domingo, outubro 09, 2011

Cultura: quem vai à guerra...

A cultura portuguesa também está cheia de buracos

Foz Coa, gravura rupestre.
A luta contra a barragem e pela preservação das gravuras foi um dos poucos combates culturais realizados em Portugal nas últimas décadas

Fiquei a saber hoje que o Francisco José Viegas, actual secretário de estado da cultura, nasceu no Pocinho. Mais um transmontano certamente duro de roer! A malta da cultura que comece rapidamente a puxar pela imaginação, em vez da gritaria histérica do costume.

A geração de lapas que se alimentou nos últimos 30 anos da seiva orçamental do país, sem sequer se aperceber a que se deveu tanta generosidade, deve dar agora lugar aos mais novos, mesmo sabendo todos nós que este últimos vão apanhar apenas migalhas.

Conhecendo-se, no entanto, a propriedade mais notória das lapas, recomenda-se que estas sejam removidas das rochas onde estão agarradas de forma decidida e sem aviso.

Aplique-se, pois, uma gestão puritana ao sector, se quiserem salvá-lo de uma morte súbita. Não é preciso inventar nada. Basta copiar o exemplo holandês. Nem um euro público deve ser gasto sem se saber para quê, porquê e sob que patrocínio técnico e intelectual.

Já agora: nem os EUA, nem a Alemanha, Reino Unido ou Japão —os países culturalmente dominantes do planeta— têm ministérios da cultura. Porque continuam os nossos desmiolados jornalistas a fazer perguntas tontas sobre este particular não-assunto?

Na Holanda, por exemplo, há um ministério da educação, ciência e cultura, e para o sector específico da cultura o ministério conta com o apoio de um Conselho para a Cultura, independente, renovado de quatro em quatro anos — ou seja, uma solução civilizada e racional.

Não é preciso inventar nada. O que faz falta é não ter medo de decidir.


PS: a história da Fundação Berardo começou mal, e mal acabará. Ver notícia do Expresso e entrevista de Francisco José Viegas à SIC.


ACTUALIZAÇÃO: 9 Set 2011, 14:23

sexta-feira, setembro 30, 2011

Barroso acordou!

Mil posts depois, a luta continua!

Se não faltam Mourinhos, nem Barrosos, porque deixámos cair Portugal?
Foto: autor desconhecido
... deixou de haver margem de manobra para o despesismo corrupto, para a irresponsabilidade política e para a indecência manifesta. O tempo das vacas gordas dos Fundos de Coesão chegou ao fim. Malbaratámos esta oportunidade única de organizar as nossas vidas? Os políticos passaram o tempo a tomar conta de si mesmos? Deixaram o país de tanga e sem ideias? Vem aí um ciclo irreversível de recessões e uma imparável curva ascendente nos custos da energia e do dinheiro? Que fazer com os políticos que temos? Para já, vigiá-los de perto e sem descanso! 
— in O António Maria, “Sócrates  3”, 26-09-2004.
Os ladrões fazem necessariamente parte da crise, mas esta última tem tais proporções que é melhor começar a perceber as suas verdadeiras causas, se quisermos encontrar os pensos, os antibióticos e a cura da mesma —antes da próxima que há-de vir! Por outro lado, alguém terá um dia que explicar como é que um país tão pequeno quanto Portugal, mas com gente de tão boa fibra e em lugares invejados por todos (Ronaldo, Mourinho, Barroso, Damásio, Borges, Osório, Constâncio, Guterres, Siza, etc.) se deixou apanhar por uma matilha de penduras ignorante, irresponsável, gananciosa, corrupta e indolente, capaz, como foi, de deixar Portugal à beira da extinção.

Não fora a saudada invasão da Troika, e já estaríamos todos arrumados. Não fora esta última, e os estrangeirados e jovens independentes que Passos Coelho teve o bom-senso de convidar para o governo de maioria que o eleitorado exigiu nas urnas, já teriam sido triturados pela malta que fez do regime saído do golpe militar de 25 de Abril uma democracia oportunista, centrada no umbigo dos partidos, burocrática, familiar, populista e inimputável.

A provocação insidiosa sistemática contra Álvaro Santos Pereira e Nuno Crato, vinda de quem esconde desesperadamente o fruto roubado, e dos eternos papagaios da esquerda mumificada, amplificada diariamente pela indigente e falida imprensa que temos, dá toda a dimensão do pânico que se apoderou da criminosa nomenclatura que levou o país à falência. Chegou a hora de exigir um julgamento mais detalhado desta tribo!

E no entanto, a solução dos nossos problemas, uma vez afastados e responsabilizados os seus mais directos agentes e mandantes, é muito menos um problema de pessoas, do que uma questão sistémica.

