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segunda-feira, junho 30, 2014

Seguro desafia Conselho de Estado

António José Seguro publicou ontem, Domingo, no Facebook:


“A reunião do Conselho de Estado, esta quinta-feira, é oportuna e desejo que seja útil.
Recordo que eu próprio defendi a convocação do Conselho de Estado quando o Tribunal Constitucional decretou o chumbo de três normas do OE. Acrescem às inconstitucionalidades o aumento da dívida pública, a prossecução do programa de empobrecimento levado a cabo pelo Governo e a necessidade de o nosso país tomar decisões que terão consequências na próxima legislatura.
Desejo que a reunião seja útil. Entendo que é urgente estabelecer um consenso nacional em torno da renegociação das condições de pagamento da nossa dívida. Só o Governo se exclui deste consenso. Se na reunião do Conselho de Estado conseguirmos que o Primeiro Ministro compreenda a importância desta decisão para aliviarmos os sacrifícios dos portugueses então a reunião terá uma grande utilidade para o nosso futuro colectivo.”

Eu creio que o Conselho de Estado foi convocado pelo BES — ver o post mais lido dos últimos sete dias neste blogue. Mas depois do conclave veremos, se sim, ou se não, foi a crise do BES que precipitou Cavaco. Seja como for, é necessário renegociar as PPP, a melhor via e a mais pragmática para aliviar o fardo da dívida pública, de hoje e das próximas gerações!

quarta-feira, abril 23, 2014

PIIGS sem emenda :(

No Reino Unido, como cá, o fascismo fiscal instala-se.

A dívida pública da Eurolândia não pára de crescer desde 2011 


Euro area and EU28 government deficit at 3.0% and 3.3% of GDP respectively
Government debt at 92.6% and 87.1%
In 2013, the government deficit of both the euro area (EA18) and the EU28 decreased in absolute terms compared with 2012, while the government debt rose in both zones. In the euro area the government deficit to GDP ratio decreased from 3.7% in 2012 to 3.0% in 2013, and in the EU28 from 3.9% to 3.3%. In the euro area the government debt to GDP ratio increased from 90.7% at t he end of 2012 to 92.6% at the end of 2013, and in the EU28 from 85.2% to 87.1%.
Eurostat, 23/03/2014 (pdf)

2011: 87,4%; 2012: 90,7%; 2013: 92,6%. Segundo Reinhart e Rogoff, acima dos 80% a dívida pública torna-se um fator de perturbação estrutural das economias. Por sua vez, e apesar de toda a brutal austeridade, a dívida pública dos PIIGS continua a crescer em % do PIB e nominalmente. Em grande medida, isto acontece porque a austeridade salarial e a seca do crédito à economia, e o desemprego e falta de emprego subsequentes, trouxeram recessão, e a recessão trouxe menos PIB, e portanto menos receitas fiscais, e portanto maiores necessidades de endividamento, e portanto maior peso do serviço da dívida nos orçamentos públicos, e portanto mais défice e mais dívida — aqui, sobretudo, porque nada se fez em matéria de reforma estrutural da burocracia instalada.

O PS teria feito o mesmo ou parecido, porque quem dita a macroeconomia portuguesa são os credores, ou seja, o FMI, Bruxelas e o BCE. Os governos indígenas não passam de teatros de fantoches rodeados de cagarras parlamentares e de um coro de corporações e sindicalistas aflitos. Ainda assim, o que o governo cada vez mais esfrangalhado de Passos Coelho se recusou a fazer, apesar das insistentes recomendações formais da Troika, foi sempre em prejuízo da população, da economia e da classe média. Exemplos: não atacou as rendas excessivas da EDP, não suspendeu o ruinoso plano nacional de barragens, não renegociou a sério dezenas de PPP, não avançou na nova rede ferroviária europeia para mercadorias e passageiros (tendo deixado em Bruxelas e Londres mais de 800 milhões de euros que nos eram destinados a custo zero) e não acabou com a subsidio dependência dos rendeiros e devoristas protegidos do regime. A nomenclatura partidária e suas organizações semi clandestinas (bancos e banksters, Opus Dei, Maçonaria, União das Misericórdias, fundações obscuras, etc.) prevaleceram contra o interesse público.


Eurostat: informação sobre défices na UE em 2013, 23-03-2014.


Resultado: aproximam-se tensões sociais enormes, pois é de prever que a 'democracia' populista, neo-corporativa e cleptocrata instalada volte a preferir atacar pela via da criação e subida de mais impostos, e em cortes diretos e indiretos na massa salarial (1), pensões, reformas e subsídios de desemprego, em vez de travar os rendeiros do regime ou fazer uma reforma estrutural do estado, mantendo e reforçando o essencial, entregando à iniciativa privada e comunitária independente o acessório e o que não sabe fazer sem gerar ineficiência e corrupção.

A crise continua: mais austeridade e sofrimento a caminho.

Explosões sociais e graves crises políticas adivinham-se no horizonte. A extrema direita sobe na Europa.

E as alternativas democráticas à partidocracia liberal e social-democrata instalada, onde estão?


Há gráficos que falam verdade, sem qualquer sofisme. O das vendas da CAT é um deles. Esqueçam a propaganda dos governos e dos bancos!


NOTAS
  1. A deflação, que é uma consequência da queda da procura agregada mundial e o resultado do fim da longa era de crescimento inflacionário —artificialmente estimulado nas últimas décadas (Quantitative Easing, "Whatever It Takes", etc.)— da oferta agregada de bens e serviços (PIB, comércio mundial, etc.), em larga medida estimulado pela disponibilidade de energia fóssil barata (petróleo, gás natural e carvão) prejudica gravemente os devedores, e sobretudo os grandes e muito grandes devedores: bancos, gigantes e carteis sobre alavancados em modelos de capital intensivo, e ainda... governos de todo o mundo!

    Os bancos e os governos precisam de inflação (até inventaram um novo monstro semântico chamado "reinflação") como de pão para a boca, pois é a única forma, para além de uma deriva pelo fascismo fiscal declarado, que conhecem para diminuirem o peso das suas crescentes responsabilidades financeiras, e nomeadamente os gigantescos serviços de dívida que pesam como cutelos sobre estes monstros de ganância e burocracia.

    No entanto, inflação e reinflação, associados à destruição das taxas de juro (coisa que a 'esquerda' imbecil adora promover) significa uma coisa simples: expropriação da poupança sob a doce ilusão do facilitismo financeiro.

    Em suma, a chuva dourada que conduziu ao endividamento global, público e privado, das economias e das pessoas, ao longo dos últimos vinte anos (foi em 1994 que surgiram os famosos CDS—credit default swaps), e depois ao colapso do sistema financeiro mundial, que se mantém na Unidade de Cuidados Intensivos conhecida por Quantitative Easing e Whatever It Takes, perdeu a pica. Por mais papel de Monopólio e zeros que acrescentem à massa monetária, as economais não arrancam porque não podem arrancar), e o buraco negro dos derivados financeiros OTC e do endividamento bancário e soberano continuam a ampliar-se, tal como o seu potencial destrutivo.

    Esta é, aliás, a única explicação para a última e desesperada recomendação do FMI: roubem diretamente nos salários o que não podem roubar através do teatro da inflação! Nos rendimentos de capitalas taxas já são negativas...

sábado, abril 05, 2014

A deflação não é um perigo, a dívida imparável e a inflação, sim!

Se a procura de capacidade cai, a economia não cresce.

 

O que Seguro pede, já foi e continuará a ser dado pelo BCE, e não é bom... 

 

“...we do not exclude further monetary policy easing and we firmly reiterate that we continue to expect the key ECB interest rates to remain at present or lower levels for an extended period of time” — Mario Draghi.
“The first obstacle is… the emerging risk of what I call “low-flation,” particularly in the Euro Area. A potentially prolonged period of low inflation can suppress demand and output—and suppress growth and jobs. More monetary easing, including through unconventional measures, is needed in the Euro Area to raise the prospects of achieving the ECB’s price stability objective. The Bank of Japan also should persist with its quantitative easing policy” — Christine Lagarde (in Stockman’s Corner).
The fear of deflation serves as the theoretical justification of every inflationary action taken by the Federal Reserve and central banks around the world. It is why the Federal Reserve targets a price inflation rate of 2 percent, and not 0 percent. It is in large part why the Federal Reserve has more than quadrupled the money supply since August 2008. And it is, remarkably, a great myth, for there is nothing inherently dangerous or damaging about deflation.

Deflation is feared not only by the followers of Milton Friedman (those from the so-called Monetarist or Chicago School of economics), but by Keynesian economists as well. Leading Keynesian Paul Krugman, in a 2010 New York Times article titled “Why Deflation is Bad,” cited deflation as the cause of falling aggregate demand since “when people expect falling prices, they become less willing to spend, and in particular less willing to borrow” — in Deflating the Deflation Myth - Chris Casey - Mises Daily
Wednesday, April 02, 2014, by Chris Casey.

