Mostrar mensagens com a etiqueta Banco de Portugal. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Banco de Portugal. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, agosto 11, 2014

BES: o golpe de coelho veio de Frankfurt

Graffiti retratando a chanceler alemã, Angela Merkel, e uma pichagem onde se lê "o dinheiro mata a moral' pulverizada sobre uma vedação do estaleiro de obras da nova sede do Banco Central Europeu (BCE) em Frankfurt (Reuters)

Pelos vistos, sem um empurrão a coisa não andava


Foi o BCE quem deu as duas machadas fatais no BES. O resto são tretas e prejuízos criados pelos donos sem vergonha de um regime falido chamado Portugal.

BCE obrigou BES a devolver 10 mil milhões em três dias
A informação consta de uma ata da reunião extraordinária do Conselho de Administração do Banco de Portugal, realizada no exato dia em que foi anunciado o fim do BES.
Expresso, 10-08-2014

Desde que o Luxemburgo iniciou a investigação judicial ao esquema Ponzi do BES, coisa que as autoridades portuguesas se esqueceram de fazer, que a contagem decrescente do BES começou.

Pelos vistos, coube ao BCE —no dia 1 de agosto, Sexta Feira—as duas decisões cruciais que acabariam por levar as autoridades indígenas a fechar uma das principais lojas do regime:
  • suspender o acesso do BES às operações monetárias, 
  • exigindo ao mesmo tempo que o BES devolvesse, até dia 4 de agosto, os 10 mM€ que (Victor Bento?) pedira emprestado à instituição dirigida por Mario Draghi.
Foi assim que o BES finalmente implodiu, deixando muita gente distraída ou aventureira apeada.

Se é verdade que Victor Bento pediu 10mM€, seja para prolongar a agonia do BES, seja para ver passar os vinte dias legais (19/8/2014) sobre a data de publicação do regulamento da resolução bancária aprovado pelo Parlamento Europeu no dia 15 de julho de 2014, e publicado no Jornal Oficial da União Europeia no dia 30 de julho, o certo é que o BCE adiantou o calendário, porventura com receio de que a situação ficasse fora de controlo. Recorreu-se, pois, ao Mecanismo Único de Resolução, 20 dias depois da sua aprovação, ou seja, no dia 4 de agosto, mas não vinte dias depois da data da sua publicação no Jornal Oficial da União Europeia. Talvez por isto mesmo Carlos Costa tivesse que esperar pelas zero horas de Bruxelas para anunciar a decisão do Banco de Portugal. A sua comunicação, anunciada para as 22:30 de Domingo, e depois 22:45, horas de Lisboa, só ocorreu às 23:15, ou seja, às 00:15 de Segunda Feira, 4 de agosto, em Bruxelas e Frankfurt.

O que diz Marcelo

«Informação privilegiada para acionistas do BES terá partido de Bruxelas»

Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou, este domingo, que três fundos internacionais ganharam, em apenas 42 minutos, 53 milhões de euros com a transação de ações do BES só num dia.

No comentário semanal no «Jornal das 8» da TVI, o antigo líder do PSD admitiu que a informação privilegiada possa ter partido de Bruxelas e disse que a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deve e está a investigar. TVI, 2014-08-10.

O alerta foi adiantado por nós em primeira mão...

OAM: 1/8/2014 19:32 — Foi no dia 15 de julho que a Goldman Sachs, a Desco e a Baupost fizeram grandes compras de ações do BES, adquirindo até participações de referência (mais de 2%). Terá a GS previsto que o mecanismo iria ser usado no BES? Apostou na continuidade de um BES resgatado? Não imaginou que se pudesse criar um Banco Novo, e que o BES fosse parar ao lixo? Talvez Carlos Moedas nos possa esclarecer. Em todo o caso, a GS vendeu parte substancial destas ações no dia 23 de julho... coisa que só ficámos a saber no dia 1 de agosto. No mínimo, intrigante.

OAM: 4/8/2014 23:18 — A primeira pergunta que tenho para Vítor Bento é esta: não soube no dia 23 de julho que a Goldman Sachs se desfizera da participação qualificada adquirida a 15 do mesmo mês? Se sabia, porque não esclareceu a opinião pública, os investidores e os clientes do BES? Segunda pergunta: em que posição estão a Desco e a Baupost? Continuam a ter participações de referência, ou também venderam, total ou parcialmente, as ações adquiridas. E se venderam, quando foi? A 23 de julho, ou depois desta data? Quando? Em que dia? A que hora, minuto e segundo?!


Data de publicação: 11-08-2014 01:57 WET
Atualização: 11-08-2014 12:45 WET

sexta-feira, agosto 08, 2014

Será a resolução bancária sistémica uma alternativa?

Queimar as dívidas? Não é fácil, mas está a suceder!

Bail-out—Bail-in à moda de Louçã e do Instituto de Políticas Públicas Thomas Jefferson-Correia da Serra 


“...esta é a minha proposta”, escreve o antigo líder do Bloco de Esquerda, não se sabe bem se na qualidade de co-autor, ou se reclamando para si a exclusividade da ideia de uma ‘resolução bancária sistémica’ alternativa ao Mecanismo Único de Resolução (SRM) aprovado pelo parlamento europeu em maio-julho de 2014, e posto claramente à prova no resgate punitivo do BES levado a cabo pelo BCE e pelo Banco de Portugal, em evidente articulação com a Comissão Europeia e o governo português, e que, como se sabe, levou ao repúdio parcial das responsabilidades do terceiro maior banco português para com os seus acionistas, clientes, credores e especuladores, em nome da salvação dos depósitos, da carteira de clientes não financeiros, e da estabilidade do sistema financeiro em Portugal e na Eurolândia.

O artigo publicado hoje (8/8/2014) por Francisco Louçã na sua habitual coluna no Público, não deixa de ser um desafio oportuno, até por nos ter conduzido ao documento do IPP, “Um programa sustentável para a reestruturação da dívida portuguesa”. Do artigo citado destaco dois momentos extraordinários, um pela flagrante contradição do ideário do trotsquita-bloquista com o seu pensamento mais recente, e o outro, pelo escusado narcisismo autoral.

Escreve Louçã:

“...a nossa proposta cumpre a lei sem artifícios (ao contrário do que se estará a passar agora com o BES) e evita o custo de uma nacionalização directa (que é sempre o último recurso legal, mas que tem o inconveniente de passar todo o passivo para o Estado). Essa resolução bancária sistémica [que Louçã e o IPP propõem...] segue o modelo utilizado nos Estados Unidos pela instituição responsável, o FDIC, que o aplicou entre 2007 e 2013 em 505 bancos.”

E conclui:

“Precisamos mesmo de uma solução. O controlo público do sistema financeiro é a alternativa que dá o poder e a responsabilidade à democracia. Como é preciso correr o risco da resposta concreta no debate nacional, aqui está, esta é a minha proposta.” 

in Francisco Louçã, “Faltam respostas no debate sobre a crise bancária. A solução alternativa concreta é o controlo público”. Público, 8 de Agosto de 2014, 10:05 WET.

“Um programa sustentável para a reestruturação da dívida portuguesa” (8 Jul 2014) é um importante documento estratégico da autoria coletiva de Ricardo Cabral, Francisco Louçã, Eugénia Pires e Pedro Nuno Santos, cuja publicação esteve a cargo do Instituto de Políticas Públicas Thomas Jefferson-Correia da Serra (IPP), um think-tank presidido por Paulo Trigo Pereira.

Apenas tivemos tempo de o ler na diagonal. O bastante, porém, para recomendá-lo como um contributo relevante e oportuno no preciso momento em que uma proposta diferente, mas nem por isso menos restruturacionista, passou da teoria à prática. Refiro-me, claro está, ao golpe de coelho dado ao BES com o sado-masoquista Mecanismo Único de Resolução.

A demonstração da insustentabilidade da dívida portuguesa, que é como todos sabemos, pública e privada, interna e sobretudo externa, é elegante e vale a pena segui-la. No entanto, falta sublinhar que a realidade não é apenas indígena, mas praticamente universal, ainda que com maior gravidade nos países maduros e sobreendividados do Ocidente — aqueles que há décadas consomem mais do que produzem, e geram mais dívida, economia virtual e especulação do que poupança e bons hábitos.

A medida do sobreendividamento dos Estados Unidos, do Reino Unido e da União Europeia, por exemplo, pode ser imaginada apenas a partir de um dado: a exposição da Goldman Sachs aos derivados financeiros OTC, onde boa parte dos contratos de especulação com as dívidas privadas e públicas residem: $44.192.000.000.000 (44,192 biliões de dólares). O PIB mundial anda nos 73 biliões... Mas o valor nocional global destes contratos era, no fim de 2013, de acordo com o BIS, qualquer coisa como 693 biliões de dólares, ou seja, mais de 9x o PIB mundial.

Não há alternativa a um Jubileu assimétrico e brutal do sobreendividamento do Ocidente. Resta saber quem irá ficar na situação dos acionsitas do BES, dos obrigacionistas do BES, dos hospitais do BES, dos incautos do BES, dos especuladores do BES.

Pensar que é a riqueza pública que está ou que vai resgatar o BES é um embuste teórico. O que vai resolver o BES será tão só mais uma dose de liquidez gerada pelo Banco Central Europeu, a qual estacionará durante algum tempo na dívida soberana portuguesa, até que o empréstimo desta dívida ao Fundo e Resolução que financiará o Novo Banco seja cobrado com juros suficientes para os credores públicos e privados que intervierem na operação.