Tenho andado a reler um livro magnífico de Hyman Minsky, publicado em 1986, chamado Stabilizing an Unstable Economy. Ele escreve, entre uma interminável série de observações de extrema pertinência e rigor analítico, isto:
“Cover-ups, however, have repercussions, as do bail-outs. Protecting and bailing out bankers affect the subsequent performance of the economy. The interventions, beginning with the credit crunch of 1966, to protect financial institutions from the life-threatening effects of their behavior have led to an economy that fluctuates, over a period of varying length, between financial crises and accelerating inflations. The authorities, frightened of the unknown consequences of the failure of giant banks, intervene to protect them when they are at hazard, which implies that the giant banks are too big for a noninterventionist, free-market economy.”
O capitalismo financeiro dominado pela especulação e pelos esquemas Ponzi, e desde meados da década de 1960, por uma tendência para a inovação em grande medida desenvolvida e posta em prática à escala mundial sob o patrocínio de meia dúzia de famílias do dinheiro, é propenso a um género novo e mal dominado de bolhas e crises cíclicas que já nada tem que ver com os ciclos económicos de produção e consumo de bens transaccionáveis que foram causa de grandes dramas sociais nos séculos 19 e até meados do século 20.

Numa economia de capital intensivo, como nunca existiu, assente também no consumo igualmente maciço de combustíveis fósseis baratos, com destaque crescente para o petróleo e o gás natural, centrado no crescimento e expansão de indústrias e sistemas comerciais para escalas nunca vistas, nada se pode realmente fazer, com impactos económicos e sociais significativos, sem os bancos e sem fundos de investimento. Sem os bancos convencionais, de depósitos e empréstimos, mais ou menos transparentes, mais ou menos regulados, mais ou menos supervisionados, mas também sem os bancos informais, sociedades de investimento crípticas e outras formas cada vez mais enervantes de "shadow banking". A dimensão dos grandes projectos, que começaram ainda no século 19 com as redes ferroviárias, prolongando-se depois no século 20 com as grandes barragens hidroeléctricas, as redes cada vez mais apertadas e extensas de autoestradas e a indústria automóvel associada, foi exigindo um sistema financeiro cada vez mais universal e ao mesmo tempo especializado para lidar com a dimensão e variedade imparáveis dos projectos emergentes ao longo de todo o século 20. Minsky, que actualizou de forma honesta a teoria de Keynes, tem razão quando defende ao longo de quase quatrocentas páginas, a natureza intrinsecamente instável do capitalismo na era da sua expansão financeira. Sem reconhecer e perceber esta característica será sempre mais difícil lidar com as crises, e será sempre mais fácil reduzir os problemas ao clássico maniqueísmo Esquerda/Direita e Ricos/Pobres, esperando no meio da algazarra, e por vezes de criminosas tragédias humanas, que a tempestade passe.

Há um ponto que Hyman Minsky, na sua aguda análise, seguramente por razões de método, omite: a causa material do activismo especulativo e da inovação financeira nas sociedades capitalistas intensivas, financeiras e tecnologicamente avançadas. Poderão as necessidades gigantescas de financiamento explicar a voragem incontrolada dos derivados financeiros? Seria interessante escutá-lo, se fosse vivo, sobre a crise das dívidas soberanas, as quais deixaram de ser um problema típico de estados colonizados e de países falhados, para notabilizarem tão tristemente as economias desenvolvidas da América e da Europa. Como podem governos sobre endividados, numa economia globalizada, desempenhar cabalmente a função de "lenders of last resort"? Se o uso insistente desta faculdade perder eficácia, precisamente por causa da globalização e dos algoritmos de especulação (High-frequency trading), que acontece? Poderá a esfera financeira da economia sobreviver a uma explosão demográfica planetária, com impactos inevitáveis na produção, distribuição e consumo dos bens transaccionáveis? Poderá esta esfera ignorar os efeitos da exaustão relativa dos recursos energéticos e naturais? Quais os impactos da deslocalização das unidades produtivas à escala global na lógica financeira do capitalismo? Esta é provavelmente uma das perguntas de um bilião de euros da crise que continua a agravar-se diante de todos nós.



 “The prices in German supermarkets are about half of what they are in Belgium, Italy or Spain.” — Antonio S. Mello
Esta verificação consta da conferência do professor de finanças da universidade de Wisconsin, Antonio S. Mello (1), dada este mês em Nova Iorque. A compilação de dados eventualmente desconhecidos sobre a situação estrutural das finanças portuguesa é mais um contributo útil para a compreensão, longe de estar completa, das causas do nosso endividamento soberano, doméstico e empresarial, da falência bancária escondida e da perda de crédito internacional da nossa economia. Mas o mais surpreendente são duas das conclusões a que chegou:
“Too little investment in the last fifteen years to expand and upgrade the tradables sector. No money to do it now!”

“What periphery countries need is stabilization with growth, not stabilization at the expense of growth.”
Conclusão: a ajuda financeira externa deve dirigir-se preferencialmente às empresas, e não aos bancos, para o financiamento intensivo (pois doutro modo seria inútil, e puramente cosmético) da produção de bens transaccionáveis, e não para recapitalizar os bancos com mais cheques em branco, de que resultaria inevitavelmente o imediato recomeço do financiamento especulativo do Orçamento de Estado — e do consumo. Mas como fazer isto? Montando linhas de crédito preferenciais para as PME? Para todas? Como definir critérios de prioridade? Quanto tempo precisaríamos para ver resultados? Resistiríamos até lá?