O medo de deflação é irracional e infundado, segundo a Escola Austríaca. Baixar os juros e aumentar mais ainda a emissão de moeda e portanto a massa monetária é o que está em curso, tanto nos EUA, como na UE, como na... China, supostamente para afastar o demónio da deflação. E no entanto os preços e a atividade económica continuam estagnados. Basta reparar nos últimos gráficos do Baltic Dry Index. Nem a criação artificial de liquidez, nem a destruição dos juros chegam à economia, e muito menos às famílias que se vêm atingidas pelo desemprego estrutural causado pelo colapso das empresas, seja por efeito do excesso de capacidade destas, seja por terem o acesso ao crédito bancário bloqueado.

Todos queremos pagar menos, e não mais!

No entanto, a aposta dos bancos centrais, e do PS, e do Bloco de Esquerda, vai sempre ter com a inflação. Ora, como o emprego não cresce e o desemprego aumenta, esta inflação invisível (os tais 2% que são bem mais...) estimulada pelos bancos centrais e pelos partidos de esquerda só pode ser uma receita para o desastre: expropriação generalizada das classes médias, através da expropriação financeira e fiscal das suas poupanças e rendimentos, a qual resulta da redução das taxas de juro para valores negativos (sim, negativos...) e da destruição do crédito à economia produtiva (aquilo que eufemisticamente os banqueiros centrais chamam 'mecanismos de transmissão monetária' e 'fragmentação').

Na realidade, estamos a caminho de uma expropriação em massa da riqueza privada através dos bancos centrais, em nome, não da emancipação de um qualquer proletariado, que já não existe, mas do fortalecimento, enriquecimento e centralização de uma classe financeira global e globalmente servida por uma tropa de choque burocrática sem vergonha, de que a generalidade dos partidos sentados nos parlamentos são parte integrante.

Ou seja, os rendimentos de capital caiem, os rendimentos do trabalho caiem, mas os preços das matérias primas, da energia e os impostos continuam a subir acima da inflação declarada, tal como o preço a pagar pelas dívidas soberanas que são alimentadas pela demagogia populista instalada com recurso à criação imparável de massa monetária fictícia, i.e. de dívida pública e privada — o que, por sua vez, dará aos novos soberanos financeiros pretexto e fundamento legal para a mencionada expropriação da riqueza produzida, bem como da poupança de mais de duas gerações! Veja-se a venda de ativos públicos ao desbarato e sem prudência contratual por parte dos governos de José Sócrates (PS) e Passos Coelho (PSD-CDS/PP). O Estado não tem outra forma de pagar o banquete que encomendou e papou ao longo das últimas duas décadas!

Quando o tótó Seguro pede mais tempo e menos juros esquece, porque na realidade não sabe, e apenas repete o que o economista cor-de-rosa de turno lhe diz, que é precisamente isso que tem sido feito desde que o BCE entendeu que o problema financeiro da UE deixara de ser um problema circunscrito à periferia e se deslocara para o coração do... euro!

Enquanto não deixarmos cair os bancos, e sobretudo não tratarmos da saúde aos especuladores e aos rendeiros sistémicos do capitalismo burocrático, assistiremos à continuada destruição das classes médias, ao empobrecimento geral das economias, à desagregação social dos países e ao perigo de novas guerras e revoluções. Só que desta vez o sangue correrá sem prémio no fim :(

Curiosamente, a democracia populista, devorista e rendeira que temos começa a morder perigosamente a própria cauda.

POST SCRIPTUM
Introductory statement to the press conference (with Q&A)
Mario Draghi, President of the ECB,
Frankfurt am Main, 3 April 2014
(transcript)

Atualizado: 6/4/2014, 02:06 WET

segunda-feira, março 31, 2014

Estatísticas criativas agradam ao governo, claro!

Se o estado não encolheu, mas a economia encolhe, não pode haver redução consistente da dívida pública, nem consolidação orçamental. É óbvio!


Portugal fecha 2013 com um défice de 4,9% do PIB
(act.)
31 Março 2014, 11:08 - Jornal de Negócios

O défice orçamental do ano passado ficou em 4,9% do PIB, incluindo o efeito do Banif, um ponto abaixo da estimativa do Governo e da troika.

O défice orçamental de 2013 ficou nos 4,9% do PIB, um valor inferior à meta acordada com a troika para o ano passado de 5,9%, incluindo a recapitalização do Banif. A diferença de quase 1.656 milhões de euros concede alguma folga ao Governo para a meta de défice de 4% do PIB definida para o final deste ano.

A contabilidade criativa é um desporto mundial a precisar de umas Olimpíadas, mas enfim, à custa dum aumento colossal e proto-fascista de impostos (refiro-me aqui ao autismo e autoritarismo da máquina fiscal), lá mascararam os números do défice, enquanto a dívida pública (que anda mais próxima dos 165% do que dos 129% anunciados), essa, continuou a subir.

O pior, porém, está para vir...

Enquanto não reduzirmos a sério o perímetro de ação do estado corporativo e clientelar que temos, e não entregarmos às pessoas o que estas sabem, podem, querem e devem fazer sem intromissão de políticos indigentes e burocratas, aquilo que continuaremos a ter pela frente é uma dívida insustentável e argumentos a favor dos que querem sair do euro e regressar ao nacionalismo parolo e proto-fascista, ainda que, desta vez, mascarado de democracia mexicana.

quarta-feira, março 19, 2014

Dívida pública: 129% ou 165%?

Os deputados não sabem ou não querem fazer contas



Saudações aos resistentes, e aos Verdes, no seu combate contra o crime do Tua.

As barragens inúteis cozinhadas por António Mexia e José Sócrates têm sido escondidas da soma da dívida pública portuguesa, com a cumplicidade de políticos, economistas e burocratas.

Como se demonstrou noutro post, e ao contrário do que escreve Miguel Frasquilho, do BES, do PSD, etc., “...a dívida pública portuguesa [não] ascende a cerca de 129% do PIB, assim repartida: 14% do PIB é detida pelo FMI (e os empréstimos concedidos por esta instituição a qualquer país não podem sofrer alterações das condições e prazos de pagamento); 40% do PIB encontra-se na posse dos fundos de resgate europeus e do BCE; a restante dívida, cerca de 75% do PIB, encontra-se nas mãos de credores não oficiais portugueses (45%) e estrangeiros (30%).”

Na realidade, a nossa dívida pública andará muito perto dos 165%!

A dívida pública (versão encolhida) de 129% não contabiliza as 120 Parcerias Público Privadas que vão ter que ser pagas.

Este é um erro comum, vá se lá saber porquê. O custo inicial das 120 PPP atinge perto de 30 mil milhões de euros (Fonte-Min das Finanças). Esse é o custo inicial. Mas o custo final será bem superior, a menos que este governo faça o que não fez até agora: cortar, como recomendou o FMI, nas rendas leoninas da corja rendeira (EDP, etc.) que ajudou a falir o país.

No fim do campeonato as PPP poderão vir a custar 70 mil milhões de euros. Auto-estradas e vias rápidas (41% do valor total), Ambiente — águas, saneamento e resíduos (19%), e Novas Barragens — concessões  de 65 a 75 anos (12%) são as principais parcelas desta despesa escandalosa que alimentou e continuar a alimenta dúzias de piratas indígenas e os partidos do chamado arco da governação.

Neste ano de 2014, as verbas a pagar às PPP tiveram um aumento de 800 milhões de euros. Oitocentos milhões de euros, só de aumento. A verba total será muito maior, e não aparece contabilizada na famosa dívida.

Água mole em pedra dura...
Miguel Frasquilho: Se Portugal não tiver ajuda dos credores não vai conseguir pagar a dívida 20 Março 2014, 16:23 | Jornal de Negócios
Miguel Frasquilho considera que mesmo que Portugal faça “tudo certinho” isso não chegará para pagar a dívida. O deputado do PSD defende a necessidade de “uma ajuda dos credores”.
É inacreditável o grau de ignorância dos deputados desta nação falida. Só agora começam a perceber que andaram a dormir na forma, por exemplo, ao não contabilizarem na dívida pública as 120PPP criadas pelo Bloco Central da Corrupção, as quais, no final, custarão aos contribuintes mais de 70 mil milhões de euros. O resgate acordado no Memorando foi de 75 mil milhões. Compreendem?

Como se não bastasse esta estupidez pegada, devidamente azeitada pelas máfias e advogados infiltrados no parlamento e por todo o aparelho de estado, a corja devorista e rendeira do país prepara-se para transformar Portugal numa ilha ferroviária, reduzindo o hinterland dos nossos portos a pouco mais de 200Km.

Numa altura em que o transporte rodoviário pesado está sob um cutelo fiscal irreversível, o famoso IEVA eleiçoeiro insiste em cortar as pernas à ferrovia portuguesa, para favorecer as empresas de camionagem indígenas, esquecendo que o grande beneficiário deste crime governamental, subornado pelas máfias locais, será a Espanha, os seus portos e a sua ferrovia. Espero que Bruxelas ponha ordem neste corja. E que o senhor Frasquilho, que parece ter acordado ontem para a dimensão real da dívida, um dias destes leia os nossos textos sobre transportes e aprenda a real dimensão criminosa do boicote sistemático à introdução da bitola europeia no nosso país, em completa e clandestina oposição às prioridades definidas no plano europeu de transportes e mobilidade.

