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terça-feira, novembro 20, 2012

Mota-Vinci e PS querem a ANA

Vinci é uma Mota-Engil em ponto grande.
Foto: Vinci

Público promove consórcio Mota-Engil-Vinci

A Vinci pretende fazer do Aeroporto da Portela o principal aeroporto da empresa. “Lisboa seria o grande Hub da nossa rede”, disse Nicolas Notebaert, presidente do Conselho de Administração da Vinci Airports, numa conferência de imprensa em Lisboa — in Público, 19 nov 2012.

Mais uma notícia encomendada, a pensar no novo aeroporto de Alcochete. Mota-Engil, BES, Mellos e fundo de investimento clandestino do PS ao barulho, claro!

A Vinci move menos passageiros nos 12 aeroportos que explora do que a Portela. Além do mais, a Vinci é uma concessionária típica de pontes, barragens e estádios de futebol, ou seja, uma Mota-Engil em ponto grande. Está bem de ver ao que vem, e porque o seu parceiro local é liderado por um socialista chamado Jorge Coelho.

O objetivo é conhecido, embora a indigente imprensa portuguesa esconda o facto (sob pena de lhe secarem a publicidade), e passe o tempo a ecoar a propaganda dos piratas do regime. Neste caso, o que a Mota-Engil, a Brisa, o grupo Espírito Santo, Stanley Ho, a SLN (agora Galilei) e o fundo de investimento holandês do PS querem é tomar de assalto a ANA, e depois fazer o que a anterior administração tentou realizar sem conseguir: travar as Low Cost, rebentar com o aeroporto Sá Carneiro, atrofiar com actos de gestão danosa a Portela, travar a todo o custo o célebre "TGV", e assim voltar à carga com a famosa ideia de construir o Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), seja lá onde onde for — Alverca, Ota, Rio Frio, Canha ou Alcochete, tanto faz. O que estes piratas querem é betão e rendas!

Têm, porém, um problema, estão muito mal aconselhados. O dinheiro que eu lhes poderia ter ajudado a poupar se me tivessem consultado a tempo!

Nós não precisamos de novos aeroportos

Portela mais o Montijo, Sá Carneiro e Faro, sobretudo se forem bem geridos, e não sabotados, chegam e sobram (1). Mas precisamos, tal como precisamos das Low Cost, da prevista ligação ferroviária de Alta Velocidade entre Lisboa e Madrid e resto de Espanha.

Também não precisamos de devoristas —deputados, juízes e espécies do género que não pagam bilhetes e exigem Executiva—, nem sequer de sindicatos corporativos egoístas que não pensam, nem da TAP, nem da CP como estão e enquanto forem sacos de corrupção partidária e de ruína.

Precisamos, sim, de atrair pessoas e investimento, e para tal, uma só empresa privada, a Ryanair, fez mais pelo turismo e pela mobilidade dos pequenos empresários, estudantes e pessoas em geral, no Norte, em Lisboa e no Algarve, do que os governos e partidos todos juntos ao longo da última década. Aliás as Low Cost trouxeram para Portugal mais turistas numa década do que o ICEP, ou AICEP, em trinta anos! Como hoje se sabe a corja partidária apenas roubou e afundou o país, e já está, uma vez mais, em campanha de compra de votos com o nosso próprio dinheiro.

Precisamos do "TGV", sim, e já!

Primeiro argumento: a ligação ferroviária de Alta Velocidade em bitola europeia entre o Poceirão e Caia (Badajoz) é a mais barata (o Alentejo é plano!) das três novas e futuras ligações previstas entre Portugal e Espanha/resto da Europa. Inevitáveis porque depois de 2015-2020 deixará de haver bitola ibérica na maior parte da rede ferroviária espanhola que serve Portugal, o que faria de Portugal, se continuássemos a fazer o jogo sujo dos piratas do regime, uma ilha ferroviária.

Segundo argumento: a ligação ferroviária em bitola europeia entre Lisboa e Madrid serve passageiros e mercadorias, ligando, por um lado, as duas maiores comunidades urbanas e suburbanas da península (cerca de 11 milhões de pessoas), e por outro, três portos estratégicos portugueses (Lisboa, Setúbal e Sines) a Espanha, nosso maior cliente comercial, e ao resto da Europa, que representa mais de 70% das nossas exportações.

Terceiro argumento: a penalização fiscal (e portanto do preço) dos voos de médio curso na Europa é uma tendência irreversível. O comboio de Alta Velocidade substituirá progressivamente, com muitas vantagens, nomeadamente de tempo e conforto, as ligações entre cidades que distem entre si menos de 800Km.

Quarto e decisivo argumento: a União Europeia, e portanto os nossos principais credores, já desenharam a futura rede europeia de mobilidade ferroviária, onde a ligação Lisboa-Madrid, Porto-Aveiro-Salamanca e Porto-Vigo são decisões assentes, e aliás aprovadas em sucessivas cimeiras entre Portugal e Espanha.

A intoxicação mediática contra o "TGV"

A propaganda contra o "TGV" (não existe nenhum TGV, de facto, previsto, mas uma rede ferroviária!) foi a maior manobra de intoxicação pública de que há memória na imprensa portuguesa, promovida pelos piratas do embuste da Ota em Alcochete. Estes piratas sabem que no dia em que a ligação Lisboa-Madrid estiver em operação, o embuste da Ota em Alcochete, onde o Bloco Central da Corrupção apostou centenas de milhões de euros, cai imediatamente. Por isso resistem como podem. A mais recente promoção que o Público fez do candidato Vinci na corrida à ANA, esquecendo de nos esclarecer, que a Vinci, além de uma empresa sem estatuto aeroportuário digno desse nome, é a lebre da Mota-Engil nesta corrida, é mais uma prova de que o lóbi do NAL não só não tem estratégia, como não aprende. Eles querem a ANA para voltar a promover intensivamente o NAL de Alcochete! António José Seguro, do PS, a isto disse e diz nada. É que também o PS, através dum fundo escondido que tem sediado na Holanda, andou a especular com terrenos perto de Alcochete. Provem-me que estou errado!

ÚLTIMA HORA

Candidato à ANA oferecem novo aeroporto
Sol, 20 nov 2012

O SOL apurou que a Fraport, por exemplo, defende que, caso vença a corrida para a concessão da ANA durante 50 anos, a construção de uma nova estrutura aeroportuária é a melhor estratégia para a empresa.

Os alemães podem, no entanto, não avançar para a construção total do aeroporto em Alcochete, para onde, segundo o projecto aprovado, estavam previstas duas pistas e espaço para outras duas. Segundo fontes do sector, poderá optar-se por uma construção faseada do novo aeroporto, construindo-se, inicialmente, uma só pista, para aliviar a Portela – que em 2022 estará no seu limite máximo.

«O facto é que, ao longo dos 50 anos de concessão, o problema de falta de capacidade não se resolve mesmo usando a base militar», diz outra fonte. No entanto, a base militar parece ser a opção preferida da Eama, para colmatar a falta de capacidade da Portela.

Comentário: Antes de construírem o que quer que seja de novo vão ter que rentabilizar as infraestruturas atuais! O que exigirá investimentos na Portela (500 milhões de euros previstos) e no aeroporto Sá Carneiro (taxiway apropriado e ILS). Depois vão ter que demonstrar que precisam de expandir, onde e como. E só depois é que a discussão pública sobre o NAL recomeçará!

Uma vez entregue a exploração da ANA a um privado, nem o aeródromo militar do Montijo, nem o Campo de Tiro de Alcochete deixaram de ser propriedade do Estado, nem o ministério da defesa deixará tão cedo de usar aquelas infraestruturas. Se o futuro concessionário da ANA quiser expandir para o Montijo, expropriar terrenos na Maia (para fazer o taxiway), ou começar a construir um NAL na zona de Alcochete-Rio Frio-Canha, vai ter que negociar com o Estado e com os proprietários de terrenos privados na altura própria.

Espero bem que Bruxelas, relativamente a este processo de privatização, acautele, i.e. vigie e impeça se for caso disso, a possibilidade inaceitável de a ANA se transformar num monopólio privado das infraestruturas aeroportuárias comerciais do país! Os monopólios privados, os cartéis e as rendas excessivas da burguesia rendeira local têm que acabar. Memorando dixit — com o que estou 100% de acordo!


NOTAS
  1. O Público, que não publicou o meu comentário à sua indecorosa notícia, apenas exibe um comentário sobre a tragédia que seria um acidente aéreo em Lisboa. Este é o tipo de argumento terrorista que tem que ser desmontado. Primeiro, o aeroporto da Portela situa-se num planalto que favorece as manobras de descolagem e aterragem, pelo que obteve a máxima classificação aeroportuária em matéria de segurança. Segundo, se um avião cair —e o único que caiu até hoje, nas imediações Portela, foi uma avioneta armadilhada para explodir—, a maior tragédia é sempre para os passageiros, e não para as eventuais vítimas no terreno. Terceiro, se o critério do medo fosse aplicado no resto do planeta onde há aeroportos, metade deles teria que fechar.

Última atualização: 21 nov 2012 ; 12:30

quinta-feira, novembro 15, 2012

A ANA prefere os alemães

As prioridades estão à vista. Flight Radar 24 (derivativo—OAM)

Frapor é a única alternativa estratégica séria na concessão dos aeroportos portugueses

Angela Merkel não veio até até ao forte de São Julião, que conheço bem, apenas para ver o novo pólo económico pós-industrial que é a linda Praia de Carcavelos e o belíssimo estuário do Tejo, mas fechar negócios importantes que, de algum modo, compensem os euro-marcos que têm impedido Portugal de colapsar. Apesar dos insultos da indigente elite local, a tia Merkel fez o que tinha a fazer e é do interesse comum da Alemanha, da Europa e de Portugal: investir no nosso país, apesar da recessão europeia, e ocupar posições estratégicas que, a não serem ocupadas pela Alemanha, acabariam por ir parar à China já que, por exemplo, no caso dos aeroportos nacionais, entregá-los a Espanha, ou a um qualquer aventureiro sul-americano recém casado com Israel, seria impensável.

Negócios com a Alemanha avançam depois da partida de Merkel

Grupo alemão é o favorito para comprar a ANA. Portugal e Roménia disputam nova fábrica da Bosh e alemães compram Fisipe por 29 milhões de euros

Passados dois dias da visita de Angela Merkel a Portugal começam a vir a público negócios importantes com grupos alemães em diversas áreas. O primeiro tem a ver com a privatização da ANA. Depois de ter sido anunciado o conjunto de candidatos à compra da empresa portuguesa, o Conselho de Ministros deve aprovar amanhã a short list, que, segundo anunciou terça-feira a TVI, incluirá os franceses da Vinci, os alemães da Fraport e os argentinos da Corporación América. O i sabe, no entanto, que a grande favorita é a Fraport, que oferece as melhores contrapartidas ao accionista Estado — in i online (14 nov 2012).

