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quarta-feira, outubro 29, 2014

TTIP: Bloco interpela Passos sobre acordo comercial UE-EUA

 

O senhor Pingo Doce deveria estudar bem este acordo antes de atacar os chineses!


A Catarina deveria dirigir a pergunta, antes de mais, ao 'socialista' Vital Moreira, que tanto entusiasmo nutre pela famosa parceria, mais conhecida por TTIP, que os americanos querem impor à Europa a toda a pressa. Já agora, que pensa o vazio Costa deste assunto? Não convoque outra comissão de sapientes economistas, por favor, porque eles ainda nem sequer ouviram falar disto!

Esta negociata obscura contém cláusulas secretas que só serão do conhecimento público 30 anos depois de assinada, se for assinado como está, aquele que parece ser um gigantesco embuste montado pelos grandes piratas da finança e da indústria americana e europeia contra as pequenas nações e contra tudo o que não sejam empresas globais. Entendeu, senhor Soares dos Santos?

Tempo, em suma, para discutir mais uma tentativa de transformar o mundo numa nova era de senhores feudais e servos da gleba. A fase atual é, como se sabe, a da destruição, pura e simples, das classes médias — com a colaboração oportunista e corrompida das elites burocráticas e partidocráticas sustentadas pelos novos senhores. Estas elites, que fazem cada vez mais parte dos 0,1% da camada mais rica das declinantes democracias ocidentais, têm que merecer o dinheiro que ganham e dão a ganhar aos clubes a que pertencem. E não estou a escrever sobre futebol!

Bloco interpela Passos sobre acordo comercial UE-EUA - PÚBLICO

Bruno Maçães, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, subscreveu, com outros 13 governantes europeus, uma carta pedindo à Comissão Europeia que encare como “obrigatória” a inclusão de uma cláusula na futura Parceria Transatlântica para o Comércio e Investimento (TTIP, na sigla inglesa). Essa cláusula, como o PÚBLICO revelou na sua edição de ontem, é polémica.

Por isso, Catarina Martins, deputada do BE, enviou ao primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, uma pergunta: “Configura a iniciativa do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, apoiando a inclusão de mecanismos de arbitragem jurídica fora dos tribunais europeus no âmbito do TTIP, a posição oficial do Estado português?”

O TTIP visa eliminar barreiras alfandegárias e outras, abrindo os mercados europeu e norte-americano às empresas dos dois lados do Atlântico. A cláusula que está no centro do debate é a que remete os eventuais conflitos jurídicos entre as empresas e os Estados para um mecanismo arbitral, privado, o ISDS, que significa “investor-state dispute settlement”, ou seja, arbitragem Estado-investidor.

Bruno Maçães pronunciou-se na carta e em declarações ao PÚBLICO a favor da cláusula. “Para Portugal, a questão crucial é eliminar a nossa desvantagem competitiva na área do investimento”, adiantou o secretário de Estado. “Só três Estados-membros da UE não têm qualquer acordo de protecção de investimento com os Estados Unidos. Portugal é um deles. É, por isso, uma questão de mercado interno e de criação de condições iguais para todos”, prosseguiu Bruno Maçães.

No entanto, a introdução no acordo de um mecanismo ISDS causa preocupações em vários sectores europeus. “No acordo de parceria que, eventualmente, a minha comissão venha a submeter a esta casa para aprovação, não haverá nada que limite as partes no acesso aos tribunais nacionais, ou que permita a tribunais secretos terem a última palavra nas disputas entre investidores e Estados”, prometeu Jean-Claude Juncker, na sua audição no Parlamento Europeu, como sucessor indigitado de Durão Barroso.


Plataforma Não ao TTIP reage ao artigo "Portugal: o caminho mais curto entre os EUA e a Europa" (deputada Francisca Almeida)
Expresso. 11:22 Quarta feira, 29 de outubro de 2014

A Plataforma nao-ao-ttip responde a um artigo da deputada Francisca
Almeida (PSD), publicado no blogue O Lado A do Lado B, a 19 de outubro,
no Expresso online.

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Cuando descubras que eres contrario al TTIP puede ser tarde
El socialismo es republicano. Ana Barba
Publico, 24 octubre 2014

Mi frutero cree que es de derechas. Piensa que si vienen los de izquierdas, le quitarán la frutería. Abre los ojos como platos cuando le digo que soy muy de izquierdas, no da crédito, una señora que parece tan de buena familia.

La dueña de la farmacia de la esquina es de derechas. Está al borde de la quiebra, pero cree a pies juntillas que la culpa es de la herencia recibida y de los de izquierdas, que no dejan al Gobierno hacer lo que debe.

Mi amigo Pepe, dueño de una pequeña granja en la sierra, se declara votante alterno del PP y el PSOE, pues no tiene claro quien le dará respuesta a su lenta agonía financiera.

Mi amiga Clara es funcionaria de la Administración. Se cree a salvo de la marejada de la crisis. Nunca tiene claro a quién votar, no le interesa la política. Ella cumple con su trabajo y no quiere saber nada más.

Pues bien, está a punto de empezar una nueva era para ellos, pero no lo saben. No pueden saberlo porque es un acuerdo prácticamente secreto. Les aviso y me creen trastornada. No tengo una bola de cristal, pero veo muy claro su futuro.

En los próximos meses, cuando entre en vigor el Tratado de Libre Comercio entre EEUU y la UE (TTIP), algo que ninguno de ellos conoce, su pequeño universo se transformará:

La libertad de comercialización de los productos americanos hará proliferar nuevos supermercados, llenos de envoltorios de colorines y precios de risa. Los trabajadores precarios, que son mayoría, sólo podrán comprar a esos precios, su sueldo no dará para más. Los pequeños comercios de proximidad irán cerrando poco a poco y nuestro frutero acabará de reponedor, por 500€ al mes, en un “walt-mart”, descubriendo que la fruta que venden allí es una porquería y que él, para asombro general, es de izquierdas pero no lo sabía. Se hará activista de un grupo off-line, ya que las nuevas normas sobre datos de usuarios de internet los pondrían al descubierto si usaran las RRSS.
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Total War over the Petrodollar | Casey Research

Se os Estados Unidos fossem a nova Arábia Saudita não andariam preocupados com o petróleo dos outros


Não é, Prof. António Costa e Silva?

The conspiracy theories surrounding the death of Total SA’s chief executive, Christophe de Margerie, started the second the news broke of his death. Under mysterious circumstances in Moscow, his private jet collided with a snowplow just after midnight. De Margerie was the CEO of Total, France’s largest oil company.

He’d just attended a private meeting with Russian Prime Minister Medvedev, at a time when the West’s relationship with Russia is fraught, to say the least.


Total War over the Petrodollar | Casey Research: snow plow

India and Israel to supply meat and dairy to Russia

AFP Photo / Sajjad Hussain
AFP Photo / Sajjad Hussain

Os portugueses têm que brincar às sanções contra a Rússia, a mando dos idiotas de Washington, mas Israel não!

Four Indian food suppliers have been given access to Russian markets, and Israeli meat and dairy products are expected on Russian shelves as early as in the end of 2014.

India and Israel to supply meat and dairy to Russia — RT Business

sábado, outubro 25, 2014

Putin fez hoje um sério aviso à navegação mundial

Tordesilhas 2.0


Rússia e China preparam-se para guerra paulatinamente arquitetada pelos EUA em nome da hegemonia perdida

Financial Times, 24-10-2014
Putin unleashes fury at US ‘follies’

Russian president Vladimir Putin on Friday accused the US of undermining the post-Cold War world order, warning that without efforts to establish a new system of global governance the world could collapse into anarchy and chaos.

In one of his most anti-US speeches in 15 years as Russia’s most powerful politician, Mr Putin insisted allegations that its annexation of Crimea showed that it was trying to rebuild the Soviet empire were “groundless”. Russia had no intention of encroaching on the sovereignty of its neighbours, he insisted.

The Daily Beast, 28-04-2014
New U.S. Stealth Jet Can’t Hide From Russian Radar
America’s gazillion-dollar Joint Strike Fighter is supposed to go virtually unseen when flying over enemy turf. But that’s not how things are working out.

The F-35 Joint Strike Fighter—the jet that the Pentagon is counting on to be the stealthy future of its tactical aircraft—is having all sorts of shortcomings. But the most serious may be that the JSF is not, in fact, stealthy in the eyes of a growing number of Russian and Chinese radars. Nor is it particularly good at jamming enemy radar. Which means the Defense Department is committing hundreds of billions of dollars to a fighter that will need the help of specialized jamming aircraft that protect non-stealthy—“radar-shiny,” as some insiders call them—aircraft today.

A Rússia está de volta, recomenda-se e afirma que o Big Brother americano é um fator de risco para a paz mundial... e que o dólar americano já era. O sistema de segurança global está minado assegura Putin (TASS). Será que os alemães ouviram a mensagem, ou querem levar mais uma tareia, desta vez por andarem de cócoras e ao serviço dos falcões e piratas financeiros de Washington e Londres?

Bem fez Passos Coelho em exigir hoje em Bruxelas maior autonomia energética na Europa e o fim do bloqueio energético dos 'socialistas' franceses à ferrovia e capacidade de exportação energética da Ibéria.

