sexta-feira, novembro 02, 2012

As 6 medidas do Bloco

Jesus expulsando os vendilhões no templo.
Vitral na Igreja de Saint-Aignan de Chartres, Chartres, França.

Falta expulsar os vendilhões!

“By the year 1100, the hunger for specie was so great that the canons of Pistoia’s St. Zeno Cathedral melted down their great crucifix and used it for money. German princes sold their imperial seals. English nobles exchanged their silver sword mounts, and French bishops converted their golden chalices into cash. The theologian Fulbert of Chartres justified these practices with the casuistry that it was better to sell sacred vessels to Christians than to pawn them into the hands of jews.”

in The Great Wave by David Hackett Fischer, 1996.

Curiosamente, as seis medidas de emergência que o Bloco de Esquerda propõe para responder à crise das finanças públicas do país fazem sentido.

Que pena os dirigentes deste pequeno partido com assento parlamentar ofuscarem as suas ideias com tanta verborreia esquerdista serôdia. Provavelmente a medida proposta e que parece mais difícil de executar acabará, de uma forma ou doutra, por ser tomada pelo próprio BCE e pela Alemanha: o famoso corte de cabelo (haircut) nas dívidas soberanas e uma reestruturação global da dívida pública europeia.

Curiosamente, faltam no plano do Bloco duas medidas igualmente decisivas: o ajustamento da administração pública e do aparelho de estado à capacidade de criação de riqueza efetiva do país (vivemos de heranças e subsídios desde que a ditadura caiu), e o desmantelamento dos monopólios financeiros, industriais e de serviços, propriedades de meia dúzia de famílias e piratas partidários.

Nota: o regresso do imposto sobre heranças deve ser progressivo, aplicando taxas residuais às pequenas heranças, e a receita deste imposto deve ser alocada expressamente à despesa pública com a educação, da infância até ao fim do ensino secundário obrigatório. Nesta fase da vida todo o apoio, educação e instrução deverão ser assegurados pelo Estado e passar a ser integralmente gratuitos — incluindo acabar com o escandaloso negócio dos manuais escolares! O objetivo desta medida solidária e estratégica é contribuir para travar uma excessiva depressão demográfica ao longo deste século. Sem mitigar esta já inevitável depressão, o empobrecimento geral será ainda mais acentuado.


ANEXO (texto do BE)
“Em 2012, a dívida pública já aumentou 13,4 mil milhões e, só em Julho e em Agosto, cresceu 700 milhões. No final de 2012, esta dívida será mais do dobro do que era há oito anos. Em 2013, aumentará mais 12 mil milhões. Portugal está a empobrecer, a perder emprego e a promover a emigração, para ficar sempre mais endividado. Responder a esta falência anunciada é a maior tarefa da democracia. 
Este programa orçamental do Bloco de Esquerda determina:

1) A recusa do aumento do IRS no OE 2013, demonstrando que o défice pode ser corrigido com um conjunto de reformas fiscais no IRS (englobamento de todos os rendimentos), no IMI (progressividade com quatro escalões e fim de isenções), no IRC (progressividade por via de 3 novos escalões), um imposto sobre grandes fortunas (IGF), a reposição do imposto sobre heranças e ainda uma taxa marginal sobre transações financeiras. A receita estimada destas reformas é, em 2013, de 3.450 milhões, que deve ser usada para reduzir o défice.

2) A renegociação da dívida externa, de modo a que os juros pagos sejam reduzidos para 0,75% e o capital seja abatido em 50%. Os juros pagos em Obrigações e Bilhetes do Tesouro devem passar a pagar imposto, terminando a isenção a não-residentes e ao sistema financeiro. A poupança e o aumento de receita neste contexto é, nos próximos dois anos, de 9.405 milhões anuais, ou cerca de 5% do PIB, que devem ser utilizados para um choque de investimento.

3) A aplicação das receitas suplementares do novo regime do IMI em programas de investimento local com criação de emprego, com um gasto de 500 milhões.

4) A reintegração dos hospitais PPP na gestão pública e o resgate financeiro das PPP rodoviárias, garantindo a auditoria aos contratos estabelecidos e permitindo aliviar o esforço orçamental anual em cerca de 1.000 milhões no imediato.

5) A proteção do sistema de segurança social garantindo uma cobrança dos encargos sociais com os trabalhadores despedidos pelas empresas que se deslocalizam e outras medidas de financiamento.

6) Uma medida excecional de proteção das famílias desempregadas contra as penhoras por dívidas ao IMI e à banca, e ainda o tabelamento dos juros do crédito ao consumo para evitar a falência de famílias.” (LINK)

quinta-feira, novembro 01, 2012

Os fariseus do PS

Lutero traduzindo a Bíblia para alemão
Ilustração: autor desconhecido


Traduzam o Memorando, para o povo ler!

O deputado socialista Pedro Marques comparou hoje o convite para o diálogo dirigido pelo Governo ao PS a "uma farsa", manifestando "indignação" por técnicos do FMI estarem a estudar cortes, que passam pelas "funções sociais do Estado" — in  Negócios online, 1 nov 2012.

O Governo está a preparar a reforma do Estado anunciada na passada semana por Passos Coelho com a ajuda de técnicos do Fundo Monetário Internacional (FMI) que já estão em Portugal e já tiveram reuniões com membros do Executivo, revelou nesta quarta-feira Marques Mendes — in Público, 31 nov 2012.

Os fariseus do PS fazem-me lembrar cada vez mais a burocracia de Roma contra a qual Lutero se rebelou em nome da honestidade intelectual, da liberdade económica e da soberania popular.

À época, Roma e a sua imensa burocracia sangravam os povos europeus de impostos a que chamavam indulgências, cujo fim era, diziam, a salvação das almas. Hoje, a dita esquerda e o estado social ineficiente, injusto, com uma burocracia gigantesca, e servindo em última instância a partidocracia que capturou as democracias ocidentais, nomeadamente as recém chegadas ao clube (Portugal, Espanha, Grécia), gritam contra as ameaças ao estado social, quando, na verdade, a única coisa que pretendem salvar é a partidocracia e a imensa burocracia que se alimentam de impostos cada vez mais insuportáveis, para seu conforto e risota dos deputados (veja-se o bacanal em que se transformou a Assembleia da República) — enfim, para benefício último dos banksters e rendeiros indígenas.

Assim, o PS não vai lá!

É preciso não esquecer que  o PS, como a generalidade da partidocracia (incluindo o PCP e o Bloco) consolidaram o seu poder, não pelo desenvolvimento de uma sociedade democrática participativa, mas apenas através da compra populista de votos, à custa, primeiro, do ouro que Salazar obrigou os portugueses a poupar, depois, à custa dos fundos comunitários, e já durante a fase final deste regime (comandado por uma banda de piratas que tomou conta do PS), à custa de um endividamento criminoso. Ora estas e outras árvores das patacas acabaram, e portanto agora, sem poderem comprar mais votos, nem poderem verdadeiramente prometer o paraíso social, resta-vos o quê? Talvez uma rebelião luterana!

O pirata Sócrates ajoelhou quando os banqueiros piratas locais lhe disseram que não havia mais dinheiro, nem quem emprestasse. A Troika chegou, enfim, por culpa de um crime que falta julgar. Não confundamos as coisas!

Os partidos do chamado arco governamental assinaram de joelhos o Memorando. Que outra coisa podiam fazer?

Entretanto, uma parte do compromisso assinado —reforma do estado, redução das rendas excessivas, e desmantelamento dos oligopólios económico-financeiros instalados (medidas expressamente inscritas no Memorando)— foi sendo sucessivamente adiada, com a bênção do PS, e amnésia do PCP e do Bloco, sempre perdidos nas suas rezas obsoletas!

