gerando aparências de prosperidade, na verdade, o que surgiu foram sociedades e governos sobre endividados, ou mesmo no limiar da bancarrota.

O maior problema das economias desenvolvidas da América do norte, da Europa ou do Japão são os chamados entitlements, isto é: como financiar as responsabilidades assumidas pelos estados perante os seus cidadãos, e nomeadamente perante os contribuintes e eleitores?

O regresso do lóbi da Macau

António Costa parece ter reaberto o caminho ao lóbi de Macau, isto é, aos defensores de uma TAP pública, mesmo que perdendo os milhares de milhões de euros que vamos pagando sob a forma de resgates cor-de-rosa e vermelhos. Na realidade, a TAP é o único argumento e alavanca político-partidária capaz de justificar a construção de um Novo Aeroporto de Lisboa, ao qual se somariam uma Terceira Travessia do Tejo e ainda a famigerada ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid. 

Das palavras e sobretudo dos silêncios do atual ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, sobre a incorporação da Base Aérea do Montijo no Aeroporto de Lisboa, ao obscuro envolvimento pro bono (!) de Diogo Lacerda Machado, administrador da Geocapital —empresa de Stanley Ho de que Almeida Santos fazia parte—, ficamos com a sensação de que as ilusões de Maria João Rodrigues servem que nem uma luva aos sonhos húmidos de quem já provou não conseguir nada melhor do que atirar Portugal para as garras dos nossos credores, parte dos quais não passam de fundos de investimento especulativo, como se tem constatado nas guerras em volta dos swaps associados ao ruinoso setor público de transportes, do Banif, e do ex-BES.

Ironia suprema: o PCP parece alinhar com tudo isto. Em nome dos trabalhadores, claro!


NOTAS
  1. A saída do isolamento da China começou no início da década de 1960, na sequência da descoberta das suas importantes reservas petrolíferas, em Daqing (1959).

sexta-feira, março 04, 2016

Notícias da Swaplidândia



Portugal-0, Santander-1800 milhões


Os famosos swaps foram contratados por Maria Luís Albuquerque para o Governo 'socialista' de José Sócrates, a fim de acudir a um dos maiores cancros de má gestão, captura e desperdício de recursos públicos, e corrupção: as empresas públicas de transporte, como a Refer, as Estradas de Portugal, a Carris e os Metros de Lisboa e Porto.

Maria Luís perde: Santander recebe 1,8 mil milhões do Estado
TSF, 04 março 2016 
O Santander Totta venceu o processo que mantinha em Londres contra o Estado devido aos contratos swap. O caso remonta a 2013, altura em que o banco recusou os termos da renegociação dos contratos proposto pelo governo de então. Maria Luís Albuquerque (primeiro como secretária de Estado do Tesouro e Finanças e depois como ministra das Finanças) viria a considerar os acordos inválidos. 
O processo diz respeito a nove contratos swap feitos por quatro empresas públicas (Metros de Lisboa e do Porto, Carris e STCP) no valor de 1,2 mil milhões de euros (valor de mercado no final do primeiro semestre de 2015). Quando, em 2013, o Estado os considerou inválidos, deu ordem a estas empresas para que deixassem de pagar ao Santander os juros correspondentes, que, em junho de 2015, ultrapassavam 230 milhões de euros.

A Refer, entretanto, esfumou-se dentro doutro cancro chamado Infraestruturas de Portugal EP.

Esta fusão terá provavelmente um único objetivo: desviar os fundos europeus da ferrovia para a manutenção das auto-estradas e outros desvarios rodoviários que os rendeiros das PPP entretanto despacharam para o Orçamento de Estado, deixando de arcar com as despesas de manutenção das estradas PPP.


A maldade não tem limites

Leiam-me as entrelinhas desta crónica do Jornal de Negócios, de setembro de 2013...

“Maria Luís Albuquerque não fazia só ‘swaps’” 
O antigo presidente da Refer, que trabalhou mais de um ano com a actual ministra das Finanças, deixou elogios ao seu desempenho enquanto elemento da direcção financeira da empresa.