A propósito, que diz o pascácio 'socialista' sobre isto? Vai convocar mais uma comissão de sábios indígenas para entreter o seu vazio de ideias e esconder o desempenho de uma agenda que não controla, mal conhece e lhe é servida a conta gotas por quem o colocou na posição em que está?

Portugal vai ser palco de uma disputa entre os Estados Unidos e a China, por causa do Atlântico e por causa da sua posição estratégica, nomeadamente em matéria de energia e transportes, face à Europa transibérica. Curiosamente os ditos 'socialstas' já estão no bolso de Washington.

Madrid também não augura nada de fiável em matéria de lucidez estratégica.

Quer queiramos quer não a atual aliança governativa é a que mais convém à nova neutralidade de que Portugal precisa para poder ter um papel diplomático na nova bipolariação geoestratégica que já está a caminho. Vai haver inevitavelmente um Tordesilhas 2.0. Resta saber se sem, ou com uma proliferação bélica estremamente perigosa provocada pela estratégia americana no mundo.

E os patriotas do PCP que pensam sobre isto?




POST SCRIPTUM

EUA ou China-Rússia?

Equidistância e neutralidade ativa (apesar de sermos membro fundador da NATO e de fazermos naturalmente parte desta aliança atlântica) é a posição que melhor serve os nossos interesses. Portugal deve posicionar-se como uma pequena mas importante Suíça diplomática, invocando as suas longas e pacíficas relações com o mundo. Devemos defender a paz entre as religiões do Livro.

Por outro lado, garantir os direitos territoriais na Plataforma Continental de Portugal, também conhecida por Mar Português, é a prioridade estratégica mais relevante que temos pela frente. Nisto a Rússia, a Dinamarca, o Canadá e os EUA são naturalmente nossos aliados. Nenhuma cedência a Madrid nesta matéria! Apesar do anedotário em volta do negócio dos submarinos, a verdade é que a sua compra foi uma decisão estratégica absolutamente certeira. A vigilância-defesa do Mar Português (radares, submarinos, corvetas, lanchas rápidas, forças especiais de intervenção e aviação dedicada) é uma prioridade absoluta, que tem que ser garantida sem hesitações nem carnavais partidários pelo meio, nem que tenhamos que reduzir a Assembleia da República a oitenta deputados, o número de municípios para menos de metade, retirar o estado das áreas educativas superiores não prioritárias (e são muitas), e colocar os deputados, mais 2/3 da população a usarem regularmente os transportes coletivos urbanos, suburbanos e interurbanos.

Devemos apostar na Diplomacia, mas sendo tão firmes quanto Salazar foi.

Temos que manter e fortalecer a aliança com a Inglaterra, estabelecida em 1386 pelo Tratado de Windsor. O centro do mundo continua a ser a Europa, ou melhor, a Eurásia, o resto são ex-colónias destinadas a implodir, mais século, menos século. Não aprenderam nada. Nunca morreram. Nunca ressuscitaram!

quinta-feira, junho 19, 2014

Guerra do dólar contra o euro continua



Uma Operação Especial chamada Ucrânia pode virar o euro, o renminbi, e até o dólar australiano e a libra contra o dólar, em nome do fim da beligerância contínua dos Estados Unidos


A América prepara-se para desvalorizar unilateralmente as montanhas de dívida que vendeu por esse mundo fora... e que não poderá pagar sem recorrer a uma austeridade tal que ameaçaria a estabilidade institucional e a própria unidade do país. A partir de aqui podemos ler quase todo o atrito militar e o horror provocado em milhões de pessoas na Sìria, na Ucrânia, no Iraque, e várias zonas de África, pela agressividade persistente e criminosa da decadente América.

A dívida total americana, pública e privada, aproxima-se já do próprio PIB mundial corrigido da depreciação do capital: uns sessenta biliões de dólares!

PS: Recebi este comentário que comento em seguida:
A Divida [pública] americana são 17 biliões de USD, com intenção de chegar rapidamente aos 20 biliões de USD. Os Americanos já fizeram as contas e só vão pagar metade, através da emissão contínua de papel. Contudo a dívida americana é de longe a mais segura do Mundo. Essa seguranca é-lhe conferida pela cinco esquadras americanas, pelos seus mísseis, e por todos aqueles que ponham em crédito essa divida. O facto da divida americana se aproximar do PIB do Mundo apenas diz que a massa monetaria em circulação está mal ajustada à riqueza mundial produzida. Ou seja, que a própria divida é parte da moeda em circulação.

Ou seja, os EUA estão a reestruturar a sua dívida à conta de todos os credores nacionais e mundiais. As perguntas pertinentes são estas: 1) e se todos os outros devedores (Argentina, etc.) fizerem o mesmo? 2) até onde chegarão os EUA neste procedimento de desvalorização seletiva do dólar (ou seja, perde quem tem dívida americana no balanço)? É que armas nucleares, temos todos!

An anti-dollar coalition would be the first step for the creation of an anti-war coalition that can help stop the US' aggression.
Putin Advisor Proposes "Anti-Dollar Alliance" To Halt US Aggression Abroad
Submitted by Tyler Durden on 06/18/2014 10:41 -0400 - ZeroHedge

It has been a while since both Ukraine, and the ongoing Russian response to western sanctions (which set off the great Eurasian axis in motion, pushing China and Russia close together, and accelerating the "Holy Grail" gas deal between the two countries) have made headlines.

[...]

...while the great US spin and distraction machine is focused elsewhere, Russia is already preparing for the next steps. Which brings us to Putin advisor Sergey Glazyev, the same person who in early March was the first to suggest Russia dump US bonds and abandon the dollar in retaliation to US sanctions, a strategy which worked because even as the Kremlin has retained control over Crimea, western sanctions have magically halted (and not only that, but as the Russian central bank just reported, the country's 2014 current account surplus may be as high as $35 billion, up from $33 billion in 2013, and a far cry from some fabricated "$200+ billion" in Russian capital outflows which Mario Draghi was warning about recently). Glazyev was also the person instrumental in pushing the Kremlin to approach China and force the nat gas deal with Beijing which took place not necessarily at the most beneficial terms for Russia.

It is this same Glazyev who published an article in Russian Argumenty Nedeli, in which he outlined a plan for "undermining the economic strength of the US" in order to force Washington to stop the civil war in Ukraine. Glazyev believes that the only way of making the US give up its plans on starting a new cold war is to crash the dollar system.

As summarized by VoR, in his article, published by Argumenty Nedeli, Putin's economic aide and the mastermind behind the Eurasian Economic Union, argues that Washington is trying to provoke a Russian military intervention in Ukraine, using the junta in Kiev as bait. If fulfilled, the plan will give Washington a number of important benefits. Firstly, it will allow the US to introduce new sanctions against Russia, writing off Moscow's portfolio of US Treasury bills. More important is that a new wave of sanctions will create a situation in which Russian companies won't be able to service their debts to European banks.

According to Glazyev, the so-called "third phase" of sanctions against Russia will be a tremendous cost for the European Union. The total estimated losses will be higher than 1 trillion euros. Such losses will severely hurt the European economy, making the US the sole "safe haven" in the world. Harsh sanctions against Russia will also displace Gazprom from the European energy market, leaving it wide open for the much more expensive LNG from the US.

Co-opting European countries in a new arms race and military operations against Russia will increase American political influence in Europe and will help the US force the European Union to accept the American version of the Transatlantic Trade and Investment Partnership, a trade agreement that will basically transform the EU into a big economic colony of the US. Glazyev believes that igniting a new war in Europe will only bring benefits for America and only problems for the European Union. Washington has repeatedly used global and regional wars for the benefit of  the American economy and now the White House is trying to use the civil war in Ukraine as a pretext to repeat the old trick.

[...]

Unsurprisingly, Sergey Glazyev believes that the main role in the creation of such a political coalition is to be played by the European business community because America's attempts to ignite a war in Europe and a cold war against Russia are threatening the interests of big European business. Judging by the recent efforts to stop the sanctions against Russia, made by the German, French, Italian and Austrian business leaders, Putin's aide is right in his assessment. Somewhat surprisingly for Washington, the war for Ukraine may soon become the war for Europe's independence from the US and a war against the dollar.

Atualização: 19/6/2014 9:42 WET

segunda-feira, junho 02, 2014

Tordesilhas 2.0 — 2015 — regresso ao Atlântico

Não há nada de errado neste mapa!

A Alemanha já percebeu que a aliança estratégica entre a China e a Rússia significa uma nova divisão do mundo. Bem-vinda a Lisboa :)


O meridiano acordado com Castela no Tratado de Tordesilhas foi frequentemente ultrapassado pelos portugueses de então, e por isso houve que esconder os achados (como o da Austrália, entre outros) de nuestros hermanos.

Hoje, curiosamente, há um novo meridiano, na realidade um fractal, a ser desenhado entre a China-Rússia, de um lado, e a Europa Ocidental-América, do outro.

Basta unir as guerras e tensões no Iraque, Irão, Síria, Ucrânia, Egito, Líbano, Tunísia, Líbia, em África e agora no Mar da China, para percebermos que Lisboa volta a ser um capital atlântica crucial. E que uma via rápida ferroviária para pessoas e mercadorias entre Portugal, Espanha e o resto da Europa, começando desde logo pela ligação Lisboa-Madrid, é uma prioridade absoluta.