Talvez possamos cruzar este meu entendimento da comunicação de Antonio Mello, com o Big Government de Minsk, no ponto em que este propõe, ainda que por períodos limitados, a intervenção do governo na qualidade de criador, já não da liquidez ilimitada, que no caso português não existe e seria inviável obter do BCE, mas de emprego ilimitado, a preços controlados, orientado para obras de interesse estratégico evidente: substituição da actual rede ferroviária de bitola ibérica por uma nova rede de bitola europeia, eficiência energética, requalificação urbana, gestão integrada e sustentável da floresta, atendimento de populações idosas sem recursos, etc.
“The current strategy seeks to achieve ful employment by way of subsidizing demand. The instruments are financing conditions, fiscal inducements to invest, government contracts, transfer payments, and taxes. This policy strategy now leads to chronic inflation and periodic investment booms that culminate in financial crises and serious instability. The policy problem is to develop a strategy for full employment that does not lead to instability, inflation and unemployment.

The main instrument of such a policy is the creation of an infinitely elastic demand for labor at a floor or minimum wage that does not depend upon long- and short-run profit expectations of business. Since only government can divorce the offering of employment from the profitability of hiring workers, the infinitely elastic demand for labor must be created by government.” (Minsky, op. cit.)
Neste caso, o encolhimento doloroso do estado burocrático, mas que libertaria fundos para uma política activa de emprego temporário e por objectivos, a custos controlados, teria um propósito social que as políticas meramente financeiras não poderão suprir na totalidade. Basta reparar nas constatações de Antonio Mello sobre a importância do crescimento económico, ou melhor dito, da falta dele, no agudizar das crises irlandesa e espanhola, na rigidez cultural do mercado de trabalho europeu (que contrasta claramente com a fluidez dos fluxos financeiros), ou ainda no estado crítico em que se encontram as nossas empresas privadas em matéria de endividamento, para que o problema do pleno emprego deixe de ser um eterno campo de retórica e demagogia, e seja estudado seriamente pelos economistas e pelos políticos profissionais.
“What is interesting is that a country can become a highly indebted country, not because of higher primary deficits. Ireland and Spain did not run budget deficits before 2009! They run primary surplus. They also had relatively low Debt to GDP ratios. The key factor is fall in growth coupled with bank bailouts which had a very large negative effect on government net worth.” (Author’s adaptation of W. Easterly in “Growth Implosions, Debt Explosions”)

[...]

“One would expect pressure for realignment from the labor market. As the German export sector reaches full capacity, wage costs should rise more than the Eurozone average. This is not happening. One would expect German workers to seek higher wages outside the country. But the European labor market remains extremely fragmented. Little internal migration. Causes? Housing, pension systems, language, culture, non-matching skills. German wage moderation can persist uncorrected for years.”

[...]

“With Net debt 16 X EBIT, Portuguese companies spend 96% of their pre-tax earnings just to service their debts, with interest rates at 6%! As rates climb, a number of these companies will find it increasingly hard just servicing their debts.” (Mello, op. cit.)
 As atenções têm estado sobretudo concentradas no Estado, mas quando começarmos a conhecer a real situação dos bancos, e de algumas empresas, como a EDP e várias grandes construtoras, perceberemos então melhor os dilemas que temos pela frente até ao fim desta década.



O estado da União... Europeia

Alguma coisa muito forte fez despertar Durão Barroso. Basicamente, na mensagem ao Parlamento Europeu, disse duas coisas: precisamos de por as instituições financeiras, nomeadamente os bancos, a contribuir para a resolução da crise das dívidas soberanas europeias; e precisamos e contrapor as instâncias europeias eleitas aos namoros oportunistas entre alguns governos da União. A mensagem nunca foi tão clara da parte deste astuto político e corredor de fundo.
“Much has been said about the alleged vulnerability of some of our banks. European banks have substantially strengthened their capital positions over the past year. They are now raising capital to fill the remaining gaps identified by the stress tests in summer. This is necessary to limit the damage to financial market turbulence on the real economy and on jobs. Over the last three years, we have designed a new system of financial regulation. Let's remember, we have already tabled 29 pieces of legislation. You have already adopted several of them, including the creation of independent supervising authorities, which are already working. Now it is important to approve our proposals for new rules on:
  • derivatives;
  • naked short selling and credit default swaps;
  • fair remuneration for bankers.

    These propositions are there, they should be adopted by the Council and by the Parliament. The Commission will deliver the remaining proposals by the end of this year, namely rules on:
     
  • credit rating agencies;
  • bank resolution;
  • personal responsibility of financial operatives.

    So we will be the first constituency in the G20 to have delivered on our commitment to global efforts for financial regulation. 

    Honourable members, In the last three years, Member States - I should say taxpayers - have granted aid and provided guarantees of € 4.6 trillion to the financial sector. It is time for the financial sector to make a contribution back to society.