Resultado: o governo laranja transformou-se numa espécie de terrorista fiscal, única forma de compensar a não renegociação das 120 PPP, a não redução dos CIEGs e outras rendas escandalosas, e a não reforma do estado ineficiente, partidarizado e paquidérmico que temos.

Só que a fadiga fiscal e a seca fiduciária chegaram ao limite. Agora, ou reformamos rapidamente o estado, ou cairemos no clube grego em menos de um ano :(

O PS indignado é uma farsa! Haja alguém que reforme este partido, antes que desapareça!

terça-feira, outubro 30, 2012

Refundação do regime, já!

Rafael Bordalo Pinheiro, O António Maria, 29 jun 1882 Arch. B.N.

Perplexidades orçamentais 2006-2013

O povo que pode trabalhar decresceu nos últimos seis anos (2006-2011), o PIB cresceu a menos de 1% ao ano, mas o preço da casa da democracia aumentará mais de 65% entre 2006 e 2013, e o forrobodó das empresas públicas e sacos azuis escondidos do orçamento aumentou esta fatura fiscal em mais de 730%. Como não exigir a refundação do regime?

Passei uma parte desta tarde a comparar números de dois orçamentos do estado português, o de 2006 e a proposta para 2013. As comparações, por vezes, não são lineares, dada a falta de regras de compilação e exposição do texto governamental mais importante de todos. Cada governo faz o que quer, e ainda sobra tempo para os deputados vociferarem, rirem às gargalhas dos apartes, em suma, cagarrarem como cagarram ao cair da noite os cagarros nas pontas negras das ilhas açorianas.

Percebo lindamente porque o BCE, a Comissão Europeia e o senhor Wolfgang Schaueble querem passar a por alguma ordem nos bacanais orçamentais, a começar por aqueles que são escrevinhados com as unhas pelos celebérrimos PIIGS.

O mais surpreendente da comparação desta tarde, e que deixo à vossa atenta leitura, exigindo explicações ao contabilista Gaspar e à corja parlamentar, sobre as linhas que o Excel coloriu a rosa, é verificar que, afinal, as despesas com a saúde, com a educação e com a administração local serão menores em 2013 do que em 2006! Mesmo a Saúde sobe apenas 1,19%, de 2006 para 2013.

Na realidade, se tivermos em conta a inflação, estas despesas baixaram. A austeridade, afinal, começou há muito, pelo menos para a maioria da população portuguesa, que desde então tem emigrado em massa.

OE-2006-2013-Portugal


Mas então porquê tanto alarido?

Mesmo as subidas com gastos sociais, pensões de reforma, subsídios de desemprego, apoio às famílias e solidariedade social, subindo compreensivelmente perante o colapso em curso, sobem no seu conjunto pouco mais de 50% em 2013 relativamente a 2006.

De onde vem então o escândalo?

Reparem em todas as linhas sombreadas a rosa (na folha Excel publicada), e em particular nas rubricas Gestão da Dívida Pública (subiu de 49,6 mil milhões de euros em 2006, para uns previstos 124,75 mil milhões em 2013), e Despesas Excepcionais (transparência absoluta...), que subirão de quase 2,3 mil milhões de euros, em 2006, para uns inacreditáveis 19 mil milhões de euros, em 2013.

Sabem o que são estas “despesas excepcionais”?

Pois é, são tudo aquilo que os governos socialistas e o Bloco Central da Corrupção esconderam debaixo do nariz dos credores e da opinião pública, com a plena cobertura do PCP, do Bloco de Esquerda e dos sindicatos, ou seja, é o forrobodó das 120 PPPs cozinhadas com o setor bancário oligopolista nacional (com responsabilidades que montam a mais de 60 mil milhões de euros!), e das empresas públicas sobre endividadas, tudo isto colocado meticulosamente fora do perímetro orçamental até à chegada da tão vilipendiada Troika!

Ou seja, dos 183,7 mil milhões de euros do OE2013, 143,7 mil milhões correspondem a dívidas e serviço da dívida! Se isto não é motivo suficiente para derrubar democraticamente este regime, então será porque outra forma de o derrubar, menos democrática, estará em gestação. E já agora, como justifica o contabilista Gaspar tanto dinheiro para estudos e projetos se não há investimento público programado? De 14,86 milhões de euros em 2006, para 35,48 milhões de euros em 2013 é um salto de 238,76%! Para quem? Para os amigos cor-de-laranja, é isso? E como explicam os deputados as suas indecorosas despesas?

O desenho de Rafael Bordalo Pinheiro que acompanha este post foi publicado em 29 de junho de 1882, oito anos antes do Ultimato inglês, doze anos antes da bancarrota de 1892, dezoito anos antes do regicídio e da queda da monarquia.

A alternativa é evidente: ou proceder desde já à refundação democrática do regime, ou esperar, não oito anos, mas talvez apenas dois, para uma solução mais dramática.

Só há uma reforma possível face à dissolução iminente do estado a que chegámos: formar uma nova Assembleia Constituinte para redigir, discutir e aprovar um novo texto constitucional, claro, simples, essencial, sem cargas ideológicas idiotas e já agora compatível com a União Europeia, que deverá ser ratificado em referendo nacional vinculativo.


POST SCRIPTUM (1)

Comparando a Suécia com Portugal (números arredondados...)

Suécia (2012): 9,5 milhões de habitantes

PIB (Gov./2012): 410 mil milhões de euros
PIB/capita (est. 2012): 43 mil euros
Orçamento público, 2013: 96,7 mil milhões de euros
Despesa corrente primária, i.e. s/ amortizações, s/ juros, s/ cont. comunitária: 90 mil milhões de euros (21% do PIB)
Dívida pública (2012): 130,4 mil milhões de euros
Juros da dívida pública (2013): 2,6 mil milhões de euros
Impostos e afins depois de deduções: 21% do PIB (85,6 mil milhões de euros)

Vale a pena consultar o sítio do governo sueco aqui.

E vale a pena perguntarmos a nós próprios, e à corja partidária instalada, do Bloco ao CDS, porque motivo não existe informação estatística decentemente organizada e exposta aos cidadãos, nomeadamente no que se refere às coisas simples da vida: quanto ganhamos, quanto gastamos, onde gastamos, quanto devemos e a quem devemos. Os documentos do Orçamento de Estado de Portugal, embora tenham melhorado muito nos dois últimos exercícios, são uma verdadeira mistificação numerológica. Na realidade, correspondem a prestações de contas manhosas, cheias de lixo debaixo do tapete, compiladas e expostas de forma a tornar quase impossível entender as tais realidades simples que todo o cidadão deve conhecer.

Portugal (2011): 10, 6 milhões de habitantes (-300 000 emigrantes, entre 2006-2012) = 10,3 milhões de residentes

PIB (Pordata/2011): 159 mil milhões de euros
PIB/capita (2011): 15 mil euros
OE2013: 183,7 mil milhões de euros
Despesa corrente primária, i.e. s/ amortizações, s/juros, s/ cont. comunitária): 57,4 mil milhões de euros (36% do PIB2011)
Dívida pública (set 2012): 189,7 mil milhões de euros
Juros e outros encargos em 2013: 7,2 mil milhões de euros
Impostos e afins depois das deduções: 15% do PIB (37 mil milhões de euros)

Para que os nossos impostos chegassem à mesma % do PIB que ocorre na Suécia, 21%,  seria necessário aumentar a sangria fiscal em 1,85 mil milhões de euros. No entanto, enquanto os 21% suecos correspondem a 85,6 mil milhões de euros, em Portugal tal % daria uma receita muito inferior: 38,9 mil milhões de euros.

