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domingo, novembro 14, 2010

Bancarrota-4

Expulsar Portugal da Eurolândia?

Masaccio, "Expulsão de Adão e Eva do Paraíso"

O charlatão que elegemos para primeiro ministro anunciou, em perfeito jet lag (1), mais uma boa notícia sobre a nossa excelente economia: estamos a crescer mais do que o previsto e mais do que a generalidade dos nossos parceiros europeus. Esqueceu-se "o engenheiro" de dizer que a boa performance das exportações se deve ao crescimento alemão, que houve compras antecipadas e por atacado de automóveis e outros bens e serviços na previsão de uma subida generalizada dos impostos, e que pese embora as quebras acentuadas das receitas turísticas, sobretudo hoteleiras, o fenómeno chamado Low Cost deu origem a uma verdadeira ponte aérea entre Porto, Lisboa, Faro e Funchal, de um lado, e dezenas de cidades europeias, originando uma nova e surpreendente classe de passageiros frequentes composta por emigrantes portugueses. Ouve-se falar inglês, italiano e francês no Porto e Matosinhos, como nunca se ouviu. Mas o que realmente tem feito a diferença, suspeito bem, é a frequência com que os nossos emigrantes se deslocam a Portugal, para ver familiares, tratar dos seus negócios e comer pataniscas, desde que a Ryanair, a easyJet, a Vueling e a Air Berlim, entre outras companhias aéreas de baixo custo, começaram a fazer o que a TAP (2) há muito deveria ter começado a fazer, mas não fez — subordinada que esteve nas últimas décadas aos negócios privados dos piratas do Bloco Central e da Tríade de Macau.

Das exportações atraídas pelo crescimento alemão e asiático, e dos fluxos de poupança que as mais recentes vagas de emigração aportam ao país, ninguém se pode queixar e todos temos que agradecer. São factores de resiliência que ajudam a compreender porque não nos estatelamos ainda ao comprido, mas que nenhum político pode exibir como mérito próprio. A corja partidária, sobretudo aquela corja que há três décadas coloniza a nossa democracia como se de uma coutada ou grande tacho se tratasse, continua a comportar-se, no meio da maior crise de endividamento de que há memória neste país, como uma insaciável ninhada de ratos mimados. O descalabro começou na fase terminal da dita era Cavaco. Daí a aliança descarada entre o incapaz e recandidato presidente, e o mitómano que dá pelo nome de Sócrates!

Mas se é verdade que as exportações têm vindo a crescer a bom ritmo, e que centenas de milhar de portugueses emigrados continuam a investir no seu país, não é menos verdade que o nosso endividamento colectivo, a dívida externa portuguesa, e sobretudo o escandaloso descalabro das finanças públicas geridas pelo Terreiro do Paço, ameaçam atirar Portugal para fora do Sistema Monetário Europeu, isto é, para fora do euro! Se em 2011 Portugal, como é cada vez mais provável, suspender o pagamento de dívidas ao exterior e declarar a bancarrota do Estado, a que se seguirá um processo formal de reestruturação da sua dívida soberana, não será o fim do mundo, mas será certamente o princípio do fim desta República.

É à luz da óbvia gravidade da situação em que nos encontramos que as palavras de Luís Amado ao Expresso e a agitação crescente nas hostes do PS devem ser compreendidas. O Partido Socialista, se não conseguir acantonar a horda de piratas que tomou de assalto o PS e o Estado, entrará num imparável e humilhante processo de suicídio político e desagregação. Para evitar esta possível morte prematura, só tem uma coisa a fazer: apear o vilão Sócrates do poleiro!

Como aqui se escreveu várias vezes, o actual ministro dos negócios estrangeiros seria uma boa alternativa ao imprestável Sócrates, na perspectiva da formação duma grande coligação governativa (PS, PSD, CDS). Esta coligação, apesar de problemática, é há muito a única geometria político-partidária, no actual quadro constitucional, capaz e reunir a autoridade democrática e traçar a bissectriz programática imprescindíveis ao estabelecimento dum acordo de regime para uma década, do qual venha a constar como prioridade única fundamental o emagrecimento do paquiderme estatal criado pela simbiose oportunista entre a nomenclatura partidária, a burguesia corporativa, a clientela económico-financeira e a burocracia (3). Um estado menos obeso será necessariamente mais transparente, mais ágil, e mais solidário.



As alternativas reduziram-se drasticamente nos últimos meses. Se nada se fizer no PS —i.e. se ninguém com a coragem suficiente exigir um congresso socialista antes mesmo das próximas presidenciais (marcando em larga medida o desfecho destas) para apear Sócrates e a canalha que o rodeia, e preparar o PS para forçar o inanimado Cavaco e o novel Passos de Coelho a sentarem-se à mesa de uma grande coligação, então seremos inexoravelmente expulsos do euro (4).

NOTAS
  1.  Sócrates estava em Macau quando se congratulou com o crescimento inesperado do PIB, numa viagem desesperada para convencer o primeiro ministro chinês (Wen Jiabao) a convencer o presidente chinês (Hu Jintao) de que os piratas lusitanos que levaram Portugal à bancarrota precisam desesperadamente que a China compre um, dois, ou três mil milhões de euros da nossa dívida soberana, e que entrem também no capital dos sobre endividados BCP e EDP. Só que até agora, para além das palavras protocolares, népias! É provável que a China ajude Portugal, mas para que tal aconteça, creio que Hu Jinato e Wen Jiabao esperarão pela saída do imprestável Sócrates. É esta a conclusão que retiro das movimentações desesperadas da Tríade de Macau.
  2. Há muito que Bruxelas decidiu liberalizar os céus da Europa e privatizar o transporte aéreo, proibindo os estados nacionais de injectar dinheiro nas suas obesas e ineficientes companhias de bandeira. Países como Portugal, Espanha e outros inventaram no entanto mil e um subterfúgios para continuarem a alimentar o endividamento imparável destas companhias à custa dos contribuintes adormecidos — mantendo assim porcas orçamentais invisíveis com que têm vindo a amamentar as respectivas nomenclaturas, cada vez menos democráticas: partidos e deputados (recordemos o caso extraordinário da deputada Inês Medeiros, mas também os milhões em descontos destinados aos passageiros frequentes da nossa classe partidária), legiões de administradores fictícios e comissários políticos, e as empresas clientelares do regime (recorde-se o caso da falida PGA impingida politicamente pelo BES à falida TAP). A companhia administrada pelo gaúcho Fernando Pinto conta apenas com três activos de monta: a posição dominante nos voos entre o Brasil, Angola e Europa; os seus pilotos e o pessoal de manutenção de aeronaves. Tudo o resto é prejuízo ou leasings por pagar. Ou muito me engano, ou o governo português vai ser obrigado, por quem lhe empresta o dinheiro para pagar aos funcionários públicos, reformados e pensionistas, a privatizar a TAP em 2011. O governo "socialista" quererá fazê-lo, mas colocando o ónus do despedimento de alguns milhares de trabalhadores (336 da Groundforce já marcharam) aos ombros do comprador. Acontece, porém, que Sócrates e os capachos Vieira da Silva e Teixeira dos Santos, já perderam toda a margem de negociação. Resta-lhes tão só obedecer ao BCE e a Bruxelas. Ou então, um golpe de génio: vender a TAP, o BCP e uma fatia estratégica da EDP (10%) aos chineses! Sempre evitávamos a entrada de Madrid no Terreiro do Paço, e colocávamos Portugal num novo plano de diplomacia estratégica.
  3. Para além do emagrecimento do Estado e de boa parte das instituições democráticas (alteração da lei eleitoral e diminuição do número de deputados, câmaras municipais e freguesias urbanas), devemos exigir de quem nos levou à falência mais estas prioridades estratégicas:
    • revisão imediata de todas as Parcerias Público-Privadas, incluindo rescisão de boa parte das mesmas e incriminação eventual dos seus autores;
    • revisão imediata da política de gestão dos recursos hídricos nacionais, abolindo de imediato o sórdido processo de privatização das águas públicas;
    • revisão imediata da política energética nacional, trocando a actual estratégia de exaustão e assalto oligopólico aos recursos energéticos efectivos e potenciais do país, por uma estratégia pública rigorosa e drástica de eficiência energética;
    • actualização instantânea dos valores mínimos exigíveis das rendas urbanas, indexando os valores por metro quadrado a uma regra de cálculo transparente e justa, indexada ao efectivo poder de compra de cada cidade e aglomerado urbano, calculado pelos municípios e freguesias;
    • criação de um Plano Nacional de Mobilidade Sustentável, com gestão descentralizada até ao nível das freguesias, onde o transporte colectivo, público, empresarial e comunitário deverá contar com claros incentivos e benefícios, relativamente ao transporte individual motorizado;
    • simplificação da administração da justiça e efectivo controlo democrático sobre o poder judicial;
    • criação de legislação clara sobre a defesa legítima de interesses, conflitos de interesses, incompatibilidades e tráfico de influências;
    • liberalização do contrato de trabalho individual, tendo em vista a sua competitividade relativamente à legislação europeia predominante, regras de transparência e justiça relativa para ambas as partes contratantes.
  4. A saída de Portugal do Sistema Monetário Europeu seria sempre uma medida extrema que a Comissão Europeia procurará evitar a todo o custo. Até porque colocaria imediatamente na mesa os problemas da Irlanda e da Grécia — já para não falar de Espanha, a quarta economia da União. Prevejo, pois, que Bruxelas e o BCE prefiram manobrar no sentido da remoção do entulho socratino da nossa governança, e da formação de uma coligação governamental de grande maioria, com um primeiro ministro do PS e um vice-primeiro ministro do PSD, capaz de simultaneamente levar a legislatura até ao fim, e de introduzir as correcção drásticas de que Portugal precisa para reganhar a confiança dos mercados financeiros, destroçada pelas sistemáticas mentiras e manobras evasivas dos piratas que tomaram de assalto o PS e o País.

Última actualização: 14 novembro 2010; 10:49

terça-feira, novembro 09, 2010

Bancarrota-3

7,01% !

“Portugal continua a bater recordes na sua dívida a dez anos. Neste momento, estamos nos 7,01%, a taxa que o Estado iria pagar se se tivesse endividado hoje. Amanhã iremos fazer um leilão desta mesma dívida. Por isso, a não ser que haja uma recuperação forte, será à volta desta taxa que o Estado irá pagar”, indica Filipe Silva, gestor do mercado e dívida do Banco Carregosa. — Renascença.

Para termos uma ideia do que significa um juro de 7%, basta dizer que por cada mil milhões de endividamento teremos que pagar dois mil milhões daqui a dez anos, quando o empréstimo e respectivos juros estiverem finalmente saldados. Por cada euro, pagaremos dois, e assim sucessivamente.

Como as necessidades de endividamento anual do Estado estão na ordem dos 24 mil milhões de euros por ano, tal significa que daqui a 10 anos teremos que pagar o dobro destas quantias se os juros se mantiveram na casa dos 7%. É por causa deste simples cálculo, que na prática significa uma espiral de endividamento exponencial, que Portugal entrou inexoravelmente no precipício da bancarrota.

Nada nos salvará de uma intervenção drástica do Fundo de Estabilização Financeira Europeu e do FMI. Ou melhor, que venham o mais depressa possível, para evitar que os piratas que assaltaram o país continuem a roubar desalmadamente tudo o que podem e encontram pelo caminho!

O senhor constitucionalista Jorge de Miranda deveria reformar-se e deixar de dizer baboseiras. Os políticos que levam um país à bancarrota devem ser investigados, sim! E devem ser presos, se cometeram crimes, ainda que sob protecção de cargos ministeriais e públicos de diversa ordem, sim!!