    That is why I am very proud to say that today, the Commission adopted a proposal for the Financial Transaction Tax. Today I am putting before you a very important text that if implemented may generate a revenue of above € 55 billion per year. Some people will ask "Why?". Why? It is a question of fairness. If our farmers, if our workers, if all the sectors of the economy from industry to agriculture to services, if they all pay a contribution to the society also the banking sector should make a contribution to the society. And if we need – because we need – fiscal consolidation, if we need more revenues the question is where these revenues are coming from. Are we going to tax labour more? Are we going to tax consumption more? I think it is fair to tax financial activities that in some of our Member States do not pay the proportionate contribution to the society. It is not only financial institutions who should pay a fair share. We cannot afford to turn a blind eye to tax evasion. So it is time to adopt our proposals on savings tax within the European Union. And I call on the Member States to finally give the Commission the mandate we have asked for to negotiate tax agreements for the whole European Union with third countries.”
Não, isto não é um discurso do PCP, nem sequer do Bloco de Esquerda, dois papagaios ressequidos que a nossa democracia preserva no formol parlamentar de São Bento. É a voz de muitos estados da União que já não suportam o paternalismo da falida América, nem estão dispostos a ver entrar pela porta do cavalo, uma federação de estados subordinada a Berlim e acolitada (como sempre!) por Paris. Em breve haverá 28 estados soberanos unidos por um ideal e muitos interesses sob a bandeira da União Europeia — e não ficaremos por aqui.

É este, precisamente, o temor do eixo anglo-americano, responsável por uma descarada e injusta guerra financeira contra o euro. Wall Street e a City londrina têm tentado tudo para levar o BCE e a União Europeia a entrar no mesmo galope suicida do Quantitative Easing. A ideia é realmente contaminar o euro com a síndrome monetarista do dólar, por forma a obrigar a uma revalorização compulsiva da moeda chinesa, mas não do iene! Claro que as burocracias corruptas, cobardes e ineptas de boa parte das democracias populistas da União, quase todas a um fio da falência, querem mais dinheiro, juros mais baixos, e que o Casino de Lisboa volte a distribuir fichas sem limite aos viciados da casa. É ilegal!

A seu tempo, quando os governos populistas sobre endividados da União acolherem as reformas institucionais inadiáveis, cortarem nas gorduras indecentes dos estados, e substituírem as elites governamentais por gente nova, politicamente arejada e sem almoços por pagar, a criação de um mercado de obrigações na Eurolândia será justificada e necessária, assim como uma política monetária mais generosa por parte do BCE. Precipitar agora esta medida seria um suicídio, ao contrário do que pensa a rainha de Belém. A ideia peregrina lançada com ar professoral por Cavaco Silva na entrevista a Judite de Sousa, sobre a urgência de transformar o BCE num emissor de liquidez ilimitada, num lender of last resort, só podia mesmo ocorrer a uma mente perdida em compromissos inconfessáveis. Para este tipo de keynesianismo de pacotilha está o FED, muito obrigado!

Do que nós precisamos mesmo é de renovar a nomenclatura económico-financeira, político-partidária e institucional portuguesa, incluindo na procissão de limpeza contabilística a falência de uma série de empresas ruinosas e a venda de outras a quem tiver biografia, transparência de processos e idoneidade para as retomar e fazer crescer. Os "cadernos de encargos" exigidos pela rainha de Belém não serão certamente aqueles de que o país precisa.

A renovação eleitoral das elites irá ocorrer na Europa a partir de agora. Na realidade, Portugal deu o pontapé de saída nesta matéria, e os resultados não poderiam ter incomodado mais a nomenclatura, do governo aos média, passando pelas burocracias corporativas e sindicais, bem como pelas castas culturais. Se não me enganar, o importante a partir de agora não serão as siglas partidárias, mas a mudança efectiva de discurso, de objectivos e de comportamento na acção política de quem se propõe exercê-la.
“Comme je l'ai dit, au fond de la crise que nous avons maintenant, c'est un problème politique. C'est un test de notre volonté de vivre ensemble. C'est pourquoi nous devons approfondir l'Union européenne, c'est pourquoi nous avons construit des institutions communes. C'est pourquoi il faut garantir l'intérêt européen. Et la réalité aujourd'hui c'est que la coopération intergouvernementale n'est pas suffisante pour sortir l'Europe de cette crise, pour doter l'Europe d'un avenir. Tout au contraire, un certain intergouvernementalisme risque de mener à la renationalisation et à la fragmentation. Un certain intergouvernementalisme pourrait être la mort de l'Europe unie telle que nous la voulons.”
Hyman P. Minsky foi um teórico da economia capitalista, que embora acreditasse no Big Government, sempre se opôs, quanto mais não fosse, por razões técnicas, ao excesso de burocracia, bem como ao crescimento alimentado sistematicamente pela via do consumo, do emprego público não produtivo, e do endividamento descontrolado, obtido, a partir da década de 1980, através do recurso a uma desregrada inovação financeira. Vale a pena conhecer melhor este verdadeiro continuador de Keynes.
“Only an economics that is critical of capitalism can be a guide to successful policy for capitalism.” (Minsky, op. cit.)


NOTAS
  1. “The EU and the € Crisis:
    Growth Imbalances, Growth Implosion, Debt Explosion”
    Antonio S Mello — September, 2011

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 3-10-2011 23:09

quarta-feira, setembro 28, 2011

Biomassa em vez de barragens

A floresta sustentável é uma alternativa

A EDP tem uma dívida acumulada 3x maior do que a da Madeira e igual ou superior à dívida conjunta de todo o sector público de transportes!!!