É desta forma que o mecanismo de reestruturação da dívida pública e privada vai fazendo o caminho das pedras, forçando os bancos a processos de reestruturação implícitos, que conduzem a menos financiamento da economia que, por sua vez, provoca mais falências de empresas e pessoas, mais desemprego, menos procura, menos salários, em suma, mais dívidas incobráveis, imparidades e a extinção forçada das mesmas. No éter das transações digitais serão então perdidos alguns milhares de milhões de euros dessa mesma dívida pública que alimentou o BES, os donos do BES e a especulação bolsista em geral naquilo que tem sido a ilusão do crescimento diariamente vendida pelas bolsas mundiais. Na realidade, o que o colapso do BES nos revela é que o capitalismo está de novo sob a pata da economia-política, de que os bancos centrais são a ferramenta técnica.

A crise financeira não é o resultado apenas da ganância dos especuladores e dos banqueiros, mas a consequência de um modelo social de acumulação e distribuição capitalistas de valor cujos pressupostos energéticos, materiais e demográficos desapareceram, ou estão em vias de extinção.

Poderá haver uma resolução bancária sistémica em Portugal?
Não.
Porquê?
Porque Portugal não tem a dimensão dos Estados Unidos, da China, da Índia, ou da Rússia.
Porque já não tem dimensão, nem economia que lhe permitam ser autónomo.
Porque faz parte de um sistema monetário com mais dezassete estados.
Porque não tem nem pode ter moeda própria sem afogar-se de vez na sua dependência face aos demais países, a começar pela Espanha.
Porque não pode impor ao resto da Europa o que acabou de impor ao BES. E neste particular é preciso dizer que o Banco de Portugal e o governo português apenas puderam impor ao BES a solução que já todos conhecemos porque a mesma foi desenhada e em última instância aplicada pelo BCE e demais instâncias comunitárias.

Seja como for, vale a pensa ler com tempo a proposta elaborada por Ricardo Cabral, Francisco Louçã, Eugénia Pires e Pedro Nuno Santos, sobre uma possível, mas improvável, estratégia de repúdio ordenado e parcial da nossa descomunal dívida. Até porque o tema será cada vez mais atual e premente!

Aqui ficam alguns extratos para abrir o apetite ;)
[...]

7. Para o concretizar, atuando nas duas componentes mais importantes, propomos a reestruturação da dívida bruta não consolidada das administrações públicas e um processo de resolução bancária, que resultarão na redução de dívida necessária para assegurar a auto-sustentabilidade (financeira) do país.

8. Um programa desta natureza pode recorrer a vários tipos de instrumentos para alcançar o mesmo objetivo: nomeadamente, pode incluir um corte elevado no stock da dívida e uma redução menor dos juros, ou uma combinação de um adiamento da amortização da dívida com uma redução mais substancial dos juros. Neste exercício é apresentada a simulação do segundo processo. Note-se que para assegurar que o país seja capaz de se autofinanciar autonomamente o fundamental é reduzir a despesa com juros e alongar as maturidades da dívida existente.

9. As principais medidas deste programa são então: (i) a negociação para a redução do valor presente da dívida (reestruturação de dívida), através da alteração de juros e prazos; (ii) o saneamento dos passivos bancários, para garantir a solvabilidade e estabilidade da banca; e (iii) a modernização fiscal para pôr as contas do Estado em ordem e tornar sustentável, numa perspetiva macroeconómica, a recuperação económica e o crescimento económico futuro.

10. Através da redução de juros e da extensão de prazos da dívida das Administrações Públicas e da reestruturação do passivo do sector bancário, seria possível conseguir uma diminuição anual do défice da balança de rendimentos que se estima em cerca de 4,7 mM€, traduzindo-se num efeito equivalente a uma redução do valor presente da dívida externa líquida de 103% no final de 2013 para cerca de 24% do PIB. De facto, o nível de dívida externa do país é tal que uma reestruturação de dívida de dimensão inferior não conseguiria assegurar que a dívida externa de Portugal se tornaria sustentável.

11. A proposta apresenta as seguintes condições para a troca da dívida bruta não consolidada das Administrações Públicas e do Sector Empresarial do Estado por Novas Obrigações do Tesouro (NOT) com o mesmo valor facial: (1) esses títulos terão um cupão de 1%, e (2) vencerão, em parcelas idênticas, entre 2045 e 2054, havendo um período de carência de juros em 2015. Com estas condições, o valor presente da dívida pública na óptica de Maastricht passaria a ser de 74% do PIB (63% do PIB, líquida de depósitos),3 já após a recapitalização da Segurança Social e de diversos fundos do Estado. O valor presente da dívida bruta não consolidada das Administrações Públicas passaria a representar 82% do PIB (face aos atuais 173% do PIB).

12. Garante-se assim uma margem de manobra suficiente para relançar o investimento e a criação de emprego, bem como para estimular a procura interna fazendo funcionar os estabilizadores automáticos e assegurando a proteção dos salários, pensões e prestações sociais contra a pobreza.

13. A sustentabilidade da dívida externa portuguesa exigirá ainda um processo de resolução bancária especial, que deve proteger a estabilidade do sistema bancário, salvaguardando os seus rácios de capital e solvabilidade, seguindo as melhores práticas internacionais (e.g., FDIC). Esse processo conduzirá a uma redução da dívida bancária de cerca de 24% dos passivos bancários (excluindo capitais próprios) no final de 2013, de que resultará uma redução da dívida externa líquida do sector (direta) estimada em cerca de 30% do PIB.

14. A negociação da reestruturação da dívida externa portuguesa deveria ser conduzida de modo a que a Lei do Orçamento de Estado para 2015 consagrasse todos os instrumentos jurídicos necessários para a viabilidade destas medidas.

quarta-feira, julho 23, 2014

BES afunda, também, o Banco de Portugal

Uma instituição secular em fim de vida

Colapso do BES evidencia conivência do Banco de Portugal no desastre


Foi preciso as autoridades judiciais do Luxemburgo terem anunciado publicamente uma investigação ao grupo BES para que o senhor Carlos Costa (ex-BCP) acordasse. Não acham estranho? Ninguém investiga? Onde está a reclamação do Tozé?!

A este propósito, vale a pena ler na íntegra o post de João Rendeiro publicado sobre o desastre que tem sido a sinecura partidocrata que o Banco (público) de Portugal tem sido desde que foi tomado de assalto pela aliança espúria entre banqueiros, banksters e a corja partidocrata corrupta que afundou este já irremediável regime.

O que escreve Rendeiro:
Como é possível que ainda no último trimestre de 2013 o BES tivesse uma exposição total ao papel comercial do GES de cerca de € 6 mil milhões com o beneplácito do BdP?

Como é possível que estando a ESI insolvente desde 2008 só em 2014 o BdP descobre a questão? Note-se que até há pouco tempo a supervisão do Banco de Portugal e os testes de stress eram feitos na ESFG, sociedade cotada em Bolsa, a qual tem uma subsidiária – a ESFIL – canalizadora dos recursos da área financeira para a área não -financeira do GES. A ESFIL foi supervisionada até há pouco tempo pelo Banco de Portugal, como pode agora argumentar-se que a supervisão nada sabia?

Como é possível que todas estas sociedades insolventes tenham continuado a operar e transacionar em Bolsa, enganando milhares de investidores que pensavam estar protegidos por reguladores e auditores?

E o que dizer da inacreditável situação no BESA?

Como é possível que o Banco de Portugal tenha conduzido Ricardo Salgado a fazer o último aumento de capital do BES sabendo dos problemas no GES e enganando objetivamente os investidores?

[...]

Em termos de supervisão macro-prudencial qualquer pessoa de Bom senso (raro de encontrar em economistas) só poderia dar ao Bdp com Vítor Constâncio à cabeça, uma nota muito negativa.

E perante quadro tão negativo que sanções tiveram Vítor Constâncio e seus pares?

Que vexames tiveram na Praça Pública?

A que escrutínio Parlamentar foram sujeitos?

Que jornalistas fomentaram a análise destas temáticas?

Que processos judiciais tiveram?

Constâncio, como se sabe, fruto do seu admirável trabalho de arruinar Portugal foi promovido a lugar cimeiro no BCE. Foi substituído por Carlos Costa.

Em termos curriculares e de perfil pessoal uma casa de rating dificilmente daria mais do que BB – a Carlos Costa e tenho para mim que Carlos Costa chumbaria num curso de Macro ministrado por Constâncio. Mas Costa é amigo de Teixeira dos Santos e isso chegou como referência.

Felizmente, grande parte das matérias referentes à estabilidade financeira trasladarão no final deste ano para o BCE e o Governador do BdP passará a irrelevante nesta matéria.

João Rendeiro
A Supervisão do Banco de Portugal 
18-07-2014

João Rendeiro, o banqueiro especulativo do BPP, e conhecido amante das artes, é certeiro e a sua denúncia, se fosse em Nova Iorque, ou no Luxemburgo, já teria levado as câmaras de representantes do povo e as autoridades judiciais a investigarem forte e feio o dito Banco de Portugal.

No entanto, os argumentos de quem se lambusou no bacanal da diarreira monetarista valem o que valem...  e a questão é, no fundo, mais ampla e estrutural do que a espuma do Champagne e o fumo dos charutos podem fazer crer.

A monetização das dívidas e a expansão dos orçamentos públicos e das dívidas em geral, nos EUA e na Europa, que datam de meados das décadas de 1970 e de 1980, traduzem a tentativa de contrariar uma tendência inelutável:

  • o fim de um modelo de crescimento rápido, apoiado em energias abundantes, móveis e baratas,
  • o equilíbrio parcial, mas decisivo para a crise geo-estratégica em curso, da distribuição da riqueza global, 
  • a incapacidade da oferta agregada mundial satisfazer em condições de quantidade, qualidade e preço a procura agregada mundial, 
  • em suma, o fim de uma era inflacionária (como lhe chamou David Hackett Fisher), cujo começo se situa por volta do Jubileu da Rainha Victoria: 1897.