Basta olhar para o mapa do petróleo para percebermos por onde passam as linhas de fratura e as regiões em disputa. Não há nada de mais simples para percebermos as tensões e deslocações das placas tectónicas dos poderes regionais à escala planetária. De um lado, a Venezuela (detentora das maiores reservas planetárias de petróleo conhecidas) e o Canadá (terceiro na lista), do outro, a Arábia Saudita, o Irão e o Iraque, Kuwait, Líbia, etc., e que é a região em disputa entre Ocidente e Oriente. A Oriente, por sua vez, àparte a Rússia, as reservas são muito menores, a começar pela China, onde começaram a declinar no preciso momento em que se tornou a maior importadora de petróleo do planeta, e a Rússia a maior exportadora.

Portugal deve propor e patrocinar um Tratado Planetário da Energia, justo e equilibrado. Em nome da paz e em nome da sustentabilidade económica da humanidade. Somos suficientemente pequenos e antigos para o fazer.

Creio que os alemães já perceebram esta realidade súbita. Mas não demorem demasiado tempo a criar postos de trabalho produtivo em Portugal!

quarta-feira, abril 30, 2014

Sopa dos Pobres Fortalece a América!

O descaramento da Propaganda é inimitável

47,3 milhões de americanos na Sopa dos Pobres (em 2013)


Cerca de 15% dos americanos (47,3 milhões de pessoas) receberam em 2013 (1, 2) um cartão de plástico com autorização de gasto em alimentação e alguns outros produtos básicos, acessíveis apenas em algumas grandes cadeias de retalho, como a Wallmart, no valor médio de $133,08/mês. Esta Sopa dos Pobres assenta num sistema de dinheiro virtual criado pelo J P Morgan, o qual opera como um dos muitos contadores imparáveis da astronómica dívida pública americana (3).

Lá como cá —e cá, com a ajuda misericordiosa das irmãs 'socialistas'— a fome e a destruição da classe média são um excelente negócio para alguns.

Ver estes dados impressionantes em Food Stamp Nation. E ainda o vídeo American Dependency.



A completa decadência dos Estados Unidos pode ser ainda percebida através dos dados conhecidos sobre a sua população prisional, a qual, entre presos e condenados em diversos regimes de liberdade condicional, ultrapassa os sete milhões de pessoas:

The US currently [2009] incarcerates 743 people for every 100,000, compared to 800 per 100,000 at its peak under Stalin’s Soviet Union. At current rates of expansion, the United States will surpass the Soviet Union’s world record in 2018. SK
Cinco verdades de chumbo sobre as prisões americanas (4):
  1. por causa das suas prisões, os EUA são o único país do mundo onde há mais homens vítimas de violação sexual do que mulheres;
  2. há mais escravos negros na América contemporânea do que em 1850;
  3. a Solitária, largamente usada como castigo nas prisões americanas, é considerada internacionalmente uma forma de tortura;
  4. a comida servida nas prisões americanas é sub-humana;
  5. muitos prisioneiros são forçados a trabalhar para empresas privadas por preços inferiores aos mais baixos salários pagos na China.

NOTAS
  1. Supplemental Nutrition Assistance Program (Wikipedia)
  2. American Dependency: A Food Stamp Micro-Doc. A Lightning War for Liberty, Posted on September 21, 2013.
  3. AMERICA’S LIABILITIES, Zero Hedge (30/05/2014).
    The budget deficit for the latest fiscal year (which ended on September 30) was reported to be around $700 billion. However, this figure would be many times higher if the government’s unfunded entitlement programs were included. Even before taking into account liabilities stemming from the Affordable Care Act (ACA), which cannot even be calculated yet because so many of its assumptions are either erroneous or outright fabrications, and because many of its provisions keep getting delayed by the Administration for purposes of political advantage, the present value of the future obligations of the federal government is currently around $92 trillion. These obligations have been growing by over 10% per year since 2000, during which time nominal GDP has risen just 3.8% per year. At this rate, the federal government will owe an estimated $200 trillion on the entitlement programs by 2021 (again, excluding the effects of ACA) and $300 trillion by 2025.
  4. Five Stunning Facts About America's Prison System You Haven't Heard, Zero Hedge, 04/29/2014 22:35 -0400.
    Submitted by Sean Kerrigan via SeanKerrigan.com,
    We’ve done several exposés on the prison system in America, including The Prison System Runs Amok, Expands at Frightening Pace (Sept 6, 2012) and Selling the American Dream is the Biggest Market of All (Sept. 30, 2013), but there’s still much more to be said about this topic. America’s massive prison system is creating a long list of unintended consequences, some of which will effect all of us in the coming years. To help explain just how bad things have gotten, we’ve compiled this list of the most stunning facts and statistics on the America’s prison system today.

F-16 portugueses na resposta NATO à crise ucraniana

Quatro F-16 portugueses integrados na força de contenção NATO (Zero Hedge)

Já alguém informou os portugueses, ou será só depois das eleições?


Quatro F16 da FAP integrarão força NATO de “contenção” anti-russa no próximo mês de setembro, e até ao fim do ano. Os portugueses sabiam?

Presumivelmente este lote de quatro aviões de combate sairá da esquadrilha de seis F-16 mobilizados, desde 2011-2012, para a base NATO da Islândia. O senhor Passos de Coelho, o senhor Machete e o senhor Aguiar Branco talvez nos pudessem esclarecer.

Em nossa opinião a crise ucraniana é uma provocação americana, e é uma provocação muito perigosa. A União Soviética ruíu, e desde então os Estados Unidos procuraram, quer através de ofensivas financeiras, quer através das chamadas revoluções coloridas em vários dos países da antiga “cortina de ferro”, cercar a Rússia e reduzi-la a uma espécie de vegetal.

Como seria de esperar a Rússia acabaria por reagir, usando a sua principal arma tática: o petróleo (maior exportador mundial, à frente da Arábia Saudita) e o gás natural.

A Alemanha, demasiado ocupada em gerir a pocilga europeia, descurou a questão russa até ao dia em que esta interrompeu pela primeira vez, e por razões políticas, o fornecimento de gás ao centro da Europa.

A União Europeia, em vez de apoiar economicamente a Ucrânia, nomeadamente na questão energética, deixou que esta continuasse dependente dos favores de Moscovo.

A crise estalou e, enquanto os Estados Unidos prosseguiram o seu plano de desestabilização da zona, a Alemanha e o resto da União Europeia exibiram uma vez mais a sua fragilidade política e militar.

A Europa só pode ter a Rússia como aliada, não como inimiga. Ter a Rússia como inimiga é empurrar a Rússia para os braços da China, cumprindo-se assim a grande manobra americana cujo objetivo é encontrar o pretexto adequado para um confronto nuclear contra a China antes de esta se tornar imbatível militarmente.

Os EUA querem desesperadamente recuperar a supremacia ameaçada do dólar. Para isso precisam de fazer rapidamente uma demonstração de força global, e depois reforçar o seu controlo militar e diplomático sobre as principais regiões ricas em petróleo e gás natural: Irão, Iraque, Cáspio e o grosso do continente africano (este também por outras motivações esttratégicas...)

Bruxelas (quer dizer, Berlim, Paris e Londres) e Moscovo devem negociar diretamente esta crise, em vez de serem o eterno pau de cabeleira da NATO, quer dizer, dos Estados Unidos.

Chegou o momento de a Europa perceber que ou ganha juízo ou desaparece do mapa!


Quem ameaça quem?

ÚLTIMA HORA
CIA, FBI agents 'advising Ukraine government': report (AFP, 4/5/2014)

Berlin (AFP) - Dozens of specialists from the US Central Intelligence Agency and Federal Bureau of Investigation are advising the Ukrainian government, a German newspaper reported Sunday.
[...] Last month the White House confirmed that CIA director John Brennan had visited Kiev as part of a routine trip to Europe, in a move condemned by Moscow.
É oficial: a CIA e o governo americano estão envolvidos até ao pescoço na desestabilização da Ucrânia e na guerra civil em curso. Não é a NATO, é a CIA e o FBI. Capiche?!
O governo português deverá deixar bem claro que os F16 estacionados na Islândia estão onde estão para defender a Islândia de qualquer violação do seu espaço aéreo, ou de qualquer ataque a este país. Não para engordar as tropas informais que o senhor Obama colocou na Ucrânia sem pedir licença à NATO ou a qualquer aliado! Que diz a isto o pascácio da Defesa, e o zombie dos negócios estrangeiros?

...

E mais:

Warning: Ukraine Is At A Flashpoint (in ZeroHedge)
O envolvimento americano na guerra civil em curso na Ucrânia é tão evidente quanto ilegal.
O vídeo supostamente espontâneo de uma inocente rapariga ucraniana que se manifestava em Kiev, que correu mundo (Youtube), não é mais do que um sofisticado produto de propaganda viral das Operações Especiais das FFAA americanas. Washington não olha a meios e anda de mãos dadas com extremistas de todo o mundo: dos fundamentalistas islâmicos aos neo-nazis ucranianos. É incrível, mas é verdade :(


REFERÊNCIAS

Última atualização: 5/5/2014 01:23 WET

sábado, abril 26, 2014

A armadilha ucraniana

Vladimir Putin. AP

Uma nova tragédia em nome de Halford Mackinder?