A gestão sustentável do Pinheiro Bravo é uma alternativa ao descalabro barragista

Out of the woods? Rural Europe (re)turns to forests as main energy source

Wood is already the most widely-used source of renewable energy in Europe, but the European Commission is looking at additional measures to help rural regions seize their potential for power from biomass.

Forests cover more than 155 million hectares (37%) of the EU27's land area and a further 21 million hectares is covered by other wooded land.

However, the Commission believes there is a clear potential to intensify forests' energy utilisation as only up to 70 % of the annual forest growth being harvested, with some 42% being used for energy.

In addition, wood burning is considered to be largely carbon neutral if forests are cultivated in a sustainable way, making it an environmentally-welcome alternative to oil and coal in rural areas.

Another advantage of biomass is that it may be directly stored and drawn upon for use at any time, unlike wind or solar electricity that need to be consumed directly or converted in order to be stored.

in EurActiv, 22.09.2011.

É por causa do descomunal endividamento da EDP que o pirata Mexia gasta milhões de euros em publicidade e falsas acções de responsabilidade social (green washing). A verdade é que boa parte da factura energética que todos pagamos se deve ao enorme embuste energético fabricado durante o consulado do pirata Sócrates, o qual terá que ser necessariamente desfeito sob pena de os aumentos anunciados em sede de IVA e de preço ajustado ao custo real da energia se tornarem socialmente incomportáveis.

Há um crime público neste sector que tem que ser desvendado e tratado como tal. Os responsáveis políticos pelo colapso financeiro do país têm que ser levados a tribunal e responsabilizados pelas patifarias que fizeram, ajudaram a fazer ou criminosamente autorizaram.

O Plano Nacional de Barragens é um embuste e um crime que tem que ser desfeito quanto antes.

Podemos aumentar a capacidade produtiva das nossas maiores barragens, mas não faz qualquer sentido construir novas barragens. As que se encontram em início de obra (Sabor e Tua) devem parar já!

A hipótese nuclear é outro embuste. Enquanto os japoneses, franceses, alemães e americanos não demonstrarem que o nuclear é mais seguro do que Fukushima, Portugal não pode, sob nenhum pretexto, servir de cobaia à nova geração de reactores supostamente seguros.

Temos, pois, que recorrer às alternativas mais óbvias, seguras e baratas:
  • baixar drasticamente a intensidade e o custo energéticos da nossa economia, lançando um cluster nacional de eficiência energética (que aposte na nova rede ferroviária de bitola europeia, na requalificação dos portos, numa nova indústria naval especializada —por exemplo em navegação de cabotagem, científica e de recreio— no transporte colectivo eléctrico, na eficiência energética dos edifícios e das cidades, na agricultura biodinâmica, na investigação científica focada nestes domínios, etc.);
  • libertar as renováveis eólicas e solar das ligações forçadas à REN e da canibalização burocrática, clientelar e fiscal das facturas do consumo energético;
  • apostar, com a UE, decidida e rapidamente, na biomassa florestal e na exploração sustentável da nossa vasta floresta de Pinheiro Atlântico.
O governo tem que tomar a iniciativa!

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 28-09-2011 18:16

segunda-feira, setembro 26, 2011

O Transiberiano

Não é o TGV, estúpido! Chama-se AVE, ou LAVE, e o que importa não é a velocidade, mas a prestação. 

Só mesmo os idiotas da nossa merdiacracia não conseguem ler este gráfico.
Podemos imaginar as centenas de milhões de euros o que os franceses irão ganhar com as ecotaxas
até que o albergue ibérico perceba que não tem dinheiro para o petróleo.

Se Portugal quiser ter poder negocial para defender o Corredor Atlântico, teria que avançar já com o novo troço Poceirão-Caia — Rui Rodrigues.

No dia 7 de Julho de 2011, o Primeiro Ministro Passos Coelho, numa reunião com o presidente da CIP e o seu homólogo espanhol, informou que o projecto da nova rede de bitola europeia estava a ser reavaliado. No dia 17 de Agosto, reuniram-se, em Madrid, o Ministro da Economia de Portugal, Álvaro Santos Pereira, e o Ministro de Fomento de Espanha, José Blanco. Após este encontro, foi efectuada uma declaração conjunta de que se destacam os seguintes pontos:


1.Os dois Governantes consideraram como um objectivo estratégico prioritário o desenvolvimento do transporte ferroviário de mercadorias em bitola europeia, para aumentar a competitividade das exportações de ambos os países para o resto da Europa, permitindo, ao mesmo tempo, a ligação dos portos e plataformas logísticas portuguesas e espanholas [...]

2.Em relação à linha de Alta Velocidade Lisboa-Madrid, o Governo português manifestou a sua intenção de se pronunciar sobre este projecto nos finais de Setembro, após ter reavaliado a sua viabilidade económico-financeira.

3.Finalmente, ambos os ministros reafirmaram a sua vontade de manter a máxima coordenação em relação à próxima definição das Redes Transeuropeias de Transporte, integradas no novo pacote financeiro 2014-2020.

—in "Novo corredor ferroviário do Atlântico é estratégico para Portugal". Rui Rodrigues, O Público/ Carga&Transportes.

Estamos na ponta final do debate mais estúpido que houve em Portugal nos últimos oito anos: o debate do TGV.