A revelação dada ontem pelo WSJ, e descodificada pelo Zero Hedge, diz-nos que o Deutsche Bank tem qualquer coisa como 55 biliões de euros de exposição aos derivados financeiros OTC, i.e. especulativos. Estes 55x10E12 euros, embora sendo um valor 'nocional', equivalem a mais de 4x o PIB da UE, e superam mesmo o PIB mundial. É caso para dizer: o buraco deles é muito maior do que o nosso. Ou dito doutra forma: precisamos de por os dados em contexto analítico. Mas o grande problema é que o contexto é mesmo catastrófico. A transição que já começou, mas está longe de terminar, vai continuar a ser explosiva e implosiva ao mesmo tempo!



NY Fed Slams Deutsche Bank (And Its €55 Trillion In Derivatives): Accuses It Of "Significant Operational Risk"

First it was French BNP that was punished with a $9 billion legal fee after France refused to cancel the Mistral warship shipment to Russia (which promptly led to French National Bank head Christian Noyer to warn that the days of the USD as a reserve currency are numbered), and now moments ago, none other than the 150x-levered NY Fed tapped Angela Merkel on the shoulder with a polite reminder to vote "Yes" on the next, "Level-3" round of Russia sanctions when it revealed, via the WSJ, that "Deutsche Bank's giant U.S. operations suffer from a litany of serious problems, including shoddy financial reporting, inadequate auditing and oversight and weak technology systems."

What could possibly go wrong? Well... this. Recall that as we have shown for two years in a row, Deutsche has a total derivative exposure that amounts to €55 trillion or just about $75 trillion. That's a trillion with a T, and is about 100 times greater than the €522 billion in deposits the bank has. It is also 5x greater than the GDP of Europe and more or less the same as the GDP of... the world.

Zero Hedge | Submitted by Tyler Durden on 07/22/2014 20:41 -0400

quarta-feira, junho 11, 2014

São todos iguais



Seguro não faria diferente, mas tem que jogar o jogo da diferença e da honestidade


Banco de Portugal: É necessário quase sete mil milhões de euros de austeridade até 2019
11 Junho 2014, 13:04 por Nuno Aguiar | Jornal de Negócios

A conclusão está no Boletim Económico de Junho do Banco de Portugal, que inclui um capítulo sobre a sustentabilidade das finanças públicas em Portugal no médio prazo. Sabendo-se que o Governo português está comprometido com as regras europeias inscritas no Tratado Orçamental e que tem de atingir um défice estrutural de 0,5% do PIB em 2019, o banco estima que são necessárias medidas de austeridade no valor de 4% do PIB nos próximos cinco anos. Cerca de 6,7 mil milhões de euros.


Seguro defende que Governo aproveite descida de taxas de juro para aliviar sacrifícios
11 Junho 2014, 13:17 por Lusa | Jornal de Negócios

"A emissão de dívida a 10 anos é uma boa noticia para o nosso país, o que prova que eu sempre tive razão quando defendi que o Banco Central Europeu (BCE) devia agir", afirmou Seguro em Barcelos, à margem da visita a uma fábrica têxtil.

[...]

O líder do PS disse que fica "muito contente" quando as taxas de juro para Portugal baixam, "porque isso significa - ou significaria, se este Governo fosse sensível - aliviar os sacrifícios dos portugueses".

Os dois falam verdade. Carlos Costa diz o óbvio: a dívida pública continua a crescer, como previsto, e vai ter que descer, como consta do contrato com os credores — mas tem tempo. Seguro afirma que é imperioso suavizar os sacrifícos, renegociando a amortização da dívida em prestações e prazos menos sádicos. O mesmo, mas dito de outra maneira.

Na realidade, a queda das taxas de juro e das rendibilidades das obrigações soberanas, protegidas pela famosa artilharia secreta conhecida por whatever it takes, servem precisamente para suavizar os sacrifícios e sobretudo não deitar o euro e a economia europeia a perder.

Ambos falam da monetização das dívidas que acelerou em volume e velocidade desde que Mario Draghi começou a dar garantias firmes à Eurolândia contratacando a armada de Wall Street. Draghi exigiu, porém, novos botões de controlo bancário e financeiro. Carlos Costa prefere salvar bancos a repartições públicas, enquanto Seguro prefere defender a burocracia de cujos votos depende.

Curiosamente, dada a dimensão incontrolável do buraco negro dos derivados financeiros especulativos (OTC) —um quarto do PIB mundial cujo potencial destrutivo, ou valor nocional, é mais de dez vezes o mesmo PIB (ver tabela do BIS/2013) — e a necessidade objetiva de manter algum setor social sob controle, o que tem vindo a ocorrer, tanto nos Estados Unidos, como na Europa, é uma aproximação surpreendente e heterodoxa a algumas caracterísitcas institucionais do capitalismo de estado: estabilidade do emprego público, controlo de preços e o abandono dos setores económicos tradicionais à sua sorte e a mais uma revolução tecnológica em curso. Desta vez, estamos no meio de uma massiva transferência de trabalho cognitivo para as nuvens digitais de produção, comércio, serviços (banca, turismo, administração pública, imprensa, ensino, medicina, etc.), gestão, telecomunicação e interação virtuais—em tempo real e diferido.

O dinheiro foge dos negócios e empresas que sabe condenados. Mas como não sabe para onde ir, refugia-se cada vez mais nas dívidas soberanas dos países economica e financeiramente mais fortes, mesmo que este lhe paguem em tremoços, ou até os fustiguem com juros negativos!

É por tudo isto que a 'esquerda' ficou subitamente descalça e está nalguns casos a perder a cabeça. Nisto não difere dos comportamento recentes da extrema direita americana e europeia. O facto de o sinal da arrogância e da agressividade serem de sinal contrário é socialmente irrelevante, pois a vitória de qualquer destes extremos de oportunismo resulta em monstruosidades que já conhecemos.

O ponto sensível das próximas eleições está, assim, onde ninguém vê: na política fiscal.

Se este governo (PSD-CDS) e o próximo (PS-MPT, ou PSD-CDS, ou PS-PSD) continuarem a espremer os contribuintes, expropriando-lhes as poupanças e tentando mesmo roubar-lhes as propriedades, sobretudo porque têm revelado enorme cobardia na abordagem dos rendeiros do regime, aliás condenados reiteradamenbte pela odiada Troika, então prevejo sarilhos gordos no horizonte, com os extremos até agora sossegados a subirem nas sondagens.

Passos Coelho tem a faca e o QREN na mão, tem a Alemanha com uma olhar bifocal a dirigir-se para a Península Ibérica (a crise da Ucrânia serviu-lhe de lição!), e tem o Brasil, a Venezuela, Angola e Moçambique, já para não falar da China, cada vez mais interessados neste naco de terra e de pessoas à beira-mar plantados. Somos todos assim tão diferentes? Mozart respondeu de forma admirável em Così Fan Tutte.

quarta-feira, fevereiro 05, 2014

Banco de Portugal devolve subsídios a reformados - Jornal de Negócios

Somos todos iguais, mas há uns mais iguais do que outros. Capice?

O Banco de Portugal vai devolver os subsídios de férias e de Natal relativos a 2012 a todos os reformados da instituição, incluindo individualidades como o Presidente da República ou a ex-ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, noticiou o Correio da Manhã.

O Tribunal Constitucional deu luz verde à medida incluída no Orçamento do Estado, considerando que estava em causa o interesse público no cumprimento das metas orçamentais.

Contudo, o Tribunal de Trabalho condenou o regulador à devolução do 13º mês e subsídio de férias de 2012, refere o jornal.
A decisão judicial visa um pequeno grupo de reformados, mas o BdP entendeu estender a decisão a todos, o que significa uma verba equivalente a 7,5 milhões de euros.

O tribunal ordenou ainda a devolução dos subsídios acrescidos de juros de mora de 4%. Em 2011, os últimos dados disponíveis existiam 1.874 reformados e 532 pensionistas.

Banco de Portugal devolve subsídios a reformados - Impostos - Jornal de Negócios

Grandes empresas passadas 'a pente fino' pelo Banco de Portugal

Banco de Portugal põe as barbas de molho...

Noticias ao Minuto - Grandes empresas passadas 'a pente fino' pelo Banco de Portugal

quarta-feira, novembro 27, 2013

Banco de Portugal?

Público, Foto: Nelson Garrido

A banca é a melhor aliada da dívida pública!

Banco de Portugal afirma que a carga fiscal conjugada com cortes nos salários e pensões vai afetar rendimento disponível em 2014. E avisa que a consolidação orçamental não é amiga do crescimento do emprego e constitui uma ameaça à própria estabilidade financeira do sistema bancário. Diário de Notícias, 27/11/2013.

O Banco de Portugal foi um banco privado até 1974. E depois desta data, apesar de ter sido nacionalizado pelo PREC, e de ser um banco central público, ao contrário, por exemplo, da Reserva Federal americana, que continua a ser um cartel privado de banqueiros, o BdP é, na realidade, uma entidade que vela, em primeiro lugar, pelos interesses do cartel bancário nacional. É tendo bem presente esta ideia que devemos ler o aviso de Carlos Costa (ex-BCP, ex-CGD, ex-BEI) sobre o recessivo Orçamento de Estado ontem aprovado no parlamento.