A comunicação social tem sido, a este propósito, um fiel e indigente aliado dos especuladores que compraram terrenos em Alcochte-Rio Frio-Canha para especularem com a famosa cidade aeroportuária encomendada ao adiantado mental Mateus — o mesmo que descobriu a vocação pesqueira do aeromoscas de Beja.

ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 20-3-2014 23:33 WET

quarta-feira, março 12, 2014

Olhos bem abertos

A austeridade não é um castigo da Troika, como sugerem os indigentes do Manifesto, mas o resultado de uma cleptocracia que continua onde sempre esteve


Leitor atento fez-nos chegar algumas correções sobre os números ontem apresentados por Alexandre Patrício Gouveia no programa Olhos nos Olhos. Aqui vão...

Na dívida do Estado faltou adicionar a dívida das 120 PPP que representam perto de 35% do PIB. Somando a dívida declarada de 130% + 35% a dívida dispara para 165% do PIB.

Este ano, no Orçamento Geral do Estado, o aumento da despesa nas PPP foi de 800 milhões de euros mas ao somar a transferência da manutenção das auto-estradas dos concessionários para o Estado, o aumento real, é de mil milhões.

Este Governo quase nada fez na renegociação dos contratos das PPP, com taxas de rentabilidade elevadíssimas (14 a 16%), para proteger a Banca. Relativamente aos salários e Reformas foi exactamente ao contrário.

Quando se fala que os contratos não podem ser renegociados porque estão blindados essa afirmação não corresponde à verdade pois, este Governo parou 2 PPP porque existia vontade política para desistir dessas 2 PPP.

Uma das PPP que foi parada foi a auto-estrada e via rápida Sines-Beja que tem as obras a meio e viadutos já terminados e que são bem visíveis para quem passar por lá. É a prova concreta de que quando um Governo quer parar ou desistir de uma PPP desiste mesmo.

As 120 PPP representam 60 a 70 mil milhões de euros.

Nos 3 primeiros lugares, em valor, correspondem a 72% do total das 120 PPP (Direcção Geral do Tesouro)

41% para Rodovia (Novas auto-estradas e vias rápidas);
19% para Ambiente (Águas, Saneamento e Resíduos)
12% para Produção de energia eléctrica (Novas Barragens)

Quem está nos 3 primeiros lugares das PPP

1º Mota Engil
2º BES
3º Grupo Mello

TURISMO

Relativamente às receitas do Turismo que foram abordadas há uma correcção a fazer:

Segundo dados publicados recentemente pelo Banco de Portugal os valores de 2013 foram:

RECEITAS - 9249, 6 milhões de euros
DESPESAS - 3119, 7 milhões de euros

SALDO - 6129,9 milhões de euros (valor mais importante)

terça-feira, janeiro 21, 2014

2014: mais austeridade

A divergência entre a Alemanha e a periferia, incluindo França, é evidente.

Portugal e Espanha irão perder 40-50% do poder de compra salarial.

União Europeia prometeu, mas não cumpriu. O pior vem aí.

Comissário do Emprego, Assuntos Sociais e Inclusão reconhece que as promessas da União Monetária Europeia não foram cumpridas e que há o sério risco de todo o projeto descarrilar!

Commissioner for Employment, Social Affairs and Inclusion, László Andor:

Social dimension of the EMU

The still growing macroeconomic, employment and social divergences threaten the core objectives of the EU as set out in the Treaties, namely to benefit all its members by promoting economic convergence and to improve the lives of citizens in the Member States. The latest review shows how the seeds of the current divergence were already sown in the early years of the euro, as unbalanced growth in some Member States, based on accumulating debt fuelled by low interest rates and strong capital inflows, was often associated with disappointing productivity developments and competitiveness issues.

In the absence of the currency devaluation option, euro area countries attempting to regain cost competitiveness have to rely on internal devaluation (wage and price containment). This policy, however, has its limitations and downsides not least in terms of increased unemployment and social hardship, and its effectiveness depends on many factors such as the openness of the economy, the strength of external demand, and the presence of policies and investments enhancing non-cost competitiveness.

Declaração integral hoje publicada (21/1/2014) 

Segundo o observador atento ZeroHedge,

Most European countries (including France) face a desperate need for external devaluation, which is impossible under a monetary union, leaving only internal devaluation as an option. This is where the much maligned concept of austerity comes in:  from a macroeconomic perspective, austerity is not so much an exercise at moderating the pace of debt increase (as neither Spain nor Italy have reduced their rate of debt issuance), but of gradually becoming more price competitive with Germany: a key outcome that will be needed for the Eurozone to have any chance of survival, i.e., lowering sticky unemployment rates from levels that virtually assure social "disturbances" in the months and years ahead.
ZeroHedge: Europe Finally Admits A Monetary Union Leads To "Increased Unemployment And Social Hardship".

Para agravar este panorama sombrio, veja-se a antevisão dos pagamentos da dívida pública constante do Relatório do Orçamento de Estado:

Clicar para ampliar

Epílogo: quando dizem que 'as exportações' (na realidade, trata-se da balança corrente) estão a portar-se bem, isso deve-se não só às exportações, mas também e até em grande parte à quebra brutal do consumo, à diminuição dos salários, ao aumento das remessas dos emigrantes e ainda, pontualmente, ao elevado preço dos refinados de petróleo exportados. A recente decisão do governo de isentar de taxas portuárias os exportadores é um sinal do esgotamento da solução pela via do saldo da balança corrente. O aumento das remessas dos emigrantes estabilizou, a procura de refinados petrolíferos estabilizou ou diminuiu, o consumo aumentou ligeiramente, o investimento externo (que é dívida perante o exterior) diminui abruptamente, e o aumento das exportações de bens materiais e serviços está a abrandar.

Pergunta ao governo: onde vai arranjar os mais de 20 mil milhões de euros necessários ainda este ano e no ano que vem para pagar dívida pública contraída?

E senhor Seguro, onde pensa ir buscar os mais de 17 mil milhões necessários para corresponder aos compromissos assumidos para 2016?

Não haverá resgate, nem programa cautelar. Mas haverá seguramente um empobrecimento brutal das pessoas, em particular das classes médias, virtualmente em extinção. É por esta razão, aliás, que Cavaco Silva anda desesperadamente à procura de uma nova União Nacional. Desta vez com o PS, PSD e CDS.

Cuidado, pois, com o que escreve a imprensa e dizem as televisões indigentes deste pobre país sobre a recuperação económica e outras fantasias.

segunda-feira, janeiro 20, 2014

E depois da Troika?

G1—General government debt (% GDP)
Source: Eurostat (2012)
G2—Total government tax revenue (% GDP)
Source: Eurostat (2012)

Previsivelmente as coisas vão piorar. Defendam o que é vosso!

Vem aí mais inflação e impostos sobre a poupança e a propriedade, vem aí maior degradação da administração pública e do estado social, vem aí um ataque furioso à poupança e à riqueza acumulada de cada um. Um governo 'socialista' em 2015 seria, nesta ótica, um desastre completo. Só há, no entender de muitos, uma saída, embora estreita, para evitar o pior, isto é, para evitar uma convulsão social grave e a resposta autoritária que inevitavelmente provocará: diminuir o tamanho e o preço do estado. E de caminho, alterar o sistema político e reformar a democracia.

Europe’s Future: Inflation and Wealth Taxes
January 14th, 2014 by David Howden — Ludwig von Mises, Institute of Canada.

Tax burdens are so high that it might not be possible to pay off the high levels of indebtedness in most of the Western world. At least, that is the conclusion of a new IMF paper from Carmen Reinhart and Kenneth Rogoff.

Ao contrário do que a propaganda vem repetindo (reabriu a caça ao voto!), aquilo que realmente parece evidente na Europa é o efeito de contágio das crises de endividamento, da periferia sobre o centro (G1).

Os dois mapas do sucinto e claro artigo de David Howden mostram duas tendências em sentido contrário: G1—o endividamento alastra da periferia para o centro e G2—a pressão fiscal alastra do centro para a periferia.

Comum a toda a Europa é a destruição da poupança e a destruição das classes médias pela via da diarreia monetária, da destruição das taxas de juro, e da inflação escondida sob estatísticas cozinhadas que, em vão, tentaram manter artificialmente uma economia cada vez mais artificial e cada vez mais endividada.

Isto vai acabar mal :(

quarta-feira, novembro 07, 2012

Crescer, como?

William-Adolphe Bouguereau, Les Remords d’Oreste (1862)

Tirem-me estes partidos da frente!

António Seguro reafirmou a indisponibilidade do partido de cortar quatro mil milhões de euros na despesa do Estado. "O Governo pretende iludir os portugueses" e "criou problema ao País e aos portugueses", destaca Seguro. Este corte "não estava" na versão inicial do memorando de entendimento, assinalou, e vai resultar em "mais do mesmo da política de austeridade" — in Negócios online, 8 nov 2012, 21:18
O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) tinha 50,7% dos seus activos aplicados em dívida do Estado português — in relatório do Tribunal de Contas sobre a Segurança Social em 2011/ Correio da Manhã, 6 nov 2012.

Mesmo sem juros, a dívida pública portuguesa é um fardo insustentável

Este António José Seguro quer que o país cresça. Mas como, se não cresceu desde 2005, e o PS levou desde então o país à ruína, aumentando uma dívida que nem em vinte anos conseguiremos diminuir até aos famosos 60% do PIB?