Desde logo a notação pejorativa do acrónimo (Train à Grande Vitesse), para evitar usar o acrónimo de Alta Velocidad Española (AVE), ou até o acrónimo lusitano entretanto engendrado: LAVE (Linha de Alta Velocidade), serviu para desvalorizar sistematicamente um debate estratégico essencial, em nome das pequenas rivalidade regionais desmioladas, e depois, muito mais gravemente, em nome dos inconfessáveis interesses do lóbi da Ota em Alcochete, e do lóbi das autoestradas falidas à nascença. Tudo serviu para tentar sabotar um dos poucos projectos que poderá mitigar os altos custos energéticos da nossa economia — e criar emprego durável e qualificado.

Outro projecto nesta necessária direcção seria opor ao buraco negro das barragens assassinas do senhor Mexia e Cª (no mínimo 3x maior do que o da Madeira!) um vasto e radical programa de eficiência energética nos lares, nas cidades e nas empresas.

Basta olhar para as estatísticas sobre o transporte de mercadorias de Portugal, e da Península Ibérica, para o resto da Europa, e perceberemos de imediato até que ponto é inevitável relançar o transporte ferroviário eléctrico, e no futuro electromagnético, em toda a Ibéria, começando por substituir, a passo acelerado, as vias férreas em bitola ibérica por novas vias em bitola UIC (a dita bitola europeia).

Estes são, aliás, dois exemplos paradigmáticos do que este governo terá que fazer se quiser sobreviver até ao fim da Legislatura.

Estes dois projectos, tal como a recuperação do tecido apodrecido das cidades, permitem fazer aquilo que só um Governo pode fazer: assumir, perante a enorme crise que temos pela frente, o papel de um verdadeiro empregador de última instância (leiam, senhores economistas, o Minsky!), cuja acção poderá rapidamente relançar o tão desejado crescimento do PIB.

Em vez de perpetuar o excesso inútil e prejudicial de burocratas, em vez de subsidiar a indigência, ou de alimentar burros (perdão, gestores) a Pão de Ló, em vez de oferecer a poupança dos portugueses aos bancos para que os especuladores alapados, em vez de irem para a cadeia, continuem a derreter a riqueza produzida, o Estado tem afinal uma missão a cumprir: liderar o novo impulso de crescimento!

Já que deixou de ser o credor de última instância, que seja, pelo menos, in extremis, o empregador de última instância — mas para produzir algo que se veja, que possa reproduzir a riqueza, em vez de a consumir na fogueira bestial das vaidades, e do consumismo injectado.

O Governo português comprometeu-se com outro governo, o espanhol, e com a Comissão Europeia, a construir (digo bem, construir) quatro linhas férreas em bitola europeia para ligar Portugal a Espanha e ao resto da Europa, abrindo deste modo uma alternativa de futuro ao inevitável e próximo declínio do uso intensivo do petróleo, e portanto do transporte rodoviário como modo dominante de mobilidade de pessoas e mercadorias. No caso da ligação Pinhal Novo-Caia, a menos cara e com maior rentabilidade potencial, ligará as duas capitais ibéricas (mais de 10 milhões de pessoas) e os portos de Lisboa, Setúbal e Sines ao nosso principal parceiro comercial.

Mas mais: pressionará grandemente os espanhóis a darem prioridade ao Corredor Ferroviário Atlântico, que é o que mais convém a Portugal: França-Irun-Valladolid-Medina del Campo, e daqui para três direcções distintas: 1) Vilar Formoso-Aveiro-Eixo Norte-Sul (incluindo o porto de Leixões) em Portugal, 2) Galiza, 3) e Madrid, por Ávila, em Espanha.

Ninguém pede que o governo português compre comboios. Apenas que construa as linhas férreas, a respectiva alimentação e o sistema de sinalização. A exploração das linhas deverá ser entregue ao sector privado concorrencial, onde não faltam protagonistas, nem ideias novas. Basta pensar no que empresas como a Ryanair e a easyJet, na linha do que a Virgin fez no Reino Unido, poderão fazer de diferente da nossa indolente, despesista e clientelar CP.

Escrevi provavelmente mais de uma vintena de textos sobre este assunto. O último artigo de Rui Rodrigues é um apelo desesperado ao bom senso. Esperemos que o actual governo o tenha.

POST SCRIPTUM

TGV-Marrocos em 2014-2015



 Até Marrocos percebeu a tempo a importância da nova ferrovia de grande velocidade. Só o lóbi pirata do embuste da Ota em Alcochete (Cavaco incluído) tentou, até ao último momento, sabotar a ligação de Portugal à rede europeia de alta velocidade. Felizmente, perdeu!

O TGV marroquino ligará, a partir de Dezembro de 2015, os duzentos quilómetros que separam Casablanca de Tanger, com paragem na capital, Rabat, em 02h10mn. Quatorze comboios, com carruagens de dois pisos, transportarão 1066 passageiros por viagem, prevendo-se uma procura de oito milhões de passageiros por ano. Este eixo da rede de Alta Velocidade Ferroviária marroquina —o chamado Eixo Atlântico (o mesmo por que Portugal terá que bater-se em 14 de Outubro!)— ligará no futuro a cidade-porto de Tânger —o segundo porto de águas profundas, com Algeciras, de entrada na Europa das mercadorias provenientes da América— ao maior porto de pesca de sardinha do mundo, Agadir, passando pela principal cidade turística do país: Marraquexe. A isto chama-se visão e sentido de oportunidade estratégicas. Se a corrupção marroquina impede o desenvolvimento, como dizem por aí, então eu, português de gema e provavelmente judeu, quero ser mouro! Preço estimado do projecto: 20 mil milhões de dinares (ao câmbio de hoje: 1 789 520 000 euros).