Em vez de exercer uma ação punitiva clara e determinada junto da banca privada que desgraçou o país ao proteger e alimentar-se da corrupção que galopou desde meados da década de 1990, financiando, com endividamento público e externo, de forma especulativa, investimentos sem retorno e uma partidocracia voraz, ignara e irresponsável, o Banco de Portugal vem dizer agora que quer continuar a ter uma Administração Pública sobre-endividada. Porquê? Eu digo: porque é a principal mama financeira da banca comercial que temos. Ou seja, uma vez que a banca comercial não coloca um cêntimo na economia, apesar da propaganda vigarista que vemos por aí, a sua principal fonte de estabilidade indolente é o endividamento público!

O mecanismo é basicamente este: o Estado emite dívida pública, os bancos indígenas compram essa dívida com dinheiro emprestado pelo BCE, que fica com os títulos como garantia. Os bancos indígenas cobram ao Estado português juros muito superiores aos juros que pagam ao BCE, e este, por sua vez, cobrando um juro mínimo à cabeça, contorna os tratados da União e aumenta assim a massa monetária no SME. Ao que parece, esta é a única maneira que Mario Draghi conhece para forçar os países a pagar as suas dívidas, nomeadamente, aos grandes especuladores globais: JP Morgan, Goldman Sachs, Bank of America, Citi, HSBC, Deutsche Bank, Barcleys, etc.

Por sua vez, o dinheiro da Troika chamada a intervir nos países à beira da bancarrota, cobra juros bem mais elevados do que os juros que o BCE cobra aos bancos comerciais, e serve, no essencial, para obrigar os estados a devolverem aos investidores que apostaram de forma aventureira ou especulativa no endividamento público de vários países, os seus capitais e os juros na sua totalidade, retirando, assim, todo o risco às operações realizadas, como se o risco não fosse a essência do jogo capitalista e da especulação financeira!

Pior: os bancos comerciais portugueses, como não emprestam um cêntimo à economia real (continuam, no entanto, a ‘viabilizar’ operações financeiras puramente especulativas, como se viu ontem na aquisição parcial da Soares da Costa e da Controlinveste Media pelo senhor Mosquito), colocam o excesso de reservas (1) no próprio BCE, cobrando um juro exíguo mas seguro, em vez de arriscar o tal cêntimo que não investem na economia real.

Como se diz na gíria do economês, os mecanismos de transmissão do sistema financeiro para a economia deixaram de funcionar. O aumento da massa monetária nos EUA, como na Europa e no Japão, é um circuito fechado que retira rendimento aos salários, pensões e subsídios, que bloqueia financeiramente a economia, destrói centenas de milhar de empresas em todo o mundo, provoca centenas de milhões de desempregos, e que tem por único fim forçar os contribuintes a pagar o que devem e o que não devem, em nome da estabilidade dos bancos e dos governos que estes controlam.

Este embuste está, porém, a destruir as sociedades e ameaça perigosamente a estabilidade dos regimes democráticos americanos e europeus. É por isso que, tanto nos Estados Unidos, como na Europa, se buscam soluções de compromisso que, nomeadamente, garantam o financiamento da economia real. O banco central americano anunciou recentemente a sua intenção de fazer duas coisas: deixar de pagar juros pelos excessos de reservas bancárias depositadas no Fed, assim como diminuir a quantidade de dinheiro colocado à disposição dos mercados finaneiros para comprarem e especularem com a dívida americana. A ideia destas medidas é estimular, finalmente, a transmissão de liquidez à economia. Na Europa, o BCE espera pela Grande Coligação alemã para saber o que vai fazer. E em Portugal, há tempos, falou-se muito da criação de um Banco de Fomento, destinado a financiar a economia real, em vez de continuarmos a criar apenas mais dívida em nome do monstro estatal e das clientelas que dele vivem. Os bancos privados opuseram-se, claro, pois tal ameaçaria o seu bem estar indolente. E o senhor Costa do BdP, que eu saiba, assobiou para o ar.

Em vez de atacar o problema da asfixia económica do país agarrando o touro pelos cornos, o governo cobarde de Passos Coelho preferiu a falácia de colocar o quadro comunitário de apoio de 2014-2020 ao serviço da economia, chamando o seu controlo ao Terreiro do Paço, na pessoa dum jovem maduro que começa a cair de podre e fala cada vez mais como os disléxicos procuradores da república que temos. Na realidade, não vejo como é que a Comissão Europeia irá autorizar um governo nos bolsos da banca e das tríades indígenas a desviar verbas, com destinos previamente desenhados, para pequenas e médias empresas que normalmente fazem parte dos grandes grupos de sempre e são escolhidas a dedo.

A menos que a posse da Grande Coligação da Alemanha ilumine Mario Draghi, e algo parecido com um Banco de Reconstrução Europeia surja no horizonte para financiar de modo meticuloso (diria mesmo, marcial) a economia europeia, a situação tenderá a piorar. No caso português, a coisa poderá agravar-se ao ponto de ficarmos sem outra solução que não seja um Quantitative Easing à chinesa, isto é, a introdução no país, por um longo período, de medidas expressas e apertadas de controlo de capitais, as quais forçarão imediatamente os bancos a deixarem de brincar ao Monopólio, começando, por fim, a emprestar dinheiro à economia real — isto é, à economia produtiva, de bens materiais e serviços com valor acrescentado.


NOTAS

  1. Os depósitos bancários e os empréstimos do BCE são ambos dinheiro emprestado ao banco, o qual vence, de uma forma ou doutra, juros. Logo o banco não pode ter estas reservas paradas. Tem que as por a circular, isto é a render, ou seja, tem que aplicar o dinheiro que recebe, sob pena de o banco negar o próprio negócio e começar a ter prejuízos. Aliás, é emprestando um certo número de euros por cada euro que é depositado, que os bancos criam literalmente dinheiro do nada, na expectativa de que os investimentos tragam retornos que farão do nada criado dinheiro a sério! Se este mecanismo se rompe, como se rompeu desde 2008, e não mais retomou a normalidade, os bancos ficam à mercê dos bancos centrais, vivendo numa espécie de indigência para ricos. Claro que alguns deles acabarão mesmo na falência, e até na miséria. Em Portugal, pelo menos um destes banqueiros já sucumbiu à pressão dos acontecimentos. É por esta razão que o pseudo Banco de Portugal fez hoje este alerta ao Tribunal Constitucional sobre as pensões e sobre os cortes salariais nos dependentes diretos do Orçamento de Estado. Os bancos comerciais e os especuladores vivem hoje, essencialmente, da explosão especulativa das dívidas soberanas. E o PCP não vê isto? Ou será que, como Lenine um dia defendeu, aposta na hiperinflação monetária?

quarta-feira, outubro 03, 2012

Banco de Portugal, repito, cadé o ouro?

Marc Quinn, Siren (2006). Modelo: Kate Moss. Ouro de 18Q, Peso: 50Kg.

Onde está o ouro português? Existe mesmo ou é de papel? 

O Banco de Portugal, ao referir-se aos seus ativos em ouro, descreve-os assim:  “Ouro e ouro a receber”, ou seja, ouro mesmo e ouro emprestado em troca de liquidez, supõe-se. Mas quanto ouro metal afinal existe no Banco de Portugal? E quanto foi alienado sob a forma de swaps e outros instrumentos de venda dissimulada? É que há fortes suspeitas de que os bancos centrais europeus, tal como o FMI, alienaram milhares de toneladas de ouro desde que este século começou! Terá sido esta uma das contrapartidas para as astronómicas vendas de dívidas soberanas europeias, a chineses, americanos, árabes, russos e indianos, por intermédio do BCE?
“...once we acknowledge how big the discrepancy is between the actual true level of physical gold demand versus the annual “supply”, the obvious questions present themselves: who are the sellers delivering the gold to match the enormous increase in physical demand? What entities are releasing physical gold onto the market without reporting it? Where is all the gold coming from?

There is only one possible candidate: the Western central banks. It may very well be that a large portion of physical gold currently flowing to new buyers is actually coming from the Western central banks themselves. They are the only holders of physical gold who are capable of supplying gold in a quantity and manner that cannot be readily tracked. They are also the very entities whose actions have driven investors back into gold in the first place. Gold is, after all, a hedge against their collective irresponsibility – and they have showcased their capacity in that regard quite enthusiastically over the past decade, especially since 2008.”

in "Do Western Central Banks Have Any Gold Left???". By: Eric Sprott & David Baker. Sprott Global.
Entre 2002 e 2006 (!) o Banco de Portugal vendeu, sem perguntar aos portugueses, qualquer coisa como 225 toneladas de ouro (15 em 2002, 30+45 em 2003, 35+20 em 2004, 35+10 em 2005 e 15+20 em 2006). E só não vendeu mais, nomeadamente durante o consulado pirata de Sócrates, porque a UE proibiu a venda de ouro para tapar os buracos orçamentais — que todos os partidos com assento parlamentar cavam alegremente, em nome da presa eleitoral, e adiando invariavelmente o pagamento da fatura. Para a corja partidária populista que nos levou à bancarrota o governo que vier, os filhos, e os netos, que paguem a crise!

Diz-se que o BdP tem ainda 382,5 toneladas de ouro. Mas terá mesmo?

Nas demonstrações financeiras de 2011 o BdP regista entre os seus ativos: “Ouro e ouro a receber” no montante de 14 964 159 000 €.

"A receber"? Como? Porquê? Quanto? Quando?!

Fiz algumas contas rápidas, reportadas a 31 dez 2011:
  • Preço da onça troy em 31/12/2011: 1 209,87€
  • Preço da tonelada: 38 897 569 €/T  
  • Quantidade existente estimada no (?) Banco de Portugal: 384,7 toneladas
No entanto, fazendo contas de acordo com relatórios do próprio BdP, deveria haver 600-225=375 ton. E de acordo com os jornais (Sol), 382,5 ton.