A dívida portuguesa, que a "política de crescimento" do PS alegremente semeou —pelo estado hipertrofiado e ineficiente, pela interminável burocracia partidária, pelas empresas e pelas pessoas incautas— deu nisto: 715,229 mil milhões de euros de endividamento (1), ou seja, 418,4% do PIB.

Só a dívida consolidada do setor público somava, em dezembro de 2011, 235,964 mil milhões de euros (138,0 por cento do PIB).

Para amortizar esta dívida a metade, ou seja para 118 MM€ (69% do PIB), em dez anos, mesmo sem juros, precisaríamos de retirar anualmente das receitas do estado 11.800 milhões de euros.

O PS, o PCP e o Bloco querem menos juros. E querem mesmo não pagar! (2)

No entanto, mesmo não pagando juros, e adiando o prazo de ajustamento do endividamento público para 2022, ainda assim teríamos que desencantar 11,8 mil milhões de euros anualmente, durante toda uma década. Crescer? Como, se ainda por cima veremos os fundos de pensões evaporarem-se ao longo desta mesma década?

Se os partidos da esquerda, keynesiana, leninista e trotskysta, berram porque não podemos pagar sete mil milhões de euros anuais por conta dos juros, quando pensam que poderemos pagar a dívida?

É bem possível que uma solução mais radical tenha que ser encontrada, sobretudo a partir do momento em que a Espanha, a Itália e a França entrarem nesta dança macabra do endividamento exponencial. Mas não tenhamos ilusões: a Alemanha do pós-guerra era uma potência industrial de primeiro plano, numa era que iria sair da inflação, das recessões e das depressões que antecederam a guerra, através de um explosivo crescimento demográfico mundial, pelo uso de uma nova energia em fase de expansão (o petróleo), pelo desenvolvimento das agro-indústria químicas de larga escala, e pela manutenção de uma divisão internacional do trabalho feroz e muito favorável ainda à Europa e aos Estados Unidos.

Hoje, nada disto existe, nem existirá nas décadas mais próximas. O que temos, pelo contrário, é uma crise alimentar, energética, demográfica e de endividamento à escala global, que o crescimento acelerado dos chamados países emergentes não fará mais do que apressar e agravar.

O que nos espera são décadas (duas, três, não sabemos) de uma contração sem precedentes da riqueza mundial, reforçada ainda nos EUA e na Europa pela transferência inevitável de riqueza (sob a forma de pagamentos de dívidas acumuladas) aos países credores da Ásia, América do Sul e África. O empobrecimento de segmentos inteiros da classe média profissional e empresarial está em marcha. O alargamento do fosso entre os muito ricos e os 99% que engrossam diariamente as fileiras do novo precariado é visível, e apesar de escandaloso, nem Obama, nem Hollande, quanto mais o nosso Tó Zé, parecem capazes de levantar um dedo contra!

Quanto mais depressa ajustarmos a despesa pública portuguesa ao que somos capazes de produzir e de pedir emprestado aos mercados (que será cada vez menos...), maior probabilidade teremos de evitar que a crise sistémica para que fomos atraídos, mais depressa do que outros países, se transforme numa tragédia. O que puder ser cortado, distribuindo efetivamente os sacrifícios, entre aumento de impostos e diminuição da despesa pública, devemos fazê-lo tão rapidamente quanto possível.

Mas para que este dramático esforço ocorra será preciso que, em primeiro lugar, o PS assuma as suas responsabilidades e tome a iniciativa de criticar José Sócrates e a corja de piratas que este liderou, pedindo desculpa aos portugueses — em vez de andar a jogar ao gato e ao rato com o primeiro ministro de plástico que em má hora foi escolhido para tomar o leme de uma barcaça em sérios riscos de naufrágio.

Mais terrorismo fiscal é impossível. Resta reduzir de forma ordenada a dimensão obscena do estado insolvente que deixámos inchar e corromper.

Se a corja partidária continuar alegremente na algazarra a que temos assistido, ou corremos com ela, exigindo um novo regime, uma nova constituição, e uma democracia participativa, sem partidos, e apoiada nas freguesias e em novos reagrupamentos democráticos de governança, ou espera-nos um implosão catastrófica do atual estado de coisas.

Os que esperam a desgraça do resto da Europa, como uma espécie de oportunidade para continuar o bacanal da dívida, são os verdadeiros criminosos que ameaçam o futuro de Portugal e dos portugueses.

Pagar ou morrer!


NOTAS
  1. Valor do PIB considerado (2011): 170,968 mil milhões de euros. Para estes e outros números, algo diferentes daqueles que o OE2013 publica, consultar estes dois documentos:
    NIE End 20-02-2012_PT.pdf
    NIE AP 23-04-12_PT.pdf
  2.  
  3. Segurança Social perde 1,5 mil milhões na Bolsa
    O FEFSS reduziu em mais de 20% a sua exposição à dívida pública portuguesa: no final de 2011, o investimento ascendia a 3,7 mil milhões de euros, contra quase 4,7 mil milhões em 2010.

    Num ano, a fuga da dívida pública portuguesa atingiu 955,5 milhões de euros, a maior diminuição registada no conjunto da carteira do FEFSS. Mesmo assim, o investimento em dívida pública nacional representava 42% do total. Incluindo as aplicações em CEDIC e Bilhetes do Tesouro, o FEFSS tinha 50,7% dos seus activos aplicados em dívida do Estado português.  Correio da Manhã (6 de novembro 2012)
    Este é um dos resultados óbvios do não pagar, ou do pagar menos juros! Só estender as maturidades é vantajoso para quem comprou dívida soberana. No entanto, como se sabe agora de fonte segura, andamos a comprar a dívida pública portuguesa, que já ninguém quer, com os fundos da Segurança Social! Ora isto é uma burla!!!
Última atualização: 7 nov 2012, 14:56

domingo, outubro 21, 2012

Com nata e sem impostos, por favor!

Anjo Negro, ou a teimosia de quem sabe o que a Goldman Sachs quer?

Alemania cierra puertas a España

Merkel entierra la recapitalización directa de la banca con efectos retroactivos. Bruselas impone un apagón informativo sobre el rescate español hasta que Madrid se asegure de que una petición no recibiría un veto “desastroso” por parte de Berlín
La Unión Europea deja la recapitalización directa de los bancos para 2014

El País, 19 out 2012

Os devoristas gritam para não perderem vantagens nem mordomias

Lendo esta notícia percebe-se melhor o que escrevemos (Rendeiros e Devoristas) sobre o fracasso da tentativa de golpe de estado constitucional orquestrado por Cavaco Silva contra o atual governo de coligação.

Os golpistas confundiram a nuvem por Juno, i.e. confundiram a compra direta de dívida soberana europeia pelo BCE, anunciada por Draghi, com o regresso ao passado idílico do país a fiado.

Austeridade para quê, aumentos de impostos diretos sobre a classe média alta, porquê? Foi você que pediu uma reforma autárquica em ano eleitoral? Nem pense nisso! Reforma do estado? Ora, ora, pensaram uma vez mais os devoristas do regime.

A solução, pensam os velhos e novos devoristas do regime, seria outra: remover o Gaspar, e se fosse preciso, o próprio PM de plástico, e atrasar o passo do memorando, deixando para as calendas gregas essas ideias perigosas de atacar os rendeiros protegidos do regime, desde os banqueiros familiares e de toda a vida, até aos partidos assentados, passando pelos sindicatos, generais, juízes, reitores e pela obra sempre rentável das IPSS do franciscano Melícias! Para isso está a irmã socialista Maria de Belém Roseira sentada na presidência da mesa da União das Misericórdias (1)

Esqueceram-se, porém, que o super Mário e o FMI, e os nossos boys Borges e Moedas, estão dum lado da guerra financeira em curso desde 2008, mas que o Gaspar está do outro!

Os 4 cavaleiros do Apocalipse Financeiro (JP Morgan, Bank of America, Citi Bank e Goldman Sachs) querem que os governos da Europa continuem a endividar-se mais, e mais, e mais, pois não há melhor negócio para estes bancos e para as centenas de hedge funds sediados na América, do que devedores soberanos, capazes de perseguir e torturar os seus povos para pagar juros crescentes por dívidas contraídas pelos respetivos governos, a bem da especulação, dos 0,1% mais ricos, e da boa vida dos cortesãos locais. Que o digam os ogres dos 156 hedge funds que perderam alguns milhares de milhões de dólares com o tombo dado pela Google a semana passada!


Observar bem este gráfico da dívida pública portuguesa de 1850 a 2010, publicado por Álvaro Santos Pereira.
Clicar para ampliar

Pelo contrário, a Alemanha, a única cabeça pensante da Europa, sabe bem ao que a sedução anti austeridade vendida pela imprensa americana e britânica (dois países em irreversível declínio financeiro, económico e social) pode conduzir. E por isso resiste e exige aos governos europeus que deixem de viver acima das suas possibilidades, que deixem de se endividar, que reformem as administrações públicas, que acabem com as nomenclaturas rendeiras instaladas, que libertem as economias, assim que puderem, da canga fiscal terrorista, e que, por fim, comecem a dar verdadeiro valor a quem trabalha e não a quem se mexe bem mas pouco faz, rouba e manda!