Caderno de encargos da venda da ANA disponível

O vencedor da privatização ficará sujeito à indisponibilidade de venda entre quatro a oito anos. Neste momento existem oito candidatos à privatização da ANA, entre consórcios europeus e empresas da América Latina. As poucas informações que têm vindo a público apontam para uma melhor classificação dos europeus — in Jornal de Negócios online (15 nov 2012).

Portugal há muito que aluga a sua dependência económica por cedências parciais de soberania... nomeadamente militar. Os EUA estão a caminho do colapso e já não têm massa para as rendas das Lajes. Logo, que venham os alemães! Do ponto de vista da União Europeia, enquanto existir, faz sentido que Portugal se alie ao mais forte. Neste caso, o mais forte já não é a Inglaterra, mas a Alemanha. Se a Frapor—Frankfurt Airport Services Worldwide, empresa teutónica que gere o hub aeroportuário de Frankfurt e mais doze aeroportos em várias partes do mundo, ficar com a exploração dos aeroportos portugueses durante umas boas décadas será uma boa notícia.

Basta reparar na imagem de radar do tráfego aéreo mundial para perceber tudo: existe a América do Norte, existe a Europa, e o resto só não é paisagem porque entretanto surgiram duas novas regiões em crescimento rápido: o Sudeste Asiático e o Brasil. A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil tendo recentemente ultrapassado os EUA. O quarto parceiro comercial do Brasil é, adivinharam, a Alemanha (Portugal não consta sequer da lista dos trinta primeiros).

Na realidade, e para ser mais preciso, o maior parceiro comercial do Brasil e o maior parceiro comercial da China é, na realidade, uma coisa chamada União Europeia! Daí que...

Alemã Fraport critica critérios em leilão de aeroportos
Administradora do aeroporto de Frankfurt faz coro com a presidente Dilma e reclama das baixas exigências na licitação de Guarulhos, Viracopos e Brasília — in Veja (7 ago 2012).

E daí que a Alemanha esteja muito naturalmente interessada nos aeroportos encostados à frente ocidental atlântica. Deixá-los nas mãos de chineses, de sul-americanos duvidosos, ou ao Deus dará, seria um crime, e sobretudo um erro de estratégia imperdoável. Logo, desta vez, a senhora Merkel lá terá que puxar os cordões à bolsa ;)

Dirão alguns amigos incondicionais dos Estados Unidos que, embora tratando-se de aeroportos civis, a Alemanha coloca pela primeira vez uma sua base avançada em pleno atlântico. É verdade. Mas será preocupante? Se a União Europeia for para seguir em frente, não é preocupante. Se for para romper, então sim, seria muito preocupante!

Este melindre deverá ser acautelado através de duas condições do caderno de encargos:
  1. o que está em causa é uma concessão de gestão aeroportuária, não a venda de aeroportos e terrenos de e ou para aeroportos, nem muito menos a gestão do espaço aéreo nacional e de boa parte do Atlântico norte, a cargo da empresa pública NAV;
  2. o prazo da concessão não deve ser demasiado longo.

Voos continentais e transcontinentais

Swiss troca voos para Atenas e Madrid por destinos mais lucrativos

A companhia aérea suíça Swiss anunciou hoje que vai acabar com alguns voos destinados a Atenas e Madrid, cidades duramente atingidas pela crise da Zona Euro, e procurar expandir as suas ligações para destinos mais lucrativos.

Para alargar a sua oferta de destinos, a Swiss quer reforçar as ligações para Palma, na ilha espanhola de Maiorca, e Málaga (Espanha) e vai lançar rotas para as ilhas italianas da Sardenha e da Sicília. A Swiss anunciou também a criação de uma base em Genebra focada nos passageiros da região da Romandia — in OJE/Lusa (12/11/12, 14:51).

Esta e sucessivas notícias que têm vindo a lume nos últimos seis meses apontam para algumas realidades que estão a mudar muito rapidamente as estratégias operacionais das companhias aéreas:
  1. a carestia do petróleo veio para ficar;
  2. a recessão americana e europeia são realidades indiscutíveis com impactos apreciáveis na mobilidade aérea;
  3. mais cedo ou mais tarde a Europa aprovará e aplicará taxas penalizadoras sobre a emissão de CO2 equivalente por cada sobrevoo do território comunitário (CO2 cap on air traffic);
  4. as estratégias Low Cost ganham terreno dia a dia, sobretudo nas viagens de médio curso, levando as grandes companhias a criarem as suas próprias companhias Low Cost e modificaram a cultura das companhias de bandeira tradicionais;
  5. As novas redes europeias de transporte ferroviário de Alta Velocidade vão compensar a quebra inevitável no número de voos de médio curso em território europeu;
  6. mesmo no longo curso intercontinental haverá em breve oferta de voos Low Cost entre os vários continentes, desde logo, entre a Europa e os Estados Unidos-Canadá, com contágio mais do que provável à América Latina.
Tudo somado, vender a exploração dos aeroportos portugueses à Frapor é uma opção correcta sob múltiplos pontos de vista: estratégico, económico, industrial e operacional.

Olhando para o radar do tráfego aéreo mundial, com sorte, até Alcochete poderá um dia ser preciso. Deixemos pois estar o Campo de Tiro onde está, mantenhamos sob reserva as zonas de Rio Frio e Canha, e em 2015 voltaremos a partir pedra sobre a necessidade de substituir a Portela-Montijo por algo mais ajustado aos tempos.


POST SCRIPTUM
Preocupación en AENA por el impacto en sus ingresos de la reestructuración de iberia

El director comercial de Aena, José Manuel Fernández Bosch, admitió este jueves que el gestor aeroportuario está preocupado por el impacto en sus ingresos de la reestructuración de IBERIA (IBLA.MC) que contempla un importante recorte en sus rutas — in El Economista.es (15 nov 2012).
 A ANA espanhola (AENA) já está a ganir por causa do colapso da Iberia —25% dos seus trabalhadores para a rua e redução em 50% nos salários dos que ficarem :( As Low Cost, por sua vez, ocuparão os lugares deixados vagos pela Iberia, mas não precisam de cidades aeroportuárias, nem de mangas telescópicas, nem sequer de sistemas sofisticados de porta-bagagens! Bastam-lhes 3Km de pista para aterrar e levantar voo e um barracão da Siemens. Daí o ganir da AENA!

quinta-feira, outubro 18, 2012

TAP perdida

Calendário Ryanair, 2013. Por beneficência pura!

BES quer que sejamos nós a pagar as dívidas da TAP

Preâmbulo

Passos Coelho, antes de vir para o governo, foi um dos executivos da Fomentinvest, presidida por Ângelo Correia. Esta empresa obscura, dedicada sobretudo a capturar fundos comunitários e encomendas do estado português, é detida em 15,4% pelo BES, um grupo financeiro da família Espírito Santo, que está metido em mais de 400 empresas e em boa parte dos grandes negócios protegidos pelo estado ou por lógicas de oligopólio.

O Grupo Espírito Santo é uma das alavancas das seguintes PPP rodoviárias: PPP Grande Porto, PPP Beira Litoral e Alta, PPP Costa da Prata, e PPP Pinhal Interior.

Como querem que o Gaspar ataque as PPP?

O BES e a TAP

Neste momento o BES e a administração da TAP sabem que não existem candidatos à compra da dívida insustentável da companhia: cerca de 3 mil milhões de endividamento revelado e por revelar + 3 mil milhões de responsabilidades contraídas na encomenda de 12 novos aviões A350 = 6 MIL MILHÕES !!!

Os primeiros A350 devem chegar já em 2013. Quem paga?

Assim sendo, não me custa nada imaginar a coincidência súbita de pontos de vista entre o BES e a Comissão de Trabalhadores da TAP. Nenhum deles pretende que a privatização vá para a frente, apesar de prevista para 2011 no memorando assinado com a Troika. O BES, porque sabe que não há nenhum comprador credível, salvo a Lufthansa, que lhe imporia condições hostis; e os sindicatos, porque enquanto o pau vai e vem folgam as costas, ou seja, pagamos todos nós!

Ambos têm assim a esperança de que o governo pague as faturas atrasadas da TAP, nomeadamente ao BES e ao Crédit Suisse, que são dois dos bancos envolvidos na encomenda dos Airbus A350, nem que seja, depenando o país inteiro, incluindo as classes médias altas.

Foi ventilada a hipótese de uma emissão obrigacionista da Parpública para o efeito. Ou seja, mais uma receita extraordinária para esconder o que está à vista de todos: a TAP é neste momento uma empresa insolvente, falida, e acima de tudo uma companhia inviável, seja pelo modelo de empresa, que não soube adaptar-se ao fim do petróleo barato, e ao fim do dinheiro fácil, seja pelo excesso de pessoal, seja pela dispersão de objetivos, ou seja ainda pela desastrosa gestão política que a caracteriza. Tal como o resto do país, a salvação da TAP não depende de mais liquidez, mas de uma radical mudança de estilo de vida. Por fim, no que se refere a truques de secretaria, não vejo como poderá a Troika deixar passar mais um financiamento público disfarçado a este cadáver adiado.

O preço da ANA, por outro lado, está necessariamente indexado à sorte da TAP.

Sem a TAP os aeroportos portugueses valem uma coisa, com ela, como tem vindo a ser gerida, valem outra, e no caso de a companhia cair nas mãos de um grupo europeu, ou colombiano, as variações de valor potencial podem ser abissais! É certamente esta dança de expetativas que explica a  produção da novela de última hora, Um Efromovich em Lisboa. Se não me engano, a mesma visa apenas embalar a dezena de interessados na privatização ou concessão da ANA, e de quem o governo quer uma resposta pronta e completa até 26 de outubro, apesar de não lhes ter apresentado até à data qualquer caderno de encargos. Ou seja, estamos diante de uma evidente comédia tropical!

Entre 2013 e 2014 a ofensiva Low Cost destruirá a TAP que hoje conhecemos.

As Low Cost de médio curso, que nascem como cogumelos e querem invariavelmente voar para Lisboa (ver o mais recente anúncio da Norwegian), e as mais do que prováveis Low Cost de longo curso, promovidas pela Air Canada e pela Ryanair-Aer Lingus, irão certamente alterar e muito o panorama da Portela a partir do verão de 2013. O mercado norte-americano da TAP será progressivamente comido pela crescente oferta de voos intercontinentais de baixo custo, e uma vez provada a receita, as ligações entre a América do Sul e a Europa irão pelo mesmo caminho. O Brasil passará a exigir da Avianca, da TAP e de outras companhias voos baratos para a Europa, e voos baratos da Europa para as Olimpíadas do Rio!