Há uma teoria do mundo que tem conduzido a enormes desastres humanos. É a chamada Heartland Theory de Halford Mackinder, dogma adotado por Hitler, e mais tarde pelos Estados Unidos.

A mente cinzenta desta visão que há décadas influencia a diplomacia norte-americana é Zbigniew Brzezinski, para quem o império americano morrerá no dia em que Lisboa se ligar económica, diplomática e culturalmente a Vladivostok. Para Brzezinski um tal cenário correria o risco de colocar os caucasianos alemães e russos ao leme do mundo, sobretudo se estes conseguirem estabelecer uma aliança forte com a China, que absorveria entretanto o Japão na sua esfera de influência, e forem capazes de acomodar o Médio Oriente e o norte de África, atrair Israel, e travar os radicais islâmicos onde estejam.

A ladainha de Brzezinski retomada de Mackinder é esta:
“Who rules East Europe commands the Heartland;
who rules the Heartland commands the World-Island;
who rules the World-Island controls the world.”
(Mackinder, Democratic Ideals and Reality, p. 194)/ Wikipedia

O mapa estratégico do mundo segundo Halford Mackinder

Um Zona de Comércio Livre de Vladivostok a Lisboa?

É pelo menos isto que ingleses e americanos, ou pelo os americanos, há muito querem impedir. Mário Soares está do lado desta visão, apesar de ter sido ajudado consistentemente pela França e pela Alemanha desde que a ditadura de Salazar começou a ruir. Talvez seja esta a explicação para as manobras insistentes que tem vindo a desenvolver no sentido de reclamar o derrube violento da atual ordem constitucional. Convém a este propósito lembrar que a direita latifundiária e rendeira que suportou o Salazarismo está intacta e reclama entre dentes a saída do euro. Esta, porém, seria a via direta para a expropriação fiscal violenta e em massa dos portugueses. Mas a Mário Soares tal cenário é-lhe indiferente. Ao personagem interessa-lhe sobretudo o poder da tribo que julga todavia comandar, ainda que em nome do prolongamento, cada vez mais problemático, da Pax Americana.

As manobras de Mário Soares, nomeadamente ao envolver alguns restos indigentes do MFA, são mais finas do que parecem, na medida em que o que está em formação sob as suas declarações aparentemente desmioladas é um verdadeiro bloco de interesses de natureza nacionalista e autoritária, pronto a aproveitar qualquer deslize grave na situação financeira, económica e social do país e, ou, o colapso do euro, para desencadear uma Revolução Cor-de-Rosa amplamente financiada pelo Tesouro americano. Até agora o PCP demarcou-se desta armadilha. Vamos observar com minúcia os próximos passos do “animal político” Mário Soares.

Importante: esta dinâmica, já em curso, levará inevitavelmente a uma cisão no PSD, cuja precária unidade interna será intensamente desafiada pelo CDS de Paulo Portas, e pelo PS de Mário Soares, intelectualmente secundados por Adriano Moreira e pela filha deste, Isabel Moreira.

Russian Prime Minister Vladimir Putin would like to see a free trade agreement between the European Union and Russia. In a Thursday editorial for a German newspaper, he describes his vision of "a unified continental market with a capacity worth trillions of euros."

No more tariffs. No more visas. Vastly more economic cooperation between Russia and the European Union. That's the vision presented by Russian Prime Minister Vladimir Putin in an editorial contribution to the German daily Süddeutsche Zeitung on Thursday.

"We propose the creation of a harmonious economic community stretching from Lisbon to Vladivostok," Putin writes. "In the future, we could even consider a free trade zone or even more advanced forms of economic integration. The result would be a unified continental market with a capacity worth trillions of euros."

Spiegel online, November 25, 2010 – 11:44 AM

terça-feira, março 04, 2014

Putin, um marechal experiente

Russlands Verteidigungsminister Sergei Shoigu (l.), Präsident Wladimir Putin und der Militär Ivan Buvaltsev (r.) beobachten eine Militärübung in Russland.  |  © Mikhail Klimentyev/RIA Novosti/Kremlin/Reuters

Os EUA e a China racham lenha!


Putin revela bom senso e uma capacidade de liderança notável. Negociar uma saída equilibrada que não prejudique a Ucrânia, nem a Rússia, nem a União Europeia é a solução desejável. Estados Unidos e China não se devem meter neste assunto, pois ambos miram a Europa como um tesouro. A Eurásia é um assunto que os europeus ocidentais e orientais devem tratar conjuntamente, reforçando a paz e sustentabilidade desta decisiva região do planeta. Já temos idade para ter juízo!

PS:
Obrigado, Vladimir!
Pedro Passos Coelho
;)


Putin manda recuar tropas junto à Ucrânia e aceita grupo internacional na Crimeia
Por Ana Tomás, i online, publicado em 4 Mar 2014 - 11:30


Presidente russo diz que não gostaria de intervir militarmente na Ucrânia, mas não exclui totalmente essa hipótese

O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o recuou das tropas que faziam exercícios militares em regiões próximas da fronteira com a Ucrânia e diz que vai discutir, esta semana, a possibilidade de ser enviado um grupo internacional para a Crimeia.

[...] “Reforçámos a nossa presença militar na nossa base no Mar Negro, porque começaram a aparecer forças nacionalistas”, reiterou Putin, na conferência de imprensa desta manhã.

Apesar de não concordar com o golpe de Estado que aconteceu no país vizinho e com a ascensão ao poder dos actuais membros do governo de transição, o presidente russo disse na mesma conferência de imprensa que espera retomar as relações económicas e comerciais com a Ucrânia e acrescentou ter encarregue "o governo de reestabelecer os contactos com os seus homólogos ucranianos”. "Não queremos romper as relações económicas, que poderão ser desenvolvidas a cem por cento depois da normalização da situação e das eleições".

domingo, fevereiro 16, 2014

Why is the US helping China look for oil in the South China Sea? - Quartz

É a energia móvel, estúpido! 


Para perceber o mundo moderno só é necessário saber uma coisa: onde estão as principais fontes de energia fóssil: carvão, petróleo e gás natural. Tudo o resto vem depois: a miséria ou a prosperidade, a paz ou guerra, a arrogância ou calvário cultural, as migrações modernas, etc. Esta era começou por volta de 1830, atingiu o seu apogeu por volta de 1970 e começará a decair rapidamente por volta de 2030.  O regresso à poupança individual e familiar, o empobrecimento geral das maiorias demográficas e a mutação das democracias seguindo as derivadas da chamada Tragédia dos baldios (The Tragedy of the commons) é o modelo de transição que já começámos a provar. A civilização tecnológica poderá sobreviver e até prosperar, mas as democracias e as classes médias afluentes morreram em 2008.  comportamento humano está dividido entre aqueles que correm atrás do último atum, e aqueles que começam a dolorosa metamorfose para uma nova vida, não necessariamente pior do que a anterior.
Political tensions in the South China Sea have seldom been higher, with China’s  “marine identification zone” deemed a provocative threat to peace by neighboring countries and the United States. The vast area, variously claimed by China, the Philippines, Vietnam, and other southeast Asian countries, is hotly contested in part because it is thought to hold vast reserves of oil and natural gas.

Read more:
Why is the US helping China look for oil in the South China Sea? - Quartz

sábado, fevereiro 01, 2014

From PetroDollar To PetroYuan – The Coming Proxy Wars | Zero Hedge

Uma análise muito oportuna sobre a intensa diplomacia do petróleo e as suas repercussões, nomeadamente, em Angola, São Tomé e Príncipe e Moçambique... Portugal caminha sobre o fio da navalha!

Nigeria had, as of 2011, over 37 billion barrels of proven oil reserves. China is now one of its major trading partners. China wants Nigerian oil and my guess is that if it isn’t doing so already it is going to trade it entirely in Yuan. Such a move would mean Nigeria would need fewer dollars and more Yuan and the PetroYuan would begin to rise at the expense of the Petrodollar.

For some years now China has been making the Yuan a settlement currency. I have written about this a lot over the years. In 2012 I wrote a piece called “A new reserve currency to challenge the dollar – What’s really going on in the Straits of Hormuz.” China has created a series of bilateral settlement agreements with, among others, the EU, South Korea, Iran, India and Russia. All of these agreements by-pass the US dollar. If China now trades its oil in Yuan where will that leave the dollar?  Of course Saudi would never agree to such a thing, would it?

Now Its a long way from Nigeria’s 200 000 barrels a day to overthrowing the dollar as the premiere oil currency. But let’s face it the US has gone to war on more than one occasion recently in part because the country involved had been going to sell its oil in Euros. And the US is Europe’s friend, isn’t it?

The US hawks have always been afflicted with dominophobia – fear of falling dominoes. Somewhere in a room in the Pentagon or Langley, there is a huddle of spooks, military types, oil men and State department advisors all wondering how to prevent this new creeping menace. Because you cannot afford to be complacent you know. It starts in one country and if you don’t do something other’s will follow and before you know it the rich Western Africa oil bonanza is flowing into Yuan, to be followed by all those North African and Middle Eastern Arab Spring countries where the clean-cut boys are already having to ‘advise’ on the need to take a firm line with potentially anti-American Muslim Brotherhood types by  locking them up, shooting them and generally branding them as terrorists.