O terrorismo fiscal de Vítor Gaspar, protegido do ministro alemão das finanças, Wolfgang Schaeuble, tem sido infelizmente a única resposta possível ao bloqueio montado pelos devoristas do país às necessárias reformas do estado e da economia, que constam do Memorando, mas que a nomenclatura e os indigentes que dela dependem (a começar por boa parte da imprensa) preferem esquecer e esconder da opinião pública. A forma desastrada como a TSU foi apresentada deu o pretexto ideal aos devoristas para destruírem a medida. Cavaco e o TC atacaram em sincronia

Mas a resposta de Gaspar foi brutal, atingindo perigosamente toda a classe média.

Em 2014 não poderá mexer mais em impostos (ou talvez possa, subindo um pouco mais o IRS dos rendimentos, por exemplo, acima dos 200 mil euros, dos 500 mil e acima de 1 milhão; e tornando o pagamento de impostos um ato universal, extensível às milhares de exceções injustificáveis existentes.)

Entretanto conseguiu algo inimaginável há uns meses: feriu profundamente os devoristas, da alta burocracia à classe média alta, passando por todos os setores protegidos do regime. A tesoura formada pela redução dos escalões do IRS (2) e aumento da progressividade fiscal, a par da atualização da base tributária do IMI, deixou a nata financeira, económica e burocrática do país em estado de histeria coletiva.

Falta todavia eliminar os institutos, departamentos, serviços e direções-gerais redundantes, ou simplesmente desnecessários do ponto de vista de uma redefinição estratégica das funções do estado; falta reformar com cabeça e coragem o mapa autárquico (o ponto nevrálgico não está nas empobrecidas freguesias, mas na criação de duas cidades-região —Lisboa e Porto— eliminando dezenas de pequenos governos municipais inúteis); falta definir as prioridades em matéria de saúde, de educação, de segurança e defesa, e de responsabilidade social — tudo isto coisa muito diferente de despedir e reduzir de forma estúpida e injusta o número de funcionários, agentes e contratados temporários da administração pública.

Esta reforma deve ir a par com o claro enfraquecimento dos grupos económico-financeiros protegidos e oligopolistas. A omnipresença, por exemplo, do BES, ou do Grupo Mello na economia, na banca, nos média, na cultura e nos corredores e telemóveis do governo é inadmissível nos tempos que correm e num país integrado na União Europeia. Estou-me nas tintas para a nacionalidade destes piratas! A sua pátria é o dinheiro. Sempre foi.


NOTAS
  1. IPSS e outras organizações sem fins lucrativos recebem em transferências do estado o mesmo que todas as autarquias e regiões juntas. Equivale tal receita a quase 7x o Rendimento Social de Inserção!

    Encargos do estado com a Administração Local (OE2013): 2.121.207.562€
    Encargos do estado com o Rendimento de inserção social (OE2013): 303.900.000€
    Apoios diretos do estado às organizações sem fins lucrativos (OE2013): 2.008.768.424 €*
    IPSS Registadas, segundo listagem da Segurança Social: 5079
    Utentes por IPSS: ~ 55 (estimativa)
    Utentes abrangidos: ~279.345 (estimativa)
    Apoio médio do estado por IPSS = 395 504,7 €/ano (atenção: esta média é meramente teórica, pois há IPSS que recebem milhões, e outras, apenas cêntimos!)

    * — 46% das receitas destas instituições sem fins lucrativos provêm de transferências do estado: ou seja, este terceiro sector já representa um volume económico na ordem dos 4.366.887.878€, praticamente isento de impostos (nomeadamente IMI e IMT).
  2. O IRS continua em Portugal abaixo da média europeia (EU27), e o IRC continua acima. Se a isto somarmos as isenções indecorosas e na sua esmagadora maioria inaceitáveis concedidas a mais de 1,5 milhões de prédios em sede de IMI e IMT, dos quais fazem parte fundos financeiros imobiliárias especulativos avaliados em mais de 12 mil milhões de euros, perceberemos bem que ainda há muito a fazer em matéria de justiça fiscal. Só se todos pagarmos, poderemos pagar um pouco menos, tornando a economia e o país mais atraentes do ponto de vista fiscal.

Última atualização: 21 out 2012 23:28

sexta-feira, outubro 12, 2012

Que venha a Troika!

Durão Barroso já é o novo Primeiro Ministro de facto de Portugal

Que se lixem este governo e os partidos! Que venha a Troika, mas a 100% !

Governo terá de preparar um plano de contingência para cortar na despesa

A Comissão Europeia explica que os aumentos de impostos planeados pelo Executivo correm o risco de continuar a prejudicar os objectivos de receita fiscal em 2013. Nesse sentido, é necessário um “plano B” que consiga acomodar esses desvios.

“Para criar uma almofada para eventuais quebras de receita, o Governo preparará um conjunto de medidas de contingência no âmbito do Orçamento do Estado para 2013, predominantemente do lado da despesa, que poderão ser utilizadas em caso de necessidade”, escreve a Comissão Europeia.

in Jornal de Negócios online, 11 out 2012.

Eu prefiro, simplesmente, que o meu país seja administrado pela Troika, conferindo-se-lhe poderes executivos suficientes para colocar o país na direção do equilíbrio orçamental, ao calvário que a cleptocracia e a partidocracia dominantes nos estão a submeter. É a corja criminosa que nos trouxe até aqui quem, na realidade, se prepara para nos levar couro e cabelo —pela via do terrorismo fiscal— em 2013 e 2014!

Portugal tem a segunda pior dívida pública e privada do mundo desenvolvido, à frente da Grécia, e só atrás do Japão! 

Mas enquanto o Japão é um exportador gigantesco, Portugal importa mais do que exporta. A nossa dívida externa (acumulada sobretudo pela via da importação de capital) é tão insustentável quanto as dívidas pública e privada. É neste cenário de colapso que vejo a demonização da Troika como um truque de magia para proteger os devoristas insaciáveis de sempre. Os credores reunidos na Troika têm pensamentos divergentes sobre como prosseguir com devedores moribundos. Eles sabem que se desligarem a máquina que na Unidade Financeira de Cuidados Intensivos mantém os sinais vitais de Portugal, este apaga-se. Grécia e Espanha estão na mesma situação moribunda. Ou seja, qualquer destes três países estão a um passo de caírem, do estado de insolvência em que se encontram, para o rigor mortis da bancarrota.

E no entanto, são os povos e as suas elites lúcidas, onde as haja, que podem e têm o dever de mudar estes regimes degenerados e financeiramente exangues, não as Troikas. Estas apenas podem ajudar, ainda que no seu próprio interesse, e pressionar. Que se lixe a Troika! foi definitivamente uma má consigna, pois vira a indignação para o alvo errado.

Uma tabela medonha sobre o endividamento dos países desenvolvidos
© Cecchetti, Mohanty e Zampolli

Há um estudo fundamental do BIS, publicado em setembro de 2011 (ver extratos abaixo), que demonstra como dívidas públicas acima dos 85% do PIB, dívidas de empresas acima dos 90%, e dívidas das famílias acima dos 85%, provocam a paragem do crescimento e a recessão, agravando as próprias probabilidades de se sair do ciclo infernal da dívida acumulada > défice > juros,  e colocando assim em causa a solvabilidade do país que cair nesta situação.

O jogo da culpabilização não nos leva a lado nenhum. Do que precisamos é de agir, e de meter na prisão alguns responsáveis criminosos pelo despiste suicida das finanças públicas e privadas portuguesas. Alguns políticos e alguns banqueiros devem ser expostos, denunciados, julgados e presos.

Até na perseguição e condenação dos devoristas criminosos já estamos atrás do Brasil. Quem diria!


REFERÊNCIA

Vale a pena ler este estudo, publicado em setembro de 2011, entre outros motivos, para sairmos do jogo da culpa, um labirinto de espelhos alimentado pela partidocracia em nome da sua própria mais do que ameaçada sobrevivência.
Abstract

At moderate levels, debt improves welfare and enhances growth. But high levels can be damaging. When does debt go from good to bad? We address this question using a new dataset that includes the level of government, non-financial corporate and household debt in 18 OECD countries from 1980 to 2010. Our results support the view that, beyond a certain level, debt is a drag on growth. For government debt, the threshold is around 85% of GDP. The immediate implication is that countries with high debt must act quickly and decisively to address their fiscal problems. The longer-term lesson is that, to build the fiscal buffer required to address extraordinary events, governments should keep debt well below the estimated thresholds. Our examination of other types of debt yields similar conclusions. When corporate debt goes beyond 90% of GDP, it becomes a drag on growth. And for household debt, we report a threshold around 85% of GDP, although the impact is very imprecisely estimated.

[...]

Conclusions

While the attention of policymakers following the recent crisis has been on reducing systemic risk stemming from a highly leveraged financial system, the challenges extend beyond that. Our examination of debt and economic activity in industrial countries leads us to conclude that there is a clear linkage: high debt is bad for growth. When public debt is in a range of 85% of GDP, further increases in debt may begin to have a significant impact on growth: specifically, a further 10 percentage point increase reduces trend growth by more than one tenth of 1 percentage point. For corporate debt, the threshold is slightly lower, closer to 90%, and the impact is roughly half as big. Meanwhile for household debt, our best guess is that there is a threshold at something like 85% of GDP, but the estimate of the impact is extremely imprecise.