Bem gritou a Blogosfera por uma TAP Low Cost, e por uma TAP Atlântica (intercontinental), na sequência de um spin-off realista e inteligente da companhia. Mas nada aconteceu, certamente porque o senhor Ricciardi, ou o senhor Ricardo, ou ambos, não quiseram, e os moluscos do governo concordaram cabisbaixos.

Ainda veremos um avião da TAP retido em Zurique por dívidas!

Se e quando tal ocorrer, a empresa será forçada a fechar. Depois de semelhante bronca, assistiremos à queda em dominó de várias empresas e bancos devoristas. Os mesmos que levaram Portugal à ruína e alegremente continuam a acreditar que uma Nossa Senhora de Berlim virá salvá-los da fogueira financeira onde já assam, por enquanto, em lume brando.

Um país à beira da implosão. Estamos pior do que a Grécia

Um gráfico que ilustra bem o regime cleptocrata instalado

Há três bombas-relógio que, para além da falência da segurança social e do colossal serviço da dívida pública que teremos que pagar em 2014, são uma espécie de pregos no caixão de Portugal:
  • as PPP rodoviárias (41% de um total de 120 PPP), 
  • as PPP do ambiente, ou seja, saneamento básico, águas e tratamentos de resíduos (19%), 
  • e as PPP eléctricas, ou seja, produção e distribuição de energia, de que as novas barragens lançadas por Sócrates são o crime maior. Só nos chamados CIEG — Custos de Interesse Económico Geral (1), atrelados à fatura da EDP, o estado e os piratas do regime extraem subrepticiamente aos contribuintes 2,5 mil milhões de euros por ano, ou seja, mais do dobro do IMI cobrado em 2010, que foi de 1,1 mil milhões de euros, e mais do que o subsídio de desemprego, indemnizações compensatórias de salários em atraso e políticas activas de emprego despendidos em 2011: 2.140 milhões de euros.
Em todas estas parcerias ilegítimas estão os bancos BES, BCP e o Grupo Mello, entre outros. Como já se percebeu, o governo em funções é demasiado cobarde para afrontar os usurpadores silenciosos do regime. No entanto, vamos chegar a um momento em que o estado português se verá confrontado com uma necessidade inadiável: nacionalizar esta gente!

Os agarrados da dívida
Europe banking supervisor plan ‘illegal’ 
Those non-eurozone countries that want to opt into the bank supervision regime would also be legally unable to vote on any ECB decisions – a key demand of countries such as Sweden and Poland.

While it is common for lawyers from different EU institutions to disagree on aspects of proposals, diplomats involved in the talks said the sharp difference in legal opinion would complicate efforts to overcome the deep-set concerns of some member states. Banking union will be a central topic at the EU leaders summit on Thursday.

While EU leaders are still aiming to agree the supervision plan by the end of the year, talks have made little progress to date, in part because of strong German objections. Some participants privately suggest the talks may drag on for a year or more.

Other elements of the commission proposal were also challenged in the legal opinion, notably in asserting the rights of member states to decide how rules on their banks are applied, even when under the supervision of the ECB.

“The major question that follows from this opinion is a practical one,” said Alexandria Carr, a former UK legal adviser now at Mayer Brown International.

“Will the ECB have the capability and capacity to be the ultimate decision maker in respect of all supervisory decisions over complex, global institutions and to apply at least 17 different pieces of domestic legislation?”

Financial Times/ ZeroHedge

Lá se vai a Nossa Senhora do Crescimento Agarrado à Dívida, de que Hollande e Seguro são devotos.

Os devoristas lusitanos acreditam piamente num milagre, e portanto acham que é melhor adiar e esperar. Estarão mesmo dispostos a fazer cair o governo em funções, levando Portugal para um patamar de desespero semelhante ao da Grécia.

Para quê redefinir as funções do estado? Para quê ajustar o nosso estilo de vida ao que temos, em vez de continuarmos a contar com o ovo no cu da galinha, e os euro-marcos da senhora Merkel a tempo e horas na conta bancária de cada um de nós —a começar pelos funcionários públicos, trabalhadores e dirigentes das empresas públicas e grandes rendeiros do estado: BES, BCP, Grupo Mello, EDP, Mota-Engil, etc. ?

No entanto, como não vai haver nenhum milagre, o país só tem teoricamente duas saídas: inventar um inimigo externo, de preferência o credor, e declarar-lhe guerra (hipótese inexistente), ou então ir buscar o dinheiro dentro de portas, onde o mesmo estiver. O mais portátil tem voado a grande velocidade, nomeadamente, para a Alemanha!

A classe média alta e muitos empresários perceberam finalmente que é isto que está em marcha.

Ultrapassada a curva de Laffer, que ocorrerá entre 2013 e 2014, só restará uma e uma única alternativa: nacionalizar o BES, nacionalizar o Grupo Mello, deixar cair a Mota-Engil e outras construtoras em benefício de concorrentes espanhóis, franceses, italianos ou polacos, em suma, evitar uma revolução, ou uma guerra civil (já tivemos muitas, sabem?). Os banqueiros piratas do regime acabarão, em suma, por receber pesadas faturas pela sua imprudência e ganância desmesurada.

Mas até lá, talvez fosse bom pensarmos a sério na reforma do estado e numa economia liberta do terrorismo fiscal e da omnipresença dos devoristas. Há sempre a possibilidade de um golpe de estado militar, sobretudo se surgirem precedentes na Grécia e em Espanha, estragar ainda mais este fim de regime.

O nosso problema não é um problema de liquidez, mas sim de insolvência!

Temos que aprender a viver com o que temos. A mama do império, a mama da UE e a árvore das patacas secaram :(

Voltando à TAP 

Tenham a coragem de reestruturar a fundo esta empresa, sem atender às razões do senhor Salgado. Até porque sendo uma empresa pública, das duas uma: ou conseguem vendê-la por um euro, o que na realidade significaria um custo/investimento na ordem dos 6 mil milhões por parte do comprador, ou então, se não aparecer mais nenhum aventureiro, a única saída será mesmo a reestruturação da empresa. Pois abrir falência, creio que não pode. E encerrá-la sem mais também não faz sentido algum.


ÚLTIMA HORA 

Efromovich: A TAP precisa de muito mais que 500 milhões de euros

O Grupo Synergy passou sozinho à segunda fase de privatização da TAP. Germán Efromovich, que lidera a proposta, contou ao Negócios que este foi um processo "concorrencial" [CONCORRENCIAL?! CONCORREU COM QUEM?], mostrando confiança na conclusão com sucesso do mesmo. Sem falar na sua proposta, o empresário assegurou que, pelo conhecimento que para já tem das contas da TAP, a companhia "precisa de bem mais do que 500 milhões de euros" — Jornal de Negócios.

Pois precisa!

O que o brasileiro-colombiano-polaco-judeu está a dizer ao governo português é que, para além dos 500 milhões de euros necessários para acudir às necessidades de tesouraria urgentes, há mais contas por pagar e compromissos firmes para cumprir:

    — desde 31.12.2011 que o relatório e contas do grupo TAP regista um buraco de 2.325 milhões €
    — a Airbus confirma que a TAP encomendou 12 Airbus A350, com entregas a começar em 2013, por valores que rondarão os 3 MIL MILHÕES DE EUROS (leasing a que estão associados, pelo menos, o BES e o Credit Suisse — que esperam rendas chorudas de tamanha encomenda realizada por um gestor --Fernando Pinto-- contratado há mais de uma década para privatizar a TAP!
    — indemnizações por despedimento de uns 3 mil trabalhadores... portugueses!

Em suma, tudo somado (2.325.000.000 + 500.000.000 + ~3.000.000.000 + indemnizações) a coisa andará certamente muito perto dos SEIS MIL MILHÕES DE EUROS, entre dívidas por pagar, compromissos firmes e indemnizações.

Deve ser por isto que o alucinado Sérgio Monteiro veio com a patranha de que um concurso com um só concorrente é bestial, e que, se o Efromovich quiser vender a TAP logo depois de a comprar, o estado português terá direito de preferência!

Isto cheira a esturro mesmo antes de começar :(

Quer-me parecer que o gaúcho, aparentemente desaparecido em combate, está a replicar o golpe dado aquando da falência da Varig. À época o lombinho da companhia brasileira insolvente chamava-se VEM (Varig Engenharia e Manutenção); hoje o mesmo lombinho chama-se TAP Maintenance&Engineering (é a mesma empresa, i.e. "a maior empresa de manutenção de aviões da América Latina e uma das maiores do mundo" — Wikipédia).

Que grande negócio para os irmãos Efromovich e a sua Avianca poder comprar a preço de saldo o grupo TAP, separar depois a TAP Maintenance&Engineering da TAP, colocando-a ao serviço da Avianca, e depois, com o difícil processo de reestruturação da TAP em Portugal, acabar por desistir de aturar os porrtugueses, e voltar a vender o prejuízo ao estado português.

Se é isto que está na forja, é uma burla e um crime. O governo que prove desde já quais são as suas reais intenções, e que confronte o engenheiro Fernando Pinto com a suas responsabilidades na falência da TAP!

Cá estaremos para irmos acompanhando esta telenovela sul-americana!

Uma privatização ‘low cost’ da TAP — 23/10/12 03:04 | Pedro Carvalho | Económico

[…] a lei das privatizações […] tem implícita uma lógica de leilão, em que vários interessados fazem ofertas concorrentes com vista a inflacionar o encaixe para o Estado. Ora bem, nesta privatização, German Efromovich é o único interessado, numa short, short, short list que deixa o empresário com a faca e o queijo na mão. E Efromovich já anda a mandar recados na imprensa: ontem dizia ao Jornal de Negócios que a "TAP precisa de muito mais de 500 milhões" (valor negativo dos capitais próprios), que é como quem diz ‘não pensem que vou pagar 500 milhões'. A última vez que o Estado fez uma privatização com um único candidato foi o BPN e deu no que deu. Injectou 500 milhões para depois vende-lo por 40 milhões.
A falsa privatização da TAP começa finalmente a cheirar mal na imprensa do regime. Aleluia!


Embuste da privatização da TAP levanta o véu...

O que anunciaram hoje não foi o caderno de encargos de uma privatização, foi o prospeto de uma operação swap. Género: eu empresto-vos a TAP para darem uma voltinha e ganharem uns euros, pagam-nos uma renda à cabeça, nós vamos absorvendo a dívida em sucessivos OE martelados (não se preocupem com o buraco), através da Parpública, e daqui a uns anos devolvem-nos a empresa como se fosse nova :)


Sérgio Monteiro: Estado tem direito de preferência na compra da TAP em venda futura - Jornal de negócios online

O caderno de encargos da TAP já foi aprovado pelo Governo. Fica determinado que o Estado terá direito de preferência caso o comprador queira mais tarde vender a transportadora aérea. Governo admite que Grupo Synergy está na corrida.