Entretanto, recomendo a leitura de mais este artigo oportuno e bem meditado de Rui Rodrigues:
As infra-estruturas numa economia nova

Os únicos investimentos em infra-estruturas, em que se deveria apostar, seriam aqueles que poderiam tornar a economia mais competitiva e que possibilitassem o aumento das exportações, tais como numa nova rede ferroviária de bitola europeia e nos portos de mar. (Público)

sábado, outubro 30, 2010

Acordo nado morto

Como remover Sócrates do poleiro?

Quem ouviu atentamente as declarações de Eduardo Catroga e de Teixeira dos Santos terá percebido que o sucessivamente anunciado fumo branco do acordo orçamental não passou dum exercício de narcisismo por parte de José Sócrates, que abandonou por alguns minutos o Conselho de Estado para ir dar ordens à sua central de contra-informação e propaganda, e depois, por parte de Cavaco Silva, que não resistiu ao oportunismo de poder vender eleitoralmente a sua mediação presidencial, dando a entender que encostara Sócrates às cordas com aprovação generalizada dos conselheiros que entretanto reunira.

Ou alinhas num acordo com o PSD, ou vais parar ao charco de uma demissão antecipada — deverá ter sido o tom grave do Conselho de Estado de ontem.

O comportamento vigarista do primeiro ministro em mais este episódio do penoso enterro do seu consulado irritou uma vez mais Passos de Coelho, levando-o a declarar à entrada de uma reunião partidária, ontem, por volta das 22:00, que não havia acordo. Catroga, na longa e acutilante conferência de imprensa dada hoje de manhã na Assembleia da República, depois de anunciar a hora exacta (23:19) do acordo para a aprovação na generalidade no próximo orçamento de estado desancou literalmente o governo e o PS, deixando a nu as causas do colapso financeiro provocado pela incompetência e comportamentos altamente censuráveis daqueles dois protagonistas ao longo dos últimos 15 anos. Depois de ouvir as justas mas virulentas declarações do antigo ministro de Cavaco Silva, disse de mim para mim: a resposta do Teixeira dos Santos só poderá relançar o caminho da ruptura entre Sócrates e Passos de Coelho. E assim foi:

Às 23h19 minutos de sexta-feira, Teixeira dos Santos e Eduardo Catroga selaram o acordo. Agora, diz Teixeira dos Santos, o “Orçamento do Estado para 2011 vai ser aprovado na generalidade”. No entanto, o ministro das Finanças acusa o PSD de “dourar a pílula” com as suas propostas, que vão custar ao país 500 milhões de euros.

“Vai ser necessário adoptar medida adicionais para atenuar o custo de 500 milhões deste acordo”, avisa Teixeira dos Santos, porque, a tentativa do PSD de “dourar a pílula”, “esconde a necessidade de medidas exigente”.

No entanto, Teixeira dos Santos recusa-se a explicar que medidas adicionais são essas, esclarecendo que o Orçamento será “OE “aprovado na generalidade” e servirá de “base de trabalho” e que será depois “ajustado aos desafios do país” — in RR Renascença.

Conhecendo, todo o país, como conhece, o mitómano que elegeu para primeiro ministro, e a fidelidade canina dos seus acólitos ministeriais e deputados de confiança (Teixeira dos Santos, Pedro Silva Pereira, Vieira da Silva, Santos Silva, e o canídeo de fila parlamentar Jorge Lacão), podemos desde já fazer apostas sobre quantas semanas levará a esfumar-se o putativo acordo orçamental hoje anunciado.

Pedro Passos de Coelho, cuja liderança tem melhorado a olhos vistos, graças às vozes avisadas dos seus novos e experientes conselheiros (nomeadamente Diogo Leite de Campos e Eduardo Catroga), já percebeu que Sócrates não tem palavra, e que além de não ter palavra, é um perigoso mitómano encurralado na incompetência gritante das suas políticas, e enredado nas teias tenebrosas da tríade pirata de Macau, ou até, quem sabe, de alguma seita dianética com origem nos Estados Unidos. O BPN é uma bomba relógio que escalda nas mãos de Cavaco Silva, mas poderá revelar-se também uma castanha quente para Sócrates. Alguém já perguntou a esta criatura se tem dinheiro seu em contas bancárias no estrangeiro? Alguém já perguntou ao primeiro ministro se tem dinheiro seu em  paraísos fiscais? São duas perguntas inocentes que merecem resposta, creio.

Na presente situação é do interesse de Sócrates demitir-se, para não ser assado em lume brando pelo colapso em curso da economia e das finanças do país. Mas há um perigo que lhe deve causar suores frios todas as noites: e se a Maçonaria lhe lança de novo a matilha do Ministério Público às canelas? Que poderá fazer para evitar uma queda definitiva no abismo? E se o inenarrável ex-sargento do PCP, e ex-ministro da Ota e do Deserto da Margem Sul, Mário Lino, denunciado por Ana Paula Vitorino no processo "Face Oculta", apontar os holofotes para o seu antigo chefe? Quem salvará Sócrates Pinto de Sousa dum imediato e interminável calvário judicial, se abandonar o cargo de primeiro ministro? Diz-me a intuição, pois os factos estão no segredo da Justiça, que alguns dos casos já encerrados poderão voltar a ser reabertos, e que novos casos poderão surgir de um dia para o outro, sobretudo se houver uma corrida aflita de ratazanas em direcção aos botes de salvação do abalroado navio governamental — que já mete água por todos os lados.

Assim sendo, isto é, se José Sócrates não se demite por medo das consequências pessoais, que alternativas restam para evitar as consequências mais gravosas da presente bancarrota do país?

Especulemos:
  1. Sócrates tenta manter-se no poder cedendo às exigências crescentes do PSD, nomeadamente no capítulo do desmantelamento da guarda neo-pretoriana criada pela tríade de Macau ao longo dos últimos quinze anos, apunhalando uma a uma as milhares de divisões que suportam o poder tentacular da actual cleptocracia camuflada de socialismo — o perigo para Sócrates de tamanha traição é talvez mais assustador do que cair nas malhas da Justiça maçónica!
  2. Sócrates tenta manter-se no cargo sem ceder ao PSD, apesar do acordo anunciado esta manhã (foi isto mesmo que Teixeira dos Santos veio dizer em tom provocatório depois da comunicação de Eduardo Catroga), provocando nova ruptura e a deserção de Pedro Passos de Coelho do acordo, por motivo obviamente compreensível. Neste caso, o Presidente da República, com o apoio já garantido pelo Conselho de Estado, mesmo antes de ser reeleito, demite o chefe de governo, José Sócrates Pinto de Sousa, e chama o secretário-geral do PS, José Sócrates, para indicar outra personalidade do PS, ou da confiança do PS, para substitui-lo no cargo e formar novo governo. O estigma da demissão poderia ser tentador para um Sócrates transvestido de vítima, se não fosse tarde demais para semelhante farsa. Os danos e a pirataria estão demasiado escancarados! A demissão de José Sócrates por Cavaco Silva ainda este ano seria uma espécie de circuncisão no governo, bem-vinda por todos e destinada a acalmar Bruxelas, afastando os especuladores que há meses ganham rios de dinheiro com as dívidas soberanas. A celebração dum congresso extraordinário do PS e a remoção da criatura seria mais do que aconselhável neste caso.
  3. Sócrates, por pressão partidária crescente, e sobretudo pela enorme pressão policial de que a Maçonaria pode fazer prova neste momento de verdadeiro aperto nacional, seria levado a tomar a iniciativa de se demitir, garantida que fosse previamente uma espécie de amnistia a priori dos seus hipotéticos crimes. Cavaco chamaria o partido mais votado —o PS— a indicar nova personalidade para desempenhar o cargo de primeiro ministro e formar novo governo. 
  4. A paz podre entre PS e PSD dura os próximos seis meses, tempo necessário à reeleição de Cavaco, depois da qual este estará mais seguro para desencadear a demissão do actual governo, a dissolução do parlamento, a convocatória de eleições legislativas antecipadas, e a promoção de um governo de coligação patriótica em nome dos interesses vitais do país. Se este cenário ocorrer teremos um novo cesarismo em Portugal, com prejuízo evidente para a actual partidocracia (o clima popular para esta inflexão já está criado), esmagando então as pretensões de Passos de Coelho.
Do ponto de vista rosa a terceira hipótese é claramente a mais conveniente. Remove de forma cirúrgica o empecilho do regime como se fosse um acto de vontade do próprio, evitando desta forma a humilhação pública de uma demissão por acção presidencial. Abre possibilidade a um governo de coligação liderado pelo PS, incluindo um vice-primeiro ministro do PSD e um ministro de estado do CDS-PP, com uma repartição idónea de pastas ministeriais, num governo mais sintético do que todos os que tivemos desde 1974, austero e com uma política de comunicação e transparência administrativa à prova de censura. Um tal governo poderia ser perfeitamente liderado por Luís Amado e ter Eduardo Catroga como vice-primeiro ministro, Diogo Leite de Campos, na pasta da Economia e Finanças, Paulo Portas, nos Negócios Estrangeiros, Assunção Cristas, na Educação, Desporto, Cultura e Credos Religiosos, Correia de Campos, na Saúde, Alberto Martins continuando onde está, etc. Este governo deveria durar até ao fim da presente legislatura, evitando-se, assim, as tão propaladas eleições legislativas antecipadas.

Estes tempos difíceis seriam também propícios ao amadurecimento da nova liderança do PSD, ao surgimento de uma nova liderança no PS, para a qual vejo Manuel Maria Carrilho como uma das personalidades melhor talhadas, e sobretudo para uma profunda mudança de atitudes e estilos no comportamento partidário. O PCP e o Bloco precisam de fazer um honesto exame de consciência — mudando radicalmente as suas gastas e desastrosas narrativas populistas. Outros partidos e novas plataformas de poder pós-corporativo deverão nascer e em parte substituir ou ajudar a modificar as indigentes corporações patronais e sindicais que temos, tão responsáveis quanto as demais instâncias de poder pelo colapso que abateu o regime democrático saído do 25 de Abril de 1974.


ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 30-10-2010, 23:43.

    sexta-feira, outubro 29, 2010

    PSD mais perto do poder — 2

    Os moços de fretes da comunicação social voltaram a enganar-se em manada!

    Ainda bem que Pedro Passos de Coelho me ouviu, e sobretudo ouviu uma pessoa honesta e experiente como é o fiscalista Diogo Leite Campos, actual vice-presidente do PSD — a única que fez um pronunciamento estratégico laranja em toda esta crise. Ao PS recomendou, não exactamente por estas palavras, que limpe a sua própria trampa, e que não tente despejar a diarreia despesista e corrupta que levou Portugal à bancarrota para cima de quem nada ou pouco teve que ver com o caso.

    Mais certeiro ainda, e em plena sintonia com o que aqui escrevi a propósito das argumentações senis, irresponsáveis ou cínicas do PCP e do Bloco de Esquerda, Leite Campos sugeriu que a turma que apoia Manuel Alegre, e o próprio Manuel Alegre, deveriam, em coerência, votar o Orçamento de Estado ao lado do PS, não fazendo qualquer sentido que tal elefante branco venha a ser engolido —contra natura— por quem se posiciona claramente como próxima alternativa de governo, e óbvio opositor do triste Alegre.

    Passos de Coelho, apesar de ter sido virtualmente destroçado pelo patarata António Nogueira Leite e pelo esgazeado que ajudou a entregar o BCP ao PS, ou de contar ainda com uma matraca insuportável chamada Miguel Relvas, na pose de ajudante de campo, a verdade é que acordou. E acordou bem!