Repare-se nestas duas distâncias:
  • Suécia: despesa corrente primária (2013): 90 mil milhões de euros; receita fiscal: 85,6 mil milhões;
  • Portugal: despesa corrente primária (2013): 57,4 mil milhões de euros; receita fiscal: 37 mil milhões (se houvesse agravamento da carga fiscal para os acima mencionados 21% do PIB, a receita situar-se-ia em 38,9 mil milhões de euros — i.e. a 18,5 mil milhões de euros de distância da despesa pública primária, sem amortizações nem juros. Esta diferença só poderá ser preenchida por novos empréstimos (quem empresta?), ou baixando drasticamente a despesa dos previstos 36% do PIB para valores próximos dos 21% praticados na social Suécia :(
Finalmente, enquanto que a Suécia, um país com menos 800 mil habitantes que Portugal, com duas vezes e meia no nosso PIB (que continuará a descer nos próximos anos...) e 2,8 vezes o PIB/capita português, pagará, em 2013, 2,6 mil milhões de euros pelo serviço da sua dívida, Portugal terá que pagar 7,2 mil milhões de euros no próximo ano. Pior é quase impossível!

Eu compreendo que a Mário Soares estas contas horrorosas lhe pareçam, como sempre pareceram, enfadonhas. Mas aos pouco mais de dez milhões de almas penadas que começam a vaguear sem norte por este país fora, a realidade trágica destes números são um verdadeiro cutelo sobre as suas vidas.

E é preciso dizê-lo com clareza: o PS e a esquerda inconsciente, demagógica e despesista que sempre acompanhou o partido fundado, ente outros, por Mário Soares, apesar dos impropérios e da galhofa, são os principais responsáveis por este desastre.

A única guerra civil que poderá um dia ocorrer em Portugal, doutor Mário Soares, será, por incrível que pareça, contra o legado adulterado do sonho de uma manhã de primavera, a que tantos acorreram com total esperança e ingenuidade. O meu 25 de abril não foi o seu 25 de abril.

Refundar esta democracia corrupta até aos ossos é mesmo a única tábua de salvação que nos resta pela frente.


Cortes que ainda podem e devem ser introduzidos no OE2013
  • Administração Local: previsto: 2.121.207.562€ — proponho diminuição da despesa em 600M€
    Total Freguesias: 184.038.450 € — manter a mesma verba, redistribuindo-a de forma inteligente, diminuindo o número de freguesias urbanas, sobretudo em Lisboa e Porto
  • Presidência da República: previsto: 15.248.380€ — proponho diminuição da despesa em 2.287.257 €
  • Assembleia da República: previsto: 132.727.131€ — proponho diminuição da despesa em 39M€
  • Gabinete Representante República na RA Açores: previsto: 319.251.400€ — proponho que se acabe com esta indecorosa manifestação de colonialismo caricato e oportunista!
  • Gabinete Representante República na RA Madeira: previsto: 242.475.480€ — proponho que se acabe com esta indecorosa manifestação de colonialismo caricato e oportunista!
  • Min. Admin Interna: previsto: 2.066.149.723€ — proponho diminuição da despesa (menos meios e menos polícias!) em 500M€
  • Min. Finanças/ Despesas Excepcionais (PPPs, EPs e Parpública?): previsto: 19.018.727.691€ — proponho diminuição da despesa em 5700 M€
  • Min. Finanças, Estudos: previsto: 35.488.020€ + 10.228.049€ — proponho diminuição da despesa em 15M€
  • Min. Justiça: previsto: 1.160.787.561€  — proponho diminuição da despesa em 348M€
Total da redução7.766.014.137€ — sem tocar numa única despesa social, nem na saúde, nem na educação, setores onde, todavia, é possível fazer melhor e com mais eficiência orçamental.

NOTA: esta proposta tem um valor meramente heurístico. Serve para suscitar a discussão!


POST SCRIPTUM (2)

Um amigo perguntou-me se não deveria haver cortes também na Presidência da República. E eu respondi assim:

Caríssimo,
Creio que sim, embora o orçamento da PR tenha crescido cerca de 8% relativamente a 2006, ao contrário do da AR, que cresceu quase 66%. Um corte de 15% no orçamento do Palácio de Belém seria justificado nas presentes circunstâncias, creio. Vou corrigir o post;)

De qualquer modo estes "pequenos" cortes têm sobretudo um valor pedagógico e simbólico. Não valem pelo impacto efetivo na redução da descomunal dívida pública do país.

Aliás, o simples facto de a subida do IRS e os cortes nas pensões de reforma atingirem as classes médias altas e a alta burocracia como vão atingir é que fez acordar de uma vez por todas as nossas elites profissionais e partidárias.

Agora, sim, estamos quase todos no mesmo barco: o barco de uma longa vaga de ajustamento deflacionista e de redução do consumo (e sobretudo do consumismo!) que poderá durar facilmente até 2050...

Assim sendo, não há alternativa à refundação do regime democrático, salvo uma ditadura — o que seria bem pior :(

POST SCRIPTUM (3)

O Expresso de 3/11/2012 elaborou um quadro a que deu um título enganador: "Para onde vai o dinheiro do Estado". Se fosse Para Onde Vai O Nosso Dinheiro, estaria certo. Assim, não.

Um exemplo:

A despesa efectiva das Autarquias, estimada para 2013, é de 7.149 milhões de euros, mas as correspondentes receitas são de 7.863 milhões de euros — logo, haverá um saldo positivo!

Por outro lado, a Despesa do Estado (por classificação económica) com as administrações locais é bastante inferior: 2.627 milhões.

É que as autarquias têm receitas próprias várias — IMI, etc....

Donde a importância cada vez maior de observarmos o que gasta, e como gasta, o poder local...


POST SCRIPTUM (4)

A confusão sobre a dívida portuguesa, pública e privada, é congénita!
Na realidade, quando se fala de dívida pública, não se sabe se estamos a falar de Dívida Direta das Administrações Públicas (um conceito usado pelo IGCP), ou se de Dívida Pública na ótica do Procedimento dos Défices Excessivos.

Andei a espreitar e os números mais fiáveis, do Banco de Portugal e INE, são estes:

ANO DE REFERÊNCIA: 2011

A) Dívida do Setor Público não financeiro: administrações públicas + empresas públicas não incluídas nas administrações públicas:

235,964 mil milhões euros (138,0 por cento do PIB)


Dívida do sector privado não financeiro:

479,264 mil milhões euros (280,3% do PIB)

Endividamento sector não financeiro, público e privado:

715,229 mil milhões de euros (418,4% do PIB)



Evolução dos endividamentos das regiões e autarquias

B) Dívida pública na ótica do Procedimento dos Défices Excessivos (difere da Dívida Direta do Estado compilada pelo IGCP):

184,3 mil milhões de euros (107,8 por cento do PIB)

Dívida da administração local:

5,7 mil milhões de euros (3,3% do PIB)

Dívida da administração regional:

4,4 mil milhões de euros (3,1% do PIB)


LINK-PDF-1
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Última atualização: 6 nov 2012, 19:58

quinta-feira, outubro 25, 2012

BESTAP

Interior do Airbus A350-900. A TAP encomendou 12.

TAP: BPI denuncia tráfico de influências e falta de transparência

Líder do BPI afirmou que "quem contestou" a contratação da Perella para assessor do Estado na venda da EDP "teve logo um ajuste directo a seguir". Fonte oficial do BESI, cujo presidente até junto do Governo criticou a escolha da boutique financeira, diz que declarações são "inaceitáveis".

"Quem contestou teve logo outro ajuste directo a seguir. O BPI não entrou nessa discussão. Houve duas contratações do Estado nas privatizações. O primeiro contrato foi para a Perella, o segundo foi entregue a quem protestou" pela escolha da boutique financeira, que "ficou como assessor do Estado nas privatizações da TAP e da ANA". 
Jornal de Negócios online, 25 out 2012.