“Maria Luís Albuquerque era, indiscutivelmente, uma colaboradora muito eficaz, muito competente, muito sólida nas áreas daquela especialidade. Não fazia só ‘swaps’”, disse Luís Pardal na comissão parlamentar de inquérito aos contratos de cobertura de risco assinados por empresas públicos.

O presidente do conselho de administração da gestora da rede de infra-estruturas rodoviárias entre 2005 e 2012 exemplificou, dizendo que a governante, na altura, “fazia ‘road-shows’, a vender e a captar soluções de empréstimos”. No Executivo, Maria Luís Albuquerque também já fez “road-shows” por vários países para tentar convencer investidores das virtudes da dívida portuguesa. 
Jornal de Negócios, 17 setembro 2013

Beijocas no ar, tempestade no mar



Era assim que Leonid Brezhnev beijava Erich Honecker. Já as palmadinhas no cu...


Ao contrário da homossexualidade ainda enfiada no armário que predomina em Portugal, o beijo entre homens, e o beijo na boca entre homens eslavos, é um ritual muito comum, que as televisões difundiram por todo o mundo. Idem para os beijinhos entre políticos de sexos opostos. Passos beija Merkel, que beija Hollande, que beija a provocante Helle Thorning-Schmidt, que beija Jean-Claude Juncker... que beija José Manuel Durão Barroso!

Habituemo-nos à nova praxis. Se ao menos evitasse o empobrecimento da classe média.



TAP a zeros

O fraco 'load factor' em muitas rotas da TAP serviu propósitos inconfessáveis


Assim anda a TAP revertida do Costa e companhia...


Comentário de Rui Moreira sobre a imagem que ilustra este post: “colocado esta manhã no Facebook de um viajante. Voo Lisboa - Gotemburgo. Este deve dar lucro.”

Ao que parece o dito voo transportou 13 pessoas (pessoal de cabine incluído) entre Lisboa e Gotemburgo, e 110 no percurso inverso. Ou seja, 110+13=123. A média foi de 61,5. Quer dizer, o A320, que pode transportar entre 150 e 180 passageiros em cada voo (300 a 360 nos dois sentidos), teve um ‘load factor’, em ambos os sentidos, inferior a 50%.

É este cadáver adiado, a TAP, que chegou a um estado comatoso por exclusiva responsabilidade do velho PS e do velho PSD, que a Geringonça das esquerdas quer agora, ruidosamente, resgatar dos credores e da incompetência—sabem lá eles de quem!

Na verdade, o que persiste a bailar na rarefeita massa cinzenta da burguesia extrativa que temos, e da sua nomenclatura partidária, é o sonho de construir um novo aeroporto, muitas centenas de milhões de euros enterrados na especulação de terrenos depois, emprestados, recorde-se, pela falida banca indígena, que para estas e outras piratarias recorreu à banca e aos fundos abutres globais. Esta é uma fantasia conhecida, que raramente passou nos média, e que até o Jerónimo de Sousa parece não conseguir enxergar. Lá saberá porquê...

A Geringonça mal sabe no que se meteu. António Costa, afinal, tinha um sonho na vida: ser primeiro ministro. Mais vale rei por um dia, que autarca toda a vida.


Os resultados da reversão da TAP são cada vez melhores!

Ryanair disposta a voar para a Madeira 
NEGÓCIOS, Wilson Ledo | 03 Março 2016, 20:18 
A companhia “low cost” já demonstrou disponibilidade para voar para a Madeira, estreando-se no arquipélago. O autarca Paulo Cafôfo pede urgência ao Governo regional. Para combater os preços praticados pela TAP e Easyjet.

Estudo. TAP é a quinta pior companhia aérea do mundo 
Jornal i, 03/03/2016 08:16 
Estudo internacional baseado nas reclamações dos passageiros coloca a SATA em último lugar 
A TAP e a SATA estão entre as piores companhias aéreas do mundo no que respeita à qualidade dos serviços e à gestão de reclamações. No estudo internacional divulgado esta quinta-feira em vários países, como Inglaterra e EUA, a SATA é dada como a pior companhia entre as 34 que foram analisadas. Já a TAP é considerada a quinta pior companhia aérea do mundo. O estudo foi feito pela AirHelp, uma start-up fundada em 2013, em Silicon Valley, nos EUA, já com colaboradores em todo o mundo e a operar em Portugal.