Em que ficamos? Que diz o Banco de Portugal? O dono do banco, isto é, o povo português, quer saber!

Na realidade, está na altura de exigir uma auditoria independente às reservas nacionais públicas de ouro. É que depois do roubo encoberto pela nacionalização/venda do BPN tudo é de esperar das desconfiáveis autoridades monetárias deste sítio insolvente chamado Portugal.

Qual foi a rentabilidade real das vendas de ouro realizadas entre 2002 e 2006, quando comparadas com o valor atual e futuro próximo deste metal precioso, que regressa paulatinamente ao centro da discussão sobre a natureza inflacionista da monetização das dívidas soberanas atualmente em curso?


Francisco de Goya — Urano devorando a sus hijos (1823), Museu do Prado. Provavelmente uma das mais terríveis metáforas sobre o endividamento irresponsável.

Depreciação da moeda e decadência dos regimes andam sempre associados!

A inflação provocada pelo aumento constante dos custos do trabalho, da energia e da responsabilidade social associada à diminuição do emprego (seguros de desemprego, extensão dos programas educativos, criação de emprego burocrático e não produtivo, consumo conspícuo) leva ao crescente endividamento público e privado, atingindo por vezes níveis insustentáveis.

A resposta que historicamente os governos têm dado a estas crises sistémicas passa por aumentar a massa monetária e por diminuir o preço do dinheiro (através da destruição dos juros), ou seja, pela depreciação da moeda.

Esta depreciação, por sua vez, conduz à especulação económico-financeira, produzindo bolhas e colapsos, acabando por lançar pessoas, empresas e governos na insolvência. Se a resposta à insolvência for mais liquidez, e portanto uma depreciação radical da moeda, o resultado é invariavelmente a deflação dos ativos financeiros e não financeiros (casas, por exemplo) e a ocorrência de episódios de hiperinflação. atingindo sobretudo os preços associados aos bens de primeira necessidade (alimentação, etc.)

Quatro dos seis gráficos que se seguem foram compilados por Dylan Grice, um analista da Société Géneral, cuja mais recente reflexão desaguou em vários blogues económicos, nomeadamente no ZeroHedge — From Currency Debasement To Social Collapse: 4 Case Studies (ZeroHedge/ Dylan Grice).

A depreciação da moeda e a inflação aparecem intimamente associados ao colapso de Roma, ao incremento da Caça às Bruxas em Inglaterra nos séculos 16 e 17, ao Terror dos primeiros anos da Revolução Francesa, e ao colapso da República de Weimar que antecederia a irrupção do nazismo.

As tabelas sobre a depreciação do marco alemão, e sobre a repartição dos gastos familiares durante o longo período de inflação que antecedeu o episódio hiperinflacionista de 1923, são particularmente ilustrativas do que poderá vir a suceder na Europa e nos EUA se a crise sistémica em curso continuar agarrada a paliativos monetaristas.


Colapso do denário romano


A Caça às Bruxas recrudesce com a inflação


A desvalorização abrupta do franco face ao ouro acompanha o Terror na Revolução Francesa


A concomitância entre a chegada de Hitler e a inflação é evidente


Notas de banco servem para construir papagaios!


A relação entre o marco e ouro revela até que ponto o dinheiro fácil é ilusório. O ouro torna-se na medida real do valor das coisas quando o dinheiro nada vale


A alimentação torna-se o bem mais valioso quando o dinheiro perde exponencialmente valor

sábado, agosto 25, 2012

Superavit?

Há quem tenha visto máquinas destas a sair do país recentemente.

Os números não dão para festejar

2012, janeiro-junho
— importações de bens e serviços: 28.033M€ + 5.172M€ = 33.205M€
— exportações de bens e serviços: 22.846M€ + 8.590M€ = 31.436M€

O texto que vem publicado no sítio do governo é uma autêntica contorção retórica para tentar vender o invendável, isto é, que Portugal tem vindo a colocar a sua balança comercial em ordem, com as exportações a superar as importações. Em primeiro lugar, os números do INE mostram claramente que continuamos a importar mais do que exportamos. Por outro lado, se ficamos a saber o que agravou o peso das importações —alimentação, bebidas, combustíveis e lubrificantes—, já na melhoria da performance das exportações falta esmiuçar os agregados compilados.

"Em junho de 2012, as exportações e as importações de bens e serviços registaram variações homólogas de 5,6% e de -4,6%, respetivamente, valores que comparam com variações homólogas no mês anterior de 4,6% para as exportações e de -10,2% para as importações. No mês em análise, a taxa de cobertura das importações pelas exportações de bens e serviços situou-se em 105,6%. Ainda em junho de 2012, as exportações e importações de bens registaram variações homólogas de 9,1% e de -2,1%, respetivamente. No mesmo mês, as exportações de serviços registaram uma variação homóloga de -2,2% e as importações de serviços registaram uma variação homóloga de -16,1%.
De janeiro a junho de 2012, as exportações e as importações de bens e serviços registaram variações homólogas de 6,4% e de -5,8%, respetivamente. A taxa de cobertura das importações pelas exportações de bens e serviços situou-se em 97,7%. Para o mesmo período, as exportações e importações de bens registaram variações homólogas de 9,0% e de -5,3%, respetivamente. No período em análise, as exportações de serviços registaram uma variação homóloga de 0,1% e as importações de serviços registaram uma variação homóloga de -8,7%."
In  Portal do Governo (ver Boletim do BdP)

Depois deste arrazoado inútil vamos ao que interessa.

  1. O valor das importações de produtos alimentares e bebidas sofreram, entre janeiro e junho deste ano, uma variação de +88,2%, repito +88,2%!  Este, sim, é um número que deveria preocupar o governo, em vez de o levar a filtrar fantasias demagógicas sobre o comportamento atípico das nossas importações e os efeitos depressivos da austeridade orçamental, do terrorismo fiscal e da pulhice financeira em curso. O Index Mundi mostra uma subida de preços dos Food and Beverage, entre janeiro e julho deste ano, na ordem dos 10,8%, e uma subida do preço do trigo na ordem dos 25,8%. Como explicar os +88,2%, senhor Gaspar, senhor ASP, senhor Passos de Coelho?
  2. A importação de combustíveis e lubrificantes, apesar do decréscimo do uso e da circulação automóvel, tiveram uma variação em valor de +16,0%. Que tal, de uma vez por todas, em vez de ler as patetices do Expresso desta semana sobre a abundância petrolífera mundial, optar por uma viragem estratégica e urgente do nosso modelo de transportes e mobilidade? Com a fiscalidade verde a pisar duro além-Pirinéus, a importação de alimentos pesará cada vez mais negativamente na balança comercial, e os TIR, depois de novas guerras no asfalto, acabarão por encostar. Já alguém pensou, nomeadamente no parlamento, que este assunto é demasiado grave para continuar cativo dos gabinetes do costume?
  3. A grande queda nas importações, por sua vez, dá-se no material de transporte e acessórios, presumo que e sobretudo na importação de automóveis e respetivos acessórios — um ajustamento inegável, que poderia ser ainda mais acentuado e benéfico se acabassem com o bacanal que é a importação de automóveis de luxo para a burocracia do estado e das empresas públicas e fundações que vivem exclusivamente à custa do património público e dos impostos.
  4. Por sua vez, o aumento de 3,5% nas exportações de material de transporte e acessórios deve-se provavelmente à saída em massa de material de transporte usado em obras públicas!
  5. Finalmente, a saída para fora do país de máquinas usadas nomeadamente na construção civil e em obras públicas teve, imagino, um importante impacto na subida de 23,5% das exportações de bens de capital e acessórios (que incluem, segundo o BdP, "máquinas, exceto material de transporte".)
Sobre a farsa do défice orçamental, estamos conversados! Repito o que escrevi no Facebook: o ministro Gaspar, se fosse sério, demitia-se. Não por não ter conseguido aumentar as receitas, que conseguiu, apesar das perdas no IVA, mas por não ter baixado a despesa onde mais era preciso (nas denominadas rendas excessivas), como prometeu à Troika e a todos nós, submetendo-se, com todo o governo, a começar pelo subalterno do BES que hoje é PM, aos rendeiros e burocratas de sempre. No entanto, ministro Gaspar, ainda tem uma hipótese de emendar a mão. Sabe porquê? Porque a situação económica, social e financeira de Portugal vai agravar-se no próximo ano, e muito!

sexta-feira, junho 29, 2012

Descoberta tardia

Carlos Costa, governador do Banco de Portugal. Foto © ?

Um homem afável, mas de que planeta?

Carlos Costa disse hoje na AR que em 2010 descobriu que havia um sério problema de dívida externa no país. Em 2010?! Mas este homem não me lê?! Acusei os nossos economistas de andarem a dormir na forma a este respeito... em 2008! E em outubro de 2005 já tinha avisado que haveria um crash imobiliário muito antes de o embuste da Ota começar a caminhar... (1)

Um trotskysta alemão, nos idos de abril de 1975, confessou-me desiludido: "Vocês nunca conseguirão fazer a Revolução". Mas porquê, perguntou o jovem trotskysta heterodoxo que então era. Respondeu-me o camarada turista, arregalando os seus olhos muito azuis: "porque andam sempre meia hora atrasados!"

Pois este governador anda, no mínimo, dois anos atrás dos acontecimentos, o que sendo quem é, não pode deixar de ser muito preocupante.