A clear implication of these results is that the debt problems facing advanced economies are even worse than we thought. Given the benefits that governments have promised to their populations, ageing will sharply raise public debt to much higher levels in the next few decades. At the same time, ageing may reduce future growth and may also raise interest rates, further undermining debt sustainability. So, as public debt rises and populations age, growth will fall. As growth falls, debt rises even more, reinforcing the downward impact on an already low growth rate. The only possible conclusion is that advanced countries with high debt must act quickly and decisively to address their looming fiscal problems. The longer they wait, the bigger the negative impact will be on growth, and the harder it will be to adjust.

It is important to note that our finding of a threshold for the effects of public debt on growth does not imply that authorities should aim at stabilising their debt at this level. On the contrary, since governments never know when an extraordinary shock will hit, it is wise to aim at keeping debt at levels well below this threshold.

As with government debt, we have known for some time that when the private sector becomes highly indebted, the real economy can suffer.47 But, what should we do about it? Current efforts focus on raising the cost of credit and making funding less readily available to would-be borrowers. Maybe we should go further, reducing both direct government subsidies and the preferential treatment debt receives. In the end, the only way out is to increase saving.

The real effects of debt
by Stephen G Cecchetti, Madhusudan Mohanty and Fabrizio Zampolli
LINK

Última atualização: 14 out 2012, 12:22

terça-feira, setembro 11, 2012

Pagar dívidas :(

Júlio Pomar — Almoço do Trolha (1946-50)

Não há almoços grátis, ou o almoço do trolha

“O comunicado da troika deixa ainda claro que a flexibilização da meta do défice agora acordada – e que concede mais um ano a Portugal para repor o défice abaixo do limite de 3% do PIB – terá de ser internamente compensada, por mais medidas de austeridade e/ou maior capacidade de captação de recursos nos mercados financeiros.”

in Jornal de Negócios, 11 set 2012, 17:30

Troika dá mais tempo para pagarmos as dívidas — ou melhor, aceita uma mudança de calendário nos pontos intermédios que deverão assinalar a redução do défice. Mas exige, naturalmente, mais dinheiro fora do bolso dos contribuintes, pois o serviço da dívida, com mais tempo, fica obviamente mais caro!

Só os imbecis populistas do PS, PCP e Bloco não entendem, ou fingem não entender, esta verdade elementar.

O preço do desemprego, do atavismo e excesso de burocracia, dos bancos que especulam, das corporações que pressionam e do populismo é demasiado alto e acabará por destruir o país se não soubermos ver a tempo as reais causas de mais esta insolvência coletiva, e sobretudo se não tivermos coragem para fazer a inevitável reforma do regime constitucional que há muito deixou de servir.

Poupar nas despesas do Estado não é diminuir a contratação dos prestadores de serviços e dos trabalhadores independentes, que até podem ser essenciais nalguns projetos, mas sim reformar o Estado, redesenhando com urgência as orgânicas dos ministérios —extinguindo direções-gerais, serviços e divisões—, mas também ajustando o mapa autárquico às necessidades reais das populações, e não aos interesses partidários instalados —extinguir municípios, sim senhor; extinguir freguesia urbanas, sim senhor; extinguir freguesias rurais, não senhor!

Nós estamos em guerra contra o endividamento excessivo, e em tempo de guerra, não se limpam armas, faz-se!


ÚLTIMA HORA

Medidas conhecidas até ao momento (Jornal de Negócios)


Última atualização: 11 nov 2012, 22:18

domingo, julho 22, 2012

Depois do colapso


Ouçam-na! 

Carlota Perez defende que uma nova Idade do Ouro pode estar ao virar da esquina. Depende de nós, de uma boa teoria económica, de revisitar a história das crises dos últimos duzentos anos, e de passar da ajuda intensiva aos bancos e ao capital (já chega!), para o lado da economia e das pessoas.




As notícias de Espanha e de Itália confirmam os cenários previstos e anunciados por vários analistas sobre o colapso financeiro e social em curso desde 2007, dos Estados Unidos à Europa. Depois da deflação, que continua, e das bolhas imobiliárias, assistimos desde finais de 2011 à formação de uma monumental bolha de dívidas soberanas, de momento e aparentemente fora de controlo.

Os governos precisam de cada vez mais dinheiro, para pagar aos funcionários públicos, acudir ao crescente exército de desempregados e de trabalhadores precários, assegurar a manutenção do estado social, e remunerar os custos cada vez mais pesados dos serviços das suas dívidas públicas. No entanto, o dinheiro esfumou-se! As suas fontes principais têm sido, desde há pelo menos vinte anos a esta parte, a expropriação da poupança do trabalho e da indústria pela via da destruição das taxas de juro e da inflação escondida,  e o casino financeiro da globalização. Ambas, porém, secaram ou sucumbiram perante a impossibilidade objetiva de viver muito mais tempo com juros negativos, com moedas que disputam entre si o carry-trade da desvalorização competitiva, ou de poder fechar o abismo que entretanto separa a riqueza criada pelo mundo e o valor nocional do mercado altamente especulativo dos chamados derivados OTC — criado, sem rei nem roque, pelo chamado shadow banking (hedge funds, etc.)

Este buraco negro, onde produtos como os Collateralized debt obligations (CDOs), os Credit default swaps (CDS), ou os Interest rate swaps, etc., supostamente defendem as arriscadas operações de financiamento especulativo de investidores públicos e privados, ultrapassa já os 700 biliões de dólares (7x10E12 USD), ou seja, qualquer coisa como doze vezes o PIB mundial. Haverá um momento, em breve, certamente explosivo, em que os governos corruptos e demo-populistas acabarão por ter que romper o cordão umbilical que os liga às tetas bancárias e aos banksters de quem há demasiado tempo dependem e a quem há uma eternidade servem!

A especulação bolsista entrou em derrapagem, os bancos comerciais caíram rapidamente na armadilha da insolvência publicamente assistida, deixou de haver confiança, até nas transações interbancárias, em suma, o crédito morreu — excepto, durante um breve período, que ainda decorre, para os governos que, ou escrituram mais moeda a partir do nada, gerando desta forma mais dívida pública insustentável, ou, como tem vindo a suceder na União Europeia, servem-se dos bancos privados para substituir os mercados que deixaram de responder às emissões obrigacionistas, induzindo-os a comprarem eles próprios dívida pública a juros e rentabilidades cada vez mais especulativas, com dinheiro que, por sua vez, o BCE empresta aos bancos praticamente sem juros, pedindo aos ditos bancos comerciais apenas duas coisas: colaterais soberanos, que são cada vez mais débeis, ou mesmo surrealistas, e a recapitalização daqueles bancos desfalcados de reservas minimamente suficientes e confiáveis face ao ambiente imprevisível e caótico que é hoje a finança mundial.

Alguém terá em breve que dar um grande murro na mesa, ou então a insolvência dos bancos, dos governos e das pessoas conduzirá o mundo para um beco sem saída. Da última vez que tal ocorreu, refiro-me à Grande Depressão que se seguiu ao colapso bolsista de 1929, a Europa acabaria por mergulhar nos terrores e horrores do Fascismo e de uma Guerra Mundial que ainda hoje, mais de meio século depois, não deixa dormir muita gente.

Carlota Perez (sítio web) mostra a saída para mais esta grande crise do Capitalismo moderno.

Tal como Steve Keen (sítio web), acredita que há soluções para superar o inacreditável atavismo dos poderes instituídos nas falsas respostas que têm vindo a dar a esta crise sistémica. Seguindo as ideias originais destes dois autores, cito e recrio livremente algumas das suas principais propostas.

  • É preciso afastar a viciada finança dos casinos montados pelo shadow banking. Para aqui chegarmos, é necessário ter a coragem de começar por impor um custo fiscal aos ganhos de capital, com taxas comparáveis às que se impõem aos rendimentos das empresas produtivas e aos rendimentos do trabalho, e uma aplicação universal, quer dizer, à escala do próprio mercado globalizado dos mercados financeiros (uma solução, portanto, oposta ao proteccionismo e às guerras financeiras entre países).
  • É preciso desenhar e aplicar um esquema inteligente de perdão sustentado das dívidas das pessoas e das empresas produtivas, a par do refinanciamento da economia real, de quem investe e de quem trabalha.
  • É preciso estudar, desenhar e lançar uma reforma inovadora das instituições públicas e governamentais de modo a livrá-las da presente captura por parte de burocracias partidárias indesejáveis, e das máfias financeiras, adequando-as aos paradigmas de uma nova era dourada — assente na eficiência energética e uso reciclável dos recursos limitados à nossa disposição, na ecologia e numa cultura espiritual alargada, fundada no enorme potencial das novas tecnologias de representação e transporte virtual da realidade.
  • É preciso levar a cabo uma redefinição e uma reorientação estratégica da função dos estados e dos governos, tendo por objetivo um aumento radical da sua eficiência cognitiva, organizativa, energética e tecnológica.