    Chamar um ex-ministro das finanças —Eduardo Catroga (que a manada das agências de comunicação e da comentarice indigente apenas leu como um ex-Cavaquista)— para liderar as negociações com esse desastre ambulante vindo das Antas chamado Teixeira dos Santos, foi um tiro na mouche. Para novatos sem biografia, já basta o próprio Passos de Coelho, que a todos prometeu aprender depressa. Ou seja, o Jota, se quiser chegar a primeiro ministro, tem que largar o lastro inútil que se pegou à sua candidatura e rodear-se de gente experiente, que não faça parte da nomenclatura do Bloco Central da Corrupção. Só assim poderá vencer o vigarista-mor do reino, José Sócrates Pinto de Sousa, e a prazo, essoutro traste nacional chamado Aníbal Cavaco Silva, que acaba de recandidatar-se à presidência da república numa cerimónia patética. A mensagem cifrada que enviou à matilha do BPN é virtualmente um caso de polícia. Se os indigentes lusitanos voltarem a votar nesta rainha de Boliqueime, então merecerão que lhes mijem em cima nos próximos cem anos! À medida que a gigantesca operação criminosa do BPN se for esclarecendo, e sobretudo à medida que o financiamento desse buraco negro insondável se traduzir num assalto sem fim à bolsa de todos nós, assistiremos então ao inevitável desmaio da incompetente e desajeitada criatura que em má hora colocámos em Belém.

    Toda esta descrição só é relevante porque existe e é preciso denunciar uma verdadeira simbiose oportunista, que nos últimos anos se estabeleceu e não pára de consolidar, entre o actual primeiro ministro e o actual presidente da república. Estas criaturas de opereta (para quem Portugal não é a Grécia!) são os principais responsáveis políticos pela bancarrota do nosso país. Por este simples facto devem, antes de mais, ser levados a tribunal!

    José Sócrates quis e continua a querer arrastar o PSD para a armadilha dum apoio irrefutável ao seu Orçamento de Estado pirata. Não aceita, claro está, a abstenção com demarcação política prévia proposta por Manuela Ferreira Leite. Não, Sócrates quer que o novato Passos de Coelho beba o copo do compromisso até à última gota! Negociar, ou dançar o tango, foi a maneira encontrada para atrair o líder laranja para a derrota. Uma vez firmado um acordo, nem que seja em volta de 10 euros, o PSD ficará atado à execução orçamental como seu co-autor, sem ter escrito uma linha do mesmo. Por outro lado, não terá a mínima influência na sua execução, mas será responsabilizado pelas suas consequências. A alternativa, repete José Sócrates, é a demissão do governo. Mero bluff? Ninguém sabe. A minha aposta é que este vigarista das Beiras só sairá se for empurrado — pelo PS, ou pelo presidente da república. Por decisão própria, não acredito.

    Poderemos viver sem orçamento aprovado? Creio que não, pelo simples motivo de que o BCE fechará a torneira, e o governo deixará de ter dinheiro para pagar aos funcionários públicos — a começar já no próximo subsídio de Natal. Se aqui chegarmos, e porque quem teme sair do circo da política não se demite, terá que ser Cavaco Silva (porventura com a ajuda do Conselho de Estado de 29 de novembro) a fazê-lo, chamando o PS de novo a indicar uma personalidade da sua confiança para formação de novo governo, eventualmente de coligação alargada (PS-PSD-CDS_PP). Tudo isto ocorrerá antes das eleições presidenciais se, entretanto, Passos de Coelho rejeitar, como é sua obrigação democrática, a vigarice orçamental que lhe puseram diante da vista e a pantomima de mais negociações. Pedro, não te esqueças: basta uma escorregadela para dentro do buraco negro do orçamento, para que a tua carreira política se evapore num ápice.

    Existirão forças dentro do PS para acudir a esta emergência? Eu penso que sim, apesar do estado de destruição nefasta do partido operada desde que Jorge Coelho tomou conta do aparelho e depois o entregou à tríade de Macau. Tal como no caso do PSD, o PS terá que recorrer a gente com experiência governativa, deixando de lado as ilusões pueris em volta de candidatos como Francisco Assis ou António José Seguro. Luís Amado pode ser um figura chave na delicada operação de remoção do líder, que é urgente praticar, se não se quiser condenar o PS a uma ou duas décadas de inexistência e vergonha. Luís Amado poderá até vir a ser o próximo primeiro ministro de um governo de coligação. Mas será sempre e apenas um líder transitório, até ao próximo congresso do PS. E aqui as pessoas inteligentes terão que ser pragmáticos e procurar rapidamente alguém com experiência de governo, formação académica acima de qualquer suspeita, personalidade forte, e uma visão para o país. Eu tenho as minhas opiniões, mas para já nada direi.

    sábado, outubro 23, 2010

    Guerra civil ou revolução?

    Novo ultimato a caminho?
    A reeleição de Cavaco e a formação duma coligação do pior que existe no PS e no PSD pode conduzir Portugal a uma guerra civil, ou a uma revolução, em menos de uma década.



    A irracionalidade obstinada do sistema de portagens colocado em vias rápidas que não foram desenhadas, nem construídas, para serem autoestradas, eliminando com os seus traçados vias rodoviárias outrora existentes, poderá colocar Portugal numa rota de instabilidade e conflito interno sem precedentes desde a queda da primeira república às mãos de uma ditadura que nos salvou da ruína, mas nos atrofiou a alma e os neurónios. É que, o Norte, sempre o Norte, que por acaso é responsável pela produção de boa parte do que exportamos e produzimos de materialmente útil, ao contrário do casino de burocratas, subsídio dependentes, exibicionistas de telemóvel, cães mediáticos e chulos partidários que apenas sabem taxar e consumir, não vai aguentar o vampirismo fiscal que o bando de gatunos e criminosos que mandam no PS, no PSD e no CDS-PP se prepara para desencadear e defender à força da bala, se necessário for, e vai ser!

    No próximo ano, com o programa de austeridade a revelar todo o seu tremendo impacto nas finanças familiares e das empresas, e o petróleo de novo perto dos 100 dólares, ou mais, sem crédito, ou então com crédito escasso e a preços usurários (1), os portugueses, a começar pelo Norte, poderão revoltar-se de um dia para o outro. Poderão, como em França ou Itália, e dentro em breve no Reino Unido, bloquear refinarias, sabotar linhas de caminho de ferro, parar frotas de transporte rodoviário, assaltar supermercados, pegar fogo a carros, autocarros e comboios — em suma, lançar Portugal numa situação pré-insurreccional espontânea. Um agressivo Partido do Norte poderá mesmo ver finalmente a luz do dia, reclamando o fortalecimento das ligações económicas, financeiras, institucionais e políticas entre o Norte de Portugal, a Galiza e Castela-Leão, com o objectivo imediato de impedir a sucção criminosa da riqueza produzida pelo sector produtivo a norte do Mondego, por parte de uma nomenclatura acantonada no Terreiro do Paço e em São Bento. As euro regiões estão estrategicamente inscritas no espírito da União Europeia. Só por influência das burocracias hipertrofiadas, partidarizadas até à medula, e das clientelas financeiras que há decénios ou séculos sobrevivem na sombra de Estados ineficientes e corruptos, foi até agora possível travar a desejável regionalização europeia, sobretudo na sempre mafiosa e atrasada Europa do Sul. O tempo da mentira e da dissimulação, porém, acabou. Nos próximos dois anos (2011-2012) Portugal entrará inexoravelmente numa prolongada e grave convulsão social e política. Maior e mais grave será, se o senhor Passos de Coelho se suicidar politicamente este fim-de-semana.

    Os galegos têm absoluta razão quando questionam a legalidade dos métodos de implementação das portagens virtuais nas SCUT da Costa de Prata (rebaptizada A29), do Grande Porto (rebaptizada A41/A42) e Norte Litoral (rebaptizada A28). De facto, tal como ocorre com algumas das taxas que o Estado insere nas facturas da água (para financiar empresas e serviços não supervisionados de nível municipal, regional e nacional), da electricidade (para financiar a EDP, ou a luxuosa RTP — um escândalo sem nome!), ou dos combustíveis (para alimentar a Pão de Ló a GALP e as grandes empresas de construção e especulação imobiliária), a cobrança compulsiva de portagens, sem aceitação de pagamento na única moeda comum que circula na União, o euro, e impondo custos subsidiários com aquisições de dispositivos electrónicos, etc., é uma ilegalidade monstruosa. Na realidade, este tipo de arbitrariedade equivale à imposição de meios de pagamento informais, sem cobertura legal, nem qualquer fiabilidade. Se o sistema de portagens virtuais se enganar, ou for, ainda que pontualmente, capturado por criminosos, cobrando o que não pode, quem supervisiona as operações e resolve os conflitos?

    O negócio das Parcerias Público Privadas, sobretudo no sector dos transportes rodoviários, é a principal prova do grau de corrupção a que chegou a nomenclatura cleptocrata e a partidocracia que conduziram o nosso país à bancarrota, fragilizando-o como nunca esteve desde os tempos do Ultimato Inglês (1890). O Reino Unido, que desta vez está quase tão falido como nós (2), foi obrigado a anunciar a retirada, até 2015, das 20 mil tropas que ainda tem estacionadas na Alemanha, e a alugar os seus porta-aviões às forças aéreas norte-americana e francesa, por absoluta falta de dinheiro para manter o seu inadequado sistema de forças. Se somarmos a esta debilidade estratégica inglesa, o colapso para que também caminha a América de Obama, antevendo-se para breve (2015-2020) o fim da hegemonia diplomática e militar da aliança anglo-americana, em que situação ficaremos nós perante o nosso maior credor, isto é, a Espanha?

    Portugal devia ao resto da Europa, em Maio deste ano, segundo o insuspeito Bank for International Settlements (Europe's Web of Debt) qualquer coisa como 286 mil milhões de USD, ou seja, mais de 100% do PIB (que andará entre os 227,6 e os 233,4 mil milhões de USD). Desta colossal dívida, 30%, ou seja, 86 mil milhões de USD, são devidos ao nosso poderoso hermano. Este por sua vez, deve-nos 28 mil milhões. Ou seja, o saldo a favor dos credores espanhóis é da ordem dos 58 mil milhões de dólares. Uma bagatela equivalente a mais de 41 pontes Vasco da Gama, ou a uma frota de 83 submarinos da classe recentemente adquirida aos alemães (em troca da permanência da Autoeuropa em Palmela), ou 20 vezes o orçamento total do nosso ministério da defesa para 2011. Que acham que poderão os corruptos do Terreiro do Paço dizer ou fazer, sejam eles cor de rosa ou de laranja, no dia em que Madrid exigir a ligação da sua rede ferroviária em bitola europeia aos portos portugueses, nomeadamente de Sines e Matosinhos — conforme consta de sucessivos tratados assinados entre os dois países? Querem um novo ultimato, é?! Foi assim que caiu a corrupta e indolente monarquia. Querem repetir a dose na actual república de pelintras, igualmente indolente e corrupta?

    As ligações ferroviárias de Portugal a Espanha e ao resto da Europa estão inscritas na estratégia europeia de transportes e mobilidade, nomeadamente tendo em vista reduzir as emissões de gases com efeito de estuda e os impactos cada vez mais dramáticos do pico petrolífero nos preços mundiais do petróleo, do gás natural, dos respectivos derivados, e de toda a cadeia de valor que daqui corre em cascata — dos preços da energia, aos preços das matérias primas mineiras e da água, do preço dos adubos e da água, aos preços dos bens alimentares, dos custos imparáveis da mobilidade, à implosão dos subúrbios urbanos a uma escala nunca vista, nem imaginada, etc.