Enquanto os franceses da ONCF tratam de Marrocos, os espanhóis ganharam o concurso do TGV da Arábia Saudita. Será que os alemães farão o TGV da Líbia? Ainda um dia teremos que pedir responsabilidades a quem fechou a Sorefame, e a todos os que zombaram, do alto da respectiva ignorância, ou de compromissos corruptos, o maldito "TGV"!

ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 29-09-2011 16:47

Portugal dos Pequenitos - 8

Afinal quem são os "indígenas"?

Deixando de lado as ideias de Sousa Tavares, que valem apenas o papel onde se embrulham, Vasco Pulido Valente retoma a velha teoria sobre os culpados do descalabro português, sacudindo a água do capote da sua geração, a dos sessenta anos e que em 25 de Abril andavam na casa dos trinta, portanto já estudados, formados e empregados.

VPV acha que a sua geração, afinal, logo que chegou a alvorada da liberdade de Abril de 74 “tentou tudo para a suprimir”, depois de a ter ansiado. “Assistiu, calada, ou mesmo se juntou, à louca procissão do PREC, em nome de uma doutrina que não percebia e de uma sociedade em que nunca aceitaria viver.”

Mas diz ao mesmo tempo que “a ausência do que tinha sido o movimento estudantil entre 1960 e 1974 no Governo e nos partidos entregou o poder a uma série de arrivistas, que não o tornaram a largar.”

Ora é aqui que a porca torce o rabo. Então a “geração estudantil de 60 a 74” não teve nada a ver com os governos e partidos correlativos? — in Os idos de 60, por José, Porta da Loja.

Parece que Vasco Pulido Valente tentou desculpabilizar a sua geração pela tripla bancarrota sucessiva do país, nos últimos 30 anos. Logo ele, que tanto ridicularizou os "indígenas" galaico-lusitanos!

Se preferirem, posso substituir a expressão "bancarrota sucessiva" por declínio escandaloso de uma democracia populista, incestuosa e corrupta até ao tutano. Na verdade, a guerra colonial insustentável (que durou de 1961 a 1974) conduziu ao desgaste inexorável das elites militares (nomeadamente do Quadro Permanente de Oficiais, sobretudo as oriundos da Academia Militar), que acabaram por conspirar e derrubar uma ditadura exangue que, nem o movimento estudantil, nem as Oposições verbais, tinham força, ou sequer estratégia inteligente, para derrubar. Mas quem derrubou a ditadura —os chamados "Capitães de Abril"—, apesar do apoio popular que obteve de imediato, e das instrumentalizadas ideologias marxistas-leninistas requentadas que o movimento estudantil e o Partido Comunista exportaram para a cacafonia do PREC, acabaria por ceder o poder à fraca Oposição anti-Salazarista, que apressadamente se foi metamorfoseando em partidos, sindicatos e numa crescente burocracia que não mais largaria o poder e o espaço público, até que o cancro da perda acelerada de soberania se revelou em toda a sua trágica dimensão: a bancarrota evidente de Portugal. Se a Eurolândia sobreviver, perderemos boa parte da nossa soberania (é o preço a pagar pelo calote cometido); se a Eurolândia não sobreviver, perderemos ainda mais depressa a nossa soberania, e neste caso, se vier a ocorrer, os credores entrarão pelo país dentro como a Índia, em Dezembro de 1961, entrou por Goa, Damão e Dio — sem cerimónia, nem aviso!

O problema maior de Vasco Pulido Valente, do Miguel Sousa Tavares e de muitos outros comentadores da coisa pública, é que não são analistas, não estudam a verdadeira mecânica do mundo actual, das economias e das nações, e têm horror intelectual aos pormenores. Sabem coisa nenhuma de finanças, de política económica, de mobilidade e transportes, de demografia, e se isto não bastasse para os desqualificar como leituras recomendáveis, detestam o estrangeiro e o mundo como qualquer dos "indígenas" ignorantes e brutos que criticam. Querem lá saber, o Vasco, o Miguel, o Marcelo, e todas as suas réplicas, de geografia e estratégia!

Para a maioria dos nossos jornalistas intelectuais, o que importa acima de tudo é a coscuvilhice entre-portas, a fulanização do texto, a qualidade literária dos adjectivos. Escrúpulo analítico e atenção aos factos e às séries estatísticas nunca os preocuparam. Posam para a história esquecendo que esta mesma vem sendo destruída pela superficialidade bacoca e complacente da nossa fraca inteligência nacional.