O processo de privatização da TAP é uma operação comandada pelo BES, e Efromovich não passará, na nossa modesta opinião, do testa de ferro desta operação pirata. Relvas é o canalizador da coisa, abençoada naturalmente pelo PM de plástico que temos. Mas vamos por partes.

Quem comprar a TAP terá ou não que comprar os ativos, mas também as dívidas e as responsabilidades? Terá! E quais são?

Estimativa
  1. +950 milhões de euros: ativos tangíveis (aviões, etc.)
  2. +2.250 milhões de euros: cerca de 4.500 pares de Slots (2250 voos semanais: ±9000 Slots)
  3. -500 milhões de euros: capitais próprios negativos
  4. -140 milhões de euros: prejuízos em 31 de agosto de 2012 (Sol)
  5. -2.325 milhões de euros: passivo acumulado (consultar o relatório e contas do grupo TAP)
  6. -2.573 milhões de euros (12x215M-6,802M): encomendas firmes de 12 Airbus A350-900
  7. -127 milhões de euros: indemnizações para despedimentos.

    Total estimado: [1+2] 3.200 - [3+4+5+6+7] 5.792  = -2.592 milhões de euros
Nesta perspetiva otimista, a TAP vale -2.592 milhões de euros! Ou seja, é daquelas situações em que vendendo o grupo por 1€, significaria entregar ao comprador uma companhia a funcionar, mas com um buraco efetivo de mais de 2.500 milhões de euros :(

Como a empresa tem vindo a dar prejuízos, para a recuperar vai ser preciso reestruturá-la, investindo dinheiro numa nova estratégia cujos resultados não estão garantidos à partida. E assim sendo, quanto vale a TAP? Um ou dois enigmas, pelo menos.


A prova de que a encomenda dos 12 A350-900 foi feita


A menos que...

Privatização da TAP só se garantido “interesse nacional”

O secretário de Estado dos Transportes, Sérgio Silva Monteiro, não se cansa de repetir a importância estratégica da TAP para a economia nacional. É este o argumento que usa para explicar a decisão do Governo em salvaguardar, no caderno de encargos ontem aprovado, o direito de preferência do Estado numa futura alienação da companhia. É também esse argumento que justifica que o Executivo possa cancelar a operação caso não estejam garantidos os interesses nacionais durante a negociação com o Synergy Aerospace, de German Efromovich, candidato único à compra da TAP.

Económico, 19 out 2012.

A menos que o estratagema, na ausência evidente de quem queira comprar um empresa insolvente com dívidas e responsabilidades perto dos 5.800 milhões de euros, seja o seguinte:
  • Uma empresa brasileira, a Sinergy Group (curiosamente com o sítio web em baixo desde que esta telenovela começou) pertencente a dois irmãos colombianos-brasileiros, filhos de pai judeu-polaco, Germán e José Efromovich, compra a TAP por 950 milhões de euros (os ativos tangíveis valiam pouco mais de 950 milhões de euros em 2011);
  • Depois de comprado o Grupo TAP SGPS, o Sinergy Group vende de imediato a TAP Maintenance&Engineering à Avianca, maior empresa aérea sul-americana, e que pertence a holding Sinergy Group;
  • Substitui também a TAP pela Avianca num bom número de aeroportos europeus;
  • Contrata uma centena de pilotos da TAP (os mais jovens) para a Avianca;
  • Entretanto a venda da TAP SGPS a uma holding brasileira é contestada por Bruxelas e abre-se uma querela judicial;
  • Em Portugal, o escândalo e a contestação fazem cair o governo de Passos Coelho, e os trabalhadores da TAP declaram uma greve geral no setor, com o apoio da ANA, cujo processo de privatização se encontra igualmente sob forte contestação a norte e a sul do país;
  • Os manos Efromovich declaram que não podem gerir a TAP naquelas circunstâncias e colocam a TAP de novo à venda, invocando à cabeça o exercício do direito de precedência do governo português como a melhor saída para a crise instalada,
  • O Grupo BES, com mais alguém, surge subitamente interessado na compra da TAP ao Sinergy Group, aliviada entretanto da secção de manutenção brasileira, da Groundforce (já privatizada) de uma centena de pilotos, e com a garantia de que o Estado ficará com uns 10% da nova empresa e os encargos maiores com as indemnizações e pensões devidas aos trabalhadores a despedir, reformados e a caminho da reforma.
  • Perante este desenlace a Comissão Europeia desiste do processo contra os irmãos Efromovich e contra o estado português.
  • a TAP tranforma-se numa companhia Low Cost, de médio e longo curso!
 A privatização da TAP, neste caso imaginário, seria uma espécie de processo de reestruturação tardia, rocambolesca, perversa, e destinada a fazer surgir, lá para 2015, uma nova companhia chamada BESTAP!


ÚLTIMA HORA!

Conheça os interessados na privatização da ANAJornal de Negócios, 29 out 2012.

CCR
Os brasileiros da Companhia de Concessões Rodoviárias concorrem à privatização da ANA ao lado da também brasileira Odebrecht. A Brisa, que fazia parte do consórcio, acabou por desistir.

CORPORACIÓN AMÉRICA
Os argentinos da Corporación América já tinham deixado claro o seu interesse na gestora de aeroportos. O consórcio que lidera inclui três parceiros nacionais: o grupo Sonae Sierra, o grupo Empark e o grupo Auto Sueco. E um parceiro brasileiro, a Engevix. A Corporación América gere 49 aeroportos na América Latina e Europa, entre os quais o aeroporto de Brasília e a infra-estrutura de Trapani, na Sicília, em Itália.

ODINSA
O grupo colombiano lidera um consórcio do qual faz parte, com uma posição minoritária, a Mota-Engil. Ligado à gestão de infra-estruturas, o grupo Odinsa está presente em áreas como as concessões rodoviárias, imobiliário, energia, portos e aeroportos, como os de Eldorado, em Bogotá, e de Tocumem, no Panamá.

FERROVIAL
O grupo espanhol também avançou com uma proposta não vinculativa para a privatização da ANA. A Ferrovial opera em cinco aeroportos no Reino Unido, incluindo Heathrow.

Em Agosto passado o grupo anunciou um acordo com o fundo de investimento Qatar Holding para vender 10,6% da BAA, gestora de aeroportos britânica, por 607 milhões de euros.

FRAPORT
A gestora do aeroporto de Frankfurt entrou na corrida à privatização da ANA em consórcio com o fundo australiano IFM. No total, a Fraport gere ou tem participações em 13 aeroportos a nível mundial. O fundo IFM gere uma carteira de 8,7 mil milhões de euros e tem 2,3 mil milhões para investir em infra-estruturas.

VINCI
O grupo francês também entregou proposta não vinculativa para a aquisição da gestora de aeroportos portugueses, segundo o Diário Económico. O grupo tem negócios na área da construção e das concessões, sendo o maior accionista da LusoponteGere concessões rodoviárias, ferroviárias, estádios e aeroportos. O grupo explora 12 aeroportos, dos quais nove em França. É ainda concessionária de aeroportos no Cambodja.

GLOBAL INFRASTRUCTURE PARTNERS
O fundo inglês, que também entregou proposta para a ANA, segundo o Diário Económico, detém 42% do aeroporto britânico de Gatwick, o Aeroporto de Edimburgo na Escócia, e 75% do London City. Criada pelo Crédit Suisse e pela General Electric em 2006, o GIP gere 15 mil milhões de dólares (11,6 mil milhões de euros), centrando os seus investimentos nas áreas da energia, transportes, água e resíduos.

FLUGHAFEN ZÜRICH
A suíça Flughafen Zürich apresentou uma oferta não vinculativa para a privatização da ANA, entre as oito propostas que chegaram na semana passada ao Governo português.