    Matraquear contra o "TGV", como insistentemente tem vindo a fazer toda a turma do PSD, a começar pelos emproados pedaços de nada que têm aconselhado o Jota Passos de Coelho (refiro-me concretamente aos perfumados e penteados Miguel Relvas e António Nogueira Leite), é um tiro no pé, e uma basófia que em breve terão que acomodar da pior maneira. Atrasar as obras, nomeadamente do corredor Lisboa-Porto, compreende-se nas actuais circunstâncias, sobretudo porque a corrompida RAVE (agora oportunamente extinta!) gastou mais de 100 milhões de euros em estudos adjudicados aos gabinetes clandestinos do PS, que nem sequer se deram ao trabalho de fazer os ditos estudos de forma tecnicamente competente, preferindo montar PDFs e Power Points para inglês ver, ao serviço das golpadas das empresas e bancos que mandam nas marionetas governamentais. Mas boicotar o troço Poceirão-Caia, como têm vindo a fazer praticamente todos os irresponsáveis do PSD, brada aos céus! Esta é a menos cara, melhor financiada por fundos comunitários, mais necessária e sucessivamente contratualizada ligação ferroviária em bitola europeia entre Portugal e Espanha. O seu objectivo é duplo: aumentar a mobilidade entre as duas capitais ibéricas, e sobretudo fazer chegar petróleo, minerais, automóveis, e tudo o que conseguirmos colocar em cima dos comboios de mercadorias, a toda a Espanha (por via de entrada na sua crescente rede de bitola europeia para comboios de alta velocidade e velocidade elevada), e também ao resto da Europa, que em Bruxelas elegeu a interoperabilidade do transporte ferroviário europeu como a primeira prioridade, para esta  década e a próxima, em matéria de transporte sustentável.

    O que certamente pode esperar, por que é manifestamente desnecessário, é a Terceira Travessia do Tejo entre Chelas e o Barreiro (3), são as parcerias público privadas ruinosas com que querem levar por diante o aeroporto da Ota em Alcochete, e ainda as autoestradas vazias e os novos hospitais dos grupos Mello e Espírito Santo, a pagar por todos nós, pelos nossos filhos e netos!

    Os tempos que aí vêm serão muito difíceis. Mais difíceis ainda se não pusermos um travão a fundo à voracidade bestial dos vampiros que, não contentes com terem levado o país à bancarrota, ainda querem sugar-nos o tutano que temos dentro dos ossos. A isto teremos que dizer basta! Se não nos ouvirem, esperem então por uma guerra civil, ou por uma revolução. Não partirá de mim. Mas de alguém partirá.


    POST SCRIPTUM (24-01-2010; 15:25)

    Alguém me recordou, a propósito deste artigo, que o meu argumento a favor de uma nova ligação ferroviária, em bitola europeia (ou bitola UIC), entre o Poceirão e Caia estará ferido de algum optimismo, não tendo nomeadamente em conta alguns factos recentemente escavados pelo Carlos Enes para a TVI, e que causaram grande burburinho entre as hostes parlamentares. As reportagens sobre este ponto, que recomendo vivamente, são estas:
    No essencial, o que há para avaliar é isto:
    1. os custos do troço Poceirão-Caia oficialmente anunciados andarão, afinal, pela metade dos custos efectivos aceites pelo governo no contrato entretanto assinado à pressa;
    2. nestes custos, supostamente englobando apenas a linha de alta velocidade entre Caia e o Poceirão, escondeu-se um projecto absurdo desenhado à medida dos interesses de Jorge Coelho e Cª, isto é, construir uma nova linha convencional, em bitola ibérica, destinada exclusivamente ao transporte de mercadorias, entre o Poceirão e Caia, correndo ao lado da nova linha de alta velocidade, em bitola europeia (que o governo quer destinar exclusivamente a passageiros!) Ou seja, as mercadorias andarão em Espanha e no resto da Europa sobre carris de bitola europeia, mas quando atravessarem a fronteira portuguesa terão mudar de comboio, para garantir aos senhores de voz grossa da Mota-Engil o improdutivo monopólio ferroviário que pensam abocanhar no futuro. Ou seja, pelo dobro do previsto, e escondendo uma linha absurda debaixo de um projecto comunitário (que os burocratas de Bruxelas, certamente bem untados, também não enxergam...), este governo de piratas preparava-se para mais um embuste.
    3. as taxas de crescimento do PIB que serviram de referência à avaliação da rentabilidade do investimento —entre 1,9% e 3,5%— estão completamente desactualizadas, pelo que, com Portugal a crescer entre 0 e 1%, ou até mesmo com uma longa recessão à vista, a rentabilidade do investimento na linha de alta velocidade entre o Poceirão e Caia fica irremediavelmente comprometida.
    Face a esta nova trapalhada, e mais este projecto de expropriação criminosa da riqueza nacional, eu, em vez de continuar a insistir nas virtudes da necessária interoperabilidade entre a rede ferroviária portuguesa e as redes espanhola e europeia de bitola europeia (ou bitola UIC), terei agora que condenar mais esta gigantesca burla arquitectada pela RAVE e pela Mota-Engil, exigindo —contra o que fui defendendo nos últimos anos— a suspensão imediata de todos os contratos relativos à construção da linha de alta velocidade entre o Poceirão e Caia. Paguem-se, pois, as indemnizações devidas (negociando-as duramente, claro!) e retome-se o processo de fio a pavio, em novas bases. A Judiciária, por fim, deverá ir atrás de quem se preparava para roubar mais uma quinta do Orçamento de Estado.


    NOTAS
    1. Já hoje, o dinheiro que os bancos comerciais vão buscar ao BCE a 1% é emprestado a mais de 30% aos desgraçados que se vêm na emergência de ter que recorrer a empréstimos pessoais!
    2. Não fora 30% do seu PIB terem origem em paraísos fiscais da rainha de Inglaterra, e até estariam pior!
    3. A solução do corredor Chelas-Barreiro é uma monstruosidade técnica, urbana e económica. Como tal deve ser liminarmente rejeitada e, quando for oportuno e houver dinheiro, substituída por outro corredor entre as duas margens. O comboio AVE, ou LAVE, entre Madrid e Lisboa, deverá parar, não no Poceirão, mas na moderna estação, já existente, do Pinhal Novo. Ali sairão os passageiros destinados à Margem Sul. Depois de uma rápida operação de alargamento dos eixos dos rodados, o LAVE seguirá então pela Ponte 25 de Abril até à nova estação central de Lisboa, sediada onde deve estar: no centro da capital, ou seja, no Campo Grande, onde outrora existiu a Feira Popular e hoje apenas há um enorme buraco.

    Última actualização: 24-01-2010 10:25

      domingo, outubro 17, 2010

      Bancarrota - 2

      Contra o Orçamento, marchar! marchar!

      O súbito conformismo de Medina Carreira



      Quando todo o historial permitia presumir uma oposição frontal de Medina Carreira à aprovação da aldrabice a que a nomenclatura do regime insiste em chamar Orçamento de Estado, fomos entretanto  surpreendidos (Plano Inclinado, 16 outubro 2010) pela capitulação do fiscalista perante a chantagem governamental. Ai, ai, ai que vem aí o FMI! — clama Medina Carreira. Mas não era ele mesmo que reclamava o desembarque daqueles senhores no Figo Maduro para salvar o país?! E se eles não vierem, pode o país salvar-se, continuando nas mãos da santa aliança entre Cavaco e Sócrates? A contradição é insanável. Algo de muito estranho deve ter convencido Medina Carreira a deitar ao lixo toda a sua esclarecedora pregação anti-sistema. (1)

      A partidocracia e a nomenclatura estão inteirinhas com Sócrates e Cavaco!

      Todos os partidos com assento parlamentar, sem excepção, isto é, de Louçã e Jerónimo de Sousa, ao inefável Portas, estão interessados na aprovação do cheque em branco que permitirá ao governo de piratas que elegemos (a culpa também é nossa, obviamente!) prosseguir a sua tarefa deletéria de delapidação económica e financeira do país. A consequência será, não havendo já, como se sabe, mais colónias para penhorar ou vender ao desbarato, a própria e acelerada perda da nossa soberania a favor dos nossos principais credores.

      A aldrabice pegada apresentada pelo sem vergonha ministro das finanças, Teixeira dos Santos, resume-se a isto: manutenção do status quo na arquitectura, peso e natureza endogâmica, partidária, intrusiva e omnipresente do Estado —qual burocracia Estalinista vestida de cor-de-rosa—; e um criminoso saque fiscal sobre a generalidade da população e agentes económicos indefesos — ou seja, sobre os mais pobres, sobre a classe média profissional, sobre o funcionalismo púbico, e sobre o pequeno empresariado, deixando de fora, claro está, a poderosa classe parasitária dos monopólios e oligopólios que financiam e têm no bolso a generalidade dos partidos políticos e meios de comunicação de massas, mais as bases partidárias que, como metástases dum cancro letal, invadiram o estado e minam a sustentação da própria sociedade, degenerando assim a democracia, e criando todas as condições para a transformação desta numa cleptocracia

      O negócio sujo proposto pelos piratas do PS aos piratas do PSD, para que estes deixem passar o orçamento, é este: vocês deixam-nos fazer o TGV e a TTT (Jorge Coelho/Mota-Engil oblige!), e nós deixamos que vocês prossigam com a aeroruína de Alcochete (Cavaco/BPN-SLN oblige!) As PPP, que interessam a ambos, seguirão também de vento em popa, não é verdade?

      A seringa dos impostos é grossa e comprida. E quanto ao povo, como o que quer é circo, telenovelas e batatas fritas, nós para isso ainda temos. E se não gostarem, que emigrem! Até nos daria jeito... ahahahaaaa ;)

      A desonestidade intelectual de Francisco Louçã

      Francisco Louçã é um economista, e professor universitário, e por conseguinte tem obrigação de saber o que realmente se passa na economia e nas finanças internacionais e portuguesas. Se não fosse um intelectual desonesto, jamais se permitiria alimentar a estratégia permanentemente demagógica do saco de gatos a que chamaram Bloco de Esquerda.

      Há uma verdade simples, que Louçã, por ser intelectualmente desonesto, finge ignorar: a nossa economia não produz suficiente riqueza para sustentar o Estado paquidérmico que tem; e este estado tentacular, burocrático, incompetente, caríssimo, enfim, hipertrofiado, se aguentou até agora, tal deveu-se exclusivamente às remessas europeias provenientes dos sucessivos quadros comunitários de apoio, e, por incrível que pareça, dos emigrantes!

      A mama, porém, acabou, e agora resta-nos uma de duas alternativas: ou racionalizar drasticamente o assistencialismo social, e encolher o aparelho tentacular e intrusivo do Estado, libertando 30 ou mesmo 50% das suas actividades para a sociedade civil (indivíduos, empresas e associações cooperativas); ou continuar a punção fiscal sobre os produtores efectivos de riqueza.... levando a prazo o país à ruína completa.

      Louçã, um burocrata pequeno-burguês típico, e um partidocrata, tal como todos os demais partidocratas, preferem cegamente a segunda opção, ignorando o desastre inevitável que daí advirá.

      A boca voraz dos impostos já morde a própria cauda!

      Se medirmos os encargos totais da administração pública improdutiva, verificamos que os mesmos superam já a riqueza efectivamente produzida no país. Ou seja, uma parte crescente dos impostos pagos não deriva já sequer da riqueza produzida, mas tão só e tristemente do empobrecimento geral do país. Ou seja, temos uma economia ficcional em marcha que, na realidade, só consegue evitar o colapso à custa de um endividamento externo imparável. Acontece, porém, que os nossos credores, sejam eles especuladores ou estados soberanos, perceberam a gravidade da situação das finanças portuguesas e decidiram travar a sua subsidiação. Daí que a cobra dos impostos, que começou a devorar furiosamente a sua própria cauda, tenha que ser dominada. E só há uma forma de o fazer: libertar a economia real da canga fiscal, libertar a sociedade civil da canga estatal, reduzir a dimensão do Estado e atacar as raízes partidocratas da corrupção e da cleptocracia instalada.

      Para aqui chegarmos, porém, nada podemos esperar da corja acomodada em São Bento. Só mesmo Bruxelas, o BCE, e mesmo o FMI poderão aplicar a austeridade eficaz de que efectivamente precisamos para nos salvar da ruína e da humilhação.