Eu não sei ainda se a zona euro sofrerá, ou não, a breve trecho, uma cisão, dando lugar a uma banda de euro-marcos de um lado, e outra, de euro-PIIGS. Continuo a pensar no que há mais de um ano escrevi: será a própria Alemanha que, uma vez esgotada a paciência, baterá com a porta, dizendo Auf Wiedersehen às economias toxicodependentes em dívida soberana e populismo democrático, preparando entretanto com a China o mesmo tipo de FOREX que a China tem vindo a estabelecer com a Rússia, Japão, Índia, Irão, Brasil, Chile, etc....

Se não avançarmos rapidamente para uma federação económico-financeira, política e militar, que comece depois deste fim-de-semana a dar passos firmes nesta direção, por forma a garantir que a Europa será mesmo uma União antes de 2020, o sonho do pós-guerra morrerá uma vez mais, mergulhando a Europa em mais uma Idade Média, ainda que tecnológica. A América e a Inglaterra não ganharão nada com este desfecho, mas acreditam que destruindo o euro, poderão salvar as quimeras monetárias em que transformaram as suas moedas. Não podem!

A China e a Rússia apoiam a Europa e o euro. Mas se ambos ruírem, mais rápida e selvagem será a penetração da China nos mercados europeus. Alemanha será sempre o seu principal parceiro, e os restantes países afundar-se-ão paulatinamente nas armadilhas do endividamento público, privado e externo em que caíram e de onde parece não quererem sair.

There was just one relevant phrase uttered in all of last night's bluster, and ironically it came from Italy's own Mario Monti who said that there are "no plans for boosting bailout funds." This really is all that matters. Why? The Bridgewater chart that we presented before once again explains it all. ZeroHedge.


Os bancos recapitalizam-se à custa de recursos claramente limitados quando comparados com a escala gigantesca dos endividamentos soberanos. A dita recapitalização não chega à economia se não parcialmente, isto é, apenas serve para alimentar as burocracias incuráveis das democracias populistas da Europa e para remunerar fundos de investimento e credores, boa parte dos quais está presa no fundo do Buraco Negro dos Derivados criado pelos piratas de Wall Street e da City londrina. Numa palavra, o alívio deste fim de semana é temporário. O mal continua a corroer o sistema financeiro ocidental.

A janela de oportunidade agora entreaberta não nos liberta da responsabilidade de corrigir a democracia. Se em vez de apostarmos na transparência, na eficiência e na ampliação e diversificação dos modos de formação da vontade democrática, continuarmos a alimentar um regime capturado por piratas e oportunistas, o colapso social será brutal e rápido.

Um exemplo de que quase nada mudou nos centros de poder, apesar da crise gravíssima que atravessamos desde 2009, está bem patente em processos como o da privatização da TAP. A quem serve a privatização: ao país, ou ao grupo BES? Quem opina neste processo: o Estado, ou o BES? Outro exemplo do escandaloso atraso da reforma política que urge fazer, é o modo arrogante como a EDP prossegue o assassinato do Vale do Douro em nome de coisa nenhuma, a não ser da arrogância e da corrupção.


NOTAS
  1.  2005
    A antecipação criminosa da estratégia da Ota

    Se as obras de terraplanagem algum dia vierem a ter início, de uma coisa deveremos desde já estar seguros: o dito Aeroporto Internacional da Ota jamais será concluído. Muito antes das datas previstas, nos cenários pró-Ota, para a sua inauguração --2017-2018--, Portugal ver-se-à na contingência de ter que redesenhar dramaticamente as suas prioridades de desenvolvimento (ou melhor dito, de sobrevivência). A brutal crise energética chegará muito mais cedo do que se prevê. E antes dela (...) chegará também um mais do que provável "crash" imobiliário.

    OAM 30-10-2005.


    2008
    A cenoura e o pau do Bloco Central

    Em duzentas e três economias consideradas no World Factbook da CIA, Portugal tinha, em 2007, a 20ª maior dívida externa do mundo (200% do nosso PIB!), acima, em valor absoluto, de países como a China, a Rússia, o Brasil, a Argentina ou os Emiratos Árabes Unidos. Acresce ainda que a dívida pública, i.e. a dívida do Estado (juros incluídos) já chegou aos 64% do PIB, enquanto a balança de transacções correntes é também deficitária em cerca de 10% do Produto Interno Bruto. Ou seja, no momento em que ocorre o maior eclipse de liquidez monetária de que há memória, anunciando em todo o seu dramatismo o início de um colapso financeiro e uma depressão prolongada nas principais economias ocidentais, a banca portuguesa está virtualmente falida e sem credibilidade suficiente para contrair os vultuosos empréstimos de que necessita para sobreviver e ajudar a financiar o pântano deficitário em que todos nos estamos afundando -- públicos e privados. Pior não podia ser!

    OAM, 1-11-2008.


    O garrote da dívida externa portuguesa


        Gross External Debt Position*
        2007 - $461.200.000.000 (CIA Factbook, 31 December 2007)
        2008 - 335 136 000 000 euros (BdP, Março 2008)
        2008 - 343 966 000 000 euros (BdP, Junho 2008)

        PIB nominal
        2007 - 163 082 900 000 euros
        2008 - 168 356 400 000 euros (previsão do OE 2009)

        Dívida Externa
        2007 = PIB x 1,985
        2008 = PIB x 2,043

        in Banco de Portugal, Setembro, 30, 2008

    A dívida externa portuguesa supera os 200% do PIB! E não os 100% que não sei quantos economistas vêm lançando para o ar mediático nas últimas semanas, depois de terem tolerado durante anos a conversa fiada dos 3% em volta do défice orçamental, como se este fosse o maior problema estrutural do país. Não é!

    O Estado português até poderia absorver 5% e mais do PIB, sem que daí mal algum viesse ao Zé Povinho, na condição de esse dinheiro ser bem empregue. Por exemplo, na recuperação da nossa vocação atlântica em todas as suas pesadas frentes e dimensões orçamentais. Por exemplo, na criação de facto de um Estado livre, solidário, participativo e eficiente. Por exemplo, na criação e desenvolvimento acelerado de uma política linguística e de informação global tecnologicamente avançada. Para tudo isto, dando de barato que pelo caminho poríamos de facto as corporações profissionais e sindicais na ordem, gastar 5% do PIB em políticas estruturais e estratégicas de Estado, seria mais do que aceitável, mesmo correndo o risco de ouvir berros de Bruxelas.

    Agora o que não é tolerável é contrair alegremente dívidas no estrangeiro ao longo de décadas, e atrair à toa investimentos especulativos, até termos chegado à linda situação de sermos, entre 203 países e economias regionais consideradas, aquele que tem, em valores absolutos (!), a 20ª maior dívida externa do planeta!!

    OAM 19 nov 2008.

segunda-feira, agosto 08, 2011

Banco de Portugal, cadé o ouro?

Primeiro, precisamos de saber se o nosso ouro está em boas mãos, depois temos que proteger as reservas públicas e privadas deste metal precioso

Goldman Sachs Group Inc. (GS) raised its futures forecasts to $1,645 an ounce, $1,730 an ounce and $1,860 an ounce on a three- month, six-month and 12-month horizon as it expects real U.S. interest rates to stay lower for longer. The previous estimates were $1,565, $1,635 and $1,730 an ounce, it said in a report. “We continue to recommend long-trading positions in gold,” the bank said. (Bloomberg, 8-8-2011)

Arrecadas em filigrana de ouro. Foto: APTL


Compras de ouro para Dezembro realizadas hoje, depois do tombo na credibilidade financeira dos EUA, pagaram-se a $1,718.20 a onça. A Goldman Sachs prevê que o preço deste metal precioso chegue muito perto do 1900 dólares a onça (60,6 USD/grama) daqui a um ano. E a subir mais depresssa do que o ouro está a prata!

O BCP vende barras de ouro de 10 gramas, com pureza máxima (999), mas só a clientes, e a Caixa também vende, mas desconheço os pormenores.

Ao contrário das jóias, as barras e as moedas (libras inglesas, águias americanas, pandas chineses, krugers sul-africanos, violinos austríacos, etc.) são imediatamente convertíveis em dinheiro.

Comprar ouro virtual, i.e. investir em ouro meramente electrónico, mas pago por transferências bancárias de dinheiro efectivo, é um risco especulativo sujeito a todos os perigos inerentes.

Comprar ouro mesmo, e guardá-lo, é investir na segurança em tempos de grande volatilidade, como os de hoje, e que não vão sossegar nos próximos anos!

ATENÇÃO: o ouro e a prata das jóias portuguesas são em geral mais puros que os empregues por outros países na confecção de objectos decorativos e simbólicos. O nosso ouro e a nossa prata têm, no mínimo, 80% de metal precioso puro, e em média, 83%. Assim quando comprar/vender prata e/ou ouro tenha estes números presentes... para não ser enganado! E não se esqueça também de observar sempre à lupa os contrastes das peças em ouro e prata (ver informação importante da INCM).

E ainda: o Banco de Portugal tem que se por rapidamente em campo para supervisionar o negócio dos metais preciosos no nosso país, protegendo-os dos "raids" em curso para a sua captura e exportação para os países credores. As máfias do ouro, da prata e do cobre proliferam, e precisamos por isso de uma estreita colaboração entre o Banco de Portugal, a indústria e comércio portugueses de metais preciosos, e a polícia, para proteger activos realmente preciosos!