What would happen, someone will mention almost in a whisper, if Qatar were to triumph over Saudi and then cut a multi-lateral deal to sell its gas in Euros to Europe and in Yuan to China?

But to return from the overheated imaginations of the Virginia Hawks to some sort of reality, Nigeria is increasing its Yuan reserve at the expense of the dollar and is developing far closer ties to China than to the US. Which is why I think you will soon find the US dramatically increasing its involvement, both financial and military, in Angola.

Angola is going to be America’s answer to China’s Nigeria. And I think the signs are already there.
Texto integral:
Guest Post: From PetroDollar To PetroYuan – The Coming Proxy Wars | Zero Hedge

terça-feira, novembro 20, 2012

Onde está o porco?

©ASN para O António Maria

Os ataques constantes aos PIIGS escondem uma falência bem maior: a da América e a do Reino Unido

“Every day that the markets are open the US government borrows an additional $4billion, roughly. For 5 years running the country’s budget deficits were considerably in excess of $1 trillion. Britain is among the world’s most highly indebted societies if you combine private and public debt, and despite all the blather in the press about ‘austerity’, the public sector keeps going more into debt. Japan has long been a bug in search of a windshield.”

Some personal thoughts on surviving the monetary meltdownBy Detlev Schlichter On November 17, 2012 .

A dívida bruta dos Estados Unidos (dívida nacional/PIB) excede os 120% (105% de dívida federal, 7% de dívidas estaduais, 11% de dívidas municipais). As dívidas da Freddie Mac e do Fannie Mae, ambas garantidas pelo estado americano, correspondem a 40% do PIB. Ou seja, a dívida bruta americana reconhecida oficialmente (1), que já é de 105% do PIB, e não 102,94 (2011), na realidade, se incluirmos as dívidas estaduais e locais sobe para 124% do PIB, e se considerarmos as garantias dadas pelas dívidas colossais das falidas agências governamentais de crédito imobiliário, chega aos 164% do PIB, acima, portanto, da dívida grega em 2011. Isto não são malabarismos, são números!

Por outro lado, o défice anual do governo americano ultrapassa os 6,8% do PIB. O défice real português será em 2012, segundo o Boletim Económico de Outono Banco de Portugal, de 6,2%.

Outra medida do empobrecimento acelerado da sociedade americana: segundo o Banco Mundial, o rendimento per capita (2007-2011) dos EUA é de $48,442, enquanto que o da Suíça é de $80,391, o da Holanda é de $50,087, o da Alemanha é de $43,689, o do Reino Unido é de $38,818, e o de Portugal é de $22,330.

A tragédia que se aproxima da América, tão rapidamente quanto o furacão Sandy, poderá ter consequências muito mais funestas: chama-se falésia fiscal (fiscal cliff), ou seja, a imposição de uma redução automática do défice americano, a partir do dia 1 de janeiro de 2013, no montante de 4% do PIB, ou seja, mais de 600 mil milhões de dólares —500 mil milhões de aumentos fiscais e 100 mil milhões de cortes na despesa.

Quanto ao caso inglês, mede-se por um único gráfico: o da situação das responsabilidades do governo britânico em sede de pensões de reforma: 343% do seu PIB!


Fonte: ONS (através do ZeroHedge)


Para termos uma ideia aproximada do que a falésia fiscal e o colapso dos sistemas de segurança social podem causar no sistema financeiro americano, inglês e mundial, apenas temos que ter em conta que o mesmo assenta basicamente num pilar: a confiança, ou fidúcia. Se este ruir, o sistema cairá como um castelo de cartas, de um momento para o outro. O estrago será tanto maior quanto maior for o lixo escondido atrás da confiança. Por exemplo...

Há dois buracos negros, e não apenas um, no sistema financeiro mundial, que vem, desde meados dos anos 80 do século passado, criando um vácuo que acabará por sugar o sistema financeiro mundial para as suas profundezas sem saída. Um destes buracos é formado pelos derivados financeiros não regulados (OTC), e o outro é constituído pelo chamado Shadow Banking: intermediários financeiros não bancários —edge funds, special investments vehicles (SIV) e money market funds. O primeiro buraco negro (2) tem um potencial máximo de destruição na ordem de 10x PIB mundial (ou seja, 639x10E12 USD, em novembro de 2012), o segundo buraco negro (3) representa algo muito próximo do PIB mundial de 2011, ou seja, 70 milhões de milhões de dólares. No momento em que os bancos, companhias de seguros, fundos de pensões, ou governos deixarem de poder honrar contratos, nomeadamente por efeito da fadiga crescente da monetização das dívidas, o castelo começará a ruir. Com as economias paradas, a borregar, ou em fase de abrandamento dos crescimentos rápidos (países emergentes), como e quando poderão ser honrados compromissos equivalentes a 10x o PIB mundial, ou equivalentes mesmo a 1x o PIB mundial?

São, em suma, duas borbulhas horrorosas que acabarão de rebentar por si se entretanto não as soubermos espremer devagarinho. E quando rebentarem, vai ser tão trágico quanto a sorte do senhor Creosote dos Monty Python.

Não deixa de ser sintomático que cerca de 96% da exposição americana a este mercado de derivados fora de controlo (basicamente associados à especulação com taxas de juro, mercados cambiais, equities, commodities, e CDS) esteja na posse de cinco bancos apenas, quatro dos quais são americanos, e um inglês: J.P.Morgan, Citi Group, Bank of America, Goldman Sachs e o inglês HSBC.

Por alguma razão a América, o Reino Unido e as suas ratas sábias, a que chamam agências de notação, olham e querem que todos olhemos apenas para a tragédia grega!

Estamos cada vez mais perto do que David Hackett Fischer chama o fim de uma vaga de revolução nos preços (price revolution), a qual teve início no fim da chamada Era Vitoriana e exibe agora todas as características do colapso de uma longa era: crise energética e de recursos alimentares à escala global, excesso populacional, envelhecimento demográfico, inflação e desvalorização monetária (disfarçadas até a crise deo Subprime e colapso do Lehman Brothers pela criação imparável de dinheiro fictício e destruição das taxas de juro), perda de rendimentos, insolvência das empresas, das pessoas e dos governos, amplificação das desigualdades sociais.





Keynes teorizou, Krugman papagueou e Obama está mais perto de, sob a pressão constante do lóbi sionista de Israel e dos industriais de armamento americano, repetir a Grande Experiência. Só que desta vez vão precisar de milhares de drones (UAV), pois carne para canhão jovem e tenra é coisa que escasseia e a que existe está cheia de químicos imprevisíveis nas veias :(




  •  (19 nov 2012) — Declaração da CE, do BCE e do FMI sobre a sexta missão de avaliação em Portugal: “Em termos globais, a avaliação confirma que estão a ser feitos sólidos progressos. A existência de um amplo consenso político e social continua a ser um elemento importante para o êxito do programa.” Vale a pena comparar as receitas experimentadas pelos PIIGS e o programa de Obama para vencer o fiscal cliff...
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  • Portugal: 2012 Article IV Consultation
    Concluding Statement of the IMF Mission1
    November 20, 2012 (LINK)

    1. Portugal’s crisis is due to a legacy of policy failures in the face of a rapidly changing environment. Economic institutions and policies proved ill-adapted to the demands and opportunities of monetary union and globalization. The rapid transition from decades of financial repression and monetary instability was proving difficult. Monetary union, instead of delivering on the promise of sustainable catch-up growth to EU living standards, facilitated the accumulation of economic and financial imbalances. The competitiveness of the tradable sector eroded. Abetted by a banking system prone to allocating too much credit to poor risks, leverage in the non-tradable sector increased markedly, notwithstanding weak productivity growth. The public sector in turn financed rapidly growing spending, particularly on social protection, through higher taxes and accumulating debts. And in the face of all this, the policy response was, at best, muted. Consequently, in the first half of 2011, Portugal’s government and banks were shut-out from financial markets. [texto integral]

    Esperemos que a nossa imprensa traduza e publique mais este violenta paulada nos devoristas do regime português: bancos, monopólios rendeiros e nomenclatura partidária, corporativa e sindical.

NOTAS
  1. Estas cifras verdadeiras contrastam com alguns números oficiais, resultantes, no fundo, do desenho dos chamados perímetros orçamentais, os quais se prestam a martelar as contas públicas em vários países sobre endividados. Para um gráfico negro dos PIIGS e cor-de-rosa pálido dos EUA do Reino Unido, com a teia europeia do endividamento, ver esta atualização sofrível (mas incompleta) da BBC: Eurozone debt web: Who owes what to whom? (BBC News).
  2. ZeroHedge.
  3. ZeroHedge.

Última atualização: 22 nov 2012 ; 00:03

sábado, agosto 04, 2012

EDP: 2012 abaixo de 2004

A EDP vale hoje menos do que em 2004
Gráfico: Digital Book (edição: OAM)

De crise do Subprime para cá, a EDP esteve sempre a cair, salvo durante os episódios Horizon/Sachs e venda da Golden Share à Three Gorges
Gráfico: Jornal de Negócios (edição OAM)

De 2009 para cá a EDP-R esteve sempre a cair, salvo durante o espectáculo da privatização
Gráfico: Jornal de Negócios (edição OAM)

Bastaram menos de treze milhões de euros para fazer brilhar a EDP no PSI20. Não é preciso dizer muito mais...