      NOTAS
      1. Apesar do que supostamente transcreve hoje o Económico, ouvi Medina Carreira dizer ontem à noite que seria de deixar passar o orçamento. No entanto, se emendou a mão, felicito-o!

      sexta-feira, outubro 01, 2010

      O que nos espera - 4

      O luto de Outubro

      No dia 5 de Outubro de 2010 comemora-se a terceira bancarrota de Portugal gerada por sistemas parlamentares populistas que em nada mudaram ao longo dos últimos 100 anos. Assassinaram a Monarquia, colocaram a Primeira República ao colo da uma Ditadura, e preparam-se agora para mergulhar Portugal numa espiral de empobrecimento e descalabro social sem precedentes. A corja não mudou nada desde Eça Queiroz!

      Há, porém, um pormenor que deve ser destacado desta vez:
      • quem levou Portugal à bancarrota? Foi o Partido Socialista;
      • quem começou a demolir de forma imparável o Estado Social? Foi o Partido Socialista;
      • quem permitiu a captura do Estado Português por organizações mafiosas de todas as cores e feitios? Foi o Partido Socialista;
      • quem transformou a Justiça Portuguesa numa anedota trágica? Foi o Partido Socialista.
      • quem instituiu a prática sistemática da falsificação de estatísticas e manipulação da imprensa? Foi o Partido Socialista.
      Tudo isto aconteceu nos últimos quinze anos, sendo desprezível o impacto que Durão Barroso e Santana Lopes tiveram na acelerada e irremediável degradação do regime. É, de facto, o Partido Socialista, pela mão de quem o desfigurou e dele abusou sem pudor, à boa maneira de uma autêntica Cosa Nostra, o principal responsável do colapso ontem finalmente reconhecido pelo boneco que lá colocaram na pose de primeiro-ministro, depois do ultimato mais do que óbvio lançado ao governo pela Comissão Europeia.

      As medidas anunciadas (1) foram vagas e deixaram de fora dois temas essenciais:
      • a diminuição do Estado paquidérmico, indolente, corporativo e corrupto que temos —há 13.740 entidades sem rosto que recebem silenciosamente centenas de milhões de euros dos nossos impostos todos os anos! (2);
      • e os grandes investimentos públicos associados ao Bloco Central do Betão e da Corrupção, com especial destaque para as criminosas Parcerias Público Privadas encavalitadas em verdadeiros desastres programados pelos piratas que há décadas saqueiam o país — tais como: a falência e posterior nacionalização fraudulentas do BPN, a tentativa de fazer um aeroporto desnecessário em Alcochete, a igualmente desnecessária e monstruosa Ponte Chelas-Barreiro, e as novas autoestradas, cujos contratos implicam uma sangria fiscal na ordem dos 2 mil milhões de euros anuais a partir de 2014 (ou seja, o mesmo que pagar anualmente aos concessionários o equivalente a duas Pontes Vasco da Gama!)
      Presume-se que o desalmado Teixeira dos Santos tenha ido a Bruxelas, na manhã seguinte à da conferência realizada no dia 29 de Setembro, trocar por miúdos as vacuidades, desta vez tristes, anunciadas pela criatura sem emenda que os portugueses por duas vezes elegeram primeiro-ministro (não se queixem!)

      Os floreados retóricos que decorreram hoje na Assembleia da República, no meio da mais grave crise de sempre das nossas finanças públicas, mostraram à saciedade que não temos parlamento, mas uma câmara corporativa e sindical dominada por professores (i.e. funcionários públicos) e advogados da corrupção. Na realidade, o parlamento português revelou-se não só um instrumento completamente inútil no regime democrático devolvido aos portugueses por um golpe de Estado militar, mas também um dos principais factores de irresponsabilidade política, compadrio por detrás das divergências televisivas, e egoísmo partidário. Se temos hoje uma democracia degenerada —e temos!—a causa desta triste realidade reside em boa parte no imprestável parlamento que temos vindo a eleger sem nos darmos conta de que criámos um monstro muito caro e patético.

      Temer por uma crise política nestas alturas do campeonato é como ter medo da chuva depois de uma carga-de-água tropical. O papão da crise política, alimentado pelas tríades e máfias instaladas, e papagueado pelos bonecos que se agitam sob o seu comando, não passa de mais uma maquinação mediática para impedir que se faça o que tem que ser feito: demitir o actual governo, e convocar eleições legislativas antecipadas, assim que o novo presidente da república tenha sido eleito.

      Como é também evidente, o maior aliado de José Sócrates, Aníbal Cavaco Silva —que ainda não explicou ao país porque meteu o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado—, é parte inteira do problema político, e não da sua solução. Aliás, só poderá agravá-lo, se se recandidatar e for reeleito!

      Daí que Passos de Coelho, o actual líder do PSD, se quiser sobreviver politicamente, tenha que usar a "bomba atómica" que tem na mão. Isto é, anunciar duas coisas:
      1. que votará contra a proposta de orçamento do actual governo, na medida em que será mais um cheque sem provimento endossado aos portugueses, desta vez com demolição do Estado Social incluída, por um partido que é de facto o principal responsável pela bancarrota de Portugal;
      2. e que não apoiará a recandidatura de Cavaco Silva. Na realidade, bastará anunciar a primeira decisão para que o actual presidente, manifestamente incapaz de lidar com problemas pesados, desista de se candidatar a um segundo mandato.
      O PS, como bem se disse já, que aprove o orçamento de Estado com os partidos que vão juntar-se no apoio eleitoral a Manuel Alegre. Basta de hipocrisias!

      Por menos do que isto, teremos uma gangrena muito perigosa do regime.


      NOTAS
      1. O Governo apresentou as 19 medidas que pretende implementar para reduzir o défice deste ano e de 2011. Entre as 19 medidas apresentadas, 15 são do lado da despesa e as restantes quatro do lado da receita.

        Despesa

        1 – Reduzir os salários dos órgãos de soberania e da Administração Pública, incluindo institutos públicos, entidades reguladoras e empresas públicas. Esta redução é progressiva e abrangerá apenas as remunerações totais acima de 1500 euros/mês. Incidirá sobre o total de salários e todas as remunerações acessórias dos trabalhadores, independentemente da natureza do seu vínculo. Com a aplicação de um sistema progressivo de taxas de redução a partir daquele limiar, obter-se-á uma redução global de 5% nas remunerações;
        2 - Congelar as pensões;
        3 - Congelar as promoções e progressões na função pública;
        4 -Congelar as admissões e reduzir o número de contratados;
        5 - Reduzir as ajudas de custo, horas extraordinárias e acumulação de funções, eliminando a acumulação de vencimentos públicos com pensões do sistema público de aposentação;
        6 - Reduzir as despesas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com medicamentos e meios complementares de diagnóstico;
        7 - Reduzir os encargos da ADSE;
        8 - Reduzir em 20% as despesas com o Rendimento Social de Inserção;
        9 - Eliminar o aumento extraordinário de 25% do abono de família nos 1º e 2º escalões e eliminar os 4º e 5º escalões desta prestação;
        10 - Reduzir as transferências do Estado para o Ensino e sub-sectores da Administração: Autarquias e Regiões Autónomas, Serviços e Fundos Autónomos;
        11 - Reduzir as despesas no âmbito do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC);
        12 - Reduzir as despesas com indemnizações compensatórias e subsídios às empresas;
        13 - Reduzir em 20% as despesas com a frota automóvel do Estado;
        14 - Extinguir/fundir organismos da Administração Pública directa e indirecta;
        15 - Reorganizar e racionalizar o Sector Empresarial do Estado reduzindo o número de entidades e o número de cargos dirigentes.

        Receita

        1 - Redução da despesa fiscal
        ·                     Revisão das deduções à colecta do IRS (já previsto no PEC);
        ·                     Revisão dos benefícios fiscais para pessoas colectivas;
        ·                     Convergência da tributação dos rendimentos da categoria H com regime de tributação da categoria A (já previsto no PEC);

        2 - Aumento da receita fiscal
        ·                     Aumento da taxa normal do IVA em 2pp.;
        ·                     Revisão das tabelas anexas ao Código do IVA;
        ·                     Imposição de uma contribuição ao sistema financeiro em linha com a iniciativa em curso no seio da União Europeia;

        3 - Aumento da receita contributiva
        ·                     Aumento em 1 pp da contribuição dos trabalhadores para a CGA, alinhando com a taxa de contribuição para a Segurança Social.
        ·                     Código contributivo (já previsto no PEC).
        4 - Aumento de outra receita não fiscal
        ·                     Revisão geral do sistema de taxas, multas e penalidades no sentido da actualização dos seus valores e do reforço da sua fundamentação jurídico-económica.
        ·                     Outras receitas não fiscais previsíveis resultantes de concessões várias: jogos, explorações hídricas e telecomunicações.
      2.  O estado português dá emprego efectivo a cerca de 700 mil funcionários públicos (i, 18-05-2010) e contrata a recibos verdes quase 5 mil prestadores de serviços (Económico, 24-08-2010). No entanto, a diminuição dos agentes efectivos e provisórios do Estado não se traduziu na eliminação de serviços inúteis ou redundantes, mas antes na sua contínua proliferação, embora disfarçada pela criação de empresas municipais e regionais de capitais 100% públicos, e pela contratação de prestações de serviços permanentes a empresas privadas, boa parte delas na órbita empresarial dos partidos!

      segunda-feira, setembro 27, 2010

      O que nos espera - 2

      A OCDE e o FMI não vêm aí... Os principais responsáveis pela bancarrota de Portugal é que berram p'ra que venham dizer alto e bom som o que a actual canalha partidária é incapaz de assumir: a verdade!



      De qualquer modo, o mexicano Angel Gurría, secretário-geral da OCDE, cozinhou o relatório com o actual governo, o que não pode deixar de ser simultaneamente uma vergonha e uma fonte de suspeita forte sobre a qualidade dos conselhos dados, ao sabor das conveniências dos situacionistas do regime. Espero bem que o Passos de Coelho resista às pressões e evite o seu prematuro suicídio político. É isso aliás que a rainha de Boliqueime e o Pinóquio das Beiras precisamente querem, mais as turmas, tríades, polvos e máfias que os rodeiam e levaram o país ao estado comatoso em que se encontra. Aliviar o país da carga chamada Aníbal Cavaco Silva e José Sócrates Pinto de Sousa, mais o poeta surdo-mudo que pretende ser presidente da república, é uma purga absolutamente imprescindível à regeneração do regime. Com a continuação deste bloco central do cinismo e da corrupção, no poder, Portugal afundar-se-à cada vez mais. E não vejo nenhum Salazar por aí!

      Um país sem orçamento e a duodécimos é como uma purga de emagrecimento de efeitos automáticos. Por outro lado, não é a crise política que afasta os mercados de Portugal. É o nosso escandaloso endividamento, a bandalheira político-partidária instalada, e a corrupção endémica que une como UHU empresários indolentes, cabotinos e corruptos a políticos igualmente preguiçosos, cabotinos e corruptos. Ora desfazer este nó górdio exige que alguém diga, de uma vez por todas, não à destruição do nosso país. Se não for o jota candidato a primeiro ministro, outro lhe sucederá certamente.

      Post scriptum — As medidas propostas pela OCDE nem seriam muito diferentes das que ontem mesmo aqui sugeri como inevitáveis, se fossem equilibradas, e por conseguinte previssem também cortes substanciais na despesa pública de investimento perdulário e corrupto, e a imposição de responsabilidades fiscais efectivas a quem, entre os mais ricos, nada ou pouco paga — como a banca falida que temos, ou os monopólios clientelares que dominam o país. Mas não, o senhor Gurría veio fazer um frete ao governo de Sócrates e à imensa tropa de piratas que o rodeia, colocando o fardo do pagamento das dívidas ao lombo dos mais pobre e dos mais fracos. É caso para lhe perguntar qual foi a comissão que recebeu para realizar tamanha sujeira?

      domingo, setembro 26, 2010

      O que nos espera

      Banca revela finalmente que está a caminho da falência, como o Estado e o resto do país.