Costa aflito prepara-se para pranchar Fernando Pinto

O Governo, aflito com as asneiras e manobras protagonizadas pelo lóbi do NAL da Ota em Alcochete, e pela Geringonça, já encontrou um bode expiatório: Fernando Pinto, o gaúcho que foi contratado pelo PS no ano 2000, para privatizar a TAP!

A folha de despedimento com justa causa (a falência da companhia) vem já a seguir.

Fernando Pinto merece, sem dúvida, um processo de despedimento, mas os piratas que usaram a TAP para levar por diante o embuste do Novo Aeroporto de Lisboa merecem ser investigados, acusados e metidos na prisão. Lá chegaremos um dia. Os grandes capi deste mundo não perdoam.

O que sempre esteve em causa, e pelos vistos ainda faz sonhar alguns piratas do velho Bloco Central, é isto: sem TAP não há NAL!

Sem esgotar artificialmente a Portela não teria havido nunca forma de justificar o NAL. Para esgotar artificialmente a Portela teria sempre sido necessário segurar ‘slots’, e rotas a perder dinheiro anos a fio, endividando a empresa até ao tutano. A frota, essa, envelheceu até se tornar irremediavelmente obsoleta face à concorrência e sobretudo face às Low Cost. O resultado está à vista: mais de dois mil milhões de euros de passivo acumulado (Relatório e Contas de 2014), prejuízos operacionais sucessivos, financiamento estatal oculto (nomeadamente através a Parpública e do ex-BES), empréstimos de cobrança duvidosa estacionados numa banca que rebenta dia a dia, e ainda a encomenda de 88 Airbus, cujo preço de catálogo supera os 12 mil milhões de euros, mas que ninguém sabe como pagar.

quinta-feira, março 03, 2016

Da austeridade às restrições do pós-capitalismo burocrático



Uma das formas de restruturar as dívidas públicas e privadas, e salvar bancos TBTF, é expropriar paulatinamente o capital, as poupanças e o rendimento do trabalho.


Remuneração dos depósitos a prazo abaixo dos 0,5% pela primeira vez 
Económico, 00:07 Catarina Melo 

A banca nacional está cada vez menos generosa a remunerar os depósitos dos portugueses. Dados disponibilizados ontem pelo ‘site’ do Banco Central Europeu (BCE) mostram que, em Janeiro, a remuneração dos depósitos a prazo, em Portugal, baixou pela primeira vez a fasquia dos 0,5%. Nesse mês, a taxa de juro das novas aplicações em depósitos a prazo fixou-se, em média, nos 0,49%, o que corresponde ao nível mais baixo de sempre tendo em conta o histórico disponível que remonta ao início de 2003.  
A quebra da remuneração dos depósitos a prazo acompanha o rumo descendente das taxas de juro de referência e a cada vez menor aposta dos bancos nesta classe de produtos financeiros, já que não têm urgência em captar depósitos de modo a equilibrarem o rácio de transformação. Além disso, a banca nacional defronta ainda uma menor concorrência pela via dos produtos de poupança do Estado desde que estes sofreram um corte de remunerações no arranque do ano passado.

No entanto, a nomenclatura partidária e nepotista instalada autoriza subidas nas faturas da EDP acima dos 2,4%, e aumentos no salário mínimo acima dos 18%! Depois admiram-se que os bancos portugueses estejam todos mortos ou a morrer na praia (exceto, ao que parece, a Caixa de Crédito Agrícola e a até agora blindada Caixa Geral de Depósitos).