Brasileiros, argentinos, colombianos não são os nossos maiores credores, e pertencem a outra zona estratégica global. Logo devem ficar fora deste campeonato. A concessão ANA deve ser entregue a europeus, ponto final. Mas a quem?

Os nossos maiores credores são, por ordem decrescente, a Espanha, a Alemanha, a França e o Reino Unido. Entregar aos espanhóis da Ferrovial, abraços com uma passada maior do que a perna (nomeadamente no Reino Unido), é uma solução inconveniente por todas as razões.

A Global Infrastructures Partners, é uma cria do Crédit Suisse, a mesma instituição que abancou, com o BESI, a compra firme de 12 Airbus A350-900 para a TAP, pelo que há fortes possibilidades de conflito de interesses nesta opção.

A francesa Vinci, maior accionista da Lusoponte, só poderia representar uma ameaça para a Portela, e confundir permanentemente os seus interesses nas pontes do Tejo com o negócio aeroportuário. Além do mais, é urgente evitar a concentração oligopolista neste país !!!

Restam as opções Fraport e Flughafen Zürich. Moeda ao ar? Eu aposto, obviamente, na gestora do aeroporto de Frankfurt, a Fraport. A Suíça não faz parte do euro… e a Alemanha já foi preterida por duas empresas do governo chinês, na privatizado da EDP e da REN. Os credores querem ativos. Compreende-se. E a Alemanha, além do mais, tem sido o principal aliado deste governo, além de ser o único país com juízo nesta insolvente Europa.

Crescimento da TAP depende de novos aviões — ai depende?
Companhia não prevê criar novas rotas em 2013. Principal razão é "falta de aviões novos", explicou Luiz Gama Mór, vice-presidente da TAP.

A privatização da TAP entrou na sua segunda fase e esta começa também a ser a altura para se começar a traçar os planos para o próximo ano. Sem ainda saber qual a conclusão do processo de venda, a administração da companhia tem de definir qual vai ser a sua aposta para o próximo ano.

Jornal de Negócios, 29 out 2012
Recadinhos do Ricardo... A administração da TAP tem é que ser objeto de inquirição ao desastre a que conduziram a companhia!

Então não é público que a TAP encomendou 12 Airbus A350-900, alguns dos quais com entrega prevista em 2013, e que o BES foi um dos bancos intermediários da operação?!!!!

Expansão do aeroporto de Lisboa custa 321 milhõesExpresso., 28 out 2012
O aeroporto de Lisboa, na Portela pode ser submetido a obras de apliação, por forma a suportar 23 milhões de passageiros por ano e 50 movimentos por hora.

A base militar do Montijo é a escolhida para o aeroporto complementar e a decisão sobre novo aeroporto de Lisboa só avança depois de 2022.
Se for verdade, é uma boa decisão, e vem dar plena razão ao que a Blogosfera vem escrevendo desde julho de 2005... Ao menos paguem-nos uma jantarada. Não queremos os milhões que deitaram ao lixo em estudos para alimentar o PS e os seus testas de ferro!

Germán Efromovich ao Públlico (26 out 2012):
Público: Além de assumir a dívida e de limpar os capitais próprios, vai pagar algum dinheiro ao Estado pela compra da TAP?

Germán Efromovich: Ainda não sei. A companhia vale o que vale. Se está a perder dinheiro, o Estado já terá um encaixe natural ao deixar de gastar. Não posso dizer mais nada, por respeito ao contrato de confidencialidade.
Como há muito a Blogosfera alertou: o único interessado na TAP quer comprá-la pelas dívidas, e mesmo assim, na sua opinião, poderá ser demasiado. Falta baixar o preço do pessoal, das reformas antecipadas e dos despedimentos!


Última atualização: 29 out 2012, 11:24

quarta-feira, outubro 24, 2012

Não voto, a menos que...


Sem abanão, este regime não cai. E não caindo, apodrecemos todos!

O voto branco é, por assim dizer, um voto voluntarista e por conseguinte mais político do que a abstenção, e menos ambíguo do que o voto nulo, que pode ser voluntário, ou inadvertido.

Os votos brancos andam ligeiramente acima dos 2% e abaixo dos 3%. Logo, para dar expressão sociológica e política ao voto branco seria necessário organizar esta decisão de votar branco. Uma ideia: formar um PARTIDO BRANCO, destinado precisamente a promover o voto branco, exigindo, por exemplo, que estes votos se traduzam em lugares no parlamento. É uma ideia polémica, mas mobilizadora. E poderá atrair algumas centenas de milhar de abstencionistas, se houver mobilização, desde logo a partir das redes sociais....

No entanto, há que valorizar devidamente a abstenção. Mais de 50% dos eleitores deixaram de votar, e mais de 100 mil estão a emigrar anualmente, deixando o país entregue à sua irresponsabilidade.

Continuar a votar nos partidos do sistema deixou de ser um ato de cidadania democrática, para converter-se numa manifestação imperdoável de distração, ou então, pior: uma espécie de ato de contrição dominical pelos pecados da democracia que nos levaram à bancarrota.

Lavar a consciência desta forma é, nesta fase de colapso inexorável do regime saído do 25 de Novembro, perigoso. Portugal depende demasiado do Estado, e o Estado depende demasiado dos bancos, dos partidos e das corporações instaladas. É urgente interromper este círculo vicioso!

Enquanto não varrermos o lixo partidário dos partidos, os devoristas e os rendeiros que conduziram o país à falência, e que continuam a gastar alegremente o que não têm, indo aos nossos bolsos e aos bolsos dos nossos filhos e netos, sem vergonha alguma, não sairemos do buraco sem fundo à vista em que nos vamos precipitando todos.

É preciso dar um sinal claro e muito forte a esta corja sem vergonha já nas próximas eleições, autárquicas!

  • NÃO VOTANDO
  • VOTANDO BRANCO
  • ou... (vão passando por este blogue!)

domingo, outubro 21, 2012

Com nata e sem impostos, por favor!

Anjo Negro, ou a teimosia de quem sabe o que a Goldman Sachs quer?

Alemania cierra puertas a España

Merkel entierra la recapitalización directa de la banca con efectos retroactivos. Bruselas impone un apagón informativo sobre el rescate español hasta que Madrid se asegure de que una petición no recibiría un veto “desastroso” por parte de Berlín
La Unión Europea deja la recapitalización directa de los bancos para 2014

El País, 19 out 2012

Os devoristas gritam para não perderem vantagens nem mordomias

Lendo esta notícia percebe-se melhor o que escrevemos (Rendeiros e Devoristas) sobre o fracasso da tentativa de golpe de estado constitucional orquestrado por Cavaco Silva contra o atual governo de coligação.

Os golpistas confundiram a nuvem por Juno, i.e. confundiram a compra direta de dívida soberana europeia pelo BCE, anunciada por Draghi, com o regresso ao passado idílico do país a fiado.

Austeridade para quê, aumentos de impostos diretos sobre a classe média alta, porquê? Foi você que pediu uma reforma autárquica em ano eleitoral? Nem pense nisso! Reforma do estado? Ora, ora, pensaram uma vez mais os devoristas do regime.

A solução, pensam os velhos e novos devoristas do regime, seria outra: remover o Gaspar, e se fosse preciso, o próprio PM de plástico, e atrasar o passo do memorando, deixando para as calendas gregas essas ideias perigosas de atacar os rendeiros protegidos do regime, desde os banqueiros familiares e de toda a vida, até aos partidos assentados, passando pelos sindicatos, generais, juízes, reitores e pela obra sempre rentável das IPSS do franciscano Melícias! Para isso está a irmã socialista Maria de Belém Roseira sentada na presidência da mesa da União das Misericórdias (1)

Esqueceram-se, porém, que o super Mário e o FMI, e os nossos boys Borges e Moedas, estão dum lado da guerra financeira em curso desde 2008, mas que o Gaspar está do outro!