      Fernando Ulrich, 13 de Setembro 2010 — "No curto prazo, e se os mercados de capitais continuarem fechados para os bancos portugueses, estes só têm duas vias para seguir a orientação do Banco de Portugal [diminuir a dependência do BCE]: vender activos (imóveis, acções, participações financeiras, obrigações); e reduzir a carteira de créditos [ou seja, a disponibilidade para emprestar dinheiro.]"

      Com os bancos portugueses falidos, os especuladores a fugir da dívida soberana portuguesa, e a portinhola do BCE prometendo fechar já no início de 2011, não nos restam muitas alternativas. Ou melhor, só resta um pacote de medidas drásticas, que aliás será imposto pelo BCE e por Bruxelas (e não pelo igualmente falido FMI): aumentar o IVA para 23% (em 2011) e para 25% (em 2012), aumentar o IRS nos escalões médios e elevados; criar um imposto visível sobre as fortunas e os bens de luxo; criar um imposto adicional sobre o CO2 produzido pelos automóveis; e, ao mesmo tempo, reduzir os vencimentos da Função Pública; eliminar umas centenas de organismos e departamentos públicos duplicados, inúteis e que apenas foram criados para satisfazer as clientelas partidárias; privatizar 30-40% do ensino superior; privatizar 20-30% da saúde; privatizar a TAP, a ANA e a CP; reduzir no prazo de um ano 50% o orçamento da RTP; diminuir para o limite inferior o número de deputados à Assembleia da República, e parte significativa dos seus privilégios indecorosos e injustificados (almoços, viagens e telecomunicações praticamente à borla); reformar o mapa autárquico, com a diminuição drástica do número de câmaras municipais e diminuição do número de freguesias nas cidades com mais de 10 mil habitantes (mantendo embora o número de freguesias rurais); e, por fim, aumentar a idade da reforma para os 68 anos. Isto ou muito parecido será o preço a pagar por todos nós se quisermos evitar uma expropriação do país pelos nossos credores.

      Quanto a Passos de Coelho, só pode fazer uma coisa se quiser sobreviver na corrida à próxima presidência do conselho de ministros: votar contra o orçamento do PS sem a menor hesitação, anunciando sem tibieza e desde já uma tal decisão. O PS, o Alegre, o Louçã e Jerónimo de Sousa que o aprovem! Pois não faz sentido fazerem o contrário, já que todos irão votar no poeta sonambulista.

      Prioridades de Portugal

      Os imbecis do Bloco Central, e os imbecis do Bloco de Esquerda, do PCP e do CDS, ainda não perceberam que temos apenas três prioridades estratégicas:
      • preservar e potenciar os nossos ecossistemas (máxima prioridade e poder absoluto ao Ministério do Ambiente);
      • ter uma estratégia de produção (agrícola, industrial e pós-industrial) simples, clara e inflexível, para o que será imprescindível forçar a reforma democrática das actuais corporações sindicais, profissionais e patronais (1);
      • e mudar radicalmente o paradigma de transportes e mobilidade (pondo os serviços em regime generalizado de tele-presença e tele-trabalho, as indústrias materiais em nichos de especialização manual —artística— e intelectual, e as mercadorias pesadas sobre carris e navios. Não precisamos de TGVs a andar a 300Km/h para coisa nenhuma! Não precisamos da Alta Velocidade ferroviária para transportar pessoas, salvo no eixo Lisboa-Madrid-Barcelona-Valência-Sevilha-etc. (2). Precisamos, sim, de refazer toda a nossa rede ferroviária para o transporte misto de pessoas e mercadorias (ou seja, para velocidades máximas de 250 Km/h), tendo em vista o grande projecto de interoperabilidade ferroviária e multi-modalidade que os burocratas bem pagos de Bruxelas já adquiriram como prioridade estratégica fundamental da União Europeia, tendo nomeadamente presente os impactos tremendos do pico petrolífero. O Novo Aeroporto da Ota em Alcochete não faz qualquer sentido quando é sabido que o transporte aéreo de massas está condenado. As empresas aéreas de Low Cost são o derradeiro paradigma de um sistema de transporte que em breve voltará a estar reservado aos endinheirados (Tires não pára de crescer!), pelo que é de prever que sejam estas mesmas empresas a gerir no futuro a grande rede europeia de transporte ferroviário (entre países, nos países, entre cidades, e dentro das cidades). Só a dependência corrupta dos nossos políticos, que se financiam nas empresas de construção e nos monopólios clientelares, pode explicar a sensibilidade interessada dos estados-maiores dos partidos aos argumentos da Mota-Engil e quejandos.
      O sinal de partida de uma reorientação estratégica desta envergadura terá que ser, naturalmente, um ataque sem precedentes ao estado burocrático e paquidérmico que a corrupta nomenclatura partidária criou para sua própria segurança, e uma verdadeira operação mãos limpas contra as tríades, máfias e polvos da corrupção endémica que ameaça endividar Portugal por todo o século 21!

      NOTAS
      1. Bastariam duas medidas para esta reforma democrática: limitar os mandatos de todos os cargos electivos a um máximo de 8 anos; e publicitação anual obrigatória, na Internet, dos relatórios e contas destas associações.
      2. A ligação Lisboa-Madrid (resto de Espanha) terá que ser uma linha mista para passageiros e mercadorias em bitola europeia e com sistemas de alimentação eléctrica e sinalização idênticos aos da Espanha, que por sua vez terão que ser idênticos aos franceses, alemães, austríacos, checos, polacos, e por aí adiante. A vigarice, imposta ao actual governo pela Mota-Engil, e protagonizada pelo moço de fretes António Mendoza, de construir uma nova linha exclusiva —recorrendo à moribunda bitola ibérica— entre Sines e Badajoz, ou mais exactamente, entre Évora e Caia (criando desta forma mais um pequeno monopólio despesista e improdutivo para o senhor Mota e o senhor Coelho), tem que ser travada imediatamente e denunciada como mais um verdadeiro acto de corrupção do Estado (ver a denúncia do PSD na AR). A linha Lisboa-Madrid tem, isso sim, que ser uma linha mista, para passageiros e mercadorias, por uma óbvia razão de racionalidade económica e estratégica. Por outro lado, esta linha não precisa, para já, de cruzar o rio Tejo sobre uma nova ponte desnecessária. Esta é aliás outra grande obra planeada com os pés, única e exclusivamente destinada a alimentar as empresas clientelares e corruptas do regime. A prova está no facto de a anulação do concurso da TTT, ganho por um consórcio liderado por espanhóis, ter sido uma exigência da Mota-Engil e do senhor Coelho. O mentiroso ministro das obras públicas deveria ser levado ao banco dos réus por toda esta embrulhada de tráfico de influências. Finalmente, se o futuro aeroporto de Lisboa poderá um dia, se for justificado, ir para Rio frio ou Alcochete, porque carga de água o Pinhal Novo é menos digno para acolher a ligação Lisboa-Madrid de Alta Velocidade?! Chegado à moderna e entretanto ampliada estação ferroviária do Pinhal Novo, o AVE, ou LAVE (enfim, o Transiberiano), enquanto despeja umas dezenas largas de passageiros, adapta os seus rodados para a linha mais larga que corre sobre a Ponte 25 de Abril, e lá arranca, depois de uma paragem de 15mn (ou até menos), até à nova Estação Central de Lisboa, nos antigos terrenos da Feira Popular. Nada mais simples, directo, tecnologicamente evidente, e economicamente racional.

      sábado, setembro 18, 2010

      Portugal: 1415-2015 (III)

      Outra democracia, por favor!



      Na pedagogia clarificadora de Rui Rodrigues, a situação financeira actual do país (que os intelectuais orgânicos da nomenclatura responsável pela segunda bancarrota da República não conseguem entender) é esta: Portugal está a endividar-se à razão de 2 pontes Vasco da Gama por mês, ou seja, 24 pontes por ano. Por sua vez as dívidas pública e privada acumuladas somam já qualquer coisa como 500 pontes Vasco da Gama! Em suma, só os juros anuais da nossa dívida conseguem comer toda a receita turística anual. Que acham que vai acontecer? Não será certamente o que a nossa alegre corja parlamentar e partidária anuncia. Vamos, pelo contrário, passar colectivamente pela maior humilhação nacional desde o Ultimato Inglês. Então como agora a culpa é quase toda das indecorosas elites que temos.
      The direct consequences for Asia and Euroland: Successful accelerated decoupling or social chaos

      …in 2011, China and Asia will have to prove that they have become entities capable of guaranteeing at least their own growth without relying on the United States and thus leading to growth in all the BRIC countries and Euroland in the same breath. Indeed the United States’ arrival in austerity will result in a sharp drop in exports to the US and, therefore, require a greatly increased consumption inside China, inside Asia and with the BRIC countries. Meanwhile Euroland’s entry into stagnation from the end of 2010 will face an intellectual challenge which consists of choosing to favour a new partnership with the BRIC countries, or sink into economic difficulties along with the United States and the United Kingdom. — Global Europe Anticipation Bulletin, GEAB 47, Setembro 2010.
      O crescimento tímido de 2010 deveu-se essencialmente a estímulos governamentais de emergência, necessariamente efémeros e suportados pelo crescimento explosivo do endividamento público, bem como pela destruição do tecido social de dezenas de países. Em 2011, numa Europa previsivelmente estagnada, a sorte de um país como Portugal, que nada fez nos últimos dois anos para rever o seu modelo político e social, não poderia ser mais sombria.

      O desemprego mundial ultrapassa os 200 milhões de pessoas. Só a China tem mais de 9 milhões de desempregados urbanos e 100 milhões de camponeses excedentários. O FMI estima que serão precisos 440 milhões de novos postos de trabalho se o crescimento populacional continuar ao ritmo actual. Portugal tem os mais elevados níveis de desemprego de sempre, que continuarão a aumentar, por duas razões: a economia portuguesa estará estagnada ou em recessão durante o ano de 2011; e a capacidade de absorção das centenas de milhar de emigrantes portugueses, por parte dos países de acolhimento, atingiu o limite. Ou seja, assistiremos, já a partir de 2011, ao regresso precipitado e acelerado de muitos milhares de compatriotas que, ao longo da última década, saíram do país, nomeadamente para a União Europeia.

      Como se isto não bastasse, pela via fiscal, e pela prática dissimulada de uma política de juros desigual (1), aquilo que está em marcha é uma descomunal e impiedosa expropriação da poupança privada europeia e mundial.
      Alemanha recusa-se a prolongar ajuda aos países em dificuldade

      No final da reunião do Conselho Europeu, que hoje decorreu em Bruxelas, Angela Merkel disse aos jornalistas que deixou uma mensagem clara aos chefes de Governo dos 27: “Primeiro, a Alemanha não vai apoiar uma extensão das actuais ajudas [aos países em dificuldades]. Segundo, temos de trabalhar arduamente para definir as sanções e as lições a tirar desta crise”. A chanceler alemão exigiu um mecanismo permanente para combater a crise e substituir o pacote actual.  — Público, 16-09-2010.
       A Alemanha decidiu travar a criação de mais dinheiro virtual, pois não se esqueceu do tempo em que imprimia notas de mil milhões de marcos e mais. Para atingir este objectivo irá porém forçar os países sobre endividados a entrar nos eixos de uma economia financeiramente controlada.

      Portugal vai chegar ao fim de 2010 completamente nas lonas. E em 2011, ano da reeleição da esfinge presidencial, seremos provavelmente colocados na unidade de cuidados intensivos do BCE, depois de escancararmos aos olhos do mundo as mentiras da nossa democracia degenerada. Muito provavelmente é isto mesmo que Passos de Coelho e José Sócrates querem, pelo que não me admiraria nada se ambos esticassem a corda na discussão e votação do Orçamento de Estado de 2011 — até partir.