Eis em síntese a situação portuguesa (2015-2016)

  • Crescimento do PIB em 2016: menos de 1,5% (est.) ; 1,3% em 2015 ; 0,39% entre 1988-2015
  • Dívida pública (2015): 129%
  • Dívida total: acima dos 350%
  • Inflação (2015): 0,6%
  • Taxa de juro de referência (BCE): 0,05%
  • Remunerações dos depósitos a prazo (jan-fev 2016): abaixo dos 0,5%
  • Salário mínimo (2016): +18,85% (previsão) ; entre 2008-2015: +19%
  • Pensões até €628,8: +0,33% a +0,4% ; uma pensão de 628€ subirá de 1,88€ a 2,51€/mês
  • Energia elétrica: +2,5% (mais 400% x inflação)
  • Telecomunicações: +2,5% (mais 400% x inflação)
  • Livros escolares: +2,5% (mais 400% x inflação)

Um artigo recomendável
Portugal’s Debts Are (Also) Unsustainable 
Erico Matias Tavares | Sinclair & Co. | Linkedin 
Everyone seems to be focusing on Greece these days – a country so indebted that it needs even more loans to repay just a fraction of its gigantic credits. Clearly this is unsustainable and something has to give. Even the IMF agrees 
But what about the other Southern European countries? 
Actually, Portugal’s financial situation is looking particularly shaky, and any hiccups could have serious cross-border repercussions from Madrid all the way to Berlin.
The prevailing narrative is that Portugal has been a star pupil compared to Greece, with austerity delivering much better results 
The government, a coalition of a center party and center-right party that together have held the majority of parliamentary seats since the 2011 election, pretty much followed all the major guidelines demanded by its creditors (the famous “Troika”) pursuant to the 2010 bailout, and was even praised for it. 
Exports have performed exceedingly well given everything that was going on domestically and abroad; 
the managers of small and medium enterprises in Portugal are true heroes, operating in difficult conditions and with limited access to credit. 
Portugal has recently become a darling of international real estate investors and tourists. 
The country’s citizens have stoically endured a range of tough austerity measures with surprisingly little social disruption. 
So it is understandable that hopes for Portugal’s future are much rosier than in Greece… AND YET ITS FINANCIAL SITUATION IS ALSO UNSUSTAINABLE! 
We realize that this is quite a bold statement. So to support our argument we will use some simple math to show where government finances stand after five years of austerity.

quarta-feira, março 02, 2016

Pânico na banca portuguesa


Santander-Totta-Banif persegue agora o Novo Banco


O lóbi ligado ao Cavaco está em pânico. A campanha começou com Vítor Bento, depois foi o programa Prós e Contras, e ontem o apelo feito por Alexandre Patrício Gouveia no programa do Medina Carreira. Este responsável quer que o BCE aceite as exigências locais. Como se o BCE tivesse que obedecer ao Governo português.
O programa Olhos nos Olhos de ontem fica para a história. Alguns responsáveis do país só agora perceberam que já não mandam nada. RR

Ontem ouvimos no programa Olhos nos Olhos (TVI) um apelo lancinante pela manutenção do ex-BES (Novo Banco) sob controlo do regime populista, incompetente, irresponsável e corrupto que conduziu o país à bancarrota. Tarde demais.

O pânico foi descrito assim por Alexandre Patrício Gouveia:

“...o Banco Central Europeu entende —e já transmitiu essa mensagem, essa posição, a várias entidades em Portugal— que o mercado da banca comercial deve ser repartido entre a Caixa Geral de Depósitos, o Banco Santander, o BBVA, e o La Caixa da Catalunha. Tem esta visão como uma forma fácil e rápida de resolver o problema, acabando com os problemas de gestão bancária em Portugal, arrumando o assunto com grandes grupos bancários.”

O banco Santander é o maior banco da zona euro, e está entre os 30 maiores bancos do planeta, mas como assinalámos em post anterior (“Banca portuguesa por um fio”) apenas 0,77% da instituição pertence aos acionistas que detêm o respetivo controlo gestionário: a família Botín.

Este pequeno detalhe significa que a preocupação do BCE relativamente ao Santander, que necessita de reforçar a sua almofada de capital (TLAC) em mais de 27 mil milhões de euros, até 2019(1), é de natureza sistémica, enquanto a sua preocupação relativamente aos Banifs e Novos Bancos desta Europa se resume à necessidade de tirar as maçãs podres do cesto bancário europeu, procedendo cumulativamente ao reforço das suas grandes instituições bancárias, absorvendo nomeadamente os ativos bons dos pequenos e médios bancos insolventes. O Novo Banco detém responsabilidades em depósitos na ordem dos 20 mil milhões de euros, mas ninguém ofereceu até hoje mais de 2000 milhões pela instituição(2). Que aconteceria se a TVI repetisse a graça que deitou o Banif ao chão, entregando os despojos bons ao Santander?