Os 4 cavaleiros do Apocalipse Financeiro (JP Morgan, Bank of America, Citi Bank e Goldman Sachs) querem que os governos da Europa continuem a endividar-se mais, e mais, e mais, pois não há melhor negócio para estes bancos e para as centenas de hedge funds sediados na América, do que devedores soberanos, capazes de perseguir e torturar os seus povos para pagar juros crescentes por dívidas contraídas pelos respetivos governos, a bem da especulação, dos 0,1% mais ricos, e da boa vida dos cortesãos locais. Que o digam os ogres dos 156 hedge funds que perderam alguns milhares de milhões de dólares com o tombo dado pela Google a semana passada!


Observar bem este gráfico da dívida pública portuguesa de 1850 a 2010, publicado por Álvaro Santos Pereira.
Clicar para ampliar

Pelo contrário, a Alemanha, a única cabeça pensante da Europa, sabe bem ao que a sedução anti austeridade vendida pela imprensa americana e britânica (dois países em irreversível declínio financeiro, económico e social) pode conduzir. E por isso resiste e exige aos governos europeus que deixem de viver acima das suas possibilidades, que deixem de se endividar, que reformem as administrações públicas, que acabem com as nomenclaturas rendeiras instaladas, que libertem as economias, assim que puderem, da canga fiscal terrorista, e que, por fim, comecem a dar verdadeiro valor a quem trabalha e não a quem se mexe bem mas pouco faz, rouba e manda!

O terrorismo fiscal de Vítor Gaspar, protegido do ministro alemão das finanças, Wolfgang Schaeuble, tem sido infelizmente a única resposta possível ao bloqueio montado pelos devoristas do país às necessárias reformas do estado e da economia, que constam do Memorando, mas que a nomenclatura e os indigentes que dela dependem (a começar por boa parte da imprensa) preferem esquecer e esconder da opinião pública. A forma desastrada como a TSU foi apresentada deu o pretexto ideal aos devoristas para destruírem a medida. Cavaco e o TC atacaram em sincronia

Mas a resposta de Gaspar foi brutal, atingindo perigosamente toda a classe média.

Em 2014 não poderá mexer mais em impostos (ou talvez possa, subindo um pouco mais o IRS dos rendimentos, por exemplo, acima dos 200 mil euros, dos 500 mil e acima de 1 milhão; e tornando o pagamento de impostos um ato universal, extensível às milhares de exceções injustificáveis existentes.)

Entretanto conseguiu algo inimaginável há uns meses: feriu profundamente os devoristas, da alta burocracia à classe média alta, passando por todos os setores protegidos do regime. A tesoura formada pela redução dos escalões do IRS (2) e aumento da progressividade fiscal, a par da atualização da base tributária do IMI, deixou a nata financeira, económica e burocrática do país em estado de histeria coletiva.

Falta todavia eliminar os institutos, departamentos, serviços e direções-gerais redundantes, ou simplesmente desnecessários do ponto de vista de uma redefinição estratégica das funções do estado; falta reformar com cabeça e coragem o mapa autárquico (o ponto nevrálgico não está nas empobrecidas freguesias, mas na criação de duas cidades-região —Lisboa e Porto— eliminando dezenas de pequenos governos municipais inúteis); falta definir as prioridades em matéria de saúde, de educação, de segurança e defesa, e de responsabilidade social — tudo isto coisa muito diferente de despedir e reduzir de forma estúpida e injusta o número de funcionários, agentes e contratados temporários da administração pública.

Esta reforma deve ir a par com o claro enfraquecimento dos grupos económico-financeiros protegidos e oligopolistas. A omnipresença, por exemplo, do BES, ou do Grupo Mello na economia, na banca, nos média, na cultura e nos corredores e telemóveis do governo é inadmissível nos tempos que correm e num país integrado na União Europeia. Estou-me nas tintas para a nacionalidade destes piratas! A sua pátria é o dinheiro. Sempre foi.


NOTAS
  1. IPSS e outras organizações sem fins lucrativos recebem em transferências do estado o mesmo que todas as autarquias e regiões juntas. Equivale tal receita a quase 7x o Rendimento Social de Inserção!

    Encargos do estado com a Administração Local (OE2013): 2.121.207.562€
    Encargos do estado com o Rendimento de inserção social (OE2013): 303.900.000€
    Apoios diretos do estado às organizações sem fins lucrativos (OE2013): 2.008.768.424 €*
    IPSS Registadas, segundo listagem da Segurança Social: 5079
    Utentes por IPSS: ~ 55 (estimativa)
    Utentes abrangidos: ~279.345 (estimativa)
    Apoio médio do estado por IPSS = 395 504,7 €/ano (atenção: esta média é meramente teórica, pois há IPSS que recebem milhões, e outras, apenas cêntimos!)

    * — 46% das receitas destas instituições sem fins lucrativos provêm de transferências do estado: ou seja, este terceiro sector já representa um volume económico na ordem dos 4.366.887.878€, praticamente isento de impostos (nomeadamente IMI e IMT).
  2. O IRS continua em Portugal abaixo da média europeia (EU27), e o IRC continua acima. Se a isto somarmos as isenções indecorosas e na sua esmagadora maioria inaceitáveis concedidas a mais de 1,5 milhões de prédios em sede de IMI e IMT, dos quais fazem parte fundos financeiros imobiliárias especulativos avaliados em mais de 12 mil milhões de euros, perceberemos bem que ainda há muito a fazer em matéria de justiça fiscal. Só se todos pagarmos, poderemos pagar um pouco menos, tornando a economia e o país mais atraentes do ponto de vista fiscal.

Última atualização: 21 out 2012 23:28

quinta-feira, outubro 18, 2012

TAP perdida

Calendário Ryanair, 2013. Por beneficência pura!

BES quer que sejamos nós a pagar as dívidas da TAP

Preâmbulo

Passos Coelho, antes de vir para o governo, foi um dos executivos da Fomentinvest, presidida por Ângelo Correia. Esta empresa obscura, dedicada sobretudo a capturar fundos comunitários e encomendas do estado português, é detida em 15,4% pelo BES, um grupo financeiro da família Espírito Santo, que está metido em mais de 400 empresas e em boa parte dos grandes negócios protegidos pelo estado ou por lógicas de oligopólio.

O Grupo Espírito Santo é uma das alavancas das seguintes PPP rodoviárias: PPP Grande Porto, PPP Beira Litoral e Alta, PPP Costa da Prata, e PPP Pinhal Interior.

Como querem que o Gaspar ataque as PPP?

O BES e a TAP

Neste momento o BES e a administração da TAP sabem que não existem candidatos à compra da dívida insustentável da companhia: cerca de 3 mil milhões de endividamento revelado e por revelar + 3 mil milhões de responsabilidades contraídas na encomenda de 12 novos aviões A350 = 6 MIL MILHÕES !!!

Os primeiros A350 devem chegar já em 2013. Quem paga?

Assim sendo, não me custa nada imaginar a coincidência súbita de pontos de vista entre o BES e a Comissão de Trabalhadores da TAP. Nenhum deles pretende que a privatização vá para a frente, apesar de prevista para 2011 no memorando assinado com a Troika. O BES, porque sabe que não há nenhum comprador credível, salvo a Lufthansa, que lhe imporia condições hostis; e os sindicatos, porque enquanto o pau vai e vem folgam as costas, ou seja, pagamos todos nós!

Ambos têm assim a esperança de que o governo pague as faturas atrasadas da TAP, nomeadamente ao BES e ao Crédit Suisse, que são dois dos bancos envolvidos na encomenda dos Airbus A350, nem que seja, depenando o país inteiro, incluindo as classes médias altas.