      Não gostaria de finalizar este artigo imputando todas as responsabilidades da actual situação à incompetência governativa, à incompetência parlamentar, e à incompetência partidária do regime. Há de facto realidades mundiais que os ultrapassam. Mas a irresponsabilidade manifesta da nomenclatura partidária que temos diminuiu e continua a diminuir as possibilidades de mitigação da crise. Com petróleo acima dos 60 dólares o barril, não há economia que resista. Nem a chinesa. Mas se continuarmos a votar na actual nomenclatura partidária, a queda será mais rápida, brutal e prolongada.

      Warren Buffet anda a comprar caminhos de ferro. Como se compreende então a fúria pacóvia da classe política portuguesa contra os comboios? Quando andavam sobretudo de automóvel, só pensavam em autoestradas. Agora que passam a vida nos aviões, crêem que sem grandes aeroportos, mesmo vazios e ruinosos, como os estádios de futebol, lhes falta o status, e o país não progride. No entanto é fácil de perceber que o negócio está noutro lugar: no transporte de baixo custo. Foram as Low Cost, e não as patetices do actual e dos últimos ministros das obras públicas e transportes, que trouxeram alguma animação ao negócio aeroportuário. A easyJet e a Ryanair fizeram mais pelo turismo e pela economia portuguesas do que toda a turma socratina junta. Com o fim do petróleo barato teremos mesmo que mudar de vida e de paradigma de transportes. É assim tão difícil perceber isto?

      São aliás estes detalhes que poderão fazer toda a diferença.


      NOTAS
      1. 0,5% para o financiamento interbancário, 1% para os bancos europeus que se financiam no BCE, mas 2,28%, e até 28,9%, para quem quer comprar casa, ou necessita de recorrer a uma crédito pessoal.

      domingo, agosto 29, 2010

      China 2015

      Que fazer?

      Risco de bancarrota: Semana cinzenta para os PIIGS
      O grupo de países designados pejorativamente por PIIGS (acrónimo humorístico para Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha) viu as probabilidades de incumprimento da dívida soberana dos seus membros num horizonte de cinco anos aumentar significativamente esta semana, de acordo com o monitor da CMA DataVision. —Expresso, 28 Ago 2010.

      Na guerra surda que os Estados Unidos e a Inglaterra têm vindo a promover contra a moeda única europeia (leia-se contra a Alemanha), ajudadas pelas agências de notação e analistas anglo-americanos (como o CMA) —que agem como verdadeiros comandos avançados de sabotagem financeira— o objectivo de fundo é o mesmo que levou às duas sucessivas invasões militares do Iraque e à preparação em curso de um ataque possivelmente nuclear ao Irão: impedir o fim da supremacia do dólar (a que a libra inglesa está agarrada como uma lapa) enquanto moeda de reserva do comércio mundial. Sem esta seringa financeira, através da qual os Estados Unidos extraem riqueza de praticamente todas as nações do planeta, o império anglo-saxónico (coadjuvado ou não pelo lóbi judaico e Sionista) implodiria em menos de uma década.

      Em vez da colonização presencial directa de outros tempos, a existência de uma moeda imperial sem controlo desde 1971 (pois deixou de ser convertível em ouro ou em qualquer outro valor de referência), permitiu desenvolver uma catadupa de mecanismos puramente financeiros de extracção das mais-valias geradas pelo trabalho mundial —cujo produto, sem excepção, é transaccionado globalmente (enfim, com poucas excepções até agora) na moeda americana. Da especulação monetária mais desenfreada, de que o yen carry trade foi, nos últimos 15 anos, o paradigma e ao mesmo tempo o segredo de polichinelo mais bem guardado do Mercado Internacional de Divisas (FOREX), até à pirâmide especulativa virtualmente infinita do mercado nocional de derivados financeiros (com um potencial destruidor equivalente a 20x o PIB mundial), assistimos nos últimos 40 anos à tentativa desesperada dos Estados Unidos e da Inglaterra, potenciados logicamente pelo lóbi judeu-americano (AIPAC, Goldman Sachs, Ben Shalom Bernanke, George Soros, etc.) para manter-se no topo de uma divisão internacional do trabalho que verdadeiramente deixaram de controlar ou merecer.

      As economias americana e inglesa, assim como boa parte das economias europeias (excepção feita, claro está, da Alemanha), à medida que os países ricos em petróleo, gás natural e outras matérias-primas fundamentais, ganharam espaço de manobra para proteger a soberania dos respectivos recursos, enveredaram por um modelo de crescimento basicamente ancorado no endividamento, na especulação bolsista, no crescimento artificial e insustentável da procura interna, e ainda na destruição suicida dos respectivos tecidos produtivos —sobretudo o industrial. Esta lógica pseudo-keynesiana levou quase todos os estados da OCDE, pela via irresponsável do chamado deficit spending, a uma crise sem precedentes das respectivas dívidas soberanas (ver mapa). E conduziu também a um crescimento enganador, e por vezes meramente bolsista, de grandes empresas (energéticas, de obras públicas, e bancárias, entre outras) através dos mais diversos e complexos esquemas de alavancagem financeira.

      O problema grave desta deriva especulativa é que um tal modelo de substituição da economia real por uma economia virtual não resistiu à prova dos factos. Os campos magnéticos da levitação incontrolada da moeda americana, cuja multiplicação e velocidade de circulação descolaram de qualquer realidade física —ouro, notas ou qualquer outro papel impresso—, precipitando-se no buraco negro do infinito matemático gerido pela computação ubíqua, não poderiam se não implodir no momento em que os países ricos em energia fóssil, minérios, alimentos e mão de obra barata abandonassem a sua fidelidade ao dólar americano —como efectivamente teve início a partir do momento em que Saddam Hussein começou a fazê-lo (1), ou mais recentemente (2007), quando o Irão anunciou a criação da Iranian Oil Bourse, destinada a comprar e vender petróleo e respectivos derivados a partir de um cesto de moedas fortes (entre elas o euro) excluindo expressamente a moeda americana.

      China ready to end dollar peg
      The head of China’s central bank has given the strongest signal yet that the country will move away from pegging its currency to the dollar, but he said any changes would be gradual. —Telegraph (06 Mar 2010).

      McDonald’s Corp.’s yuan bond sale, the first by a foreign company in Hong Kong, may pave the way for a new global debt market as China seeks to capitalize on its status as the engine of the world’s economic recovery.
      McDonald’s, which opened its first 1,000 restaurants in China faster than any other country outside the U.S., sold 200 million yuan ($29 million) of 3 percent notes due in September 2013. Bentonville, Arkansas-based Wal-Mart Stores Inc., the world’s largest retailer, said in March it was considering selling bonds in yuan. —Bloomberg (Aug 20, 2010).

      Não creio que seja teoria da conspiração deduzir uma coisa muito simples do presente ataque anglo-americano à moeda única europeia, instrumentalizando as agências de notação financeira como unidades avançadas de sabotagem: antes de arriscar a invasão do Irão e uma mais do que provável guerra mundial, os Estados Unidos e a monarquia de piratas a que se reduziu nas últimas décadas o Reino Unido, com o precioso auxílio de agentes infiltrados ao mais alto nível na Comissão Europeia, desencadearam uma manobra de larga escala destinada uma vez mais a isolar a Alemanha e a destruir a mais séria ameaça ao falido império da nota verde: o euro!

      Mas assim como a China avisou em tempos a América que não toleraria a interrupção do fornecimento de petróleo oriundo do Médio Oriente, e em particular do Irão, e a Rússia reduziu drasticamente o cerco do Mar Cáspio por parte dos EUA, também agora, face ao ataque desencadeado contra o euro pelas falidas economias americana e inglesa, a China mostrou estar disposta a ajudar a União Europeia, comprando dívida grega, comprando dívida espanhola, mas acima de tudo garantindo que não deixará cair o euro abaixo de 1 dólar e vinte cêntimos. Para nota falsa —o dólar americano já chega!

      O Brasil (2), a Rússia e a China (e o próprio Japão) coincidem na necessidade de travar o ímpeto provocatório dos Estados Unidos e da rainha pirata relativamente ao Irão. Também se verá no futuro como a mesma China (e o Japão) quererão assegurar a paz e a amizade comercial no Atlântico, sobretudo nas margens da Europa e ao longo e todo o sub-continente americano a Sul da Guatemala. O braço de ferro com Washington vai pois continuar, para ver quem cede primeiro, se a Califórnia ou Portugal!

      A Alemanha, a China e alguns países árabes funcionarão como um colete de salvação das dívidas soberanas dos PIGS (Portugal, Itália, Grécia e 'Spanha), mas os dolce far niente do Club Mediterranée (França incluída) têm que começar a fazer alguma coisa para merecer tanta solidariedade interessada.

      E quanto aos portugueses, não será deixando prosseguir o espectáculo confrangedor propiciado pelo actual regime partidocrata, que alcançaremos tão necessário objectivo. É preciso reestruturar a democracia. Mas sobre isto se escreverá no próximo postal.


      NOTAS
      1. This internet-based debate is reminiscent of what occurred before the invasion of Iraq when several observers, myself included, hypothesised that Saddam Hussein’s decision to sell Iraqi oil in euros was perhaps one of the reasons the US wanted ‘regime change’.  The US decision after the invasion to return Iraqi oil sales to dollar denomination and to convert back into dollars all Iraqi foreign currency reserves, which had been in euros prior to the war, was certainly entirely consistent with this theory. — in Trading oil in euros – does it matter?, by Cóilín Nunan (Jan 29 2006).
      2. A China passou em apenas cinco anos, de terceiro para primeiro parceiro comercial do Brasil. Historicamente, desde a colonização portuguesa, que o principal parceiro comercial do Brasil é ou acaba por ser a primeira potencial económica mundial. A sucessão é pois a seguinte: Portugal (322 anos), Reino Unido (123 anos), Estados Unidos da América (65 anos) e... China. Entretanto, o PIB chinês acaba de ultrapassar o PIB japonês, fazendo da China a segunda potência económica mundial. Segundo os chineses, que são muito supersticiosos, chegarão à posição de primeira potência mundial no ano de 2015 — o ano mágico da rotação do centro de gravidade dos impérios, que serve de leitmotiv a esta reflexão.

        China ultrapassa EUA como maior parceiro comercial do Brasil
        EDUARDO CUCOLO
        da Folha Online, em Brasília

        A China se tornou o principal parceiro comercial do Brasil, deixando para trás os EUA, segundo dados da balança comercial brasileira de abril.

        De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, a soma das exportações e importações para o país asiático chegou a US$ 3,2 bilhões em abril, acima dos US$ 2,8 bilhões verificados no comércio com os EUA.

        Em março, a China já havia ultrapassado os EUA em relação às exportações brasileiras. Em abril, essa vantagem aumentou. Agora, a China responde por 13% das vendas do Brasil para o exterior. Os EUA, por 11,3%.

        Outra mudança ocorrida em abril é que, pela primeira vez, a Ásia se tornou o continente que mais compra produtos brasileiros, com cerca de 30% do total exportado.

      DA IMPRENSA RECENTE (em 2010-08-30)
      • Trichet Says Failure to Cut Government Debt Risks `Lost Decade'
        By Simon Kennedy - Aug 27, 2010 11:45 PM GMT+0100

        European Central Bank President Jean-Claude Trichet said governments risk a “lost decade” of weak economic growth if they delay reversing the surge in public debt triggered by the financial crisis.

        “The lesson from past history is that dealing with the legacy of accumulated imbalances is not simply a duty to be fulfilled after the economic recovery, but rather an important precondition for sustaining a durable recovery,” Trichet said yesterday in a speech at the Kansas City Federal Reserve Bank’s annual monetary symposium in Jackson Hole, Wyoming. “The primary macroeconomic challenge for the next 10 years is to ensure that they do not turn into another ‘lost decade.’”