Esperamos, no entanto, as mais fortes e destrutivas resistências da parte dos poderes instalados, sejam eles oriundos da instituição financeira, dos monopólios rendeiros, das burocracias paralisadas pelo medo, ou dos próprios partidos políticos — das esquerdas às direitas parlamentares.

As ONGs e a Blogosfera têm desempenhado um importante papel na denúncia do que é obsoleto e corrupto, mas também no anúncio das oportunidades que um novo ciclo civilizacional nascido da presente crise sistémica poderá trazer à humanidade. O seu contributo passado, presente e futuro é inestimável. No entanto, creio que o surgimento de novos partidos políticos, tecnicamente bem apetrechados e com critérios de exigência deontológica e ética de outro calibre, e sobretudo sem os vícios burocráticos que os privilégios induziram na generalidade das forças partidárias que se eternizaram de modo descaradamente imobilista nos regimes demo populistas europeus e americanos, poderá fazer toda a diferença!

sexta-feira, maio 25, 2012

AKB48 vendem o Japão!

Num país de velhos, o Japão, nada excita mais do que a juventude...

Depois da AK47 vêm aí as AKB48... salvar o mais endividado país do planeta

Japan hires top girlband AKB48 to sell government bonds
Japan's cash-strapped government is reportedly turning to popular music group AKB48 to help it sell government bonds, as interest in the low-yield paper wanes  — in Telegraph.

Frankfurt quer as pernas do Ronaldo no caso del agujero de nombre Bankia —19 mil milhões de euros à vida :-( não for rapidamente tapado (com quê? cimento não serve, nem há! só se for mais um ou dois milhões de espanhóis desempregados?!)

Já o BOJ (Banco do Japão) quer "ídolos" tenrinhos para vender dívida pública do país com a maior dívida soberana do planeta :(

Olhando para o quadro da dívida pública mundial, ainda sem os dados de 2011, é caso para dizer que só encharcados em álcool, pastilhas e sexo virtual é que algum gestor de fundos ou pirata milionário irá comprar mais dívida pública onde quer que seja. A não ser que queira ter uma trip muita louca no interior do buraco negro dos derivados tóxicos que estão a destruir.... O CAPITALISMO!

Entretanto, enquanto não morrem, deliciem-se!

sexta-feira, janeiro 06, 2012

A morte prematura do euro?

Imagem retirada do sítio The Ignorant Fishermen
2012 poderá ser o ano do Armagedão, e até o ano do fim do mundo, mas não o ano da morte do euro!

O euro permanece “muito forte” e uma queda maior ajudaria as exportações, defendeu o governador do Banco de França, Christian Noyer — in Jornal de Negócios online, 6 jan 2012.

Através da desvalorização deslizante do dólar, Washington procura diminuir o preço da sua descomunal dívida externa, refreando ao mesmo tempo o consumismo interno, uma vez que a parte das importações na economia dos EUA é cada vez mais pesada, a começar no petróleo importado, até quase tudo o que é mercadoria manufaturada: carros, computadores, telemóveis, mobiliário, roupa e calçado, brinquedos, etc.

Esta desvalorização da moeda americana (que é uma moeda de reserva mundial), a par de um política de destruição sem precedentes das taxas de juro interbancárias e do crédito a retalho, principais agentes da própria desvalorização do dólar, visa sobretudo equilibrar a balança comercial americana com a China, Japão e com os seus principais fornecedores de petróleo: Canadá, Arábia Saudita e México.

A desvalorização da moeda americana induziu, por sua vez, uma valorização excessiva do euro, segunda moeda de reserva mundial. E a consequência desta apreciação foi a perda acentuada de competitividade das economias europeias, sobretudo daquelas com menor produtividade tecnológica e menor sofisticação de produtos. Esta apreciação tornou as importações muito competitivas e atraentes, pelo seu baixo preço. O Forex especulativo com as subavaliadas moedas japonesa e americana (yen carry-trade e dollar carry-trade), por sua vez, forçou uma queda progressiva do preço do dinheiro na própria Europa, tornando o acesso ao crédito cada vez mais irresistível, e o trabalho produtivo local cada vez mais caro e desinteressante por comparação com as novas economias financeiras assentes no endividamento barato, na especulação bolsista e sobretudo cambial, e na importação de bens e serviços faturados em moedas sub-avaliadas: iene, yuan e sobretudo a moeda em que são cotadas as principais matérias primas energéticas, minerais e alimentares: o US Dollar.

O endividamento europeu não é apenas, nem sobretudo, público.

O endividamento privado é muito superior, e ambos confluíram para a presente e gravíssima crise de liquidez e de insolvência que aflige pessoas, empresas e governos. Os excessos terão que ser forçosamente corrigidos, assim como, e principalmente, o modelo de crescimento económico baseado na especulação financeira que tudo incha e depois liquida.

Neste contexto, uma desvalorização competitiva do euro, até aos 1,20 dólares, será provavelmente aconselhável, a par de uma revisão sábia do modelo social europeu, e de uma revolução no modo de produção tecnológico em curso, que terá que sofrer uma viragem de 180 graus — do consumismo desmiolado e da produção fictícia, para a sustentabilidade económica efectiva e uma nova cultura de criatividade e partilha social.

O ponto de partida para esta revolução não poderá deixar de corresponder a uma profunda alteração das atuais democracias representativas e seus sistemas de poder. A América caminha perigosamente para uma nova espécie de estado concentracionário, de exceção permanente e de ditadura, cada vez pior disfarçado pelo sofisticado sistema de propaganda desenvolvido desde 1914 (nomeadamente a partir das ideias do duplo sobrinho de Sigmund Freud, Edward Bernays). Não é este o caminho de que precisamos! A Europa tem, também por causa desta degradação cultural americana, uma grande responsabilidade na refundação democrática das sociedades globais e tecnológicas do futuro.

Uma solução militar para a actual crise global seria um desastre completo. No entanto, e infelizmente, é mais provável o fecho do Estreito de Ormuz do que a implosão do euro em 2012.

Por fim, esta previsão não significa que alguns países da zona euro, mais debilitados e prisioneiros de lógicas demo-populistas, consigam evitar um afastamento temporário da Eurolândia. Tal quarentena, porém, onde poderão cair a Grécia e Portugal, não implicará uma expulsão do Sistema Monetário Europeu, e muito menos da União Europeia. Faço figas, no entanto, para que a atual coligação que governa Portugal, e a Oposição, incluindo os sindicatos, percebam a tempo e horas os custos de uma aventura contra a inexorável correção dos nossos próprios desvarios. Isto é: a saída de Portugal do euro!


act.: 7-12-2012 19:09

quarta-feira, abril 28, 2010

Portugal 183

Do optimismo à bancarrota?

Se os títulos do BCP, BES e BPI afundarem hoje como ontem e anteontem, um deles irá muito provavelmente à falência e Portugal caminhará provavelmente para a bancarrota. Se resistirmos até meados de Maio, talvez escapemos ao pior, por os holofotes estarem então concentrados na dívida inglesa. Mas seja como for, nada impedirá um aperto dramático no nosso estilo de vida e uma profunda depressão na nossa economia, que poderá prolongar-se até 2015. A saída do euro antes do fim deste ano será então um cenário mais plausível do que hoje parece. Quase tudo dependerá do que a Alemanha decidir fazer com esta crise. Para já, Angela Merkel quer ganhar a guerra do euro contra a libra e o dólar. No entanto, a dimensão que tiver o rebentamento da gigantesca bolha especulativa que se formou no mercado das dívidas soberanas vai ser o factor porventura decisivo.

Em dois dias os principais bancos portugueses perderam, cada um deles, mais de 10% do seu valor em bolsa. E embora os meios de comunicação social e as agências de comunicação, que dependem totalmente dos ditos bancos, tenham passado uma esponja sobre esta espectacular destruição de valor, a verdade é que se percebeu, pela primeira vez, que a Caixa Geral de Depósitos deixou de acudir ao colapso, nomeadamente do BCP. Este é o sinal mais evidente de que amanhã poderá mesmo iniciar-se a contagem decrescente para mais de um dos bancos portugueses — mal preparados para sobreviver em mar alto e sem cinto de segurança. Quando lhes falta o Estado, afinal, esfumam-se!

2006 crise mundial
    A crise aguda de civilização em que estamos metidos aconselha duas coisas: estar atento e evitar o pânico. A melhor receita para a sobrevivência passa por suprir o atraso e desinformação sistemáticos dos média corporativos com informação proveniente de outras fontes, independentes ou simplesmente distintas do ópio mediático disperso pelos média convencionais. Por outro lado, aconselha-se vivamente muito cuidado na tomada de decisões de investimento de médio e longo prazo. O mais provável é que bens como a terra fértil e as zonas habitacionais próximas dos nós de comunicações se venham a valorizar tremendamente nos próximos anos. Para já, o investimento em metais preciosos (como o ouro e a prata) são bem mais seguros do que quaisquer aplicações financeiras e planos de poupança/reforma e seguros de saúde. O mesmo ocorrerá infelizmente com todos os bens e serviços associados a emergências bélicas, sanitárias e sociais decorrentes do previsível agravamento da presente crise mundial. Num cenário de catástrofe financeira mundial, é de prever a falência de centenas de bancos e sociedades de investimento, já para não falar da falência de algumas dezenas de Estados (congelamentos de salários e pensões de reforma, despedimentos nas Administrações Públicas, subidas vertiginosas de impostos, derivas nacionalistas, etc.) Se a crise vier a ocorrer, como se teme, não será fácil evitar o pânico. Mas se estivermos alerta, poderemos evitar o pior, e prepararmo-nos com coragem para uma longa e dolorosa metamorfose. — in O António Maria, 2 de Março 2006.