Foi ventilada a hipótese de uma emissão obrigacionista da Parpública para o efeito. Ou seja, mais uma receita extraordinária para esconder o que está à vista de todos: a TAP é neste momento uma empresa insolvente, falida, e acima de tudo uma companhia inviável, seja pelo modelo de empresa, que não soube adaptar-se ao fim do petróleo barato, e ao fim do dinheiro fácil, seja pelo excesso de pessoal, seja pela dispersão de objetivos, ou seja ainda pela desastrosa gestão política que a caracteriza. Tal como o resto do país, a salvação da TAP não depende de mais liquidez, mas de uma radical mudança de estilo de vida. Por fim, no que se refere a truques de secretaria, não vejo como poderá a Troika deixar passar mais um financiamento público disfarçado a este cadáver adiado.

O preço da ANA, por outro lado, está necessariamente indexado à sorte da TAP.

Sem a TAP os aeroportos portugueses valem uma coisa, com ela, como tem vindo a ser gerida, valem outra, e no caso de a companhia cair nas mãos de um grupo europeu, ou colombiano, as variações de valor potencial podem ser abissais! É certamente esta dança de expetativas que explica a  produção da novela de última hora, Um Efromovich em Lisboa. Se não me engano, a mesma visa apenas embalar a dezena de interessados na privatização ou concessão da ANA, e de quem o governo quer uma resposta pronta e completa até 26 de outubro, apesar de não lhes ter apresentado até à data qualquer caderno de encargos. Ou seja, estamos diante de uma evidente comédia tropical!

Entre 2013 e 2014 a ofensiva Low Cost destruirá a TAP que hoje conhecemos.

As Low Cost de médio curso, que nascem como cogumelos e querem invariavelmente voar para Lisboa (ver o mais recente anúncio da Norwegian), e as mais do que prováveis Low Cost de longo curso, promovidas pela Air Canada e pela Ryanair-Aer Lingus, irão certamente alterar e muito o panorama da Portela a partir do verão de 2013. O mercado norte-americano da TAP será progressivamente comido pela crescente oferta de voos intercontinentais de baixo custo, e uma vez provada a receita, as ligações entre a América do Sul e a Europa irão pelo mesmo caminho. O Brasil passará a exigir da Avianca, da TAP e de outras companhias voos baratos para a Europa, e voos baratos da Europa para as Olimpíadas do Rio!

Bem gritou a Blogosfera por uma TAP Low Cost, e por uma TAP Atlântica (intercontinental), na sequência de um spin-off realista e inteligente da companhia. Mas nada aconteceu, certamente porque o senhor Ricciardi, ou o senhor Ricardo, ou ambos, não quiseram, e os moluscos do governo concordaram cabisbaixos.

Ainda veremos um avião da TAP retido em Zurique por dívidas!

Se e quando tal ocorrer, a empresa será forçada a fechar. Depois de semelhante bronca, assistiremos à queda em dominó de várias empresas e bancos devoristas. Os mesmos que levaram Portugal à ruína e alegremente continuam a acreditar que uma Nossa Senhora de Berlim virá salvá-los da fogueira financeira onde já assam, por enquanto, em lume brando.

Um país à beira da implosão. Estamos pior do que a Grécia

Um gráfico que ilustra bem o regime cleptocrata instalado

Há três bombas-relógio que, para além da falência da segurança social e do colossal serviço da dívida pública que teremos que pagar em 2014, são uma espécie de pregos no caixão de Portugal:
  • as PPP rodoviárias (41% de um total de 120 PPP), 
  • as PPP do ambiente, ou seja, saneamento básico, águas e tratamentos de resíduos (19%), 
  • e as PPP eléctricas, ou seja, produção e distribuição de energia, de que as novas barragens lançadas por Sócrates são o crime maior. Só nos chamados CIEG — Custos de Interesse Económico Geral (1), atrelados à fatura da EDP, o estado e os piratas do regime extraem subrepticiamente aos contribuintes 2,5 mil milhões de euros por ano, ou seja, mais do dobro do IMI cobrado em 2010, que foi de 1,1 mil milhões de euros, e mais do que o subsídio de desemprego, indemnizações compensatórias de salários em atraso e políticas activas de emprego despendidos em 2011: 2.140 milhões de euros.
Em todas estas parcerias ilegítimas estão os bancos BES, BCP e o Grupo Mello, entre outros. Como já se percebeu, o governo em funções é demasiado cobarde para afrontar os usurpadores silenciosos do regime. No entanto, vamos chegar a um momento em que o estado português se verá confrontado com uma necessidade inadiável: nacionalizar esta gente!

Os agarrados da dívida
Europe banking supervisor plan ‘illegal’ 
Those non-eurozone countries that want to opt into the bank supervision regime would also be legally unable to vote on any ECB decisions – a key demand of countries such as Sweden and Poland.

While it is common for lawyers from different EU institutions to disagree on aspects of proposals, diplomats involved in the talks said the sharp difference in legal opinion would complicate efforts to overcome the deep-set concerns of some member states. Banking union will be a central topic at the EU leaders summit on Thursday.

While EU leaders are still aiming to agree the supervision plan by the end of the year, talks have made little progress to date, in part because of strong German objections. Some participants privately suggest the talks may drag on for a year or more.

Other elements of the commission proposal were also challenged in the legal opinion, notably in asserting the rights of member states to decide how rules on their banks are applied, even when under the supervision of the ECB.

“The major question that follows from this opinion is a practical one,” said Alexandria Carr, a former UK legal adviser now at Mayer Brown International.

“Will the ECB have the capability and capacity to be the ultimate decision maker in respect of all supervisory decisions over complex, global institutions and to apply at least 17 different pieces of domestic legislation?”

Financial Times/ ZeroHedge

Lá se vai a Nossa Senhora do Crescimento Agarrado à Dívida, de que Hollande e Seguro são devotos.

Os devoristas lusitanos acreditam piamente num milagre, e portanto acham que é melhor adiar e esperar. Estarão mesmo dispostos a fazer cair o governo em funções, levando Portugal para um patamar de desespero semelhante ao da Grécia.

Para quê redefinir as funções do estado? Para quê ajustar o nosso estilo de vida ao que temos, em vez de continuarmos a contar com o ovo no cu da galinha, e os euro-marcos da senhora Merkel a tempo e horas na conta bancária de cada um de nós —a começar pelos funcionários públicos, trabalhadores e dirigentes das empresas públicas e grandes rendeiros do estado: BES, BCP, Grupo Mello, EDP, Mota-Engil, etc. ?

No entanto, como não vai haver nenhum milagre, o país só tem teoricamente duas saídas: inventar um inimigo externo, de preferência o credor, e declarar-lhe guerra (hipótese inexistente), ou então ir buscar o dinheiro dentro de portas, onde o mesmo estiver. O mais portátil tem voado a grande velocidade, nomeadamente, para a Alemanha!

A classe média alta e muitos empresários perceberam finalmente que é isto que está em marcha.

Ultrapassada a curva de Laffer, que ocorrerá entre 2013 e 2014, só restará uma e uma única alternativa: nacionalizar o BES, nacionalizar o Grupo Mello, deixar cair a Mota-Engil e outras construtoras em benefício de concorrentes espanhóis, franceses, italianos ou polacos, em suma, evitar uma revolução, ou uma guerra civil (já tivemos muitas, sabem?). Os banqueiros piratas do regime acabarão, em suma, por receber pesadas faturas pela sua imprudência e ganância desmesurada.

Mas até lá, talvez fosse bom pensarmos a sério na reforma do estado e numa economia liberta do terrorismo fiscal e da omnipresença dos devoristas. Há sempre a possibilidade de um golpe de estado militar, sobretudo se surgirem precedentes na Grécia e em Espanha, estragar ainda mais este fim de regime.