Que nos valham, uma vez mais, e agora, se possível, mais profundamente, os estrangeirados, os emigrantes e os novos portugueses que percorrem o mundo como a sua própria casa — pequena, cada vez mais familiar, e onde é urgente tecer uma nova ordem de inteligência, justiça e equilíbrio económico global. Portugal são os Portugueses, e não a dúzia de seitas que, julgando-se donas do país, nos conduziram de novo à vergonha. Sobreviveremos, sim, mas para não demorarmos mais tempo do que o necessário, seria bom reformar compulsivamente a corja responsável pelo descalabro, começando por desfazer as antinomias da sua fraca retórica.

PS: regressei a Lisboa e à minha praia de Carcavelos, para voltar de novo ao Porto e ao Douro no final desta, ou da próxima semana. Que lugares tão irresistíveis, e tão estranha gente.


quinta-feira, setembro 22, 2011

Portugal dos Pequenitos - 7

Um rei decente, por favor!

A criatura hirta de Belém —o calculista medíocre de nome Aníbal Cavaco Silva—faz cada vez menos falta ao actual ordenamento constitucional. Obscuro, atado a compromissos, conveniências e dívidas eleitorais, caríssimo e inútil centro de custos sem retorno positivo que se veja, bem poderia ser substituído por qualquer coisa chic e criativa. Porque não reinstaurar por via referendária uma monarquia constitucional avançada?

Aos que argumentam com as vantagens da transparência democrática republicana, respondo com factos: a actual democracia portuguesa é populista e corrupta como a primeira que deu em ditadura, e assenta numa imprestável e ilegítima monarquia clandestina, amanhada como uma nomenclatura medieval, medíocre, endogâmica, nepotista, onde nenhum cidadão tem acesso pela via efectivamente democrática, mas apenas por vontade da colegiata republicana — pela via normal, a maçónica, ou pelas vias bastardas, opusdeica, partidária ou simplesmente criminosa. Em todo o caso, sempre por caminhos radicalmente opostos ao da transparente genealogia monárquica.

Repito, pois, uma recomendação a Duarte Pio: prepare o Afonso para o que der e vier!

A democracia cognitiva e tecnológica do futuro poderá reencontrar na monarquia uma forma de representação do poder bem mais decente do que as decadentes, corruptas, populistas e cada vez mais estúpidas democracias actuais.

sábado, setembro 17, 2011

Portugal dos Pequenitos - 6

Buracos, buracões e descarados

Joe? Hello?
Por uma vez, Miguel Sousa Tavares atacou alguns males há muito denunciados na Blogosfera, nomeadamente o embuste em forma de patuá do chamado Joe Berardo e a teia de manifesto abuso de poder, manipulação e mais do que verosímil corrupção que envolve esta testa de ferro agraciada desde Mário Soares, sabe-se lá por que excelsas motivações...


Embuste das barragens
Já agora MST, escreva lá alguma coisinha sobre o colossal embuste chamado EDP, associado ao Ponzi furado das eólicas, às novas barragens, assassinas, que nenhuma mais valia trarão ao país, e ao negócio da privatização do uso da água. É que o buraco do palhaço contente da Madeira é apenas 1/16 do buracão do grande roubo que o oligopólio energético planeou com os piratas "socialistas" do corrupto consulado de José Sócrates. Para já falou-se de 30% de subida geral no custo da energia, por causa do défice tarifário, de tudo o que os bandidos fiscais da governação atrelam ilegitimamente à factura de um bem essencial (nomeadamente os órgãos de propaganda governamental RTP/RDP/Lusa), mas também de dois dos maiores roubos planeados ao bem público: a Lei da Água e o negócio das novas barragens — que tem três objectivos prioritários: aumentar artificialmente os activos das empresas energéticas (essencial para ajudar a garantir o acesso ao mercado bolsista de empresas tão sobre-endividadas quanto a EDP); controlar as reservas de água do país (colocando-as eventualmente no mercado de derivados responsável pelo caos financeiro actual); e substituir importações de energia na hora de ponta, sem, no entanto, aumentar realmente a produção energética, como ficou demonstrado pelo recente estudo de Joanaz de Melo.

O senhor Guilhermino quer rebentar com a ANA antes da privatização!
Como é possível o governo deixar o irresponsável que outros colocaram no poleiro da ANA inundar de contra-informação o país com fantasias sobre os investimentos desta empresa, ainda 100% pública, até 2015, quando a privatização da mesma está agendada para 2012? O comissário político Guilhermino, obviamente deslocado, deveria ser objecto de um inquérito minucioso sobre os prejuízos que já causou ao turismo de Lisboa, Porto e Madeira pelos sucessivos atrasos impostos à entrada das Low Cost no nosso país, e ainda pelo camelo branco que é o aeromoscas de Beja, onde à época se afiançou que a TAP iria, no mínimo, estacionar as aeronaves que atravancam o espaço da Portela?

Post scriptum
Continuo em plena imersão na realidade palpável do país, mais precisamente pelo norte do país. Escrevo este post graças à rede Wi-Fi da Frei Tuck, na Rua Damião de Góis (Porto), uma franquícia de padarias-cafetarias onde pontifica a qualidade do fabrico, a atenção ao cliente, a limpeza e o conforto. Tudo o que um escritor fora de água pode desejar! Segunda Feira sigo para Oliveira do Douro, para saber como vão as vindimas, e as florestas de pinho.