O PSI-20 fechou a subir 1,41% para 4.633,45 pontos, com 13 acções a subir e seis a descer. Entre os congéneres europeus a tendência foi igualmente de ganhos acentuados, com Madrid e Milão a destacarem-se ao avançarem mais de 5%. A EDP foi a acção que mais impulsionou o índice nacional, ao subir 4,28% para 1,901 euros, uma evolução que foi acompanhada pela EDP Renováveis, que avançou 1,87% para 2,45 euros. A subida das acções da eléctrica liderada por António Mexia surgiu apesar da Fitch Ratings ter cortado o “rating” da dívida da empresa, citando o ritmo de desalavancagem da empresa e as incertezas regulatórias — in Jornal de Negócios online.

A notícia podia ter sido escrita doutra maneira. Por exemplo: PSI20 fecha no positivo, mas longe das subidas de Madrid e Milão. Seria uma informação mais correta e que ajudaria a pensar melhor.

Depois, anunciar a EDP como estrela, uma vez mais, quando tudo aponta para um destino incerto nesta sobre endividada empresa, já começa a cheirar a encomenda. Está, aliás, na altura de investigar a história recente desta outrora empresa pública que durante décadas não deveu nada a ninguém e prestou modestamente bem os seus serviços à comunidade. Hoje é um monstro arrogante, destruidor de patrimónios naturais, caro, que vive de rendas pagas pelos contribuintes mas sem explicação convincente que as justifiquem, e que depois de vendida ao estado chinês continua a perder valor todos os dias.

Esta é que é a verdade. Os empurrões para cima que vai levando na tentativa de conter o dique da desgraça, é do mesmo género daqueles que têm tentado estancar, sem sucesso, a agonia do BCP. No PSI20 de hoje, para impedir que as ações do BCP caíssem abaixo dos nove cêntimos foram precisos pouco mais de sete milhões de euros. E para fazer brilhar a EDP deram-se ordens no valor aproximado de 12,9 milhões de euros. Até onde irá esta farsa?

O que conviria fazer neste momento de colapso é investigar com meios e urgência as causas de algumas das grandes delapidações que atingiram o país: BPN, BPP, BCP, PPPs, etc.

O BCP parece-me claramente um caso de polícia por esclarecer. Qual foi o papel da Caixa Geral de Depósitos no assalto ao BCP? Quem organizou, quem executou, quem beneficiou e que resultou no fim desta falhada tentativa de dotar o PS, ou parte dele, de um braço financeiro?

No caso da EDP urge investigar e explicar direitinho o que foi a operação Horizon Wind Energy.

Num momento em que os banksters já sabiam da implosão iminente da bolha do subprime e do destino a curto prazo da bolha associada às energias renováveis, a Goldman Sachs, proprietária da empresa dedicada às então subsidiadas energias alternativas, nomeadamente eólica, vende a Horizon Wind Energy, numa operação relâmpago aparentemente inexplicável, a uma pequena empresa, a EDP, de um pequeno país chamado Portugal.

Os gráficos bolsistas não enganam: o início mediático da crise imobiliária, com os primeiros write downs de ativos subprime do HSBC, em fevereiro e setembro de 2007, coincide com a preparação e posterior venda da Horizon Wind Energy (HRE) à EDP, cujos títulos em bolsa sobem tipicamente no frenesim da especulação.

A Goldman Sachs comprou em 2005 a familiar e texana Zilkha Renewable Energy, mudando-lhe o nome para Horizon Renewable Energy (HRE), a qual foi subindo de valor até finais de 2007, momento em que a bolha especulativa atingiu o pico.

A Goldman Sachs usou assim a HRE como uma das suas muitas vacas financeiras durante a expansão da bolha imobiliária —acompanhada aliás por uma não menos especulativa bolha verde, cujos contornos haviam sido já claramente descritos em 2007.

Percebido o pico tornou-se inadiável despachar o problema para uma vítima qualquer. Essa vítima (inocente?) foi uma das principais empresas estratégicas portuguesas, a EDP.

Passada a euforia inicial desta extraordinária e nunca explicada compra de novo rico, a EDP iniciaria um ciclo descendente, imparável até hoje, salvo no interregno da venda ao estado chinês do que restava ainda de público na empresa. No dia 3 de agosto de 2012 a principal empresa energética instalada em Portugal vale menos do que valia no mesmo dia de 2004!

Se isto foi apenas um negócio desastroso para Portugal, então o seu principal responsável, António Mexia (1), deveria ser chamado a responder pela operação. Se foi mais do que isso, então é um daqueles casos que claramente marcam o fim deste regime cleptocrata e nepotista (2).

Há quem afirme, com dados abundantes, que a a Goldman Sachs martelou os livros da dívida soberana grega depois de ter estimulado o seu crescimento galopante. Há quem diga, com dados firmes, que os Estados Unidos, através dos seus braços financeiros (Goldman Sachs, Bank of America, Citi bank, JP Morgan, etc.) e agências de notação fieis, tentaram enredar alguns países europeus no mesma armadilha do endividamento e corrupção de elites que outrora lançaram a vários países latino-americanos. “Nas meigas non creo, pero haberlas hailas”.

Mas quem a esta hora deve estar mesmo a torcer a orelha são os chineses!


NOTA
  1. Só dois dias depois da publicação deste escrito li, por envio de um amigo, o depoimento do Professor Pinto de Sá (IST) sobre o calibre do personagem Mexia, e dos danos que casou à EDP. É realmente muito pior do que imaginei!
  2. A anunciada contratação de uma sobrinha-neta de Eduardo Catroga para a Fundação EDP revela até que ponto é difícil nos dias que correm, a um protagonista tão relevante da nomenclatura vigente, arranjar um emprego para um ente certamente querido e familiar através de um simples telefonema que não seja para a própria empresa que dirige. O regime atingiu, como se vê, o grau zero da decência. Já nem o nepotismo sobrevive sem descaramento.


Última atualização: 6 julho 2012 18:19

sexta-feira, agosto 05, 2011

A Alemanha tem razão!

Uma Eurásia com a América mais longe?

A Europa não tem outra alternativa se não descolar dos Estados Unidos e das ilhas piratas de sua Majestade Isabel II. Estes dois colossos arruinados, com o Japão, estão a levar o mundo para uma crise económica, financeira, comercial e política sem precedentes desde a II Guerra Mundial. O futuro da Europa chama-se Eurásia. E o aliado estratégico deste sonho por cumprir chama-se, curiosamente, China.

Culture of Life News, de Elaine Meinel Supkis, é uma leitura imprescindível

O colapso das bolsas europeias e americanas veio dar pleno sentido ao anúncio da degradação, anunciada pela agência de notação financeira chinesa Dagong, da capacidade da economia americana responder pelas suas dívidas.
“On August 2, 2011 (EST) the Congress of the United States of America (hereinafter referred to as the US) approved the bill on raising the debt ceiling of the government. Though this decision enables the government to continue the practice of repaying its old debt through raising new debt, it has not changed the general trend that the increase in national debt outpaces the increase in economy and revenue, making this incident a turning point for the US government’s solvency to decline even further. Hence, Dagong decides to downgrade the local and foreign currency credit rating of the US put on the negative watch list on July 14 from A+ to A with a negative outlook.” Dagong.

O panorama gráfico do afundamento e da volatilidade bolsista americanas não poderia ser melhor documentado pelos gráficos reunidos por outro dos meus analistas preferidos, Tyler Durden, do ZeroHedge:

VIX — Chicago Board Options Exchange Market Volatility Index

“The Dow is down more than 500. The S&P is down 60. The VIX surges 35% to 32 the highest since June 2010. Implied correlation surges to the highest since last summer. ES volume surges to the highest since the flash crash. Europe is opening in 12 hours. Margin debt is near record high levels, and mutual funds have record low cash. Liquidations galore. Did we miss anything?”

No entanto, passando os olhos pela imprensa económica em geral (na página online do Jornal de Negócios, nem uma referência), não se fala de algo decisivo para compreender a crise financeira actual, ou seja, a desvalorização competitiva das moedas americana e japonesa. O iene caiu hoje a pique em relação ao dólar, depois dos japoneses terem desencadeado uma venda em massa da sua própria moeda.

A competição para o abismo entre os EEUU e o Japão não pára. Quem terá o pior papel higiénico do mundo? Esta competição negativa tem uma outra face: a destruição suicida das respectivas taxas de juro, com a inevitável inflação escondida debaixo da retórica e da metódica falsificação estatística, pronta a explodir quando menos se esperar. Os Keynesianos de pacotilha e a Esquerda empalhada (entre nós, o PCP, o Bloco e o PS) adoram taxas de juros baixas, por razões de mero oportunismo e populismo barato, sem perceberem que uma tal deriva significa apenas uma expropriação paulatina do valor produzido pelas empresas e um saque criminoso das poupanças pessoais e familiares por parte de uma economia especulativa servida por uma nomenclatura política parasitária, desesperada, que quanto mais esbraceja mais se afunda.