O nosso problema não é um problema de liquidez, mas sim de insolvência!

Temos que aprender a viver com o que temos. A mama do império, a mama da UE e a árvore das patacas secaram :(

Voltando à TAP 

Tenham a coragem de reestruturar a fundo esta empresa, sem atender às razões do senhor Salgado. Até porque sendo uma empresa pública, das duas uma: ou conseguem vendê-la por um euro, o que na realidade significaria um custo/investimento na ordem dos 6 mil milhões por parte do comprador, ou então, se não aparecer mais nenhum aventureiro, a única saída será mesmo a reestruturação da empresa. Pois abrir falência, creio que não pode. E encerrá-la sem mais também não faz sentido algum.


ÚLTIMA HORA 

Efromovich: A TAP precisa de muito mais que 500 milhões de euros

O Grupo Synergy passou sozinho à segunda fase de privatização da TAP. Germán Efromovich, que lidera a proposta, contou ao Negócios que este foi um processo "concorrencial" [CONCORRENCIAL?! CONCORREU COM QUEM?], mostrando confiança na conclusão com sucesso do mesmo. Sem falar na sua proposta, o empresário assegurou que, pelo conhecimento que para já tem das contas da TAP, a companhia "precisa de bem mais do que 500 milhões de euros" — Jornal de Negócios.

Pois precisa!

O que o brasileiro-colombiano-polaco-judeu está a dizer ao governo português é que, para além dos 500 milhões de euros necessários para acudir às necessidades de tesouraria urgentes, há mais contas por pagar e compromissos firmes para cumprir:

    — desde 31.12.2011 que o relatório e contas do grupo TAP regista um buraco de 2.325 milhões €
    — a Airbus confirma que a TAP encomendou 12 Airbus A350, com entregas a começar em 2013, por valores que rondarão os 3 MIL MILHÕES DE EUROS (leasing a que estão associados, pelo menos, o BES e o Credit Suisse — que esperam rendas chorudas de tamanha encomenda realizada por um gestor --Fernando Pinto-- contratado há mais de uma década para privatizar a TAP!
    — indemnizações por despedimento de uns 3 mil trabalhadores... portugueses!

Em suma, tudo somado (2.325.000.000 + 500.000.000 + ~3.000.000.000 + indemnizações) a coisa andará certamente muito perto dos SEIS MIL MILHÕES DE EUROS, entre dívidas por pagar, compromissos firmes e indemnizações.

Deve ser por isto que o alucinado Sérgio Monteiro veio com a patranha de que um concurso com um só concorrente é bestial, e que, se o Efromovich quiser vender a TAP logo depois de a comprar, o estado português terá direito de preferência!

Isto cheira a esturro mesmo antes de começar :(

Quer-me parecer que o gaúcho, aparentemente desaparecido em combate, está a replicar o golpe dado aquando da falência da Varig. À época o lombinho da companhia brasileira insolvente chamava-se VEM (Varig Engenharia e Manutenção); hoje o mesmo lombinho chama-se TAP Maintenance&Engineering (é a mesma empresa, i.e. "a maior empresa de manutenção de aviões da América Latina e uma das maiores do mundo" — Wikipédia).

Que grande negócio para os irmãos Efromovich e a sua Avianca poder comprar a preço de saldo o grupo TAP, separar depois a TAP Maintenance&Engineering da TAP, colocando-a ao serviço da Avianca, e depois, com o difícil processo de reestruturação da TAP em Portugal, acabar por desistir de aturar os porrtugueses, e voltar a vender o prejuízo ao estado português.

Se é isto que está na forja, é uma burla e um crime. O governo que prove desde já quais são as suas reais intenções, e que confronte o engenheiro Fernando Pinto com a suas responsabilidades na falência da TAP!

Cá estaremos para irmos acompanhando esta telenovela sul-americana!

Uma privatização ‘low cost’ da TAP — 23/10/12 03:04 | Pedro Carvalho | Económico

[…] a lei das privatizações […] tem implícita uma lógica de leilão, em que vários interessados fazem ofertas concorrentes com vista a inflacionar o encaixe para o Estado. Ora bem, nesta privatização, German Efromovich é o único interessado, numa short, short, short list que deixa o empresário com a faca e o queijo na mão. E Efromovich já anda a mandar recados na imprensa: ontem dizia ao Jornal de Negócios que a "TAP precisa de muito mais de 500 milhões" (valor negativo dos capitais próprios), que é como quem diz ‘não pensem que vou pagar 500 milhões'. A última vez que o Estado fez uma privatização com um único candidato foi o BPN e deu no que deu. Injectou 500 milhões para depois vende-lo por 40 milhões.
A falsa privatização da TAP começa finalmente a cheirar mal na imprensa do regime. Aleluia!


Embuste da privatização da TAP levanta o véu...

O que anunciaram hoje não foi o caderno de encargos de uma privatização, foi o prospeto de uma operação swap. Género: eu empresto-vos a TAP para darem uma voltinha e ganharem uns euros, pagam-nos uma renda à cabeça, nós vamos absorvendo a dívida em sucessivos OE martelados (não se preocupem com o buraco), através da Parpública, e daqui a uns anos devolvem-nos a empresa como se fosse nova :)


Sérgio Monteiro: Estado tem direito de preferência na compra da TAP em venda futura - Jornal de negócios online

O caderno de encargos da TAP já foi aprovado pelo Governo. Fica determinado que o Estado terá direito de preferência caso o comprador queira mais tarde vender a transportadora aérea. Governo admite que Grupo Synergy está na corrida.

Jornal de Negócios, 18 out 2012, 14_18


Mas afinal...
"Estado fica com direito de preferência em venda futura da TAP e admite interromper negociações com Efromovich caso não atinja os seus objectivos." Negócios, 19 out 2012, 00:01
Este negócio já cheira mal antes de começar! O dossiê da rocambolesca e por finalizar falência da Varig (parte do processo ainda está retido nos tribunais), bem como da compra da VEM pela TAP, em 2005, é uma boa ilustração do que de mau poderá suceder à TAP se não houver vigilância democrática do, para já, obscuro processo de privatização em curso. Os cagarros parlamentares, e o senhor Seguro, em vez de andarem a dar tiros na Troika, bom seria que pensassem no país e fizessem aquilo para que lhes pagamos. Neste caso, exigir a máxima transparência de uma operação que está a ser cozinhada entre o Passos Coelho-Miguel Relvas e a malta do BES, apesar de a coisa ser apresentada publicamente por um porta-voz governamental (Sérgio Monteiro) que é simultaneamente um ignorante em matéria de transportes.

PS exige suspensão do processo de privatização da TAP!

Basílio Horta em nome do PS exige suspensão da privatização da TAP. PCP e Bloco acompanham decisão do PS. Água mole em pedra dura... Sérgio Monteiro fala de comissão de acompanhamento, ao que parece presidida por Ferraz da Costa. O problema, porém, está nos assessores financeiros, os bancos BES e Crédit Suisse, partes interessadas no negócio!


NOTAS
  1. Componentes dos preços da energia pagos pelos consumidores (informação da EDP):

    Energia: 51%
    Redes: 24%
    CIEGS: 25%

    Decomposição dos CIEG

    Rendas pagas aos municípios: 25%
    Sobrecusto da produção em regime especial (essencialmente energias renováveis): 16%
    Sobrecusto de produção em regime especial (essencialmente energias não renováveis): 11%
    Sobrecustos das regiões autónomas: 11%
    Sobrecustos da produção em regime ordinário (centrais térmicas e hídricas): 24%
    Rendas de défice de tarifa: 10%
    Outros custos: 3%

Última atualização: 23 out 2012, 10:56