        Trichet’s call for immediate fiscal austerity comes three months after he sought to protect the euro area from a spiraling debt crisis. His view also clashes with President Barack Obama’s preference to focus on spurring growth.  — Bloomberg.
         
      • BOE's Weale says U.K. risks double dip: report
        By William L. Watts

        LONDON (MarketWatch) -- The British pound was under pressure Tuesday after Martin Weale, a member of the Bank of England's rate-setting Monetary Policy Committee, warned in a newspaper interview that Britain runs the risk of slipping back into recession. Weale, the newest member of the committee, told The Times newspaper that it would be "foolish" to rule out the possibility of a double-dip recession. The pound traded at $1.5396 versus the U.S. dollar, down 0.6% from Monday. — Market Watch (Aug. 24, 2010).

      • USA : une "menace" pour la zone euro
        La principale menace pour les économies de la zone euro vient des Etats-Unis, a déclaré mercredi la ministre française de l'Economie, Christine Lagarde, dans un entretien à Reuters. — Le Figaro/ Avec Reuters (25/08/2010).

        NOTA: Parece haver um estratégia em tenaz por parte dos alquimistas da Reserva Federal americana e da Goldman Sachs. Por um lado, atacam seletivamente as dívidas soberanas da União Europeia, por forma a enfraquecer a moeda única e com isso manter as taxas de juro de referência a níveis historicamente baixos, impedindo por estas duas vias que o euro possa constituir-se em moeda de reserva alternativa ao dólar americano. Por outro, continuam a endividar-se à grande e à francesa, atirando com tal política o dólar para limiares que supostamente tornam mais atractivas as exportações americanas e, ao mesmo tempo, impedem o Japão de reactivar o seu silencioso e muito destrutivo yen carry trade. A moral da história parece ser esta: se o Yuan e o Yen não vêm até nós, vamos nós ter com eles! Resultado: uma, duas, ou três décadas de estagnação por esse mundo fora! No fundo, talvez seja mesmo impossível escapar a este ajustamento por baixo da economia mundial. As consequências para as pessoas é que serão terríveis. À medida que as empresas e os governos forem despedindo as pessoas e reduzindo ao mínimo os seus direitos sociais, jornais e televisões de todo o mundo irão cantando hinos aos milagre da multiplicação dos lucros! Alguém saberá, na verdade, desatar este nó?
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      sexta-feira, abril 30, 2010

      Portugal 187

      Obras públicas: a explicação do ping-pong


      Basta ver os gráficos deste estudo de 2009 do departamento americano de energia (PDF) (1), para se perceber que em 2017 autoestradas e aviões não serão certamente as melhores opções de transporte!

      Cavaco quer reponderar grandes obras

      "Eu entendo que faz sentido reponderar todos aqueles investimentos, públicos ou privados, na área dos bens não transaccionáveis, que tenham uma grande componente importada, isto é, que utilizem pouca produção nacional e que sejam capital intensivo, ou seja, que utilizem pouca mão de obra portuguesa" (2), sustentou. — Cavaco Silva dixit in DN, 30-04-2010.

      O professor de finanças do ISEG, Cantigas Esteves, disse hoje à SIC-N que 25% do crédito bancário nacional está afectado ao sector das obras públicas, ou seja, há uma espécie de simbiose oportunista entre bancos (BES, BCP, Caixa Geral de depósitos, etc.), grandes construtoras (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Somague, etc.) e Estado, cujo invólucro se chama Bloco Central.

      Quer isto dizer que, se se anunciar o corte liminar do programa de obras públicas em curso, os construtores ficarão sem argumentos para voltarem a endividar-se —em primeiro lugar, para pagar dívidas vencidas ou a vencer proximamente, e em segundo, para preencherem e validarem a sua carteira de obras. O resultado de semelhante paralisia seria, como foi e voltará a ser, a destruição do seu valor em Bolsa e o aumento exponencial dos juros em futuros empréstimos, bem como dos prémios de risco a pagar a quem segurar operações de investimento nestas circunstâncias.

      Por outro lado, se o tal programa de obras públicas for interrompido, os bancos ver-se-ão na contingência de não cobrar os créditos vencidos e a vencer proximamente dos seus clientes empreiteiros (nomeadamente da Mota-Engil).

      Ora como o volume em causa é descomunal, as notações dos bancos envolvidos (nomeadamente do BES e do BCP) seriam gravemente afectadas — como aliás já foram. Por sua vez, a degradação do rating dos bancos pode ser fatal para o incesto económico-financeiro existente entre o Estado capturado pelo Bloco Central, os empreiteiros do Bloco Central e os bancos do Bloco Central, que entre si decidem, desenham e validam todo o tipo de negócios e tropelias ao interesse comum, à natureza e à própria racionalidade económica.

      A drástica revisão em baixa da notação do BCP, que desde o assalto de que foi vítima pela tropa de choque da tríade de Macau, vive de sucessivos apoios financeiros dissimulados por parte do banco público (CGD), produziu entretanto um efeito indesejável para a nomenclatura que há anos arruína o país, i.e., deixou de poder avalizar operações de outros bancos! Ou seja, o que a crise bolsista e a decisão do Standard & Poor's já conseguiram foi cortar um dos cordões umbilicais da hidra tribal que há anos manipula o nosso regime político. Fizeram pois mais numa semana do que o PCP e o Bloco de Esquerda fizeram nas suas dogmáticas e imprestáveis vidas partidárias.

      Percebe-se agora a dificuldade, e o comportamento das araras governamentais, a catatonia presidencial e as contradições entre Passos Coelho e Paulo Rangel. Se anunciam o fim das "grandes obras", sem mais, os mercados atiram com as construtoras para o lixo, ou comem-nas ao pequeno-almoço (como sucedeu à Cimpor — uma cimenteira do mesmo ninho de interesses.) Se, por outro lado, insistem que vamos ter TGV, aeroporto, autoestradas e barragens, os detentores estrangeiros de 74% a 85% nossa dívida pública (!) fazem disparar os juros da mesma e ameaçam bloquear o acesso de Portugal a novos empréstimos soberanos, com isso arrastando imediatamente a banca portuguesa para a falência, e o país para o caos social.

      Este é o dilema que temos vindo a viver, que a polémica em volta das "grandes obras" traduz sem revelar, e que obriga os distintos actores do drama em curso —banqueiros, construtores, governantes e partidos políticos— a rodopiarem como baratas tontas numa sertã com azeite a escaldar.

      É claro que a EDP, dirigida pelo petulante Mexia, com os seus mais de 18 mil milhões de euros de dívida acumulada, no fim da presente crise será tudo menos portuguesa. Nessa altura chamá-lo-emos a devolver os prémios e as mordomias, com juros!

      Já pouco depende de nós. Mas o pouco ainda assim é importante. É preciso rejeitar e depois substituir o actual regime político. Por outro regime democrático, certamente. Mas prendendo primeiro o bando de ladrões e de incompetentes que até agora nos tem arruinado.


      NOTAS
      1.  US military warns oil output may dip causing massive shortages by 2015
        By Terry Macalister, guardian.co.uk, Sunday 11 April 2010 18.47 BST

        • Shortfall could reach 10m barrels a day, report says
        • Cost of crude oil is predicted to top $100 a barrel

        "By 2012, surplus oil production capacity could entirely disappear, and as early as 2015, the shortfall in output could reach nearly 10 million barrels per day," says the report, which has a foreword by a senior commander, General James N Mattis.

        Energy minister will hold summit to calm rising fears over peak oil
        guardian.co.uk, Sunday 21 March 2010 19.36 GMT

        Amrita Sen, an oil analyst at Barclays Capital, believes the price of crude could pass $100 this year and reach nearly $140 by 2015. Francisco Blanch, of Bank of America Merrill Lynch, has speculated it could hit $150 within four years.

        2010 Oil Crunch Report
        By Industry Task force on Peak Oil & Energy Security

        The credit crunch of 2008 foreshadowed major economic, political and social upheaval. It stress- tested the responses of governments, policy-makers and businesses to the extreme. If only there had been greater time to prepare for its impact and a greater level of understanding about the issues. The next five years will see us face another crunch - the oil crunch. This time, we do have the chance to prepare. The challenge is to use that time well. (LINK)

      2. Cavaco Silva prefere o novo aeroporto e até uma ou outra estrada mais (para completar a rede nacional de autoestradas e respectivas ligações à rede de estradas nacionais e principais localidades do país) ao plano ferroviário de alta velocidade.

        Do ponto de vista económico, não faz sentido algum.

        Em primeiro lugar, porque os transportes rodoviário e aéreo dependem de uma fonte energética em declínio (ver notícia sobre a catástrofe ambiental no Golfo do México), cada vez mais cara, e geradora da nossa maior dependência económico-diplomática externa.

        Em segundo lugar, porque a introdução crescente de portagens rodoviárias e de taxas aeroportuárias a la carte (na Ryanair paga-se por cada embrulho transportado, e em breve até para ir à casa de banho — só falta exigir dos passageiros que limpem o avião antes de abandonarem a cabine!) revelam claramente o encarecimento objectivo destas opções de mobilidade.

        E em terceiro lugar, porque este género de aposta no emprego local reflecte uma visão medíocre da nossa economia, na medida em que destaca o trabalho não qualificado e promove um tipo de efeito reprodutor na economia pobre e transitório.

        Pelo contrário, uma aposta na rede ferroviária de bitola europeia, para transporte ferroviário de passageiros, em alta velocidade ou velocidade elevada, e de mercadorias, em velocidade moderada, além de integrar Portugal na rede comunitária de transporte ferroviário, permitiria, se bem negociado com Espanha, França, Alemanha, Canadá e Suíça (países cujas tecnologias servem à partida o mix tecnológico do paradigma de transporte ferroviário internacional, interurbano, suburbano e citadino), a criação dum novo cluster industrial e pós-industrial no nosso país, com pontes possíveis ao novo cluster da economia do mar (a criar urgentemente!)

        O transporte automóvel individual movido a petróleo e gás natural, ou a biodiesel, está condenado, ou pelo menos vai reduzir-se drasticamente no prazo de uma década ou menos. A ferrovia, o teletrabalho e a substituição das economias de crescimento intensivo por economias e cidades sustentáveis, são os novos paradigmas em formação. Iremos muito em breve mudar o nosso estilo de vida, quer queiramos quer não. Aos políticos cumpre ver o futuro próximo e agir em conformidade, sob pena de condenarem os povos que dirigem ao insucesso.

        Resta, pois, uma explicação para a aposta de Cavaco Silva, e de muitos outros estrategos domésticos: travar os planos da Espanha relativamente ao nosso país, com o argumento, aliás certeiro, de que o transporte de mercadorias em bitola europeia não chegará a França antes de 2020 —pelo que o principal beneficiado da estratégia ferroviária ibérica seria, no imediato, a Espanha, continuando Portugal longe da Europa além Pirinéus. Como não podemos investir em tudo ao mesmo tempo, a prioridade portuguesa transitaria, por assim dizer, da nova ferrovia para os portos marítimos e os aeroportos. Dada a histórica e persistente resistência (cultural e estratégica) da Espanha ao consumo dos nossos produtos, e o previsível retorno a Portugal de dezenas/centenas de milhar de emigrantes portugueses que permanente ou intermitentemente trabalham em Espanha, não vejo como rejeitar a posição presidencial, cujos contornos são de natureza sobretudo política.

        Quando a Espanha estiver efectivamente ligada ao resto da Europa por vias ferroviárias em bitola europeia, continuará certamente interessada em chegar aos portos de mar portugueses. Então, também nós teremos o maior interesse em fazer parte da nova rede ferroviária ibérica. Trata-se, pois, no fundo, de uma correcção na ordem de prioridades. Não de abandonar uma coisa por outra!

      OAM 694—30 Abril 2010 22:56 (última actualização 4 Maio 2010 17:06)