Jornal de Negócios, 18 out 2012, 14_18


Mas afinal...
"Estado fica com direito de preferência em venda futura da TAP e admite interromper negociações com Efromovich caso não atinja os seus objectivos." Negócios, 19 out 2012, 00:01
Este negócio já cheira mal antes de começar! O dossiê da rocambolesca e por finalizar falência da Varig (parte do processo ainda está retido nos tribunais), bem como da compra da VEM pela TAP, em 2005, é uma boa ilustração do que de mau poderá suceder à TAP se não houver vigilância democrática do, para já, obscuro processo de privatização em curso. Os cagarros parlamentares, e o senhor Seguro, em vez de andarem a dar tiros na Troika, bom seria que pensassem no país e fizessem aquilo para que lhes pagamos. Neste caso, exigir a máxima transparência de uma operação que está a ser cozinhada entre o Passos Coelho-Miguel Relvas e a malta do BES, apesar de a coisa ser apresentada publicamente por um porta-voz governamental (Sérgio Monteiro) que é simultaneamente um ignorante em matéria de transportes.

PS exige suspensão do processo de privatização da TAP!

Basílio Horta em nome do PS exige suspensão da privatização da TAP. PCP e Bloco acompanham decisão do PS. Água mole em pedra dura... Sérgio Monteiro fala de comissão de acompanhamento, ao que parece presidida por Ferraz da Costa. O problema, porém, está nos assessores financeiros, os bancos BES e Crédit Suisse, partes interessadas no negócio!


NOTAS
  1. Componentes dos preços da energia pagos pelos consumidores (informação da EDP):

    Energia: 51%
    Redes: 24%
    CIEGS: 25%

    Decomposição dos CIEG

    Rendas pagas aos municípios: 25%
    Sobrecusto da produção em regime especial (essencialmente energias renováveis): 16%
    Sobrecusto de produção em regime especial (essencialmente energias não renováveis): 11%
    Sobrecustos das regiões autónomas: 11%
    Sobrecustos da produção em regime ordinário (centrais térmicas e hídricas): 24%
    Rendas de défice de tarifa: 10%
    Outros custos: 3%

Última atualização: 23 out 2012, 10:56

sexta-feira, agosto 31, 2012

Outra vez Alcochete!

Os Donos de Portugal - ver documentário

O Bloco Central da Corrupção não desiste

Lisboa, 31 Ago 2012 (Económico) — Ravara II
Novo estudo, apoiado pelas Ordens dos Engenheiros e dos Economistas e pela associação de pilotos, defende investimento de 323 milhões de euros.
A construção de um mini-aeroporto em Alcochete para complementar a Portela, em Lisboa, é uma alternativa que volta a ganhar força junto de diversos meios empresariais e públicos, em comparação com a solução da base aérea do Montijo. O Governo já tem em mãos um estudo - apoiado pelas Ordens dos Engenheiros e dos Economistas e pela Associação dos Pilotos Profissionais de Linha Aérea (APPLA), e realizado por cinco consultoras de engenharia -, que conclui que a melhor solução para acompanhar o aumento previsto de tráfego na Portela é construir uma pista de cerca de 3.300 metros no Campo de Tiro de Alcochete. Um investimento avaliado em 230 milhões e que estaria concluído num prazo de cinco anos.
[... ] "A solução do ‘Portela+1' está limitada no tempo, porque a partir de uma certa altura não há perspectivas de crescimento. E isso terá influência nas empresas que estiverem interessadas na privatização da ANA e da TAP, porque essas empresas também precisam de perspectivas de expansão dos seus negócios", defende Artur Ravara, um dos autores do estudo e um dos mais conceituados especialistas aeroportuários de Portugal (Ler mais).

Lisboa, 06 Dez 2007 (Lusa) — Ravara I
Novo Aeroporto: Ex-presidente do LNEC diz que estudo da CIP não tem informação que permita comparar Ota e Alcochete
Lisboa, 06 Dez (Lusa) - O ex-presidente do LNEC Artur Ravara afirmou hoje que o estudo da CIP sobre o novo aeroporto de Lisboa "está muito longe" de ter informação que permita fazer a comparação da Ota com Alcochete, da mesma forma que foi feita com Rio Frio.
"Sobre a Ota, temos o estudo comparativo [entre a Ota e Rio Frio] que foi feito em 1997/1998 e que tem informação suficiente para se lançar o concurso. Sobre Alcochete, temos o estudo da CIP, com informação que justifica aprofundar o assunto, mas está muito longe de ter informação suficiente para se fazer uma comparação como a de 1998", afirmou Artur Ravara.
Neste sentido, durante a sua intervenção no seminário "Um Aeroporto para um Portugal Euro-Atlântico", o engenheiro apontou algumas das falhas do estudo patrocinado pela Confederação da Indústria Portuguesa (CIP).
"É surpreendente que na conversão de uma zona que é um campo de tiro há mais de 100 anos, não haja uma palavra sobre descontaminações", argumentou, acrescentando que o documento refere que o terreno disponível "é plano, mas não menciona que tipo de trabalho e que custos são necessários para a regularização hidráulica". 
Por isso, o ex-presidente do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) considera que "estamos muito longe de ter informação que permita comparar as duas localizações".
Expresso 6 dezembro 2007 (Ler mais)

O iminente Ravara, que agora perora por Alcochete, é a mesma criatura reformada e que de aeroportos percebe zero (não encontrei uma única referência a aeroportos no seu CV *), que em 2007 demonizava Alcochete, por causa da contaminação dos solos e outros problemas, e defendia a pés juntos a Ota. Ou seja, mais um empregado da Ota em Alcochete ao serviço do BES, da Mota-Engil e da Brisa. Não são estes que querem à viva força encomendas, obras, PPPs e promessas de novos ativos e campos de especulação imobiliária para salvar os respetivos coiros coçados de tanta renda excessiva?!!! Não são estes piratas que têm nas mãos as autoestradas, pontes e parte do serviço ferroviário do país, e ainda querem a ANA e retomar Alcântara e a ponte Chelas-Barreiro? Será que a Troika vai neste descarado conto do vigário? E o Álvaro, resistirá a mais esta investida impiedosa dos coveiros do país?

Esta manobra desesperada tem uma tradução:

— como a TAP só vale as dívidas que tem, a maneira de ganhar algum com a alienação conjunta da TAP+ANA regressa ao modelo de roubalheira inicial: quem comprar a ANA, por muito mais do que a TAP, diria a arara Borges, ficará com a promessa de um NAL da Ota em Alcochete, a começar devagarinho (por causa dos chatos da Blogosfera), mas que depois, sim, dará patacas como sempre deram os negócios cleptocratas neste país:

— ele vai ser a urbanização da Portela, ele vai ser a urbanização dos terrenos que a SLN, através do facilitador Fernando Fantasia comprou em Rio Frio (1), ele vai ser a urbanização dos terrenos que o fundo de investimento secreto do PS comprou também em Rio Frio, ou mais precisamente no Canha (não desmente, senhor Seguro?), ele vai ser a nova Ponte Chelas-Barreiro (até os camaradas do PC apoiam, caralho!), mas ele vai ser, no fim, se não travarmos mais este roubo organizado, um novo e gigantesco buraco, que depois terão que empandeirar a preço negativo a algum sócio chinês, angolano ou árabe.

Mas talvez seja possível, um dia destes, meter toda esta corja de ladrões na prisão. Como tem vindo a repetir Adriano Moreira, o norte de África está a um passo de atravessar o Mediterrâneo!


PS: em 2050 Portugal terá menos três milhões de pessoas do que hoje (leiam as previsões da ONU!), ou seja, terá sensivelmente a mesma população do que a Catalunha, cujo buraco orçamental e o poço de dívidas dá bem a medida do que pode acontecer aos países quando as elites rendeiras tomam o freio nos dentes. Claro que o famoso Ravara, de demografia também percebe zero. De economia e finanças, idem, presumo.


* O engenheiro, além de pré-esforçado e temas sísmicos, tem o CV típico de um alto funcionário da burocracia do Estado. Dos inúmeros cargos burocráticos que ocupou destaco o de "Membro do Conselho Consultivo da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, desde 1988." Presumo que conheça bem o senhor Rui Machete, sumidade do PSD, da FLAD e da SLN (a tal que investiu 250 milhões de euros na localidade conhecida por Canha, dias antes de Sócrates anunciar que a Ota passaria a ser em Alcochete). Só falta mesmo um Wikileaks lusitano para conhecermos os detalhes!

NOTAS
  1. Sim, o mesmíssimo Fernando Fantasia da trapalhada da compra da casa de Cavaco Silva na Aldeia da Coelha.

sexta-feira, agosto 03, 2012

TAP: Turkish Airlines Portugal

Papinha de plástico da Turkish Airlines. Vê alguma diferença?

TAP vale mais, ou menos, do que o Pavilhão Atlântico?

Privatização da TAP prevê aumento de capital e venda de acções aos trabalhadores

As duas fases podem ocorrer ao mesmo tempo ou “em momento anterior ou posterior entre si”, esclarece o Governo num comunicado. Na primeira fase, para além da alienação de acções a quem quiser comprar a TAP, haverá “uma ou mais operações de aumento de capital”. A última injecção de capital que a transportadora recebeu do Estado foi em 1994 — in Público.

Turkish Airlines não exclui entrar na corrida à privatização da TAP

A companhia aérea da Turquia quer acelerar o seu crescimento e a aquisição de companhias aéreas está nos seus planos para atingir esse objectivo. Depois de ter desistido de adquirir a polaca LOT, a Turkish Airlines continua atenta ao mercado europeu. Ao Negócios, fonte oficial da transportadora aérea turca revelou que não exclui a participação na privatização da TAP. "O conselho de administração não tomou qualquer decisão nesse sentido", referiu a mesma fonte — in Negócios.

Um governo de cabeça perdida. Basta ler a notícia do Público, que nada diz e tudo diz, para perceber a confusão e desorientação completas que vão no governo sobre a batata queimada que é a TAP.

Na realidade, a TAP vale ainda menos do que o Pavilhão Atlântico!

O seu valor real são dívidas e responsabilidades, que andam mais perto dos seis mil milhões de euros, do que dos mil e duzentos milhões anunciados enigmaticamente pelo Público.

Entre sucata com contratos de leasing sediados em paraísos fiscais, empréstimos por pagar, dívidas a fornecedores, e responsabilidades assumidas por compras futuras (doze Airbus A350), aquilo que eu vejo é uma enorme cratera.