Para o BCE é essencial demonstrar que o mecanismo de resolução aplicado ao falido BES funciona. Dificilmente aceitará qualquer desvio à sua estratégia, menos ainda a nacionalização do Novo Banco, e muito menos a sua integração na Caixa Geral de Depósitos, pois implicaria transpor para os contribuintes mais um enorme custo bancário, ao arrepio do próprio Mecanismo Único de Resolução que entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2016.

Alternativa ao Santander já houve. Chamou-se Fosun. O que não houve foi coragem para vender o NB a este grupo chinês. Agora, tudo será mais difícil.


ÚLTIMA HORA

CMVM suspende negociação das ações do BPI
RTP 02 Mar, 2016, 11:14 / atualizado em 02 Mar, 2016, 12:01

Mais um banco fora da órbita indígena. Desta vez nas mãos de els nostres germans catalans! Como seria de esperar, Isabel dos Santos, e Angola em geral, não resistiram às pressões do... BCE. Pobre país, o nosso, que mais parece uma carcaça moribunda rodeada de abutres. Quem nos conduziu ao precipício é incapaz de nos salvar. Da esquerda à direita, entenda-se. Tempo de renovar a casta dirigente, nos partidos, nas empresas e nos bancos.


NOTAS

  1. “El grupo Santander necesitaría 27.600 millones extra para cumplir las nuevas exigencias para bancos sistémicos”. Expansión, 25/9/2015.
  2. Apesar de avaliado em 4mM€ ninguém ofereceu pelo Novo Banco mais de 2mM€. Aliás, nos últimos seis meses o ex-BES poderá ter perdido 50% do seu valor. Para chegarmos a esta estimativa basta ponderar nisto: o Stoxx 600 Europe Banks (47 bancos europeus, entre os quais o BCP) perdeu 40% do seu valor desde 31 de julho de 2015 (28,8% nos últimos 12 meses). Outro valor a ponderar é este: o BCP perdeu 60% nos últimos doze meses. E ainda: em 2015 o Novo Banco teve prejuízos de 980 M€. Em suma, o banco bom do BES, atualmente sob um regime de resolução bancária diretamente controlado pelo BCE/Banco de Portugal, poderá neste momento valer pouco mais do que 220 M€ (2000 M€ - 800 M€ - 980M€), apesar de deter uma carteira de depósitos de 20 mil milhões de euros.

Procura agregada mundial estagnada


Baltic Dry Index (BDIY:IND)

Concentração ameaça pequenas economias extrativas e/ou mal geridas


Autoridades chinesas confirmam que a COSCO vai mudar alianças
29 Fevereiro, 2016 at 17:34 | por T& 

O sub-director do Instituto dos Transportes da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, Yin Zhen, veio, agora, confirmar esse objectivo. “A China Cosco Shipping deseja formar uma aliança mais forte, que possa desafiar o ascendente da 2M na rota Este-Oeste, assim como cortar ligações com alguns parceiros mais fracos nas actuais alianças para prevenir perdas financeiras futuras”, referiu, citado pelo jornal estatal “China Daily” 
Um porta-voz da COSCOCS acrescentou que “formar uma união maior pode, efectivamente, compensar” crescimentos de volume mais baixos e sobrecapacidade. “A China Cosco Shipping vai escolher os futuros parceiros de forma cautelosa para estabelecer uma aliança forte na actual conjuntura”, disse.A queda consistente da procura agregada mundial está a induzir grandes operações de concentração estratégica empresarial, não só no setor financeiro, mas também nos transportes... 

Para países pequenos e pouco produtivos como Portugal, esta tendência pode revelar-se fatal, sobretudo se andarmos a dormir, como até agora.

A deriva demo-populista e casca grossa da geringonça que usurpou o poder à coligação que venceu as últimas legislativas, propagandeando ainda por cima a divisão do país entre esquerda e direita, só poderá piorar ainda mais o nosso declínio coletivo.