“The Bank of Japan sold more than one trillion yen (£7.7bn) during trading on Thursday, according to latest estimates, in an effort to drive down its value. It also eased monetary policy by expanding its asset purchasing scheme and offering more cheap loans to financial firms to encourage them to keep lending”— Guardian.co.uk

Mas como escreve Elaine Meinel Supkis, o jogo japonês do yen carry trade acabou...
“I remember years and years of the US and Japan accusing China of manipulating the currency.  I thought this was very funny back then.  Everyone in the false world of floating fiat currencies are always ‘manipulating’ them!  The US had to desperately negotiate with Germany and Japan with the Bretton Woods deals to ‘fix’ rates that were ‘fair’, ie: would allow the US to export to both losers of WWII.  This DID NOT WORK AT ALL.

Of course, Japan discovered that holding US dollars in an inert FOREX fund did the trick!  Since then, all other nations wishing to manipulate the dollar to make it artificially strong do the exact same thing. It is now universal meaning, it can’t work so hot anymore since the Big Players must save more and more.  Once China surpassed Japan in its FOREX holding dollars, Japan’s ability to manipulate the dollar vanished.  Japan just can’t compete in this game with China. China won.  Hands down.  Big time.  And 15 years ahead of schedule of the 50 Year Plan, too!

Nonetheless, Japan has decided to double down: making government debt not just 200% of GDP, now it will be 400% of GDP if this is necessary to restart the export machine run by Toyota and gang.” — As Nations Race To Weaken Currencies, ZIRP Creates More ‘Money’.

Temos pois países que para manterem o consumo baixam os juros, emitem moeda e dívida pública de forma cada vez mais temerária, para não dizer suicida (EUA, Reino Unido), e temos um país (Japão) que, numa lógica igualmente suicida, baixa sistematicamente o valor da sua moeda e as taxas de juros do banco central como forma de manter a máquina das exportações a funcionar, seja pela criação de dinheiro a custo zero, reservado embora exclusivamente às elites financeiras do país, seja pela exportação de capital a custo zero para o estrangeiro, onde os rendimentos de capital são muito mais elevados, desencadeando por esta via não apenas o necessário alimento à deslocalização das suas empresas, mas também a destruição da concorrência industrial nos países onde desembarcam, e a corrupção daqueles que trocam o silêncio pelo aproveitamento especulativo monumental deste estratagema fraudulento (e contra todas as normas do comércio justo internacional.)

“There is a pernicious agenda at work in setting interest rates near zero while boosting money supply and deficit spending to create inflation. By robbing savers of any return on their savings and sparking “sustainable, orderly” inflation of around 4%, central banks are in effect transferring 4% from the owners of cash to reduce the debt of the central bank/State by this same amount every year. In a decade of this monetary scheme, savers’ wealth will be reduced by roughly 50% while the debt created by the central bank/State will decline by 50%.” — An Unconventional Guide to Investing in Troubled Times by Charles Hugh Smith (2011)

As pressões sobre o BCE para embaratecer o euro, com o pretexto falacioso de que uma tal política aumentará as exportações europeias, esquecendo que o maior exportador mundial é a União Europeia, e que depois do segundo lugar, ocupado pela China, vem a forte Alemanha, e que boa parte das exportações ocorrem dentro da Europa, não passa da demagogia de quem não faz o trabalho de casa, preguiça e vive do populismo partidário que grassa como um cancro por esta Europa fora.

As pressões para levar a União Europeia pelos caminhos suicidas do facilitismo financeiro (Quantitative Easing) servem apenas para manter as empresas protegidas e os gangsters da especulação bolsista no topo da obstrução à resolução da crise sistémica em que estamos metidos. A Europa precisa de entrar num processo radical de adaptação às condições da pós-globalização especulativa, e para isso não pode continuar a alimentar a inércia burocrática e as situações de privilégio absurdas que ainda persistem entre as elites europeias e entre as corrompidas burocracias partidárias e corporações — empresariais, profissionais e sindicais.

O primeiro passo desta metamorfose necessária é começar por reconhecer que o mundo mudou e que vai mudar ainda mais dramaticamente nas próximas décadas, evitando cair nos lugares comuns do maniqueísmo. Há causas objectivas da actual crise sistémica, cujo factores subjectivos, embora importantes, e frequentemente escandalosos, não são os mais decisivos. Daí a necessidade de caminharmos para a criação rápida de novos quadros analíticos e de diálogo social que permitam perceber o que nos trouxe até este impasse, abrindo depois caminho para correcções e soluções realmente adequadas a um mundo mais pequeno embora com gente a mais, envelhecido e à beira de uma ruptura histórica do padrão de recursos a que, pelo menos uma parte da humanidade, se habituou ao longo dos últimos duzentos anos.

quinta-feira, julho 21, 2011

Pobre América!

Caro Nuno Crato, veja isto, e pense bem!



College Conspiracy é um documentário tendencioso da National Inflation Association, mas não deixa de ser um fresco impressionante sobre a agonia de um império mergulhado na espiral auto-destrutiva da ganância e da corrupção — os Estados Unidos. Portugal e a Europa ao pé do que este documentário revela são meninos e meninas de coro.

Portugal precisa de ver e discutir este documentário, sobretudo agora. Vamos ter que pagar as nossas colossais dívidas! Para o podermos fazer teremos inevitavelmente que diminuir o tamanho da despesa pública e aliviar a sociedade da presença excessiva, burocrática e tutelar do Estado no tecido intersticial das nossas vidas.

Mas para caminharmos rapidamente para um Estado económico, eficiente, estratégico, mas não intrusivo, nem paternalista, precisaremos de diminuir a despesa em três áreas cruciais: a segurança social, a saúde e a educação :(

Claro que se deve privatizar a RTP quanto antes, pois não faz qualquer sentido termos hoje uma televisão pública. Claro que temos que parar imediatamente o maior número de PPP que for possível, sem permitir ao mesmo tempo que o país se veja forçado a pagar indemnizações criminosas. Claro que temos que deixar de financiar com os nossos impostos fundações que, como o próprio nome indica, só fazem sentido se tiverem fundos próprios. Claro que deveríamos engavetar uma dúzia e meia de piratas especialmente responsáveis pela bancarrota do país.

Mas nada disto, a médio e longo prazo, permitirá restaurar as finanças públicas actuais na direcção da sua sustentabilidade se, ao mesmo tempo, não conseguirmos imaginar um modo muito mais barato, transparente e eficaz, de cuidar das pessoas na doença e na velhice; de evoluirmos para uma medicina mais preventiva e menos enfeudada ao diagnóstico caro, às intervenções cirúrgicas por tudo e por nada, e à intoxicação farmacológica; e de reformar de cima abaixo os sistemas de aprendizagem.

A Europa não deve perder o estado social, mas para o salvar terá que agir depressa, bem, e com a necessária firmeza. É preciso cortar pelo menos 30% nos orçamentos da segurança social, saúde e educação até ao fim desta legislatura! Como fazer semelhante cirurgia sem matar o doente, é o grande e irrecusável desafio do actual governo. Desejo aos novos ministros as maiores felicidades — e já agora faço-lhes uma sugestão: criem três campos experimentais dedicados ao futuro do estado social nos capítulos da segurança social, da saúde e da educação. E convoquem para tal os melhores investigadores europeus da especialidade.

O maior desperdício das vossas breves passagens pela governação ao mais alto nível será perderem demasiado tempo a falar aos deputados. São estes que têm que dar muitas e muitas explicações ao país, e não quem acaba de chegar com vontade de recuperar o país do pântano para onde o atiraram.

quinta-feira, dezembro 31, 2009

2010

Um bom ano de luta!

Bom Ano! (OAM)
Herdade do Freixo do Meio — flores, Nov. 2009 (Foto OAM).

O poder desloca-se rapidamente para a Ásia e para o Pacífico, deixando para trás 600 anos (1) de predominância absoluta e frequentemente terrível e arrasadora da Europa e do seu mais proeminente filho bastardo, os Estados Unidos da América.
ASEAN, Japan, China sign US$120 bil. reserve deal

TOKYO -- The Association of Southeast Asian Nations, together with Japan, China, and South Korea, signed an agreement to create a US$120 billion foreign-currency reserve pool.

The fund, known as the Chiang Mai Initiative, will”strengthen the region's capacity to safeguard against increased risks and challenges in the global economy,” the nations said in a joint statement released today. The countries announced the initiative in May.

Member nations will be able to tap the pool, formed within an existing framework of bilateral currency swaps, in times of turmoil to defend their exchange rates.

The International Monetary Fund arranged more than US$100 billion of loans to Thailand, Indonesia and South Korea after their currencies collapsed during the 1997-98 crisis. In return, governments were forced to cut spending, raise interest rates and sell state-owned companies.

The countries agreed in May that Southeast Asian nations will contribute 20 percent to the pool; Japan will provide US$38.4 billion while China and Hong Kong together will add another US$38.4 billion. South Korea's contribution will be US$19.2 billion, the members said. - in The China Post.

A América está falida e Obama foi humilhado em Copenhaga quando tentava fazer passar o embuste de uma nova bolha de derivados em volta da especulação bolsista global com as emissões de CO2 equivalente.
'Carousel' frauds plague European carbon trading markets

Why are mysterious UK businesses registering to trade carbon in Europe?