CONSULTAR:

Gráfico interactivo das cotações do ouro e prata no Bullion Vault

Cotações e outras informações no Goldprice


NOTAS E RECOMENDAÇÕES SOBRE COMPRA/VENDA DE METAIS PRECIOSOS (10-08-2011)
  1. Em primeiro lugar é preciso ter em conta que os metais preciosos podem ser vendidos na forma quase pura, normalmente em barras (com um grau de pureza de 999 milésimas), e como parte integrante de objectos decorativos ou de outro uso trabalhados pelo homem: moedas, jóias e componentes de máquinas e aparelhos (da electrónica às protecções para motores e sistema de escape de um McLaren!)
  2. Enquanto as barras de prata, ouro, platina, etc., valem de acordo com cotação diária dos metais preciosos determinada pelo jogo de mercado, i.e. em função da procura e da oferta, já as aplicações de metais preciosos dependem de outros factores, como sejam, o trabalho e a raridade. Uma filigrana de Gondomar, ou uma caixa de rapé valem não apenas pelo metal que contêm, mas também, e às vezes sobretudo, pelo trabalho acumulado nessas mesmas peças: o trabalho do artista, o trabalho social que lhe conferiu um determinado valor cultural subjectivo, o trabalho da sua conservação, da sua manutenção, a apreciação historiográfica, etc. Idem para as moedas, onde pesam sobretudo os catálogos de Numismática e o mercado muito especial dos coleccionadores de moedas.
  3. Logo comprar/vender barras de ouro ou prata e comprar/vender jóias, ou peças de um serviço de jantar, são operações muito diversas. As aplicações em ouro, prata e platina, sobretudo se em ouro e a prata portugueses, contêm no mínimo 80% de metal precioso (podendo, no caso da prata, chegar às 999 milésimas de pureza.)
  4. Assim recomendo que 1) para moedas, se comece por consultar a Imprensa Nacional Casa da Moeda e este sítio na Net: Moedas Portugal; 2) para objectos doméstico e jóias, se consultem ourivesarias certificadas para avaliação do valor real dos mesmos; 3) para a venda da chamada "sucata" de prata e ouro, isto é objectos em ouro e prata usados e sem valor artístico assinalável (nomeadamente objectos soltos e danificados pelo uso) há pelos menos dois concorrentes no mercado nacional muito activos: Valores e Ouroinvest. Enquanto a primeira é de evitar absolutamente no caso de venda de objectos em prata, pois subvalorizam escandalosamente o metal em mais de 85%!, já a Ouroinvest desvaloriza em cerca 56,5%. O motivo porque a sucata de prata é tão desvalorizada prende-se com os custos associados à logística da transacção (alugueres de espaço, contratações, gastos de energia e telecomunicações, etc.), ao transporte da sucata e aos custos da sua ulterior fundição. Dada a valorização muito superior do ouro, o preço pago pelo mesmo contido nos objectos colocados à venda fora do circuito do mercado das jóias e moedas, é bem mais próximo do valor das cotações oficiais do ouro.
  5. Para a compra de ouro, a opção das barras é mais clara: vale sempre a cotação diária no mercado global. As moedas, pelo contrário, além de conterem menos ouro por volume/peso, estão sujeitas ao jogo de mercado distinto da Numismática, e às jogadas, por vezes traiçoeiras, dos bancos emissores, que frequentemente inundam os mercados com moedas, destruindo-lhes o valor de raridade, ou escassez relativa. Ou seja, para os não-coleccionadores de moedas, a opção das barras é mais directa e fiável. No entanto quem conseguir comprar Pandas de ouro e de prata, sem ter que se deslocar à China, fará certamente um bom investimento em metais preciosos, e em peças de colecção cujo valor, se o Dragão do Oriente, vier a ser o que promete, subirá provavelmente muito para além do valor dos respectivos pesos em ouro e prata ;)
  6. Para compra de barras de ouro já não recomendo os bancos, pois cobram comissões demasiado altas. É preferível recorrer a boas ourivesarias, casas de moedas, ou à Ouroinvest, comparando as condições e as comissões oferecidas pelas diversas alternativas.

quinta-feira, junho 09, 2011

A Depressão Demográfica Portuguesa

Com metade da população actual, e mais de metade dela acima dos 65 anos, quem pagará as dívidas e o Estado Social?

Sem olhar para a demografia e para a energia não é possível decidir bem.

Em 2085 teremos a população actual da Catalunha (simular previsões nesta página da ONU) — ou até menos de metade da população actual!

Quem pagará então as facturas lançadas na primeira década do século 21 por uma classe política corrupta e estúpida até à medula?

O declínio demográfico e a inflação decorrente do Pico do Petróleo têm vindo a erguer rapidamente o verdadeiro muro intransponível da nossa decadência e da impossibilidade de pagar as dívidas contraídas pela partidocracia que deixámos crescer como um cancro imparável. Se não pararmos as PPPs rodoviárias e hospitalares, e o ilusório Plano Nacional de Barragens, imediatamente, a saída da zona euro será inevitável, assim como a perspectiva de nos tornarmos uma colónia a ferro e fogo dos nossos credores.

O alerta surgiu, há alguns anos, da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana (e dele demos aqui conta então), desmentindo as estatísticas distraídas do político INE. Há décadas que o nosso instituto estatístico e o governo medem mal a realidade, e se esquecem de contar a emigração para a União Europeia (como se esta fosse já uma realidade política consolidada), daqui resultando a pouca fiabilidade dos seus números sobre a população portuguesa realmente residente e activa, e o escândalo da sistémica abstenção eleitoral. Os cadernos estão cheios de zombies, mas também, e principalmente, de emigrantes que o INE e os sucessivos governos não conseguem ver nem contar.
Ontem o INE admitiu pela primeira vez que o nosso saldo migratório foi negativo em 2010, ou seja, saíram mais portugueses do que as entradas de imigrantes no nosso país. Mais concretamente, o INE estimou que saíram cerca de 23,7 mil portugueses em 2010, o que contribuiu para que a nossa população diminuísse em cerca de 700 pessoas no último ano. Continuo a afirmar que os números de saídas de portugueses estimados pelo INE estão manifestamente errados, assim como iremos ver dentro de pouco, quando os dados do Censos 2011 forem publicados. Nessa altura, penso que iremos verificar que a população do país terá entre 200 mil e 300 mil pessoas a menos do que os 10,6 milhões estimados pelo INE. Como chego a este número? Subtraindo as minhas estimativas da emigração com os números de entradas de imigrantes. 
Álvaro Santos Pereira, Desmitos.

terça-feira, março 15, 2011

Por uma nova constituinte!

Geração à Rasca — Av. Liberdade, Lisboa, 12mar2011 (Foto: ACP)

A monumental manifestação de cidadania que por todo o país respondeu à convocatória da Geração à Rasca foi, na realidade, a certidão de óbito de uma democracia degenerada e já sem capacidade de auto-regeneração. De facto, só uma revolução constitucional poderá superar de forma realista e saudável o impasse sistémico a que chegámos. Precisamos, como escreveu Manuel Maria Carrilho, de uma nova república, mas para lá chegarmos precisamos também de uma nova constituição, e de uma nova assembleia constituinte. Esta é aliás a única via de saída pacífica e democrática para um regime que chegou miseravelmente ao fim. Resta apenas saber se o actual presidente da república tem condições para liderar um tal processo, ou se vai ser preciso um grande empurrão popular para lá chegarmos!

A manifestação de 12 de março de 2011 assinala a tomada de consciência patriótica, em sentido profundo e construtivo, de que algo muito importante e íntimo se quebrou e não pode ser reparado sem uma mudança de regime político. Refiro-me à confiança dos portugueses nas suas instituições democráticas.

Depois do avisado discurso de posse de Cavaco Silva, e dos sinais visíveis de realidades prontas a emergir —quer da alma amordaçada do PS, quer da insustentável duplicidade liberal-populista do PSD, ou ainda de múltiplos movimentos espontâneos de indignação, com o potencial de evoluírem para decisivas forças políticas de mudança—, Portugal está perante um dilema: prolongar por mais algumas semanas, meses, uma década que seja, a actual agonia, pagando o preço de entregar o país à guarda da Alemanha e da Espanha; ou então, despedir sem cerimónias o regime corrupto e inepto que deixámos imprudentemente proliferar como um cancro, substituindo-o rapidamente por uma nova república, constituída por poderes efectivamente democráticos, eticamente responsáveis, tecnicamente competentes e culturalmente ambiciosas.

O exemplo da Islândia

... a Islândia (ler aqui, e aqui) dispõe [desde 27 de novembro passado] de uma Assembleia Constituinte composta por 25 simples cidadãos eleitos pelos seus pares. É seu objectivo reescrever inteiramente a constituição de 1944, tirando nomeadamente as lições da crise financeira que, em 2008, atingiu em cheio o país. Desde esta crise, de que está longe de se recompor, a Islândia conheceu um certo número de mudanças espectaculares, a começar pela nacionalização dos três principais bancos, seguida pela demissão do governo de direita sob a pressão popular.

As eleições legislativas de 2009 levaram ao poder uma coligação de esquerda formada pela Aliança (agrupamento de partidos constituído por social-democratas, feministas e ex-comunistas) e pelo Movimento dos Verdes de esquerda. Foi uma estreia para a Islândia, bem como a nomeação de uma mulher, Johanna Sigurdardottir, para o lugar de Primeiro-Ministro. — De um amigo.
Na sequência da falhada tentativa de golpe estado "socialista" da passada sexta-feira, Paulo Portas fez uma intervenção oportuna, denunciando pela primeira vez, em simultâneo, o "TGV" e o novo aeroporto. Estou convencido que esta declaração, e a decisão de forçar a discussão do PEC-4 no parlamento, foram momentos decisivos para o fim do governo Sócrates. Sem esta intervenção, que sorrateiramente impediu Passos de Coelho de continuar a manobrar, estaríamos ainda suspensos da secreta e difícil negociação entre o PS e o PSD em volta da partilha dos 55 mil milhões de euros de obras públicas que ambos querem levar por diante, em nome das construtoras e bancos que neles mandam, nem que para tal tenham que expropriar toda a classe média da sua condição, e acelerar a morte dos mais idosos e mais pobres recorrendo a restrições e cargas fiscais verdadeiramente assassinas (1).