Como se isto não bastasse e assustasse qualquer um, a TAP apenas detém um ativo estratégico com algum valor: o célebre mini hub português dos voos entre o Brasil e a Europa, que passam pela Portela e com menor frequência pelo aeroporto Sá Carneiro. Tudo o resto ou está a perder terreno para as companhias Low Cost, ou dá prejuízo, como a insustentável estrutura de custos com pessoal, os negócios ruinosos da Groundforce, entretanto vendida à Urbanos, ou a brasileira TAP Maintenance&Engineering, verdadeira sugadora de proveitos que ainda ninguém teve a coragem de investigar a sério.

A ideia do bundle dois-em-um —TAP+ANA, incluindo terrenos da Portela?— com opção futura para retomar o socratino três-em-um —TAP+ANA, incluindo terrenos da Portela+NAL da Ota em Alcochete— é previsivelmente um dos ases que continua a ser jogado debaixo de uma mesa de negociações itinerante que até hoje não apresentou resultados.

Dadas as limitações impostas pela UE em matéria de controlo acionista das companhias aéreas europeias, o célebre road show de ASP não tem passado de uma encenação para entreter as televisões e o contribuinte. A companhia aérea turca já faz parte do universo da TAP e do universo alemão da Lufhtansa (codeshare agreement), mas não pode, por a Turquia continuar fora da UE, adquirir a maioria do capital da TAP. Logo resta quem? Só se for a própria Lufthansa...

É uma boa hipótese para ir abatendo a dívida à senhora Merkel.

sexta-feira, julho 27, 2012

Terrenos do aeroporto à venda ?

Aeroporto de Lisboa, Portela, 1942. Arquitecto: Francisco Keil do Amaral
in Restos de Coleção

Um vigarista chamado Costa? E outro, Salgado, não Ricardo, mas Manel?

Venda dos terrenos vai permitir a redução das dívidas da câmara
“Não pedi garantias ao Governo nessa matéria. Nem o podia fazer”, reagiu António Costa, que fez aprovar em reunião de câmara um acordo com o Governo para resolver o diferendo entre a autarquia e a administração central sobre os terrenos do aeroporto. Esse acordo, que abrange também outros litígios, permitirá reduzir 43% da dívida do município aos bancos. Em 2004 o Banco Espírito Santo estimou que a totalidade da área em causa — apenas 18% da qual estava registada em nome do Estado — valia 965 milhões. O presidente da Câmara de Lisboa defende que as únicas condicionantes que pode pôr ao Governo quanto ao destino dos terrenos são urbanísticas, relacionadas com o seu uso. Cidadania LX.

A passagem dos terrenos da CML para o Estado era obviamente uma condição sine qua non da privatização da ANA, não por causa da propriedade dos terrenos, mas sim porque havia que esclarecer quem era o senhorio!

Vender os terrenos é uma história inteiramente distinta e seria um roubo público (diria melhor, financeiro-partidário) a privados, no caso, aos donos originais dos terrenos que os deixaram a preço simbólico (por expropriações sucessivas) para o domínio público municipal na condição de os mesmos servirem o aeroporto, ou seja, o interesse público, e não qualquer eventual finalidade privada, comercial, e muito menos interesses imobiliários de piratas!

Do ponto de vista meramente jurídico os vários donos das várias parcelas que foram sendo expropriadas por interesse público têm direito a reaverem os ditos terrenos se lhes forem dados destinos diversos daqueles que motivaram as expropriações, ou, no mínimo, a exercerem o direito de preferência relativamente a novos usos a dar aos mesmos, se viesse a ser o caso.

Gostaria muito de ouvir o que o senhor Costa tem a dizer a esta minha alegação. E também gostaria de saber qual é a opinião do Salgado, não a do Ricardo, mas a do Manel (vereador do pelouro de urbanismo da CML e dono do atelier Risco, projetista de dezenas ou centenas de obras em Lisboa.

É que se mais uma vez estão a sonhar com o embuste da Ota em Alcochete, ou com a Alta de Lisboa e nas eventuais negociatas realizadas entre o PS e o senhor Ho, contem com artilharia pesada da parte da Blogosfera!

Ponto final: se o presidente da CML omitiu ao Estado a natureza peculiar da propriedade dos terrenos onde pousa, a 110 metros de altitude (razão da sua excelência, apesar de a cidade ter crescido à sua volta), deveria responder em inquérito por tal omissão, pois tratar-se-ia, se fosse o caso, de uma omissão gravíssima!

quarta-feira, julho 18, 2012

Metro Aeroporto

Dia 1 do Metro do Aeroporto, junho 17, Lisboa, 2012 ©Foto OAM

Até que enfim!

Fui visitar a recém inaugurada estação de metro no aeroporto, que é, para todos os efeitos, uma pequena vitória da Blogosfera, que tanto se bateu pela sua conclusão e abertura rápidas.

O atraso de seis meses verificado é escandaloso, para não dizer criminoso e a merecer investigação do governo, do parlamento, e do tribunal de contas, pois houve certamente um enorme prejuízo de exploração não realizada neste mais de meio ano de obra parada à espera dos braços de ferro no interior do magma de interesses em movimento nesta desfalcada era pós-socratina.

Da visita, três notas de reportagem:
  1. a adopção instantânea do novo modo de acesso ao aeroporto de Lisboa e ao centro da cidade pelos viajantes que chegam e partem da Portela, mas também pelas muitas pessoas que ali trabalham, faz prever que mais de quatro milhões de passageiros possam demandar anualmente a Linha Vermelha exclusivamente por causa da nova estação no aeroporto;
  2. a falta de sinalização adequada é deplorável, sendo inaceitável a desculpa esfarrapada dada pelo gerente desta empresa pública sobre endividada, pois, como é sabido, a sinalética do Metro é da competência de uma empresa americana, que deveria saber há muito das novas estações (ou já não é?!); 
  3. a persistência daquela que é certamente a pior bilhética do planeta —uns cartões verdes que custam 50 cêntimos (mais o preço das viagens) e que ninguém sabe manobrar em tempo útil, em máquinas que comem notas e só as devolvem ao fim de seis meses, e que induzem sistemáticas aglomerações de utentes atónitos, confusos, irritados, e por fim desesperados ou furiosos, junto às entradas do Metro e da CP— é inaceitável. Talvez se obrigarem o tal Francisco Cardoso dos Reis a andar de transporte público durante uns dias, ele perceba a monstruosidade da bilhética que encomendou sabe-se lá como, porquê, e a quem.


Dia 1 do Metro do Aeroporto, Lisboa, junho 17, 2012 ©Foto OAM

Lisboa deveria ter uma bilhética integrada, simples, racional e amigável. Se não sabem como se faz, vão a Tóquio, e aprendam! Ou então sigam esta minha sugestão gratuita:

  1. criem bilhetes simples de usar e deitar fora —em recipientes de reciclagem, claro;
  2. criem um passe mensal social único para todos os transportes públicos coletivos da cidade-região de Lisboa, i.e. para os seus dezanove conselhos, facultando o seu acesso apenas a pessoas com rendimentos familiares per capita até 700 euros;
  3. criem bilhetes turísticos de um dia, de uma semana, para uma quinzena e para um mês, com um custo ponderado ligeiramente superior ao dos passes sociais (ex: +20%);
  4. disponibilizem todos estes títulos nas estações de comboios, de metro e autocarro, e ainda nos aeroportos, quiosques, estações de correio, agências de viagens e em formato digital online;
  5. por fim, retirem as estúpidas barreiras físicas criadas contras as pessoas, e que mais parecem destinadas a gado bovino, empregando de novo revisores simpáticos, treinados, que falem com propriedade os idiomas português e inglês, e prestem atenção aos passageiros —uma solução bem mais produtiva e humana e que atenuará as causas que conduziram e conduzem ao rendimento mínimo garantido, ao banco alimentar, ao buraco orçamental da segurança social e aos custos judiciais da criminalidade induzida pelo desemprego.

Uma vez mais, se não sabem como é, façam uma viagem ao Japão. Perceberão então, ainda em Portugal, que a agência de viagens proporá a aquisição, com o bilhete de avião e reservas de hotéis, um passe para uso sem limites de viagens (salvo no Bullet Train/Shinkansen, onde se paga uma sobretaxa de velocidade) do eficiente e pontualíssimo sistema de transportes japonês, válido para todo o país!


Entretanto, o governo continua perdido ou manipulado no tema da Alta Velocidade

Ao que parece, o lóbi da Ota em Alcochete, que inclui o PS através de um obscuro fundo de investimento imobiliário holandês com terrenos já adquiridos na zona de Rio Frio (corrijam-me se estou equivocado!); o PSD via ex-BPN e SLN, com terrenos adquiridos em Canha nas vésperas de Sócrates ter abandonado a Ota; e interesses bancários, nomeadamente do BES, ataram mais um governo a decisões surrealistas sobre a linha de bitola europeia e alta velocidade entre Lisboa e Madrid.

O objetivo deste bloco central que sobrevive e persiste na asneira e na vigarice é sabotar por todos os meios uma ligação ferroviária que permita bater a atual ponte aérea entre as duas capitais ibéricas. Nem o bispo D. Januário é tão tolo como parece quando denuncia a corrupção infiltrada no governo de Passos de Coelho, nem a resposta do Dr. Aguiar em Branco pareceu convincente, mais ecoando a voz dum advogado com interesses na praça, do que a de um verdadeiro ministro da defesa, que aliás, obviamente, tem demonstrado não ser.

As ligações ferroviárias de alta velocidade entre Madrid e Barcelona, Madrid e Sevilha, e mais recentemente, entre Sevilha e Barcelona, retiraram literalmente milhares de voos dos céus espanhóis, oferendo maior versatilidade e comodidade à mobilidade profissional e turística em Espanha, e ganhando ainda anualmente centenas de milhões de euros em créditos de carbono equivalente!

A abertura do Metro do Aeroporto, que esteve misteriosamente bloqueada durante os últimos seis meses (quantos milhões se perderam?), a par da requalificação e adaptação do aeródromo militar do Montijo, que em breve deveria juntar-se à Portela, e ainda a ligação ferroviária de Alta Velocidade entre Pinhal Novo e Badajoz, ou seja, entre Lisboa, Madrid e o resto daquela que é a segunda maior rede de alta velocidade do mundo (logo depois da China), faria cair num ápice o último elefante branco do Bloco Central do Betão e da Corrupção: o NAL da Ota em Alcochete. Ganhariam todos, menos aqueles que conscientemente viram o país caminhar para o precipício da dívida e nada fizeram para o impedir, ou pior ainda, aproveitaram ao máximo as vantagens imediatas de tal descalabro anunciado. A festa começou com o célebre discurso sobre a "obsessão do défice" e acabou na celebração de dezenas de PPPs ruinosas para o Estado.