By Rowena Mason, City Reporter
Published: 6:07PM GMT 30 Dec 2009

It is a building site, formerly a derelict car park, in a deprived part of West London, where the neon glow of curry houses and late-night grocery stores could not be further from the wealth and glamour of London's financial markets.

Described as a "consulting" business, this is the address of a UK company that has signed up to trade carbon permits under the European Emissions Trading Scheme in Copenhagen. But there is no trace of its existence on the Companies House database. — in Telegraph.

Hoje, último dia de 2009, no Afeganistão, a águia imperial americana perdeu de uma assentada sete agentes da CIA. A Grande Depressão II promete novos episódios em 2010, 2011 e 2012. O grau de degradação a que chegaram os sectores político-financeiros europeu e norte-americano não tem limites!
Drug money saved banks in global crisis, claims UN advisor

Antonio Maria Costa, head of the UN Office on Drugs and Crime, said he has seen evidence that the proceeds of organised crime were "the only liquid investment capital" available to some banks on the brink of collapse last year. He said that a majority of the $352bn (£216bn) of drugs profits was absorbed into the economic system as a result. - in The Observer.

A possibilidade de a Grécia entrar em bancarrota não depende apenas da vontade da Alemanha. Depende, isso sim, da capacidade desta de acudir a um dominó de falências prestes a rebentar, formado por um número crescente de países: Islândia, Irlanda, Reino Unido, Grécia, Itália, Espanha, Portugal, etc. O petróleo começou de novo a subir, o que pode ser a gota negra que faltava para precipitar a estagflação que inevitavelmente ocorrerá depois de abandonada a actual e artificial deflação induzida na economia pelo FED e pela BCE, com as suas políticas de juros nulos, copiando a receita desastrosa que quase destruiu a outrora imparável economia japonesa.

Algumas centenas de milhar de portugueses andam com mais dinheiro no bolso, apesar do desemprego que em breve chegará aos 15-20%. Isto deve-se a um só motivo: a baixa artificial das prestações hipotecárias (2). Quando a Euribor inverter a sua actual marcha niilista, e começar a garimpar com a ganância que já hoje caracteriza a política de usura dos bancos comerciais nas suas relações com a indústria, o comércio e o consumo, então veremos quem continuará a passar férias na Tailândia, República Dominicana, México e Brasil.

Quando os desempregados perderem os subsídios a que têm direito e o Estado se mostrar incapaz de acudir à situação, então teremos uma verdadeira crise de regime (3), que muito provavelmente varrerá do mapa o indesejável Sócrates e o imprestável Cavaco. Se bem entendi a obscura mente de Santana Lopes, ele prepara-se para afastar o senhor Aníbal da próxima corrida presidencial. Alegre, se já percebeu o que o espera —ser o próximo presidente da república— só tem mesmo que se distanciar do actual pântano político-partidário, preparando-se para o enorme desafio que vai ter pela frente. Desejo-lhe, a ele, a todos os meus leitores, e ao país, um ano de luta e clarividência!


NOTAS
  1. Os oito anos que medeiam entre a conquista de Ceuta pelos portugueses, em 1415, e 1433, ano da sétima e última expedição marítima da frota chinesa de mais de 400 navios, conhecidos pelo nome de Treasure ships, comandada pelo almirante Zheng He (ou Cheng Ho), marcam simultaneamente o início da grande expansão ultramarina europeia e do fechamento e longo período de decadência que levaria a China —o Império do Grande Ming (1368-1644)— a perder o seu lugar de maior e mais avançado país do mundo, que ocupou durante vários séculos. Seiscentos anos depois, em 2015, a nova China quer voltar a ser a primeira potência mundial: em população, em produção industrial e desenvolvimento tecnológico, em frota marítima e comércio externo, em eficiência energética e sustentabilidade, no sector financeiro e... na obtenção de uma paridade militar regional, a que se seguirá o desejo natural de alcançar uma clara superioridade militar estratégica face a um Ocidente que decai a olhos vistos. Se não acontecer até 2015, ocorrerá até 2033!

  2. Prestação média do crédito à habitação já caiu 113 euros em 2009

    30.12.2009 - 12h33 (Lusa) — A taxa de juro no crédito à habitação caiu em Novembro para novo mínimo histórico, 2,077 por cento, assim como a prestação média vencida, que se fixou em 256 euros, menos 113 euros que no início do ano. — in Público.

  3. Os factores da crise de endividamento acumulam-se rapidamente, e os sinais sintomáticos são já evidentes. Alguns casos recentes: Leiria não consegue pagar o estádio de futebol que irresponsavelmente mandou construir sob o optimismo idiota do Bloco Central. Os autarcas descobriram agora que afinal não vão lucrar coisa alguma com a barragem do Tua, pois as contrapartidas da EDP vão direitinhas para o poço sem fundo do buraco orçamental do país inteiro (as receitas futuras já foram, aliás, inscritas como facto consumado no Orçamento de Estado e 2008!) A EDP desinveste na modernização e manutenção da rede eléctrica sob sua responsabilidade (média tensão), enquanto inunda a comunicação social de propaganda e espectáculo — os resultados desta gestão temerária ficaram a descoberto pelo recente temporal que atingiu o país, e em particular a região de Torres Vedras.


    Câmara de Leiria admite vender estádio construído para o Euro 2004

    29.12.2009 - 11:15 Lusa — Na sessão da Assembleia Municipal de Leiria e após ser interpelado por um membro do PSD que solicitou explicações sobre esta matéria, Raul Castro, independente eleito pelo PS, explicou que existem três hipóteses para o estádio.

    Manter a presente situação, sob a alçada da empresa municipal Leirisport, a venda a um investidor privado e passar a sua gestão para a União Desportiva de Leiria são, neste momento, as possibilidades em estudo.

    Raul Castro declarou hoje que entre serviço da dívida e despesas próprias de manutenção” o estádio está a custar “cerca de cinco mil euros dia”, reconhecendo que se as circunstâncias se mantiverem a autarquia vai continuar a ter naquela espaço “um sorvedouro de dinheiro que devia ser aplicado noutras obras”.

    Nesse sentido, através da venda deste equipamento, a autarquia pode “recuperar muito do investimento que ali está feito”.

    Quanto à possibilidade de transferir a manutenção e exploração do estádio para o clube, o presidente da Câmara Municipal de Leiria reconheceu ser, neste momento, a hipótese mais remota.


    Municípios não vão lucrar com barragem do Tua


    Os autarcas dos concelhos onde vai ser construída a barragem do Tua, Carrazeda de Ansiães e Alijó, reivindicam uma renda de 3% sobre a produção de energia. Uma compensação pelo aproveitamento dos recursos locais.

    A Câmara de Carrazeda de Ansiães já recebe anualmente cerca de 300 mil euros referentes a 3% líquidos sobre a produção energética da barragem da Valeira, instalada no rio Douro. E por isso também quer beneficiar de igual percentagem em relação ao que se vier a produzir na futura barragem do Tua. Só que o autarca, José Luís Correia, adianta, com base em informações recolhidas junto de responsáveis da EDP, que aquela verba, na ordem de um milhão e meio de euros, vai reverter a favor do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB). in Jornal de Notícias.


    Investimento feito pela EDP em nova rede e na conservação da existente tem vindo a abrandar


    30.12.2009 - 07h36 -- A EDP Distribuição abrandou o ritmo de investimento nos últimos anos em nova rede e na conservação da existente e viu crescer, por outro lado, o valor das indemnizações pagas aos consumidores.

    Os dados fornecidos pela empresa indicam que o investimento em nova rede de distribuição cresceu entre 1999 e 2005, passando de 230 milhões para 404 milhões de euros, mas desde há quatro anos travou o esforço nesta área. Em 2008, ficou em 304 milhões de euros e a tendência é para prosseguir nesta linha: no próximo triénio, prevê um investimento anual de 230 milhões de euros.

    Quanto à conservação da rede existente, registou um pico em 2002, com 465 milhões de euros de investimento, um valor que não voltou a igualar. Em 2008, ficou em 137 milhões de euros, no ano anterior tinham sido 146 milhões.

    Também foi em 2008 que a EDP Distribuição contrariou o caminho percorrido na última década: o tempo de interrupção do serviço na média tensão aumentou em vez de descer, passando de 109 minutos/ano para 113,4 minutos. Em contrapartida, no ano passado, pagou mais de meio milhão de euros de compensações aos consumidores, o que representa um aumento de 68 por cento, ao arrepio de anos anteriores. in Público.


    Tribunal de Contas "chumba" contas públicas de 2008


    O relatório da Conta Geral do Estado de 2008, hoje entregue pelo Presidente do Tribunal de Contas, Guilherme de Oliveira Martins, apresenta, uma vez mais, um imenso rol de críticas à gestão dos dinheiros públicos. Mas adopta um tom ainda mais duro. Em resumo: não é possível confirmar com rigor nem o valor da receita, nem da despesa, nem o do património do Estado.

    ... O TC aponta ainda o dedo ao modo como foi contabilizada a receita “excepcional, não repetível e não inicialmente prevista no Orçamento” proveniente das concessões de barragens, pelo valor global de 1.382,5 milhões de euros, sendo que 521,2 milhões de euros “foram consignados pelo Governo a despesas não directamente relacionadas”. — in Jornal de Negócios.


OAM 667 31-12-2009 21:00 (última actualização: 01-01-2010 19:13)