O instinto de sobrevivência de Portas falou mais alto. Com Rui Rio anunciando o fim do regime, Pedro Santana Lopes avisando que poderá formar um novo partido, e a Geração à Rasca inundando as principais cidades do país, só um tolo não perceberia que a crise política está instalada, e que antecipar o calendário eleitoral será o menor dos males. A Alemanha que espere!

NOTAS
  1. A saída de Manuel Avelino Jesus da comissão de avaliação das parcerias público-privadas (ler aqui), anunciada ontem, é apenas mais um sintoma do sinistro arquipélago de sombras disputado por grandes empresas e bancos endividados incapazes de largar as tetas do orçamento, sabendo embora que a dívida soberana portuguesa acaba de explodir. Nem que seja preciso escravizar uma nação inteira, enchendo o país de estradas, barragens, pontes e aeroportos de que não precisamos, nem podemos pagar, esta burguesia palaciana e burocrática continuará a enviar os seus testas de ferro para a frente televisiva e para os corredores e alcovas governamentais. Até que alguém lhes diga: basta!

sexta-feira, fevereiro 25, 2011

Portugal estatístico

Oito curvas fatais

Recebi dum amigo o link para este post de Alvaro Santos Pereira, professor em Vancouver, e autor do blogue Desmitos. São sete, aliás oito gráficos fatais, que curiosamente não encontramos em nenhum documento oficial. Nem na Pordata parece haver a noção prática de que todos precisamos de conhecer os números básicos da nossa economia sem precisar de uma hora para os encontrar. Tentem, por exemplo, ler o Relatório do Orçamento de Estado, e digam-me em que página aparece escrito o valor em euros do PIB português em 2008, 2009 e 2010. Ofereço uma assinatura grátis deste blogue a quem mo disser!

Em síntese, os dados são estes (ver mapas nesta página e nesta — cortesia de Alvaro Santos Pereira):
  1. A média do crescimento económico é a pior dos últimos 90 anos
  2. A dívida pública é a maior dos últimos 160 anos
  3. A dívida externa é, no mínimo, a maior dos últimos 120 anos (desde que o país declarou uma bancarrota parcial em 1892)
  4. O desemprego é, no mínimo, o maior dos últimos 80 anos. Temos 610 mil desempregados, dos quais 300 mil são de longa duração
  5. Voltámos à divergência económica com a Europa, após décadas de convergência
  6. Vivemos actualmente a segunda maior vaga de emigração dos últimos 160 anos
  7. Temos a taxa de poupança mais baixa dos últimos 50 anos
  8. A dívida externa líquida tem vindo praticamente a duplicar de valor de ano para ano desde 1996 (de 10% do PIB em 1996, para um pico de 112% do PIB em 2010)

terça-feira, novembro 30, 2010

Bancarrota - 6

Medidas simples, duras, mas claras e eficazes
Ponham um tecto máximo nas reformas pagas pelo Estado... de 1700 euros, e ponha-se fim à acumulação de pensões e reformas pagas com o dinheiro dos contribuintes. Como a Suíça fará a partir de 2011. Quem quiser mais, poupe e invista em PPRs.




Reformas na Suíça com tecto máximo de 1700 euros
Na Suíça, ao contrário de Portugal, não há reformas de luxo. Para evitar a ruína da Segurança Social, o governo helvético fixou que o máximo que um suíço pode receber de reforma são 1700 euros. E assim, sobra dinheiro para distribuir pelas pensões mais baixas. — 2010-11-10. Ver Causa defendida no Facebook

Banco de Portugal: Sector público tem de aumentar poupança
O Banco de Portugal antecipa uma recessão em 2011, por efeito do Orçamento do Estado. Um ajustamento inescapável, diz, defendendo como “prioridade” o aumento da poupança do sector público. Os investimentos, defende, devem ser canalizados “para finalidades comprovadamente reprodutivas”. E só a credibilidade na execução orçamental reduzirá os custos da mudança. — Jornal de Negócios.

terça-feira, outubro 19, 2010

A cleptocracia soma e segue

Ainda há cofres por arrombar!

Subir o IVA ou ajudar a ASCENDI?
Sabia que mais de metade das receitas projectadas com a subida do IVA vão "direitinhas" para os cofres de uma empresa privada? Sabia que as transferências dos dinheiros do Estado para esta empresa equivalem a mais de metade das poupanças arrecadadas com o corte de salários dos funcionários públicos?
Pois é, é verdade. Pelo menos, é isso o que nos informa o Relatório do Orçamento de Estado para 2011. Como todos sabemos, o projecto de Orçamento de Estado do governo dá azo ao maior aumento da carga fiscal das últimas décadas. Sobe-se o IVA, o IRS, as contribuições sociais, bem como toda uma série de taxas que farão diminuir o rendimento disponível das famílias e aumentar os custos das empresas e dos consumidores.
Cortaram-se ainda salários, prestações sociais, despesas com a Saúde e os gastos com a Educação. Tudo em prol do "interesse nacional". Porém, sabia que o mesmo governo que está a querer aumentar o IVA vai igualmente transferir 587,2 milhões de euros para a ASCENDI, com a desculpa de levar a cabo a "reposição da estabilidade financeira" da empresa? E que esse "reforço" equivale a um aumento de 289,6% das verbas pagas à ASCENDI em relação a 2010? (p. 212 do Relatório do OE 2011). — in Desmitos.

Finanças cometem gralha de €437 milhões em dotação orçamental

A Ascendi, gestora de infra-estruturas detida pela Mota-Engil e pela ES Concessões (participada do Banco Espírito Santo - BES), solicitou ao Ministério das Finanças uma correção à rubrica inscrita no Orçamento do Estado (OE) para 2011 que refere uma dotação de €587 milhões como reposição do equilíbrio financeiro da Ascendi.

O valor em causa destina-se a compensar alterações contratuais efectuadas nas auto Sem Custos para o Utilizador (SCUT) relativamente às quais a Ascendi deveria receber cerca de €150 milhões. Contactado pelo Expresso, o Ministério das Finanças não adiantou detalhes sobre o assunto.

No entanto, a referida rubrica do OE para 2011 inscreveu mais €437 milhões que o valor que seria devido, o que, aparentemente, será apenas um lapso.

A Ascendi também integra investimentos da Opway, da Amândio Carvalho, da Rosa Construtores, da Odebrecht, do Millennium bcp Investimento, do Santander Totta, da Hagen Concessões, da Monte Adriano e da Mesquita.

A Ascendi resultou de uma transformação da Aenor e detém, a concessão de uma rede de 850 quilómetros de auto-estradas. — in Expresso.

Eu não vos tinha dito? O Orçamento demorou e traz páginas em branco, porque foi, de facto, composto nos gabinetes clandestinos do PS (sim, clandestinos!), onde quem continua a mandar é o Coelho de sempre (o Jorge!). Um estalinista maoísta nunca esquece.

Se a história da "gralha" do Orçamento, que a própria ASCENDI mandou o contínuo Teixeira dos Santos corrigir —pasme-se!—, não é a prova do algodão de que os socialistas da Tríade de Macau transformaram Portugal numa cleptocracia, perante a passividade bovina da restante corja partidária, então sou eu que estou maluco.

A sensação que me dá é a de estarmos num filme policial, onde um país inteiro, Portugal, foi tomado de assalto por piratas, encontrando-se neste momento o pelotão da frente dentro do cofre forte do regime, sacando freneticamente tudo o que encontra dentro das sucessivas gavetas arrombadas, enquanto comandos especiais se atarefam a dinamitar e arrombar os poucos cofres ainda fechados.

Saquear milhões de portugueses à vista de todos e em directo televisivo, é o filme de horror onde estamos metidos neste preciso momento, perante o semblante patético de um presidente da república levado pela mão da mulher (sem a qual já não sabe que fazer), a gritaria hipócrita e populista dos herdeiros degenerados das esquerdas, e um PSD balcanizado como sempre, onde efectivamente se encontra a cara-metade da cleptocracia, controlada há mais de uma década pelos piratas que tomaram de assalto o PS.

Que julga esta gente? Que a vamos aturar por muito mais tempo? Que vai poder escapar toda para o Brasil daqui a quatro ou cinco anos? O plano deve ser esse, pois sabem que o Brasil não extradita criminosos! E se os apanhássemos já? Para isso seria necessário, neste momento crucial da nossa vida colectiva, que o senhor Passos de Coelho agisse com coragem e inteligência, sem ceder a chantagens, venham elas dos ladrões da Lapa, ou dos ladrões de Bruxelas. Se conseguir levar o PSD a chumbar a criminosa gazua orçamental com que os piratas do regime pretendem saquear até ao tutano Portugal, o país dar-lhe-à não só a maioria, como uma expressiva maioria absoluta, para colocar o país nos eixos, e a canalha na prisão. O pior que poderia acontecer-nos é ficarmos sem alternativa à sinistra nomenclatura que levou Portugal à bancarrota.

A arrogância de José Sócrates —ao anunciar com displicência que nem sequer estará em Lisboa para discutir o Orçamento— tresanda a comportamento mafioso, como se ele fosse o gato, e Passos de Coelho o rato prestes a cair-lhe na boca. Espero bem que o candidato a próximo primeiro-ministro não seja mortalmente atropelado pelas pressões das suas interessadas amizades.