É só isto que está em causa! E Álvaro Santos Pereira faria bem melhor demitir-se e denunciar este caso, do que ceder e conciliar o inconciliável, tentando apresentar-nos uma não-solução embrulhada em retórica surrealista.

Em toda a parte do mundo ALTA VELOCIDADE é ALTA VELOCIDADE, não é VELOCIDADE ALTA, nem VELOCIDADE ELEVADA, nem ALTAS PRESTAÇÕES, Decida-se, homem !!!


ÚLTIMA HORA

Alta de Lisboa cai para permitir privatização da ANA

Governo paga 286 milhões de euros a António Costa por terrenos do aeroporto

Reconhecendo a propriedade do Estado sobre a totalidade dos terrenos do perímetro aeroportuário, a Câmara de Lisboa autoriza a transferência dos seus registos a favor da administração central. Em contrapartida, o Governo assume 277 milhões de euros do pagamento da dívida de médio e longo prazo do município, acrescidos do pagamento de mais uma parcela de nove milhões - valores resultantes da avaliação dos terrenos, feita, segundo a autarquia, por uma entidade externa aceite por ambas as partes. Público, 20.07.2012 - 22:36. Por Ana Henriques.

Olhando para os preços do imobiliário (em baixo), vemos que o valor por que António Costa vendeu, e por que Álvaro Santos Pereira comprou os terrenos do aeroporto da Portela é 4x inferior ao preço de especulação imobiliária encontrado ca. 2000, mas quase 9x superior ao que a SLN, através de Fernando Fantasia, pagou pela herdade próxima do desejado só por alguns NAL da Ota em Alcochete.
  • Terrenos  comprados pela SLN — área: 40.000.000 mq ; preço: 250.000.000€ ; 6,25€/mq
  • Terrenos da Portela vendidos pela CML — área: 5.100.000 mq ; preço em 2012: 286.000.000€ ; 56 €/mq 
  • Terrenos da Portela, avaliação ca. 2000 — 1.200.000.000€ ; 235€/mq
Esta simples comparação parece indiciar que António Costa se convenceu finalmente de que a transformação do planalto da Portela numa urbanização ventosa de luxo ficou adiada para as calendas gregas, ao mesmo tempo que consegue apresentar aos seus eleitores uma pequena vitória na redução da descomunal dívida do município que dirige. O governo, por sua vez, desimpediu um primeiro escolho à privatização da ANA (a definição clara do senhorio dos terrenos é fundamental para atrair qualquer eventual interessado na exploração do aeroporto), ao mesmo tempo que alivia o peso do serviço da dívida da capital. Estamos, ao que parece, numa típica situação win-win. Alcochete fica, assim, cada vez mais longe. Ainda bem para todos. Agora só falta montar a bitola europeia entre o Pinhal Novo e o Caia, sem mais malabarismos terminológicos, confusões técnicas e hesitações estratégicas.

Guilhermino Rodrigues, de saída da ANA, disparata!

Presidente da ANA diz que Portela está a recusar voos

O aeroporto da Portela está a rejeitar novos voos por falta de espaço, revelou ao "Sol" o presidente cessante da ANA, que avisa que a situação vai piorar nos próximos anos devido à decisão do Governo de adiar "sine die" a construção do novo aeroporto de Lisboa. Jornal de Negócios, 20 julho 2012.
Em todos os aeroportos do mundo o filet mignon dos horários de chegada/partida, ou seja os slots mais rentáveis, apetecíveis e portanto disputados, são limitados, pois o número de pistas disponíveis e os corredores aéreos são também limitados. No entanto, no Aeoporto da Portela, fora o período entre as 7 e as 8 da manhã (onde mesmo assim se podem enfiar ainda centenas de movimentos) o aeroporto está literalmente às moscas!!!

Basta comprovar neste sítio: Online Cooordination System:

Indicação de consulta do menu: Runway Availabitily/ Season by Time / S12 / Portugal / LIS / 07 / Update.


Campanha do lóbi da Ota em Alcochete ataca Portela por causa da mediocridade de gestão da ANA, mas imputa culpas ao aeroporto — como sempre!

[Os comentários de OAM vão a rosa, em caixa alta, e entre parêntesis]
19/07/2012 | 00:00 | Dinheiro Vivo

Está instalada a confusão no aeroporto de Lisboa [PROPAGANDA]. O aumento do número de passageiros que se verifica por esta altura do ano está a provocar atrasos médios [MENTIRA] de hora e meia no desembarque dos passageiros de fora do espaço schengen, tem atrasado descolagens e já levou centenas de pessoas a perder voos [QUAIS VOOS?].

Ao que o Dinheiro Vivo apurou [MELHOR SERIA DIZER: DE ACORDO COM O RECADO QUE NOS ENVIARAM...], até o voo da TAP que, esta quarta-feira, levou o Presidente da República, Cavaco Silva, a Moçambique para uma visita oficial, atrasou uma hora por causa da verificação dos passaportes.

E no dia 12 de julho a confusão foi tanta que não só se demorou, em média, 2h20 para passar pelo controlo de imigração no desembarque, como a Groundforce [A TAL EMPRSA ONDE O TAP INVESTIU ZERO, E QUE O GOVERNO AGORA TEVE QUE FINANCIAR —em 123 MILHÕES DE EUROS !!!—POR DEBAIXO DA MESA, ANTES DE A VENDER À URBANOS] teve de tirar as malas dos tapetes à mão porque os passageiros ainda não tinham chegado para as receber e já havia malas de outros voos a chegar. Em causa estavam os voos da angolana TAAG, da canadiana Air Trasact [VOOU NO DIA 11 e NÃO DIA 12...] e da norte-americana United.

Segundo fontes ouvidas pelo Dinheiro Vivo, estas situações são consequências evidentes da falta de preparação do aeroporto para o pico de passageiros do verão [CULPA EXCLUSIVA DA ANA E DO LÓBI DA OTA EM ALCOCHETE; QUE HÁ ANOS BOICOTA A PORTELA POR TODOS OS MEIOS]. Na época baixa, o aeroporto de Lisboa recebe 30 mil passageiros por dia, mas agora está a realizar 520 movimentos (aterragens e descolagens) por dia, ou seja, 48 mil passageiros [MOSTREM LÁ OS NÚMEROS COMO DEVE SER, EM VEZ CONTAREM OS PASSAGEIROS EM TRÂNSITO DUAS VEZES!]. E destes, 35%  não são do espaço schengen [MAIS UMA MENTIRA: O PICO, SEGUNDO PRÓPRIA ANA, SÓ OCORRE EM AGOSTO E NÃO ULTRAPASSA OS 24%...], ou seja, demoram mais tempo no controlo de imigração que verifica os passaportes [INCOMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA ANA].
Depois do pânico instalado, as hostes corruptas de Alcochete —que inclui o PS (via fundo de investimento imobiliário do Rio Frio, administrado, ao que julgamos saber, por Capoulas Santos) e o PSD (via terrenos adquiridos pelo ex-BPN/SLN em Canha)—, causado pelo evidente sucesso da abertura estação do Metro do Aeroporto, a campanha anti-Portela, depois de ter passado pela propalada e sempre fabricada saturação da Portela, pela falta de Slots (ocupados por aviões vazios, nomeadamente da TAP), pela falta de mangas (mero problema de gestão), pelos atrasos e perdas de bagagens (problema de desinvestimento e má gestão) e finalmente, agora, quando o desespero da causa perdida aumenta, mesmo assim, de intensidade, andam a torturar os pobres passageiros brasileiros e dos PALOP com bloqueios que deveriam ser justa causa para varrer da Portela, não apenas todo o CA da TAP, mas também toda a administração subserviente e incompetente da ANA. Já sobre o Metro, vale ainda a pena perguntar: como fi possível demorar CINCO ANOS para construir TRÊS QUILÓMETROS DE TÚNEL - um verdadeiro recorde para o Guinness da lentidão construtiva?!


 Submarino da Ota em Alcochete ao fundo!
DHL estuda criar terminal de carga no aeroporto de Lisboa | Económico 17 julho 2012. A DHL Portugal está a estudar a construção de um terminal de carga aérea em Lisboa, à semelhança do investimento de cinco milhões de euros concluído, em Maio, no aeroporto Sá Carneiro, no Porto.
Aeroporto de Lisboa está a tornar-se rapidamente no Portela +4: Terminal 1 (17 mangas telescópicas), Terminal 2 (easyJet), Terminal 3 (Montijo) e Terminal 4 (DHL). Deve acrescentar-se que a Ryanair e a Transavia (Low Cost da AirFrance e da KLM) têm vindo a aumentar as suas operações em Portugal, comendo paulatinamente o tráfego ao buraco financeiro chamado TAP, e ainda por cima querem ir para o Montijo (não pedem, nem mais estudos, nem luxos!)

BTW quando é que correm com os esqueletos e fardas coçadas de Figo Maduro para Sintra?


Governo quer vender a TAP, ANA, Águas de Portugal, e o Relvas, presumo, aos espanhóis da SACYR adoçando a mensagem através da SOMAGUE, vigária da SACYR em Portugal. 
Somague interessada na Águas de Portugal, TAP e ANA
A Somague está interessada em comprar a Águas de Portugal. Também a transportadora aérea TAP e a gestora dos aeroportos portugueses ANA estão a ser analisadas pela unidade portuguesa da Sacyr Vallehermoso, de acordo com o "Valor Económico"— Jornal de Negócios, 18 julho 2012.
Que eu saiba, a SOMAGUE foi vendida e faz parte do grupo espanhol SACYR desde a trapalhada do 11 de Setembro e das aventuras da construção do novo estádio do Benfica. É caso para dizer que os nossos piratas não querem ligar Lisboa a Madrid de comboio, mas querem vender os dedos aos espanhóis da SACYR que sabe-se lá como estará daqui a um ou dois anos.... Na volta, do que a SACYR precisa é de colaterais sólidos, mas à borla, para continuar a esconder os seus buracos, que devem ser medonhos! Que diz o Álvaro a isto? E Portugal ???


Nada que a Blogosfera não tenha previsto :(
Governo adia "roadshow" de privatização da TAP e da ANA
O “roadshow” da privatização da TAP e da ANA chegou a ter o arranque previsto para esta quinta-feira, dia 19, mas acabou por ser adiado por indisponibilidade de agenda do ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira — Jornal de Negócios, 18 julho 2012.
A dívida real acumulada da TAP deve superar os TRÊS MIL MILHÕES DE EUROS, e os compromissos assumidos para compra de 12 novas aeronaves (Airbus A350) superam igualmente os TRÊS MIL MILHÕES DE EUROS. Ora 3+3=6, ou seja, tudo aquilo que o Gasparinho previra obter em receitas de privatizações!