O Global Europe Anticipation Bulletin (GEAB) anunciou em Fevereiro de 2006 que vinha aí uma crise sistémica. Semanas antes eu tinha estado em Paris numa reunião promovida por Franck Biancheri (fundador do GEAB e impulsionador do programa Erasmus), onde se falou da crise sistémica que se perfilava já então no horizonte, e da importância da investigação prospectiva.

Desde 2 de Março de 2006 (DOIS MIL E SEIS) que comecei a alertar o meu país sobre este problema, lendo tudo o que pude agarrar de substantivo sobre a matéria, e obtendo uma crescente e preciosa ajuda de leitores, alguns dos quais são hoje meus amigos. Os economistas portugueses, no entanto, andaram quase todos a florear este assunto até 2007, 2008, ou mesmo até ao princípio deste ano, afirmando que a banca portuguesa era sólida e sofisticada, que os endividamentos público, externo e privado nacionais eram coisa de somenos, e mais recentemente, que Portugal não era a Grécia! Esta noite, finalmente, Luís Campos e Cunha estava verdadeiramente preocupado. Ora bolas! Eu sou artista e escritor, não um economista. Como foi então possível escrever neste blogue, desde 2006, que Portugal caminhava para o desastre, enquanto praticamente todos os economistas, empresários e políticos assobiavam para o ar e cantavam hinos aos grandes benefícios da nossa pertença à moeda única europeia?

A queda abrupta do PSI 20, que hoje afundou para níveis historicamente preocupantes, revela duas coisas fatais: que o banco de Estado (a CGD) já não tem capacidade para acudir aos amigos e especuladores do burgo, e que, por outro lado, controlando Portugal pouco mais do que 15-17% da sua dívida pública (prova do grau miserável da nossa poupança), deixou de poder influenciar sequer os movimentos do PSI 20! Estamos pois completamente nas mãos dos fundos de investimento, dos investidores e dos especuladores estrangeiros. Se hoje, dia 28 de Abril, a venda ao desbarato dos principais títulos nacionais prosseguir, estamos fritos! Provavelmente alguém apagará as luzes a meio da sessão!

O problema é simples: os principais bancos portugueses —CGD, BCP, BPI, BES, Montepio — e algumas das maiores empresas portuguesas —Mota-Engil, Teixeira Duarte, SONAE, Parpública (de que a TAP é um dos principais passivos!) REN e EDP, entre outras— precisam, como náufragos, de financiamento urgente e continuado, seja para aliviar os respectivos e descomunais níveis de endividamento, seja para se manterem em acção. Como tal financiamento já não pode vir de dentro, e os fundos de investimento estrangeiros estão a desertar, das duas uma: ou boa parte do tecido empresarial e financeiro nacional é objecto de operações de aquisição por parte de concorrentes de outro campeonato (como recentemente sucedeu à Cimpor), nomeadamente angolanos, brasileiros, árabes, norte-africanos e chineses, ou vai pura e simplesmente à falência.

Os ingleses preparam-se já para cortar 5% nos vencimentos da função pública. E por cá, como vai ser?


ÚLTIMA HORA: Braço de ferro entre o dólar (e libra) e o euro prossegue sem quartel. Principais bolsas mundiais afundam e euro valoriza face à moeda americana !

Banca nacional tem 6,8 mil milhões em dívida grega

Os bancos portugueses estão entre os que mais caem em bolsa na Europa, penalizados pela perspectiva de um aumento nos seus custos de financiamento. Um estudo divulgado ontem pelo Citigroup revela outro risco: a exposição à dívida pública da Grécia. — Jornal de Negócios Online (28 Abril 2010).
Pergunta: quanto deste dinheiro voou de fundos de pensões nacionais e da Caixa Geral de Depósitos para o buraco negro de Atenas?

BCP afunda mais de 17% e BPI recua mais de 10% no arranque da bolsa

As acções da banca estão a ser as mais castigadas pelos investidores na abertura da bolsa em forte baixa. Logo nos primeiros minutos de negociação, o BCP chegou a cair mais de 17% e o BPI a afundar mais de 10%. O BES já esteve a perder mais de 8%. — Jornal de Negócios Online (28 Abril 2010).

PSI-20 afunda quase 6% com todas as cotadas a descer mais de 2%

A bolsa nacional está a afundar 5,96% para o nível mais baixo desde 30 de Abril, pressionada essencialmente pelo sector da banca que viu a Standard & Poor s reduzir o seu "rating", na sequência da revisão em baixa da qualidade de crédito portuguesa. — Jornal de Negócios Online (28 Abril 2010) .

Stocks Fall, Asia Default Swaps Climb on Greece, Portugal Debt

April 28 (Bloomberg) -- Stocks slid for a second day and the cost to insure against bond losses rose after credit-rating downgrades of Greece and Portugal fueled concern about sovereign defaults. Greek two-year note yields soared to 21.4 percent. The euro strengthened from a one-year low against the dollar. — Bloomberg (28/4/2010) .


REFERÊNCIAS

Republic of Portugal Ratings Lowered To 'A-/A-2' On Weak Macroeconomic Structure; Outlook Negative (Standard & Poor's)
  • Fiscal and economic structural weaknesses in our view leave the Republic of Portugal in a comparably weak position to address the significant deterioration in its public finances and expected lackluster economic growth prospects over the medium term.
  • We are lowering our long-term ratings on Portugal to 'A-' from 'A+' and the short-term ratings to 'A-2' from 'A-1'.
  • The negative outlook reflects our assessment of the risk of a further downgrade should fiscal consolidation fall short of expectations or should concerns over government liquidity mount.
Portugal Suffering Greek Contagion Pressures EU Bonds

April 27 (Bloomberg) -- Portugal risks becoming the new Greece.
With a higher debt burden and a slower 10-year growth rate than Greece, Western Europe’s poorest country is being punished by investors as the sovereign debt crisis spreads. The risk premium on Portuguese bonds rose to more than double the past year’s average this month. Portugal’s credit default swaps show investors rank its debt as the world’s eighth-riskiest, worse than for Lebanon and Guatemala.

O caso desesperado da Letónia


In late 2008, Latvia agreed to what the IMF itself has called one of the most severe austerity programs since the 1970s. To accomplish it, Latvia has done everything from slashing public sector wages by 25 to 40 percent, increasing taxes, reducing unemployment and maternity benefits and cutting the defense budget. The crisis has already cost the Latvian prime minister his job and stoked social unrest. Despite all of that, the budget deficit has not budged much, remaining around eight percent of the GDP mark. Spending has been cut to the bone, but Latvia is simply too small of an economy to emerge from recession on its own.

Since the broader European economic recovery remains moribund at best, less government spending has translated directly to less growth. Less growth means less tax income, and less tax income means that the country' s budget deficit remains stubbornly high. Latvia has essentially become a ward of the IMF, and will remain so until either the broader European economic recovery is more robust or the Baltic state is fast-tracked into the eurozone itself. — in John F. Mauldin, "The Making of a Greek Tragedy".

Is the Euro Doomed?
The dreams of European union could die along with it.
By Christopher Hitchens (Slate)

Sometimes, sheer immodesty compels me to ask, of my long record of prescience, what did I know, and when and how did I know it? In the summer of 2005, Foreign Policy magazine asked its contributors to name one taken-for-granted thing that they thought was overrated or would not last. After a brief interval of reflection, I chose the euro.

'Nothing Justifies Kicking Greece out of the Euro Zone'

With Greece finally pleading for financial help from its European partners and the IMF, Germany is pushing to guarantee that the massive loan comes with strict preconditions. In Monday's newspapers, German commentators are divided over whether Greece's problems should force it out of the euro zone. — in Spiegel Online.

Brutal choices over British deficit
By Chris Giles, Alex Barker and Nicholas Timmins

The next government  will have to cut public sector pay, freeze benefits, slash jobs, abolish a range of welfare entitlements and take the axe to programmes such as school building and road maintenance – or make a set of equally politically perilous choices, according to an analysis by the Financial Times.

An online simulator, developed by the FT using government figures, suggests a saving of that scale would require all of the following: a 5 per cent cut in public sector pay; freezing benefits for a year; means-testing child benefit; abolishing winter fuel payments and free television licences; reducing prison numbers by a quarter; axing the two planned aircraft carriers; withdrawing free bus passes for pensioners; delaying Crossrail for three years; halving roads maintenance; stopping school building; halving the spending on teaching assistants and NHS dentistry; and cutting funding to Scotland and Wales by 10 per cent. — Published: April 25 2010 22:10 | Last updated: April 25 2010 22:10, in FT.com.

OAM 690—28 Abril 2010 1:59 (última actualização: 9:59)