Como se escreveu, nenhum lunático vai comprar as dívidas da TAP, nem sequer boa parte dos leasings da sua desajustada frota de aviões, nem os excesso de pessoal, nem o serviço aéreo entre ilhas nos Açores e na Madeira, sem esclarecimentos muitos precisos no célebre Caderno de Encargos que ainda não existe!

Aquilo que pode legitimamente interessar um comprador potencial são o pessoal altamente especializado (pilotos e técnicos de manutenção), as rotas e os slots disponíveis na Portela e no aeroporto Sá Carneiro — nada mais!

Ora para aqui chegarmos é preciso fazer um spin-off com cabeça do sobre endividado grupo — como repetidamente se escreveu— antes de privatizar.

O estratagema persistentemente prosseguido do 3 em 1 (compre a TAP e leve a Alta de Lisboa, a ANA e um Aeroporto Novo no bolso) era idiota, corrupto, e sobretudo faliu.

E agora? Bom agora, o tempo deste governo, sobretudo depois da escandalosa cobertura dada pelo PM ao doutor instantâneo Relvas, começou uma contagem decrescente que acabará em novas eleições antecipadas, ou numa coligação alargada ao PS, obviamente com um novo PM do... CDS/PP ;)

PS: entretanto, BES, Crédit Suisse e Barclays procuram desesperadamente evitar a máquina zero!

Última atualização: 21 julho 2012 17:53

quarta-feira, julho 11, 2012

TAP desesperada

Pluna, companhia uruguaia de aviação sucumbe e deixa passageiros em terra.


O anunciado road show não é para vender a TAP!

Por enquanto, é para vender as dívidas que a TAP acumulou e continuam por liquidar, nomeadamente, junto do BES e do Credit Suisse. O banco português está envolvido no leasing de alguns dos aviões operados pela companhia, e o Credit Suisse tem dívidas por cobrar pendentes desde o fiasco da entrada da ex-Swissair, entretanto falida e encerrada, na TAP (1). 

Ou seja, é a pressão dos credores que empurra o governo, especialmente depois de se saber que os 100 mil milhões prometidos à Espanha não são nem favas contadas, nem chegarão tão cedo. Por outro lado, nos tempos que correm nada parece mais volátil do que o negócio dos aeroportos que são especulações imobiliárias falhadas (Beja, Ciudad Real, etc.), ou do que o próprio transporte aéreo, sobretudo envolvendo países e empresas insolventes (recuo do governo espanhol na privatização da ANA espanhola, a AENA, colapso da Pluna, etc.)

A Pluna, companhia aérea de bandeira do Uruguai desde 1937, acaba de falir de forma caótica, deixando os passageiros especados nas pistas e aeroportos, ao mesmo tempo que se anuncia o leilão dos aviões Bombardier recentemente adquiridos, para pagar dívidas :(

Quem tem o destino da TAP nas mãos que medite bem neste triste fim, pois pode muito bem vir a ser aquele que os piratas que a dirigiram na última década inadvertidamente acabaram por reservar, com as suas aventuras, à companhia de bandeira portuguesa fundada em 1945, oito anos depois da Pluna. Quiseram os ditos piratas subordinar a TAP à especulação com os terrenos da Portela e à construção de um novo aeroporto na Ota, sob o pretexto da saturação incessantemente fabricada da Portela. O resultado foi trágico: nunca a TAP esteve tão perto de sofrer o mesmo destino da Swissair, da Alitalia e da Pluna!

A TAP tem um passivo acumulado na ordem dos três mil milhões de euros, compromissos de compra de novos aviões na ordem de outros tantos três mil milhões, e um futuro de prejuízos operacionais pela frente, em grande medida causado pela estratégia aventureira e em última análise suicida da administração presidida por Fernando Pinto, mas de que foi cúmplice acéfalo, ou comprometido e interessado (há que averiguar!), o anterior governo "socialista".

Como aqui se escreveu, os passeios turísticos do presidente da república e do ministro Portas tentando vender a TAP a asiáticos e latino-americanos, quando nem sequer havia caderno de encargos e, por outro lado, se sabia que a maioria do capital social de companhias aéreas como a TAP está reservada aos europeus, só pode ter um significado: não andaram a tentar vender a empresa, mas sim as suas dívidas, em nome de um putativo futuro radioso. Só que, como todos sabemos, futuros e derivados são produtos tóxicos que ninguém quer.

E agora?

A viagem de Álvaro Santos Pereira será certamente uma última e desesperada tentativa de encontrar um comprador generoso para a dívida colossal da TAP. BES e Credit Suisse exigem-no, pois têm as cordas da desalavancagem a apertar-lhes os pescoços, e por outro lado, como aqui se repetiu uma e outra vez, nenhum maluco estará disponível para comprar um monte de vendavais que ainda por cima só dá prejuízos. Primeiro, há que embrulhar muito bem o buraco financeiro da TAP num desses veículos da farsa especulativa em curso fabricados pelo chamado shadow banking, garantindo assim que, em última instância, a dívida soberana portuguesa garantirá os contratos. Depois de limpa a empresa dos passivos horrorosos, então sim, pode procurar-se um noivo para casar.

No entanto, que garantias pode um estado soberano enterrado em dívidas até às orelhas oferecer? Este é o cabo quase intransponível do imbróglio chamado TAP.

A ANA, ao início da madrugada de hoje (11 de julho, 00:01), veio opinar (opinar, a ANA?!) sobre o Montijo, mas sobretudo vender a ideia da conveniência de avançar para Alcochete. Ricardo Salgado disse exactamente o mesmo há uma ou duas semanas atrás. Este episódio de propaganda mostra uma vez mais até que ponto a corja que praticamente liquidou a TAP não aprende. Desde quando é que a ANA tem opinião?! A tradução desta pseudo notícia fabricada pelas agências de propaganda do BES e do gaúcho é esta: a quem levar a TAP ainda oferecemos de borla, a ANA e um novo aeroporto em Alcochete! É o mesmo três em um que Rebelo de Sousa há mais de um ano emprenhou pelos ouvidos e cantarolou nas tretas do Professor Marcelo.

Esperemos que a McKinsey, a Deloitte e o ministro da economia encontrem as pessoas certas na Alemanha. O Passos que não largue a tia Merkel. Não podemos contar, nem com Paris, nem com Londres, nem muito menos com Madrid.

Esperemos que a magia destes mosqueteiros chegue para transformar o peso da dívida numa miragem de prosperidade!

Esperemos que, depois de conseguido este dificílimo objetivo, procedam a um spin off certeiro da TAP, que a torne finalmente atrativa aos olhos de uma... Lufthansa.

Aviso: prometer um novo aeroporto em Alcochete como contrapartida para engolir uma dívida de três mil milhões de euros é prometer um embuste, pois nada substituirá a rentabilidade certa da solução Portela+Montijo nos próximos dez ou vinte anos. E depois desta data, ninguém sabe como vai ser o mundo!

POST SCRIPTUM — o inexplicável e sucessivo atraso da inauguração da nova estação de metropolitano do aeroporto só pode ter um significado: evitar a percepção pública, e dos putativos interessados num novo aeroporto, na Ota ou em Alcochete, com fecho concomitante da Portela, da utilidade e dos benefícios de manter o aeroporto da Portela em pleno funcionamento.


NOTA
  1. João Cravinho, em vez de responder em comissão de inquérito pelo desastre da TAP, dedica-se agora a comentar o país como se fosse um mero espectador. A gente da aviação tem, no entanto, sobre este ex-ministro do PS, uma opinião claríssima: 
"João Cravinho, o mesmo que praticamente arruinou a TAP. Foi ele o responsável pela triste e criminosa negociata com a defunta Swissair. Só quem estava na TAP pode assistir aos meses terríveis que a companhia passou a partir do momento em que o Qualiflyer começou a tomar conta do sistema de reservas da TAP. Foram milhões de prejuízo. Foram meses a fio em que os aviões andavam praticamente vazios... com o sistema de reservas das agências de viagens a indicar aviões... sem disponibilidade de lugares. Foi o saque. Recordo-me de voos RIO>LIS em que os aviões vinham com 30 ou 40 pax na económica (e com a executiva vazia), e os aviões da Swissair completamente cheios obrigando os pax a fazer escala em Zurique. João Cravinho devia responder em tribunal pelo facto de ter sido ele o responsável pelo quase encerramento (catastrófico da TAP). Muitos desses milhões fazem hoje parte do enorme passivo que a empresa carrega às costas. O prejuízo causado pelo 11 de Setembro foi uma "brincadeira de crianças" (parafraseando o nosso "amigo" Sócrates) comparado com a catástrofe originada pelo "negócio" com a Swissair. João Cravinho, o mesmo que usava a TAP para fazer as suas inaugurações espalhafatosas. Eu fui testemunha, e já aqui escrevi antes num outro thread, de um lamentável episódio, em que ele "obrigou" a TAP a fazer um "pequeno" desvio de um voo Lisboa-Terceira para poder largar a sua excelência em Sta. Maria. Ordens vieram de "cima". O Comandante de serviço não é tido nem achado... obedece. Os passageiros reclamam e cria-se um terrível ambiente a bordo. Na altura do desembarque ouviram-se muitos assobios. Quem pagou esta brincadeira? Obviamente o passivo da TAP. A história tem memória curta. Não me admirava que daqui a uns tempos também tenhamos o engenheiro relativo Sócrates a atirar uns baldes em relação às PPPs, SCUTs, TGVs, Novas Oportunidades, etc." 
in Red 5, abril, 2010, Fórum Aviação Portugal.

Última atualização: 11 julho 13:01

segunda-feira, junho 25, 2012

Adeus TAP :(

Acabaram-se os balões do gaúcho. Agora é só pedir-lhe contas!

Por muito que me custe anunciar, a TAP morreu

A TAP foi gerida por piratas (nomeadamente do outro lado do Atlântico) ao longo de muitos anos. Serviu para tudo menos para se adaptar aos turbulentos tempos da globalização aérea, do fim do petróleo barato, e da União Europeia. Os principais responsáveis deste desastre anunciado, porém, são os cagarros indígenas da Assembleia da República, ou seja, todos os partidos políticos a quem tão bem soube as centenas de milhar de horas de voo à borla do buraco financeiro que a empresa pública agora tem, na ordem dos três mil milhões de euros, mas que só conheceremos inteiramente quando fizerem as continhas todas.

Resumindo:
  • A maioria do capital da TAP não pode ser vendido a nenhuma empresa não europeia, aliás, não comunitária, donde a inutilidade do Carnaval montado pelo gaúcho y sus muchachos em torno dos famigerados candidatos brasileiros, chilenos, colombianos, árabes e singapurenses.
  • Na Europa atribulada de hoje só vejo uma empresa eventualmente disposta a colher o despojos, isto é, as rotas, os slots, os pilotos, os engenheiros e técnicos de manutenção e os doze novos A350 XWB e os oito novos A320 (1) encomendados à Airbus em 2007 e com entrega prevista à insolvente TAP a partir de 2013: a empresa alemã Lufhtansa.
  • A barragem de propaganda montada pelas agências de comunicação que tem inundado de quimeras a nossa indigente imprensa já não serve para nada, e espero bem que sofra a mais do que merecida máquina zero em sede de cobrança de honorários (certamente escandalosos).
  • Em minha opinião, o CA da empresa agiu de forma dolosa e contra os interesses da TAP e do país, e como tal deve ser objeto de um inquérito rigoroso, e os eventuais responsáveis exemplarmente punidos.
  • Os sindicatos afetos ao mais do que excedentário pessoal da companhia perderam, por sua vez, uma boa oportunidade para contribuir de forma inteligente e construtiva para o spin off (tantas vezes aqui proposto) que teria eventualmente salvo a TAP de uma falência desordenada, como a que está em curso.
  • Como é possível que no grupo de consultores financeiros para a privatização da TAP estejam lá os representantes do problema (2), e não das soluções possíveis?
  • Finalmente, uma grande dor de cabeça para este governo: se quiser privatizar a TAP terá que desembolsar os tais 3.000.000.000€ antes de vender o grupo, pois nenhum idiota, nesta altura do campeonato mundial da Grande Depressão, irá comprar uma dívida destas a troco das virgens que estão no Céu; por outro lado, se o governo tapa o buraco, ou não vende a companhia, que vem a dar contabilisticamente no mesmo, lá se vai, também por este lado, o controlo do défice de 2012 e de 2013.

Sophie Howard gostava muito de ser hospedeira de Primeira Classe. Será que, com imaginação, ainda se poderá salvar a TAP?
 
Fénix TAP?

O tempo da reestruturação, ou da preparação inteligente da TAP para uma privatização virtuosa, já passou, e não volta atrás, por culpa de todos, mas mais de alguns do que de outros. É notória a tentativa persistente de empurrar o desastre para o colo do Álvaro e do Gasparinho. Eu se fosse PM entalava sem remorsos os piratas que destruiram a empresa e combinava com a tia Merkel uma saída airosa para este furúnculo cheio de pus. Deixa-se a empresa morrer de morte súbita (por um qualquer incumprimento financeiro), e depois permite-se que a ave renasça no dia seguinte, pura e leve como uma passarinha!

Uma saída suíça para a TAP? Claro! 

O governo pode e deve dar corda ao gaúcho, até que o incumprimento ocorra. Nesse momento crucial, intervém, obriga o CA da TAP a declarar falência e move-lhe de imediato um grande inquérito. Uma comissão administrativa de emergência toma então conta da ocorrência e das operações até que uma nova TAP nasça notarialmente, limpa de boa parte dos compromissos, com um preço para o Estado, naturalmente, mas salvando-se, pelo menos em parte, a honra da companhia.

Vendendo a maioria da empresa à Lufhtansa, mantendo embora uma pequena percentagem de capital público lusitano em mãos, por exemplo, da Caixa Geral de Depósitos (para isso serve a tia Merkel), o processo de concentração industrial e financeira da União Europeia daria um passo certo, na direção certa e sem grandes traumas. O governo pagaria um preço, repito, mas sairia vencedor daquele que é certamente o seu maior desafio até ao fim deste ano e início do próximo.

Deixem a ANA em paz

Quanto à ANA, por favor, Pedro Passos Coelho, Álvaro Santos Pereira e Vítor Gaspar, não misturem alhos com bugalhos! Deixem o processo de privatização da gestora aeroportuária seguir o seu caminho autonomamente. Se houver comprador, excelente. Se não houver, melhor ainda, pois são receitas certas para o Estado, pagas a tempo e horas pela Ryanair, easyJet, Emirates Airlines... e TAP-Lufhtansa :)

Metro do Aeroporto

E por fim, no próximo mês de julho (deste ano!) não se esqueçam de inaugurar a estação de Metro do Aeroporto e de puxar as orelhas até sangrar aos gestores daquela coisa — o Metro de Lisboa.


POST SCRIPTUM

Conversa fiada: “Sérgio Monteiro: Reuniões para privatizações da TAP e da ANA decorrem a ‘grande ritmo’” (Negócios online).


ÚLTIMA HORA

Controladores de tráfego áereo provocam o caos com ou sem greve. Jornal de Negócios on-line, 28 Junho 2012 | 00:01

Os controladores de tráfego, desde o pré-aviso de greve, já causaram o caos em vários sectores de actividade, como confirmou o Negócios junto de vários intervenientes. À hora de fecho ainda não se sabia se os trabalhadores da NAV – Empresa Pública de Navegação Aérea de Portugal iriam ou não desconvocar a greve que está prevista arrancar amanhã. Mas haja ou não paralisação, certo é que há perdas irrecuperáveis: viagens canceladas, concertos alterados, voos parados. "Esta greve está a ser arrasadora para o sector do turismo, está a ser um caos", defendeu ao Negócios Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo. 

Alguém anda à procura de justificações para a insolvência pirata da TAP!

O governo só tem que fazer uma coisa: anunciar previamente a requisição civil (e militar se for preciso) de todos os funcionários públicos e/ou trabalhadores de empresas públicas que decidam avançar para greves que prejudiquem gravemente as populações e o país. É tempo deste governo preparar um back-up de segurança do sistema....

Ou será que os cagarros da Assembleia da República pretendem que os seus generosos vencimentos passem a ser pagos exclusivamente com as remessas dos cidadãos portugueses que alienaram para a emigração? É que a torneira dos impostos alemães fechou!

Álvaro Santos Pereira disse hoje ter recebido sinais de “interesse verdadeiro, real e importante” nas privatizações da TAP e ANA. Económico, 27/06/12 16:24

“Nestas coisas, o segredo é sempre a alma do negócio. Existe um interesse verdadeiro, real e importante nas duas [TAP e ANA]. Faz todo o sentido ter um ‘hub’ em Portugal porque a TAP tem mais de 70 voos para o Brasil, mais de 70 voos para África e é importante estimular este ‘hub’ da Lusofonia porque a TAP, como empresa bandeira do país, tem uma valência muito grande ao nível das companhias de aviação internacionais”, disse hoje o ministro da Economia numa entrevista à agência Reuters.
Eu creio que o ASP está a fazer bluff — e se estiver, será a morte política deste artista!

Além do mais não percebo como se pode vender a uma mesma empresa (pelos vistos, chamada Alma do Negócio ;) uma companhia aérea e um monopólio público aeroportuário. Que faria às companhias concorrentes o monopólio ANA, se passasse a ser um monopólio privado associado a uma futura TAP privada? No mínimo, abusariam da sua posição dominante. Ora não vejo como é que Bruxelas poderia alguma vez autorizar semelhante pessegada :(

Por fim, não percebo o que quer ASP dizer quando fala em manter a TAP como uma “empresa de bandeira”. Pode explicar-se, por favor, ou também é segredo?

Santos Pereira: Governo está a "desenhar" o caderno de encargos para privatização da ANA. Jornal de Negócios online /LUSA 26 Junho 2012 | 19:27 
Álvaro Santos Pereira fez saber ao fim da tarde de hoje que está a "desenhar" o caderno de encargos da privatização da ANA. Leu certamente esta humilde crónica. Ainda bem! Concluo duas coisas: a rentável ANA deixou de ser o pau de cabeleira da insolvente TAP, e enquanto o governo desenha e não desenha o caderno de encargos, o assunto TAP terá que ser despachado, seja como for. E eu insisto: não percam mais tempo, conversem com a Lufthansa sem intermediários, dispostos a negociar a sério, afastando liminarmente das negociações quem até agora andou a sabotar o processo. O gaúcho tem uma fisgada: levar um ou dois ministros deste governo ao charco. E olhem, meus caros Álvaro e Gaspar, o homem que foi desde o início contratado expressamente para privatizar a TAP tem uma procissão de ajudantes atrás de si, a salivar e de cu pró ar!

Ministro da Economia equaciona combater greves na aviação com requisição civil. Jornal de Negócios on-line, 27 jun 2012 09:47

O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, está a pensar em recorrer à requisição civil para combater os previsíveis prejuízos das novas paralisações anunciadas pela NAV e o Sindicato de Pilotos de Aviação Civil (SPAC).

A nenhum setor estratégico e/ou público deve ser tolerado o direito à greve enquanto durar a aplicação do Programa assinado pela maioria esmagadora da representação política portuguesa com a Troika. Tão simples quanto isto!

É uma suspensão da democracia? É. Temporária, mas é.

Há, porém, outras formas de diálogo e de luta democráticos que os trabalhadores e sindicatos podem desenvolver sem prejudicar ostensivamente a economia, a diplomacia e quem trabalha. O caso das greves no setor dos transportes, seja de pessoas, seja de mercadorias, dos barcos aos aviões, passando pelo comboios e autocarros, é um escândalo e a prova de que o Partido Comunista continua preso na caverna do Estalinismo e da Guerra Fria.

Além do mais, quer-me parecer que a greve anunciada dos pilotos da TAP é mais um conluio espúrio entre os mais bem pagos da empresa —mais bem pagos, aliás, do que a maioria dos seus colegas administradores e pilotos por esse mundo fora... Também me quer parecer que o CEO da TAP não pára de conspirar contra a tutela e contra este governo. O PM que não acorde a tempo, e ainda voltará a ler este post muitas vezes :(


NOTAS
  1. Ao que parece, esta parte da encomenda caiu. 
  2. Vox globuli:  "O caso do consultor BES é gritante. Foi o BES (certamente com a assessoria do seu empregado de topo e então ministro Pinho) que impingiu a PGA à TAP por 144 milhões de euros, quando a TAP já só acumulava prejuízos! Imagina-se, pois, o condicionamento que o tal Caderno de Encargos da privatização da TAP deverá sofrer sempre que o consultor BES abrir a boca, ora para reclamar algum pagamento em atraso da ex-PGA, ora para assegurar a próxima renda que o leasing dos 12 A350 irão custar a quem ficar com a empresa. Imagine-se, por um momento, que aparece finalmente um candidato para a compra de 50,1% da TAP, mas que tem uma preferência especial pelos Boeing 787 Dreamliner. Que sucederia? Duvido, em suma, por mais esta obscuridade e trapalhada, que algum europeu no seu juízo perfeito compre a maioria da TAP tendo para tal que assumir três pontes Vasco da Gama de prejuízos acumulados e uma encomenda no valor de outras tantas 3 pontes Vasco da Gama para pagar os 12 neo Airbus A350 XWA.

Última atualização: 27 jun 2012 23:58